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Ingrid Bizan e Giovana Gavioli COMPREENDENDO O MUNDO DOS NEGÓCIOS Sumário INTRODUÇÃO ������������������������������������������������� 3 IDENTIFICANDO IDEIAS E AVALIANDO OPORTUNIDADES ������������������������������������������ 5 Buscando novas ideias ������������������������������������������������������� 11 CONCEITOS BÁSICOS SOBRE NEGÓCIOS E EMPRESAS �����������������������������18 A influência dos ambientes ������������������������������������������������ 19 Dificuldades durante o caminho do negócio �������������������� 22 CONSIDERAÇÕES FINAIS ����������������������������33 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS & CONSULTADAS ��������������������������������������������35 2 INTRODUÇÃO Agora você entrará no mundo dos negócios! Primei- ramente vamos abordar o processo de geração de ideias, diferenciando-o do conceito de oportunidade de negócio e salientando a importância de cada um. Também vamos conhecer algumas técnicas utilizadas para criar ideias, assim como algumas dicas para facilitar o processo de geração delas. A seguir, você conhecerá os conceitos básicos sobre negócios, como os ambientes macro e micro podem influenciar os negócios e as dificuldades que o empreendedor pode encontrar pelo caminho, impedindo ou dificultando a chegada ao sucesso. Na sequência será apresentado o conceito de em- presa, sua classificação em porte e suas fases. Para finalizar, serão apresentadas observações iniciais sobre microempreendedor individual, promovendo o conhecimento, principalmente àqueles que de- sejam empreender um dia e não se encaixam no porte de empresa. Durante a leitura, serão apresentados materiais extras através de caixas complementares e pod- casts, que trazem conteúdo para aprimorar seu conhecimento por meio de reportagens ou exem- plos reais de empreendedorismo. 3 Este material tem como objetivo apresentar a você o mundo dos negócios e das empresas, promovendo a discussão sobre o papel fundamental das ideias e das oportunidades no processo empreendedor, além de incentivar a busca por mais conhecimento na área. 4 IDENTIFICANDO IDEIAS E AVALIANDO OPORTUNIDADES O primeiro momento do processo de empreender é identificar uma ideia e avaliar as oportunidades de negócio, tendo em mente que são coisas distintas. A ideia não é necessariamente única, enquanto a oportunidade é, sendo o mais importante de- finir como o empreendedor vai utilizar sua ideia, transformando-a em produto ou serviço (DORNE- LAS, 2018)� O empreendedor precisa saber que por mais que sua ideia seja boa ela nunca será única no mun- do dos negócios e que concorrentes aparecerão. Sendo assim, é importante que o empreendedor discuta sua ideia com pessoas de confiança, para que a mesma seja analisada sob outro ponto de vista, além de criar possibilidades de testá-la junto a clientes em potencial, com amigos ou com ou- tros empreendedores que sejam mais experientes (DORNELAS, 2018). Ideias surgem aos montes e sozinhas não chegam a lugar nenhum no mundo dos negócios. O importante é discuti-las, avaliando as possibilidades de desenvolvimento a partir da identificação de oportunidades de negócio para elas, somente assim o empreendedor saberá se 5 vale a pena continuar ou não com o projeto. Para Mendes (2017), muitas ideias podem surgir de maneira inesperada, mas cabe ao empreendedor ter perspicácia para analisar e entender a oportu- nidade como possibilidade de negócio. De maneira simples, se existe cliente para o que sua ideia se propõe a oferecer, seja produto ou serviço, existe oportunidade. As oportunidades, muitas vezes, podem ser úni- cas, e o empreendedor pode não as notar, seja para desenvolver um produto novo, conquistar um novo mercado ou estabelecer parcerias para seu negócio. Dornelas (2018) apresenta um caso real, que nos dá a noção da diferença entre uma ideia e uma oportunidade e o quanto esta última é importante para o sucesso do negócio: O caso é sobre um grupo de empreendedores jovens que desenvolveram um software de automação comercial para pequenos estabelecimentos. O de- sejo era desenvolver um software o mais completo possível, com várias funcionalidades, sendo possível customizá-lo para cada cliente. Acreditavam que essa customização seria um diferencial