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Doenças Exantemáticas MARC S4 As doenças exantemáticas são um grupo de doenças infecciosas na pediatria cuja principal característica é a erupção cutânea. Embora a maioria sejam doenças autolimitadas e benignas, algumas podem ser expressões de enfermidades mais graves. Tem apresentação clínica semelhante, e por isso a história, análise do tipo da lesão e investigação dos sinais e sintomas concomitantes é essencial para ajudar a inferir qual é o diagnóstico. Exantemas são caracterizados por eritema agudo, rapidamente progressivo, em geral de curta duração. Se o eritema está entremeado por áreas de pele sã é do tipo morbiliforme e, se for difuso euniforme, do tipo escarlatiniforme. São comuns na infância e sua etilogia pode ser: infecciosa (viral ou bacteriana), por hipersensibilidade a medicamentos (fármacodermias) ou indeterminada. Os exantemas são lesões elementares de pele que geralmente se apresentam como: -Máculas: Com alteração de cor, plana não palpável<1cm. ( Mancha se >1 cm) -Pápulas: Pequenas e palpáveis < 1cm (Placa se >1cm) -Vesículas: Pequenas lesões que contém líquido (Bolhas se grandes). Segundo o tratado de pediatria da SBP, 6 doenças exantemáticas foram denominadas clássicas: Sarampo, Rubéola, Eritema Infeccioso, Exantema Súbito, Escarlatina e Doença de Filatov-Dukes (que não é mais considerada uma doença bem definida). No entanto, também existem outras doenças que apresentam exantemas, como a varicela, síndrome mão-pé-boca, doença de Kawasaki, arboviroses, etc. Estudos apontam que 65% das crianças que apresentam exantema e febre, possuíam um agente infeccioso em sua etiologia. Sendo 72% virais. (Silva et al ,2012). Diante disso, estudaremos as principais doenças exantemáticas da Infância provocadas por vírus. OBS: Mecanismos de agressão à pele por agentes infecciosos (que geralmente ocorrem simultaneamente): Invasão e multiplicação direta na pele Ação de toxinas Ação imunoalérgica com expressão na pele Dano vascular LESÕES ELEMENTARES: A Mácula é uma lesão plana, não palpável; Pápulas são lesões pequenas perceptíveis ao tato que, quando maiores, são chamadas de Nódulos; Vesículas são pequenas lesões que contêm líquido e, quando maiores, são chamadas de Bolhas. Quando o líquido é purulento, tornam-se Pústulas. Placas são lesões planas, mas elevadas, perceptíveis ao tato e grandes. As lesões podem ter cor eritematosa – que, quando desaparece com a vitropressão, é decorrente de uma vasodilatação e, quando não, de extravasamento de sangue do vaso, sendo, então, chamadas de purpúricas –, podem ser pequenas, petequiais, ou maiores, equimóticas. Podem, ainda, ser divididas em morbiliformes, quando existem áreas depele sã entre as lesões e escarlatiniformes, quando o acometimento é difuso. Os exantemas podem ser subdivididos segundo o tipo de apresentação e a etiologia viral ou outras etiologias. Doenças Exantemáticas MARC S4 CLASSIFICAÇÃO DOS EXANTEMAS: Exantema maculopapular morbiliforme: pequenas maculos-pápulas eritematosas, avermelhadas, permeadas por pele sã, podendo confluir (os pontinhos se juntam, gerando lesões maiores). As máculas são manchas planas na pele e as pápulas são um pouco mais elevadas. As manchas somem à digito pressão. Exantema maculopapular urticariforme: erupção papulo-eritematosa de contornos irregulares, mais frequentes em reações medicamentosas, alergias alimentares (urticária). São placas mais elevadas, grandes, ficam quentes. Exantema papulovesicular: presença de pápulas e lesões elementares de conteúdo líquido (vesícula). A pápula é uma bolinha elevada. Exantema petequial ou purpúrico: alterações vasculares com ou sem distúrbios de coagulação. São caracterizados por petéquias, caracterizadas por pontinhos vermelhinhos (ex: prova do laço). Petéquias não somem a digito pressão. EXANTEMAS VIRAIS: Doença Mão-Pé-Boca é uma enterovirose causada pelo Coxsackie A16, A10 e