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Sistema Cardiovascular Tutoria Conhecer as principais patologias que afetam o sistema Infarto agudo do miocárdio: Infarto é um processo de necrose isquêmica causada pela oclusão do suprimento arterial do próprio coração. Após a interrupção do fluxo sanguíneo, os níveis de O2 caem e o miocárdio começa a realizar metabolismo anaeróbico com liberação de lactato e redução do pH. Como esse metabolismo não é suficiente para as demandas do miocárdio, a bomba Na-K para de funcionar levando ao acúmulo de Na intracelular que causa edema celular e o acúmulo extracelular de K que altera o potencial elétrico transmembrana podendo levar a alterações do ritmo cardíaco. Fatores de risco: Histórico familiar de doenças coronarianas; Idade; Hipertensão, tabagismo, diabetes, hipercolesterolemia… Obesidade Estresse Sedentarismo Tipos: Insuficiência cardíaca Congestiva - acontece nos dois ventrículos ao mesmo tempo. Incapacidade do coração bombear o sangue adequadamente, por disfunção sistólica, diastólica ou ambas. Causas (IC não congênita): Cardiopatia isquêmica, hipertensão arterial sistêmica, valvopatias, cardiomiopatias, obesidade, doença de chagas, tabagismo… A hipertensão arterial é uma condição que aumenta o risco de insuficiência cardíaca em todas as idades, sobretudo quando a pressão arterial ≥ 160/100 mmHg. Fisiopatologia Na DAC, a perda da aumento da resistência muitas vezes também resulta em um aumento do volume sistólico final (volume de sangue que permanece nos ventrículos no fim da contração ventricular), o que distende os sarcômeros dos cardiomiócitos. Pela lei de Frank-Starling, o coração responde a essa distensão com um aumento da sua força de contração de forma que quanto maior for o retorno venoso, maior seria o volume sistólico. No entanto, a capacidade cardíaca de se adaptar a essa distensão é limitada, e quando as fibras são exageradamente distendidas, ocorre um efeito paradoxal em que a força e eficácia da sístole se tornam reduzidas. Cardiomiopatia hipertrófica CMH é a doença cardíaca de origem genética mais comum, cuja principal característica consiste na hipertrofia ventricular esquerda que acontece na ausência de outras patologias que desencadeiam tal alteração. A CMH pode se apresentar desde formas assintomáticas até manifestações de morte cardíaca súbita e de insuficiência cardíaca refratária. Prevalência de 0,2% em adultos. As análises genéticas da CMH identificaram uma série de mutações em mais de 11 genes que codificam proteínas sarcoméricas. A CMH pode ocorrer em um padrão de herança autossômica dominante com expressividade e penetrância variáveis relacionadas à idade ou como uma nova mutação em casos sem relação com a família. A mutação predominante é a mutação missense, na qual um ácido nucleico é substituído por outro, com alteração posterior do aminoácido traduzido e da propriedade funcional da proteína resultante. Inserções e supressões também são mutações comuns envolvidas na patogênese da CMH, as quais desencadeiam a produção de proteínas anormais. 50% dos casos de CMH são de alterações genéticas. O exame histopatológico mostra fibras miocárdicas hipertrofiadas distribuídas de forma desorganizada e interpostas em uma quantidade variável de fibrose intersticial. Desarranjo de miócitos. Arteríolas coronárias intramurais anormais, fluxo sanguíneo ineficiente ao estresse. As apresentações anatômicas da CMH já foram relatados. O tipo mais comum é a hipertrofia septal assimétrica (presente em >75% dos casos), seguida das apresentações apical, concêntrica, medioventricular e lateral. Fisiopatologia: Os sintomas da CMH estão relacionados à combinação de disfunção diastólica, obstrução da via de saída do ventrículo esquerdo (VSVE), regurgitação mitral, isquemia miocárdica e arritmias. O fator mais comum que contribui para o desenvolvimento da obstrução da VSVE é o movimento anterior sistólico da valva mitral (MAS) contra o septo interventricular (SIV). O MAS ocorre devido à alta velocidade do fluxo sanguíneo através da VSVE que arrasta a cúspide anterior da válvula mitral para o septo interventricular, resultando em um obstáculo direto à passagem do fluxo sanguíneo através da via de saída. Além disso, a combinação de desarranjo de miócitos, desordem autonômica, HVE, isquemia e fibrose miocárdica produz um substrato arritmogênico suficiente para o desenvolvimento das principais arritmias observadas em pacientes com CMH.2 Essas características não aparecem simultaneamente, e uma classificação de 4 estágios foi proposta para auxiliar o diagnóstico e o manejo de pacientes: CMH não-hipertrófica, fenótipo clássico, remodelação adversa e disfunção evidente. Conforme o paciente avança através dos estágios, ele sofre uma perda de fração de ejeção, um aumento da massa ventricular esquerda, uma piora da disfunção microvascular e diastólica, uma intensificação dos sintomas e uma perda de obstrução prévia da via de saída do ventrículo esquerdo, que geralmente se inicia no estágio 2. Síndrome do QT longo É uma doença genética caracterizada por um prolongamento anormal de uma medida do eletrocardiograma denominada intervalo QT. Ocorre por uma anormalidade nos canais de potássio ou sódio do coração e podem cursar com arritmias graves em indivíduos jovens e saudáveis. A forma adquirida está associada a várias drogas de uso corrente e condições comumente encontradas na prática clínica diária, como por exemplo, a hipopotassemia. Em algumas situações, o aparecimento de um intervalo QT prolongado pode ser a primeira manifestação de uma doença sistêmica. A sua forma congênita é causa de síncope e morte súbita em jovens e crianças. Como os testes genéticos ainda não são de uso corrente, o diagnóstico é feito com base em dados clínicos eletrocardiográficos. Síndrome de Brugada A Síndrome de Brugada (SB) é um acometimento cardiológico genético autonômico recessivo, evidenciado pelo supradesnivelamento do segmento ST em derivações precordiais direitas (V1-V3) no eletrocardiograma (ECG), em conjunto com outras alterações clínicas. Trata-se de uma doença rara e com maior prevalência em homens, estando associadas a eventos súbitos. Devido a isso, ela deve ser obrigatoriamente diagnosticada, estratificada e tratada. Em meio à pandemia de COVID-19, infecção viral causada pelo Sars-Cov-2, algumas literaturas evidenciaram o desencadeamento da SB associado ao quadro infeccioso. De modo geral, pode-se inferir que a câmara ventricular direita do coração está suscetível ao desencadeamento de arritmias malignas – incluindo a fibrilação ventricular (FV) –, podendo gerar alterações na circulação sanguínea pelo corpo. Desmaios podem ocorrer em questão de minutos e, em casos de FV não controlada, o paciente pode vir a óbito. Relatos na literatura sugerem que alguns fatores sirvam de gatilho para incitar o surgimento de arritmias em pacientes com SB, constando entre eles o consumo de álcool, quadros febris e medicamentos que atuam no bloqueio dos canais de sódio. Inicialmente, o desencadeamento da SB esteve associado a diferenças de repolarização no plano transmural de partes do miocárdio ventricular, onde segmentos subepicárdicos produziam precocemente potenciais de ação em relação às demais camadas. Associou-se essa síndrome a mutações em 18 genes diferentes, os quais estão associados à síntese dos canais de sódio e, por sua vez, estariam com suas funções prejudicadas devido às mutações (canalopatias). Isso seria refletido no comprometimento da produção de potenciais de ação de resposta rápida, principalmente dos miócitos auriculares, das fibras de Purkinje e dos miócitos ventriculares. Tendo em vista que os potenciais de ação gerados pelo endocárdio não são afetados, a tendência seria que houvesse o estabelecimento de um gradiente transmural de voltagem ventricular, que contribuiria para o supradesnivelamento do segmento ST observado nas precordiais direitas do ECG. Essas