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livro A História do Corpo

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CYAN
VS Gráfica VS Gráfica
MAG
VS Gráfica
YEL
VS Gráfica
BLACK
Escrito pelo renomado Conrad Phillip Kottak, pesquisador proeminente na área da
antropologia, que realizou suas pesquisas, entre outros lugares, no Nordeste brasileiro,
Um espelho para a humanidade traz uma introdução acessível à antropologia cultural,
equilibrando a abordagem dos temas fundamentais da área com a apresentação do que há 
de novo no campo. 
Ricamente ilustrados por exemplos, os capítulos trazem os quadros “Antropologia hoje” e 
“Aplicando a antropologia à cultura popular”, que permitem ao leitor não apenas atualizar-se 
em relação aos desenvolvimentos da área como relacioná-la às vivências de seu dia a dia.
Um espelho para a humanidade
UMA INTRODUÇÃO À ANTROPOLOGIA CULTURAL
Conrad Phillip 
Kottak
“Os pontos fortes de Kottak são a escrita lúcida, a capacidade de focar em ideias 
importantes e a seleção de exemplos interessantes.” 
 RITA SAKITT, Suffolk County Community College
“Aprecio o estilo de Kottak, a clareza com que escreve e a inclusão das defi nições de 
termos-chave. Os quadros de destaque, muito bem escolhidos, apresentam o nível 
adequado.” 
WILLIAM GRIFFIN, St. Charles Community College
Acesse a Área do Professor em www.grupoa.com.br para baixar apresentações 
PowerPoint® em língua portuguesa.
Acesse o link deste livro em www.grupoa.com.br para fazer um quiz (em português) 
e testar os conhecimentos adquiridos a partir da leitura do livro.
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8ª
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www.grupoa.com.br
ANTROPOLOGIA
Um espelho para a humanidade
UMA INTRODUÇÃO À ANTROPOLOGIA CULTURAL
A Penso Editora inicia suas publicações em 
Antropologia pelo clássico Um espelho para 
a humanidade, de Conrad Phillip Kottak, 
um dos mais reconhecidos professores de 
Antropologia dos Estados Unidos. O livro, 
escrito de forma acessível e ilustrado por 
diversos exemplos que remetem o leitor 
tanto a temas fundamentais como a seu 
próprio dia a dia, traz uma introdução a 
essa área do conhecimento. 
O professor Kottak fez trabalho de campo etnográfi co no Brasil 
(em Arembepe, Bahia), em Madagascar e nos Estados Unidos. 
Seu interesse geral são os processos pelos quais as culturas 
locais são incorporadas – e resistem à incorporação – a sistemas 
maiores. Esse interesse vincula seu trabalho anterior sobre 
ecologia e formação do Estado na África e em Madagascar com 
sua pesquisa mais recente sobre globalização, cultura nacional e 
internacional e meios de comunicação de massa.
Em projetos mais recentes, Kottak e seus colegas pesquisaram 
o surgimento da consciência ecológica no Brasil e a participação 
popular no planejamento do desenvolvimento econômico no 
Nordeste do País.
Para contatar diretamente o autor, escreva para: 
ckottak@bellsouth.net.
 
www.grupoa.com.br
0800 703 3444
A Penso Editora é parte do Grupo A, uma 
empresa que engloba diversos selos 
editoriais e várias plataformas de distri-
buição de conteúdo técnico, científi co 
e profi ssional, disponibilizando-o como, 
onde e quando você precisar. A Penso 
Editora é dedicada exclusivamente às 
Ciências Humanas e está gradativamen-
te substituindo e ampliando a atuação da 
Artmed Editora no segmento. O Grupo A 
publica com exclusividade obras com o 
selo McGraw-Hill em língua portuguesa.
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Conrad Phillip 
Kottak 8ª
edição
42771 Um espelho para a Humanidade.indd 1 22/03/2013 09:00:58
K87e Kottak, Conrad Phillip 
 Espelho para a humanidade [recurso eletrônico] : uma
 introdução concisa à antropologia cultural / Conrad Phillip Kottak ;
 tradução: Roberto Cataldo Costa ; revisão técnica: Carlos
 Caroso. – 8. ed. – Dados eletrônicos. – Porto Alegre : AMGH,
 2013.
 Editado também como livro impresso em 2013.
 ISBN 978-85-8055-191-4
 1. Antropologia cultural – Humanidade. I. Título.
CDU 572.026
Catalogação na publicação: Ana Paula M. Magnus – CRB10/2052
Iniciais_Eletronico.indd ii 27/02/2013 11:38:37
Um espelho para a humanidade 31
Também há razões lógicas para a uni-
dade da antropologia norte-americana. 
