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SEGURANÇA DO TRABALHO E SAÚDE OCUPACIONAL Unidade 1 Bases da segurança do trabalho e saúde ocupacional Diretor Executivo DAVID LIRA STEPHEN BARROS Gerente Editorial ALESSANDRA VANESSA FERREIRA DOS SANTOS Projeto Gráfico TIAGO DA ROCHA Autoria ANA CARLA F. GASQUES AUTORIA Ana Carla F. Gasques Olá. Sou engenheira ambiental e de segurança do trabalho e mestre em engenharia urbana. Tenho experiência como docente do ensino superior para os cursos de Engenharia, nos quais orientei trabalhos de conclusão de curso com enfoque em segurança do trabalho e gestão de projetos. Também sou orientadora em banca avaliadora de monografias de especialização em Engenharia de Segurança do Trabalho. Sou apaixonada por esta área e gosto de transmitir meus conhecimentos. Fui convidada pela Editora Telesapiens a integrar seu elenco de autores independentes e estou feliz em poder ajudar você nesta fase de muito estudo e trabalho. Sendo assim, pode contar comigo! ICONOGRÁFICOS Olá. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez que: OBJETIVO: para o início do desenvolvimento de uma nova competência; NOTA: quando necessárias observações ou complementações para o seu conhecimento; EXPLICANDO MELHOR: algo precisa ser melhor explicado ou detalhado; SAIBA MAIS: textos, referências bibliográficas e links para aprofundamento do seu conhecimento; ACESSE: se for preciso acessar um ou mais sites para fazer download, assistir vídeos, ler textos, ouvir podcast; ATIVIDADES: quando alguma atividade de autoaprendizagem for aplicada; DEFINIÇÃO: houver necessidade de apresentar um novo conceito; IMPORTANTE: as observações escritas tiveram que ser priorizadas para você; VOCÊ SABIA? curiosidades e indagações lúdicas sobre o tema em estudo, se forem necessárias; REFLITA: se houver a necessidade de chamar a atenção sobre algo a ser refletido ou discutido; RESUMINDO: quando for preciso fazer um resumo acumulativo das últimas abordagens; TESTANDO: quando uma competência for concluída e questões forem explicadas; SUMÁRIO O trabalho, o homem e a evolução histórica da prática laboral ................................................................... 10 O surgimento da segurança do trabalho no mundo e no brasil .....................................................................21 Legislações sobre segurança do trabalho no Brasil ....................... 26 As normas regulamentadoras do ministério do trabalho .......31 A falta de segurança no trabalho e na saúde ocupacional .... 41 Conceitos básicos ............................................................... 41 Consequências da insegurança do trabalho ................................ 47 UNIDADE Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional 7 01 8 Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional INTRODUÇÃO Você sabia que a área de segurança do trabalho e saúde ocupacional é de extrema importância no dia a dia dos mais diversos setores empresariais e industriais? Isso mesmo! Sua principal responsabilidade é minimizar, controlar e eliminar os riscos à saúde dos trabalhadores. As primeiras legislações foram decorrentes da preocupação com a situação dos operários, ou seja, está diretamente ligada à evolução do homem e do trabalho. Este é a capacidade desenvolvida pelo homem ao longo dos anos para modificar o meio, a fim de atender às suas necessidades. No entanto, ao longo dos anos, o trabalho passou a ser fonte de lesões, adoecimento e morte. Em decorrência disso, medidas foram necessárias para minimizar os danos, assim, a segurança do trabalho torna-se fundamental para garantir qualidade ao trabalhador nos ambientes de trabalho. Ficou interessado? Ao longo deste estudo você vai mergulhar neste universo! Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional 9 OBJETIVOS Olá. Seja muito bem-vindo à Unidade 1 – Bases da segurança do trabalho e saúde ocupacional. Nosso objetivo é auxiliar você no desenvolvimento das seguintes competências profissionais até o término desta etapa de estudos: 1. Compreender o trabalho e a evolução histórica da prática laboral. 2. Identificar legislações de segurança do trabalho no mundo e no Brasil. 3. Conhecer as normas regulamentadoras (NR) brasileiras. 4. Definir conceitos e discernir sobre as consequências da insegurança do trabalho. E então? Está curioso para compreender o processo evolutivo do trabalho e sua relação com o surgimento da segurança do trabalho? Vamos juntos! 10 Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional O trabalho, o homem e a evolução histórica da prática laboral OBJETIVO: Olá. Ao término desta competência, você será capaz de entender como a evolução do trabalho se relaciona à evolução humana, e onde a segurança do trabalho é inserida neste processo evolutivo. E então? Motivado? Vamos lá! Antes de adentrarmos no universo da segurança do trabalho e da saúde ocupacional, é necessário compreender as bases desta temática, ou seja, conforme apresentado no objetivo, compreender como a evolução do trabalho se relaciona à evolução do homem. A relação trabalho-homem vem sendo discutida há anos, alguns estudiosos, inclusive, retratam que essa preocupação ocorre desde a época da Antiguidade. O primeiro fundamento do valor do trabalho “é o próprio homem, seu sujeito, o trabalho está em função do homem e não o homem em função do trabalho” (MIGLLACCIO FILHO, 1994, p. 22). Pode-se dizer que o trabalho teve seu surgimento de forma simultânea ao surgimento do homem. Desde o início da história, o homem, para se desenvolver, vem modificando o ambiente, a fim de garantir sua existência, seja para alimentar, proteger e/ou residir. A definição de trabalho, de forma genérica, pode ser tida como a capacidade do homem de alterar o ambiente para garantir sua sobrevivência. Entretanto, a palavra “trabalho”, do ponto de vista histórico e etimológico, tem origem do latim, tripallium, cuja definição remete a uma ferramenta de tortura que exercia peso sobre os animais. Segundo Cassar (2014, p. 3) “a partir daí, decorreram variações como tripaliare (trabalhar) e trepalium (cavalete de três paus usado para aplicar a ferradura aos cavalos)”, ou seja, o trabalho, inicialmente, estava associado ao sofrimento. A palavra “trabalho” é definida como o conjunto de atividades, produtivas ou criativas, exercidas pelo homem para alcançar determinado objetivo (TRABALHO..., 2022). Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional 11 REFLITA: Como o homem foi modificando o ambiente ao longo do tempo? Quais formas de trabalho foram surgindo com a evolução humana? As formas de trabalhar, atualmente, são as mesmas de 100 anos atrás? Para entender de forma mais clara o que é o trabalho, inicialmente, vamos abordar a evolução do homem e sua relação com as formas de trabalho. A ideia aqui é apresentar uma visão geral e sequenciada dos principais aspectos de cada fase de destaque. Na Pré-História, durante os períodos Paleolítico, Mesolítico e Neolítico, o homem, nômade, residia em cavernas e vivia da caça e da pesca para garantir sua existência, isto é, exercia trabalho de maneira rústica, transformando o ambiente ao seu redor com poucas interferências. Assim, quando os recursos findavam, buscavam novos locais para estabelecimento. Posteriormente, com o passar dos anos e o desenvolvimento do extrativismo, o homem melhora suas percepções de cognição e deixa de ser nômade, passando a se fixar em determinadas regiões e formar grupos. Neste período, tem-se a descoberta da agricultura, que é tida como um dos marcos do desenvolvimento do trabalho, sendo responsável pela necessidade do homem de estabelecer lugar fixo para morar e, consequentemente,ter sua lavoura. A prática da agricultura permitiu e incentivou o homem a desenvolver novas ferramentas para cultivo da terra, aperfeiçoando sua prática laboral, que foi um importante aspecto direcionador de padrões sociais. A agricultura deu origem a riquezas, que, por sua vez, incentivava os trabalhos de forma manual e, ao mesmo tempo, propiciava ações comerciais de troca, compra e venda. Com relação ao trabalho como aspecto limitante de padrão social, no período da Grécia Antiga (durante os Impérios Romano e Egípcio), o trabalho estava relacionado à posição social, ou seja, as classes inferiores eram aquelas que modificavam o ambiente a favor de um representante de autoridade. 12 Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional No decorrer da Idade Antiga, houve implementação de novas ferramentas, tanto voltadas para arte quanto para melhorias na agricultura, com equipamentos de tração animal, como pode ser visto na Figura 1, bem como melhorias de caráter econômico, com o surgimento do dinheiro (a partir de minerais como ouro e prata) e a valoração dos produtos. Figura 1 – O uso de equipamentos de tração animal Fonte : Pixabay Percebe-se que, com o desenvolvimento do homem, o trabalho também foi recebendo avanços. Entretanto, no período da Idade Moderna, o trabalho enfrentou barreiras, tendo em vista que esse período de forte influência da Igreja Católica tinha por enfoque a extensão do poder a partir do acúmulo de terras. Dessa forma, o trabalho era voltado apenas para o cultivo de alimentos na agricultura e a produção de artesanatos. Neste período, qualquer avanço sem a autorização/concessão da Igreja era tido como algo ruim e, por isso, houve um período de estagnação do trabalho. Esta fase de estagnação durou até a Idade Moderna, também conhecida como “fase do Renascimento”, na qual o trabalho deixa de ser artesanal e passa a ter características de produção, com a prática de manufatura. Esta é considerada um modelo de produção mais racional e eficiente, que consiste no desenvolvimento produtivo a partir do uso de equipamentos. Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional 13 É importante destacar que os primeiros registros de pagamento por prestação de serviços são desse período. Além disso, em decorrência da organização da sociedade em classes (senhores versus escravos), existia uma espécie de punição e submissão relacionada ao trabalho. Os senhores eram as pessoas com riquezas, os proprietários dos escravos, os quais trabalhavam em condições precárias, sem garantias e/ou remuneração. Relacionando o regime de escravidão com a evolução do trabalho, é importante destacar que ele é tido como o primeiro modelo de organização de trabalho. Seu surgimento relacionava-se aos avanços na agricultura e no consequente aumento na demanda por mão de obra para garantir que os senhores mantivessem a si e suas famílias. Para Martins (2000): Por meio do aprisionamento de inimigos, as guerras passaram a fornecer mão de obra, iniciando sua relação de trabalho. Nesse regime, a pessoa era considerada como res, propriedade da outra, sendo obrigada a trabalhar forçadamente, passível de punição corporal ou negociação comercial. (MARTINS, 2000, p. 34) Apesar de ser considerada uma forma de trabalho organizado, os escravos não possuíam reconhecimento jurídico, ou seja, não tinham direitos. Além disso, além do trabalho desgastante, suas condições eram precárias e, muitas vezes, eram acorrentados em ambientes desconfortáveis e sem ventilação. 14 Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional VOCÊ SABIA? No Brasil, a escravidão teve início com os portugueses e os índios e, depois, com os negros trazidos da África. Este regime permaneceu até 1888 com a Lei Áurea, que institui a abolição da escravidão no Brasil. Além disso, foi instituído o Código Penal (Decreto-Lei n° 2.848, de 7 de dezembro de 1940), que proíbe a conduta de manter alguém em situação de escravidão. O art. 149 da Lei n° 10.803, de 11 de dezembro de 2003 classifica como crime a restrição de uma pessoa à condição equivalente à de escravo, seja por submissão a trabalhos forçados ou em decorrência de jornadas de trabalho exaustivas, ou, ainda, em decorrência de condições inadequadas de trabalho, definindo como pena reclusão, de dois a oito anos, e multa, além da pena correspondente à violência praticada. A partir desta abordagem geral sobre a evolução da prática laboral e sua relação com o desenvolvimento do homem, podemos ter uma visão sobre as modificações e os avanços do trabalho no decorrer dos anos. Além do mais, entendemos que o trabalho é um dos meios de atuação do homem sobre o meio no qual está inserido, desenvolvido de diferentes maneiras, em decorrência do seu desenvolvimento e de sua herança cultural, social e ideológica. Você deve estar se perguntando: onde está a segurança do trabalho em todo esse processo evolutivo? Até esse momento da evolução histórica existem poucos relatos envolvendo a saúde dos trabalhadores e seu ambiente de trabalho. O principal marco para a segurança do trabalho é a Revolução Industrial, iniciada em 1760, responsável pela impulsão da industrialização e mecanização. Pode-se dividir a Revolução Industrial em duas fases: a primeira, entre 1780 e 1860, ocorreu na Inglaterra, e é caracterizada como a fase de transição do artesanato à industrialização, também conhecida como “fase da industrialização”. Nesta, ocorreu a mecanização da agricultura e das oficinas, o ferro passou a ser material básico e a nova fonte energética foi o carvão. Esse é o período da história de maiores avanços com relação Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional 15 ao trabalho, principalmente a partir de 1776, quando James Watt criou a máquina a vapor e esta foi aplicada à produção, modificando a estrutura social e comercial do período. Outras descobertas são destaque e foram importantes na primeira fase, tais como: navegação a vapor, locomotiva a vapor, aparecimento das primeiras estradas, telégrafo elétrico e selo postal. Aos poucos, em decorrência dessas descobertas, as oficinas mecanizadas se transformaram em fábricas e usinas com máquinas pesadas que substituíram a força humana. Em decorrência desses avanços, o tempo de produção foi reduzido e aumentou-se a produtividade. A segunda fase da Revolução Industrial, ou Segunda Revolução Industrial, ocorreu entre 1860 e 1914, e outros países também fizeram parte desse processo, tais como: Estados Unidos, Alemanha, França, Rússia e Itália. É tida como a fase de desenvolvimento industrial: o novo material básico é o aço, no lugar do ferro e a eletricidade, e os derivados de petróleo substituem o carvão como fonte de energia. Ocorrem mais avanços nos setores industriais, de transportes e telecomunicações com a invenção do motor a explosão e do motor elétrico, do automóvel e do telégrafo, do telefone e do cinema. As fábricas eram locais de improviso, e as condições eram péssimas (ambientes quentes e úmidos, com pouca ventilação) e as jornadas de trabalho eram de até 16 horas diárias, sem intervalos, independentemente de gênero e idade. Em função de serem ambientes organizados de improviso, seu interior era um local com altas temperaturas, e as máquinas apresentam riscos eminentes de acidentes, já que seus projetos e desenvolvimento não consideraram os usuários. Além disso, os requisitos de trabalho eram determinados pelo empregador, não havia leis e o contrato era tido como de comum acordo entre as partes. No entanto, sabe-se que era o empregador que delimitava as condições que regiam as relações de emprego. Outro ponto de destaque deste período é que no período de inatividade, mesmo que em decorrência de doença, o trabalhador não recebia salário e, em decorrência das condições, as pessoas ficavam inválidasem poucos anos. 16 Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional Entretanto, com o aparecimento das máquinas em troca do trabalho artesanal, a produtividade nas fábricas multiplicou e, então, iniciou-se a produção em larga escala, com o consequente aumento nas demandas. Houve necessidade de mais mão de obra e, em decorrência do declínio dos artesãos, teve início um processo de êxodo rural. Dessa forma, a mão de obra para operação das máquinas era de famílias pobres, e eram empregados homens, mulheres e até crianças. O trabalho era desenvolvido de acordo com a experiência e a prática dos trabalhadores, porém em função da falta de conhecimento dos colaboradores, foi constatada baixa produtividade das empresas. Além disso, tanto em função das altas jornadas de trabalho quanto da falta de treinamento, ocorriam diversos acidentes, e muitos trabalhadores acabavam perdendo os membros nas máquinas. Constata-se que o trabalho era desenvolvido pelo empregado da forma com a qual ele estava acostumado ou sabia e, em função de não existirem mecanismos para avaliação, controle e melhorias no processo produtivo, alguns estudos foram sendo feitos. Em decorrência da queda de produtividade, do desperdício e das perdas nas indústrias, Frederick Taylor estudou, em 1904, uma forma de elevar a produtividade a partir da análise de tempo e métodos. Ele estudou as melhores formas de desempenhar uma função no menor tempo possível, conforme pode ser visto na figura 2. Figura 2 – Abordagem proposta por Taylor para otimizar trabalho e aumentar a produtividade a partir da padronização de atividades Fonte: Elaborado pela autora com base em Chiavenato (2014). Impedindo o trabalhador de trabalhar conforme sua capacidade, Taylor buscou padronizar os processos produtivos, fragmentando as Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional 17 atividades do processo produtivo e reduzindo a diversificação a partir da especialização dos colaboradores, ou seja, cada trabalhador passa a ser responsável por uma função, e apenas faria esta ação em toda a sua jornada de trabalho, aperfeiçoando-se. Além disso, foram definidos quatro princípios, sendo eles: planejamento, preparo, controle e execução. Além disso, também foram estabelecidos treinamentos aos trabalhadores, bem como a supervisão de forma continuada. Com essas adaptações, foi possível identificar o melhor método para que uma determinada ação fosse desempenhada no menor tempo possível, aumentando, assim, a produtividade. A fim de motivar os trabalhadores, Taylor ainda propõe condições para reduzir o cansaço dos trabalhadores (tal como intervalos de trabalho), incentivos salariais e prêmios por produtividade. Frente a este contexto de incentivo financeiro ao trabalhador, o homem tem um conceito de homo economicus, ou seja, acredita-se que todo ser humano é entusiasmado excepcionalmente a partir de recompensas salariais, econômicas e/ou materiais. A visão de Taylor é conhecida como “teoria da administrativa científica”, sendo de fundamental importância para as indústrias, tanto na fase de transição para industrialização quanto na fase de desenvolvimento industrial. É importante destacar aqui que os princípios tayloristas podem ser identificados em organizações até hoje. Além de Taylor, há outra pessoa importante nesta época, Henry Ford. A partir de 1910, Ford instituiu uma teoria definida como produção em massa, em série e em cadeia contínua, que ficou mundialmente conhecida como “fordismo”. Segundo os princípios de Ford, o operário era responsável por sua adaptação às condições de trabalho das máquinas e os salários eram pagos em função da rentabilidade. Havia, ainda, valores