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e-Book 3 SUSANA DA SILVA CAMPOS REPRESENTAÇÃO BIDIMENSIONAL Sumário INTRODUÇÃO ������������������������������������������������� 3 PERSPECTIVA ISOMÉTRICA ������������������������ 7 Marcação de ângulos ��������������������������������������������������������� 10 Desenho de circunferência em perspectiva e cotagem em perspectiva �������������������������������������������������������������������� 11 ESCALAS ������������������������������������������������������16 Tipos de escala ������������������������������������������������������������������� 17 Escalímetro�������������������������������������������������������������������������� 19 COTAGEM �����������������������������������������������������20 Elementos da cota �������������������������������������������������������������� 20 Inscrição das cotas nos desenhos ������������������������������������ 21 DIAGRAMAÇÃO DE FOLHAS E NOTAS DE PROJETO ������������������������������������������������25 Legenda ������������������������������������������������������������������������������� 29 Notas de projeto������������������������������������������������������������������ 29 CONSIDERAÇÕES FINAIS ����������������������������31 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS & CONSULTADAS ��������������������������������������������34 3 INTRODUÇÃO Antes de mais nada, preste atenção no trecho a seguir: A fotografia representa a pedra na forma de imagem, e a explicação em texto a representa na forma de um discurso linear. Isso significa que posso imaginar a pedra se leio a fotografia, e posso concebê-la ao ler as linhas escritas da explanação. As fotografias e as explicações são mediações entre mim e a pe- dra; elas se colocam entre nós, e me apresentam a pedra� (FLUSSER, 2007, p� 111)� Como descrito no texto acima, fotografia e texto são formas de representação de algo físico e costumam ser eficientes para descrever o que está sendo representado� O desenho, no entanto, reproduz este ente físico ou traz à luz uma ideia, um propósito, algo que se deseje criar. Devemos entender desenho como linguagem comum ao designer, qualquer que seja o tipo de design que faça, em qualquer escala e materiais. Design é uma atividade que é agregada a conceitos de criatividade, fantasia cerebral, senso de invenção e de inovação técnica e que por isso gera uma ex- pectativa de o processo de design ser uma espécie de ato cerebral. Um processo criativo ele é, sem 4 dúvida. A configuração não se dá em um ambiente vazio, onde se brinca livremente com cores, formas e materiais. Cada objeto de design é o resultado de um processo de desenvolvimento, cujo andamento é determinado por condições e decisões, e não apenas por configuração. (BÜRDEK, 2006. p. 225). Para fazê-lo, lançamos mão de métodos e técnicas baseadas em teorias a séculos elaboradas e das quais nos apropriamos adaptando-as aos meios atuais de representação que vão desde técnicas gráficas de desenho à mão até meios de projeto digital� Dentre esses métodos e técnicas, temos a perspec- tiva, que pode ser de vários tipos como a paralela – axonométrica oblíqua – e cônica. Neste e-book apresentaremos o desenho em pers- pectiva, mais precisamente na perspectiva isomé- trica (um tipo de perspectiva axonométrica), que representa bidimensionalmente um objeto com a ilusão de profundidade� Este tipo de representação permite retratar cada objeto através do desenho de três de suas faces, dispostas em ângulo, no plano. Escalas gráficas também serão abordadas e são ferramentas essenciais para elaboração de desenhos e projetos, pois extrai para o objeto suas medidas reais, realizando redução ou ampliação deste numa determinada proporção com relação ao existente� 5 O desenho em escala e representando todos os detalhes do que se está representando fornece dados mais precisos para sua execução� Para