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Proc Civil IV - A2-A - Letícia

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1. Procedimento comum e especial: 
O Código de Processo Civil possui dois 
tipos de procedimentos para os 
processos de conhecimento, quais 
sejam: comum e especial. O 
2 
 
procedimento consiste na forma pela 
qual o processo se exterioriza, isto é, o 
modo de ser do processo; em outras 
palavras, trata-se do desencadeamento 
de atos processuais percorridos pelos 
3 
 
sujeitos do processo até a obtenção da 
tutela jurisdicional. 
O procedimento especial, como o 
próprio nome diz, traz em suas ações 
específicas (nominadas) requisitos 
4 
 
próprios. A identificação do uso do 
procedimento especial está ligada ao tipo 
de relação jurídica a ser resolvido pelo 
processo, pois, diante de específica 
relação, o Código de Processo Civil já 
5 
 
indica a ação correta a ser ajuizada e 
determina os requisitos pelos quais 
devem constar na petição inicial. 
Importa ressaltar que no procedimento 
especial não há exclusão total das regras 
6 
 
do procedimento comum, pois, de acordo 
com o art. 318 do CPC, o procedimento 
comum será aplicado de forma 
subsidiária ao especial. 
7 
 
Importante: Art. 318. Aplica-se a todas 
as causas o procedimento comum, 
salvo disposição em contrário deste 
Código ou de lei. 
8 
 
Parágrafo único. O procedimento 
comum aplica-se subsidiariamente 
aos demais procedimentos especiais 
e ao processo de execução. 
9 
 
Assim, ao elaborar a petição inicial de 
ação judicial constante no procedimento 
especial, deverá ser observada a 
estrutura da petição inicial constante no 
art. 319 do CPC e outros requisitos do 
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procedimento especial, todavia, as 
regras do procedimento comum são 
subsidiárias, isto é, somente serão 
utilizadas na ausência de regra 
específica do especial. 
11 
 
2. Ação de consignação em 
pagamento: 
A consignação em pagamento é 
modalidade de extinção de obrigação e 
será utilizada quando diante de uma 
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relação jurídica obrigacional, o devedor, 
atingida a data de vencimento, encontra 
resistência do credor em receber o 
pagamento ou a entrega da coisa. 
13 
 
Assim, em razão da conduta do credor 
em não receber a obrigação, com o fim 
de o devedor se desvincular da 
obrigação em que está envolvido, por 
meio da consignação, busca a extinção 
14 
 
da obrigação. É comum também a 
utilização da consignação em situações 
em que o devedor tem dúvida a quem 
pagar, há divergência quanto ao valor 
etc. 
15 
 
Portanto, a consignação em pagamento, 
extrajudicial ou judicial, é o meio pelo 
qual o devedor busca a extinção da 
obrigação, seja porque o credor se 
recusa a receber ou ainda quando o 
16 
 
devedor não sabe a quem pagar ou há 
divergência de valores. Com a extinção 
da obrigação pela consignação, o 
devedor evita a mora e seus efeitos 
17 
 
decorrentes da obrigação a qual se 
encontra vinculado. 
As hipóteses de cabimento da 
consignação estão previstas no art. 335 
do Código Civil: 
18 
 
Art. 335. A consignação tem lugar: 
I – se o credor não puder ou, sem justa 
causa, se recusar a receber o 
pagamento, ou dar quitação na devida 
forma; 
19 
 
II – se o credor não for nem mandar 
receber a coisa no lugar, tempo e 
condição devidos; 
III – se o credor for incapaz de receber, 
for desconhecido, declarado ausente, ou 
20 
 
residir em lugar incerto ou de acesso 
perigoso ou difícil; 
IV – se ocorrer dúvida sobre quem deva 
legitimamente receber o objeto do 
pagamento; 
21 
 
V – se pender litígio sobre o objeto do 
pagamento. 
Importante: Art. 304. Qualquer 
interessado na extinção da dívida pode 
pagá-la, usando, se o credor se opuser, 
22 
 
dos meios conducentes à exoneração 
do devedor. 
Parágrafo único. Igual direito cabe ao 
terceiro não interessado, se o fizer em 
23 
 
nome e à conta do devedor, salvo 
oposição deste. 
Por se tratar de obrigação, é oportuno 
esclarecer que o terceiro interessado ou 
não também poderá fazer uso da 
24 
 
consignação, caso tenha interesse em 
extinguir a obrigação em nome do 
devedor (art. 304 do Código Civil). 
 
