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SEGURANÇA DO TRABALHO 
E SAÚDE OCUPACIONAL 
Unidade 1 
Bases da segurança do trabalho 
e saúde ocupacional 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Diretor Executivo 
DAVID LIRA STEPHEN BARROS 
Gerente Editorial 
ALESSANDRA VANESSA FERREIRA DOS SANTOS 
Projeto Gráfico 
TIAGO DA ROCHA 
Autoria 
ANA CARLA F. GASQUES 
AUTORIA 
Ana Carla F. Gasques 
Olá. Sou engenheira ambiental e de segurança do trabalho e mestre 
em engenharia urbana. Tenho experiência como docente do ensino 
superior para os cursos de Engenharia, nos quais orientei trabalhos de 
conclusão de curso com enfoque em segurança do trabalho e gestão de 
projetos. Também sou orientadora em banca avaliadora de monografias de 
especialização em Engenharia de Segurança do Trabalho. Sou apaixonada 
por esta área e gosto de transmitir meus conhecimentos. Fui convidada 
pela Editora Telesapiens a integrar seu elenco de autores independentes 
e estou feliz em poder ajudar você nesta fase de muito estudo e trabalho. 
Sendo assim, pode contar comigo! 
ICONOGRÁFICOS 
Olá. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez 
que: 
 
OBJETIVO: 
para o início do 
desenvolvimento 
de uma nova 
competência; 
NOTA: 
quando necessárias 
observações ou 
complementações 
para o seu 
conhecimento; 
EXPLICANDO 
MELHOR: 
algo precisa ser 
melhor explicado ou 
detalhado; 
 
SAIBA MAIS: 
textos, referências 
bibliográficas 
e links para 
aprofundamento do 
seu conhecimento; 
ACESSE: 
se for preciso acessar 
um ou mais sites 
para fazer download, 
assistir vídeos, ler 
textos, ouvir podcast; 
ATIVIDADES: 
quando alguma 
atividade de 
autoaprendizagem 
for aplicada; 
DEFINIÇÃO: 
houver necessidade 
de apresentar um 
novo conceito; 
 
IMPORTANTE: 
as observações 
escritas tiveram que 
ser priorizadas para 
você; 
 
VOCÊ SABIA? 
curiosidades e 
indagações lúdicas 
sobre o tema em 
estudo, se forem 
necessárias; 
REFLITA: 
se houver a 
necessidade de 
chamar a atenção 
sobre algo a ser 
refletido ou discutido; 
RESUMINDO: 
quando for preciso 
fazer um resumo 
acumulativo das 
últimas abordagens; 
 
TESTANDO: 
quando uma 
competência for 
concluída e questões 
forem explicadas; 
SUMÁRIO 
O trabalho, o homem e a evolução histórica da prática 
laboral ................................................................... 10 
O surgimento da segurança do trabalho no mundo e no 
brasil .....................................................................21 
Legislações sobre segurança do trabalho no Brasil ....................... 26 
As normas regulamentadoras do ministério do trabalho .......31 
A falta de segurança no trabalho e na saúde ocupacional .... 41 
Conceitos básicos ............................................................... 41 
Consequências da insegurança do trabalho ................................ 47 
UNIDADE 
Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional 7 
 
 
 
 
 
 
01 
8 Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
 
Você sabia que a área de segurança do trabalho e saúde ocupacional 
é de extrema importância no dia a dia dos mais diversos setores 
empresariais e industriais? Isso mesmo! Sua principal responsabilidade é 
minimizar, controlar e eliminar os riscos à saúde dos trabalhadores. 
As primeiras legislações foram decorrentes da preocupação com 
a situação dos operários, ou seja, está diretamente ligada à evolução do 
homem e do trabalho. Este é a capacidade desenvolvida pelo homem 
ao longo dos anos para modificar o meio, a fim de atender às suas 
necessidades. No entanto, ao longo dos anos, o trabalho passou a ser 
fonte de lesões, adoecimento e morte. Em decorrência disso, medidas 
foram necessárias para minimizar os danos, assim, a segurança do 
trabalho torna-se fundamental para garantir qualidade ao trabalhador nos 
ambientes de trabalho. Ficou interessado? Ao longo deste estudo você vai 
mergulhar neste universo! 
Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional 9 
 
 
OBJETIVOS 
 
 
Olá. Seja muito bem-vindo à Unidade 1 – Bases da segurança do 
trabalho e saúde ocupacional. Nosso objetivo é auxiliar você no 
desenvolvimento das seguintes competências profissionais até o término 
desta etapa de estudos: 
1. Compreender o trabalho e a evolução histórica da prática laboral. 
 
2. Identificar legislações de segurança do trabalho no mundo e no 
Brasil. 
3. Conhecer as normas regulamentadoras (NR) brasileiras. 
 
4. Definir conceitos e discernir sobre as consequências da insegurança 
do trabalho. 
E então? Está curioso para compreender o processo evolutivo do 
trabalho e sua relação com o surgimento da segurança do trabalho? 
Vamos juntos! 
10 Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional 
 
O trabalho, o homem e a evolução 
histórica da prática laboral 
 
OBJETIVO: 
 
Olá. Ao término desta competência, você será capaz de 
entender como a evolução do trabalho se relaciona à 
evolução humana, e onde a segurança do trabalho é inserida 
neste processo evolutivo. E então? Motivado? Vamos lá! 
 
Antes de adentrarmos no universo da segurança do trabalho e da 
saúde ocupacional, é necessário compreender as bases desta temática, ou 
seja, conforme apresentado no objetivo, compreender como a evolução 
do trabalho se relaciona à evolução do homem. A relação trabalho-homem 
vem sendo discutida há anos, alguns estudiosos, inclusive, retratam que 
essa preocupação ocorre desde a época da Antiguidade. 
O primeiro fundamento do valor do trabalho “é o próprio homem, 
seu sujeito, o trabalho está em função do homem e não o homem em 
função do trabalho” (MIGLLACCIO FILHO, 1994, p. 22). Pode-se dizer que 
o trabalho teve seu surgimento de forma simultânea ao surgimento do 
homem. Desde o início da história, o homem, para se desenvolver, vem 
modificando o ambiente, a fim de garantir sua existência, seja para 
alimentar, proteger e/ou residir. 
A definição de trabalho, de forma genérica, pode ser tida como 
a capacidade do homem de alterar o ambiente para garantir sua 
sobrevivência. Entretanto, a palavra “trabalho”, do ponto de vista histórico e 
etimológico, tem origem do latim, tripallium, cuja definição remete a uma 
ferramenta de tortura que exercia peso sobre os animais. Segundo Cassar 
(2014, p. 3) “a partir daí, decorreram variações como tripaliare (trabalhar) 
e trepalium (cavalete de três paus usado para aplicar a ferradura aos 
cavalos)”, ou seja, o trabalho, inicialmente, estava associado ao sofrimento. 
A palavra “trabalho” é definida como o conjunto de atividades, 
produtivas ou criativas, exercidas pelo homem para alcançar determinado 
objetivo (TRABALHO..., 2022). 
Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional 11 
 
 
REFLITA: 
 
Como o homem foi modificando o ambiente ao longo do 
tempo? Quais formas de trabalho foram surgindo com a 
evolução humana? As formas de trabalhar, atualmente, são 
as mesmas de 100 anos atrás? 
 
Para entender de forma mais clara o que é o trabalho, inicialmente, 
vamos abordar a evolução do homem e sua relação com as formas de 
trabalho. A ideia aqui é apresentar uma visão geral e sequenciada dos 
principais aspectos de cada fase de destaque. 
Na Pré-História, durante os períodos Paleolítico, Mesolítico e 
Neolítico, o homem, nômade, residia em cavernas e vivia da caça e da pesca 
para garantir sua existência, isto é, exercia trabalho de maneira rústica, 
transformando o ambiente ao seu redor com poucas interferências. Assim, 
quando os recursos findavam, buscavam novos locais para estabelecimento. 
Posteriormente, com o passar dos anos e o desenvolvimento do 
extrativismo, o homem melhora suas percepções de cognição e deixa 
de ser nômade, passando a se fixar em determinadas regiões e formar 
grupos. Neste período, tem-se a descoberta da agricultura, que é tida 
como um dos marcos do desenvolvimento do trabalho, sendo responsável 
pela necessidade do homem de estabelecer lugar fixo para morar e, 
consequentemente,ter sua lavoura. A prática da agricultura permitiu e 
incentivou o homem a desenvolver novas ferramentas para cultivo da 
terra, aperfeiçoando sua prática laboral, que foi um importante aspecto 
direcionador de padrões sociais. 
A agricultura deu origem a riquezas, que, por sua vez, incentivava 
os trabalhos de forma manual e, ao mesmo tempo, propiciava ações 
comerciais de troca, compra e venda. Com relação ao trabalho como aspecto 
limitante de padrão social, no período da Grécia Antiga (durante os 
Impérios Romano e Egípcio), o trabalho estava relacionado à posição social, 
ou seja, as classes inferiores eram aquelas que modificavam o ambiente a 
favor de um representante de autoridade. 
12 Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional 
 
No decorrer da Idade Antiga, houve implementação de novas 
ferramentas, tanto voltadas para arte quanto para melhorias na agricultura, 
com equipamentos de tração animal, como pode ser visto na Figura 1, bem 
como melhorias de caráter econômico, com o surgimento do dinheiro (a 
partir de minerais como ouro e prata) e a valoração dos produtos. 
Figura 1 – O uso de equipamentos de tração animal 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte : Pixabay 
 
Percebe-se que, com o desenvolvimento do homem, o trabalho 
também foi recebendo avanços. Entretanto, no período da Idade Moderna, 
o trabalho enfrentou barreiras, tendo em vista que esse período de forte 
influência da Igreja Católica tinha por enfoque a extensão do poder a partir 
do acúmulo de terras. Dessa forma, o trabalho era voltado apenas para o 
cultivo de alimentos na agricultura e a produção de artesanatos. Neste 
período, qualquer avanço sem a autorização/concessão da Igreja era tido 
como algo ruim e, por isso, houve um período de estagnação do trabalho. 
Esta fase de estagnação durou até a Idade Moderna, também 
conhecida como “fase do Renascimento”, na qual o trabalho deixa de 
ser artesanal e passa a ter características de produção, com a prática de 
manufatura. Esta é considerada um modelo de produção mais racional e 
eficiente, que consiste no desenvolvimento produtivo a partir do uso de 
equipamentos. 
Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional 13 
 