informar aqueles que irão fazer uso dele – en- genheiros calculistas e projetistas de disciplinas complementares como elétrica, por exemplo, e executores – é necessário apresentar as dimen- sões cotadas, ou seja, escrevendo as medidas e as justapondo à uma linha de cota� A diagramação de folha e inserção de carimbo e notas de projeto criam um modelo de apresentação de projeto em que pode constar também a iden- tidade visual do designer� Clareza e Limpeza do desenho e sua representação em sequência lógica, facilitando sua leitura, assim como a distribuição na folha de cada parte do projeto, formando um conjunto uniforme e harmônico, além de legível, é essencial� Seja na produção de desenhos à mão ou com softwares de desenho e projeto (softwares CAD), existem padrões, normas e regras que regem o desenho técnico, algumas internacionais e outras de vigência local que devem nortear todo o pro- cesso de projeto� São normas e padrões para desenho técnico: ISO – As normas ISO (sigla para International Or- ganization for Standardization ou, em português, Organização Internacional para Padronização) são uma série de regras, criadas pela empresa 6 homônima, cujo objetivo é realizar a normatização de condutas e processos em organizações e en- tidades públicas, nos mais diferentes segmentos no mercado. Surgiram com objetivo de melhorar a qualidade de produtos e serviços. ANSI – American National Standards Institute (lite- ralmente traduz-se como “Instituto Nacional Ame- ricano de Padrões”) é uma organização particular estado-unidense sem fins lucrativos que tem por objetivo facilitar a padronização dos trabalhos de seus membros. ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas. É a organização principal do Brasil para a criação e manutenção de normalizações nos mais diversos âmbitos. Para o exercício de projeto, deve-se empregar também metodologia que pode ter embasamento teórico específico ou ser desenvolvida pelo próprio designer, que a organiza em fases projetuais, as analisa e emprega os resultados obtidos em cada uma delas durante toda a elaboração do projeto em si� Segundo estudiosos do Design podemos entender metodologia como a ciência dos métodos que são ou podem ser aplicados em projeto� Tendo tudo isso em mente, estudaremos de forma mais aprofundada sobre o desenho em escala. 7 PERSPECTIVA ISOMÉTRICA Dentro do que está consagrado sobre a perspectiva isométrica, os três eixos no espaço estão igualmente inclinados em relação ao plano de projeção, sendo assim, os ângulos formados pelos eixos projetados são iguais a 120°� A projeção ortogonal, resultante de um feixe de retas projetantes partindo do observador e sobre um plano determinado, é também o método de construção das perspectivas axonométricas – trimétrica, isométrica e dimétrica� Tratando-se da perspectiva isométrica, nela não se aplica o coeficiente de redução sobre as medidas reais, e os ângulos de fuga são de 30º� Deve ser observado que este método de perspectiva é o que produz maior distorção em relação ao modelo real, embora seja a mais utilizada pela facilidade na execução� Tendo a isometria do cubo como exemplo, na qual uma das suas diagonais é perpendicular ao plano de projeção, a sobreposição das arestas visíveis e invisíveis determina um ponto de convergência ao centro, pois seus extremos são coincidentes� 8 Figura 1: Cubo em perspectiva isométrica. 120º 120º 12 0º Fonte: Elaboração própria. As projeções das três arestas do cubo mais afas- tadas do plano vertical e que formam entre si um ângulo de 120º são chamadas de eixos isométricos� A medição neste tipo de perspectiva só pode ser executada sobre as linhas em direção isométrica, visto que estas são representadas em verdadeira grandeza, estando, portanto, as demais linhas deformadas� Para o traçado de perspectiva isométrica, utiliza-se a régua T ou paralela e esquadro de 30º. Pode-se também utilizar o papel reticulado isométrico. 