alterações dos potenciais de ação refletiriam sobre a despolarização e repolarização ventricular direita. Com a realizaçãode mais estudos, constatou-se que a ativação da via de saída do ventrículo direito (VSVD) em pacientes portadores da síndrome encontra-se comprometida, falha esta que predispõe o indivíduo ao aparecimento das manifestações eletrocardiográficas características. Devido a isso, acredita-se hoje que anormalidades encontradas na VSVD estejam associadas à doença (cardiomiopatia). Aneurisma da aorta Um aneurisma da aorta é uma dilatação patológica dessa artéria, sendo que o diâmetro máximo pode ser considerado normal de 20-25 mm, e até 30 mm, um resultado do envelhecimento. Um aumento abrupto de diâmetro da aorta abdominal para mais de 1,5 vez maior do que o segmento proximal normal é considerado evidência de um aneurisma. A fisiopatologia do aneurisma da aorta é caracterizada por quatro eventos: (1) infiltração da parede do vaso por linfócitos e macrófagos; (2) destruição da elastina e colágeno na camada média e na adventícia por enzimas proteolíticas, incluindo a matriz das metaloproteinases-MMP (produzidas pelo músculo liso e células inflamatórias); (3) destruição das células musculares lisas da camada média com seu afinamento; (4) e neovascularização. Pode haver aumento de três vezes na atividade da MMP-9, que é a principal enzima elastolítica nos aneurismas com diâmetros maiores que 5 cm (o que justifica taxa de expansão aumentada nos AAA mais volumosos). Cardiomiopatia dilatada Em alguns pacientes, acredita-se que a miocardiopatia dilatada comece com miocardite aguda (viral na maioria dos casos), seguida de fase latente variável, fase com necrose difusa dos miócitos miocárdicos (decorrente de reação autoimune aos miócitos alterados pelo vírus) e fibrose crônica. Independentemente da causa, o miocárdio dilata, fica mais fino e apresenta hipertrofia como compensação, geralmente levando à regurgitação mitral ou à regurgitação tricúspide funcional e à dilatação atrial. Na maioria dos pacientes, a doença compromete ambos os ventrículos; em alguns pacientes, a doença compromete apenas o ventrículo esquerdo e, raramente, compromete apenas o ventrículo direito. Pode haver formação de trombos murais por causa da estase do sangue quando a dilatação e disfunção da câmara são significativas. Com frequência, taquiarritmias cardíacas complicam as fases de miocardites aguda e dilatada crônica tardia, da mesma forma que o bloqueio atrioventricular. À medida que o átrio se dilata, geralmente ocorre fibrilação atrial. Doença arterial coronariana A doença arterial coronariana (DAC) é a forma mais prevalente e a maior causa de morte nos países desenvolvidos. Dados dos Estados Unidos mostram que aproximadamente 13,2 milhões de pessoas têm doença isquêmica do coração e destes, aproximadamente 6,5 milhões cursam com DAC crônica sintomática. Dados do Estudo de Framingham sugerem que, para um adulto de 40 anos de idade, o risco de desenvolver DAC durante a vida é de 49% para homens e 32% para mulheres. No Brasil, a doença arterial coronariana é uma das principais causas de morte e internação hospitalar segundo dados do Datasus. Além da alta prevalência, a DAC cursa com alta morbidade e alto custo para os sistemas de saúde. As manifestações clínicas da doença arterial coronariana descritas a seguir têm como principal causa a isquemia miocárdica. Essa isquemia ocorre sempre que houver desproporção entre o fluxo sanguíneo disponível e o consumo miocárdico em dado momento. Apesar de a doença arterial coronariana ser a principal etiologia dos quadros isquêmicos miocárdicos, outras alterações de oferta e demanda podem causar isquemia (Tabela 1). Sistema respiratório As doenças alérgicas respiratórias constituem um importante problema de saúde pública, pois afetam significativamente o quotidiano dos pacientes. Os bioaerossóis constituem a microbiota dispersa no ar, sendo compostos por fungos, bactérias, algas, vírus, cistos