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THAUANA LESSA 1 Propedêutica Neurológica 2 Motricidade MOTRICIDADE 1.Voluntária (movimentação espontânea e força) 2. Involuntária (reflexos, movimentos anormais) 3. Automática (tônus e marcha) 4. Coordenação e equilíbrio MOTRICIDADE VOLUNTÁRIA A motricidade voluntária é exercida pela ação de dois sistemas: o piramidal e o extrapiramidal. Enquanto o sistema extrapiramidal é o grande responsável pela manutenção do tônus muscular, o sistema piramidal controla a via efetora do movimento, dando origem à resposta voluntária propriamente dita. Neurônio motor superior giro pré-central Avalia: • Movimentos espontâneos ou elaborados • Força Muscular AVALIAÇÃO DA FORÇA MUSCULAR Antes de se avaliar a motricidade, é importante que o examinador verifique o estado do tônus muscular (expressão do sistema extrapiramidal) do paciente, uma vez que este dado afetará diretamente o resultado do exame da motricidade, seja ela voluntária, automática ou reflexa. Escala de Council Avaliação de Força Muscular GRAU AVALIAÇÃO 5 Músculo normal: realiza esforço normal, igual ao lado são 4 Músculo subnormal: vence a gravidade e alguma resistência 3 Músculo somente vence a gravidade 2 Músculo não vence a gravidade, mas executa movimento em plano liso horizontal 1 Músculo somente esboça contração muscular, sem movimento articular 0 Ausência de contração muscular Hipotonia: diminuição do tônus muscular → Passividade, sem oposição à movimentação, grande amplitude de movimentos. Consistência muscular diminuída, flacidez. Achatamento de grupos musculares. Hipertonia: aumento do tônus muscular → Oposição acentuada à movimentação, redução na amplitude dos movimentos. Consistência muscular aumentada, rígida, contraída, espástica. Relevo muscular acentuado. • Espasticidade (indicativo de lesão piramidal): sinal do canivete. • Rigidez (indicativo de lesão extrapiramidal): sinal do cano de chumbo, distonia e sinal da roda dentada. Sinal do canivete: o movimento apresenta duas fases distintas. Na primeira, o movimento apresenta uma oposição constante à força do examinador, ao passo que, na segunda, o movimento é subitamente acelerado a favor da força exercida. Sinal do cano de chumbo: Ao realizar o movimento de extensão, o paciente imprime uma força regular, constante e contrária ao movimento que o examinador exerce durante todo o movimento, dando a impressão de se entortar um objeto muito duro como um cano de chumbo ou uma barra de ferro. Sinal da roda dentada: encontrado no parkinsonismo; ao tentar imprimir um movimento, como a extensão do cotovelo, o examinador encontra uma resistência variável a sua força que cursa com interrupções diminutas e sucessivas ao movimento. THAUANA LESSA 2 MOVIMENTOS ESPONTÂNEOS OU ELABORADOS Abrir e fechar uma das mãos, abduzir e aduzir um dos braços, fletir e estender uma coxa. Simetria: comparar os dois lados corporais Avalia-se: velocidade, a habilidade, a energia e a amplitude dos movimentos. Força: movimentação contra resistência MANOBRAS DEFICITÁRIAS Manobra de Barré Avalia: déficits dos membros inferiores (MMII) (musculatura flexora); Semiotécnica: solicita-se ao paciente, em decúbito ventral, que flexione os joelhos, mantenha o quadril estendido e sustente essa posição por até 2 minutos; Teste positivo: em caso de déficit, a posição não se sustenta por muito tempo. Inicialmente, surgem oscilações seguidas pela queda da perna. Manobra de Mingazzini Avalia: déficits dos MMII (musculatura extensora); Semiotécnica: solicita-se ao paciente, em decúbito dorsal, que flexione os joelhos e o quadril em ângulo reto e sustente essa posição por até 2 minutos; Teste positivo: em caso de déficit, a posição não se sustenta por muito tempo. Inicialmente, surgem oscilações, seguidas pela queda da. Manobra dos braços estendidos Avalia: déficits dos membros superiores (MMSS); Semiotécnica: solicita-se ao paciente, que mantenha, com os dedos afastados uns dos outros, os braços na posição do juramento por até 2 minutos. Teste positivo: o membro parético, se estiver em pronação, inicia um movimento de supinação, seguido por oscilações e, por fim, descreve uma queda em arco, assumindo uma posição mais baixa e abduzida em relação ao membro são. PERDA DE FORÇA Paresia: perda parcial da motricidade de um ou mais músculos de forma temporária ou permanente, resultando em limitação do movimento (fraqueza). Plegia: perda total da motricidade com abolição completa