9 Seguindo com a produção do desenho, é preciso decidir qual a posição em que o objeto será repre- sentado de forma a apresentar o maior número de detalhes possível�Existem basicamente dois métodos para a constru- ção do desenho em perspectiva – o da envolvente (paralelepípedo circunscrito) e o das coordenadas, tanto para o desenho à mão quanto para desenho em sistemas CAD� O primeiro consiste em construir o sólido pers- pectivado com detalhes do objeto, já o segundo método consiste em considerar um dos planos que contenha simultaneamente uma das faces do objeto e mais duas direções axonométricas, construindo a perspectiva a partir deste plano de referência, marcando todos os vértices do objeto definido por coordenadas em relação ao plano. A construção da perspectiva isométrica a partir de sua representação em vistas múltiplas é relativa- mente simples. Basta desenhar o paralelepípedo envolvente e em seguida marcar as distâncias relativas entre os diversos detalhes existentes, efetuando sua medição sempre nas direções isométricas� Caso exista um plano inclinado, deve-se traçar primeiro a interseção do plano inclinado com o paralelepípedo envolvente e só depois a interseção 10 deste plano com objeto em si. A representação de um plano oblíquo é mais complexa, embora o princípio seja o mesmo, ressaltando que duas linhas paralelas serão paralelas sempre qualquer que seja a orientação deste plano. Figura 2: Plano inclinado� 120º 120º 12 0º Fonte: Elaboração própria. MARCAÇÃO DE ÂNGULOS Ângulos não podem ser marcados em perspectiva isométrica de forma direta pois não são represen- tados em verdadeira grandeza� Devem ser transfor- mados em medidas de catetos (lados menores do triângulo) desta forma poderão ser representados 11 em verdadeira grandeza� A forma de executar esta representação é semelhante a que se utiliza para representar planos inclinados� Figura 3: Plano oblíquo. 120º 120º 12 0º Fonte: Elaboração própria. DESENHO DE CIRCUNFERÊNCIA EM PERSPECTIVA E COTAGEM EM PERSPECTIVA Circunferências em vistas planas transformam-se em elipse na isométrica, enquanto a circunferência em perspectiva isométrica é formada por quatro arcos de circunferência� 12 Sequência de construção: y Desenhe losangos envolvendo a elipse, colo- cando a face onde estas ficarão em ângulo. y Através dos losangos, trace arcos de concordância� y Transfira os arcos para a face vertical, cruzando o ponto médio de cada aresta� Figura 4: Circunferência em perspectiva isométrica� 120º 120º 12 0º Fonte: Elaboração própria. Linhas Invisíveis normalmente não são represen- tadas em perspectiva, exceto quando são estrita- mente necessárias para a compreensão do objeto, o mesmo vale para linhas de eixo, com exceção para casos de indicação de centro de furos� Já 13 cortes em perspectiva não são utilizados a não ser que estejamos impossibilitados de visualizar detalhes internos do objeto. A linha de interseção entre a superfície aparecerá quando a projeção de uma determinada face for um plano oblíquo ou superfície não plana. Figura 5: Interseção de superfícies� Fonte: Elaboração própria. Já a cotagem em perspectiva é detalhada no tó- pico cotagem� 14 Figura 6: Cotagem em perspectiva isométrica� 63 3.0 1 566. 77 779.03 Fonte: Elaboração própria. Figura 7: Encaixes em perspectiva isométrica� Fonte: Shutterstock https://www.shutterstock.com/pt/image-vector/wood-joint-construction-type-examples-educational-1907506102 15 Nos materiais aqui referenciados, temos um exemplo clássico de obra de arquitetura e os engenhos utilizados para representar e produzir uma obra de grande com- plexidade para a época� Acesse e conheça: Como Brunelleschi construiu a maior cúpula do mundo: https://www.youtube.com/watch?v=_h8B7Ww-BRI SAIBA MAIS https://www.youtube.com/watch?v=_h8B7Ww-BRI 16 ESCALAS Todo desenho, seja ele um mapa, uma carta