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Vol.7, No.3, 171-174 (2018) RvACBO ISSN 2316-7262 Copyright © 2016 Openly accessible at http://www.rvacbo.com.br/ 171 A INFLUÊNCIA DA PRÓTESE DENTAL NA QUALIDADE DE VIDA DO INDIVÍDUO: Revisão de literatura Monique Andressa Coutinho Cavalcante Nascimento¹, Mariana Queiroz Nascimento¹, Ângela Líbia Chagas Amaral² 1 Graduanda em Odontologia - Centro Universitário CESMAC ² Especialista em Prótese Dentária pela APCD e Mestre em Reabilitação Oral pela UNESP Autor Correspondente Monique Andressa Coutinho Cavalcante Nascimento R. da Harmônia - Farol, 57081-350, Maceió, Alagoas monique.ccavalcante@hotmail.com Recebido em 25 de junho (2018) | Aceito em 20 de setembro (2018) RESUMO O presente estudo foi realizado com o objetivo mostrar a influência da prótese dental na vida de um indivíduo, visando relacionar qualidade de vida, deglutição, fonação, mastigação, estética e integração no meio social, de acordo com uso correto da prótese. Dessa forma, observa-se como a perda dentária pode alterar funções e como a prótese dental pode restabelecê-las Palavras-chave: Prótese dentária; Qualidade de vida; Reabilitação. ABSTRACT The aim of this study was to show the influence of dental prosthesis on the life of an individual, aiming to relate quality of life, swallowing, phonation, mastication, aesthetics and integration in the social environment, according to correct use of the prosthesis. In this way, it can be observed how tooth loss can alter functions and how the dental prosthesis can reestablish them. KEYWORDS: Dental prosthesis; Quality of life; Rehabilitation. Key-words: Dental prosthesis; Quality of life; Rehabilitation 1. INTRODUÇÃO A alta incidência de perdas dentárias é uma realidade da população brasileira enfrenta apesar de todo o avanço da Odontologia e da quantidade de dentistas no país. Estas persas alteram a homeostase do sistema estomatognático, devido às modificações faciais, associadas à perda de osso alveolar e resposta neuromuscular, interferindo na real- ização da mastigação, deglutição e fala. Alguns problemas de saúde podem ser evidenciados quando há limitações na mastigação. As próteses dentárias mostram a chance de melhora na realização da mastigação, deglutição e fala além do reestabelecimento da estética, porém esse processo requer cuidados, uma vez que a modificação morfofuncional pode dificultar a aco- modação e a estabilidade, principalmente nos casos de próteses totais[1]. A qualidade de vida (QV) é uma noção de particu- laridade humana, que vem sendo igualada ao grau de sat- isfação com relação a vida familiar, amorosa, social e ambiental[2]. A QV não se limita às condições objetivas de que dispõem os sujeitos, muito menos no tempo de vida que estes possam ter, mas o que essas condições rep- resentam para cada um e à maneira conforme vivem. Sendo assim, a percepção sobre a qualidade de vida é variável em relação a grupos ou sujeitos[3]. A qualidade de vida diz respeito ao modelo que a própria sociedade define e tenta manter, consciente ou inconscientemente, e ao conjunto das políticas públicas e sociais que guiam o desenvolvimento humano, cabendo ao setor de saúde uma parcela de formulação e re- sponsabilidades significativas[2]. Dessa forma, a saúde, como um, todo, e também a saúde bucal, representa um fator primordial para uma elevada qualidade de vida, que pode ser caracterizada como a ausência de dor ou incômodos, mantendo um conceito positivo diante da vida e considerando-se o grau com que uma pessoa desfruta as possibilidades realmente importantes de sua existência[4]. Portanto, a cavidade http://www.rvacbo.com.br/ mailto:monique.ccavalcante@hotmail.com Nascimento, MACC et al. RvAcBO, 2018; 7(3):171-174 172 bucal influencia diretamente na qualidade de vida, tanto no nível biológico quanto no psicológico e social, através da autoestima, auto expressão, comunicação e estética facial[5]. A perda dentária é um evento desagradável que traz uma forte influência psicológica negativa na vida das pessoas. Tal fato pode ser experimentado como um sinal da perda da vitalidade e de que a terceira idade está che- gando. Cerca de 20 a 30% dos usuários de próteses re- movíveis se mostram incontentes com o seu uso. Quando a qualidade da estabilidade e retenção da prótese é maior, o paciente encontra melhor habilidade de mastigação e, consequentemente uma atitude psicológica mais positiva, sentindo-se mais satisfeito[6]. O objetivo desse trabalho é apresentar, por meio de revisão da literatura, a relação entre o uso de próteses, e a qualidade de vida dos indivíduos. Espera-se, assim con- tribuir, mesmo de forma mínima, para que seja dada a atenção necessária aos pacientes que estão passando por uma reabilitação protética, por parte dos profissionais de saúde e de todos que o rodeiam, para que sejam prestados os cuidados necessários, adequados e favoráveis à sua reabilitação. 