de protozoários e outros. Entre os bioaerossóis mais relevantes no desencadeamento de alergias respiratórias estão os fungos, principalmente em função da inalação dos esporos. Rinite Fisiopatologia Após a exposição ao alérgeno, quaisquer que seja sua etiologia, ocorre dentro de minutos a fase precoce da doença. Alguns dos eventos imunopatológicos são a degranulação de mastócitos e consequente liberação de histamina e serotonina, e a formação de leucotrienos, prostaglandinas e cininas. Após isso, por volta de quatro a seis horas após a fase precoce, ocorre em aproximadamente 50% dos pacientes o desenvolvimento da fase tardia, que se caracteriza por expressão de moléculas de adesão endotelial – ICAM-1, VCAM-1 e VLA-4 – responsável pela exsudação de eosinófilos, basófilos e linfócitos Th2. Há um consequente aumento dos níveis séricos de IgE, presente no desenvolvimento da rinite alérgica, podendo ser desencadeado por duas vias: a produção de IgE induzida pela ligação entre CD40 (presente na membrana dos linfócitos B) e CD40L (o ligante, presente na membrana de linfócitos T, mastócitos e basófilos) e produção de IL-4 por linfócitos Th2, sendo esta interleucina a principal sinalizadora para produção de IgE pelos plasmócitos. Além desta função, a IL-4 participa do recrutamento de eosinófilos (via aumento da expressão de VCAM-1) que podem causar lesões secundárias na mucosa nasal através da produção de radicais livres de oxigênio e ECP (proteína catiônica de eosinófilos). De forma interessante, as próprias células epiteliais do revestimento da mucosa nasal participam da patogênese da rinite alérgica através da expressão de moléculas de adesão e produção de citocinas e mediadores químicos. Ainda, entre as células epiteliais da mucosa nasal encontram-se ramificações do nervo trigêmeo, mais especificamente as fibras nervosas C (não mielinizadas, menor diâmetro e menor velocidade) derivadas da primeira e segunda divisões nervosas, que possuem receptores de membrana (H1) sensíveis à histamina. Após o estímulo destes receptores devido à liberação de histamina, as células epiteliais produzem neuropeptídeos responsáveis pela vasodilatação, como a neurocinina e a substância P. Este mesmo mecanismo controla maior liberação de muco na superfície da mucosa (NACLERIO et al., 1997). → A rinite alérgica é a doença crônica mais prevalente, resultado de reação inflamatória de hipersensibilidade com participação de anticorpos IgE a alérgenos específicos decorrentes de sensibilização alérgica prévia. Inicia-se na infância e desde então se integra à asma na hipótese de vias aéreas unidas. Os sintomas e a sensibilização alérgica costumam iniciar antes mesmo de dois anos de idade. Tratamento O tratamento da rinite alérgica tem como principal medida a higiene ambiental, pois quanto maior a exposição aos alérgenos, maior será a quantidade de anticorpos e mais intensos os sintomas. O tratamento medicamentoso é feito por meio dos anti-histamínicos orais, anti-histamínicos associados aos descongestionantes, outros fármacos como corticosteroides orais e tópicos nasais, antileucotrienos e cromoglicato dissódico. Os anti-histaminicos são eficazes no controle do prurido, espirros e coriza, mas não são medicamentos de primeira linha para aliviar a congestão nasal. Podem ser divididos em anti-histamínicos de primeira e segunda geração. Os primeiros atravessam a barreira hematoencefálica, logo promovem sedação e prejuízo motor e cognitivo; também promovem efeito nos receptores muscarínicos e colinérgicos, causando visão turva, ressecamento oral e aumento da viscosidade do muco. Os anti- histamínicos de segunda geração (cetirizina, desloratadina, ebastina, epinastina, fexofenadina, levocitirizina, loratadina, rupatadina, e outros) tem efeito mais prolongado, menor penetração no sistema nervoso central e mínimo efeito anticolinérgico sendo preferenciais. Os Descongestionantes são as drogas mais usadas e promovem alivio da congestão