do movimento (paralisia). Crural: é utilizado em neurologia para descrever a fraqueza muscular em MMII Braquial: é utilizado em neurologia para descrever a fraqueza muscular em MMSS. MOTRICIDADE INVOLUNTÁRIA ARCO REFLEXO: Resposta processada em nível medular a estímulo recebido por um nervo periférico. Resposta automática Extereoceptivos (Superficiais): estimulados por receptores cutâneos sensíveis a pressão, temperatura, dor e tato → geram contrações do grupo muscular da região estimulada. Proprioceptivos (Profundos): estimulados por receptores localizados nos músculos, ligamentos, articulações e tendões → a percussão direta do músculo e a resposta esperada é contração muscular. THAUANA LESSA 3 REFLEXOS EXTEROCEPTIVOS (SUPERFICIAIS) Reflexo cutâneo-plantar (centro L5-S2) A excitação posteroanterior realizada na lateral da planta do pé leva à flexão plantar do hálux e dos artelhos, por isso é também conhecido como reflexo cutâneo-plantar em flexão. Reflexos cutâneo- abdominais (centro T6- T12) O Examinador estimula o abdome paralelamente à linha média abdominal (linha Alba) em três alturas distintas. A resposta esperada é o desvio da linha média e da cicatriz umbilical em direção ao estímulo. SINAL DE BABINSKY: condição patológica gerada por uma liberação piramidal e que causa uma resposta inversa, ou seja, induz a flexão dorsal do hálux (EXTENSÃO) e dos artelhos (com ou sem a abertura em leque destes). REFLEXOS PROPRIOCEPTIVOS (PROFUNDOS) Reflexo Aquileu Nervo tibial - Integração de L5 a S2 - flexão plantar. Reflexo patelar Nervo femoral - integração de L2 a L4 - extensão da perna Reflexo bicipital Nervo musculocutâneo - Integração de C5 a C6- Flexão e supinação do antebraço. Reflexo Tricipital Nervo radial - Integração de C7 a C8- Extensão do antebraço. Reflexo Estilorradial Processo estiloide do rádio - Contração braquiorradial - Integração de C5 a C6 - Nervo radial AVALIAÇÃO DOS REFLEXOS 0 Ausente 1+ Diminuído 2+ Normal 3+ Aumentado (“Vivo”) 4+ Exacerbado (“Exaltado”) DISTÚRBIOS DO MOVIMENTO - ANÔMOLOS Movimentos anômalos: Relacionados a alterações do sistema extrapiramidal, responsável pela iniciação e cessação do movimento. Tremores Movimentos oscilatórios, rápidos, rítmicos, involuntários Resultantes do um desequilíbrio entre a contração de grupos musculares opostos. Avaliar: amplitude, frequência, complexidade, circunstância de aparecimento, influência de estímulos externos. Tremor essencial: baixa amplitude, ocorre durante o movimento. O comprometimento da cabeça e voz é frequente. Tremor Parkinsoniano: alta amplitude, ocorre durante o repouso, intensifica com emoção, fadiga, ansiedade, marcha e desaparece durante o sono. Flapping (asterix) Oscilações rápidas de extremidades como um “bater de asa”. Movimentos em segmentos distais, rápidos e de amplitude variável. Ocorre nas encefalopatias hepáticas. Coreia Movimentos espasmódicos, curtos e de localização variada, migratória e errática. Caráter bizarro: o paciente pode compor com outro movimento para “disfarçar”. Balismo Movimentos amplos e abruptos de grandes grupos musculares semelhantesa “chutes” e “arremessos”. THAUANA LESSA 4 Atetose (coreoatetose) Movimentos lentos, irregulares, contínuos que afetam sempre o mesmo segmento do corpo, preferencialmente extremidades distais como mãos e punhos. Tiques Movimentos estereotipados, sem finalidade, que ocorrem de modo repetitivo, sempre em uma mesma região anatômica (motoras, vocais ou mistas) Síndrome de Tourette Mioclonias Abalos musculares bruscos, breves, localizados ou difusos, rítmicos ou arrítmicos. Mioquinias Fibrilações de músculos íntegros devido a fadiga Tipicamente acometem pálpebras Fasciculações Contrações irregulares que não provocam deslocamento. Tetania Contração espástica de extremidades. Evidenciada pelo sinal de Trousseau (espasmo carpal) ou pelo sinal de Chvostek (contração dos músculos faciais) . Convulsões Movimentos generalizados ou restritos a segmentos corpóreos (focais). Ocorre de forma súbita incoordenada e paroxística • Tônico (contração mantida com imobilização das articulações) • Clônica (contração e relaxamento muscular) • Tônico-clônica (combinação das duas que se inicia por uma fase tônica seguida de uma fase clônica). MOTRICIDADE AUTOMÁTICA SISTEMA EXTRAPIRAMIDAL: Iniciação e cessação de movimentos de forma automática • Fala, deglutição, mímica, marcha • Tônus muscular Conceito mais funcional que anatômico Papel fundamental na integração