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DIMENSÃO FRACTAL 1. Introdução Riemann foi o primeiro a discordar que “o gráfico de uma função contínua possui tangente bem definida em todos os pontos, salvo talvez em um número finito de seus pontos”, chegando a exibir um exemplo errôneo de uma função que contrariava a afirmação. O gráfico destas funções contínuas e não diferenciáveis em todo o ponto é atualmente chamado de fractal [1]. Em geral, fractais, são objetos gerados a partir da repetição de um processo recursivo, apresentando auto-similaridade, complexidade e dimensão fracionada. A auto-similaridade é uma característica dos fractais de apresentar cópias de si mesmo em seu interior em diferentes tamanhos. Uma pequena parte é semelhante ao todo, ou seja, uma fração de um fractal é uma réplica do todo, isto é, pequenas partes de um fractal em diferentes escalas é semelhante ao todo [1]. A principal diferença entre as estruturas euclidianas e fractais é a relação entre a massa do objeto e uma dimensão linear característica do mesmo. Enquanto nas primeiras a proporcionalidade de dá com um expoente d inteiro, nas fractais ela se dá com expoente D fracionário. Um exemplo clássico de fractal embebido na dimensão 2 e a folha de samambaia rendada [2]. No estudo de bolas de diferentes materiais a dimensão linear de interesse é o diâmetro. Nesse caso, o modelo para a relação entre a massa e o diâmetro, é dado por: onde K é uma constante. É possível determinar o valor da dimensão fractal D de cada material, verificando a relação entre a massa das bolas e o diâmetro médio das mesmas. Para facilitar a análise estatística, optou-se pela inversão da relação da equação M, o que resultou em: Com a linearização da equação Ø, obtemos: onde, (1) Logo, quando construído um gráfico de logØ em função do log M, para cada material, e determinando os coeficientes lineares e angulares das retas ajustadas, é possível determinar os valores de D e K [2]. A complexidade é uma propriedade dos fractais a qual significa que nunca se pode representá-los completamente, pois os mesmos tem detalhes infinitos. Sempre existirão reentrâncias e saliências cada vez menores. A dimensão dos fractais não é inteira como na geometria euclidiana. Na geometria euclidiana um ponto tem dimensão zero, uma linha é unidimensional, o plano bidimensional, o sólido tridimensional, já os fractais têm dimensão fracionada que está relacionada ao grau de irregularidade dos mesmos [1]. Uma maneira de avaliar-se a confiabilidade de uma medição é repeti-la várias e várias vezes e examinar os valores obtidos, contudo todas essas repetições contém um certo tipo de incerteza experimental [3]. Não pode-se avaliar todos os tipos de incerteza experimental, através da análise estatística de repetidas medições. Por este motivo as incerteza são divididas em dois grupos: as incertezas aleatórias, as quais podem ser tratadas estatisticamente, e as incertezas sistemáticas, que não podem ser tratadas estatisticamente [3]. Um experimento pode ser avaliado usando o método da propagação de erro ou a análise estatística, já que a tanto a propagação de erro como a análise estatística são complementares. Para a determinação das incertezas pode-se proceder de duas formas. Estima-se realisticamente as incertezas em suas medições de x e y, podendo-se propagar essas incertezas para determinar as incertezas em suas medições z. Outra maneira é a partir dos vários valores de z analisar-se estatisticamente, o desvio padrão deles será uma boa medida de incerteza. Para se determinar a incerteza deve-se utilizar ambos os métodos, já que a incerteza pode ser determinada por ambos, para verificar que eles apresentam, aproximadamente, a mesma resposta [3]. 2. Objetivos Aprender a utilizar instrumentos de medidas, avaliar a precisão de medidas por meio do cálculo das incertezas e erros associados, realizar a linearização de curvas utilizando o papel dilog. 3. Procedimento Experimental 3.1 Materiais - Paquímetro - Balança - Régua 3.2 Procedimento Inicialmente pegou-se duas unidades de papéis diferentes, sendo um papel sulfite A3 e o outro papel alumínio, em seguida recortou-se o papel alumínio do mesmo tamanho do papel A3. Logo em seguida amassou-se uma folha de papel sulfite A3 e uma de alumínio no formato de uma bola, em seguida dobrou-se na metade as folhas restantes A3 (sulfite e alumínio), em seguida foi recortado as folhas ao meio formando duas folhas A4, da mesma forma amassou-se uma folha de papel sulfite A4 e uma de alumínio no formato de uma bola, em seguida dobrou-se na metade as folhas restantes A4 (sulfite e alumínio) em seguida foi recortado as folhas ao meio formando duas folhas A5, da mesma forma amassou-se uma folha de papel sulfite A5 e uma de alumínio no formato de uma bola. Esse mesmo processo foi repetido até chegar a folha A9, em seguida como o auxílio de um paquímetro mediu-se 10 vezes o diâmetro das bolas de papel, anotando as medidas e calculando o valor médio, incertezas instrumentais, incertezas estatísticas e total de cada medida. Em seguida com o auxílio de um balança pesou-se todas as bolinhas de papel, verificando a precisão experimental. A partir dos dados obtidos de massa e dos valores de diâmetro, realizou-se um gráfico para cada papel, de massa por diâmetro, discutindo os resultado e incertezas de cada papel. 