É importante destacar que os primeiros registros de pagamento por 
prestação de serviços são desse período. Além disso, em decorrência da 
organização da sociedade em classes (senhores versus escravos), existia 
uma espécie de punição e submissão relacionada ao trabalho. Os senhores 
eram as pessoas com riquezas, os proprietários dos escravos, os quais 
trabalhavam em condições precárias, sem garantias e/ou remuneração. 
Relacionando o regime de escravidão com a evolução do trabalho, 
é importante destacar que ele é tido como o primeiro modelo de 
organização de trabalho. Seu surgimento relacionava-se aos avanços na 
agricultura e no consequente aumento na demanda por mão de obra para 
garantir que os senhores mantivessem a si e suas famílias. Para Martins 
(2000): 
Por meio do aprisionamento de inimigos, as guerras passaram 
a fornecer mão de obra, iniciando sua relação de trabalho. 
Nesse regime, a pessoa era considerada como res, 
propriedade da outra, sendo obrigada a trabalhar 
forçadamente, passível de punição corporal ou negociação 
comercial. (MARTINS, 2000, p. 34) 
Apesar de ser considerada uma forma de trabalho organizado, os 
escravos não possuíam reconhecimento jurídico, ou seja, não tinham 
direitos. Além disso, além do trabalho desgastante, suas condições eram 
precárias e, muitas vezes, eram acorrentados em ambientes 
desconfortáveis e sem ventilação. 
14 Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional 
 
 
VOCÊ SABIA? 
 
No Brasil, a escravidão teve início com os portugueses e 
os índios e, depois, com os negros trazidos da África. Este 
regime permaneceu até 1888 com a Lei Áurea, que institui 
a abolição da escravidão no Brasil. Além disso, foi instituído 
o Código Penal (Decreto-Lei n° 2.848, de 7 de dezembro 
de 1940), que proíbe a conduta de manter alguém em 
situação de escravidão. O art. 149 da Lei n° 10.803, de 11 
de dezembro de 2003 classifica como crime a restrição de 
uma pessoa à condição equivalente à de escravo, seja por 
submissão a trabalhos forçados ou em decorrência de 
jornadas de trabalho exaustivas, ou, ainda, em decorrência 
de condições inadequadas de trabalho, definindo como 
pena reclusão, de dois a oito anos, e multa, além da pena 
correspondente à violência praticada. 
 
A partir desta abordagem geral sobre a evolução da prática laboral 
e sua relação com o desenvolvimento do homem, podemos ter uma visão 
sobre as modificações e os avanços do trabalho no decorrer dos anos. 
Além do mais, entendemos que o trabalho é um dos meios de atuação do 
homem sobre o meio no qual está inserido, desenvolvido de diferentes 
maneiras, em decorrência do seu desenvolvimento e de sua herança 
cultural, social e ideológica. 
Você deve estar se perguntando: onde está a segurança do trabalho 
em todo esse processo evolutivo? Até esse momento da evolução histórica 
existem poucos relatos envolvendo a saúde dos trabalhadores e seu 
ambiente de trabalho. O principal marco para a segurança do trabalho é a 
Revolução Industrial, iniciada em 1760, responsável pela impulsão da 
industrialização e mecanização. 
Pode-se dividir a Revolução Industrial em duas fases: a primeira, entre 
1780 e 1860, ocorreu na Inglaterra, e é caracterizada como a fase de 
transição do artesanato à industrialização, também conhecida como “fase 
da industrialização”. Nesta, ocorreu a mecanização da agricultura e das 
oficinas, o ferro passou a ser material básico e a nova fonte energética foi o 
carvão. Esse é o período da história de maiores avanços com relação 
Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional 15 
 
ao trabalho, principalmente a partir de 1776, quando James Watt criou a 
máquina a vapor e esta foi aplicada à produção, modificando a estrutura 
social e comercial do período. 
Outras descobertas são destaque e foram importantes na primeira 
fase, tais como: navegação a vapor, locomotiva a vapor, aparecimento 
das primeiras estradas, telégrafo elétrico e selo postal. Aos poucos, 
em decorrência dessas descobertas, as oficinas mecanizadas se 
transformaram em fábricas e usinas com máquinas pesadas que 
substituíram a força humana. Em decorrência desses avanços, o tempo 
de produção foi reduzido e aumentou-se a produtividade. 
A segunda fase da Revolução Industrial, ou Segunda Revolução 
Industrial, ocorreu entre 1860 e 1914, e outros países também fizeram 
parte desse processo, tais como: Estados Unidos, Alemanha, França, 
Rússia e Itália. É tida como a fase de desenvolvimento industrial: o novo 
material básico é o aço, no lugar do ferro e a eletricidade, e os derivados de 
petróleo substituem o carvão como fonte de energia. Ocorrem mais 
avanços nos setores industriais, de transportes e telecomunicações com 
a invenção do motor a explosão e do motor elétrico, do automóvel e do 
telégrafo, do telefone e do cinema. 
As fábricas eram locais de improviso, e as condições eram péssimas 
(ambientes quentes e úmidos, com pouca ventilação) e as jornadas de 
trabalho eram de até 16 horas diárias, sem intervalos, independentemente 
de gênero e idade. Em função de serem ambientes organizados de 
improviso, seu interior era um local com altas temperaturas, e as máquinas 
apresentam riscos eminentes de acidentes, já que seus projetos e 
desenvolvimento não consideraram os usuários. 
Além disso, os requisitos de trabalho eram determinados pelo 
empregador, não havia leis e o contrato era tido como de comum acordo 
entre as partes. No entanto, sabe-se que era o empregador que 
delimitava as condições que regiam as relações de emprego. Outro ponto de 
destaque deste período é que no período de inatividade, mesmo que 
em decorrência de doença, o trabalhador não recebia salário e, em 
decorrência das condições, as pessoas ficavam inválidasem poucos anos. 
16 Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional 
 
Entretanto, com o aparecimento das máquinas em troca do trabalho 
artesanal, a produtividade nas fábricas multiplicou e, então, iniciou-se a 
produção em larga escala, com o consequente aumento nas demandas. 
Houve necessidade de mais mão de obra e, em decorrência do declínio 
dos artesãos, teve início um processo de êxodo rural. Dessa forma, a 
mão de obra para operação das máquinas era de famílias pobres, e eram 
empregados homens, mulheres e até crianças. 
O trabalho era desenvolvido de acordo com a experiência e a 
prática dos trabalhadores, porém em função da falta de conhecimento 
dos colaboradores, foi constatada baixa produtividade das empresas. 
Além disso, tanto em função das altas jornadas de trabalho quanto da 
falta de treinamento, ocorriam diversos acidentes, e muitos trabalhadores 
acabavam perdendo os membros nas máquinas. 
Constata-se que o trabalho era desenvolvido pelo empregado da 
forma com a qual ele estava acostumado ou sabia e, em função de não 
existirem mecanismos para avaliação, controle e melhorias no processo 
produtivo, alguns estudos foram sendo feitos. Em decorrência da queda 
de produtividade, do desperdício e das perdas nas indústrias, Frederick 
Taylor estudou, em 1904, uma forma de elevar a produtividade a partir 
da análise de tempo e métodos. Ele estudou as melhores formas de 
desempenhar uma função no menor tempo possível, conforme pode ser 
visto na figura 2. 
Figura 2 – Abordagem proposta por Taylor para otimizar trabalho e aumentar a 
produtividade a partir da padronização de atividades 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: Elaborado pela autora com base em Chiavenato (2014). 
 
Impedindo o trabalhador de trabalhar conforme sua capacidade, 
Taylor buscou padronizar os processos produtivos, fragmentando as 
Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional 17 
 
atividades do processo produtivo e reduzindo a diversificação a partir 
da especialização dos colaboradores, ou seja, cada trabalhador passa a 
ser responsável por uma função, e apenas faria esta ação em toda a sua 
jornada de trabalho, aperfeiçoando-se. 
Além disso, foram definidos quatro princípios, sendo eles: 
planejamento, preparo, controle e execução. Além disso, também foram 
estabelecidos treinamentos aos trabalhadores, bem como a supervisão 
de forma continuada. Com essas adaptações, foi possível identificar o 
melhor método para que uma determinada ação fosse desempenhada 
no menor tempo possível, aumentando, assim, a produtividade. 
A fim de motivar os trabalhadores, Taylor ainda propõe condições 
para reduzir o cansaço dos trabalhadores (tal como intervalos de trabalho), 
incentivos salariais e prêmios por produtividade. Frente a este contexto de 
incentivo financeiro ao trabalhador, o homem tem um conceito de homo 
economicus, ou seja, acredita-se que todo ser humano é entusiasmado 
excepcionalmente a partir de recompensas salariais, econômicas e/ou 
materiais. 
A visão de Taylor é conhecida como “teoria da administrativa 
científica”, sendo de fundamental importância para as indústrias, tanto na 
fase de transição para industrialização quanto na fase de desenvolvimento 
industrial. É importante destacar aqui que os princípios tayloristas podem 
ser identificados em organizações até hoje. 
Além de Taylor, há outra pessoa importante nesta época, Henry 
Ford. A partir de 1910, Ford instituiu uma teoria definida como produção 
em massa, em série e em cadeia contínua, que ficou mundialmente 
conhecida como “fordismo”. Segundo os princípios de Ford, o operário era 
responsável por sua adaptação às condições de trabalho das máquinas e 
os salários eram pagos em função da rentabilidade. Havia, ainda, valores 
mínimos para aquilo que era produzido. Ford aumentou a capacidade de 
produção por meio da capacitação dos colaboradores e da organização 
de linhas de montagens. 
Posterior à fase de desenvolvimento industrial, tem-se a fase 
denominada “gigantismo industrial”, ocorrida entre 1914 e 1945, onde 
18 Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional 
 