Enterovírus 71, altamente contagiosa, incubação de 4-6 dias. Pródromo frustro, com febre e mal- estar, seguido de enantema oral e a seguir exantema, caracterizado por vesículas em forma de losango - achatadas, em regiões palmo-plantares com halo eritematoso. Lesões em área de fraldas são comuns. Fase exantemáticas: Lesões na mão, pé e boca Diagnostico: historia clinica e exame físico. Exames laboratoriais são secundários. Tratamento: apenas sintomático Prevençaão: Higiene e afastamento de outras crianças. Exantema pelo Epstein-Barr Vírus (EBV). Mononucleose O EBV, da família herpesviridae, costumaser inoculado na orofaringe e a partir daí atinge os linfócitos B. A infecção primária pode ocorrer na infância e em geral é assintomática. É uma infecção latente, persistente, que dura o resto da vida. Nome popular: Doença do Beijo No adolescente ou no adulto jovem surgem as manifestações clínicas da mononucleose clássica: febre, fadiga, mal estar geral e linfonodomegalia, que podem durar algumas semanas ou meses, hipertrofia de amígdalas com exsudato (faringite) e petequias de orofaringe, além da esplenomegalia (pode causar ruptura esplênica, tendo que evitar atividades físicas). Doenças Exantemáticas MARC S4 -Pródromo (1-2 semanas): mal-estar, mialgia , cefaléia e uma dor de garganta que progride, acompanhada por uma febre prolongada (2 semanas), náusea, dores abdominais. O exantema difuso, maculopapuloso ocorre em 90 a 100% dos pacientes com infecção pelo EBV, tratados com ampicilina ou amoxicilina. Incubação: 30 – 60 dias Diagnóstico: ➔Clínico a partir das características típicas apresentadas ➔Exames complementares: -Leucocitose: às custas de linfocitose com linfócitos atípicos (10%+) pico na 2ª- 3ªsemana -Trombocitopenia -Elevação de transaminases (enzimas hepáticas) -Sorologia para EBV -Cultura de material obtido das tonsilas (para afastar o diagnóstico de infecção bacteriana coexistente) Tratamentos: Não há tratamento específico, tratam-se os sintomas- Antitérmicos -Repouso de 3 semanas : o paciente precisa evitar a rotura do baço (principal complicação) Complicações: ● Rotura Esplênica: ● Anemia hemolítica ● Trombocitopenia ● Obstrução de vias aéreas superiores ●Meningoencefalite ●Malignidade de células epiteliais e linfóides EXANTEMAS BACTERIANOS: Na Síndrome da Pele Escaldada Estafilocócica (SSSS) as lesões decorrem do efeito de toxinas epidermolíticas do S.aureus: ET-A e ET-B. Acomete bebês e menores de cinco anos. O foco inicial da infecção estafilocócica costuma ser a nasofaringe. Febre de início abrupto, irritabilidade e exantema rapidamente progressivo (escarlatiniforme) são característicos. Auxiliam no diagnóstico o eritema e a descamação periorais, exantema acompanhado de microvesículas em áreas flexurais e a seguir o desprendimento, descamação da pele. EXANTEMA URTICARIFORMES: Urticária é caracterizada pela presença de placas eritemato-edematosas, que mudam de lugar ou desaparecem após alguns minutos ou em até 24 horas. Se as lesões durarem até seis semanas é chamada urticária aguda, e se a duração for maior: urticária crônica. Pode ou não estar associada ao angio edema. Etiologias: infecciosa, comumente viral (vírus da hepatite B, EBV, Influenza, Adenovírus e Enterovírus), alimentar (leite de vaca, ovos, peixes e frutos do mar, castanhas,corantes como tartrazina, etc), medicamentosa (penicilinas, cefalosporinas, sulfas, anti-inflamatórios não hormonais, aspirina e ibuprofeno, radiocontrastes, etc), por agentes físicos como calor e frio, ou indeterminada. O quadro clínico é característico, seja qual for o agente etiológico. EXANTEMA MACUPAPULAR: Sarampo É uma doença viral altamente contagiosa de incidência mundial, sendo de notificação compulsória. Agente etiológico: Morbillivirus ou paramixovírus (família Paramyxoviridae). Assim, é uma doença viral aguda. É um vírus de RNA- de fita simples envelopado e pleomórfico. O nucleocapsídeo livre não é