na hora de conquistar os clientes. Inicialmente, conseguiram clientes que aceitaram financiar o desenvolvimento do primeiro módulo, porém cada cliente tinha uma necessidade que queria ver atendida pelo produto. Assim, já começaram o empreendimento com 6 problemas, pois não conseguiam atender a todos os clientes com suas particularidades. Também por isso, não conseguiam aumentar a carteira de clientes, pois eram apenas três pessoas na equipe. Sem aumentar a receita com a captação de novos clientes, pois não havia mão de obra suficiente para atender, o trabalho estava atrasado. Ao mesmo tempo, um empreendedor da área de informática visitou um dos clientes, viu o software e gostou da ideia, iniciando o desenvolvimento de um software básico de automação, sem muitas funcionalidades e sem a customização. Pronto! O empreendedor estabeleceu parcerias com sindicatos, que pas- saram a recomentar o software, e isso fez com que suas vendas se multiplicassem. Assim foi possível contratar mais funcionários e dar suporte aos clientes, ampliando os serviços ofertados com novos módulos. Na contramão disso, os jovens empreendedores que desenvolveram a ideia ini- cialmente tiveram que encerrar as atividades por não conseguir atender os seus primeiros clientes com suas particularidades no software. Fica claro aqui que a ideia dos jovens era uma boa ideia de negócio, porém estes não souberam identificar a oportunidade com a necessidade de atendimento do mercado, o que foi feito por outro empreende- dor mais experiente. Podemos concluir que nem sempre ter a ideia primeiro é garantia de sucesso, mas sim identificar a necessidade do mercado e 7 saber atendê-la antes de qualquer outro. Isso é a oportunidade de negócio. Conhecer o mercado para o qual se deseja desenvol- ver a ideia de negócio é essencial ao empreendedor que almeja sucesso. Planejar como vai desenvolver essa ideia também é uma fase importante, além de identificar suas fraquezas e deficiências, bem como avaliar os concorrentes potenciais e proteger suas ideais (DORNELAS, 2018). Para auxiliar nessa identificação do mercado e da oportunidade, Dornelas (2018) apresenta algumas questões que devem ser respondidas pelo empre- endedor inicialmente. Caso não consiga responder, terá somente uma ideia e não uma oportunidade: y Quem são os clientes que comprarão o serviço ou produto? y Qual o tamanho do mercado em número de clientes? y Esse mercado está crescendo, estável ou parado? y Atualmente já existe alguém atendendo a esses clientes, ou seja, já existem concorrentes? O Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empre- sas (Sebrae) também coloca algumas questões para serem respondidas pelo empreendedor que o auxiliará na análise da oportunidade de negócio: 8 y Realmente existem interessados em comprar o que o negócio se propõe a vender? y O preço que estão dispostos a pagar compensa todos os custos e ainda gera lucro? y Esse lucro, ao longo do tempo, compensa to- dos os gastos investidos no negócio e gera algum retorno ao empreendedor? y O empreendedor está disposto a mudar seu estilo de vida, caso o mesmo venha a ser alterado por seu negócio? Mendes (2017) também salienta a importância de se estudar a oportunidade encontrada antes de se tomar a decisão em relação a empreender ou não, sendo que, para isso, faz-se necessário desenvolver- -se um projeto que permita avaliar de forma clara o novo negócio, descrevendo o produto ou serviço de forma detalhada, avaliando a necessidade de uma equipe para desenvolver e detalhar o máximo possível as atividades e recursos necessários para se viabilizar o negócio, bem como o capital que será investido e os possíveis concorrentes.Importante termos em mente que não existem téc- nicas formais para identificar oportunidades. Esse processo resulta da percepção e conhecimento do empreendedor em relação ao produto ou serviço e: [...] envolve prestar atenção à criação e ao alcance da oportunidade, seu valor real e seu valor perce- 9 bido, seus riscos e possibilidades de retorno, sua adequação às habilidades, às metas e aos objetivos pessoais e sua vantagem competitiva em relação aos demais negócios existentes no mercado. Antes de decidir ir em frente ou não, é importante com- preender os verdadeiros motivos da oportunidade. Finalmente, uma