houve uma crise econômica. Nessa fase, os princípios estabelecidos por 
Taylor foram confrontados por Jules Henri Fayol em 1916, que relacionava 
a eficiência com a estrutura organizacional, suas relações e suas funções 
dentro do todo, de forma geral. 
Neste contexto, para melhorar a produtividade, estipulava-se uma 
hierarquia a partir de uma gerência, ou seja, uma visão de cima para baixo. 
Np entanto, diferentemente de Taylor que desenvolveu estudos, Fayol tinha 
uma abordagem mais simplificada, sem experimentos. A visão clássica 
proposta por Fayol era prescritiva e normativa, e princípios básicos foram 
definidos, entre os quais se destacam: divisão do trabalho, autoridade 
e responsabilidade, hierarquia e departamentalização e coordenação. 
Também tinha por estímulo os incentivos salariais e materiais, porém havia 
centralização da tomada de decisão, comandos em excesso e os interesses 
da organização prevaleciam frente aos individuais. 
Tanto a visão de Taylor quanto a de Fayol foram alvos de críticas, 
tendo em vista que não consideravam as relações entre os diferentes 
trabalhadores e, em decorrência disso, em 1932, Elton Mayo desenvolveu 
uma abordagem mais democrática a partir de uma experiência 
denominada “experiência de Hawthorne”, na qual foram observados 
diferentes aspectos do ambiente de trabalho de uma fábrica, bem como 
o impacto destes nos trabalhadores, no que diz respeito à sua sensação 
e produtividade. 
A experiência em questão constatou que o trabalhador é motivado 
por fatores sociais (ao contrário dos incentivos financeiros das outras 
teorias). Diante disso, para Mayo, a melhoria na produtividade era 
decorrente de melhores condições de trabalho (tal como iluminação, 
pausas e ventilação), bem como em decorrência de fatores de 
comunicação, motivação e atividades em grupo. Neste cenário, o homo 
economicus passa a ser visto como homo socius, ou seja, o ser humano 
passa a ser motivado a partir de suas relações interpessoais. 
Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional 19 
 
 
EXPLICANDO MELHOR: 
 
A fim de sintetizar a evolução do trabalho a partir da 
Revolução Industrial, o quadro 1 apresenta as fases da 
história do trabalho, o período correspondente e a teoria 
administrativa relacionada. 
Quadro 1 – Fases da história do trabalho 
 
 
Fase 
 
Período 
 
Ano 
Teoria 
administrativa 
Transição para a 
industrialização 
Primeira Revolução 
Industrial 
1780 a 
1860 
 
Científica 
 
Desenvolvimento 
industrial 
Segunda 
Revolução 
Industrial 
 
1860 a 
1914 
 
Científica 
 
Gigantismo 
industrial 
Entre as duas 
grandes guerras 
mundiais 
 
1914 a 
1945 
Clássica e 
de relações 
humanas 
 
Fonte: Elaborado pela autora com base em Chiavenato (2014). 
 
A fase do gigantismo industrial, além de ser caracterizada pelos 
estudos envolvendo as relações humanas, é a época na qual as empresas 
atingem proporções enormes, atuando em operações de âmbito 
internacional e multinacional em decorrência dos avanços tecnológicos, 
bem como na área de comunicação. 
Além das fases supracitadas e explicadas, ainda há as fases 
moderna, iniciada após a Segunda Guerra até aproximadamente 1980, 
sendo caracterizada pelo elevado desenvolvimento tecnológico e a divisão 
entre países desenvolvidos, subdesenvolvidos e em desenvolvimento; e 
a de globalização, após 1980, definida por uma extensa variabilidade e 
complexidade das organizações. 
20 Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional 
 
 
SAIBA MAIS: 
 
Que tal ver, de uma forma prática, como era o trabalho na 
época da Revolução Industrial? Veja o resumo do filme 
Tempos modernos, de 1936. Interpretado por Charles 
Chaplin, esse filme aborda o dia a dia de um operário em 
uma linha de montagem. Para acessar, clique aqui . 
 
RESUMINDO: 
 
E então? Ficou claro o que foiapresentado no decorrer 
desta competência? Conseguiu aprender? Agora, só para 
ter certeza de que você realmente entendeu o tema de 
estudo deste Capítulo, vamos resumir tudo o que vimos. 
A partir desta competência, você compreendeu que o 
trabalho é a capacidade que o homem tem de modificar 
o meio no qual está inserido, a fim de atender às suas 
necessidades. Apesar de não ser possível definir com 
exatidão quando o trabalho surgiu, pode-se dizer que foi 
desenvolvido com o homem, além de ter sofrido influência 
do processo evolutivo nos diferentes períodos. 
Ao longo dos anos, o trabalho recebeu diferentes funções: 
caça, agricultura e escravidão (tida como a primeira forma 
organizada de trabalho). Entretanto, o principal marco foi o 
período da Revolução Industrial, entre os séculos XVIII e 
XIX, caracterizado pelo avanço nos processos produtivos. 
A partir disso, foram criadas novas formas de produção, com 
base na industrialização e mecanização. A partir deste 
período, em decorrência da queda de produtividade por 
abstenções, surgiram teorias de administração, para 
melhoria da produtividade nas organizações, tal como as 
propostas por Taylor, Ford, Fayol e Mayo, que direcionaram 
as ações das fases das quais fizeram parte. 
Por fim, foi possível constatar como o ambiente interferiu 
no desenvolvimento do homem e como este, em seu 
processo evolutivo, foi modificando as formas de trabalho, 
tendo em vista o aumento de produtividade. 
https://www.youtube.com/watch?v=yAXdP3StGSc
Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional 21 
 
O surgimento da segurança do trabalho 
no mundo e no brasil 
 
OBJETIVO: 
 
Olá. Ao final desta competência, você terá condições de 
compreender o contexto relacionado ao surgimento da 
segurança do trabalho e as legislações envolvendo esta 
temática. Além disso, conhecerá as legislações que 
propiciaram o desenvolvimento desta área no Brasil. Está 
preparado? Vamos juntos! 
 
O trabalho foi sofrendo mudanças conforme o homem foi se 
desenvolvendo. Ao longo da história, o homem esteve constantemente 
exposto a riscos, mas a partir da Revolução Industrial, com a invenção das 
máquinas a vapor, esses riscos foram agravados e, o que antes era fonte 
de sustento, com os avanços, passou a ser responsável por doenças e 
mortes. 
Este período modificou não apenas as relações econômicas e 
industriais, mas também a forma de olhar para o trabalho, do artesanato 
individualizado para os processos produtivos em organizações. Neste 
contexto, tem-se o olhar para o homem como proletariado, cujo rendimento 
precisa ser satisfatório ao empregador, ou seja, ele precisa trabalhar mais 
em uma mesma carga horária. 
Nas linhas de produção não existiam medidas para promover a 
saúde do trabalhador, tampouco para garantir sua integridade física. O 
foco estava em aumentar a produtividade e reduzir custos a partir da mão 
de obra barata. Em decorrência disso, passaram a ser comum os casos de 
absenteísmo e presenteísmo nas linhas de produção. 
22 Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional 
 
 
EXPLICANDO MELHOR: 
 
Absenteísmo ou absentismo consiste na falta de 
assiduidade ou, ainda, ausência ao trabalho, ou seja, são as 
faltas ao trabalho, sejam elas justificadas ou não, resultantes 
de doenças ou desmotivação; já o presenteísmo pode ser 
caracterizado como um comportamento multifatorial que 
faz com que os trabalhadores, mesmo doentes, continuem 
nos ambientes de trabalho, isto é, é uma resistência por 
parte do trabalhador à doença, em decorrência do medo 
de sofrer advertência ou ser demitido (ARAÚJO, 2012). 
 
Dessa forma, é possível entender que o ambiente de trabalho 
é o espaço no qual o ser humano desempenha seu papel, ou seja, é o 
espaço preparado para as diversas atividades a serem desenvolvidas. 
E este ambiente, do mesmo modo que pode ser adequado e atender 
às necessidades do colaborador, bem como proporcionar maior 
produtividade individual, também pode ser local de insatisfação, favorável 
a acidentes e afastamentos. 
Poucos estudos envolvendo a qualidade dos ambientes de trabalho 
e/ou os elementos que poderiam causar problemas aos trabalhadores foram 
feitos até o ano de 1473. Neste, foi publicado o primeiro material sobre 
saúde e trabalho, consistindo em um panfleto sobre doença ocupacional, 
que, em 1556, serviu de base para que fossem divulgadas informações sobre 
fatores de risco, acidentes de trabalho e doenças mais comuns no contexto 
da mineração. 
Em 1700, um médico italiano, Bernardino Ramazzini, publicou uma 
obra denominada Doenças dos trabalhadores, na qual abordava o 
contexto de 50 cargos, relacionando-os com as respectivas doenças 
decorrentes da atividade laboral. Em função da relevância de sua obra, o 
autor foi denominado o “pai” da medicina do trabalho. 
A partir da Revolução Industrial e suas características laborais (como 
as altas jornadas de trabalho) e a procura por trabalhadores mais baratos 
(mulheres, crianças e idosos), a Inglaterra aprovou, em 1802, a Lei da Saúde 
e Moral dos Aprendizes. Essa legislação teve por principal ponto 
Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional 23 
 
o estabelecimento do limite de jornadas diárias de trabalho para 12 horas, 
a proibição de turnos noturnos e a implantação de medidas de higiene 
nas manufaturas, tal como ventilação do chão de fábrica e lavagem duas 
vezes ao ano. 
Neste período são instituídos, ainda, os primeiros rascunhos sobre 
Direito do Trabalho, a partir da promulgação de medidas legais a favor 
dos trabalhadores. Em 1804, aparecem outras regulamentações de 
proteção, tal como o Código de Napoleão na França, que fazia referência 
à colocação dos operários. 
O ambiente fabril expunha os operários a diferentes situações de 
riscos e, ainda, muitas vezes, era local favorável ao desenvolvimento de 
enfermidades contagiosas, tendo em vista a baixa ventilação e as altas 
jornadas sem pausas para descanso. 
Em razão disso, no ano de 1830, o dono de uma manufatura inglesa 
buscou ajuda para a proteção de seus operários, sendo aconselhado 
a buscar um médico, que visitava o ambiente fabril diariamente para 
desenvolver estudos sobre a relação entre as condições e a saúde dos 
operários. Esse foi o primeiro médico industrial identificado no mundo. 
A lei referente aos aprendizes da Inglaterra não foi cumprida e, em 
decorrência, em 1833, foi instituída a Lei das Fábricas, do inglês Factory 
Act, que, entre suas condições, incluía: 
• Fiscalização nas fábricas. 
• Delimitação da idade mínima para o trabalho (9 anos, desde que 
um médico atestasse que seu desenvolvimento físico correspondia 
à idade). 
• Proibição da jornada noturna a menores de 18 anos. 
• Limite de 12 horas da jornada diária de trabalho (desde que não 
ultrapassasse 69 horas semanais). 
• Implantação de escolas nas fábricas para trabalhadores com idade 
inferior a 13 anos. 
24 Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional 
 