infectante, ou seja, o que faz ele ser infectante são os ligantes presentes no envelope. Assim, esse vírus possui proteínas de superfície que permitem sua ligação a células do sistema imune (favorece as infecções secundárias- provoca Doenças Exantemáticas MARC S4 neutropenia e dificulta o combate a bactérias) e células epiteliais (exantema). Epidemiologia: Todas as pessoas não vacinadas ou que nunca tiveram a doença são suscetíveis à infecção. Acomete sobretudo crianças de 2-9 anos. Comum nas estações primavera e inverno Transmissão: através de aerossóis respiratórios. Inicia 6-4 dias antes do exantema, sendo o período de maior transmissibilidade de 2 dias antes a 2 depois do surgimento do exantema. Período de incubação: 8-12 dias OBS: Período de incubação é o intervalo entre a data do primeiro contato com o vírus até o início dos sintomas da doença. Pródromo (antes do exantema-até 5 dias): 1-2 dias antes do exantema, presença das manchas de Koplik (manchas azul- esbranquiçadas na região interna das bochechas, próxima aos molares-sinal patognomônico). Além disso, também é comum enantema (hiperemia de mucosas - orofaringe e bochechas) Febre, tosse intensa e seca, coriza, e conjuntivite, com fotofobia, mal-estar eprostração intensa. O exantema começa em 3- 5 dias. As manchas de koplik somem nos 2-3 primeiros dias do exentema OBS: Pródromo: tempo, entre os primeiros sintomas da doença e o início dos sinais ou sintomas, com base nos quais o diagnóstico pode ser estabelecido. Sintomas: Febre alta (acima de 38,5ºC- pico no aparecimento do exantema), tosse, coriza, e conjuntivite , com fotofobia, seguidas, após três a cinco dias, por um exantema eritematoso maculopapular de progressão crânio-caudal, começando atrás das orelhas e na linha do cabelo e, em seguida, se espalhando para o resto do corpo, braços e pernas, de distribuição centrípeta, que não poupa região palmo- plantar, e apresenta maior intensidade no 3º dia. A temperatura diminui três a quatro dias após o aparecimento. do exantema, caso não haja infecção bacteriana secundária, a erupção desaparece após 5-6 dias, exantema torna-se escurecido antes de sumir, seguida por uma descoloração transitória da pele e descamação fina (furfurácea) subsequente. Complicações: laringite, às vezes muito acentuada, traqueobronquite, pneumonite intersticial, cerato conjuntivite, miocardite, adenite mesentérica, diarreia com perda importante de proteína e panencefalite esclerosante subaguda. Otite média é a principal complicação bacteriana. Também podem suceder sinusite, pneumonia bacteriana, púrpura trombocitopênica, encefalomielite, reativação de tuberculose pela imunodepressão. Em crianças menores de 1 ano de idade e desnutridas, é causa não desprezível de óbito. Em adolescentes e adultos, a gravidade tende a ser maior. Devem ser considerados, além do sarampo clássico, mais duas formas de apresentação: o sarampo modificado e o sarampo atípico. O primeiro acontece quando o vírus acomete pessoas que têm imunidade relativa, ou pela aquisição intrauterina de anticorpos (portanto, ocorre apenas em crianças pequenas), ou por terem tomado gamaglobulina. Nesses casos, o tempo de incubação é maior, de mais de 3 semanas, os pródromos são mais leves, raramente observa-se mancha de Koplik e o exantema também é leve. Já o sarampo atípico, que ocorre em crianças que previamente tinham tomado vacina de vírus morto, é mais grave, com febre alta, cefaleia, mialgia, pneumonite grave e derrame pleural. O exantema é bastante variável, macular, vesicular ou petequial. Esta última forma de apresentação do sarampo, apesar de rara, é uma preocupação, em decorrência da teórica possibilidade de ocorrer se as vacinas não forem bem conservadas. Doenças Exantemáticas MARC S4 Diagnóstico: Sobretudo clínico, a partir de seus sinais específicos, mas a confirmação laboratorial é fundamental. -Sorologia para anticorpos específicos (Elisa) em amostra coletada