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Emergências e cuidados intensivos 08/03/2022 Universidade Anhembi Morumbi 1 Prof. Daniel Calvo Atendimento Emergencial O que torna um paciente em situação emergencial? § Fornecimento energético: Falhas em metabolismo de glicose e oxigênio (ATP). § Hipoglicemia, hipóxia, hipotensão, anemia, anorexia: Não há distribuição adequada de oxigênio, glicose. § Demanda metabólica: Tecidos de metabolismo aeróbio necessitam ATP - Ex sistema nervoso. § Energia deve ser suficiente para demanda. § Exemplos de tecidos que precisam de uma demanda maior de energia: Sistema nervoso (metabolismo 100% aeróbico, tendo 14% de demanda), renal (22%), coração (14%), etc. Características do Metabolismo: § Recaptação de energia e distribuição ideal para demanda de cada tecido. § Gases de forma geral sempre estão ligado a alguma coisa para ser direcionado à algum lugar. Transporte de oxigênio: ® Livre no plasma = 3%. ® Ligados à hemoglobina (oxihemoglobina) = 97%. Fatores que auxiliam a associação: Aumento da PO2 (difusão). Fatores que auxiliam na dissociação: Diminuição da PO2 (tecidos); aumento da PCO; aumento de temperatura; aumento da demanda (maior processo de hematose). CO2 é transportado por bicarbonato, O2 é transportado na hemoglobina. Difusão: Baixo peso molecular passa por difusão, dependendo de gradiente de concentração. Quanto maior a concentração de oxigênio maior processo de difusão. Indivíduos dispnéicos precisam de oxigênio 100% § Concentração de oxigênio é maior no alvéolo do que no capilar (no processo de inspiração), portanto, passa por difusão, hemoglobina capta molécula de oxigênio (até 4) e transporta para os tecidos. § Tecidos irrigados por sangue oxigenado (quando falta oxigênio): Dissociação, quebra da hemácia liberação oxigênio. § Paciente com anemia não tem hemácia, isso resulta na falta de oxigênio, então apresenta cianose. § Captação de CO2: Produção de ATP, tem como produto CO2 (processo de difusão, passa para o tecido para o vaso/hemácia) - Dentro da hemácia vai ter maior concentração de CO2. § CO2 não permanece na hemácia como CO2, é transportado como bicarbonato. Emergências e cuidados intensivos 08/03/2022 Universidade Anhembi Morumbi 2 § Hematose tecidual/celular/transporte de CO2. § Grande concentração de água intracelular nas hemácias (dentro da hemácia tem ferro, água e hemoglobina). § CO2 com a presença de água forma o ácido carbônico: CO2 + H2O = H2CO3 à Ácido carbônico (sintetizado pela enzima anidrase carbônica). § Problema do ácido carbônico: Se dissocia muito fácil, forma íons de H+ e de bicarbonato. Nessa forma, o CO2 será transportado, porém, sem hemácia. § H+ é transportado, tem afinidade e se liga à hemoglobina (uma vez que desassociou o oxigênio, tem espaço para essa ligação). Portanto bicarbonato é excretado para o meio extracelular via bomba em troca de um íon de cloreto (bicarbonato é transportado extracelular). § Equilibro de pH: “CO2 e água ou H+ e bicarbonato” à Quem equilibra e regula esse processo é a anidrase carbônica. § Quando entra oxigênio na hemácia ele se liga a hemoglobina e desassocia o hidrogênio. Se tiver muito hidrogênio na célula, começa a entrar para o meio intracelular o bicarbonato, dessa forma também será mandado para fora da célula o cloreto. § Todo esse processo é necessário para produção de ATP. (e aconteça homeostase). Metabolismo Cerebral: Somente aeróbico: ® Reserva para apenas 90 minutos de hipoglicemia severa. ® Consome cerca de 14% do oxigênio. § Os neurônios possuem apenas pequenos reservatórios de energia; portanto, dependem de um fluxo de sangue normal para fornecer oxigênio e nutrientes, principalmente glicose; por meio das GLUTs. GLUT 1: Glicose do sangue à BHE (endotélio vascular + células do sistema nervoso). GLUT 3: Glicose do astrócito à Neurônio. § Diabetes: Deficiência de insulina - GLUT 1 e GLUT 3 não são insulinodependentes (são facilitadores). § Neurônio depende de astrócito para captar energia. § GLUT 