por vasoconstrição. São divididos em orais sendo o principal a pseudoefedrina e tópicos como a efedrina e fenilefrina. O Cromoglicato Dissodico tem ação antiinflamatória e estabiliza amembrana do mastocito. São mais restrito as crianças, sendo útil como profilaxia antes da exposição ao alérgeno, não apresentando alivio dos sintomas na crise alérgica. Os corticosteroides são as drogas mais potentes. São eficazes em todos os sintomas nasais, sendo superiores aos anti-histaminicos em todos os sintomas da rinite alérgica. Ocorre uma redução local do número de mastocitos, e influxo de basófilos e eusinofilos, diminuindo a liberação de prostaglandinas. Os principais são disponíveis são: beclometasona, budesonida, fluticasona, triancinolona e mometasona. O brometo de ipratópio, medicação anticolinérgica, atua reduzindo a rinorreia. Os antileucotrienos possuem dois grandes grupos que são os inibidores de sintese (zileuton) e os antagonistas de receptores (montelucaste e zafirlucaste). Atuam como mediadores inflamatórios e promovem alívio significativo dos sintomas nasais diurnos e noturnos além dos sintomas oculares da rinite alérgica. A imunoterapia especifica com alergenos, reduz o grau de sensibilização e a reatividade aos antígenos. Deve ser considerada em casos de rinite alérgica persistente moderada/grave que não responderam satisfatoriamente à terapia convencional. E a abordagem cirúrgica das conchas nasais inferiores é utilizada quando a obstrução nasal do paciente com rinite alérgica é persistente não apresentando melhora. Sinusite Rinossinusite é definida como uma resposta inflamatória da mucosa que reveste as fossas nasais e cavidades paranasais. Devido à continuidade do revestimento mucoso das fossas nasais e seios paranasais, através dos óstios de drenagem dos seios, os processos inflamatórios das fossas nasais freqüentemente são acompanhados por respostas semelhantes na mucosa de revestimento das cavidades paranasais. De fato, com a moderna compreensão da fisiologia das fossas nasais e cavidades paranasais, pode-se afirmar que a imensa maioria das sinusopatias tem sua origem em processos inflamatórios nas fossas nasais, particularmente na região do meato médio, ponto mais complexo da anatomia das fossas nasais, verdadeira “encruzilhada” de óstios, canais, lamelas e projeções da parede lateral. Quadro clínico: Obstrução nasal, rinorréia mucopurulenta, rinorréia posterior, cacosmia, halitose, tosse e hipertermia podem ser encontradas. Sensação de peso facial e cefaléia também são frequentes, cuja localização pode auxiliar na identificação do seio acometido. Seios frontais: dor em regiões frontal e periorbitária. Seios etmoidais: dor em canto interno da órbita e região periorbitária. Seios maxilares: dor em região geniana e arcadas dentárias superiores. Seios esfenoidais: dor em regiões frontal, occipital e centro da cabeça. Localização bastante variável. Ao exame otorrinolaringológico, verifica-se congestão da mucosa nasal, com mucosas hiperemiada e edemaciada. Com vasoconstrição adequada, podemos evidenciar secreção mucopurulenta em meatos médios, sinal suficiente para o diagnóstico de rinossinusite aguda. A oroscopia pode revelar hiperemia da mucosa da orofaringe, muitas vezes das bandas laterais da orofaringe. Secreção mucopurulenta descendente também é comum. A otoscopia pode revelar retrações, abaulamentos e hiperemia da membrana timpânica. A palpação dos pontos sinusais, referidos anteriormente, pode ser bastante dolorosa. Edema e eritema das regiões maxilar, orbital e frontal, também podem ser encontrados. Em crianças, muitas vezes a tosse é um sintoma de grande importância, dada à dificuldade da criança em apontar seus sintomas com exatidão. Deve-se sempre ter em mente a possibilidade de um corpo estranho (CE) em fossas nasais nas crianças. Pacientes imunodeprimidos (granulocitopenias, HIV-positivos) e portadores de fibrose cística apresentam rinossinusites mais graves, podendo ter como