até 28 dias após o início do exantema pode ser usado para confirmar o diagnóstico. É válido buscar a detecção de imunoglobulinas da classe IgM no sangue na fase aguda da doença. Todavia, os anticorpos da classe IgG podem, ocasionalmente, aparecer nesta mesma fase e permanecem detectáveis ao longo de toda a vida. Também podem ser feitos testes ainda mais específicos, mas em geral não necessários: - Isolamento do vírus ou detecção do RNA viral por RT-PCR em amostras de urina, sangue, e secreções de faringe Tratamento: Não há tratamento específico para sarampo, tratam-se os sintomas. Assim, a assistência terapêutica deve incluir: oferta abundante de líquidos, com hidratação venosa, se necessário; antitérmicos para o controle da febre; soro fisiológico para limpeza ocular; e tratamento com antimicrobianos nos casos acompanhados de infecções secundárias como por exemplo Otite Média, pneumonias e conjuntivites. A vitamina A apresentou efeitos protetores contra a morbidade e mortalidade do sarampo, sendo assim recomendada pela OMS a todas as crianças com sarampo. Profilaxia: A vacina é a única forma de prevenir a ocorrência de casos. Cuidado- confundível com: rubéola e arboviroses. Rubéola Doença viral altamente contagiosa, geralmente de curso benigno. Sendo de notificação compulsória Agente etiológico: Rubivirus (família togaviridae) É um vírus de RNA + envelopado. As glicoproteínas presentes no seu envelope e permite que se liguem a células do epitélio respiratório, nas quais se replicam e provocam a viremia primária. Epidemiologia: sua importância epidemiológica está relacionada à síndrome de rubéola congênita (SRC)-aborto, natimorto e malformações Doenças Exantemáticas MARC S4 congênitas, tais como cardiopatias, catarata e surdez. Todas as pessoas não vacinadas ou que nunca tiveram a doença são suscetíveis à infecção. Acomete sobre tudo crianças maiores e adolescentes Transmissão: Secreções nasofaríngeas, através de perdigotos (gotículas de saliva liberadas na tosse e espirro) que podem ocorrer por contato direto (principal porta de entrada é inalatória) ou por objetos contaminados. O período de transmissibilidade é de 7 dias antes até 7 dias depois do surgimento do exantema. Atuação do vírus: O vírus entra no epitélio respiratório, chega no sangue (viremia primária) e é levado aos órgãos, se replicando no sistema reticulo endotelial (macrófagos e outras células de defesa difundidos por todos os tecidos) e se espelhando para a superfície corporal pelo sangue (viremia secundária). Período de Incubação: 14-21 dias ( média 17) Pródromo (1-2 dias antes do exantema): Geralmente ausente em crianças. Em adultos e adolescentes apresenta: febre baixa, cefaleia, dores generalizadas (artralgias e mialgias), coriza e tosse, linfadenopatias (retroauricular, occiptal e cervical posterior), dor de garganta, mal-estar, anorexiaSintomas: exantema maculopapular e puntiforme difuso de progressão craniocaudal, com início na face, couro cabeludo e pescoço, espalhando-se posteriormente para tronco e membros em 24hrs. O exantema some com cerca de 3 dias Febre baixa, inflamação da faringe, linfadenopatia retroauricular, occiptal e cervical posterior e a presença de petéquias no palato mole que recebe o nome de manchas de Forschheimer (embora não seja patognomônico). Metade dos casos apresenta esplenomegalia discreta (segundo a SBP). OBS: Leucopenia às custas de neutropenia é comum OBS: a reinfecção de pessoas que já foram infetadas ou vacinadas geralmente é assintomática, embora transmitam o vírus Diagnóstico: - Sorologia para anticorpos específicos (Elisa) em amostra, coletada até 28dias após o início do exantema (segundo a SBP, não é possível confirmar apenas clinicamente, sendo necessária a solicitação do exame laboratorial). Em fase aguda da doença identifica-se IgM. - RT-PCR em amostras de oro/nasofaringe Tratamento: Não tratamento específico. Tratam- se os sintomas. Profilaxia: Vacinação- Tríplice Viral aplicada com 12 e 15 meses de idade Isolamento do infectado até 7 dias após o exantema Complicações: Complicações em crianças são raras, mas cita-se a púrpura trombocitopenica e encefalite. Cuidado- Confundível com: Sarampo, escarlatina e arboviroses. Varicela: Doença viral aguda, altamente contagiosa Nome popular: Catapora Agente etiológico: Varicela-Zoster (VVZ) Doenças Exantemáticas MARC S4 Epidemiologia: mais comum na infância, crianças entre 2-8 anos, sendo suscetíveis todas as pessoas não vacinadas e/ou que não tiveram a doença. Mais frequente no inverno e primavera Transmissão: através de aerossóis respiratórios, gotículas, saliva ou pelo contato com o líquido das lesões cutâneas. Período de incubação: 2 semanas- 10-21 dias (média de 15 dias) Pródromo: Geralmente ausente em crianças. Em adolescentes e adultos: inicia-se com febre baixa, cefaléia, anorexia e vômito Sintomas: exantema maculopapular com evolução rápida para vesícula e desta para crosta, de forma que podemos vê-las simultaneamente no paciente; início em tronco e progressão rápida para a face e extremidades poupando região palmo-plantar. Febre, cefaléia, astenia, irritabilidade. -O quadro costuma ser benigno, com duração de 10 dias, e determinar imunidade duradoura. - A doença pode ser mais grave em adultos, imunodeprimidos, gestantes ou recém-natos. Diagnóstico: Majoritariamente clínico porque seu quadro é muito característico. Mas existem exames laboratoriais que podem ser feitos, porém , geralmente são dispensáveis: -PCR no líquido das vesículas -Reações sorológicas IgM ou IgG Tratamento: tratamento do prurido com soluções e cremes tópicos, antialérgicos orais, cuidados de higiene para reduzir risco de infecções cutâneas secundárias e antibióticos. Antivirais sistêmicos podem ser utilizados nos casos de maior risco de complicação, ou na presença de doença mais grave Profilaxia: Vacinação - Aos 15 meses de vida tetravalente Complicações: -Pneumonia pelo próprio vírus -Afecção no sistema nervoso -Infecções bacterianas cutâneas ● Na gravidez: - Nas primeiras semanas: lesões graves ao feto - Primeiro ou segundo trimestre: embriopatia Eritema Infeccioso: Doença viral de evolução benigna. Agente etiológico: parvovírus humano B19. Tem como célula alvo o eritroblasto (precursor do eritrócito/hemácia) do hospedeiro. Dessa forma, pessoas com hemoglobinopatias são fortemente afetadas pela infecção. OBS: esse vírus também é responsável pela Síndrome das luvas e meias Epidemiologia: Acomete preferencialmente crianças de2 a 14 anos (pico aos 7anos) Comum no inverno e primavera Transmissão: Por via respiratória. A transmissibilidade máxima ocorre antes do exantema. Período de incubação: 4-14 dias Pródromo: Em geral ausente, podendo apresentar sinais inespecíficos, como febrícula, mialgia e cefaleia. Sintomas: Início com exantema facial maculopapular em regiões malares (face esbofeteada), poupa região perioral testa e nariz, progredindo, dentro de 4 dias, para lesões maculopapulares em membros, no geral inicia pela face extensora, de aspecto rendilhado, podendo ou não acometer o Doenças Exantemáticas MARC S4 tronco, seguindo o desaparecimento do exantema (em até 3 semanas). Pode haver recorrência da doença pela ação de estímulos como o sol, o estresse e variação de temperatura. Em geral é afebril, podendo ocorrer artralgias e artrites (dor e inflamação dearticulações). Os sintomas normalmente são mais fortes em adolescentes e adultos, mas ainda de progressão benigna. Por atingir eritroblastos pode causar anemia O hemograma pode apresentar discreta leucocitose e eosinofilia. Diagnóstico: Sobretudo clínico pela forma típica do exantema -Sorologia para detecção de anticorpos IgM (ensaio imunoenzimático -Elisa) Tratamento: Não há um tratamento específico ou vacina. Tratamento dos sintomas Profilaxia: Não existe O isolamento é desnecessário Cuidado- Confundível com: Lúpus eritematoso