e regulação da atividade motora. MARCHA Movimento automático, mas complexo, que envolve múltiplos níveis de integração. Exame da Marcha: • Com ou sem apoio • Todo distúrbio de marcha recebe o nome de DISBASIA • Impossibilidade de andar (Abasia) • Observar movimentos associados • Andar nos calcanhares (tibial ant.), na ponta dos pés (musculo panturrilha), pé ante-pé, em um pé só, corrida • Marcha de Olhos fechados Indo e voltando 3 passos sem virar. Alterações da Marcha: Depende do tipo de lesão. Marcha normal, marcha em linha reta com os olhos fechados, marcha pé-ante-pé Marcha em calcanhar (testa força do tibial anterior) e na ponta dos pés (força dos músculos da panturrilha). THAUANA LESSA 5 THAUANA LESSA 6 COORDENAÇÃO E EQUILÍBRIO SISTEMA CEREBELAR: Recebe informações sobre posição de articulações comprimento dos músculos estímulos auditivos e visuais. Ajuste de impulsos provenientes do cérebro para controle de: • Motricidade voluntária • Postura • Aprendizagem motora • Equilíbrio • Tônus muscular Integração de 3 Sistemas Fundamentais: EQUILÍBRIO Capacidade de manter o corpo estável em posição ereta, sem oscilações excessivas ou desvios. • Equilíbrio estático • Equilíbrio dinâmico (marcha). Alterações do Equilíbrio Vertigem: um subtipo de tontura caracterizada pela sensação de desequilíbrio associada à sensação de rotação do corpo ou do ambiente. Causa central: lesão vestibular Causa periférica: vertigem postural benigna Nistagmo: “tremor associado dos olhos” caracteriza- se por um movimento rítmico dos globos oculares com duas fases distintas (fases rápida e lenta), cuja direção é definida pela fase rápida do movimento. Direção: pode ser horizontal, rotatório, vertical ou multidirecional. Fatores desencadeantes: espontâneo ou induzido Exame do equilíbrio estático Avalia a capacidade da maquinaria sensorial humana em manter o indivíduo em postura ereta em um local. O exame inicia-se com o paciente na posição vertical, em pé, descalço, com os pés juntos e paralelos, braços pendentes ao lado do corpo e olhando para a frente enquanto o examinador busca sinais de alterações posturais, oscilações, queda ou tendência à queda. TESTE DE ROMBERG: avalia se, com a exclusão da visão, expõe-se um déficit antes mascarado. COORDENAÇÃO Avalia-se a coordenação dos movimentos do paciente enquanto realiza movimentos simples do seu cotidiano, como abotoar e desabotoar suas roupas, entre outras ações. Provas específicas: • Forma estática: sinal de Romberg • Provas dinâmicas: prova índex-nariz e calcanhar-joelho. Prova índex-nariz Pede-se ao paciente que toque a ponta do nariz com a ponta do dedo indicador. A prova deve ser inicialmente feita com os olhos abertos e, posteriormente, com os olhos fechados. Essa prova pode estar alterada nos distúrbios da sensibilidade profunda (alterações da propriocepção) e em cerebelopatias. Sindrome Cerebelar axial: alteração mesmo com controle visual. Paciente alarga a base afastando os membros inferiores Mielinólise funicular: lesão de funículo posterior. Alteração de marcha. Permance de pé desde que com controle visual. Lesão labiríntica: Tanto a marcha quanto o equilíbrio apresentam desvio sempre para o mesmo lado. Nistagmos horizontais podem ser fisiológicos Nistagmos verticais são sempre PATOLÓGICOS THAUANA LESSA 7 Prova calcanhar-joelho Deve ser feita primeiro com o paciente de olhos abertos e, em seguida, de olhos fechados. Paciente em decúbito dorsal, com os membros inferiores estendidos. O paciente deve levar o calcanhar de uma perna a tocar o joelho do lado contralateral e, a seguir, deslizar o calcanhar sobre a tíbia, em linha reta, até o hálux. ATAXIAS Alterações na coordenação muscular e dos movimentos. Ataxia frontal: decorre do comprometimento dos lobos frontais. Ataxia axial: compromete o indivíduo tanto na posição ortostática (equilíbrio estático) quando durante a marcha (equilíbrio dinâmico), sendo o equilíbrio dinâmico tipicamente acometido antes do estático (marcha magnética). Ataxia vestibular: lesão da integração cerebelar, marcha cerebelar, principalmente com alteração do equilíbrio, com vertigem periférica, vomito e tendencia a queda. Zumbidos Ataxia Cerebelar: Sinal de Romberg ausente, Marcha cerebelar. Dança dos tendões, lembra o individuo embriagado. Ataxia sensitiva: lesão do sistema proprioceptivo. Sinal de Romberg presente, Marcha ataxotalonante. Movimentos falhos e descoordenados.
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