oportunidade deve ser avaliada sob o ponto de vista do aproveitamento das habi- lidades e dos objetivos pessoais do empreendedor (MENDES, 2017). Outra dica valiosa é que a ideia deve ser dirigida a um mercado que o empreendedor conheça bem, em áreas que domine ou nas quais já possua experiên- cia profissional (DORNELAS, 2018). Se o empreen- dedor tiver paixão por uma área que desconheça tecnicamente, mas é seu desejo de negócio, deve buscar capacitação e adquirir experiência naquilo que lhe dá motivação para se dedicar. Assim terá condições de colocar uma ideia ligada à área em prática, por meio de um planejamento adequado e aproveitando as oportunidades vislumbradas no mercado. Estudar e planejar são as atividades iniciais para quem deseja empreender e ter um negócio próprio. Aprofundar- -se no tema e conhecer casos de sucesso ajudam a SAIBA MAIS 10 trilhar o caminho do empreendedorismo, de forma a pular-se obstáculos que outros já enfrentaram ante- riormente. Vamos te ajudar dando um pontapé inicial com a reportagem: Você foi mordido pelo bichinho do empreendedorismo? Siga essas dicas, que auxilia quem deseja iniciar esse longo processo, com algumas dicas valiosas. Acesse através do link: https://revistapegn. globo.com/Como-comecar/ noticia/2018/11/voce-foi- -mordido-pelo-bichinho-do-empreendedorismo-siga- -essas-dicas.html Ter talento e vocação para os negócios são ca- racterísticas atribuídas aos empreendedores de sucesso. Mas sabemos que de nada adianta ter essas características se não houver preparo e dedi- cação. O talento pode advir do estudo e do preparo e requer dedicação para que o negócio resulte em sucesso. Assim foi com vários empreendedores, incluindo Bill Gates. Para conhecer como Gates conheceu a programação, que resultou na Micro- soft, atente-se ao podcast 1 e se inspire. Acesse o Podcast 1 em módulos BUSCANDO NOVAS IDEIAS Para gerar uma ideia não basta ser somente criativo, como muitos pensam, ou esperar algo aparecer na mente de repente: uma lâmpada que surge na cabeça, como nos desenhos infantis. A busca por novas ideias de negócio e oportunidades reais 11 de mercado ocorre por meio de pesquisa, leitura, análise, discussão, estudo e observação de tudo que ocorre no mundo. A informação é a matéria- -prima principal para quem deseja empreender. Mendes (2017) acredita que quanto maior o volu- me de informações maior será a possibilidade de gerar novas ideias e avaliar as oportunidades. Já Dornelas (2018) afirma que as novas ideias apa- recem quando a mente está preparada para isso, onde qualquer fonte de informação será ponto de partida para o surgimento de novas ideias. Sendo assim, este último salienta a importância de se manter bem informado, principalmente nos dias de hoje, em que a informação está ao alcance de todos e sob diversas formas, como na televisão, rádio, revistas, jornais, livros, sites e outros meios de comunicação (DORNELAS, 2018). Técnicas e dicas auxiliam o empreendedor a de- senvolver, avaliar e selecionar as ideais e oportu- nidades, tendo em vista o volume de informações disponíveis nos dias de hoje. Algumas dessas dicas são apresentadas por Dornelas (2018) como: 1) Conversar com pessoas de todos os níveis sociais e idades, sobre os mais variados temas, também pode trazer novas ideias de produtos e serviços. 12 2) Pesquisar novas patentes e licenciamentos de produtos, em áreas nas quais o empreendedor tenha a intenção de atuar com um novo negócio. 3) Estar atento aos acontecimentos sociais de sua região e até mesmo do mundo. 4) Observar tendências, preferências da popu- lação, mudanças no estilo e padrão de vida das pessoas e hábitos. 5) Visitar institutos de pesquisa, universidades, feiras de negócios, conferências e congressos da área. Avaliar os negócios que estão surgindo em outras empresas ou buscar saber o que os clientes estão querendo também são possibilidades de encontrar- -se uma ideia ou uma oportunidade de negócios. O importante é estar atento a tudo que está acon- tecendo, bem como às tendências tecnológicas que são apresentadas no mercado diariamente. Faz parte do papel do empreendedor de sucesso estar atualizado, sempre. Encontrar função para algo que não deu certo também é uma maneira de empreender e gerar novos negócios. Foi assim que surgiu o famoso papelzinho que cola e descola, o Post-it. Acesse o podcast 2 e conheça um pouco mais sobre essa outra técnica de gerar ideias. 