agentes etiológicos fungos e Gram-negativos, inclusive Pseudomonas sp. Tratamento O tratamento das rinossinusites agudas é fundamentado na antibioticoterapia, sendo inicialmente indicada a amoxacilina para infecções leves ou moderadas. Opções nos casos mais severos ou com má resposta à amoxacilina são a associação amoxicilina-ácido clavulânico, cefalosporinas de segunda geração, de terceira geração (ceftriaxona, somente para uso parenteral) e quinolonas (levofloxacina, moxifloxacina). As quinolonas não podem ser usadas em crianças, pelo risco de alterações no crescimento ósseo. Opções para pacientes alérgicos a penicilinas incluem quinolonas, macrolídeos (claritromicina) e sulfametoxazol associado à trimetoprim, para infecções leves e moderadas. Pacientes imunodeprimidos e portadores de fibrose cística com infecções graves devem ser tratados a nível hospitalar, podendo ser usados antifúngicos sistêmicos (como a anfotericina B), cefalosporinas antipseudomonas (como a ceftazidime)e aminoglicosídeos (amicacina). Em casos de rinussinusites causadas por germes hospitalares multirresistentes, drogas como cefalosporinas de quarta geração (cefepime, cefpirome), imipenem e vancomicina podem ser empregados. O tempo preconizado para a antibioticoterapia é de 10 a 14 dias. Como medidas coadjuvantes de tratamento, podemos citar os corticóides tópicos e sistêmicos, vasoconstritores tópicos e sistêmicos e lavagens nasais com soluções salinas. Os corticóides podem auxiliar na diminuição do edema e melhora da drenagem pelos óstios dos seios paranasais. Os descongestionantes sistêmicos têm como inconveniente a presença de anti-histamínico que, pelo seu efeito anticolinérgico, pode produzir espessamento das secreções nasossinusais, dificultando sua eliminação. Já os tópicos devem ser usados por períodos máximos de 5 a sete dias, pelo risco de efeito rebote e rinite medicamentosa. Faringite Quadro clínico de faringite Quando os indivíduos apresentam tosse, coriza, rinite, rouquidão, diarreia, exantema viral e contato com pessoas com resfriado comum sugerem etiologia viral. Já uma faringite estreptocócica geralmente apresenta dor de garganta de início súbito, dor ao engolir, exsudato faríngeo ou hiperemia, febre, exantema petequial no palato, adenite cervical anterior, exantema escarlatiniforme, cefaleia, náuseas, vômitos, dor abdominal. Além de apresentar edema em região cervical por aumento dos linfonodos e dor em região cervical anterior. Diagnóstico Quando se quer confirmar a hipótese diagnóstica de faringite bacteriana, deve-se pedir a cultura de orofaringe (swab) é um teste de alta sensibilidade e especificidade para a Streptococcus pyogenes. Apesar do swab de orofaringe ser considerado padrão ouro, o resultado é demorado, por esse motivo, foi desenvolvido outro teste que é chamado de strep test, possui elevada especificidade, sensibilidade limitada, porém, se caracteriza por ter detecção rápida de antígenos estreptocócitos. Para conseguir fechar o diagnóstico é necessário realizar a cultura de orofaringe ou o streptest. No entanto, se o teste rápido for negativo, mesmo tendo alta probabilidade de não ser infecção estreptocócica é importante esperar o resultado do swab de orofaringe para confirmação bacteriana. Laringite De forma geral, a gama de sintomas na laringite é pequena. A queixa mais comum é a rouquidão, independente da causa, que pode ser de duração e severidade variáveis. Odinofagia ou odinofonia podem ocorrer no local da inflamação, ou podem ser referidas, com frequência na orelha. Outros sintomas são tosse, estridor, afonia e dispneia. A disfagia é uma manifestação rara da disfunção laríngea isolada, e a febre pode estar presente em processos inflamatórios de origem infecciosa. O resfriado comum é a infecção viral do trato respiratório superior manifestado geralmente por coriza, tosse, febre baixa e cefaléia. Ocasionalmente, quando há acometimento inflamatório da laringe, pode ocorrer disfonia. Pode ser