Essa lei é tida como a primeira legislação eficaz no que tange à 
segurança do trabalhador, sendo aplicada a todas as indústrias do ramo 
têxtil. Dessa legislação em diante, a segurança no trabalho passou a ser 
bem-vista pelos pesquisadores da época, porém com enfoque à Medicina. 
Em decorrência disso, em 1842, o gerente de uma fábrica escocesa do 
ramo têxtil fez a contratação de um médico para examinar os trabalhadores 
menores de idade antes destes serem admitidos. Além disso, ele era 
responsável por acompanhar os trabalhadores a partir de exames periódicos. 
Na década de 1860, dois fatos merecem destaque nesta evolução: 
a regulamentação da higiene e da segurança do trabalho na França e a lei 
de indenização obrigatória, promulgada na Alemanha, e responsabilizando 
os donos das fábricas pelos problemas causados aos operários em suas 
jornadas de trabalho. 
Como o processo de industrialização iniciou mais tarde nos Estados 
Unidos, consequentemente, a preocupaçãocom os trabalhadores 
também teve início mais tarde que nos países já citados. Assim, em 1877, 
foi instituída a primeira legislação sobre este tema, que delimitava a 
colocação de protetores nas correias de transmissão e guardas sobre 
eixos e engrenagens expostos. 
Ademais, proibia que as máquinas fossem limpas em funcionamento 
e instituía a necessidade de saídas de emergência para evacuação rápida 
em caso de incidentes. Em 1903, promulgaram uma lei sobre indenização 
dos trabalhadores federais, que foi estendida aos demais trabalhadores 
em 1921. Apesar das medidas não serem a solução para todos os acidentes 
de trabalho, estas reduziram sua ocorrência e gravidade. Por isso essa 
legislação é muito importante para o histórico da segurança do trabalho 
nos Estados Unidos. 
As primeiras associações tendo em vista proteger os trabalhadores 
e reduzir os acidentes nos ambientes de trabalho foram: em 1873 na 
Alemanha, 1883 na França e 1919 na Bélgica. Entre as associações, merece 
destaque a Organização Internacional do Trabalho (OIT), criada em 1919 
após a Conferência da Paz. 
Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional 25 
 
Ao longo dos anos, a OIT foi responsável por organizar conferências 
sobre segurança e saúde dos trabalhadores, das quais surgiram diversas 
recomendações para a proteção dos trabalhadores, como lista de 
doenças relacionadas ao trabalho, ajuste das condições dos ambientes 
de trabalho, estabelecimento de critérios de exposição a componentes 
prejudiciais à saúde etc. 
 
VOCÊ SABIA? 
 
AOITé uma organização tripartite, ou seja, tem representação 
de empregadores, trabalhadores e governo. É responsável 
por formular e aplicar normas internacionais do trabalho 
(denominadas convenções e/ou recomendações). O Brasil 
está entre os membros fundadores da OIT, e participa da 
Conferência Internacional do Trabalho desde sua primeira 
reunião (HISTÓRIA..., [20--?]). 
 
A partir da criação da OIT, as legislações foram avançando em 
decorrência de estudos e aprimoramento das listas e resoluções iniciais. 
Outras instituições merecem destaque nesta temática, tal como está 
apresentado na figura 3. 
Figura 3 – Instituições de destaque que foram criadas para garantir a saúde e a integridade 
física dos trabalhadores 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: Elaborado pela autora (2020). 
26 Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional 
 
Cabe à Osha a função de padronização e, ao Niosh, o 
desenvolvimento de pesquisas e fornecimento de recomendações aos 
padrões estabelecidos pela Osha. A partir da criação destes dois órgãos, no 
decorrer dos anos, foram feitas convenções a fim de estabelecer critérios 
específicos sobre segurança do trabalho, tal como em 1988, envolvendo a 
construção; em 1990, sobre o uso de produtos químicos; e em 1995, sobre 
mineração. Desde então, o enfoque passou a ser prevencionista, ou seja, 
tanto prevenir que os acidentes aconteçam quanto minimizar os riscos. 
Legislações sobre segurança do trabalho 
no Brasil 
Até o começo do século XX, o Brasil tinha sua economia baseada 
na agricultura, e o trabalho era a partir de mão de obra escrava. Apenas 
após a Primeira Guerra Mundial que o país passou a se desenvolver. Em 
decorrência disso, o Brasil tem um contexto recente no que diz respeito à 
legislação envolvendo segurança do trabalho. 
A primeira legislação foi em 1919, originada a partir de uma pesquisa 
sobre as consequências dos acidentes laborais, onde foram analisados 330 
acidentes, dos quais 30 resultaram em lesões pessoais e, destes, 1 era 
grave. Até 1930 existiam quatro leis pertinentes ao seguro social dos 
trabalhadores, conforme apresentado na figura 4. 
Figura 4 – Sequência das legislações sobre segurança do trabalho no Brasil até 1930 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: Elaborado pela autora (2020). 
Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional 27 
 
Assim, pode-se citar a década de 1930 como a “Revolução Industrial” 
do país pela criação do Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio (MTIC) 
e, em 1934, o Conselho Nacional do Trabalho (CNT). Para Tavares (2009): 
Embora tivéssemos já a experiência de outros países, em 
menor escala, é bem verdade, atravessamos os mesmos 
obstáculos, o que fez com que se falasse, em 1970, que 
o Brasil era o campeão mundial de acidentes do trabalho. 
(TAVARES, 2009, p.13) 
Posteriormente, em 1940, foi instituída a primeira lei sobre segurança, 
envolvendo indenização e atendimento ao trabalhador acidentado. 
A primeira associação sobre o tema foi criada em 1941, e chamada de 
Associação Brasileira para a Prevenção de Acidentes (ABPA). Nessa época, 
também foi criada a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), responsável 
pelo início dos direitos trabalhistas individuais e coletivos, além de uma 
mudança na visão sobre segurança do trabalho no país. 
A partir dessa legislação, nos anos seguintes foram instituídas 
algumas condições, tal como o pagamento por parte do empregador dos 
primeiros 15 dias de afastamento em decorrência de doenças do trabalho. 
No Brasil, a OIT tem mantido representação desde 1950, desenvolvendo 
projetos e ações visando à proteção dos colaboradores. Além disso, 
promove a ascensão do “trabalho decente”, abrangendo assuntos como 
ação contra trabalho obrigado, combate ao trabalho infantil e ao tráfico 
de pessoas, bem como condições melhores de trabalho para jovens e 
migrantes, entre outros. 
Em 1966 foi criada oficialmente a Fundação Centro Nacional de 
Segurança, Higiene e Medicina do Trabalho (Fundacentro) em decorrência 
dos altos índices de acidentes de trabalho e doenças ocupacionais. A 
finalidade desta instituição é estudar e pesquisar as condições laborais, 
favorecendo a participação de todos os envolvidos neste contexto. 
Atualmente, está presente em 11 estados brasileiros e no Distrito 
Federal, bem como em outros países, atuando nos países da América, 
Europa, Japão e Austrália (FUNDACENTRO, 2019). Os anos seguintes 
foram extremamente importantes para o Brasil devido aos seguintes 
acontecimentos: 
28 Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional 
 
• 1971 – Decreto n° 68.255, de 16 de fevereiro de 1971, com a criação 
da Campanha Nacional de Acidentes de Trabalho (Canpat); Portaria 
n° 3.233 – criação do Congresso Nacional de Prevenção de 
Acidentes do Trabalho (Conpat); Semana de Prevenção de Acidentes 
de Trabalho (Sipat); e Medalha ao Mérito de Segurança do Trabalho 
(MMST). 
• 1972 – Portaria n° 3.236 – criação do Programa Nacional de 
Valorização do Trabalhador (PNVT). 
• 1977 – alteração do Capítulo V do Título II da CLT que se refere à 
segurança do trabalho. 
• 1978 – Portaria n° 3.214, de 8 de junho de 1078 – aprovação das 
Normas Regulamentadoras. 
• 1985 – Lei n° 7.410, de 27 de novembro de 1985 – especialização 
em Engenharia de Segurança do Trabalho (regulamentada pelo 
Decreto n° 92.530, de 9 de abril de 1986). 
• 1987 – Resolução n° 325, de 18 de março de 1987 – regulamentação 
das atividades do engenheiro de segurança do trabalho. 
• 1988 – Portaria n° 3.067, de 12 de abril de 1988 – aprovação das 
normas regulamentadoras. 
As normas regulamentadoras aprovadas em 1988 representam o 
maior marco da segurança do trabalho no Brasil, sendo de caráter 
obrigatório nas empresas (Figura 5). 
Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional 29 
 
Figura 5 – Equipamentos de proteção (individual ou coletivo): capacete, óculos, botas, 
protetor auricular, máscara e luvas 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte : Freepik 
 
Legalmente falando, o Brasil está bem estruturado para garantir a 
segurança dos trabalhadores em suas jornadas diárias, entretanto, é 
importante que haja articulação entre órgãos públicos, empresas e os 
próprios trabalhadores para que essas normas sejam cumpridas, a fim de 
garantir ambientes de trabalho mais seguros e saudáveis. 
 