 
25 
 
2.1. Espécies de consignação: 
O devedor que pretende a extinção da 
obrigação poderá realizar a consignação 
de forma extrajudicial ou judicial. 
26 
 
a) Extrajudicial: somente é possível 
quando se tratar de consignação em 
pagamento de dinheiro. Nesse caso, o 
devedor comparecerá a uma instituição 
bancária e depositária a quantia em 
27 
 
conta corrente com atualização 
monetária. Na sequência, o credor será 
notificado mediante carta com aviso de 
recebimento para que no prazo de 10 
dias a contar do retorno do AR manifeste 
28 
 
a recusa por escrito quanto ao depósito. 
Caso não haja manifestação (aceitação 
tácita), a obrigação será extinta e o valor 
depositado ficará à disposição do credor. 
Havendo a recusa por escrito 
29 
 
encaminhada ao estabelecimento 
bancário, o devedor ou terceiro deverá 
ingressar com a ação judicial de 
consignação em pagamento no prazo de 
1 mês, juntando como documentos 
30 
 
indispensáveis a prova do depósito e 
cópia da correspondência acompanhada 
da recusa. 
Não proposta a ação judicial no prazo de 
1 mês, o depósito realizado no 
31 
 
estabelecimento bancário ficará sem 
efeito, podendo o devedor levantar a 
qualquer momento. 
Importante mencionar que a 
consignação extrajudicial é uma 
32 
 
faculdade do devedor, não sendo assim 
pressuposto de admissibilidade da ação 
judicial de consignação em pagamento 
de dinheiro, se o devedor quiser poderá 
33 
 
propor ação judicial independentemente 
da tentativa de consignação extrajudicial. 
b) Judicial: sua utilização será para 
consignar dinheiro e coisa (bem móvel e 
imóvel). Assim, por se tratar de 
34 
 
procedimento especial, a elaboração da 
petição inicial deverá observar os 
requisitos constantes nos arts. 540 a 549 
do CPC e subsidiariamente o art. 319 do 
CPC. Vejamos os requisitos específicos 
35 
 
constantes no procedimento especial da 
ação de consignação: 
Competência: lugar do pagamento (art. 
540 do CPC) ou caso exista foro de 
eleição, no lugar convencionado pelas 
36 
 
partes. Não existindo lugar do 
pagamento e foro de eleição, regra geral 
do domicílio do devedor para pagamento 
de dívida (art. 327 do CPC). 
37 
 
Legitimidade: devedor da obrigação ou 
terceiro (autor) e credor da obrigação 
(réu). 
Pedido: requerimento do depósito ou da 
coisa devida, a ser efetivado no prazo de 
38 
 
5 dias contado do deferimento (art. 542, 
I, do CPC), ressalvada a hipótese de ter 
sido realizada a tentativa extrajudicial 
anteriormente, ocasião em que o valor já 
estará depositado e caberá ao autor 
39 
 
juntar como documento indispensável a 
cópia do comprovante de depósito, bem 
como a correspondência com a recusa 
do credor. 
40 
 
Citação: para levantar o depósito ou 
oferecer contestação (art. 542, II, do 
CPC). 
No caso de consignação de pagamento 
fundamentada em dúvida de quem 
41 
 
pagar, o autor requererá o depósito e a 
citação dos possíveis titulares do crédito 
para provarem o seu direito (art. 547 do 
CPC). 
42 
 
Realizada a citação do réu, este poderá 
apresentar contestação no prazo de 15 
dias (aplicação subsidiária do 
procedimento comum por não haver 
prazo específico estipulado), podendo 
43 
 
alegar as seguintes matérias (art. 544 do 
CPC): 
• Não houve recusa ou mora em receber 
a quantia ou a coisa devida; 
• Foi justa a recusa; 
44 
 
• O depósito não se efetuou no prazo ou 
no lugar do pagamento; 
• O depósito não é integral, ocasião em 
que deverá apontar o valor que entende 
devido. 
45 
 
Após a contestação, se a alegação do 
réu for de insuficiência do depósito, o 
autor poderá complementá-lo no prazo 
de 10 dias, salvo se corresponder a 
prestação cujo inadimplemento acarrete 
46 
 
a rescisãodo contrato e o autor levantar 
a parte incontroverso, prosseguindo-se o 
processo apenas quanto à parte 
controvertida. No julgamento, a sentença 
que concluir pela insuficiência do 
47 
 
depósito determinará, sempre que 
possível, o montante devido e valerá 
como título executivo, facultado ao 
credor promover-lhe o cumprimento nos 
mesmos autos, após liquidação, se 
48 
 
necessária. Por sua vez, se julgado 
procedente o pedido, o juiz declarará 
extinta a obrigação e condenará o réu ao 
pagamento de custas e honorários 
advocatícios (art. 546 do CPC). 
49 
 