mínimos para aquilo que era produzido. Ford aumentou a capacidade de produção por meio da capacitação dos colaboradores e da organização de linhas de montagens. Posterior à fase de desenvolvimento industrial, tem-se a fase denominada “gigantismo industrial”, ocorrida entre 1914 e 1945, onde 18 Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional houve uma crise econômica. Nessa fase, os princípios estabelecidos por Taylor foram confrontados por Jules Henri Fayol em 1916, que relacionava a eficiência com a estrutura organizacional, suas relações e suas funções dentro do todo, de forma geral. Neste contexto, para melhorar a produtividade, estipulava-se uma hierarquia a partir de uma gerência, ou seja, uma visão de cima para baixo. Np entanto, diferentemente de Taylor que desenvolveu estudos, Fayol tinha uma abordagem mais simplificada, sem experimentos. A visão clássica proposta por Fayol era prescritiva e normativa, e princípios básicos foram definidos, entre os quais se destacam: divisão do trabalho, autoridade e responsabilidade, hierarquia e departamentalização e coordenação. Também tinha por estímulo os incentivos salariais e materiais, porém havia centralização da tomada de decisão, comandos em excesso e os interesses da organização prevaleciam frente aos individuais. Tanto a visão de Taylor quanto a de Fayol foram alvos de críticas, tendo em vista que não consideravam as relações entre os diferentes trabalhadores e, em decorrência disso, em 1932, Elton Mayo desenvolveu uma abordagem mais democrática a partir de uma experiência denominada “experiência de Hawthorne”, na qual foram observados diferentes aspectos do ambiente de trabalho de uma fábrica, bem como o impacto destes nos trabalhadores, no que diz respeito à sua sensação e produtividade. A experiência em questão constatou que o trabalhador é motivado por fatores sociais (ao contrário dos incentivos financeiros das outras teorias). Diante disso, para Mayo, a melhoria na produtividade era decorrente de melhores condições de trabalho (tal como iluminação, pausas e ventilação), bem como em decorrência de fatores de comunicação, motivação e atividades em grupo. Neste cenário, o homo economicus passa a ser visto como homo socius, ou seja, o ser humano passa a ser motivado a partir de suas relações interpessoais. Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional 19 EXPLICANDO MELHOR: A fim de sintetizar a evolução do trabalho a partir da Revolução Industrial, o quadro 1 apresenta as fases da história do trabalho, o período correspondente e a teoria administrativa relacionada. Quadro 1 – Fases da história do trabalho Fase Período Ano Teoria administrativa Transição para a industrialização Primeira Revolução Industrial 1780 a 1860 Científica Desenvolvimento industrial Segunda Revolução Industrial 1860 a 1914 Científica Gigantismo industrial Entre as duas grandes guerras mundiais 1914 a 1945 Clássica e de relações humanas Fonte: Elaborado pela autora com base em Chiavenato (2014). A fase do gigantismo industrial, além de ser caracterizada pelos estudos envolvendo as relações humanas, é a época na qual as empresas atingem proporções enormes, atuando em operações de âmbito internacional e multinacional em decorrência dos avanços tecnológicos, bem como na área de comunicação. Além das fases supracitadas e explicadas, ainda há as fases moderna, iniciada após a Segunda Guerra até aproximadamente 1980, sendo caracterizada pelo elevado desenvolvimento tecnológico e a divisão entre países desenvolvidos, subdesenvolvidos e em desenvolvimento; e a de globalização, após 1980, definida por uma extensa variabilidade e complexidade das organizações. 20 Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional SAIBA MAIS: Que tal ver, de uma forma prática, como era o trabalho na época da Revolução Industrial? Veja o resumo do filme Tempos modernos, de 1936. Interpretado por Charles Chaplin, esse filme aborda o dia a dia de um operário em uma linha de montagem. Para acessar, clique aqui . RESUMINDO: E então? Ficou claro o que foiapresentado no decorrer desta competência? Conseguiu aprender? Agora, só para ter certeza de que você realmente entendeu o tema de estudo deste Capítulo, vamos resumir tudo o que vimos. A partir desta competência, você compreendeu que o trabalho é a capacidade que o homem tem de modificar o meio no qual está inserido, a fim de atender às suas necessidades. Apesar de não ser possível definir com exatidão quando o trabalho surgiu, pode-se dizer que foi desenvolvido com o homem, além de ter sofrido influência do processo evolutivo nos diferentes períodos. Ao longo dos anos, o trabalho recebeu diferentes funções: caça, agricultura e escravidão (tida como a primeira forma organizada de trabalho). Entretanto, o principal marco foi o período da Revolução Industrial, entre os séculos XVIII e XIX, caracterizado pelo avanço nos processos produtivos. A partir disso, foram criadas novas formas de produção, com base na industrialização e mecanização. A partir deste período, em decorrência da queda de produtividade por abstenções, surgiram teorias de administração, para melhoria da produtividade nas organizações, tal como as propostas por Taylor, Ford, Fayol e Mayo, que direcionaram as ações das fases das quais fizeram parte. Por fim, foi possível constatar como o ambiente interferiu no desenvolvimento do homem e como este, em seu processo evolutivo, foi modificando as formas de trabalho, tendo em vista o aumento de produtividade. https://www.youtube.com/watch?v=yAXdP3StGSc Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional 21 O surgimento da segurança do trabalho no mundo e no brasil OBJETIVO: Olá. Ao final desta competência, você terá condições de compreender o contexto relacionado ao surgimento da segurança do trabalho e as legislações envolvendo esta temática. Além disso, conhecerá as legislações que propiciaram o desenvolvimento desta área no Brasil. Está preparado? Vamos juntos! O trabalho foi sofrendo mudanças conforme o homem foi se desenvolvendo. Ao longo da história, o homem esteve constantemente exposto a riscos, mas a partir da Revolução Industrial, com a invenção das máquinas a vapor, esses riscos foram agravados e, o que antes era fonte de sustento, com os avanços, passou a ser responsável por doenças e mortes. Este período modificou não apenas as relações econômicas e industriais, mas também a forma de olhar para o trabalho, do artesanato individualizado para os processos produtivos em organizações. Neste contexto, tem-se o olhar para o homem como proletariado, cujo rendimento precisa ser satisfatório ao empregador, ou seja, ele precisa trabalhar mais em uma mesma carga horária. Nas linhas de produção não existiam medidas para promover a saúde do trabalhador, tampouco para garantir sua integridade física. O foco estava em aumentar a produtividade e reduzir custos a partir da mão de obra barata. Em decorrência disso, passaram a ser comum os casos de absenteísmo e presenteísmo nas linhas de produção. 22 Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional EXPLICANDO MELHOR: Absenteísmo ou absentismo consiste na falta de assiduidade ou, ainda, ausência ao trabalho, ou seja, são as faltas ao trabalho, sejam elas justificadas ou não, resultantes de doenças ou desmotivação; já o presenteísmo pode ser caracterizado como um comportamento multifatorial que faz com que os trabalhadores, mesmo doentes, continuem nos ambientes de trabalho, isto é, é uma resistência por parte do trabalhador à doença, em decorrência do medo de sofrer advertência ou ser demitido (ARAÚJO, 2012). Dessa forma, é possível entender que o ambiente de trabalho é o espaço no qual o ser humano desempenha seu papel, ou seja, é o espaço preparado para as diversas atividades a serem desenvolvidas. E este ambiente, do mesmo modo que pode ser adequado e atender às necessidades do colaborador, bem como proporcionar maior produtividade individual, também pode ser local de insatisfação, favorável a acidentes e afastamentos. Poucos estudos envolvendo a qualidade dos ambientes de trabalho e/ou os elementos que poderiam causar problemas aos trabalhadores foram feitos até o ano de 1473. Neste, foi publicado o primeiro material sobre saúde e trabalho, consistindo em um panfleto sobre doença ocupacional, que, em 1556, serviu de base para que fossem divulgadas informações sobre fatores de risco, acidentes de trabalho e doenças mais comuns no contexto da mineração. Em 1700, um médico italiano, Bernardino Ramazzini, publicou uma obra denominada Doenças dos trabalhadores, na qual abordava o contexto de 50 cargos, relacionando-os com as respectivas doenças decorrentes da atividade laboral. Em função da relevância de sua obra, o autor foi denominado o “pai” da medicina do trabalho. A partir da Revolução Industrial e suas características laborais (como as altas jornadas de trabalho) e a procura por trabalhadores mais baratos (mulheres, crianças e idosos), a Inglaterra aprovou, em 1802, a Lei da Saúde e Moral dos Aprendizes. Essa legislação teve por principal ponto Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional 23 o estabelecimento do limite de jornadas diárias de trabalho para 12 horas, a proibição de turnos noturnos e a implantação de medidas de higiene nas manufaturas, tal como ventilação do chão de fábrica e lavagem duas vezes ao ano. Neste período são instituídos, ainda, os primeiros rascunhos sobre Direito do Trabalho, a partir da promulgação de medidas legais a favor dos trabalhadores. Em 1804, aparecem outras regulamentações de proteção, tal como