SAIBA MAIS: 
 
Que tal saber um pouco mais sobre a evoluçãodas 
legislações do ponto de vista do Direito do Trabalho? 
Indico a leitura do artigo A construção histórica do Direito 
do Trabalho no mundo e no Brasil e seus desdobramentos 
no modelo trabalhista brasileiro pós-industrial, que aborda 
o histórico da evolução do trabalho e sua importância para 
o desenvolvimento do Direito do Trabalho no Brasil. Para 
acessar, clique aqui . 
https://br.freepik.com/vetores-gratis/conjunto-de-elementos-plana-de-equipamento-de-uniformes-de-protecao_4411866.htm#page%3D1%26query%3DEQUIPAMENTO%2BDE%2BSEGURAN%C3%87A%26position%3D3
http://eventos.ifg.edu.br/7semanadehistoria/wp-content/uploads/sites/31/2018/02/Francisco-Kennedy-da-Silva-de-Oliveira.pdf
30 Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional 
 
 
RESUMINDO: 
 
Em decorrência das condições de trabalho, iniciaram- 
se movimentos de trabalhadores em prol de melhores 
condições de trabalho, e o governo interveio para que 
estas fossem instauradas. Perceberam como conhecer a 
história evolutiva nos permite aprofundar conhecimentos 
e compreender melhor o que vivenciamos atualmente? 
Foi o que esta competência nos permitiu a partir de uma 
breve viagem ao tempo pela evolução das leis envolvendo 
a segurança do trabalho. 
Ao analisar a evolução das legislações sobre segurança do 
trabalho no mundo, destaca-se a primeira lei envolvendo 
esta temática, instituída em 1802, que estabelecia 
condições, tais como horários máximos das jornadas de 
trabalho, entre outros aspectos. Outro ponto de destaque é 
a criação de instituições, sendo elas ISO, OMS, ERS Osha e 
Niosh, responsáveis por definir padrões para os ambientes 
de trabalho a partir de pesquisas e recomendações. 
No Brasil, a legislação foi tardia, tendo em vista o 
desenvolvimento posterior. Como destaques, temos a 
criação da Confederação Brasileira do Trabalho (CBT), a 
CLT e, principalmente, o estabelecimento das normas 
regulamentadoras que regem o trabalho. 
A evolução nas legislações foi ocorrendo de forma 
simultânea às melhores condições de trabalho e 
consequentemente bem-estar físico, social e mental dos 
trabalhadores. 
Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional 31 
 
As normas regulamentadoras do 
ministério do trabalho 
 
OBJETIVO: 
 
Olá. Partindo do pressuposto que as normas 
regulamentadoras são as principais direcionadoras no 
Brasil, esta competência tem por objetivo fornecer uma 
visão geral sobre essas normas. 
 
As normas regulamentadoras representam o principal marco da 
segurança no trabalho no Brasil, e sua criação tem relação direta ou indireta 
com o contexto vivenciado anteriormente. A Lei n.° 6.514, de 22 de dezembro 
de 1977, permitiu o estabelecimento dessas normas, mudando o relatado 
no Decreto-Lei n.° 5.452 de 1.° de maio de 1943, passando, então, a vigorar a 
redação de 1977. 
Além disso, essas normas foram baseadas em outras legislações 
já existentes, tal como a Lei n.° 6.514/1977, ou as convenções da OIT, que 
priorizavam e incentivavam a criação de normas locais para definir métodos 
e equipamentos necessários para que o trabalho fosse desenvolvido de forma 
segura e saudável. Assim, foi aprovada pelo ministro do trabalho a Portaria 
n.° 3.214/1978, composta por 28 normas regulamentadoras. 
As NRs podem ser definidas como a junção de diferentes 
legislações, decretos, portarias, resoluções, entre outros instrumentos 
legais que orientam o campo de segurança e saúde do trabalho. Apesar 
de terem sido criadas em 1978, as normas vêm sofrendo modificações 
e sendo atualizadas ao longo dos anos, tendo em vista a necessidade 
de adaptação rente aos diferentes cenários organizacionais. Atualmente, 
existem 37 NRs, das quais iremos ter uma visão geral. 
Essas normas podem ter caráter técnico ou administrativo, sendo 
aplicadas ou transversais. As de caráter técnico são aquelas que 
apresentam soluções de Engenharia bastante específicas, tal como 
relacionadas às máquinas, layout e proteções de corredores. Diz-se de 
caráter administrativo quando se relacionam à criação de órgãos e/ou 
32 Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional 
 
ações de fiscalização. Algumas normas são classificadas tanto como 
administrativas quanto técnicas, sendo elas as normas 4, 5, 7, 9, 20 e 23. 
As demais são enquadradas em uma das classificações, de acordo com 
suas especificações. 
No que tange à classificação em aplicada ou transversal, as NRs 
definidas como transversais são aquelas que têm vasta aplicabilidade, ou 
seja, se enquadram em mais de um ramo econômico. Em contrapartida, 
as tidas como aplicadas são aquelas direcionadas a ramos específicos, tal 
como construção civil. 
Até a NR-28, ou seja, as primeiras aprovadas dentro de uma única 
portaria, no geral, têm caráter técnico e transversal, isto é, buscam propor 
soluções de engenharia para solucionar problemas comuns a diversas 
organizações. As demais foram instituídas complementarmente para 
atender a demandas específicas. 
 
VOCÊ SABIA? 
 
A Escola Nacional da Inspeção do Trabalho – Enit (antigo 
Ministério do Trabalho e Emprego) é ó órgão federal 
responsável por criar e atualizar as normas 
regulamentadoras. Entretanto, antes da promulgação, 
são realizadas audiências públicas, reuniões ordinárias 
e extraordinárias, análises de estatísticas e dados sobre 
acidentes de trabalho, bem como o estudo de normas 
internacionais atuais. Além disso, são consideradas as 
demandas da sociedade. 
 
A partir de agora, abordaremos as NRs de forma individualizada. 
Aqui, não nos aprofundaremos a ponto de esgotar todas as discussões 
sobre cada norma, mas teremos uma visão global do contexto e 
especificidade de cada uma. 
A NR-1 tem caráter administrativo e transversal, e busca apresentar 
as diretrizes básicas, o campo de aplicação e a definição de conceitos 
comuns. Essa é a norma que define, também, a obrigatoriedade do 
cumprimento dessas diretrizes, bem como não tira a obrigação das 
Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional 33 
 
organizações cumprirem outras legislações, tais como as de caráter 
estadual e/ou municipal. 
Essa norma define as responsabilidades do empregador e dos 
empregados. Cabe ao empregador avisar sobre riscos existentes no 
ambiente de trabalho, bem como promover condições favoráveis ao 
exercício da atividade laboral, além de disponibilizar equipamentos de 
proteção; bem como cabe aos empregados, além de respeitarem o 
estabelecido nas NRs, acatarem os procedimentos de segurança e as 
medidas adotadas pela organização. 
A NR-2 refere-se à temática de inspeção prévia, porém não está em 
vigor, tendo sido revogada em 2019 pela Portaria n.° 915, de 30 de julho 
de 2019, da Secretaria Especial de Previdência e Trabalho do Ministério da 
Economia. 
A NR-3 tem caráter administrativo e transversal. Embargo e 
interdição consistem em medidas de urgência, direcionadas em caso 
de comprovação de circunstância de trabalho que distingue risco grave 
e iminente ao trabalhador. Durante o período determinado para a 
paralisação total ou parcial, os colaboradores continuarão recebendo 
remuneração e, além disso, só são permitidas ações para correção da 
situação constatada, desde que com as devidas proteções necessárias. 
A NR-4 tem caráter administrativo, técnico e transversal, sendo uma 
das normas mais essenciais, pois aborda os Serviços Especializados em 
Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho (SESMT). Como 
pontos importantes dessa norma, têm-se o dimensionamento e os 
profissionais envolvidos no SESMT. O dimensionamento é calculado em 
função do risco da atividade e da quantidade de colaboradores. 
No que tange aos profissionais que podem compor o SESMT, tem- 
se um conjunto mínimo: médico do trabalho, engenheiro e/ou técnico de 
segurança do trabalho, enfermeiro do trabalho e auxiliar e/ou técnico em 
enfermagem do trabalho. A quantidade de profissionais que irão compor 
depende do grau de risco da organizaçãoe da quantia de colaboradores, 
e essa relação é apresentada no Quadro II da NR-4. 
34 Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional 
 
Tão importante quanto o SESMT, tem-se a Comissão Interna de 
Prevenção de Acidentes (Cipa), abordada na NR-5, também de caráter 
administrativo, técnico e transversal. A Cipa é uma estrutura corporativa 
de maior visibilidade quando comparada ao SESMT, sendo formada por 
representantes do SESMT, dos colaboradores e do empregador. 
Essa comissão terá reuniões ordinárias mensais a serem realizadas 
durante horário normal. É de responsabilidade da empresa fornecer 
treinamento, com carga horária de 20 horas, a ser realizado no prazo 
máximo de 30 dias a partir da data da posse. No que tange ao processo 
eleitoral, a convocação deve ser 60 dias antes do término do mandato 
anterior e, quando já existir Cipa, a eleição deve ocorrer 30 dias antes do 
término do mandato. 
Como função da Cipa, tem-se como objetivo a prevenção de 
acidentes e doenças decorrentes do trabalho, de modo a tornar compatível 
permanentemente o trabalho com a preservação da vida e a promoção 
da saúde do trabalhador. O dimensionamento dos suplentes e efetivos 
dessa comissão é feito em função da quantidade de colaboradores e 
dos agrupamentos por setores econômicos, conforme estabelecido no 
Quadro I da referida norma. 
A NR-6 tem caráter técnico e transversal, e sua finalidade é a de 
estabelecer diretrizes sobre equipamentos de proteção individual (EPIs). 
O fornecimento de EPIs é de responsabilidade do empregador, e consiste 
em todos os equipamentos de uso individual que têm por finalidade 
proteger o trabalhador de riscos. 
A NR-7 estabelece a obrigatoriedade de elaboração e 
implementação do Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional 
(PCMSO). De caráter administrativo, técnico e transversal, essa norma 
define requisitos mínimos e as condições gerais para execução do PCMSO. 
Entre as obrigatoriedades a serem controladas pelo PCMSO, têm-se 
exames, tal como admissional, periódico, demissional, entre outros. 
A NR-8 estabelece requisitos técnicos mínimos de circulação e 
proteção que devem ser observados nas edificações, de modo a garantir 
Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional 35 
 
