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Resumo-Direito Penal Geral-Aula 05-Aplicacao da Lei Penal-Andre Estefam5

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DELEGADO CIVIL E FEDERAL 
CARREIRAS JURÍDICAS 
Damásio Educacional 
 
Disciplina: Direito Penal 
 Professor: André Estefam 
Aulas: 05| Data: 04/02/2019 
 
 
 
ANOTAÇÃO DE AULA 
SUMÁRIO 
 
APLICAÇAO DA LEI PENAL 
4. Lei Penal no Espaço 
4.1. Lugar do Crime (art. 6º do CP) 
4.2. Territorialidade (art. 5º do CP) 
4.3. Extraterritorialidade (art. 7º, CP) 
4.4. Eficácia da Sentença Penal estrangeira (art. 9º do CP) 
 
 
APLICACAO DA LEI PENAL (continuação) 
 
4. Lei Penal no Espaço 
 
4.1. Lugar do Crime (art. 6º do CP) 
 
Considera-se praticado tanto no lugar da ação/omissão quanto no lugar em que se produziu ou deveria produzir o 
resultado. Eis porque a doutrina acertadamente afirma que o Código Penal escolheu a Teoria da Ubiquidade (Mista). 
 
 
Atenção: No que tange ao foro competente aplica-se o artigo 70 do CPP, cujo caput determina “teoria do 
resultado”. 
 
O artigo 6º do Código Penal foi criado para definir a aplicação da lei penal nos chamados crimes à distância (aquele 
que atingem o território de dois ou mais países). Exemplo: Se a conduta ocorre no Brasil e o resultado no exterior 
ou vice-versa. 
 
Art. 6º do Código Penal - Considera-se praticado o crime no lugar em 
que ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem como onde 
se produziu ou deveria produzir-se o resultado. 
L
•Lugar
U
•Ubiguidade
T
•Tempo
A
•Atividade
 
 
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4.2. Territorialidade (art. 5º do CP) 
 
Refere-se à aplicação da Lei brasileira a crimes praticados dentro do Território Nacional. 
As ressalvas dizem respeito às Imunidade Diplomática e Consular, esses responderão (caso haja responsabilidade 
penal) ao seu País de origem. 
 
Art. 5º do Código Penal - Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de 
convenções, tratados e regras de direito internacional, ao crime 
cometido no território nacional. 
 
Nota: O caput acolheu o princípio da territorialidade mitigada, temperada, relativa. 
Imunidade Diplomática x Imunidade Consular 
➤ A imunidade diplomática abrange todo e qualquer fato, mesmo que não relacionado com a função – tem caráter 
absoluto, não importa a natureza do fato. 
➤ A imunidade consular é restrita apenas abrange fatos relacionados à função. 
 
4.3. Extraterritorialidade (art. 7º, CP) 
 
Esse artigo evita a impunidade; 
 
Art. 7º do Código Penal - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora 
cometidos no estrangeiro: 
I - os crimes: 
a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da República; 
b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal, de 
Estado, de Território, de Município, de empresa pública, sociedade de 
economia mista, autarquia ou fundação instituída pelo Poder Público; 
c) contra a administração pública, por quem está a seu serviço; 
d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no 
Brasil; 
II - os crimes: 
a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir; 
b) praticados por brasileiro; 
c) praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou 
de propriedade privada, quando em território estrangeiro e aí não 
sejam julgados. 
§ 1º - Nos casos do inciso I, o agente é punido segundo a lei brasileira, 
ainda que absolvido ou condenado no estrangeiro. 
§ 2º - Nos casos do inciso II, a aplicação da lei brasileira depende do 
concurso das seguintes condições: 
a) entrar o agente no território nacional; 
b) ser o fato punível também no país em que foi praticado; 
c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira 
autoriza a extradição; 
d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí 
cumprido a pena; 
 
 
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e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, 
não estar extinta a punibilidade, segundo a lei mais favorável. 
§ 3º - A lei brasileira aplica-se também ao crime cometido por 
estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil, se, reunidas as condições 
previstas no parágrafo anterior: 
a) não foi pedida ou foi negada a extradição; 
b) houve requisição do Ministro da Justiça. 
 