2. Revisão de Literatura O presente estudo refere-se a uma pesquisa básica, exploratória de caráter bibliográfico, com abordagem qualitativa. Para as referências foram pesquisados artigos disponíveis nas bases de dados Bireme, Scielo, Ebsco e Pubmed, incluindo-se, publicações nos idiomas português, inglês e espanhol. Após a consulta aos Descritores em Ciência da Saúde (DeCS), foram utilizados os descritores: Prótese dentária; Qualidade de vida; Reabilitação. O período de estudo foi limitado a literatura pertinente publicada no período de 2000 a 2017, sendo incluídos também, estudos apresentados em período anterior ao acima determinado, em função da importância dos mesmos para o entendimento do tema, assim como, pesquisas complementares em livros-texto, monografias, dissertações, teses e trabalhos disponíveis online. O termo “qualidade de vida” vem sendo crescente- mente associado a saúde física e mental dos indivíduos. Visando a busca de um conceito que correlacione a saúde e o bem - estar as Organizações das Nações Unidas (ONU), visando apresentar uma definição sintética e ope- racional, "qualidade de vida" como: "a percepção do indi- víduo de sua posição na vida, no contexto cultural e sis- tema de valores em que vive, e em relação a suas metas, expectativas, parâmetros e relações sociais. É um conceito de larga abrangência, afetando de modo complexo a saúde física da pessoa, seu estado psicológico, nível de inde- pendência, relacionamento social e suas relações com características salientes do ambiente.[4-6] A "qualidade de vida" inclui a capacidade do paci- ente em sentir-se satisfeito no trabalho, no lar, religião, família e educação, ou seja, o padrão de qualidade de vida está intimamente ligado à auto-avaliação de cada um[7]. A qualidade de vida é considerada como boa ou excelente aquela que oferece ao ser humano condições para desen- volver ao máximo suas potencialidades de “viver, sentir ou amar, trabalhar, produzindo bens e serviços, fazendo ciência ou artes” e assim se satisfazendo e tornando-se útil para si, para sua família e para sociedade[8]. O conceito de saúde bucal é uma abstração útil, pois não se deve considerar a boca como algo isolado e inde- pendente do corpo humano; porém, pode-se considerá-la uma saúde parcial, e assim diferenciá-la das demais áreas que constituem as chamadas “Ciências da Saúde”, e com isso desenvolver programas de saúde bucal especializados para atuar de forma integral em Saúde Pública[9]. A saúde bucal é caracterizada como a ausência de dor e infecção na cavidade oral, consistindo em uma dentição confortá- vel e funcional, quer seja ela natural ou protética, e que permita ao indivíduo exercer seu papelna sociedade, com auto - estima e sem constrangimentos[10]. Desta maneira, só há saúde bucal, quando esta vem acompanhada da saúde geral de um indivíduo. Sabe-se que diversas doenças sistêmicas se refletem diretamente sobre a saúde bucal, afetando estruturas e componentes da cavidade oral. O inverso também se revela quando uma precária saúde bucal se torna um fator de risco à saúde geral. Do ponto de vista profissional, as ofertas da reabi- litação com próteses fixas melhoraram as alternativas de tratamento dos pacientes que requerem reabilitação oral. Entretanto, o que os pacientes consideram importante para a função e satisfação com relação às suas próteses pode ser bem diferente do que os dentistas acreditam que seja uma melhora significante na saúde bucal desses pacientes [11]. O impacto relativo de próteses sobre implantes e próteses totais convencionais foram avaliados no estado saúde de 46 indivíduos do sexo feminino. Como resulta- dos, encontraram que as pacientes que receberam próteses apresentaram uma melhoria significativa nas áreas de habilidade bucal mecânica, sinais e sintomas, e mastiga- Nascimento, MACC et al. RvAcBO, 2018; 7(3):171-174 173 ção, e uma tendência favorável com relação à comunica- ção, auto-estima, funções psicossociais e desempenho de funções. Os dados demonstraram que, para alguns paci- entes, a terapia com próteses tem vantagens clinicamente importantes, em termos de melhoras físicas, psicológicas e funções sociais. Os resultados deste estudo sustentaram a utilidade dos relatos dos pacientes, que são indicadores psicossociais para ajudar na definição das necessidades de tratamento, avaliando a qualidade e a consequência do tratamento, e a relação custo benefício[12]. A relação entre próteses totais removíveis, a quali- dade de vida e a saúde oral foram investigadas. Para isto, sessenta e seis pacientes foram selecionados da lista de espera para colocação de próteses totais. Na primeira consulta, os pacientes foram devidamente entrevistados. Sessenta e três desses pacientes foram entrevistados por telefone de 2 a 3 meses após a instalação das próteses totais móveis. Os resultados mostraram que os pacientes apresentaram satisfação significativa, afirmaram que os desconfortos foram mínimos, bem como limitações e in- capacidades psicológica e social. Este estudo mostrou que, após a instalação de um novo par de próteses totais, a qualidade de vida relacionada à saúde bucal desses paci- entes melhorou