1: Capta do endotélio vascular (astrócito). § GLUT 3: Recebe glicose do astrócito e transporta para dentro do neurônio. § Potencial de membrana: Processo de despolarização. § Transporte ativo: Dependência de ATP. § Alta demanda energética do sistema nervoso. O neurônio depende da astroglia para ter energia (a GLUT 1 pega a energia do endotélio celular), e a GLUT 3 é responsável por mantém a energia no neurônio. A energia é importante para o tecido nervoso para o funcionamento da bomba de sódio- potássio (caso isso falhe, o indivíduo morre). Emergências e cuidados intensivos 08/03/2022 Universidade Anhembi Morumbi 3 Glicose: § Via simpática estimula liberação de catecolaminas pelas glândulas adrenais (pela porção medular, porção cortical libera cortisol, objetivo é ser hiperglicemiante). § Hipoglicemia: Aumenta catabolismo (liberar energia), pâncreas aumenta produção glucagon e diminui de insulina. Lactato: § Fonte de energia é glicose (matéria prima) para formar piruvato > ciclo de Krebs > ATP. § Lactato é sintetizado para formar piruvato. § Quando está aumentado, significa que o metabolismo anaeróbico está elevado, indicando que o organismo necessita de outras fontes para obter energia (fontes alternativas). § Glicose produz ATP nas mitocôndrias, porém há outras formas de conseguir energia. § Lactato elevado: Indicativo de que o metabolismo principal não está sendo suficiente, necessitando buscar outras fontes de energia. § Redução de fornecimento ou demanda energética: Queda de ATP. § Bai § Uma vez faltando ATP, metabolismo anaeróbico funciona, gerando aumento de ácido lático. § Edema citotóxico: Produção de ácido lático e retenção de sódio, que puxa água pelo mal funcionamento da bomba Na/K. § Baixa demanda: Liberação excessiva de neurotransmissores excitatórios (tentando aumentar o funcionamento para aumentar a produção de ATP). § Formação de radicais livres: ROS (espécies reativas de oxigênio). § Formação de ROS e edema citotóxico: Morte neuronal. Área de Atendimento: Urgência: Tem tempo de estabilizar. Emergência: Risco eminente de morte. § Triagem: Identificar necessidade e riscos que o paciente corre diante de determinada afecção. Área de Triagem: § Área próxima a recepção e de fácil acesso a partir da recepção. § Admissão: Breve histórico médico/ queixa principal. § Breve inspeção visual. Emergências e cuidados intensivos 08/03/2022 Universidade Anhembi Morumbi 4 § Avaliação física inicial de quatro sistemas: Respiratório; cardiovascular; nervoso; urinário. Classificação de risco: ® Paciente não apresentando risco (azul). ® Paciente com risco leve (verde): O proprietário percebe que algo não anda bem, mas não define exatamente a queixa (vômito, diarréia, anorexia etc.) - Nunca subestime o classe IV, ele poderá apresentar piora clínica! ® Paciente com urgência no atendimento (amarelo): Possível estabilidade respiratória, mas com comprometimento hemodinâmico; possível presença de choque mecânico ou oculto; lesões mais aparentes (por trauma principalmente). ® Paciente com maior urgência no atendimento (laranja): Possível estabilidade cardiovascular; possibilidade de obstrução das vias aéreas; dispnéia (inspiratória/expiratória/mista). ® Paciente em emergência/crítico (vermelho): Inconsciente/ausência de pulso ou não detectável; apnéia ou padrão respiratório agônico; hipotermia/midríase; ausência de choque cardíaco ou não detectável. Sistemas: Respiratório, cardiovascular, nervoso, urogenital, outros (ordem de gravidade) è Estabilização imediata, que consiste nos seguintes passos: § Obter acesso venoso. § Avaliação objetiva de parâmetros (hemogasometria, lactato, SpO2, glicose). § A-fast/T-fast.