o Código de Napoleão na França, que fazia referência à colocação dos operários. O ambiente fabril expunha os operários a diferentes situações de riscos e, ainda, muitas vezes, era local favorável ao desenvolvimento de enfermidades contagiosas, tendo em vista a baixa ventilação e as altas jornadas sem pausas para descanso. Em razão disso, no ano de 1830, o dono de uma manufatura inglesa buscou ajuda para a proteção de seus operários, sendo aconselhado a buscar um médico, que visitava o ambiente fabril diariamente para desenvolver estudos sobre a relação entre as condições e a saúde dos operários. Esse foi o primeiro médico industrial identificado no mundo. A lei referente aos aprendizes da Inglaterra não foi cumprida e, em decorrência, em 1833, foi instituída a Lei das Fábricas, do inglês Factory Act, que, entre suas condições, incluía: • Fiscalização nas fábricas. • Delimitação da idade mínima para o trabalho (9 anos, desde que um médico atestasse que seu desenvolvimento físico correspondia à idade). • Proibição da jornada noturna a menores de 18 anos. • Limite de 12 horas da jornada diária de trabalho (desde que não ultrapassasse 69 horas semanais). • Implantação de escolas nas fábricas para trabalhadores com idade inferior a 13 anos. 24 Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional Essa lei é tida como a primeira legislação eficaz no que tange à segurança do trabalhador, sendo aplicada a todas as indústrias do ramo têxtil. Dessa legislação em diante, a segurança no trabalho passou a ser bem-vista pelos pesquisadores da época, porém com enfoque à Medicina. Em decorrência disso, em 1842, o gerente de uma fábrica escocesa do ramo têxtil fez a contratação de um médico para examinar os trabalhadores menores de idade antes destes serem admitidos. Além disso, ele era responsável por acompanhar os trabalhadores a partir de exames periódicos. Na década de 1860, dois fatos merecem destaque nesta evolução: a regulamentação da higiene e da segurança do trabalho na França e a lei de indenização obrigatória, promulgada na Alemanha, e responsabilizando os donos das fábricas pelos problemas causados aos operários em suas jornadas de trabalho. Como o processo de industrialização iniciou mais tarde nos Estados Unidos, consequentemente, a preocupaçãocom os trabalhadores também teve início mais tarde que nos países já citados. Assim, em 1877, foi instituída a primeira legislação sobre este tema, que delimitava a colocação de protetores nas correias de transmissão e guardas sobre eixos e engrenagens expostos. Ademais, proibia que as máquinas fossem limpas em funcionamento e instituía a necessidade de saídas de emergência para evacuação rápida em caso de incidentes. Em 1903, promulgaram uma lei sobre indenização dos trabalhadores federais, que foi estendida aos demais trabalhadores em 1921. Apesar das medidas não serem a solução para todos os acidentes de trabalho, estas reduziram sua ocorrência e gravidade. Por isso essa legislação é muito importante para o histórico da segurança do trabalho nos Estados Unidos. As primeiras associações tendo em vista proteger os trabalhadores e reduzir os acidentes nos ambientes de trabalho foram: em 1873 na Alemanha, 1883 na França e 1919 na Bélgica. Entre as associações, merece destaque a Organização Internacional do Trabalho (OIT), criada em 1919 após a Conferência da Paz. Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional 25 Ao longo dos anos, a OIT foi responsável por organizar conferências sobre segurança e saúde dos trabalhadores, das quais surgiram diversas recomendações para a proteção dos trabalhadores, como lista de doenças relacionadas ao trabalho, ajuste das condições dos ambientes de trabalho, estabelecimento de critérios de exposição a componentes prejudiciais à saúde etc. VOCÊ SABIA? AOITé uma organização tripartite, ou seja, tem representação de empregadores, trabalhadores e governo. É responsável por formular e aplicar normas internacionais do trabalho (denominadas convenções e/ou recomendações). O Brasil está entre os membros fundadores da OIT, e participa da Conferência Internacional do Trabalho desde sua primeira reunião (HISTÓRIA..., [20--?]). A partir da criação da OIT, as legislações foram avançando em decorrência de estudos e aprimoramento das listas e resoluções iniciais. Outras instituições merecem destaque nesta temática, tal como está apresentado na figura 3. Figura 3 – Instituições de destaque que foram criadas para garantir a saúde e a integridade física dos trabalhadores Fonte: Elaborado pela autora (2020). 26 Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional Cabe à Osha a função de padronização e, ao Niosh, o desenvolvimento de pesquisas e fornecimento de recomendações aos padrões estabelecidos pela Osha. A partir da criação destes dois órgãos, no decorrer dos anos, foram feitas convenções a fim de estabelecer critérios específicos sobre segurança do trabalho, tal como em 1988, envolvendo a construção; em 1990, sobre o uso de produtos químicos; e em 1995, sobre mineração. Desde então, o enfoque passou a ser prevencionista, ou seja, tanto prevenir que os acidentes aconteçam quanto minimizar os riscos. Legislações sobre segurança do trabalho no Brasil Até o começo do século XX, o Brasil tinha sua economia baseada na agricultura, e o trabalho era a partir de mão de obra escrava. Apenas após a Primeira Guerra Mundial que o país passou a se desenvolver. Em decorrência disso, o Brasil tem um contexto recente no que diz respeito à legislação envolvendo segurança do trabalho. A primeira legislação foi em 1919, originada a partir de uma pesquisa sobre as consequências dos acidentes laborais, onde foram analisados 330 acidentes, dos quais 30 resultaram em lesões pessoais e, destes, 1 era grave. Até 1930 existiam quatro leis pertinentes ao seguro social dos trabalhadores, conforme apresentado na figura 4. Figura 4 – Sequência das legislações sobre segurança do trabalho no Brasil até 1930 Fonte: Elaborado pela autora (2020). Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional 27 Assim, pode-se citar a década de 1930 como a “Revolução Industrial” do país pela criação do Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio (MTIC) e, em 1934, o Conselho Nacional do Trabalho (CNT). Para Tavares (2009): Embora tivéssemos já a experiência de outros países, em menor escala, é bem verdade, atravessamos os mesmos obstáculos, o que fez com que se falasse, em 1970, que o Brasil era o campeão mundial de acidentes do trabalho. (TAVARES, 2009, p.13) Posteriormente, em 1940, foi instituída a primeira lei sobre segurança, envolvendo indenização e atendimento ao trabalhador acidentado. A primeira associação sobre o tema foi criada em 1941, e chamada de Associação Brasileira para a Prevenção de Acidentes (ABPA). Nessa época, também foi criada a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), responsável pelo início dos direitos trabalhistas individuais e coletivos, além de uma mudança na visão sobre segurança do trabalho no país. A partir dessa legislação, nos anos seguintes foram instituídas algumas condições, tal como o pagamento por parte do empregador dos primeiros 15 dias de afastamento em decorrência de doenças do trabalho. No Brasil, a OIT tem mantido representação desde 1950, desenvolvendo projetos e ações visando à proteção dos colaboradores. Além disso, promove a ascensão do “trabalho decente”, abrangendo assuntos como ação contra trabalho obrigado, combate ao trabalho infantil e ao tráfico de pessoas, bem como condições melhores de trabalho para jovens e migrantes, entre outros. Em 1966 foi criada oficialmente a Fundação Centro Nacional de Segurança, Higiene e Medicina do Trabalho (Fundacentro) em decorrência dos altos índices de acidentes de trabalho e doenças ocupacionais. A finalidade desta instituição é estudar e pesquisar as condições laborais, favorecendo a participação de todos os envolvidos neste contexto. Atualmente, está presente em 11 estados brasileiros e no Distrito Federal, bem como em outros países, atuando nos países da América, Europa, Japão e Austrália (FUNDACENTRO, 2019). Os anos seguintes foram extremamente importantes para o Brasil devido aos seguintes acontecimentos: 28 Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional • 1971 – Decreto n° 68.255, de 16 de fevereiro de 1971, com a criação da Campanha Nacional de Acidentes de Trabalho (Canpat); Portaria n° 3.233 – criação do Congresso Nacional de Prevenção de Acidentes do Trabalho (Conpat); Semana de Prevenção de Acidentes de Trabalho (Sipat); e Medalha ao Mérito de Segurança do Trabalho (MMST). • 1972 – Portaria n° 3.236 – criação do Programa Nacional de Valorização do Trabalhador (PNVT). • 1977 – alteração do Capítulo V do Título II da CLT que se refere à segurança do trabalho. • 1978 – Portaria n° 3.214, de 8 de junho de 1078 – aprovação das Normas Regulamentadoras. • 1985 – Lei n° 7.410, de 27 de novembro de 1985 – especialização em Engenharia de Segurança do Trabalho (regulamentada pelo Decreto n° 92.530, de 9 de abril de 1986). • 1987 – Resolução n° 325, de 18 de março de 1987 – regulamentação das atividades do engenheiro de segurança do trabalho. • 1988 – Portaria n° 3.067, de 12 de abril de 1988 – aprovação das normas regulamentadoras. As normas regulamentadoras aprovadas em 1988 representam o maior marco da segurança do trabalho no Brasil, sendo de caráter obrigatório nas empresas (Figura 5). Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional 29 Figura 5 – Equipamentos de proteção (individual ou coletivo): capacete, óculos, botas, protetor auricular, máscara e luvas Fonte : Freepik Legalmente falando, o Brasil está bem estruturado para garantir a segurança dos trabalhadores em suas jornadas diárias, entretanto, é importante que haja articulação entre órgãos públicos, empresas e os próprios trabalhadores para que essas normas sejam cumpridas, a fim de garantir ambientes de trabalho mais seguros e saudáveis. SAIBA MAIS: Que tal saber um pouco mais sobre a evoluçãodas legislações do ponto de vista do Direito do Trabalho? Indico a leitura do artigo A construção histórica do Direito do Trabalho no mundo e no Brasil e seus desdobramentos no modelo trabalhista brasileiro pós-industrial, que aborda o histórico da evolução do trabalho e sua importância para o desenvolvimento do Direito do Trabalho no Brasil. Para acessar, clique aqui . https://br.freepik.com/vetores-gratis/conjunto-de-elementos-plana-de-equipamento-de-uniformes-de-protecao_4411866.htm#page%3D1%26query%3DEQUIPAMENTO%2BDE%2BSEGURAN%C3%87A%26position%3D3 http://eventos.ifg.edu.br/7semanadehistoria/wp-content/uploads/sites/31/2018/02/Francisco-Kennedy-da-Silva-de-Oliveira.pdf 30 Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional RESUMINDO: Em decorrência das condições de trabalho, iniciaram- se movimentos de trabalhadores em prol de melhores condições de trabalho, e o governo interveio para que estas fossem instauradas. Perceberam como conhecer a história evolutiva nos permite aprofundar conhecimentos e compreender melhor o que vivenciamos atualmente? Foi o que esta competência nos permitiu a partir de uma breve viagem ao tempo pela evolução das leis envolvendo a segurança do trabalho. Ao analisar a evolução das legislações sobre segurança do trabalho no mundo, destaca-se a primeira lei envolvendo esta temática, instituída em 1802, que estabelecia condições, tais como horários máximos das jornadas de trabalho, entre outros aspectos. Outro ponto de destaque é a criação de instituições, sendo elas ISO, OMS, ERS Osha e Niosh, responsáveis por definir padrões para os ambientes de trabalho a partir de pesquisas e recomendações. No Brasil, a legislação foi tardia, tendo em vista o desenvolvimento posterior. Como destaques, temos a criação da Confederação Brasileira do Trabalho (CBT), a CLT e, principalmente, o estabelecimento das normas regulamentadoras que regem o trabalho. A evolução nas legislações foi ocorrendo de forma simultânea às melhores condições de trabalho e consequentemente bem-estar físico, social e mental dos trabalhadores. Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional 31 As normas regulamentadoras do ministério do trabalho OBJETIVO: Olá. Partindo do pressuposto que as normas regulamentadoras são as principais direcionadoras no Brasil, esta competência tem por objetivo fornecer uma visão geral sobre essas normas. As normas regulamentadoras representam o principal marco da segurança no trabalho no Brasil, e sua criação tem relação direta ou indireta com o contexto vivenciado anteriormente. A Lei n.° 6.514, de 22 de dezembro de 1977, permitiu o estabelecimento dessas normas, mudando o relatado no Decreto-Lei n.° 5.452 de 1.° de maio de 1943, passando, então, a vigorar a redação de 1977. Além disso, essas normas foram baseadas em outras legislações já existentes, tal como a Lei n.° 6.514/1977, ou as convenções da OIT, que priorizavam e incentivavam a criação de normas locais para definir métodos e equipamentos necessários para que o trabalho fosse desenvolvido de forma segura e saudável. Assim, foi aprovada pelo ministro do trabalho a Portaria n.° 3.214/1978, composta por 28 normas regulamentadoras. As NRs podem ser definidas como a junção de diferentes legislações, decretos, portarias, resoluções, entre outros instrumentos legais que orientam o campo de segurança e saúde do trabalho. Apesar de terem sido criadas em 1978, as normas vêm sofrendo modificações e sendo atualizadas ao longo dos anos, tendo em vista a necessidade de adaptação rente aos diferentes cenários organizacionais. Atualmente, existem 37 NRs, das quais iremos ter uma visão geral. Essas normas podem ter caráter técnico ou administrativo, sendo aplicadas ou transversais. As de caráter técnico são aquelas que apresentam soluções de Engenharia bastante específicas, tal como relacionadas às máquinas, layout e proteções de corredores. Diz-se de caráter administrativo quando se relacionam à criação de órgãos e/ou 32 Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional ações de fiscalização. Algumas normas são classificadas tanto como administrativas quanto técnicas, sendo elas as normas 4, 5, 7, 9, 20 e 23. As demais são enquadradas em uma das classificações, de acordo com suas especificações. No que tange à classificação em aplicada ou transversal, as NRs definidas como transversais são aquelas que têm vasta aplicabilidade, ou seja, se enquadram em mais de um ramo econômico. Em contrapartida, as tidas como aplicadas são aquelas direcionadas a ramos específicos, tal como construção civil. Até a NR-28, ou seja, as primeiras aprovadas dentro de uma única portaria, no geral, têm caráter técnico e transversal, isto é, buscam propor soluções de engenharia para solucionar problemas comuns a diversas organizações. As demais foram instituídas complementarmente para atender a demandas específicas. VOCÊ SABIA? A Escola Nacional da Inspeção do Trabalho – Enit (antigo Ministério do Trabalho e Emprego) é ó órgão federal responsável por criar e atualizar as normas regulamentadoras. Entretanto, antes da promulgação, são realizadas audiências públicas, reuniões ordinárias e extraordinárias, análises de estatísticas e dados sobre acidentes de trabalho, bem como o estudo de normas internacionais atuais. Além disso, são consideradas as demandas da sociedade. A partir de agora, abordaremos as NRs de forma individualizada. Aqui, não nos aprofundaremos a ponto de esgotar todas as discussões sobre cada norma, mas teremos uma visão global do contexto e especificidade de cada uma. A NR-1 tem caráter administrativo e transversal, e busca apresentar as diretrizes básicas, o campo de aplicação e a definição de conceitos comuns. Essa é a norma que define, também, a obrigatoriedade do cumprimento dessas diretrizes, bem como não tira a obrigação das Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional 33 organizações cumprirem outras legislações, tais como as de caráter estadual e/ou municipal. Essa norma define as responsabilidades do empregador e dos empregados. Cabe ao empregador avisar sobre riscos existentes no ambiente de trabalho, bem como promover condições favoráveis ao exercício da atividade laboral, além de disponibilizar equipamentos de proteção; bem como cabe aos empregados, além de respeitarem o estabelecido nas NRs, acatarem os procedimentos de segurança e as medidas adotadas pela organização. A NR-2 refere-se à temática de inspeção prévia, porém não está em vigor, tendo sido revogada em 2019 pela Portaria n.° 915, de 30 de julho de 2019, da Secretaria Especial de Previdência e Trabalho do Ministério da Economia. A NR-3 tem caráter administrativo e transversal. Embargo e interdição consistem em medidas de urgência, direcionadas em caso de comprovação de circunstância de trabalho que distingue risco grave e iminente ao trabalhador. Durante o período determinado para a paralisação total ou parcial, os colaboradores continuarão recebendo remuneração e, além disso, só são permitidas ações para correção da situação constatada, desde que com as devidas proteções necessárias. A NR-4 tem caráter administrativo, técnico e transversal, sendo uma das normas mais essenciais, pois aborda os Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho (SESMT). Como pontos importantes dessa norma, têm-se o dimensionamento e os profissionais envolvidos no SESMT. O dimensionamento é calculado em função do risco da atividade e da quantidade de colaboradores. No que tange aos profissionais que podem compor o SESMT, tem- se um conjunto mínimo: médico do trabalho, engenheiro e/ou técnico de segurança do trabalho, enfermeiro do trabalho e auxiliar e/ou técnico em enfermagem do trabalho. A quantidade de profissionais que irão compor depende do grau de risco da organizaçãoe da quantia de colaboradores, e essa relação é apresentada no Quadro II da NR-4. 