ou uma planta, é uma representação esquemática da realidade, dando-se segundo proporções entre o desenho e a medida real� O uso da escala é essencial à correta representação do desenho, que deve ser preciso e permitir exata interpretação de suas partes� A escolha da escala a ser utilizada está relacionada com a finalidade do desenho e deve ser feita de forma que a representação o objeto esteja com todos os seus detalhes, com ampliação suficiente para visualização� As escalas são representadas da seguinte forma: E = D:R, em que D se refere ao desenho e R se refere ao tamanho real� A partir disso, a escala pode ter três tipos: natural; de ampliação e de redução� Na escala natural, a representação é 1:1 (por exem- plo, 1 centímetro no desenho vale a 1 centímetro no real nesse tipo de escala)� Já na escala de am- pliação, a representação é de X:1, em que X > 1 (por exemplo, 3 centímetros no desenho equivalem a 1 centímetro no real). Por fim, a escala de redução é representada por 1:X, em que X > 1 (por exemplo, 1 centímetro de desenho equivale a 5 centímetros 17 no real). No desenho técnico, utiliza-se a escada de redução� A seguir apresentamos as escalas de redução recomendadas: 1:2,1:5, 1:10, 1:25, 1:75, 1:20, 1:50, 1:100, 1:250, 1:200, 1:500. Abaixo apresenta-se as escalas que precisam ser utilizadas no desenho técnico, retirada da NBR 16752, que é a Norma norteadora para essa relação. Tabela 1: Escalas padrão por tipo� Redução Natural Ampliação 1:2 1:1 2:1 1:5 5:1 1:10 10:1 As escalas desta tabela podem ser reduzidas ou ampliadas a razão de 10� Fonte: Adaptada da NBR 16752. 2020. TIPOS DE ESCALA Existem dois tipos de escalas: Tabela 2: Tipos de escala� Numérica É o número que informa quantas vezes o desenho é menor (ou maior) que o objeto que está sendo representado. Exemplo: Escala 1:5 – cada 1 cm do desenho corresponde a 5 cm do objeto real. 18 Gráfica É a representação através de um gráfico pro- porcional à escala utilizada. É utilizada quando for necessário reduzir ou ampliar o desenho por processo fotográfico. Assim, se o desenho for reduzido ou ampliado, a escala o acompanhará em proporção. Para obter a dimensão real do desenho basta copiar a escala gráfica numa tira de papel e aplicá-la sobre a figura. Por exemplo, a escala gráfica correspondente a 1:50 é represen- tada por segmentos iguais de 2 cm, pois 1 metro (100cm) / 50 = 2 cm. Para o desenho da escala gráfica de transversais é necessário, inicialmente, identificar qual a esca- la numérica que servirá de base para a constru- ção da escala gráfica. (MONTENEGRO, 2001). Fonte: Elaboração própria. Figura 8: Exemplo de Escala gráfica. -1 0 1 2 3 Fonte: Elaboração própria. Em escalas gráficas o número 1 se refere a (um) metro. Desta forma se dizemos que o desenho foi executado na escala 1:5, que dizer que quando este teve a medida de um metro reduzida cinco vezes, sendo o valor da unidade de medida gráfica igual a 1/5 = 0,20 m ou 20 cm. Se o desenho for executado em escala 1:1, o objeto estará sendo representando em seu tamanho natural, ou seja, a escala 1:1 corresponde à escala natural� Segundo a Norma NBR 8196, a palavra “escala” pode ser abreviada na forma “ESC”. A escala deve 19 estar indicada na legenda da folha de desenho� Quando for necessário o uso de mais de uma escala na folha de desenho, além da escala geral, estas devem estar indicadas junto à identificação do detalhe� ESCALÍMETRO O escalímetro é um instrumento de desenho téc- nico (régua) que é utilizado para medir e executar representações em escalas ampliadas ou reduzidas� Seu uso permite que sejam representadas no papel as dimensões gráficas de um objeto ou espaço em escala real, mantendo a proporcionalidade entre ambos. É encontrado em três formatos diferentes, cada um contendo escalas diversas apropriadas para cada uso: y Nº 1: 1:20, 1:25, 1:50, 1:75, 1:100, 1:125. y Nº 2: 1:100, 1:200, 1:250, 1:300, 1:400, 1:500. y Nº 3: 1:20, 1:25, 1:33, 1:50, 1:75, 1:100. 