causado por diversos agentes como rinovirus (mais frequente), adenovírus (geralmente com maior dificuldade respiratória), picornavirus, entre outros. O quadro é autolimitado e em cerca de 50% dos casos o agente não é identificado. Embora aetiologia da infecção na maioria dos casos seja considerada viral, foram isolados da nasofaringe de adultos com laringite aguda alguns agentes bacterianos como Moraxella catarrhalis , Haemophilus influenzae e Streptococcus pneumoniae. A difteria, coqueluche, sarampo, rubéola e varicela também podem, eventualmente, causar lesão inflamatória laríngea e traqueal. A laringe pode ser afetada por mecanismos hiperfuncionais anormais (gritos e tosse persistente) e desequilíbrio da tensão nos músculos envolvidos na produção da voz, levando à disfonia. A lesão resulta de microtrauma submucoso da prega vocal, com edema focal e hemorragia. Tratamento O descanso de voz é usado para laringite aguda, independente de ser infecciosa ou não, na presença de hemorragia das pregas vocais e outras condições em que há edema agudo e inchaço da laringe. No caso de laringite viral aguda o tratamento envolve alimentação leve, com pequenas porções e frequentes, hidratação e umidificação do ambiente (vapor d’água). Rim Insuficiência Renal Crônica Se define como lesão renal ou filtrado glomerular <60 ml/min 1,73 m2 por um período de 3 ou mais meses, correspondem às fases 3, 4 e 5. Um aspecto importante a ser observado é que a creatinina sérica (Crs) não é um bom indicador do grau de insuficiência renal. A IRC tende a progredir para uremia terminal. A redução da massa do néfron desencadeia uma série de alterações adaptativa nos néfrons restantes. No nível glomerular, vasodilatação da arteríola aferente, aumento da pressão intraglomerular e aumento da fração de filtração. Tudo isso, embora inicialmente é um mecanismo de compensação, é seguido por proteinúria, hipertensão e insuficiência renal progressiva. A tradução histológica é glomeruloesclerose glomerular e fibrose tubulointersticial. A restrição proteica na dieta tem um efeito protetor ao diminuir a pressão intraglomerular. Doença renal crônica e diabetes Se não controlada, a diabetes pode causar danos a muitas partes do corpo, especialmente rins, coração, olhos e nervos. Podem ocorrer o desenvolvimento de pressão sangüínea alta e endurecimento das artérias (arteriosclerose), que podem levar a doenças do coração e dos vasos sangüíneos. ⅓ das pessoas com diabetes desenvolvem IRC. Especialmente alguns grupos étnicos. → A diabetes provoca alterações estruturais características na histologia renal. As mais precoces ocorrem ao nível do glomérulo e caracterizam-se pelo espes- samento da membrana basal glomerular e do mesângio, devido à acumulação de matriz extracelular, o que conduz ao aumento inicial do volume renal, contrariamente a outras formas de patologia renal crónica em que o volume renal se encontra diminuído (excepto na amiloidose e na doença do rim poliquístico) As causas exactas da nefropatia diabética são ainda desconhecidas; no entanto, estudos sugerem que alguns dos mecanismos envolvidos incluam a hiperglicemia, a presença em circulação de complexos glicosilados e a activação de biomarcadores inflamatórios. A hiperglicemia é responsável pela hiperfiltração renal que por sua vez induz o aumento da pressão capilar glomerular. Esta promove a proliferação celular regulada pela libertação do factor de crescimento TGF-α que vai mediar a hipertrofia e divisão celular e, mais tarde, o processo de fibrose renal, através da estimulação da produção de colágeno e fibronectina. Os produtos glicosilados, resultantes da ligação da glicose a proteínas no rim, também contribuem para a lesão renal, através da estimulação de factores promotores de fibrose. A glomeruloesclerose na diabetes é caracterizada pelo espessamento da membrana basal glomerular, esclerose mesangial difusa e nodular (nódulos de Kimmelstiel-Wilson), arteriosclerose hialina, microaneurismas