34 Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional Tão importante quanto o SESMT, tem-se a Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (Cipa), abordada na NR-5, também de caráter administrativo, técnico e transversal. A Cipa é uma estrutura corporativa de maior visibilidade quando comparada ao SESMT, sendo formada por representantes do SESMT, dos colaboradores e do empregador. Essa comissão terá reuniões ordinárias mensais a serem realizadas durante horário normal. É de responsabilidade da empresa fornecer treinamento, com carga horária de 20 horas, a ser realizado no prazo máximo de 30 dias a partir da data da posse. No que tange ao processo eleitoral, a convocação deve ser 60 dias antes do término do mandato anterior e, quando já existir Cipa, a eleição deve ocorrer 30 dias antes do término do mandato. Como função da Cipa, tem-se como objetivo a prevenção de acidentes e doenças decorrentes do trabalho, de modo a tornar compatível permanentemente o trabalho com a preservação da vida e a promoção da saúde do trabalhador. O dimensionamento dos suplentes e efetivos dessa comissão é feito em função da quantidade de colaboradores e dos agrupamentos por setores econômicos, conforme estabelecido no Quadro I da referida norma. A NR-6 tem caráter técnico e transversal, e sua finalidade é a de estabelecer diretrizes sobre equipamentos de proteção individual (EPIs). O fornecimento de EPIs é de responsabilidade do empregador, e consiste em todos os equipamentos de uso individual que têm por finalidade proteger o trabalhador de riscos. A NR-7 estabelece a obrigatoriedade de elaboração e implementação do Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO). De caráter administrativo, técnico e transversal, essa norma define requisitos mínimos e as condições gerais para execução do PCMSO. Entre as obrigatoriedades a serem controladas pelo PCMSO, têm-se exames, tal como admissional, periódico, demissional, entre outros. A NR-8 estabelece requisitos técnicos mínimos de circulação e proteção que devem ser observados nas edificações, de modo a garantir Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional 35 segurança e conforto aos que nelas trabalhem. Em decorrência disso, a técnica é transversal. A NR-9 aborda o Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR), de fundamental importância, pois ela delimita as prevenções e os controles dos riscos ocupacionais que são causados pelos agentes físicos, químicos e biológicos. Ainda, essa norma estabelece todas as medidas e as prevenções ocupacionais que devem fazer parte dos controles de riscos e devem fazer parte do Plano de Ação. A NR-10, de forma reduzida, tem por tema principal a segurança em instalações e serviços em eletricidade. Com caráter técnico e transversal, estabelece os requisitos mínimos aplicáveis às fases de geração, transmissão, distribuição e consumo. Apesar de ser uma norma técnica, é bastante específica por ser aplicada ao setor elétrico. Além de envolver os trabalhadores deste setor profissional, engloba também a manutenção segura das instalações elétricas das empresas. A NR-11 é uma norma bastante curta e trata sobre transporte, movimentação, armazenagem e manuseio de materiais a partir da manipulação de elevadores, guindastes, carregadores industriais e máquinas de transporte. Apresenta diretrizes específicas para distância entre pranchões, distância mínima entre cargas empilhadas e paredes, bem como disposição de sacas, entre outros aspectos. A NR 12-é uma norma extensa, transversal e técnica, pois versa sobre máquinas e equipamentos. Alguns pontos, a fim de exemplificar o conteúdo desta norma, incluem: • Indicação da carga máxima permitida em todos os equipamentos. • Distância máxima para transporte manual de um saco: 60 metros. • Proteção para mãos em carros para transporte manual. • Meios de transporte motorizado devem conter buzina e um cartão de identificação, indicando o trabalhador habilitado, cuja validade é de um ano. O conteúdo dessa norma é valido para todas as fases de seu processo, ou seja, nas fases de projeto e emprego de máquinas e 36 Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional equipamentos e, ainda, a sua produção, importação, venda, apresentação e transferência. REFLITA: Imagina como teria sido os ambientes de trabalho no período da Revolução Industrial se a NR-12 já existisse e fosse mundial? Você acha que os acidentes teriam acontecido em tamanha quantidade e gravidade? Dando continuidade, as normas 13 e 14 são de caráter aplicado e técnico, dispondo sobre caldeiras e vasos de pressão (13) e fornos (14), respectivamente. São normas importantes devido aos elevados riscos, porém seu estudo é específico ao contexto, tendo em vista que não são todos os ambientes de trabalho que contêm tais equipamentos. SAIBA MAIS: Segundo a NR-13, caldeiras a vapor são equipamentos destinados a produzir e acumular vapor sob pressão superior à atmosférica, utilizando qualquer fonte de energia, projetados conforme códigos pertinentes, excetuando-se refervedores e similares. Vasos de pressão são equipamentos que contêm fluídos sob pressão interna ou externa, diferente da atmosférica. Para acessar, clique aqui . As normas 15 e 16 são de caráter técnico e transversal, e abordam, respectivamente, atividades e operações insalubres (seus limites de tolerância) e atividade e operações perigosas. O trabalhador exposto a condições insalubres tem direito a receber adicional sobre o salário- mínimo nas seguintes proporções: 40% em caso de grau máximo, 20% em grau médio e 10% em grau mínimo de insalubridade. É importante destacar aqui que nem todos os riscos resultam em insalubridade. Já o que diz respeito às atividades e operações perigosas, remetem ao trabalhador um adicional de 30% sobre o salário, quando exercem as seguintes atividades: armazenamento ou transporte de explosivos; operação de escorva dos cartuchos de explosivos ou carregamento de explosivos; detonação; verificação de denotações falhadas; queima e https://enit.trabalho.gov.br/portal/images/Arquivos_SST/SST_NR/NR-13.pdf Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional 37 destruição de explosivos deteriorados; e, nas operações de manuseio de explosivos. Diante disso, entende-se que não há variação do adicional, tal como ocorre para a insalubridade. A NR-17 aborda o tema da ergonomia, um dos mais importantes relacionados à segurança do trabalho, tendo em vista que a ergonomia é a ciência que estuda a adaptação do trabalho ao homem, de forma a garantir condições mais saudáveis. Assim, estabelece permissões no que tange ao trabalho, por isso essa norma se relaciona a diversas outras normas, sendo uma das normas mais articuladas. Entre os tópicos abordados, as diretrizes englobam: transporte individual de cargas, mobiliário, equipamentos dos postos de trabalho (tal como teclados e monitores), condições do ambiente (como temperatura, ruído e iluminação) e organização do trabalho. As normas 18 a 20 são de caráter técnico e aplicadas, abordando, em sequência, as condições e o meio ambiente de trabalho na indústria da construção civil e explosivos e líquidos combustíveis e inflamáveis. A NR-18 é uma norma bastante densa e específica ao setor da construção civil. Na NR-19 são definidos os materiais ou as substâncias que se decompõem rápido em produtos mais estáveis, com grande liberação de calor e desenvolvimento súbito de pressão. Os líquidos combustíveis e inflamáveis (NR-20) têm significados parecidos, o combustível é aquele em que o ponto de fulgor está entre 60 e 93°C, enquanto inflamável é abaixo de 60°C. A NR-21 de caráter técnico e transversal relaciona-se a trabalhos, tais como a construção de rodovias, ferrovias, hidrelétricas e mesmo nos trabalhosem mineração ou atividades agropecuárias, onde os trabalhadores estão isentos de proteção. A NR-22 é aplicada e técnica, pois define diretrizes para segurança e saúde ocupacional na mineração. Já a NR-23 trata sobre proteção contra incêndios, sendo de caráter administrativo, técnico e transversal. A normas 24 e 26 são de caráter técnico e transversal, abordando as condições sanitárias e de conforto nos locais de trabalho e sinalização de 38 Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional segurança, respectivamente. A NR-26 é sobre sinalização de segurança, sendo de ampla aplicação (ou seja, transversal) e, a partir dela, são estabelecidas as cores, simbologias e palavras direcionadoras de alerta e perigo nos ambientes. A NR-25 é de caráter técnico e aplicada, pois refere-se a resíduos industriais, nos quais estão englobados os resíduos sólidos, líquidos e gasosos. A NR-27 tinha por tema o registro profissional do técnico de segurança do trabalho, porém foi revogada pela Portaria n° 262, de 29 de maio de 2008. A NR-28 tem caráter administrativo e transversal, pois apresenta especificações sobre fiscalizações e penalidades em casos nos quais são encontradas irregularidades. Como ponto de destaque dessa norma, tem-se o prazo para recorrer igual a 10 dias, e 60 dias para a regularização (esse prazo pode ser aumentado para 120 dias em casos específicos). As últimas normas vieram em decorrência de falhas nas anteriores, ou seja, a partir de lacunas e demandas. Dessa forma, apresentam-se as normas de 29 a 36. Quadro 2 – Normas regulamentadoras específicas: 29 a 36 NR Tema 29 Trabalho portuário. 30 Aquaviário. 31 Agricultura, pecuária, silvicultura, exploração florestal e aquicultura. 32 Serviços de saúde. 33 Espaços confinados. 34 Indústria da construção, reparação e desmonte naval. 35 Altura. 36 Empresas de abate e processamento de carnes e derivados. 37 Plataforma de petróleo. Fonte: Elaborado pela autora (2020). Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional 39 Conforme é possível observar no Quadro 2, essas normas vieram para preencher uma lacuna das áreas profissionais. As normas de 29 a 36 são todas de caráter técnico e aplicado, com exceção da NR-35, que também é transversal. Aqui foram citados apenas os respectivos temas, tendo em vista que as normas são muito específicas a determinados tipos de trabalho. Cabe a você, aluno, se aprofundar com maior precisão nas normas que sejam de seu interesse ou que tenham relação com sua atividade laboral, certo? Todas as normas regulamentadoras passam por revisões constantes, a fim de adaptar as exigências legais às transformações do universo do trabalho, especialmente no que tange a novos riscos e, consequentemente, demanda por novas diretrizes e medidas de controle para segurança do trabalho. SAIBA MAIS: As normas regulamentadoras são o principal marco no Brasil, sendo de caráter obrigatório a todas as organizações, tanto privadas quanto públicas, bem como pelos órgãos públicos de administração direta e indireta e dos Poderes Legislativo e Judiciário, cujos empregados sejam regidos pelo sistema da CLT. A Portaria n° 3.214/1978 instituiu 28 normas regulamentadoras, das quais algumas já não estão mais em vigência. Atualmente, há 37 NRs, das quais 36 estão em vigor. Para se manter atualizado e informado sobre as NRs, consulte sempre o site do Ministério do Trabalho, o Enit. Para acessar, clique aqui . https://enit.trabalho.gov.br/portal/index.php/seguranca-e-saude-no-trabalho/sst-menu/sst-normatizacao/sst-nr-portugues?view=defaul 40 Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional RESUMINDO: O desenvolvimento das organizações no Brasil fez com que fossem necessárias medidas para garantir que os ambientes de trabalho fossem locais seguros aos trabalhadores e aos demais envolvidos. Neste contexto, em 1978 foram criadas 28 normas regulamentadores, que regem a segurança do trabalho no Brasil, estabelecendo diretrizes e regras que devem ser seguidas por todas as empresas com trabalhadores sob o regime da CLT. De uma forma mais genérica, é a “bíblia” dos profissionais atuantes nesta área, de modo que seja possível assegurar um lugar seguro e saudável para todos do ambiente organizacional. Antes do estabelecimento das NRs, o trabalhador não tinha legislação específica, bem como não existiam diretrizes para os empregados, no que tange à necessidade de prover equipamentos para proteção dos colaboradores. Em decorrência deste cenário, os acidentes de trabalho se tornaram frequentes. Nesta competência, tivemos uma visão geral sobre cada uma das normas em vigor no país. É fundamental que você lembre que estas são aplicadas a todos os colaboradores. Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional 41 A falta de segurança no trabalho e na saúde ocupacional INTRODUÇÃO: Olá. Vimos até aqui a relação do homem com a evolução da prática laboral e o surgimento das legislações envolvendo essa relação no mundo e no Brasil. Agora, vamos entender os conceitos envolvendo a segurança do trabalho, que vão embasar nossos estudos até o fim desta competência. Espero que esteja animado a continuar neste universo comigo! Conceitos básicos Nem sempre a segurança do trabalho foi objeto de preocupação das pessoas, ela passou a ganhar destaque com o surgimento da máquina e da manufatura em decorrência dos afastamentos dos colaboradores e dos movimentos trabalhistas. Além disso, nem sempre essa foi à denominação adotada, já que no decorrer dos anos as condições de trabalho foram sendo abordadas em diferentes temáticas e/ou áreas do conhecimento, tal como Medicina, Saúde e Enfermagem, até se consolidar como uma área de estudo. Outras nomenclaturas são comuns quando estudamos a evolução da segurança do trabalho, tal como saúde ocupacional, higiene do trabalho e medicina do trabalho. A saúde ocupacional consiste na promoção do mais alto grau de bem-estar físico, mental e social de trabalhadores de todas as ocupações. A partir destas condições, tem-se como resultado a prevenção de doenças e a proteção dos colaboradores contra riscos inerentes ao seu ambiente de trabalho (CHIBISNKI, 2011). Diante disso, a saúde ocupacional busca manter os ambientes laborais adequados às disposições fisiológicas e psicológicas do trabalhador, ou seja, adaptar a relação homem-trabalho. Além disso, foi instituída em 1957 pela OIT, como sendo o ramo da saúde pública cuja 42 Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional finalidade é a segurança e a higiene dos ambientes laborais e do próprio trabalhador. Para que a saúde ocupacional cumpra o objetivo pelo qual está designada, é importante que haja uma equipe multidisciplinar para atuar nos seguintes aspectos: • Promoção do mais elevado nível de bem-estar do trabalhador. • Proteção dos trabalhadores contra agentes nocivos à saúde. • Adaptação do ambiente de trabalho às condições do homem. • Identificação das funções adequadas às aptidões físicas do trabalhador. A expressão higiene ocupacional surgiu pela primeira vez em 1986 para designar a ciência que tem por finalidade estudar os ambientes de trabalho. Tem caráter prevencionista, cujo objetivo consiste em direcionar esforços para antecipar os riscos à saúde e ao bem-estar dos colaboradores, considerando o possível impacto destes nas comunidades vizinhas e no ambiente. Além dessas duas áreas, há também a medicina do trabalho, cuja preocupação está na saúde física e mental dos colaboradores, frente aos riscos aos quais estão expostos. As ações desenvolvidas por essa área buscam reduzir a frequência com que os acidentes do trabalho ocorrem, bem como as taxas de mortalidade e morbidade nos ambientes, reduzindo os índices de seguros e indenizações. NOTA: A taxa de morbidade é a relação entre trabalhadores doentes e sadiosexpostos a uma mesma condição ambiental, enquanto a taxa de mortalidade corresponde à relação de mortes comparada à quantidade de trabalhadores. Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional 43 Figura 6 – Comparação das três ciências que encaminharam para o surgimento da segurança do trabalho Fonte: Elaborada pela autora (2020). É a partir destes ramos da ciência que a segurança do trabalho surgiu e foi ganhando destaque. Então, o que é segurança do trabalho? DEFINIÇÃO: A segurança do trabalho é definida como uma série de medidas técnicas, administrativas, médicas, educacionais e comportamentais, empregadas a fim de prevenir acidentes, eliminando condições e procedimentos inseguros no ambiente de trabalho. A segurança do trabalho destaca, também, a importância dos meios de prevenção estabelecidos para proteger a integridade e a capacidade de trabalho do colaborador (FERREIRA; PEIXOTO, 2012). Dessa forma, a segurança do trabalho pode ser compreendida como um conjunto de ações que são assumidas, de forma a minimizar os riscos e melhorar as condições de trabalho, de modo a prevenir e reduzir os acidentes de trabalho e as doenças ocupacionais, bem como resguardar a integridade física e a capacidade laboral do trabalhador. Nesta área, diversas medidas técnicas, médicas e psicológicas são desenvolvidas a fim de evitar acidentes. Como exemplo podem ser citados os cintos de segurança utilizados em trabalho em altura, o uso de 44 Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional máscara, luvas e óculos de proteção envolvendo trabalhos com reagentes químicos, entre outras ações. Figura 7 – Exemplificação dos equipamentos de proteção como medidas de segurança do trabalho Fonte : Freepik Na definição de segurança do trabalho, temos três outros termos que serão fundamentais ao longo de todo nosso percurso neste universo: prevenção, risco e condições de trabalho. Prevenir significa observar de forma antecipada, ou seja, identificar antes que ocorra. Dessa forma, a segurança do trabalho busca identificar todos os fatores que possam vir a provocar um acidente de trabalho ou representar um risco ao colaborador. Um acidente de trabalho pode ser definido, segundo Barsano e Barbosa (2018), como: um evento indesejado e inesperado, cuja principal característica é provocar no trabalhador lesão corporal ou perturbação funcional que cause morte, perda ou redução permanente ou temporária da capacidade para o trabalho. E, quando esse evento não gera dano ao homem ou ao patrimônio, estamos diante de um incidente ou quase acidente. (BARSANO; BARBOSA, 2018, p.37) Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional 45 Os acidentes de trabalho ocorrem, principalmente, em função de dois fatores: condições e atos inseguros. Você sabe a diferença entre eles? Uma condição insegura ocorre em função das características do ambiente, ou seja, o ambiente expõe o trabalhador a um risco; enquanto ato inseguro é uma ação desempenhada pelo trabalhador que o expõe (ou expõe a colegas) ao risco. EXPLICANDO MELHOR: A falta de proteção em máquinas de uma linha de produção é uma condição insegura, enquanto a limpeza de uma máquina em movimento é um ato inseguro. De modo geral, prevenir riscos é algo que está ao alcance dos homens, já que uma de nossas características de superioridade em relação aos demais seres vivos é a capacidade de raciocinar, e prevenir, nada mais é que raciocinar e identificar possíveis falhas antes que elas venham a ocorrer. Além disso, a segurança do trabalho só é necessária porque os ambientes de trabalho, naturalmente, apresentam riscos a todos os envolvidos, mas, principalmente, aos trabalhadores, certo? Risco é uma palavra usada em diversas áreas do conhecimento, podendo ter conceitos distintos de acordo com o contexto no qual está aplicada. Para nós, risco conceitua-se como uma ou mais natureza passível de causar um dano. Vimos que a NR-9 aborda o PGR. Segundo a NR-9, risco ambiental são “os agentes físicos, químicos e biológicos existentes nos ambientes de trabalho que, em função de sua natureza, concentração ou intensidade e tempo de exposição, são capazes de causar danos à saúde do trabalhador“. Além da NR relacionada, a ISO 31000 de 2009 é específica sobre gestão de riscos, estabelecendo princípios e diretrizes. Em seu item 2.1, caracteriza risco como efeito da incerteza nos objetivos. Também expressa risco em termos de uma combinação de consequências de um evento e a probabilidade de ocorrência associada. 