3.3 Formulário 4. Resultados e discussão TABELA 1:Massa e diâmetros das bolas de papel sulfite FOLHAS SULFITE Massa (gramas) Diâmetro (cm) A3 9,43 5,028 A4 4,58 4,1045 A5 2,3 3,088 A6 1,15 2,32 A7 0,58 1,508 A8 0,29 1,206 A9 0,14 0,804 TABELA 2: Massa e diâmetro das bolas de papel alumínio PAPEL ALUMÍNIO Massa (gramas) Diâmetro (cm) A3 3,62 3,71 A4 1,81 3,19 A5 0,9 2,12 A6 0,45 1,46 A7 0,23 1,22 A8 0,11 0,93 A9 0,05 0,67 TABELA 3: Incertezas das medições da folha sulfite FOLHAS SULFITE Incerteza estatística Incerteza total (estatística + paquímetro) Incerteza total (estatística + massa) A3 ± 0,051 ± 0,053 ± 0,053 A4 ±0,13 ± 0,067 ± 0,068 A5 ± 0,047 ± 0,050 ± 0,051 A6 ± 0,050 ± 0,050 ± 0,052 A7 ± 0,027 ± 0,027 ± 0,029 A8 ± 0,032 ± 0,051 ± 0,052 A9 ± 0,086 ± 0,012 ± 0,016 TABELA 4: Incertezas das medições do papel alumínio PAPEL ALUMÍNIO Incerteza estatística Incerteza total (estatística + paquímetro) Incerteza total (massa + paquímetro) A3 ± 0,11 ± 0,10 ± 0,011 A4 ± 0,044 ± 0,047 ± 0,014 A5 ± 0,041 ± 0,041 ± 0,041 A6 ± 0,091 ± 0,091 ± 0,091 A7 ± 0,043 ± 0,043 ± 0,034 A8 ± 0,077 ± 0,056 ± 0,053 A9 ± 0,033 ± 0,050 ± 0,051 Ao medir-se o diâmetro e a massa de cada bolinha, tanto de sulfite quanto de alumínio, construiu-se um gráfico no papel dilog do diâmetro versus a massa, além disso também calculou-se as incertezas associadas a cada medida e a total, representando as mesmas no gráfico. O diâmetro de cada bola representado no gráfico foi proveniente de uma média de 10 medidas de cada uma das 14 bolas, no qual procurou-se tomar cuidado para que a cada nova medida realizada a bola estaria posicionada no paquímetro diferente do modo anterior . As médias das massas e diâmetro obtidas tanto das bolas de papel sulfite quanto de papel alumínio podem ser vistas na TABELA 1 e 2. A primeira incerteza calculada foi a incerteza estatística pela fórmula 1, na qual propagou-se às incertezas do resultado por parte do experimentador, uma vez que este cometeu possíveis erros em suas medidas. Após calculou-se a propagação da incerteza estatística e da incerteza instrumental através da fórmula 2, ou seja, a incerteza do instrumento utilizado para fazer as medições, que no caso foi o paquímetro, este tendo uma incerteza de 0,0005 mm. Com isso encontrou-se as incertezas relacionadas às medidas do diâmetro de cada bola. Entretanto ao pesar-se as bolas de papel sulfite e alumínio também houve uma propagação de incertezas, neste caso sendo só a instrumental relacionada a balança, sendo que incerteza da mesma era de 0,001 g, com isso, utilizando-se novamente a fórmula 2, calculou-se a propagação das incertezas total das medidas dos diâmetros eda incerteza instrumental da medida das massas, tendo assim um resultado no qual é expresso a incerteza total das medidas, tais incertezas podem ser observada na tabela 3 e 4. As incertezas foram representadas cuidadosamente no gráfico, zelando a mudança de escalas do mesmo por se tratar de um papel dilog. Após construir-se os gráficos e expressar todas as incertezas, traçou-se uma reta da máxima incerteza do maior ponto até a mínima incerteza do menor ponto, uma reta da máxima incerteza do penúltimo ponto até o segundo ponto com a mínima incerteza. Essas duas retas se cruzaram e com isso traçamos uma terceira reta que atravessa-se exatamente no meio do encontro dessas duas retas, isso foi preciso uma vez que como os dados experimentais não formaram uma reta perfeita por erros e incertezas, tentou-se expressar a reta da melhor forma possível, ou seja, que passassem por cima ou mais perto possível de todos os pontos, procurando obter valores o mais próximo do esperado. Com a reta feita, agora pode-se calcular a dimensão fractal, ou seja, a dimensão das bolas de alumínio e sulfite. Como a fórmula 1 apresentada na introdução tem forma da equação da reta, vemos que a dimensão fractal corresponde a “b”, ou seja, nosso coeficiente angular, com isso calculou-se a variação entre dois pontos no eixo y pela variação de dois pontos no eixo x, os pontos a serem