13 Acesse o Podcast 2 em módulos Em relação às técnicas, Dornelas (2018) indica uma bastante conhecida e fácil de aplicar, o méto- do de brainstorming. Na tradução literal, significa tempestade cerebral e se baseia na estimulação das pessoas a gerarem novas ideias em grupo, a partir de regras preestabelecidas, como: Figura 1: Regras brainstorming. Ninguém pode criticar outras pessoas do grupo, sendo todos livres para expor as ideias que vierem à cabeça. Também podem dar sugestões baseadas em ideias anteriores de outras pessoas. Em cada rodada todos os participantes devem dar uma ideia a respeito do tema em discussão. Crie rodadas para a geração de ideias, quanto mais rodas entre os participantes melhor. Não deve haver um líder e a sessão deve ser divertida, garantindo-se apenas que todos participem. Brainstorming Fonte: Elaboração própria. Uma outra maneira de se fazer as ideias surgirem é por meio da resolução de problemas. As solu- 14 ções para um problema ou uma necessidade real também são consideradas ideias, que levam o empreendedor a boas oportunidades de negócio. Para Mendes (2017), “as oportunidades surgem de uma nova maneira de resolver um problema ou determinada situação”, ou, ainda, “com a solução em mente, as oportunidades se abrem”. Colocar em prática requer que o empreendedor foque na solução e não no problema, além de avaliar se a solução atende a um grande número de pessoas, pois só assim poderá se tornar um novo negócio. Mendes (2017) propõe a prática dessa técnica por meio do raciocínio lógico, que se dá com a avaliação inicial das seguintes questões: y dentificando-se o problema, pensar na solução, mesmo que ela não dependa somente de você. y Ao identificar a solução, verifique se é possível adotá-la para que o problema seja resolvido como um todo. y Se é possível ganhar dinheiro com essa solu- ção, faz-se necessário planejar como essa solução poderá se transformar em um negócio. O mapa mental é outra técnica muito utilizada para a geração de novas ideias ou para organizá-las a partir de ramificações que representam a ligação de uma palavra à outra. Se o empreendedor já tem a ideia em mente, basta escrevê-la no centro de um papel ou documento eletrônico e, a partir de então, 15 escrever ao redor tudo que aparecer em mente e que diz respeito a essa ideia. Após esgotar o sur- gimento de informações, o empreendedor analisa tudo que escreveu e ordena de maneira lógica. Também serve para organizar o brainstorming. A seguir, o modelo gráfico do mapa mental: Figura 2: Mapa Mental. Palavra associada 1 Palavra associada 3 Palavra associada 2 Palavra associada 4 Palavra chave Fonte: Elaboração própria. Finalizando este tópico, Mendes (2017) salienta a importância de não se deixar morrer as ideias, pois estas são transformadas em oportunidades,16 as quais vão movimentar a economia, e que nem todas as técnicas e métodos comprovados são 100% adequados. Muitas vezes a oportunidade está na possibilidade de enxergar benefícios onde os demais enxergam somente prejuízos. 17 CONCEITOS BÁSICOS SOBRE NEGÓCIOS E EMPRESAS A partir do momento em que se decide empreender, colocando-se a ideia e a oportunidade em prática, sendo dono do próprio negócio, um mundo de decisões, planejamento e muita dedicação chega ao empreendedor, que deve estar preparado para enfrentar os desafios que virão. Esse preparo requer conhecimento e estudo, principalmente do negócio que se quer propor. Mas, afinal, o que significa o termo negócio? Diversos conceitos são discutidos nas literaturas, acadêmicas ou não, e Chiavenato (2012) apresenta o negócio de forma clara como sendo “um esforço organizado por determinadas pessoas para produzir bens e serviços, a fim de vendê-los em um determinado mercado e alcançar a recompensa financeira do seu esforço”. Um negócio envolve uma cadeia complexa, con- tendo fornecedores, clientes, entradas, processos e saídas, que produza um produto ou serviço em resposta à oportunidade do mercado, que podem ser (CHIAVENATO, 2012, p. 26): y Produtos: bens de produção, como máquinas, componentes etc.; bens para consumo, como ali- mentos, eletrodomésticos, roupas etc. 18 