Artigos: 
Arts. 540, 542, 544, 546 e 547 do CPC; 
Arts. 304 e 335 do CC. 
Tutela provisória de urgência antecipada: 
art. 294 e/ou art. 300 do CPC. Não há 
50 
 
previsão de liminar no procedimento 
especial, dessa forma, em casos de 
urgência, poderá ser requerida tutela 
provisória de urgência, seria o caso, por 
exemplo, para evitar/cancelar a inscrição 
51 
 
do nome do autor em cadastro de 
inadimplente. 
Palavras-chaves: para concessão da 
tutela provisória: urgência e risco de 
dano 
52 
 
 
 
 
 
3. Ações possessórias 
53 
 
3.1. Introdução 
As ações possessórias constantes no 
livro dos procedimentos especiais são 
aquelas que têm por finalidade sanar, de 
forma repressiva ou preventiva, a posse 
54 
 
de um bem. Nesse contexto, é oportuno 
esclarecer que a posse é um direito real 
e segundo o disposto no art. 1.196 do 
Código Civil: “considera-se possuidor 
todo aquele que tem de fato o exercício, 
55 
 
pleno ou não, de algum dos poderes 
inerentes à propriedade”. 
Ressalte-se que por possuidor para fins 
de ações possessórias entende-se tanto 
o possuidor direto como o indireto, cujo 
56 
 
principal ponto distintivo é a posse de 
fato. Aquele que realmente tem o bem no 
momento é o possuidor direto, por 
exemplo, se João, proprietário de um 
carro, empresta o carro a Manoel, este 
57 
 
último enquanto estiver com o carro 
emprestado é possuidor direto e João, na 
qualidade de proprietário, por não estar 
de fato com o bem, é possuidor indireto. 
58 
 
Importante: Tanto o possuidor direto 
como o indireto podem fazer uso das 
ações possessórias. 
Portanto, as ações possessórias 
constantes no Código de Processo Civil 
59 
 
buscam tão somente a proteção da 
posse e não da propriedade (domínio ou 
título de proprietário). Assim, poderão 
fazer uso das ações possessórias os 
proprietários (a posse é atributo inerente 
60 
 
à propriedade) e aqueles que detêm 
apenas a posse, mas não a propriedade. 
3.2. Diferença de possessória 
(reintegração, manutenção ou 
61 
 
interdito proibitório), reivindicatória e 
imissão na posse: 
Tema de bastante controvérsia é a 
distinção entre possessória, 
reivindicatória e imissão na posse, já que 
62 
 
pode o proprietário, na qualidade de 
possuidor direto ou indireto, fazer o uso 
dessas três ações judiciais. 
63 
 
 
64 
 
3.3. Modalidades das ações 
possessórias: 
São três as modalidades das ações 
possessórias, quais sejam: 
reintegração, manutenção e interdito 
65 
 
proibitório. A diferença entre elas 
decorre da situação em que se encontra 
a posse, pois cada tipo de alteração da 
posse requer uma proteção possessória 
específica. 
66 
 
 
3.3.1. Reintegração de posse: 
A reintegração de posse será proposta 
quando houver esbulho, ou seja, haverá 
a perda total da posse pelo possuidor, 
67 
 
ocasião em que tanto o possuidor direto 
como o indireto terão legitimidade para 
ajuizar ação de reintegração de posse. 
 
3.3.2. Manutenção de posse: 
68 
 
A manutenção da posse será proposta 
quando o possuidor tiver a limitação da 
sua posse, isto é, não poder exercê-la 
por completo. Nesse caso não houve a 
perda total da posse, mas esta sofreu 
69 
 
restrição, foi turbada, razão pela qual o 
possuidor faz uso da ação de 
manutenção de posse para cessar a 
limitação. 
3.3.3. Interdito proibitório: 
70 
 
O interdito proibitório ocorre quando o 
possuidor está na iminência de ter sua 
posse molestada, ou seja, ameaça de 
sofrer turbação ou esbulho. Assim, por 
se tratar de uma ameaça, evento futuro, 
71 
 
o possuidor faz uso de proteção 
possessória de forma preventiva. 
 