20 COTAGEM Além da representação da forma, é preciso quan- tificar o objeto informando com exatidão suas dimensões. A forma de fazê-lo é através da ins- crição das cotas� A colocação das cotas no desenho deveseguir norma específica, a NBR 10126. ELEMENTOS DA COTA A tabela a seguir vai demonstrar e explicar os elementos da cota: Tabela 3: Elementos da cota� Cota São números que indicam as dimensões lineares ou angulares de um objeto. No sistema métrico, a unidade de medida pode ser metro, centímetro ou milímetro� A unidade de ângulos é o grau (º)� Linha de chamada Linha em traço contínuo fino, normalmen- te perpendicular à linha de cota e que a ultrapasse ligeiramente, tendo como ponto de origem o objeto a cotar. Linha de cotas Linhas retas ou arcos, com setas ou ou- tro marcador nas extremidades, em traço contínuo fino, paralela à linha externa do objeto a cotar. Marcadores Setas, traços ou outros, que são termina- ções da linha de cota� 21 Símbolos complementares da cota, indicam característica do elemento a ser cotado, melhorando a interpretação do desenho, alguns exemplos são o diâmetro – Ø – e o raio – R� Fonte: Adaptado da NBR 10126. 1987. INSCRIÇÃO DAS COTAS NOS DESENHOS Para se inscrever cotas nos desenhos, é necessá- rio seguir um conjunto de regras que têm como objetivo padronizar a inscrição e facilitar a inter- pretação delas� Regras gerais para inscrição de cotas Adaptado da NBR 10126, citado por Arlindo Silva (2010), abaixo estão as regras para inscrição de cotas: 1) As cotas indicadas num desenho devem ser sempre as cotas reais, independentemente da escala adotada� 2) A cor dos caracteres, assim como todos os outros elementos da cota, deve ser representada em preto� 3) A dimensão dos caracteres deve ser adequada à sua legibilidade. Em programas CAD, o tamanho do texto na cota é automático em função do tamanho da folha de papel, mas também passível de ajuste. 22 Todos os algarismo e letras que façam parte das cotas devem ter o mesmo tamanho� 4) Nenhuma cota necessária para a definição da peça pode ser omitida� 5) Os objetos num desenho devem ser cotados preferencialmente na vista onde se verifica maior número de detalhes� 6) Devem ser evitados, sempre que possível, cru- zamento de qualquer das linhas de cotas. 7) As cotas devem ser localizadas preferencialmen- te externa aos contornos do objeto a ser cotado. Caso seja necessário informar medidas internas ao objeto, pode-se localizar as cotas internamente a este� 8) Localizar as cotas o mais próximo possível do detalhe a cotar, mantendo-se sempre a mesma distância para todas as cotas� 9) Cada parte do objeto deve ser cotado apenas uma vez, independentemente do número de vistas� 10) A cota deve ser posicionada sobre a linha de cota, de preferência no ponto médio, paralela a esta� 11) Os algarismos das cotas não devem estar sobrepostos ou separados. Nesses casos, devem ser deslocados para a direita ou esquerda. 23 12) Em todo o desenho deve ser utilizada sempre a mesma unidade de medida� 13) As cotas podem ser indicadas junto à seta ou com a linha de cota interrompida, para evitar linhas muito longas ou cruzamento de linhas� 14) Quando o espaço para a colocação da cota não for suficiente, esta deve ficar logo abaixo da linha de cota e ligada a ela através de uma linha de referência� 15) As cotas devem ser orientadas sempre em relação à legenda da folha de desenho, de forma que possam ser lidas em duas direções perpen- diculares entre si� Critérios de cotagem 1) Cotas em série – Quando as cotas são dispos- tas em sequência e alinhadas. 2) Cotas em paralelo – Cotas dispostas numa mesma direção, tendo todas a mesma origem� 3) Cotas em paralelo com linhas sobrepostas – Esta forma de disposição das cotas se dá quando cada trecho a ser cotado tenha sua própria origem e fim, e no caso de possibilitar melhor legibilidade. 