y Serviços: bancos, cinemas, escolas, restau- rantes, hospitais etc. Ainda segundo Chiavenato (2012), um negócio tem como objetivo lucrar com a venda de produtos ou com a oferta de serviços, atendendo às necessida- des dos clientes. Sendo que essa venda ou oferta de serviços pode acontecer por diversos meios, como diretamente ao consumidor ou através de uma loja física e até virtual nos dias de hoje. O negócio pode buscar atender a um novo mer- cado, por meio do fornecimento de produtos ou serviços ainda inexistentes, pode apresentar uma nova tecnologia que impacte os processos de de- senvolvimento de algo que já existe, diminuindo tempo ou custo de fabricação, dar uma nova fun- ção ou design a produtos mais antigos, ou ainda aprimorar algo que já está no mercado, atendendo a um pedido do consumidor ou tentando angariar novos consumidores (MENDES, 2017). A INFLUÊNCIA DOS AMBIENTES Assumir vários riscos, como em relação ao ca- pital financeiro investido, ao tempo e ao esforço dispendido, também faz parte do empreendedor que inicia um novo negócio, assim como avaliar os ambientes micro ou macro que o cercam. 19 O ambiente macro é composto por diversas va- riáveis que interagem entre si, como as variáveis econômicas, sociais, tecnológicas, culturais, legais, ecológicas etc., causando impacto nos negócios (CHIAVENATO, 2012). A seguir, exemplos dessas variáveis: 20 Figura 3: Variáveis econômicas. Econômicas: período de desenvolvimento ou recessão, renda per capita, produto interno bruto (PIB), juros, preços, inflação, câmbio, balança comercial etc. Sociais: nível de emprego, educação e saúde, bem como a segurança e o bem-estar, entre outros no ambiente social dos seres humanos. Tecnológicas: desenvolvimento de novos métodos e processos de fabricação, assim como novas máquinas e equipamentos. Culturais: arte, expectativa e tipo de vida. Legais: leis e normas que regulamentam ou impactam de alguma maneira os negócios. Ecológicas: ligadas ao meio ambiente e à sustentabilidade de cada região, pensando no im- pacto aos recursos naturais, como água, terra, clima etc Fonte: Elaboração própria. 21 Já o ambiente micro é também denominado am- biente de tarefa ou de operações da empresa, onde estão os mercados diretos e por onde se obtém recursos e se comercializa seus produtos ou ser- viços (CHIAVENATO, 2012). A seguir, exemplos desses setores: y Fornecedores: quem fornece os recursos ou insumos para o desenvolvimento do negócio, po- dendo ser financeiros, materiais, tecnológicos etc. y Clientes: destinatário final dos produtos ou serviços. y Concorrentes: outras empresas que disputam os mesmos clientes e até os mesmos fornecedores. y Agências reguladoras: mantêm reguladas as operações dos negócios, fiscalizando e monito- rando o desenvolvimento das operações, como sindicatos e outros órgãos governamentais. Percebe-se, assim, que os negócios terão que en- frentar ambientes que sofrem alterações de forma constante e intensa. Cabe ao empreendedor estar preparado e atento aos ambientes que o cercam para saber lidar com essas incertezas e obter sucesso na jornada empreendedora. DIFICULDADES DURANTE O CAMINHO DO NEGÓCIO Não só os ambientes ao redor dificultam o caminho dos negócios. O estágio de seleção do negócio, 22 que surge a partir de uma ideia e da visibilidade de uma oportunidade, não é tão simples quanto parece. Algumas armadilhas podem aparecer durante o caminho do empreendedor, segundo Kuratko (2016, p. 126), podem ser: y Falta de avaliação de objetivos: empreende- dores com formação técnica, normalmente, es- tão apaixonados pelas ideias, mas não estudam cuidadosamente sua concepção e não as avaliam de forma objetiva. Todas as ideias devem ser in- vestigadas e analisadas cuidadosamente. y Falta de visão real do mercado: conhecer o mercado que se deseja atingir é essencial para que o negócio tenha sucesso. A estratégia de marke- ting deve ser desenvolvida para cada estágio do ciclo de vida do produto ou serviço, que deve ser analisado logo no início do planejamento do novo negócio. Tomar ações no momento certo também é fundamental para alavancar o negócio. y Compreensão inadequada dos requisitos téc- nicos: a ausência de conhecimento técnico pode levar um negócio ao fracasso. Durante a fase de planejamento, dificilmente o empreendedor con- segue se aprofundar muito tecnicamente no novo negócio e em todos os processos que o envolvem, porém ao longo do seu desenvolvimento se faz necessário o estudo técnico para que se evite perdas financeiras e de tempo. 