72 
 
 
73 
 
 
Considerando as três possessórias 
tipificadas no nosso ordenamento: 
reintegração, manutenção e interdito 
proibitório, é importante mencionar 
74 
 
primeiramente os aspectos processuais 
que se aplicam às três, quais sejam: 
 
a) Princípio da fungibilidade: previsto 
no art. 554 do Código de Processo Civil, 
75 
 
o princípio da fungibilidade autoriza o 
magistrado a admitir uma ação 
possessória em vez de outra. A título de 
exemplo, é possível citar a propositura 
de ação de manutenção da posse que no 
76 
 
momento em que o juiz for analisar a 
liminar já tenha ocorrido a perda total da 
posse, nesse caso o juiz receberá a 
manutenção como se reintegração fosse. 
Assim, com fundamento no princípio da 
77 
 
fungibilidade, ao abordar os 
requerimentos da petição inicial, deverá 
constar o requerimento de aplicação do 
princípio da fungibilidade: “requer, ainda, 
a aplicação do princípio da fungibilidade, 
78 
 
caso a situação de fato se altere, 
conforme previsto no art. 554 do Código 
de Processo Civil”. 
b) Litígio coletivo: no caso de ação 
possessória em que figure no polo 
79 
 
passivo grande número de pessoas, o 
Ministério Público atuará 
obrigatoriamente (arts. 178, III, e 554, § 
1º, do CPC) e, se envolver pessoas em 
situação de hipossuficiência econômica, 
80 
 
também será intimada a Defensoria 
Pública. 
 
81 
 
Tipos de citação em ações 
possessórias de litígio coletivo (art. 
554, § 2º, do CPC): 
- Oficial de justiça: dos que forem 
encontrados no local. 
82 
 
- Edital: daqueles que não forem 
encontrados no local. 
 
c) Cumulação de pedidos: o art. 555 do 
Código de Processo Civil prevê a 
83 
 
possibilidade de cumulação de pedidos 
pelo autor, assim, além da própria 
proteção possessória, o autor poderá 
cumular os seguintes pedidos: 
- Condenação em perdas e danos; 
84 
 
- Indenização dos frutos; 
- Imposição de medida necessária e 
adequada para evitar nova turbação ou 
esbulho ou para cumprir-se a tutela 
provisória ou final. 
85 
 
d) Pedido contraposto: de acordo com 
o art. 556 do Código de Processo Civil, o 
réu, na contestação, poderá realizar 
pedido contraposto, o qual consiste em o 
réu demandar a proteção possessória e 
86 
 
a indenização pelos prejuízos resultantes 
da turbação ou do esbulho cometido pelo 
autor. É daí que vem o caráter dúplice 
das ações possessórias, isto é, além 
de se defender em sede de contestação, 
87 
 
o réu poderá na mesma peça processual 
buscar sua proteção possessória 
alegando que é o autor que causa 
problemas na posse, seja resultante de 
esbulho ou turbação, podendo ainda 
88 
 
cumular pedido de indenização a seu 
favor na ação judicial em que a princípio 
poderia tão somente se defender das 
alegações trazidas na petição inicial. 
89 
 
3.5. Procedimento da reintegração e 
manutenção de posse: liminar ou 
tutela provisória de urgência 
antecipada? 
90 
 
As ações possessórias de reintegração e 
manutenção da posse podem seguir o 
procedimento especial ou comum (art. 
558, caput e parágrafo único, do CPC), 
sendo de extrema importância a análise 
91 
 
da data em que ocorreu o esbulho ou a 
turbação. 
 
92 
 
93 
 
Atenção: Em litígio coletivo pela posse, 
em ação de força velha (mais de ano e 
dia), antes de o juiz analisar a tutela 
provisória de urgência antecipada, 
94 
 
designará audiência de mediação, 
intimando para tanto: 
- Ministério Público; 
- Defensoria Pública; 
- Órgãos da política urbana e agrária. 
95 
 
Importante: Contra as pessoas jurídicas 
dedireito público, não será deferida a 
manutenção ou a reintegração liminar 
sem prévia audiência dos respectivos 
representantes judiciais. 
96 
 
Competência: 
• Bens móveis (art. 46 do CPC): 
domicílio do réu. 
• Bens imóveis (art. 47, § 2º, do CPC): 
situação da coisa. 
97 
 
Liminar (art. 562 do CPC) – se a 
agressão da posse ocorreu dentro de 
ano e dia; 
98 
 
Tutela provisória de urgência antecipada 
(art. 300 do CPC) – se a agressão da 
posse ocorreu há mais de ano e dia. 
Artigos relevantes: 
99 
 