e também alterações a nível tubular e intersticial. As alterações estruturais são mais heterogéneas em doentes diabéticos tipo 2, com micro ou macroalbuminúria, que nos doentes diabéticos tipo 1. A gravidade das lesões renais correlaciona-se com a taxa de filtração glomerular, grau de albuminúria, duração da diabetes, grau de controlo da glicemia e factores genéticos. Não é, no entanto, possível identificar lesões glomerulares patognomónicas das fases de normoalbuminúria, microalbuminúria e proteinúria nos doentes diabéticos tipo 1 e 2 com nefropatia. Albumina → proteína O uso de tipos especiais de medicamentos para pressão sangüínea alta denominados inibidores da enzima conversora de angiotensina (ECA) e bloqueadores dos receptores da angiotensina (BRA) mostrou ajudar a retardar a perda da função renal e a reduzir a doença cardíaca na diabetes. As seguintes providências podem ajudar os rins a funcionarem melhor e durarem mais: ■ controlar o açúcar no sangue com dieta, exercícios e medicamentos ■ controlar a pressão sangüínea alta ■ restringir a quantidade de sal na dieta para ajudar a controlar a pressão sangüínea alta e reduzir o inchaço do corpo ■ tratamento de infecções do trato urinário ■ correção de qualquer problema no sistema urinário ■ evitar medicamentos que possam afetar os rins (especialmente antiinflamatórios e analgésicos) ■ confirmar com o médico antes de tomar suplementos fitoterápicos. Como a falência renal é tratada em pacientes diabéticos? Três tipos de tratamento podem ser usados quando ocorre a falência renal: transplante de rins, hemodiálise ou diálise peritonial. O que a hemodiálise envolve? A hemodiálise é a forma mais comum de tratamento de falência renal. Para fazer uma hemodiálise, o paciente precisa passar por uma cirurgia para juntar uma de suas artérias do braço a uma veia vizinha. Assim será criada uma veia maior chamada de fístula. São inseridas agulhas na fístula que são conectadas a tubos da unidade de rim artificial. Esse aparelho limpa o sangue e remove resíduos que se acumulam no sangue. Os tratamentos duram aproximadamente quatro horas e normalmente necessitam ser feitos três vezes por semana. A diálise pode ser feita em um hospital, em uma clínica de diálise ambulatorial ou em casa (após o treinamento). (Veja o folheto da National Kidney Foundation com o título "Hemodialysis" (11–50–0214) – Hemodiálise.) O que a diálise peritonial envolve? A diálise peritonial é utilizada com freqüência em pacientes com diabetes. Nesse tipo de diálise, o sangue do paciente não é limpo fora do corpo, como na hemodiálise. O sangue fica nos vasos sangüíneos que revestem o espaço abdominal (peritonial) do paciente. A mucosa desse espaço funciona como um filtro natural. Um tubo de plástico denominado cateter é colocado no abdome do paciente através de um procedimento cirúrgico. Durante o tratamento, o abdome do paciente é lentamente preenchido (através do cateter) com um fluido denominado dialisato. Os resíduos são filtrados dos vasos sangüíneos que revestem o espaço abdominal e caem no fluido dialisato. Quando o processo termina, o dialisato utilizado é drenado e descartado. Esse processo é então repetido, normalmente quatro a seis vezes durante o dia ou à noite. Podem ser feitos diversos tipos de diálise peritonial. (Veja o folheto da National Kidney Foundation com o título "What You Need to Know About Peritoneal Dialysis" (11–50–0215) – O que é preciso saber sobre diálise peritonial.) A diálise também pode ser feita por meio de um cateter (tubo) inserido numa veia do pescoço, tórax ou virilha, com anestesia local. O cateter é uma opção geralmente temporária para os pacientes que ainda não têm a fístula mas precisam fazer diálise. Os principais problemas relacionados ao uso do cateter são a obstrução e a infecção, o que muitas vezes obriga a sua retirada e o implante de um novo cateter para que as sessões possam continuar.
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