23 y Pouca compreensão financeira: algumas vezes os empreendedores não conhecem as estimativas reais para se concluir o negócio ou realizam pesqui- sas e planejamento inadequados, e acabam com menos recursos financeiros do que se deveria ter. y Falta de originalidade do empreendimento: para ser singular, o negócio deve ser original, ter características e conceitos especiais. Os clientes devem ter ciência de que o negócio é superior ao que já é oferecido no mercado, pois somente assim o estabelecimento de preços não se torna um problema. y Ignorância sobre questões legais: conhecer as exigências legais dos mercados em que se pretende atuar é fator primordial ao empreendedor que deseja ter sucesso. Cuidar do ambiente de trabalho, para que este seja seguro aos colaboradores, assim como fornecer produtos e serviços confiáveis e seguros, faz parte do planejamento do negócio e deve ser avaliado cuidadosamente. Observar regras para marcas, patentes, direitos autorais e proteção de invenções e produtos também evita problemas legais. Essas armadilhas, se não superadas de forma eficaz, podem levar o negócio ao fracasso. Alguns fatores também contribuem para o fracasso dos negócios, conforme podemos analisar nos itens a seguir (POR QUE, 2014): 24 y Escolha errada de negócio, sem pesquisar a viabilidade e eficiência; y Ausência ou falha no desenvolvimento do planejamento do negócio; y Falta de entusiasmo; y Muitos negócios ao mesmo tempo; y Mercado já saturado pelo produto ou serviço ofertado pelo negócio; y Ausência de ajuda ou pessoas com pouca experiência envolvidas no negócio; y Pouco investimento e preços baixos podem funcionar no começo, mas resultam em problemas no fluxo de caixa mais adiante. Essas e outras dificuldades, e fatores de fracas- so, podem ser superadas ou nem existirem se o empreendedor estruturar seu negócio por meio do planejamento prévio, dominando a área em que vai empreender. Conceito e classificação das empresas Estudamos que o empreendedorismocomeça a partir de uma ideia e uma boa oportunidade que pode virar um negócio. Agora chegou a hora de começar a planejar e colocar as ideias em desen- volvimento. Porém, antes de colocar seu negócio em prática, faz-se necessário conhecer conceitos que envolvem o mundo das empresas. 25 Segundo Chiavenato (2012), de forma simples, uma empresa é uma unidade do sistema econômico, onde um conjunto de pessoas desenvolve atividades combinadas com o uso de recursos diversos para que produtos ou serviços sejam produzidos, sendo essa sua principal função. Se pararmos para avaliar, os seres humanos dependem das empresas para satisfazer suas necessidades sociais, pois é por meio delas que compramos, pagamos, comemos, viajamos, divertimo-nos, alugamos e vendemos e cuidamos da saúde, entre outros, além de traba- lharmos para elas (CHIAVENATO, 2012). Ainda segundo Chiavenato (2012, p. 44), existem tipos diferentes de empresas, classificadas de acordo com seu ramo de atuação: 26 Figura 4: Tipos de empresas. Tipo de empresa Industriais Comerciais Prestadoras de serviço Definição Aquelas que ofertam trabalho especializado, não produzindo mercadorias e sim atividades profissionais, como no setor de transporte, educação e saúde. Aquelas que vendem mercadorias adquiridas diretamente do produtor, para o consumidor final, por meio do comércio varejista (lojas, supermercados) ou atacadista (grandes distribuidoras). Aquelas que produzem bens de consumo ou de produção, por meio da transformação de matérias-primas. Podem oferecer produtos para outras empresas ou para consumidores, abrangendo desde pequenos artesãos a grandes indústrias. Exemplos: para o consumidor final – alimentos, produtos de higiene, automóveis, roupas etc. – ou para outras empresas – componentes eletrônicos, ferramentas, matérias químicas e plásticas etc. Fonte: Elaboração própria. As empresas também são classificadas segundo seu tamanho ou porte, por meio de critérios como número de empregados, conforme a tabela 1, a seguir: Tabela 1: Porte das empresas segundo número de empregados. Classificação (porte) Indústria Comércio e Serviços Microempresa (ME) Até 19 Até 9 Pequeno porte (EPP) De 20 a 99 De 10 a 49 Médio porte De 100 a 499 De 50 a 99 Grande porte 500 ou mais 100 ou mais Fonte: Elaboração própria. 