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THAUANA LESSA 1 Propedêutica Neurológica 1 Funções Superiores CRITÉRIOS AVALIADOS • Consciência • Cognição • Compreensão • Comunicação (linguagem) NÍVEL DE CONSCIÊNCIA Consciência: conhecimento completo e permanente de si mesmo e do ambiente (tempo, pessoa, espaço, emoção, lógica, julgamento). → O rebaixamento do nível de consciência é a perda dessas características. Letargia: o paciente parece sonolento, mas abre os olhos, olha para o examinador e responde a perguntas. Obnubilação: incapacidade de manter estado de vigília sem que um estímulo externo seja aplicado. Torpor: sono semelhante ao normal, porém o paciente não alterna a posição no leito espontaneamente, despertando apenas com estímulos vigorosos e repetitivos. Nos casos mais graves, há alteração da frequência cardíaca e respiratória. Coma superficial: o paciente apresenta atividade motora somente por meio de estímulos dolorosos e os reflexos do tronco encefálico estão preservados (pupilar, córneo palpebral, oculocefálico, vestíbulo ocular, tosse) Coma profundo: o paciente não apresenta reação aos estímulos dolorosos, os reflexos do tronco encefálico estão deprimidos ou abolidos e pode haver distúrbios das funções autonômicas; Coma dépassé: estado que pode ser reversível, no qual o paciente deve encontra-se obrigatoriamente em apneia associada à falência das funções autonômicas (ex.: hipotermia intensa e intoxicação por barbitúricos); Morte encefálica: falência total e irreversível das funções encefálicas. Escala de Coma de Glasgow A escala de Glasgow foi idealizada para a avaliação de pacientes vítimas de trauma e seu escore é referência para os principais protocolos de tratamento. O escore varia de 3 (rebaixamento total do nível de consciência) a 15 (indivíduo plenamente consciente). ≤ 8: configura uma indicação formal de intubação. Reação pupilar: se ambas as pupilas estiverem fotorreagentes, não se altera o somatório da escala já feito pelos passos acima; se somente uma das pupilas não estiver reagente, subtrai-se 1 ponto da escala; e se nenhuma das 2 pupilas estiverem reagentes, subtrai-se 2 pontos da escala. Assim, a não reação da pupila indica uma maior gravidade e pior prognóstico. EXAME DO ESTADO MENTAL Avalia-se a orientação no tempo (dia, mês, ano, idade) e no espaço (endereço onde reside, onde está agora, há quanto tempo). A atenção e a memória podem ser testadas solicitando ao paciente para repetir sequências de números ou palavras na ordem direta ou inversa, fazer pequenos cálculos como, por exemplo, tirar 7 de 100 Quanto à memória, pode-se testar a memória remota, que dificilmente é perdida (onde nasceu, onde morou quando criança, os filhos etc), a memória recente que, frequentemente, é comprometida nas síndromes demenciais e pode ser testada, perguntando-se se já almoçou, como veio até o hospital, que dia é, qual a cidade onde está etc. Deve-se avaliar: • Atitude e comportamento geral (aparência, modo de vestir-se, mímica facial, modo de expressar-se, comportamentos e reações durante o exame). É possível avaliar os níveis de consciência e de atenção, o humor, a iniciativa, as capacidades de julgamento e de crítica, a coordenação de ideias, a memória para fatos recentes e antigos, e a capacidade de comunicação verbal. THAUANA LESSA 2 • Conhecimentos gerais (testes para avaliação da capacidade intelectual); • Estado emocional (depressivo, ansioso, apático, hipermotividade); • Atenção (voluntária e espontânea); • Orientação (autopsíquica e alopsíquica); • Memória (imediata, recente, remota); • Sensopercepção; • Pensamento (curso, forma e conteúdo). • Grau de alteração do nível de consciência; • Confusão mental; • Distúrbios de comunicação através da fala e da linguagem; • Agnosias e apraxias. Mini Exame do Estado Mental Utilizados para detectar um possível comprometimento cognitivo em pacientes sem alteração do nível de consciência. Avalia-se: Orientação: questionamento a respeito da data atual, da localização, entre outros, avalia memória recente, atenção e orientação no tempo e espaço; Retenção: testa-se a memória imediata do paciente a partir da repetição de três palavras que devem ser escolhidas previamente. Atenção e cálculo: testa a capacidade de atenção, cálculo e as memórias imediatas e operacionais do paciente. Memória: avalia-se a memória recente do paciente pedindo que este repita as três palavras mencionadas na avaliação da retenção. Linguagem: são avaliadas várias propriedades da linguagem, como fala espontânea, compreensão oral, repetição, nomeação, leitura e escrita. • Pacientes altamente alfabetizados: Possível demência <24 pontos. • Pacientes com ensino fundamental: <18 • Analfabetos: <14 O exame é comprometido por quadros de “confusão mental”, como embriaguez e delirium. → Pode ser complementado com outros testes, como “fluência verbal” e “teste do relógio”. “Farei algumas perguntas e dar alguns problemas para serem resolvidos para avaliar sua memória. Por favor, fique tranquilo (a) e tente responder da melhor forma que puder” Teste do Relógio Consiste em pedir ao paciente que desenhe um relógio com números marcando um horário determinado. Teste de Fluência Verbal O paciente terá que falar o maior número de animais em um minuto ou o maior número de frutas em um minuto. EXAME DA LINGUAGEM Distinguem-se três