§ Suplementação de oxigênio. § Administração de fluidoterapia. Avaliação secundária: Após estabilização, realização do exame físico mais detalhado. Emergências Sistema Respiratório § Apnéia. § Estridor/estertor. § Dificuldade respiratória. § Cianose: Hemoglobina desoxigenada > 5g/dL. § Sons pulmonares anormais. § Complicações secundárias à problemas cardiológicos. § Gato: Região de palato mole manifesta alteração de coloração (cianótica, ictérica). § Cão em posição ortopnéica: Comprometimento respiratório importante. Dispnéias: Inspiratória: Associadas a processos extratorácicos; obstrução da laringe ou colapso da traquéia. Expiratória: Intratorácicas. ® Restritiva: Dificuldade de expansão do tórax (pneumonia, efusão pleural, pneumotórax, edema pulmonar) - Emergências e cuidados intensivos 08/03/2022 Universidade Anhembi Morumbi 5 Respiração diminui amplitude e aumenta frequência (padrão respiratório abdominocostal, contração maior no abdômen do que no tórax). É uma respiração forçada. ® Obstrutiva: Obstrução da passagem de ar nas vias aéreas (bronquite crônica/asma felina). Mistas: Intratorácicas. Sistema Cardiovascular § Alterações de mucosas. § Taquicardia, bradicardia. § Alteração de pulso. § Extremidades frias (pode ser indicativo de trombo arterial), pode gerar sensibilidade (semelhante a formigamento). § Cardiomiopatia mais comum em felinos: Cardiomiopatia hipertrófica - Alta incidência em Maine Coon. § Síncope: Ou pré síncope (redução de atividade). Cianose em coxins posteriores. Sistema Nervoso § Alteração no estado mental. § Estupor, coma. § Anisocoria (padrão de diâmetro pupilar diferenciado, ex miose ou midríase unilateral, miose e midríase em cada olho). § Crise epilética. § Paresia, paralisia: Paresia é diminuição da atividade motora, ex não consegue ficar em estação; paralisia é perda total do movimento. § Alteração vestibular: Principal causa em cães é otite média/interna. § Tônico: Rigidez. § Clônico: Movimento. § Padrão generalizado: Afeta todo corpo (afeta todo o cérebro). § Padrão focal: Apenas uma parte do cérebro. § Exemplo: Padrão generalizado tônico-clônico (semelhante ao movimento de pedalada). § Hipoglicemia: Hepatopatia, quadro séptico (bactérias consumindo glicose), neoplasia pancreática (insulinoma). Sistema Urogenital § Distensão, rigidez de bexiga. § Prolapso uterino: Em alto grau de risco de choque séptico. § Priapismo. § Parto distócico. § Obstrução: Hidronefrose > queda na filtração de sangue (aumento na pressão pós carga) > aumento de PU/CU > Não secreta potássio e não reabsorve sódio > Hipercalemia (aumento de potássio por conta da obstrução e baixa filtração no néfron) > Bradicardia (altera repolarização, que demora mais tempo, por isso tenta compensar). § Distúrbio eletrolítico. Intoxicação: ® Distúrbios de coagulação. ® Agentes neurotóxicos. Hipertermia/hipotermia: ® Febre x hipertermia: Hipertermia é o aumento de temperatura central do corpo maior do que a capacidade do animal dissipar calor (aumenta frequência respiratória, faz vasodilatação); febre é mudança temporária da temperatura corporal para elevada devido à processos inflamatórios, devido a processos infecciosos. ® Hipotermia: Perda de calor corporal, causando uma redução da temperatura média do organismo. Pode gerar distúrbios de coagulação, acidose metabólica, arritmias (perda de perfusão). Distúrbio eletrolítico/glicemia: ® Hipocalemia: Baixo nível de potássio no sangue pela rápida repolarização, podendo apresentar queda da cabeça (ventroflexão, mais comum em gatos) também apresenta frequência. ® Hipercalcemia: Alto nível de potássio no sangue, repolarização lenta. ® Distúrbio no metabolismo de cálcio, magnésio, cloreto, sódio. Emergências e cuidados intensivos 08/03/2022 Universidade Anhembi Morumbi 6 § Hipocalemia no gato: É muito mais frequente que em cães. Hipocalemia repolariza muito rápido, por isso é possível observar flexão de cabeça com fraqueza muscular. § Hipoglicemia: Comum em raças toys e filhotes, demoram mais tempo para fazer catabolismo e obter novas fontes de energia. Adultos e idosos pensar em sepse ou neoplasia. Paciente com insulinoma: Tem hipoglicemia, porém se administrar glicose, mais insulina será produzida pelo tumor. O jeito de aumentar a glicose seria administrar glicocorticoide, que atua aumentando glucagon.