27 Outra classificação muito comum é aquela a partir da receita operacional bruta anual (ROB). O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDS) utiliza essa classificação para promover condições especiais ao crédito de acordo com o porte da empresa, conforme a tabela 2 apresenta: Tabela 2: Porte das empresas segundo receita operacional bruta anual. Classificação (porte) ROB Microempresa (ME) Menor ou igual a R$360 mil Pequeno porte (EPP) Maior que R$ 360 mil e menor ou igual a R$ 4,8 milhões Médio porte Maior que R$ 4,8 milhões e menor ou igual a R$ 300 milhões Grande porte Maior que R$ 300 milhões Fonte: Elaboração própria. Diferentemente do que aconteceu até a década de 1970, onde a tendência era a de empresas serem de grande porte, atualmente as empresas de porte menor crescem substancialmente em decorrência de fatores como a preferência de consumidores por produtos personalizados no lugar dos bens produzidos em massa, a globalização exigir maior flexibilidade e as novas tecnologias produzirem em escala menor (CHIAVENATO, 2012). No mundo dos negócios, dificilmente uma empresa inicia suas atividades já com um tamanho grande. 28 O mais comum, segundo Chiavenato (2012, p. 54), é passar por fases durante seu ciclo de vida, conforme a seguir: 1) Fase pioneira: início do negócio, onde há pou- cas tarefas e seus processos são supervisionados e controlados de maneira fácil, possibilitando a adequação rápida quando é necessária a mudan- ça. Sua meta principal é a produção e venda, sua estrutura é informal, o estilo da alta administração é individualista, o sistema de controle é por meio de resultados do mercado e a remuneração da ge- rência acontece por meio da posse e propriedade. 2) Fase de expansão: fase de crescimento e ex- pansão das atividades, necessitando o aumento do quadro de funcionários, aproveitando as opor- tunidades que surgem. Tem como meta principal a eficiência da operação, sua estrutura é funcional e centralizada, o estilo da alta administração é dire- tivo, o sistema de controle é por meio de modelos e centros de preço e a remuneração da gerência é por meio de gratificações e salários. 3) Fase de regulamentação: o crescimento das atividades obriga a empresa a estabelecer normas e definir rotinas e processos de trabalho aos di- versos departamentos que vão surgindo. A meta principal é a expansão do mercado, sua estrutura é descentralizada, o estilo da alta administração é 29 delegativo, o sistema de controle é por centro de lucro e a remuneração da gerência é através de bonificação individual. 4) Fase da burocratização: o desenvolvimento das operações faz com que a empresa necessite de regulamentação de âmbito burocrático, em- pregando padrões de comportamento dentro das organizações, além de um sistema de regras e procedimentos. Acaba deixando a empresa pouco flexível às mudanças. Sua meta principal é a con- solidação da empresa, sua estrutura é formada por quadro de pessoal e linhas de produto, o estilo da alta administração é observador e monitora- dor, o sistema de controle é por meio de planos e centros de investimentos e a remuneração da gerência acontece por meio de participação nos lucros e ações. 5) Fase de flexibilização: readaptação à flexi- bilidade, por meio de sistemas organizacionais flexíveis, fragmentando as empresas em unidades estratégicas de negócios e buscando o retorno às características das pequenas empresas, fazendo frente assim ao ambiente competitivo. Tem como meta principal a resolução de problemas e a inova- ção, sua estrutura é formada por rede de equipes, o estilo da alta administração é participante, o sistema de controle é por meio de metas múltiplas 30 dirigidas e a remuneração da gerência acontece por meio de bônus de equipe. Conhecer e entender essas fases previamente au- xilia o empreendedor no planejamento adequado do seu negócio, já prevendo os caminhos por onde irá passar durante sua trajetória empreendedora, podendo, assim, contornar os obstáculos ou ao menos auxiliar a vencê-los. O Microempreendedor