Detalhes Técnicos: 
Existem duas espécies de extraterritorialidade na Lei: 
a) Extraterritorialidade Incondicionada; 
b) Extraterritorialidade Condicionada. 
 
Extraterritorialidade Incondicionada Extraterritorialidade Condicionada 
Não é necessário preenchimento de nenhuma 
condição – art. 7, I, CP 
Aplicação da lei Brasileira fica condicionada a uma 
série de condições – art. 7, II, CP 
Princípios Inspiradores: 
Alíneas: a, b e c – Princípio da Real Proteção ou Defesa Alínea ‘a’ - Principio da Justiça Penal Universal ou 
Cosmopolita 
Alínea ‘d’ – Princípio da Justiça Penal Universal ou 
Cosmopolita 
Alínea ‘b’ Principio da Nacionalidade ou Personalidade 
Ativa 
 Alínea ‘c’ – adotou o Princípio da Bandeira ou 
representação 
 Art. 7º, III, CP – Principio da Nacionalidade ou 
Personalidade Passiva 
 
Pergunta: Se o agente cumprir pena pelo mesmo fato no estrangeiro, a lei brasileira ainda poderá ser aplicada? 
Resposta: Depende. 
 
 Extraterritorialidade condicionada, tendo ele cumprido pena fora do País, não poderá ser aplicada, com fulcro 
no art. 7º, II, CP (sob pena de bis in idem) 
 Extraterritorialidade Incondicionada - o código criou uma ressalva no artigo 8º da Lei, mesma natureza desconta, 
natureza distinta atenua. 
 
Art. 8º do Código Penal - A pena cumprida no estrangeiro atenua a 
pena imposta no Brasil pelo mesmo crime, quando diversas, ou nela é 
computada, quando idênticas. 
4.4. Eficácia da Sentença Penal estrangeira (art. 9º do CP) 
 
Processo de conhecimento tramita fora do País e, o País onde a decisão foi proferida - ao Brasil a execução de sua 
sentença (relações de “parcerias” de países de justiças diferentes). Requisito formal: sentença estrangeira deve ser 
homologada, a homologação é por meio do STJ 
 
 
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Art. 9º do Código Penal - A sentença estrangeira, quando a aplicação 
da lei brasileira produz na espécie as mesmas conseqüências, pode ser 
homologada no Brasil para: 
I - obrigar o condenado à reparação do dano, a restituições e a outros 
efeitos civis; 
II - sujeitá-lo a medida de segurança. 
Parágrafo único - A homologação depende: 
a) para os efeitos previstos no inciso I, de pedido da parte interessada; 
b) para os outros efeitos, da existência de tratado de extradição com 
o país de cuja autoridade judiciária emanou a sentença, ou, na falta de 
tratado, de requisição do Ministro da Justiça. 
 
Efeitos passiveis de execução pela justiça brasileira: 
a) Efeitos civis da condenação (natureza patrimonial); 
b) Executar no Brasil, medida de segurança; 
Exigência contida no artigo 9º do Código Penal: 
 
O Brasil só executará a homologação pelo STJ quando a lei brasileira autorizar os mesmos efeitos para aquela 
situação 
Nota: A lei brasileira não permite medidas de segurança a réus imputáveis, apenas aos inimputáveis ou semi-
imputáveis. 
 
Comentário Final: Reincidência (art. 63, CP) – sujeito que pratica novo crime após o trânsito em julgado por 
condenação de crime anterior praticado no Brasil ou no estrangeiro- Para configuração da reincidência, ainda que 
oriundas de condenações estrangeiras transitadas em julgado não é necessária homologação. 
 
Art. 63 do Código Penal - Verifica-se a reincidência quando o agente 
comete novo crime, depois de transitar em julgado a sentença que, no 
País ou no estrangeiro, o tenha condenado por crime anterior.

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