• Reintegração e manutenção de 
posse: arts. 558, 560, 561 e 562; 
• Litígio coletivo: arts. 554, §§ 1º e 2º, e 
565 do CPC; 
• Interdito proibitório: art. 567 do CPC. 
100 
 
 
 
 
 
Ação de exigir contas: 
101 
 
Introdução: 
Importante verificar que no CPC de 2015 
houve a modificação da nomenclatura da 
Ação de Prestação de Contas para Ação 
de Exigir Contas. Por meio desse 
102 
 
procedimento especial, previsto nos arts. 
550 a 553 do CPC, aquele que afirmar 
ser titular do direito de exigir contas 
requererá a citação do réu para que as 
preste ou ofereça contestação no prazo 
103 
 
de 15 (quinze) dias. Nesse caso, a peça 
prática será uma petição inicial, na qual 
o Autor (aquele que afirma ser titular do 
direito) pretenderá do Réu (aquele que 
tem o dever de prestar contas) a 
104 
 
apresentação das contas a respeito da 
relação jurídica existente entre as partes. 
Procedimento: 
105 
 
O procedimento da ação de exigir contas 
se desenvolve em duas fases, quais 
sejam: 
1ª Fase: o juiz verifica se há, ou não, a 
obrigação de que o réu preste as contas 
106 
 
exigidas pelo autor. Nessa etapa, não se 
discute os valores a serem apurados. 
2ª Fase: o juiz analisa as próprias contas 
prestadas, ou seja, se estão corretas ou 
incorretas. Nesse momento, o juiz 
107 
 
verifica os valores e se, eventualmente, 
existe saldo remanescente em favor de 
uma das partes. 
O procedimento se inicia, na 1ª Fase, 
com a propositura de uma petição inicial, 
108 
 
com fundamento no art. 550, § 1º, do 
CPC, na qual o autor especificará, 
detalhadamente, as razões pelas quais 
exige as contas, instruindo-a com 
109 
 
documentos comprobatórios dessa 
necessidade, se existirem. 
Julgado procedente o pedido, 
reconhecendo o direito do autor de exigir 
as contas e o dever do réu de prestá-las, 
110 
 
também condenará o réu a prestar as 
contas no prazo de 15 dias, sob pena de 
não lhe ser lícito impugnar as que o autor 
apresentar (art. 550, § 5º, do CPC). 
111 
 
Inicia-se, assim, a 2ª Fase, tendo o autor 
duas opções nesse caso: 
a) Apresentadas as contas: terá o autor 
15 dias para se manifestar. 
112 
 
b) Não apresentadas as contas: serão 
apresentadas pelo autor, sem direito de 
impugnação por parte do réu. No 
entanto, tal impedimento não obsta ao 
113 
 
juiz a determinação de exame pericial 
nas contas apresentadas, se necessário. 
Ao final da 2ª Fase, o juiz sentenciará, 
apurando o saldo devedor, se existente, 
em favor de uma das partes (natureza 
114 
 
dúplice), constituindo título executivo 
judicial, cuja execução seguirá o 
procedimento do cumprimento de 
sentença, nos termos dos arts. 513 e s. 
do CPC. 
115 
 
 
Identificação da peça: 
116 
 
A principal dica para que se possa 
identificar se efetivamente trata de 
petição inicial em Ação de Exigir 
Contas será a apresentação pelo 
enunciado de um vínculo jurídico 
117 
 
existente entre as partes, no qual uma 
delas terá o direito de exigir que a outra 
preste as contas relativas à relação. Note 
que esta relação jurídica pode ser 
verificada quando determinadas pessoas 
118 
 
possuem o dever legal de administrar 
determinados bens e interesses 
juridicamente relevantes, possuindo a 
responsabilidade de prestar as contas de 
sua gestão. 
119 
 
São exemplos desse dever: 
o sucessor provisório de ausente que 
não seja descendente, ascendente ou 
cônjuge (art. 33, caput, do CC); 
120 
 
os mandatários quanto aos atos 
praticados em função do contrato de 
mandato (art. 668 do CC); 
o síndico de condomínio (art. 1.348 do 
CC); 
121 
 
a empresa de administração de 
condomínios; 
o advogado para seu cliente no que se 
refere às quantias recebidas para 
122 
 
patrocínio da causa ou aquelas 
levantadas durante o feito. 
Principais artigos de direito 
processual e direito material: 
• Art. 550 do CPC; 
123 
 
• Art. 551 do CPC; 
• Art. 552 do CPC; 
• Art. 1.348 do CC; 
• Art. 1.349 do CC; 
• Art. 1.350 do CC.

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