modalidades de linguagem: a percepção, a expressão oral e a expressão escrita → Devem ser avaliadas separadamente. Distúrbios da linguagem: Disfonias: distúrbio do timbre e da intensidade do som produzido; ocorrem por comprometimento da inervação motora das cordas vocais. O resultado do MEEM é altamente influenciado pela idade, pelo nível de escolaridade e pelo nível socioeconômico do paciente THAUANA LESSA 3 Dislalia: distúrbio da articulação da palavra que decorre de causas múltiplas. Disartrias: distúrbios da articulação das palavras ocasionados por alterações neurológicas, em nível periférico ou central. Taquilalia: alteração do ritmo, em que há aceleração da fala. Bradilalia: lentidão em pronunciar palavras. Gagueira: caracterizada pela interrupção da fala Afasia Sensorial (Wernicke): caracteriza-se por incapacidade ou dificuldade de entender a palavra escrita ou falada. Os pacientes falam abundantemente, cometendo frequentes erros verbais e gramaticais. Afasia Motora (Broca): o paciente apresenta dificuldade ou incapacidade na expressão oral e/ou gráfica. Esses pacientes falam pouco. A compreensão da linguagem falada está aparentemente pouco alterada; Afasia Total: incapacidade do paciente para entender ordens verbais e para a expressão oral e gráfica. Agnosia: dificuldade ou incapacidade de reconhecer objetos ou sons por meio de estímulos sensitivos (táteis) ou sensoriais (auditivos ou visuais), mesmo na ausência de alterações ópticas, auditivas ou táteis. Geralmente, é provocada por lesões cerebrais focais. → Estereognosia: perda da capacidade de os indivíduos reconhecerem objetos apenas pela palpação. Apraxia: paciente é incapaz de executar certos atos motores de maneira adequada, como abotoar a camisa, amarrar os sapatos etc. EXAME FÍSICO DO PACIENTE EM COMA O coma pode ser por uma lesão estrutural, metabólica ou induzido por drogas. Assimetria e alterações de reflexos são dados importantes que sugerem lesão estrutural. Inspeção: Observa-se a cor de pele, a presença de traumatismo, salivação sanguinolenta (mordedura de língua = convulsão), respiração, bochechas, posição dos membros e atitude, em geral. Palpação: O estímulo doloroso é muito importante e se faz, em geral, através de beliscões em áreas do tronco e dos membros. Poderá́, algumas vezes, haverresposta motora unilateral ou bilateral. Força muscular: no paciente em coma, é diferente da realizada no paciente consciente. No coma, ergue-se, passivamente, os membros superiores pelos punhos em ângulo de 60º com o eixo corporal e observa-se as mãos. Em geral, do lado plégico ela fica mais caída. A seguir, solta-se os membros superiores ao mesmo tempo, o lado plégico cairá mais rápido. Padrões motores/posturais: Decorticação (resposta flexora anormal): braços fletidos próximos ao corpo, com mcotovelos, punhos e dedos flexionados. Membros inferiores estendidos e girados internamente, com flexão plantar. Indica lesão: trato corticoespinal. Hemiplegia (precoce): lesão cerebral unilaterado trato corticoespinal. O membro inferior exibe rotação externa. Um lado da face paralisado e os olhos virados para o lado oposto do lado paralisado. Rigidez de descerebração (resposta extensora anormal): mandíbulas cerradas e pescoço estendido, braços aduzidos e rigidamente estendidos, com antebraço pronado, punhos e dedos flexionados. Indica: lesão no diencéfalo, mesencéfalo e ponte. As causas mais comuns de afasias são os acidentes vasculares cerebrais (AVC), os traumatismos cranioencefálicos (TCE) e os processos expansivos hemisféricos, como neoplasias do SNC. THAUANA LESSA 4 Prova de Raimiste: em decúbito dorsal, antebraços fletidos em angulo reto sobre os braços e mãos dispostas verticalmente, como os antebraços. Conforme o grupo muscular afetado, pode observar-se queda, para fora ou para dentro, do antebraço, da mão ou apenas dos dedos. Reflexo oculocefálico/Teste dos olhos de boneca: ao rodar a cabeça para o lado direito o olho direito se posicionará em adução e o olho esquerdo em abdução. O mesmo acontecerá se rodarmos a cabeça para o lado esquerdo, para cima ou para baixo, os olhos sempre tenderão a permanecer, olhando para frente. Detecta-se assim, as deficiências dos nervos oculomotores. O normal é o deslocamento ocular no sentido contrário aos movimentos realizados. Reflexo pupilar: com uma luz adequada, deve-se iluminar a pupila do paciente. A resposta esperada é a miose tanto da pupila irradiada (reflexo fotomotor direto) como da pupila contralateral (reflexo fotomotor consensual). Reflexo córneo-palpebral: realizado com uma mecha de algodão seco, tocando alternadamente as córneas e observando-se a presença de fechamento palpebral ou o desvio conjugado dos olhos para cima (fenômeno de Bell). Reflexo vestíbulo-ocular: eleva-se a cabeça à 30º do plano horizontal. Com o auxílio de uma seringa, injetar lentamente 50 mL de água a 4°C sobre a membrana timpânica do paciente. A resposta normal é o desvio conjugado do olhar para o lado contralateral com nistagmo batendo em direção à orelha injetada. Teste da apneia: realizado desligando-se a ventilação mecânica por 10 minutos. O teste é positivo (indica lesão do centro respiratório bulbar) na ausência de qualquer movimento espontâneo durante os 10 minutos. Importante comunicar a família da realização.
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