46 Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional Neste contexto, risco pode ser definido como sendo a combinação da probabilidade e gravidade ou a combinação da exposição com a gravidade dos efeitos à saúde, tal como expresso pelas fórmulas a seguir. Risco = probabilidade de ocorrência do dano x gravidade do dano. Risco = exposição x gravidade dos efeitos à saúde. Segundo a ISO, convém considerar as condições de trabalho para analisar os riscos. As condições de trabalho são os aspectos existentes nos ambientes de trabalho. Sendo definidas como: Toda e qualquer variável presente ao ambiente de trabalho capaz de alterar e/ou condicionar a capacidade produtiva do indivíduo, causando ou não agressão ou depressões à saúde deste: mobília, utilização do espaço físico e áreas, ambiente térmico e suas variáveis; prescrição e conteúdo das tarefas, relações interpessoais, informações, maquinaria, ferramentas e a intervenção sobre elas. (CAMARGO, 2011, p. 28) Dessa forma, considerar as condições de trabalho de forma universal é essencial para proteger, desenvolver e melhorar continuamente a qualidade de vida dos trabalhadores nos mais diversos aspectos, reduzindo riscos e evitando acidentes de trabalho. Acerca disso, vale destacar e retomar o conteúdo da NR-17, que tem por temática principal a ergonomia. A ergonomia consiste na adaptação do ambiente de trabalho às condições dos trabalhadores para que estes tenham conforto, segurança e melhor desempenho em suas práticas laborais. Como condições de trabalho, essa norma especifica “aspectos relacionados ao levantamento, transporte e descarga de materiais, ao mobiliário, aos equipamentos e às condições ambientais do posto de trabalho e à própria organização do trabalho”. Uma das formas de analisar as condições do trabalho é a partir da análise ergonômica. Outros termos comuns na área de segurança do trabalho e, inclusive, alvos de norma regulamentadora específica, é embargo e interdição. Interdição consiste em paralisar total ou parcialmente um Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional 47 estabelecimento, setor de serviço, máquina ou equipamento, enquanto embargo refere-se a paralisar total ou parcialmente uma obra. Compreender os principais termos relacionados à segurança do trabalho e suas definições é essencial para um entendimento mais amplo da área. Consequências da insegurança do trabalho Está claro que a segurança do trabalho tem como objetivo proteger a saúde e a integridade física dos colaboradores, não é mesmo? A responsabilidade pela segurança do trabalho é tripartite, ou seja, cabe ao poder público, ao empregador e ao empregado zelarem pelas condições do trabalho, bem como para que as legislações relacionadas sejam cumpridas. De modo específico, pode-se dizer que o poder público tem por função criar e fiscalizar as normas e legislações; os empregadores são responsáveis por cumprir essas legislações e aplicá-las em suas empresas; e aos colaboradores, observar as requisições de saúde e segurança nos ambientes laborais, contribuindo para que as condições sejam mantidas adequadas. O não cumprimento das legislações, além de ser crime, pode resultar em diversos problemas tanto para os empregadores quanto para os trabalhadores.Qualquer acidente de trabalho, independentemente da gravidade, resulta em perdas financeiras para a organização, bem como danos à saúde dos colaboradores. Acidentes de trabalho resultam em afastamento do trabalhador por inaptidão temporária, por inaptidão permanente ou, ainda, por óbito, além de danos materiais, tal como as ações legais, seguro de vida, máquinas danificadas, redução na produtividade, entre outros. É possível classificar as consequências sob três aspectos: humano, social e econômico. 48 Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional Figura 8 – Os aspectos envolvendo o acidente de trabalho têm três perspectivas: humano, social e econômico Fonte: Elaborado pela autora com base em Rossete (2015). É importante levar em consideração que a ausência de vítimas com lesões ou óbitos, não ausenta a gravidade de um acidente de trabalho. Um acidente sem vítimas, mas que não teve sua devida importância reconhecida, ou seja, que não foi analisado para identificar os riscos que resultaram nesse acidente, pode, no futuro, acontecer de novo e, talvez, com mortes e/ou feridos. Em decorrência da importância da falta de segurança nos ambientes laborais, diversos estudos vêm sendo desenvolvidos, a fim de estabelecer relações. O Instituto de Segurança da América do Norte, do inglês Insurance Company of North America – Icna publicou em 1969 uma pirâmide mundialmente conhecida sobre acidentes de trabalho. Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional 49 Essa pirâmide foi desenvolvida com base na pesquisa feita por Frank Bird, que analisou 90 mil acidentes ocorridos em uma metalúrgica e constatou que para cada acidente com lesão incapacitante, ocorriam 100 acidentes com lesões não incapacitantes e 500 acidentes com danos à propriedade (ROSSETE, 2015). A partir desta análise de Bird, o Icna fez uma análise estatística de 1.753.498 relatos de ocorrência de acidentes em 297 empresas, que tinham 1.750.000 colaboradores. Essa amostra permitiu uma relação mais confiante sobre acidentes de trabalho. Foi constatado que para cada acidente com lesão grave (incapacitante), ocorriam 10 pequenos acidentes (com lesões não incapacitantes), 30 acidentes com dano à propriedade (danos materiais) e outros 600 quase acidentes (acidentes sem lesão ou sem danos visíveis) (ROSSETE, 2015). Figura 9 – Pirâmide de Bird feita pelo Icna Fonte: Elaborado pela autora com base em Rossete (2015). A explicação dessa pirâmide consiste em: a partir de uma análise estatística, constatou-se que há uma distribuição natural dos acidentes a partir de sua gravidade e do impacto universal na organização (danos físicos e materiais). Além dos acidentes de trabalho, condições inadequadas dos ambientes laborais podem resultar em doenças ocupacionais. O 50 Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional surgimento destas e suas relações com as condições de trabalho já são notórios há anos, contudo, normalmente, acontecem após diversos anos de exposição. As doenças ocupacionais podem ser divididas em dois grupos: doença profissional e do trabalho. O primeiro grupo caracteriza-se por aquelas doenças resultantes do exercício da profissão/função, por exemplo, em casos nos quais o trabalhador desenvolve a mesma ação diariamente e repetidamente, desencadeando uma lesão por esforço repetitivo (LER); já o segundo grupo é caracterizado por aquelas doenças que ocorrem em função da profissão exercida e das condições do ambiente, tal como surdez provocada pela excessiva exposição a ruídos. SAIBA MAIS: Ficou interessado em saber mais sobre dados quantitativos em relação a acidentes e doenças relacionadas ao trabalho? A Fundacentro disponibiliza diversos boletins e dados confiáveis sobre acidentes e doenças do trabalho, bem como sobre outros temas desta temática. Para acessar, clique aqui . https://www.gov.br/fundacentro/pt-br/acesso-a-informacao/acoes-e-programas/estatisticas-de-acidentes-de-trabalho Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional 51 RESUMINDO: Encerramos nossa primeira Unidade e, nesta competência, vimos os conceitos básicos que guiam os conhecimentos sobre segurança do trabalho, bem como as consequências da falta de segurança ou, ainda, da insegurança no trabalho. Compreendemos os principais termos e suas definições para o entendimento da segurança do trabalho. Um bom embasamento coopera para desenvolver fantásticos profissionais, assim como vocês serão. No que tange às consequências da insegurança, os acidentes causam prejuízos financeiros, materiais e sociais, ultrapassando as barreiras do ambiente de trabalho, atingindo também a família do colaborador. Além dos acidentes, também devemos nos preocupar com as doenças ocupacionais, tanto as decorrentes da atividade diária quanto aquelas em função da exposição recorrente a riscos. Finalizamos esta competência e a primeira Unidade do nosso livro, entendendo, então, que o trabalho é algo inerente ao homem e precisa ser desenvolvido segundo princípios prevencionistas de segurança. As consequências da falta de segurança são graves e, a melhor forma de preveni-las é desenvolvendo ações preventivas e cumprindo as legislações e normas vigentes. 52 Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional REFERÊNCIAS ARAÚJO, J. P. Absenteísmo e presenteísmo em uma instituição federal de ensino superior. 2012. Dissertação (Mestrado em Ciências da Saúde) – Universidade de Brasília, Brasília, 2012. BARBOSA FILHO, A. N. Segurança do trabalho e gestão ambiental. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2011. BARSANO, P. R.; BARBOSA, R. P. Segurança do trabalho: guia prático e didático. São Paulo: Saraiva, 2018. BRASIL. Decreto-Lei n.° 5.452, de 1 de maio de 1943. Aprova as Consolidações da Lei do Trabalho. Diário Oficial da União: seção 1, Brasília, DF, p. 11937, 1943. BRASIL. ENIT – ESCOLA NACIONAL DA INSPEÇÃO DO TRABALHO. Inspeção do trabalho. SST – NR. Disponível em: https://enit.trabalho.gov. br/portal/index.php/seguranca-e-saude-no-trabalho/sst-menu/sst- normatizacao/sst-nr-portugues?view=default. Acesso em: 15 jan. 2020. BRASIL. Lei n.° 10.803 de 11 de dezembro de 2003. Altera o art. 149 do Decreto-Lei n.° 2.848, de 7 de dezembro de 1940 – Código Penal, para estabelecer penas ao crime nele tipificado e indicar as hipóteses em que se configura condição análoga à de escravo. Diário Oficial da União: seção 1, Brasília, DF, p. 1, 2003. BRASIL. Lei n.° 2.848 de 7 de dezembro de 1940. Código Penal. Diário Oficial da União: seção 1, Brasília, DF, p. 23911, 1940. CAMARGO, W. Gestão da segurança do trabalho. Curitiba: IFPR, 2011. CASSAR, V. B. Direito do trabalho. 10. ed. São Paulo: Método, 2014. 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