4) Cotas por coordenadas – Utilizada quando no objeto existirem elementos de forma ou dimensão idênticas. Executa-se uma numeração para estes 24 elementos e ao lado exibe-se uma tabela com as dimensões� 5) Cotas por elementos equidistantes – Utilizada quando no desenho houver elementos equidistantes. Indica-se o espaço entre os elementos e número de elementos� 6) Cotas de elementos repetidos – Quando no desenho houver vários elementos iguais, pode-se cotar apenas um deles e indicar a quantidade. Se a repetição de elementos se der de forma uniforme e não progressiva, identificá-los com letras mai- úsculas e apresentar uma tabela especificando as dimensões� 7) Cotas de chanfros e furos – Cotagem de furos é feita simplesmente indicando o diâmetro deste� No caso de chanfros (corte diagonal para forma- ção de ângulos em bordas), pode-se fazer uma cota linear de comprimento ou traçar uma linha de chamada e indicar o ângulo do chanfro� 8) Cotas fora de escala – Ocorre quando após a realização do desenho houver alterações de me- didas do objeto. Neste caso, altera-se a cota, mas somente se isso não acarretar erros de interpretação� 25 DIAGRAMAÇÃO DE FOLHAS E NOTAS DE PROJETO A apresentação do projeto na folha deve ser orga- nizada de forma a produzir conjunto claro, legível e equilibrado. Isso é feito através da distribuição de consequente ocupação do espaço da folha com itens gráficos e textuais, que é a diagramação propriamente dita� Cheios e vazios, espaços em branco entre itens e formação de massa de dados tem que ser distri- buídos resultando num todo coeso e coerente, de visual agradável e passível de entendimento� Cores, grafismos e destaques devem estar presentes em harmonia com o objeto representado, produzindo um todo dinâmico em que a ênfase seja o que sendo projetado em si� Primeiramente, deve-se decidir a quantidade de informação que estará presente na folha a partir da escala de projeto adequada. Neste ponto, é possível saber quantas folhas de projeto serão utilizadas. Parte-se então para a divisão do espaço da folha em áreas, de preferência de mesmo tamanho, mantendo a proporcionalidade na apresentação dos itens de projeto� 26 Figura 9: Exemplo de diagramação em folha� Fonte: Shutterstock O que se deve ter em mente é o que pretendemos comunicar com o conjunto de informações gráfi- cas e não gráficas exibidas na folha de projeto, de forma eficiente e sempre procurando ter qualidade de informação e não apenas quantidade. https://www.shutterstock.com/pt/image-illustration/technical-drawing-3d-model-perspective-orthogonal-2045711336 27 Figura 10: Apresentação de projeto� Fonte: Shutterstock As informações constantes da folha de projeto devem estar integradas, permitindo tanto a leitura de uma parte específica do projeto como do todo, além de ter ligação com o que será apresentado na folha seguinte� Ordem, ritmo e equilíbrio são aspectos importantes na diagramação e preenchimento do espaço em branco disponível. As normas técnicas devem ser utilizadas como balizadores, ou seja, definindo a forma correta de apresentar o projeto, sendo a NBR 10068 a mais https://www.shutterstock.com/pt/image-illustration/sketch-drawing-sports-car-nonbranded-concept-129121721 28 importante neste momento� Ela padroniza as pro- priedades dimensionais e de layout das folhas a serem utilizadas em desenhos técnicos� Determina diretrizes de posição e dimensão da legenda, mar- gem e quadro, marcas de centro, escala, marcas de corte, figuras. O formato escolhido não pode prejudicar a re- presentação do desenho, sendo recomendável a utilização do menor tamanho possível, orientando a folha na vertical ou horizontal, conforme o caso� Os formatos mais utilizados são os da série “A” que produzem dimensões padronizadas� Os formatos que não se enquadram na série A são chamados formatos especiais, com