segurança e conforto aos que nelas trabalhem. Em decorrência disso, a 
técnica é transversal. 
A NR-9 aborda o Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR), de 
fundamental importância, pois ela delimita as prevenções e os controles 
dos riscos ocupacionais que são causados pelos agentes físicos, químicos 
e biológicos. Ainda, essa norma estabelece todas as medidas e as 
prevenções ocupacionais que devem fazer parte dos controles de riscos 
e devem fazer parte do Plano de Ação. 
A NR-10, de forma reduzida, tem por tema principal a segurança em 
instalações e serviços em eletricidade. Com caráter técnico e transversal, 
estabelece os requisitos mínimos aplicáveis às fases de geração, 
transmissão, distribuição e consumo. Apesar de ser uma norma técnica, 
é bastante específica por ser aplicada ao setor elétrico. Além de envolver os 
trabalhadores deste setor profissional, engloba também a manutenção 
segura das instalações elétricas das empresas. 
A NR-11 é uma norma bastante curta e trata sobre transporte, 
movimentação, armazenagem e manuseio de materiais a partir da 
manipulação de elevadores, guindastes, carregadores industriais e máquinas 
de transporte. Apresenta diretrizes específicas para distância entre 
pranchões, distância mínima entre cargas empilhadas e paredes, bem 
como disposição de sacas, entre outros aspectos. 
A NR 12-é uma norma extensa, transversal e técnica, pois versa 
sobre máquinas e equipamentos. Alguns pontos, a fim de exemplificar o 
conteúdo desta norma, incluem: 
• Indicação da carga máxima permitida em todos os equipamentos. 
• Distância máxima para transporte manual de um saco: 60 metros. 
• Proteção para mãos em carros para transporte manual. 
• Meios de transporte motorizado devem conter buzina e um cartão 
de identificação, indicando o trabalhador habilitado, cuja validade 
é de um ano. 
O conteúdo dessa norma é valido para todas as fases de seu 
processo, ou seja, nas fases de projeto e emprego de máquinas e 
36 Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional 
 
equipamentos e, ainda, a sua produção, importação, venda, apresentação 
e transferência. 
 
REFLITA: 
 
Imagina como teria sido os ambientes de trabalho no 
período da Revolução Industrial se a NR-12 já existisse 
e fosse mundial? Você acha que os acidentes teriam 
acontecido em tamanha quantidade e gravidade? 
 
Dando continuidade, as normas 13 e 14 são de caráter aplicado e 
técnico, dispondo sobre caldeiras e vasos de pressão (13) e fornos (14), 
respectivamente. São normas importantes devido aos elevados riscos, porém 
seu estudo é específico ao contexto, tendo em vista que não são todos os 
ambientes de trabalho que contêm tais equipamentos. 
 
SAIBA MAIS: 
 
Segundo a NR-13, caldeiras a vapor são equipamentos 
destinados a produzir e acumular vapor sob pressão 
superior à atmosférica, utilizando qualquer fonte de energia, 
projetados conforme códigos pertinentes, excetuando-se 
refervedores e similares. Vasos de pressão são equipamentos 
que contêm fluídos sob pressão interna ou externa, diferente 
da atmosférica. Para acessar, clique aqui . 
 
As normas 15 e 16 são de caráter técnico e transversal, e abordam, 
respectivamente, atividades e operações insalubres (seus limites de 
tolerância) e atividade e operações perigosas. O trabalhador exposto 
a condições insalubres tem direito a receber adicional sobre o salário- 
mínimo nas seguintes proporções: 40% em caso de grau máximo, 20% 
em grau médio e 10% em grau mínimo de insalubridade. É importante 
destacar aqui que nem todos os riscos resultam em insalubridade. 
Já o que diz respeito às atividades e operações perigosas, remetem 
ao trabalhador um adicional de 30% sobre o salário, quando exercem 
as seguintes atividades: armazenamento ou transporte de explosivos; 
operação de escorva dos cartuchos de explosivos ou carregamento de 
explosivos; detonação; verificação de denotações falhadas; queima e 
https://enit.trabalho.gov.br/portal/images/Arquivos_SST/SST_NR/NR-13.pdf
Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional 37 
 
destruição de explosivos deteriorados; e, nas operações de manuseio de 
explosivos. Diante disso, entende-se que não há variação do adicional, tal 
como ocorre para a insalubridade. 
A NR-17 aborda o tema da ergonomia, um dos mais importantes 
relacionados à segurança do trabalho, tendo em vista que a ergonomia 
é a ciência que estuda a adaptação do trabalho ao homem, de forma 
a garantir condições mais saudáveis. Assim, estabelece permissões no 
que tange ao trabalho, por isso essa norma se relaciona a diversas outras 
normas, sendo uma das normas mais articuladas. Entre os tópicos 
abordados, as diretrizes englobam: transporte individual de cargas, 
mobiliário, equipamentos dos postos de trabalho (tal como teclados 
e monitores), condições do ambiente (como temperatura, ruído e 
iluminação) e organização do trabalho. 
As normas 18 a 20 são de caráter técnico e aplicadas, abordando, 
em sequência, as condições e o meio ambiente de trabalho na indústria 
da construção civil e explosivos e líquidos combustíveis e inflamáveis. A 
NR-18 é uma norma bastante densa e específica ao setor da construção 
civil. 
Na NR-19 são definidos os materiais ou as substâncias que se 
decompõem rápido em produtos mais estáveis, com grande liberação de 
calor e desenvolvimento súbito de pressão. Os líquidos combustíveis e 
inflamáveis (NR-20) têm significados parecidos, o combustível é aquele 
em que o ponto de fulgor está entre 60 e 93°C, enquanto inflamável é 
abaixo de 60°C. 
A NR-21 de caráter técnico e transversal relaciona-se a trabalhos, 
tais como a construção de rodovias, ferrovias, hidrelétricas e mesmo nos 
trabalhosem mineração ou atividades agropecuárias, onde os trabalhadores 
estão isentos de proteção. 
A NR-22 é aplicada e técnica, pois define diretrizes para segurança 
e saúde ocupacional na mineração. Já a NR-23 trata sobre proteção contra 
incêndios, sendo de caráter administrativo, técnico e transversal. 
A normas 24 e 26 são de caráter técnico e transversal, abordando as 
condições sanitárias e de conforto nos locais de trabalho e sinalização de 
38 Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional 
 
segurança, respectivamente. A NR-26 é sobre sinalização de segurança, 
sendo de ampla aplicação (ou seja, transversal) e, a partir dela, são 
estabelecidas as cores, simbologias e palavras direcionadoras de alerta 
e perigo nos ambientes. 
A NR-25 é de caráter técnico e aplicada, pois refere-se a resíduos 
industriais, nos quais estão englobados os resíduos sólidos, líquidos e gasosos. 
A NR-27 tinha por tema o registro profissional do técnico de segurança do 
trabalho, porém foi revogada pela Portaria n° 262, de 29 de maio de 2008. 
A NR-28 tem caráter administrativo e transversal, pois apresenta 
especificações sobre fiscalizações e penalidades em casos nos quais 
são encontradas irregularidades. Como ponto de destaque dessa norma, 
tem-se o prazo para recorrer igual a 10 dias, e 60 dias para a regularização 
(esse prazo pode ser aumentado para 120 dias em casos específicos). 
As últimas normas vieram em decorrência de falhas nas anteriores, ou 
seja, a partir de lacunas e demandas. Dessa forma, apresentam-se as 
normas de 29 a 36. 
Quadro 2 – Normas regulamentadoras específicas: 29 a 36 
 
NR Tema 
29 Trabalho portuário. 
30 Aquaviário. 
31 Agricultura, pecuária, silvicultura, exploração florestal e 
aquicultura. 
32 Serviços de saúde. 
33 Espaços confinados. 
34 Indústria da construção, reparação e desmonte naval. 
35 Altura. 
36 Empresas de abate e processamento de carnes e derivados. 
37 Plataforma de petróleo. 
 
Fonte: Elaborado pela autora (2020). 
Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional 39 
 
Conforme é possível observar no Quadro 2, essas normas vieram 
para preencher uma lacuna das áreas profissionais. As normas de 29 a 
36 são todas de caráter técnico e aplicado, com exceção da NR-35, que 
também é transversal. Aqui foram citados apenas os respectivos temas, 
tendo em vista que as normas são muito específicas a determinados tipos de 
trabalho. Cabe a você, aluno, se aprofundar com maior precisão nas 
normas que sejam de seu interesse ou que tenham relação com sua 
atividade laboral, certo? 
Todas as normas regulamentadoras passam por revisões 
constantes, a fim de adaptar as exigências legais às transformações 
do universo do trabalho, especialmente no que tange a novos riscos e, 
consequentemente, demanda por novas diretrizes e medidas de controle 
para segurança do trabalho. 
 