Individual Aqui no Brasil, o conceito de microempresa surgiu em 1984, para incentivar e facilitar as operações das empresas com faturamento menor, exigindo poucos documentos relativos ao negócio. Porém, empreendedores que desenvolvem seus negócios de forma individual não se encaixam nesse perfil e, para estes, atualmente, existe a modalidade de Microempreendedor Individual, conhecido também como MEI. Sendo um MEI, o empreendedor pas- sa a ter um cadastro nacional de pessoa jurídica (CNPJ), exigência brasileira para negócios, e assim tem diversos benefícios como facilidades nos ser- viços de bancários, direito a auxílio maternidade às mulheres empreendedoras, aposentadoria, afas- tamento remunerado, isenção para determinados impostos, entre outros (TUDO, 2019). Segundo o Sebrae Nacional (TUDO, 2019), para ser enquadrado como MEI, o negócio do empreendedor 31 deve ter como faturamento anual até R$81.000,00 ou R$6.750,00 mensais, não ser sócio ou ter par- ticipação em outra empresa e ter no máximo um empregado que receba um salário mínimo ou o piso da categoria. Para ser registrado nessa ca- tegoria, o empreendedor deve ter seu negócio na área de atuação profissional que consta em uma lista oficial, pois seu objetivo é formalizar a situ- ação de profissionais autônomos. Vale salientar que essas regras estavam em vigor no momento em que este material foi desenvolvido, podendo sofrer alterações. Para se manter atualizado quanto às classificações das empresas, bem como em qual perfil os negócios se encaixam, procure osórgãos governamentais da sua cidade, estado ou país, bem como da região onde se quer atuar. Alguns órgãos não governamentais também auxiliam, disponibilizando cursos e conteúdo para quem deseja conhecer o mundo dos negócios. Um deles é o Sebrae, no qual você pode adquirir mais informações acessando: http://www.sebrae.com.br/ sites/PortalSebrae. FIQUE ATENTO 32 CONSIDERAÇÕES FINAIS Para entrar no mundo empreendedor e dos negócios, são exigidos do empreendedor muita dedicação e esforço. Ler, pesquisar, estudar, discutir e avaliar o máximo de informações o possível auxilia no processo de desenvolvimento de novas ideias de negócio, assim como no processo de encontrar oportunidades para que essas ideias resultem em sucesso. Estar atento ao que acontece no mundo ou em uma região específica, conversar com as pessoas e entender suas necessidades e preferências e conhecer as tecnologias e os novos negócios que estão surgindo pode auxiliar na identificação de ideias e oportunidades. Algumas técnicas e dicas também auxiliam, mas nada como o estudo e o aprofundamento dos conhecimentos do empreen- dedor para aumentar as possibilidades de sucesso. Para se iniciar o processo prático do empreendedo- rismo, conhecer os conceitos básicos de negócios e empresas é o ponto de partida, pois permite avaliar o perfil onde o novo negócio se enquadra e quais estratégias serão necessárias durante o seu progresso. Conhecer os fatores que fazem parte dos ambientes micro e macro que influenciam o desenvolvimento do negócio também é de grande importância nessa fase inicial. 33 Mesmo que o empreendedor esteja preparado para iniciar o empreendimento, algumas armadilhas e dificuldades farão parte do seu caminho. Conhe- cêlas pode ajudar a contorná-las ou enfrentá-las sem muitas dificuldades. Por isso sempre o pla- nejamento e a estruturação adequada do novo negócio serão as chaves para se obter sucesso. O empreendedorismo não é para amadores, requer estudo, técnica e planejamento, mas, também, paixão por aquilo que se faz. A chave do sucesso está na dedicação do empreendedor em aprofundar seus conhecimentos. 34 Referências Bibliográficas & Consultadas BNDS. Quem pode ser cliente. BNDS, 2019. Disponível em: https://www.bndes.gov.br/wps/ portal/site/home/financiamento/guia/quem- pode-ser-cliente/. Acesso em: 28 abr. 2019. CHIAVENATO, I. Empreendedorismo: dando asas ao espírito empreendedor. 4. ed. Barueri (SP): Manole, 2012. DORNELAS, J. Empreendedorismo, transformando ideias em negócios. 7. ed. São Paulo: Empreende, 2018. KURATKO, D. Empreendedorismo: teoria, processo, prática. 10. Ed. São Paulo: Cengage Learning, 2016. MENDES, J. Empreendedorismo 360º: a prática na prática. 3. ed. 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