Cada subcampo trata da variação no tempo 
e no espaço (i.e., em diferentes áreas geo-
gráficas). Os antropólogos culturais e os ar-
queólogos estudam (entre muitos outros 
temas) as mudanças na vida social e nos 
costumes. Os arqueólogos lançam mão de 
estudos de sociedades vivas para imaginar 
como poderia ter sido a vida no passado. Os 
bioantropólogos examinam mudanças evo-
lutivas na forma física, por exemplo, altera-
ções anatômicas que poderiam ter sido as-
sociadas à origem do uso de ferramentas ou 
da linguagem. Os antropólogos linguistas 
podem reconstruir os fundamentos dos 
idiomas antigos estudando os modernos.
Os subcampos influenciam uns aos 
outros à medida que antropólogos falam 
entre si, leem livros e revistas e se reúnem 
em organizações profissionais. A antropo-
logia geral explora os conceitos básicos da 
biologia, da sociedade e da cultura huma-
nas e considera suas inter-relações. Os an-
tropólogos compartilham determinados 
pressupostos essenciais, dos quais talvez o 
mais fundamental seja a ideia de que as 
conclusões sólidas sobre a “natureza huma-
na” não podem ser derivadas do estudo de 
uma única população, nação, sociedade ou 
tradição cultural, sendo essencial uma 
abordagem comparativa e intercultural.
As forças culturais formam 
a biologia humana
A perspectiva comparativa e biocultural da 
antropologia reconhece que as forças cultu-
rais moldam constantemente a biologia hu-
mana. (O termo “biocultural” se refere a 
inclusão e combinação das perspectivas 
biológica e cultural e a abordagens para co-
mentar ou resolver um determinado pro-
blema ou questão.) A cultura é uma força 
ambiental fundamental na determinação de 
como os corpos humanos crescem e se de-
senvolvem. As tradições culturais promo-
vem certas atividades e habilidades, desen-
corajando outras, e estabelecem padrões de 
bem-estar e atratividade físicos. As ativida-
des físicas, incluindo esportes, que são in-
fluenciadas pela cultura, ajudam a moldar o 
corpo. Por exemplo, as meninas norte-ame-
ricanas são estimuladas a praticar competi-
ções que envolvem patinação artística, gi-
nástica, atletismo, natação, mergulho e 
muitos outros esportes e, portanto, ter um 
bom desempenho nessas atividades; as bra-
sileiras, ainda que se destaquem nos espor-
tes coletivos, como basquete e vôlei, não se 
saem tão bem em esportes individuais, 
como as norte-americanas e canadenses. 
Por que as pessoas são estimuladas a se no-
tabilizar como atletas em alguns países, mas 
não em outros? Por que as pessoas em al-
guns países investem tanto tempo e esforço 
em esportes competitivos a ponto de que 
seus corpos se alterem significativamente 
como resultado disso?
Em seus primórdios, a antropologia nos Es-
tados Unidos estava preocupada sobretudo 
com a história e as culturas dos povos nati-
vos norte-americanos. Ely S. Parker, ou Ha-
-sa-no-an-da, foi um indígena Seneca que 
deu contribuições importantes ao início da 
antropologia. Parker também foi Comissário 
de Assuntos Indígenas dos Estados Unidos.
sduarte
Caixa de texto
32 Conrad Phillip Kottak
Padrões culturais de atratividade e ade-
quação influenciam a participação e o de-
sempenho nos esportes. Os norte-america-
nos correm ou nadam não apenas para com-
petir, mas para se manter em forma e em 
boas condições físicas. Os padrões de beleza 
do Brasil tradicionalmente aceitaram mais 
gordura, em especial nas nádegas e nos qua-
dris das mulheres. Os homens brasileiros 
têm obtido algum sucesso internacional na 
natação e em corridas, mas o Brasil raramen-
te envia nadadoras ou corredoras às Olim-
píadas. Uma das razões para as brasileiras 
evitarem a natação competitiva podem ser 
os efeitos que o esporte tem sobre a modela-
ção do corpo.
Anos de natação esculpem um físicodi-
ferenciado: torso superior alargado, pescoço 
grosso e ombros e costas robustos. As nada-
doras de sucesso tendem a ser grandes, fortes 
e volumosas. Os países que mais produzem 
atletas femininas da natação são Estados Uni-
dos, Canadá, Austrália, Alemanha, os países 
escandinavos, a Holanda e a ex-União Sovié-
tica, onde esse tipo de corpo não é tão estig-
matizado como em países latinos. As nada-
doras desenvolvem corpos rígidos, mas a cul-
tura brasileira diz que as mulheres devem ser 
delicadas, com quadris e nádegas grandes, 
sem ombros largos. Muitas jovens nadadoras 
do Brasil optam por abandonar o esporte 
para manter o corpo “feminino” ideal.