SAIBA MAIS: 
 
As normas regulamentadoras são o principal marco no Brasil, 
sendo de caráter obrigatório a todas as organizações, tanto 
privadas quanto públicas, bem como pelos órgãos públicos 
de administração direta e indireta e dos Poderes Legislativo 
e Judiciário, cujos empregados sejam regidos pelo sistema 
da CLT. A Portaria n° 3.214/1978 instituiu 28 normas 
regulamentadoras, das quais algumas já não estão mais em 
vigência. Atualmente, há 37 NRs, das quais 36 estão em vigor. 
Para se manter atualizado e informado sobre as NRs, 
consulte sempre o site do Ministério do Trabalho, o Enit. Para 
acessar, clique aqui . 
https://enit.trabalho.gov.br/portal/index.php/seguranca-e-saude-no-trabalho/sst-menu/sst-normatizacao/sst-nr-portugues?view=defaul
40 Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional 
 
 
RESUMINDO: 
 
O desenvolvimento das organizações no Brasil fez com 
que fossem necessárias medidas para garantir que os 
ambientes de trabalho fossem locais seguros aos 
trabalhadores e aos demais envolvidos. Neste contexto, 
em 1978 foram criadas 28 normas regulamentadores, que 
regem a segurança do trabalho no Brasil, estabelecendo 
diretrizes e regras que devem ser seguidas por todas as 
empresas com trabalhadores sob o regime da CLT. 
De uma forma mais genérica, é a “bíblia” dos profissionais 
atuantes nesta área, de modo que seja possível assegurar 
um lugar seguro e saudável para todos do ambiente 
organizacional. Antes do estabelecimento das NRs, o 
trabalhador não tinha legislação específica, bem como 
não existiam diretrizes para os empregados, no que tange 
à necessidade de prover equipamentos para proteção dos 
colaboradores. Em decorrência deste cenário, os acidentes 
de trabalho se tornaram frequentes. 
Nesta competência, tivemos uma visão geral sobre cada 
uma das normas em vigor no país. É fundamental que você 
lembre que estas são aplicadas a todos os colaboradores. 
Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional 41 
 
A falta de segurança no trabalho e na 
saúde ocupacional 
 
INTRODUÇÃO: 
 
Olá. Vimos até aqui a relação do homem com a evolução da 
prática laboral e o surgimento das legislações envolvendo 
essa relação no mundo e no Brasil. Agora, vamos entender 
os conceitos envolvendo a segurança do trabalho, que vão 
embasar nossos estudos até o fim desta competência. 
Espero que esteja animado a continuar neste universo 
comigo! 
 
Conceitos básicos 
Nem sempre a segurança do trabalho foi objeto de preocupação das 
pessoas, ela passou a ganhar destaque com o surgimento da máquina e 
da manufatura em decorrência dos afastamentos dos colaboradores e dos 
movimentos trabalhistas. Além disso, nem sempre essa foi à denominação 
adotada, já que no decorrer dos anos as condições de trabalho foram 
sendo abordadas em diferentes temáticas e/ou áreas do conhecimento, 
tal como Medicina, Saúde e Enfermagem, até se consolidar como uma 
área de estudo. 
Outras nomenclaturas são comuns quando estudamos a evolução 
da segurança do trabalho, tal como saúde ocupacional, higiene do 
trabalho e medicina do trabalho. 
A saúde ocupacional consiste na promoção do mais alto grau de 
bem-estar físico, mental e social de trabalhadores de todas as ocupações. 
A partir destas condições, tem-se como resultado a prevenção de doenças 
e a proteção dos colaboradores contra riscos inerentes ao seu ambiente 
de trabalho (CHIBISNKI, 2011). 
Diante disso, a saúde ocupacional busca manter os ambientes laborais 
adequados às disposições fisiológicas e psicológicas do trabalhador, ou seja, 
adaptar a relação homem-trabalho. Além disso, foi instituída em 1957 pela 
OIT, como sendo o ramo da saúde pública cuja 
42 Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional 
 
finalidade é a segurança e a higiene dos ambientes laborais e do próprio 
trabalhador. 
Para que a saúde ocupacional cumpra o objetivo pelo qual está 
designada, é importante que haja uma equipe multidisciplinar para atuar 
nos seguintes aspectos: 
• Promoção do mais elevado nível de bem-estar do trabalhador. 
• Proteção dos trabalhadores contra agentes nocivos à saúde. 
• Adaptação do ambiente de trabalho às condições do homem. 
• Identificação das funções adequadas às aptidões físicas do 
trabalhador. 
A expressão higiene ocupacional surgiu pela primeira vez em 1986 
para designar a ciência que tem por finalidade estudar os ambientes 
de trabalho. Tem caráter prevencionista, cujo objetivo consiste em 
direcionar esforços para antecipar os riscos à saúde e ao bem-estar dos 
colaboradores, considerando o possível impacto destes nas comunidades 
vizinhas e no ambiente. 
Além dessas duas áreas, há também a medicina do trabalho, cuja 
preocupação está na saúde física e mental dos colaboradores, frente aos 
riscos aos quais estão expostos. As ações desenvolvidas por essa área 
buscam reduzir a frequência com que os acidentes do trabalho ocorrem, 
bem como as taxas de mortalidade e morbidade nos ambientes, reduzindo 
os índices de seguros e indenizações. 
 
NOTA: 
 
A taxa de morbidade é a relação entre trabalhadores doentes 
e sadiosexpostos a uma mesma condição ambiental, 
enquanto a taxa de mortalidade corresponde à relação de 
mortes comparada à quantidade de trabalhadores. 
Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional 43 
 
Figura 6 – Comparação das três ciências que encaminharam para o surgimento da 
segurança do trabalho 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: Elaborada pela autora (2020). 
 
É a partir destes ramos da ciência que a segurança do trabalho 
surgiu e foi ganhando destaque. Então, o que é segurança do trabalho? 
 
DEFINIÇÃO: 
 
A segurança do trabalho é definida como uma série de 
medidas técnicas, administrativas, médicas, educacionais e 
comportamentais, empregadas a fim de prevenir acidentes, 
eliminando condições e procedimentos inseguros no 
ambiente de trabalho. A segurança do trabalho destaca, 
também, a importância dos meios de prevenção 
estabelecidos para proteger a integridade e a capacidade de 
trabalho do colaborador (FERREIRA; PEIXOTO, 2012). 
 
Dessa forma, a segurança do trabalho pode ser compreendida como 
um conjunto de ações que são assumidas, de forma a minimizar os riscos 
e melhorar as condições de trabalho, de modo a prevenir e reduzir os 
acidentes de trabalho e as doenças ocupacionais, bem como resguardar 
a integridade física e a capacidade laboral do trabalhador. 
Nesta área, diversas medidas técnicas, médicas e psicológicas 
são desenvolvidas a fim de evitar acidentes. Como exemplo podem ser 
citados os cintos de segurança utilizados em trabalho em altura, o uso de 
44 Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional 
 
máscara, luvas e óculos de proteção envolvendo trabalhos com reagentes 
químicos, entre outras ações. 
Figura 7 – Exemplificação dos equipamentos de proteção como medidas de segurança do 
trabalho 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte : Freepik 
 
Na definição de segurança do trabalho, temos três outros termos 
que serão fundamentais ao longo de todo nosso percurso neste universo: 
prevenção, risco e condições de trabalho. 
Prevenir significa observar de forma antecipada, ou seja, identificar 
antes que ocorra. Dessa forma, a segurança do trabalho busca identificar 
todos os fatores que possam vir a provocar um acidente de trabalho ou 
representar um risco ao colaborador. Um acidente de trabalho pode ser 
definido, segundo Barsano e Barbosa (2018), como: 
um evento indesejado e inesperado, cuja principal 
característica é provocar no trabalhador lesão corporal ou 
perturbação funcional que cause morte, perda ou redução 
permanente ou temporária da capacidade para o trabalho. 
E, quando esse evento não gera dano ao homem ou ao 
patrimônio, estamos diante de um incidente ou quase 
acidente. (BARSANO; BARBOSA, 2018, p.37) 
Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional 45 
 
Os acidentes de trabalho ocorrem, principalmente, em função de 
dois fatores: condições e atos inseguros. Você sabe a diferença entre 
eles? Uma condição insegura ocorre em função das características do 
ambiente, ou seja, o ambiente expõe o trabalhador a um risco; enquanto 
ato inseguro é uma ação desempenhada pelo trabalhador que o expõe 
(ou expõe a colegas) ao risco. 
 
EXPLICANDO MELHOR: 
 
A falta de proteção em máquinas de uma linha de produção 
é uma condição insegura, enquanto a limpeza de uma 
máquina em movimento é um ato inseguro. 
 
De modo geral, prevenir riscos é algo que está ao alcance dos 
homens, já que uma de nossas características de superioridade em 
relação aos demais seres vivos é a capacidade de raciocinar, e prevenir, 
nada mais é que raciocinar e identificar possíveis falhas antes que elas 
venham a ocorrer. Além disso, a segurança do trabalho só é necessária 
porque os ambientes de trabalho, naturalmente, apresentam riscos a 
todos os envolvidos, mas, principalmente, aos trabalhadores, certo? 
Risco é uma palavra usada em diversas áreas do conhecimento, 
podendo ter conceitos distintos de acordo com o contexto no qual está 
aplicada. Para nós, risco conceitua-se como uma ou mais natureza 
passível de causar um dano. Vimos que a NR-9 aborda o PGR. 
Segundo a NR-9, risco ambiental são “os agentes físicos, químicos 
e biológicos existentes nos ambientes de trabalho que, em função de sua 
natureza, concentração ou intensidade e tempo de exposição, são 
capazes de causar danos à saúde do trabalhador“. 
Além da NR relacionada, a ISO 31000 de 2009 é específica sobre 
gestão de riscos, estabelecendo princípios e diretrizes. Em seu item 2.1, 
caracteriza risco como efeito da incerteza nos objetivos. Também expressa 
risco em termos de uma combinação de consequências de um evento e a 
probabilidade de ocorrência associada. 
46 Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional 
 
Neste contexto, risco pode ser definido como sendo a combinação 
da probabilidade e gravidade ou a combinação da exposição com a 
gravidade dos efeitos à saúde, tal como expresso pelas fórmulas a seguir. 
Risco = probabilidade de ocorrência do dano x gravidade do dano. 
 
Risco = exposição x gravidade dos efeitos à saúde. 
 