significantemente em quatro dos seis as- pectos avaliados, nos primeiros 2 a 3 meses após a inser- ção[13]. Estudos avaliaram o nível de satisfação dos pacien- tes e a melhoria da qualidade de vida relacionada à saúde bucal de pacientes que foram reabilitados com próteses totais convencionais. Para isso, 40 pacientes (com idades entre 55 e 85 anos) receberam novas próteses totais supe- riores e inferiores feitas pela técnica convencional, de acordo com a necessidade clínica. Como resultado, os pacientes apresentaram satisfação após a colocação das próteses, uma melhora estatisticamente significante no que se refere às limitações funcionais e físicas e incapa- cidade psicológica. A satisfação dos pacientes melhorou significantemente em todas as variáveis[14]. A personalidade do paciente, o relacionamento deste com o profissional dentista, e a aceitação sobre o uso de próteses removíveis é algo parece ser significativa para determinar a satisfação do paciente ao tratamento. O su- cesso com as próteses removíveis totais depende da adap- tação do paciente ao uso destas e de superar muitas das limitações funcionais que as próteses ainda apresen- tam[15].A adaptação correta de uma prótese pode resultar em melhorias na satisfação geral do paciente, em relação à sua aceitação quanto à estética, a fala e ao conforto[16]. Sabe-se que as próteses oferecem bastante benefícios, mas também existe limitações. A Prótese Dentária é uma especialidade da Odonto- logia que tem como prioridade a reabilitação oral de pa- cientes edêntulos, por meio de aparelhos (próteses) artifi- ciais[17]. A reabilitação com próteses removíveis tem como objetivo primordial a eliminação da doença, pre- servação, restauração e manutenção dos possíveis dentes remanescentes e tecidos bucais circundantes18. A perda dentária e a utilização inadequada de próteses removíveis têm impacto negativo na qualidade de vida da população a nível social e psicológico. Tais informações são importantes no que se diz res- peito a capacitação de profissionais para lidar melhor com seus pacientes[19]. A instalação de uma prótese dentária removível provoca uma alteração quantitativa e qualitati- va da placa bacteriana, aumentando os processos infla- matórios da cavidade bucal[14]. Quando esta situação se associa ao trauma provocado por uma prótese removível mal ajustada, pode desencadear lesões na cavidade bu- cal[20]. A falta de informações sobre a confecção, uso e manutenção das próteses dentárias removíveis ainda é um fato encontrado no meio odontológico, portanto o profis- sional de saúde deve estar preparado para esclarecer e orientar o paciente, quanto a higiene, o uso correto e os possíveis sintomas da adaptação de sua respectiva prótese, assim, o cliente se sentirá confiante e aberto para novas informações e mudanças de antigos hábitos. Cabe iniciarmos a discussão, levando em considera- ção que, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), aproximadamente 15% da população brasileira sofre com a perda dentária, mais da metade é de classe socioeconômica baixa e, mesmo com o avanço da odon- tóloga no que se refere aos tratamentos conservadores, o número de exodontias ainda é muito alto[21]. Sabe-se também, que a perda dentária influencia severamente nas funções físicas e psicológicas do indivíduo, pois esta compromete, desde a mastigação até a realização de ati- vidades simples do convívio social, as próteses tem esse importante papel, mesmo com algumas limitações funci- onais, segundo pesquisas, para o paciente, o tratamento reabilitador traz inúmeros benefícios e o principal deles é a conquista de uma maior qualidade de vida[22]. Portanto é de grande importância que o profissional de saúde esteja habilitado e seja capaz de lidar com o quadro atual desses indivíduos, visto que, a reabilitação é algo gratificante, não só para o paciente, mas também para aqueles que contribuem direta ou indiretamente com esta melhoria Nascimento, MACC et al. RvAcBO, 2018; 7(3):171-174 174 3. Considerações Finais Com o presente estudo, foi possível dimensionar e associar as mudanças positivas que o uso de próteses removíveis pode trazer para o indivíduo, não só no que diz respeito a estética, mas também nas mudanças psicológicas e sociais, na auto – confiança e auto – estima, assim como pôde – se observar que, as próteses removíveis são de grande importância na reabilitação oral, porém, estas devem ser bem confeccionadas e bem higienizadas pelo paciente, que deve ser informado quanto aos cuidados necessários, afim de diminuir o impacto do uso e os riscos de infecções. REFERÊNCIAS [1] Cunha, C.C., Felício, C.M. & Bataglion, C. (1999). Con- dições miofuncionais orais em usuários de próteses totais. São Paulo (SP): Pró-Fono Rev. de Atualização Científica, 11(1), 21-26. [2] Minayo MCS, Hartz ZMC, Buss PM. Qualidade de vida e saúde: um debate necessário. ABRASCO Assoc Bras Pós-Grad Saúde Colet, 5(1):7-18, 2000. [3] Almeida, M.A.B.de, Gutierrez, G.L. & Marques, R. (2012). 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