Exantema Súbito ou Roséola: Doença viral de evolução benigna Nome popular: roséola infantil Agente etiológico: Herpes Vírus humano 6 e7 Epidemiologia: Ocorre tipicamente na infância, 6 meses aos 6 anos, em especial nos menores de 2 anos Período de Incubação: 5-15 dias Transmissão: Secreção oral do portador. O período de transmissibilidade é durante a viremia, sobretudo no período febril Sintomas: Início súbito, febre alta e contínua (39º/40ºC), que leva a extrema irritabilidade, sendo uma das causas mais comuns de convulsão febril. Linfonodomegalia cervical. Hiperemia de cavum (nasofaringe) Após 3-4 dias de febre, ela cessa abruptamente e o exantema surge subitamente, sendo do tipo maculopapular, com lesões discretas de 2 a 3cm de diâmetro, não coalescentes. Em geral, acomete inicialmente o tronco e em seguida a face, a região cervical e a raíz dos membros, sendo de curta duração (24 a 72 horas sem descamação ou hiperpigmentação) Diagnóstico: -Captura de anticorpos Igm e IgG para HHV -6(ensaio imunoenzimático-Elisa). Tratamento: Suporte aos sintomas e vigilância para evitar complicações Profilaxia: Não existe vacina. Isolamento desnecessário. Complicações: - Pode acometer o sistema nervoso Cuidado- Confundível com: Respostas alérgicas (qualquer resposta imune exagerada) ou Atopia (resposta imunitária exagerada mediada pela IgE) Doenças Exantemáticas MARC S4 Doença de Kawasaki: É uma vasculite febril aguda autolimitada não infecciosa, sendo caracterizada como uma doença reumatológica que apresenta exantema, sendo importante seu diagnóstico diferencial frente às demais doenças exantemáticas. É uma vasculite da infância que acomete os médios vasos Etiologia: Embora sua etiologia permaneça desconhecida, pesquisas sugerem que a DK ocorra por uma resposta imunológica aberrante em indivíduos geneticamente predispostos(polimorfismos genéticos), podendo ser desencadeada por mais de um agente infeccioso (dada sua característica sazonal variável por região) -No Brasil, um estudo realizado em uma coorte clínica de 70 pacientes com DK demonstrou maior incidência da doença coincidindo com períodos de maior incidência das doenças infecciosas de maio a junho (início da seca) e novembro e dezembro (início das chuvas). -Mais comum no inverno nos EUA e no verão no japão Risco: -Irmãos com Kawasaki-10-20 x -Pais com Kawasaki-2x -Risco de ocorrência em gêmeos é de 13% Epidemiologia: Acontece no mundo todo (50- 90/100.000/ano) mas é mais comum em asiáticos, pré-escolares (2-4anos, sendo o pico de 1,5 a 2 anos) e meninos. De ocorrência universal, a DK atinge todas as faixasetárias pediátricas, ainda que 85% dos casos ocorram em crianças menores de 5 anos. É menos frequente em pacientes com menos de 6 meses ou mais de 8 anos e, nesses casos, há maior risco de formação de aneurismas coronarianos. Quadro clínico: Não apresenta pródromo - Febre alta por 5 dias ou mais: febre remitente (alta e constante), não responde a antibiótico, sem tratamento dura até 2 semana ●Critérios diagnósticos da DK de acordo com American Heart Association (AHA- 2004) -Exantema polimórfico: em tronco maculopapular escarlatiniforme, nunca vesicular -Linfadenopatia cervical: unilateral, não supurativa (não apresenta pus) > 1,5 (mais comum nos adultos do que nas crianças com DK) -Hiperemia Conjuntival: bilateral sem exsudato(não parece infeccioso) - Alterações orais: pode apresentar língua em framboesa, lábios secos e fissurados, sangramentos de mucosa. -Alterações de Extremidades: na fase aguda apresenta edema e eritema de mãos e pés, na fase sub-aguda apresenta descamação demãos e pés ● Outras manifestações -Reação local de BCG (não é critério diagnóstico, mas é comum): no local onde a criança tomou a vacina BCG o Kawasaki provoca eritema e induração -Artrite e artralgia -Eritema perineal é frequentemente observado na fase aguda, descamando na fase subaguda Diagnóstico: ➔Clínico: Para fechar o diagnóstico