Segundo a ISO, convém considerar as condições de trabalho para 
analisar os riscos. As condições de trabalho são os aspectos existentes 
nos ambientes de trabalho. Sendo definidas como: 
Toda e qualquer variável presente ao ambiente de trabalho 
capaz de alterar e/ou condicionar a capacidade produtiva do 
indivíduo, causando ou não agressão ou depressões à 
saúde deste: mobília, utilização do espaço físico e áreas, 
ambiente térmico e suas variáveis; prescrição e conteúdo das 
tarefas, relações interpessoais, informações, maquinaria, 
ferramentas e a intervenção sobre elas. (CAMARGO, 2011, p. 
28) 
Dessa forma, considerar as condições de trabalho de forma universal 
é essencial para proteger, desenvolver e melhorar continuamente 
a qualidade de vida dos trabalhadores nos mais diversos aspectos, 
reduzindo riscos e evitando acidentes de trabalho. Acerca disso, vale 
destacar e retomar o conteúdo da NR-17, que tem por temática principal 
a ergonomia. 
A ergonomia consiste na adaptação do ambiente de trabalho às 
condições dos trabalhadores para que estes tenham conforto, segurança 
e melhor desempenho em suas práticas laborais. Como condições de 
trabalho, essa norma especifica “aspectos relacionados ao levantamento, 
transporte e descarga de materiais, ao mobiliário, aos equipamentos e às 
condições ambientais do posto de trabalho e à própria organização do 
trabalho”. Uma das formas de analisar as condições do trabalho é a partir 
da análise ergonômica. 
Outros termos comuns na área de segurança do trabalho e, 
inclusive, alvos de norma regulamentadora específica, é embargo e 
interdição. Interdição consiste em paralisar total ou parcialmente um 
Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional 47 
 
estabelecimento, setor de serviço, máquina ou equipamento, enquanto 
embargo refere-se a paralisar total ou parcialmente uma obra. 
Compreender os principais termos relacionados à segurança do 
trabalho e suas definições é essencial para um entendimento mais amplo 
da área. 
Consequências da insegurança do trabalho 
Está claro que a segurança do trabalho tem como objetivo proteger 
a saúde e a integridade física dos colaboradores, não é mesmo? A 
responsabilidade pela segurança do trabalho é tripartite, ou seja, cabe ao 
poder público, ao empregador e ao empregado zelarem pelas condições 
do trabalho, bem como para que as legislações relacionadas sejam 
cumpridas. 
De modo específico, pode-se dizer que o poder público tem por 
função criar e fiscalizar as normas e legislações; os empregadores são 
responsáveis por cumprir essas legislações e aplicá-las em suas empresas; 
e aos colaboradores, observar as requisições de saúde e segurança nos 
ambientes laborais, contribuindo para que as condições sejam mantidas 
adequadas. 
O não cumprimento das legislações, além de ser crime, pode 
resultar em diversos problemas tanto para os empregadores quanto para 
os trabalhadores.Qualquer acidente de trabalho, independentemente da 
gravidade, resulta em perdas financeiras para a organização, bem como 
danos à saúde dos colaboradores. 
Acidentes de trabalho resultam em afastamento do trabalhador por 
inaptidão temporária, por inaptidão permanente ou, ainda, por óbito, além 
de danos materiais, tal como as ações legais, seguro de vida, máquinas 
danificadas, redução na produtividade, entre outros. É possível classificar as 
consequências sob três aspectos: humano, social e econômico. 
48 Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional 
 
Figura 8 – Os aspectos envolvendo o acidente de trabalho têm três perspectivas: humano, 
social e econômico 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: Elaborado pela autora com base em Rossete (2015). 
 
É importante levar em consideração que a ausência de vítimas com 
lesões ou óbitos, não ausenta a gravidade de um acidente de trabalho. 
Um acidente sem vítimas, mas que não teve sua devida importância 
reconhecida, ou seja, que não foi analisado para identificar os riscos que 
resultaram nesse acidente, pode, no futuro, acontecer de novo e, talvez, 
com mortes e/ou feridos. 
Em decorrência da importância da falta de segurança nos 
ambientes laborais, diversos estudos vêm sendo desenvolvidos, a fim de 
estabelecer relações. O Instituto de Segurança da América do Norte, do 
inglês Insurance Company of North America – Icna publicou em 1969 uma 
pirâmide mundialmente conhecida sobre acidentes de trabalho. 
Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional 49 
 
Essa pirâmide foi desenvolvida com base na pesquisa feita por Frank 
Bird, que analisou 90 mil acidentes ocorridos em uma metalúrgica e 
constatou que para cada acidente com lesão incapacitante, ocorriam 100 
acidentes com lesões não incapacitantes e 500 acidentes com danos à 
propriedade (ROSSETE, 2015). 
A partir desta análise de Bird, o Icna fez uma análise estatística 
de 1.753.498 relatos de ocorrência de acidentes em 297 empresas, que 
tinham 1.750.000 colaboradores. Essa amostra permitiu uma relação mais 
confiante sobre acidentes de trabalho. Foi constatado que para cada 
acidente com lesão grave (incapacitante), ocorriam 10 pequenos acidentes 
(com lesões não incapacitantes), 30 acidentes com dano à propriedade 
(danos materiais) e outros 600 quase acidentes (acidentes sem lesão ou 
sem danos visíveis) (ROSSETE, 2015). 
Figura 9 – Pirâmide de Bird feita pelo Icna 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: Elaborado pela autora com base em Rossete (2015). 
 
A explicação dessa pirâmide consiste em: a partir de uma análise 
estatística, constatou-se que há uma distribuição natural dos acidentes 
a partir de sua gravidade e do impacto universal na organização (danos 
físicos e materiais). 
Além dos acidentes de trabalho, condições inadequadas dos 
ambientes laborais podem resultar em doenças ocupacionais. O 
50 Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional 
 
surgimento destas e suas relações com as condições de trabalho já são 
notórios há anos, contudo, normalmente, acontecem após diversos anos 
de exposição. 
As doenças ocupacionais podem ser divididas em dois grupos: doença 
profissional e do trabalho. O primeiro grupo caracteriza-se por aquelas 
doenças resultantes do exercício da profissão/função, por exemplo, em 
casos nos quais o trabalhador desenvolve a mesma ação diariamente e 
repetidamente, desencadeando uma lesão por esforço repetitivo (LER); já o 
segundo grupo é caracterizado por aquelas doenças que ocorrem em função 
da profissão exercida e das condições do ambiente, tal como surdez 
provocada pela excessiva exposição a ruídos. 
 
SAIBA MAIS: 
 
Ficou interessado em saber mais sobre dados quantitativos 
em relação a acidentes e doenças relacionadas ao trabalho? 
A Fundacentro disponibiliza diversos boletins e dados 
confiáveis sobre acidentes e doenças do trabalho, bem 
como sobre outros temas desta temática. Para acessar, 
clique aqui . 
https://www.gov.br/fundacentro/pt-br/acesso-a-informacao/acoes-e-programas/estatisticas-de-acidentes-de-trabalho
Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional 51 
 
 
RESUMINDO: 
 
Encerramos nossa primeira Unidade e, nesta competência, 
vimos os conceitos básicos que guiam os conhecimentos 
sobre segurança do trabalho, bem como as consequências 
da falta de segurança ou, ainda, da insegurança no trabalho. 
Compreendemos os principais termos e suas definições 
para o entendimento da segurança do trabalho. Um bom 
embasamento coopera para desenvolver fantásticos 
profissionais, assim como vocês serão. No que tange às 
consequências da insegurança, os acidentes causam 
prejuízos financeiros, materiais e sociais, ultrapassando as 
barreiras do ambiente de trabalho, atingindo também a 
família do colaborador. 
Além dos acidentes, também devemos nos preocupar com 
as doenças ocupacionais, tanto as decorrentes da atividade 
diária quanto aquelas em função da exposição recorrente a 
riscos. Finalizamos esta competência e a primeira Unidade 
do nosso livro, entendendo, então, que o trabalho é algo 
inerente ao homem e precisa ser desenvolvido segundo 
princípios prevencionistas de segurança. 
As consequências da falta de segurança são graves e, 
a melhor forma de preveni-las é desenvolvendo ações 
preventivas e cumprindo as legislações e normas vigentes. 
52 Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional 
REFERÊNCIAS 
ARAÚJO, J. P. Absenteísmo e presenteísmo em uma instituição 
federal de ensino superior. 2012. Dissertação (Mestrado em Ciências da 
Saúde) – Universidade de Brasília, Brasília, 2012. 
BARBOSA FILHO, A. N. Segurança do trabalho e gestão ambiental. 
4. ed. São Paulo: Atlas, 2011. 
 
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prático e didático. São Paulo: Saraiva, 2018. 
BRASIL. Decreto-Lei n.° 5.452, de 1 de maio de 1943. Aprova as 
Consolidações da Lei do Trabalho. Diário Oficial da União: seção 1, 
Brasília, DF, p. 11937, 1943. 
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Inspeção do trabalho. SST – NR. Disponível em: https://enit.trabalho.gov. 
br/portal/index.php/seguranca-e-saude-no-trabalho/sst-menu/sst- 
normatizacao/sst-nr-portugues?view=default. Acesso em: 15 jan. 2020. 
BRASIL. Lei n.° 10.803 de 11 de dezembro de 2003. Altera o art. 149 
do Decreto-Lei n.° 2.848, de 7 de dezembro de 1940 – Código Penal, para 
estabelecer penas ao crime nele tipificado e indicar as hipóteses em que 
se configura condição análoga à de escravo. Diário Oficial da União: 
seção 1, Brasília, DF, p. 1, 2003. 
BRASIL. Lei n.° 2.848 de 7 de dezembro de 1940. Código Penal. Diário 
Oficial da União: seção 1, Brasília, DF, p. 23911, 1940. 
CAMARGO, W. Gestão da segurança do trabalho. Curitiba: IFPR, 2011. 
CASSAR, V. B. Direito do trabalho. 10. ed. São Paulo: Método, 2014. 
CHIAVENATO, I. Administração: teoria, processo e prática. 5 ed. São 
Paulo: Manole, 2014. 
CHIBINSKI, M. Introdução à segurança do trabalho. Curitiba: IFPR, 2011. 
 
FUNDACENTRO. Estatísticas de acidentes de trabalho, [s.d.]. 
Disponível em: https://www.gov.br/fundacentro/pt-br/acesso-a- 
http://www.gov.br/fundacentro/pt-br/acesso-a-
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informacao/acoes-e-programas/estatisticas-de-acidentes-de-trabalho. 
Acesso em: 14 jun. 2022. 
FERREIRA, L. S.; PEIXOTO, N. H. Segurança do Trabalho I. Santa 
Maria: UFSM/CTISM, 2012. 
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