largura e comprimento correspondente a múltiplos de um formato padrão� Tabela 4: Tamanhos para folhas da série A� Em milímetros (mm) Em polegadas (pol) A5 148 x 210 5,8 x 8,3 A4 210 x 297 8,3 x 11,7 A3 297 x 420 11,7 x 16,5 A2 420 x 594 16,5 x 23,4 A1 594 x 841 23,4 x 33,1 A0 841 x 1189 33,1 x 46,8 Fonte: Adaptado de Tamanhos de Papel� https://www.tamanhosdepapel.com/a-papel-tamanhos.htm29 LEGENDA Deve estar localizada dentro da margem, no canto infe- rior direito da folha, com direção que corresponda à do desenho e contendo as seguintes informações: y Título; y Escala métrica de referência; y Unidade dimensional utilizada; y Data de realização do desenho; y Número de registro; y Nome da empresa proprietária; y Nome do desenhista ou projetista e; y Número da folha e total de folhas� Largura da legenda – 178 mm para formatos de A4 a A2 e 175 mm para A1 e A0. Margens – Espaços entre o limite da folha e sua área interna, sendo iguais para as folhas de A4 a A2, e com outros valores para as folhas A1 e A0, que se repetem para ambos os formatos. Para maiores informações sobre legenda e apresentação de folha para desenho técnico, as normas norteadoras são a NBR 13242 – Dobramento de folhas – e a NBR 10582 – Apresentação da folha para desenho técnico. NOTAS DE PROJETO São informações complementares, normalmente rela- cionadas com a legislação local ou notas técnicas de referência para execução, que devem ser inseridas em área acima do carimbo. 30 Em softwares CAD pode-se criar folhas padrão com carimbo e legenda editáveis à medida que a folha é in- serida em projeto, entretanto, as definições das normas devem ser seguidas independentemente se o desenho é à mão ou no CAD� O conjunto de documentos que compõe a apresentação de projeto de design contém também gráficos, diagra- mas, tabelas e textos explicativos. Todos estes documentos devem ser executados segun- do um padrão gráfico em que estão definidas fontes de texto a serem usadas e seus tamanhos, cores e suas combinações em estilo visual compatível com o tipo de projeto ou proprietário e meio onde se irá divulgar ou apresentá-lo. Cuidados como criação de um roteiro de apresentação que o fará de forma lógica e de fácil entendimento por parte do tipo de público que irá ter acesso ao projeto. Outros fatores como inclusão de uma linguagem própria e possibilidade de acesso a todos mesmo que com li- mitações visuais e outras, por exemplo, podendo fazer parte da apresentação trechos narrados sempre em consonância com o objetivo principal do projeto que está se desenvolvendo� Tanto com desenhos produzidos à mão quanto com os produzidos em CAD, é possível criar excelentes conjuntos de folhas de projeto inclusive em ambientes de projeto colaborativos. 31 CONSIDERAÇÕES FINAIS Neste e-book estudamos o método de desenho de perspectiva isométrica e seu uso como ferramenta de concepção e apresentação de projetos� Um objeto em perspectiva isométrica está represen- tado de forma mais completa, uma vez que esta complementa as vistas ortogonais e facilita a sua compreensão� Por exibir o objeto através de três de suas faces, cria a ilusão de 3D, mesmo sendo ainda um dese- nho bidimensional. Técnicas gráficas auxiliam no processo de projeto e na criação de sua documentação, formando um conjunto completo e elucidativo de acordo com suas características formais� Um projeto de design se dá em várias etapas, sendo a etapa de traduzir em desenhos o que foi idealizado de fundamental importância, pois é o que comunica e informa as partes integrantes do processo – designers, projetistas, fabricantes, clientes, público-alvo das intenções de projeto. Documentação complementar como manuais técnicos também devem ser parte da elaboração 32 gráfica empregada no projeto em si. Toda e qualquer informação relativa ao projeto deve ser produzida numa mesma linguagem escrita e gráfica, pois compõe o design