clínico é necessário que o paciente apresente a febre por mais de 5 dias e pelo menos 4 dos critérios clínicos apresentados. Consideramos kawasaki incompleto caso apesar da febre de 5 dias apresente menos do que 4 critérios, sendo necessário colher exames para fechar o diagnóstico. É muito comum em crianças menores de 1 ano. ➔Exames laboratoriais: ● Leucocitose > 15.000 por neutrofilia com desvio à esquerda, ou eosinofilia - Fase Aguda ● Trombocitose: com pico em 2-3 semanas (fase subaguda - aumentando risco de trombose), normalizando em6-8semanas (fase de convalescencia). Doenças Exantemáticas MARC S4 -Na fase aguda tende a estar normal ● Alteração de lipidograma: elevação dos triglicérides e do colesterol e frações- na fase sub aguda ● Elevação de VHS e PCR (provas inflamatórias) com duração de 4-6 semanas ● Queda de hemoglobina: anemia ● Hiponatremia: redução anormal da concentração plasmática de sódio para < 136mEq/L (< 136 mmol/L) por excesso de água em relação ao soluto. ● Hipoalbuminemia: queda de albumina ● Elevação de TGO, TGP e GGT (avaliam lesão hepática) ● Piúria Estéril: encontra leucócitos mas a cultura é negativa (avalia presença de leucócitos na urina) ● Pleocitose no líquor: com predomínio de mononucleares, mas proteína e glicose normais ➔Exames de imagem: ● Ecocardiograma com Doppler: de alta sensibilidade, rápido e não invasivo. Utiliza feixes de ultrassom para obter imagens da anatomia do coração em tempo real Para evitar complicações é fundamental solicitar um ecocardiograma com Doppler assim que o diagnóstico é feito. Deve ser repetido com 2-3 semanas e depois com 6-8 semanas (caso todos se apresentem normais até o terceiro é descartada a possibilidade de aneurisma das artérias coronárias, principal complicação da DK , caso algum esteja alterado são necessários outros exames de avaliação cardíaca). Mas é recomendada nos primeiros anos pós DK a cada 6 meses e, após, pelo menos 1 vez por ano ● Na radiografia de tórax, pode-se observar pneumonite, cisurites e cardiomegalia. ● O eletrocardiograma pode revelar, em alguns casos, arritmias, disfunção miocárdica e isquemia Tratamentos: ● Gamaglobulina - dose única aplicada entre 5- 10 dias de doença -2 g/kg em infusão única durante período variável de 10 a 12 horas - reduz rapidamente a febre (36hrs) e demais sintomas, reduzindo os marcadores inflamatórios em 24-48 hrs. Os mecanismos de ação da IGEV (imunoglobulina endovenosa) permanecem desconhecidos ● AAS (Ácido Acetilsalicílico): em doses altas (80-100mg/Kg- antiinflamatória) mantidas até a redução da febre -Caso o paciente responda bem à essa combinação, mantém-se o AAS em baixas doses (3 a 5 mg/kg/dia- inibidor de agregação plaquetária) até normalizar o VHS, PCR e trombócitos, o que leva em torno de 6-8 semanas de tratamento -Caso o paciente não responda bem e/ou haja intensificação da febre, recorre-se a uma 2ª dose de gamaglobulina ou tratamento com corticóide intravenoso por 3 dias (metilprednisolona) Escarlatina: Doença bacteriana infectocontagiosa aguda com manifestações exantemáticas, muito comum na infância. Única exantemática causada por bactéria. Agente etiológico: Streptococcus pyogenes, uma bactéria beta hemolítica do Grupo A, produtora de toxina eritrogênica. Para gerar o quadro clínico da escarlatina é necessário que Doenças Exantemáticas MARC S4 essa bactéria esteja infectada por bacteriófagos produtores de exotoxinas pirogênicas Epidemiologia: Acomete crianças de 2-10 anos de idade Comum no inverno e primavera Transmissão: Contato com secreções respiratórias. Transmissibilidade de 10-21 dias em pacientes não tratados e sem complicações Período de incubação: 2-5 dias Pródromo:Faringite e tonsilite estreptocócica- infecção de via aérea superior Sintomas: Concomitante ou após faringoamigdalite membranosa, apresenta-se com febre alta e mal-estar, com cefaléia , dor de garganta e dor abdominal podendo ter vômitos associados. Após24-48hrs