escolhidos não eram experimentais, isso foi determinado para que pudesse ser observado se a reta desenhada realmente passava por cima de pontos próximos do esperado. Após os cálculos, os resultados obtidos das dimensões fractais foram: Dimensão da folha sulfite: 2,13± 0,7 Dimensão da folha de alumínio: 2,5 ± 0,5 As incertezas associadas à dimensão foram calculadas com o mesmo método: calculando o coeficiente angular, só que desta vez, das retas que se cruzavam. com estes dados em mão calculou-se a incerteza como apresentado na fórmula 3, no qual b máximo é o coeficiente angular da reta de maior inclinação e b mínimo o coeficiente angular da reta de menor inclinação. Os valor do coeficiente esperado para a reta de maior inclinação, era um valor maior, que o valor esperado para o coeficiente da reta de menor inclinação, já que sua inclinação era maior. Os cálculos realizados obtiveram valores coerentes com a teoria. Os valores esperados para a dimensão fractal era entre 2 e 3, já que as bolas por não serem esferas perfeitas estariam entre a 2° e 3° dimensão, sendo que não estaria exatamente em um plano bidimensional uma vez que as bolas não são planas e também não estariam no plano tridimensional já que não eram esferas perfeitas. Os valores também deveria ser com vírgula, já que as bolas possuíam espaços uma vez que não haviam sido amassadas totalmente. Os valores encontrados como já apresentados satisfazem tais condições, outra observação importante é que, como a dimensão esperada era três e a bolinha de manuseio mais fácil era a de alumínio, na qual havia mais facilidade em amassar e formar uma esfera melhor que as feitas de papel sulfite, esperava-se um valor da mesma maior e mais perto do valor 3 que a da bola de papel sulfite. Para se calcular a densidade usou-se a fórmula 4 na qual por questão de simplificação, usou-se o valor de 1 para log D, uma vez que log de 1 é 0, fica mais fácil de se observar no gráfico sem a necessidade de se calcular a densidade do material em questão, sendo assim bastava olhar no eixo x onde era log de 1 e procurar no eixo y qual ponto correspondia a log de 1 na reta. Com isso sabia-se que o valor do eixo x era a densidade procurada. Sendo assim, encontrou-se o valor da densidade tanto para o papel sulfite quanto para o papel alumínio: Densidade papel sulfite: 0,23 ± 0,2 g/cm Densidade papel alumínio 0,032 ± 0,5 g/cm As incertezas relacionadas à densidade foram calculadas da seguinte forma primeiro se calculou o coeficiente angular da reta de maior inclinação (a máximo) e após o coeficiente da reta de menor inclinação (a mínimo), após aplicou-se tais valores na fórmula 5, sendo assim, encontrou-se a incerteza do coeficiente angular, ou seja, da densidade. Como já visto inúmeras vezes, todas as medidas realizadas em laboratórios apresentam erros. Neste experimento foi constatado um erro grotesco, uma vez que ao observar os gráficos, vemos que as incertezas representadas no início do gráfico são menores que algumas incertezas representadas nos pontos finais do gráfico, isso não deveria ter acontecido já que as incertezas deveriam ter seguido um padrão de diminuição de incertezas por conta do papel e diferenças de escalas, também conforme a bola fosse maior a incerteza deveria crescer, já que supostamente esta bola proveniente de uma folha maior seria mais difícil de se amassar e assim teria mais espaços vazios e uma geometria mais longe da de uma esfera, causando uma maior imprecisão nas medidas. O observado no gráfico foi que alguns pontos referentes as bolas maiores obtiveram uma incerteza menor que as bolas menores. Isso ocorreu possivelmente, por conta do experimentador responsável por estas medidas não ter tomado pontos diferentes para a medição do diâmetro da bola em questão, acarretando assim a valores extremamente próximos que induzem a pensar que a bola era quase perfeita e assim obtendo uma incerteza menor, porém não coerente. 5. Conclusão Neste experimento a utilização do papel dilog se fez muito importante, pois, além de calcular-se a dimensão fractal das bolinhas, que fico entre um plano bidimensional e um tridimensional, utilizou-se o mesmo para o cálculo da densidade tanto do papel sulfite como do papel alumínio, além de conseguir-se calcular o coeficiente angular. 6. Bibliografia [1] - < http://matematicajatai.com/rematFiles/2-2010/dimfractal.pdf > Acessado em 10 de Abril de 2018. [2] - < http://www2.if.usp.br/~eletivos/volume01/p07.pdf > Acessado em 10 de Abril de 2018. [3] - TAYLOR, JOHN R. Introdução à Análise de Erros: O estudo de incertezas em medições físicas. 2 ed. Bookman, capítulo 4, página 94 e 95.
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