geral� Estudamos também o emprego de escalas, que é forma que temos para representar objetos em proporções reduzidas em desenho, que irão repre- sentá-lo em detalhes que de outra forma não seria possível sua visualização� Escolher a escala adequada para cada tipo de de- senho é importante para sua correta interpretação� As cotas são fundamentais na produção de dese- nhos técnicos, uma vez que trazem as dimensões do objeto projetado e sem as quais não seria pos- sível sua compreensão ou execução� Devem ser seguidas determinadas regras para sua execução para que contribuam com a clareza e legibilidade da informação que constará nos desenhos. Folhas de projeto são parte do conjunto de docu- mentos deste e, assim como escalas e cotas, devem seguir o que determinam as normas específicas para desenho técnico citadas neste e-book. Diagramar o espaço da folha executando eficiente distribuição de toda informação seja ela desenho, 33 texto ou outros como tabelas é tarefa para qual deve ser dedicada atenção pois uma informação errada, incompleta ou ilegível compromete o entendimento do projeto, podendo comprometer sua execução� A identificação de projeto segue também o que diz a norma e deve ser a mais completa possível� A inserção de quaisquer informações na folha de projeto deve ser feita com critério, pois represen- ta quem executa o projeto, o proprietário deste e outros envolvidos no projeto� Pode-se com todos estes direcionamentos contro- lar as etapas de projeto, desde a concepção até a sua execução com maiores chances de bons resultados, o que também está ligado à qualidade do que foi projetado, por isso, estude bastante esse e-book e, se possível, consulte as normas citadas no decorrer desta unidade� Referências Bibliográficas & Consultadas ABNT. Catálogo ABNT� Disponível em: https:// www.abntcatalogo.com.br/� Acesso em: 19 out� 2021� BURDEK, B. E. Design: História, Teoria e Prática do Design de Produtos. São Paulo: Blucher, 2006. CURTIS, B. Desenho de observação� 2� ed� Porto Alegre: AMGH, 2015. [Minha Biblioteca]. CRUZ, M. D. da; MORIOKA, C. A. Desenho técnico: medidas e representação gráfica. São Paulo: Érica, 2014. [Minha biblioteca]. FERNANDO, P� H� L� et al� Desenho de perspectiva� Porto Alegre: SAGAH, 2018. [Minha biblioteca]. FLUSSER, V� O mundo codificado: por uma filosofia do design e da comunicação. 1. ed. São Paulo: Cosac Naify, 2007� FRENCH, T� E� Desenho Técnico e Tecnologia Gráfica. São Paulo: EDITORA GLOBO, 1989. GIESECKE, F. Comunicação Gráfica Moderna. São Paulo: Editora Bookman, 2008. https://www.abntcatalogo.com.br/ https://www.abntcatalogo.com.br/ LOBO, R. N. Técnicas de representação bidimensional e tridimensional: fundamentos, medidas e modelagem� São Paulo: Érica, 2014� [Minha Biblioteca]. MICELLI, M� T�, FERREIRA, P� Desenho Técnico – Básico. 3. ed. Rio de Janeiro: Imperial Novo Milênio, 2008� MONTEIRO, S. E.; TIBURRI, R. A. B.; SOUZA, J. P� de� Representação gráfica. Porto Alegre: SAGAH, 2019. [Minha biblioteca]. MONTENEGRO, G. Desenho Arquitetônico� São Paulo: Blucher, 2001. RIBEIRO, A. C. Desenho técnico e AutoCAD� São Paulo: Pearson Education do Brasil,2013; [Biblioteca Virtual]. SANTOS, J. C. C. dos; OGAVA, C. de C. das D�; OLIVEIRA, P� D� de� Representação bidimensional� Porto Alegre: SAGAH, 2019. [Minha Biblioteca]. SILVA, A� Desenho Técnico Moderno� Rio de Janeiro: LTC, 2010� WAGNER, J. et al. Projetos bidimensionais auxiliados por computador� Porto Alegre: SAGAH, 2018. [Minha biblioteca]. Introdução Perspectiva Isométrica Marcação de ângulos Desenho de circunferência em perspectiva e cotagem em perspectiva Escalas Tipos de escala Escalímetro Cotagem Elementos da cota Inscrição das cotas nos desenhos Diagramação de folhas e notas de projeto Legenda Notas de projeto Considerações finais Referências Bibliográficas & Consultadas
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