o paciente apresenta exantema eritematoso puntiforme micropapular (pele áspera como uma lixa), de progressão craniocaudal, começa ao redor do pescoço, passando para tronco em embros, que some à digito pressão, com palidez peribucal e eritema nas bochechas (Sinal de Filatov), linhas marcadas nas dobras de flexão (Sinal de Pastia) e língua em framboesa. O exantema em geral desaparece em cerca de 3 dias também de forma craniocaudal. Descamação furfurácea extensa em mãos e pés (em dedos de luva), inicia após uma semana. Diagnóstico: Clínico com base em seus sinais típicos -O diagnóstico laboratorial pode ser realizado através de teste rápido (aglutinação de Látex) em secreção colhida de orofaringe. Strep test. Também pode ser feita sorologia para dosar anticorpos antiestreptocócicos (antiestreptolisina O- ASLO- ou AntiDNAse B) Tratamento: Uso de antibióticos específicos- Penicilina benzatina intramuscular de dose única (benzetacil) -Amoxicilina VO por 10 dias Embora a manifestação exantemática seja autolimitada é importante matar a bactéria para evitar complicações, encurtar o quadro da doença e evitar transmissão Profilaxia: Não há vacina (doença bacteriana). Contactantes portadores devem ser tratados Citomegalovírus: Etiologia: Herpesvírus tipo 5 (HHV-5) é o maior membro da família Herpesviridae, sendo altamente espécie-específico e adaptado no hospedeiro humano. O CMV infecta uma vez e entra em infecção latente em endotélio vascular, monócitos e progenitores mielóides, podendo ser reativado e causar uma segunda infecção, sobretudo em pessoas imunodeprimidas (pessoas com AIDS, em tratamento de câncer, grávidas) Epidemiologia: Amplamente difundido em todo o mundo Transmissão: Por contato com qualquer tipo de secreção infectada, ou por via placentária para o feto Quadro clínico: Em hospedeiros imunocompetentes, a infecção é assintomática na vasta maioria dos casos ou, em uma pequena proporção, pode cursar com quadro semelhante ao da mononucleose infecciosa, geralmente de evolução benigna. Todavia, o citomegalovírus não promove faringite. Dor de cabeça, dor de garganta, febre, hepatomegalia, esplenomegalia, púrpura concentrada em pernas (exantema), anemia hemolítica, pneumonia e até sintomas neurológicos. Também pode acarretar o mesmo tipo de exantema da mononucleose por ampicilina. Sintomas sistêmicos predominam e adenopatia ou esplenomegalia não são frequentes Diagnóstico: PCR, sorotipos IgM e IgG, cultura histológica que identifica ascélulas citomegálicas com os famosos “olhos de coruja” EXANTEMA PAPULAR: Síndrome de Gianotti-Crosti A síndrome de Gianotti-Crosti, também conhecida como acrodermatite papular da infância, é uma erupção inespecífica Doenças Exantemáticas MARC S4 primariamente associada à infecção pelo vírus da hepatite B. Ocorre, em geral, nas crianças entre 2 e 6 anos de idade, com aparecimento súbito de uma erupção monomórfica, eritematopapular, não pruriginosa, com pápulas de 1 a 5 mm de diâmetro, com o topo achatado e que ocupa simetricamente a face, as nádegas e as extremidades. As lesões permanecem por 15 a 20 dias e depois desaparecem, deixando uma descamação. Linfonodomegalia axilar e linfonodomegalia inguinal podem ser notadas por 2 a 3meses durante o curso da doença, juntamente com hepatomegalia moderada. Nos casos relacionados com o vírus da hepatite B, as alterações de transaminases começam a aparecer 1 a 2 semanas após o aparecimento da dermatopatia. Outros agentes envolvidos nessa síndrome são os enterovírus, particularmente o coxsackie A- 16, o vírus Epstein-Barr, o citomegalovírus, o vírus da hepatite A, o vírus parainfluenza e o estreptococo beta-hemolítico do grupoA. Quando a síndrome é causada por esses outros agentes, eventualmente as lesões podem ser pruriginosas e papulovesiculare se acompanhadas de sintomas gerais como febre e mal-estar. Doenças Exantemáticas MARC S4
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