Quando você estava crescendo, qual 
era o esporte de que mais gostava: futebol, 
natação, futebol americano, beisebol, tênis, 
golfe ou algum outro (ou talvez nenhum)? 
Isso se dá em função de “quem você é” ou 
por causa das oportunidades que teve para 
praticar e participar nessa atividade especí-
fica quando era criança? Quando você era 
pequeno, talvez os seus pais tenham lhe dito 
que tomar leite e comer legumes iriam aju-
dá-lo a ficar “grande e forte”. Eles provavel-
mente não reconheceram de forma imedia-
ta o papel que a cultura cumpre na defini-
ção de corpos, personalidades e saúde 
pessoal. Se a nutrição é importante para o 
crescimento, o mesmo se aplica às orienta-
ções culturais. Qual é o comportamento 
adequado a meninos e meninas? Que tipo 
de trabalho os homens e as mulheres devem 
fazer? Onde as pessoas deveriam viver? 
Quais são os usos apropriados do seu tempo 
de lazer? Que papel deve cumprir a religião? 
Como as pessoas devem se relacionar com 
seus parentes, amigos e vizinhos? Embora 
nossos atributos genéticos proporcionem 
uma base para o nosso crescimento e desen-
volvimento, a biologia humana é bastante 
plástica, isto é, maleável. A cultura é uma 
força ambiental que afeta o nosso desenvol-
vimento, tanto quanto a nutrição, o calor, o 
frio e a altitude, e também orienta o nosso 
crescimento emocional e cognitivo, ajudan-
do a determinar o tipo de personalidade 
que temos como adultos.
O Brasil raramente envia nadadoras para as 
Olimpíadas. Uma exceção é Fabíola Molina, 
que competiu nas Olimpíadas de 2000 e 2008. 
Nessa foto, em maio de 2009, Fabíola dá um 
mergulho vencedor na final feminina dos 100 
metros – nado costas, do Troféu Maria Lenk, 
no Rio de Janeiro. De que forma anos de na-
tação competitiva podem afetar o fenótipo?
Um espelho para a humanidade 33
AS SUBDISCIPLINAS DA 
ANTROPOLOGIA
Antropologia cultural
A antropologia cultural é o estudo da so-
ciedade e da cultura humanas, o subcampo 
que descreve, analisa, interpreta e explica as 
semelhanças e diferenças sociais e culturais. 
Para estudar e interpretar a diversidade cul-
tural, os antropólogos culturais realizam 
dois tipos de atividade: etnografia (com 
base no trabalho de campo) e etnologia 
(com base na comparação intercultural). A 
etnografia fornece uma descrição de deter-
minada comunidade, sociedade ou cultura. 
Durante o trabalho de campo etnográfico, o 
etnógrafo reúne dados que organiza, des-
creve, analisa e interpreta para construir e 
apresentar essa descrição, que pode se dar 
na forma de livro, artigo ou filme. Tradicio-
nalmente, os etnógrafos têm morado em 
pequenas comunidades e estudado com-
portamentos, crenças, costumes, vida so-
cial, atividades econômicas, política e reli-
gião locais (ver Wolcott, 2008).
A perspectiva antropológica derivada 
do trabalho de campo etnográfico costuma 
ser bastante diferente da que deriva da eco-
nomia ou da ciência política. Esses campos 
trabalham com organizações e políticas na-
cionais e oficiais e, muitas vezes, com elites, 
mas os grupos que os antropólogos têm es-
tudado costumam ser relativamente pobres 
e desprovidos de poder. Os etnógrafos ob-
servam muitas práticas discriminatórias 
voltadas a essas pessoas, que enfrentam es-
cassez de alimentos, deficiências alimenta-
res e outros aspectos da pobreza. Os cientis-
tas políticos tendem a estudar os programas 
que os planejadores nacionais desenvolvem, 
enquanto os antropólogos descobrem como 
esses programas funcionam em nível local.
As culturas não são isoladas. Como 
observado por Franz Boas (1940/1966) há 
muitos anos, o contato entre tribos vizinhas 
sempre existiu e se estendeu sobre áreas 
enormes. “As populações humanas cons-
troem suas culturas em interação umas 
com as outras, e não isoladamente” (Wolf, 
1982, p. ix). Moradores de aldeias partici-
pam cada vez mais de eventos regionais, na-
cionais e mundiais. A exposição a forças ex-
ternas se dá pelos meios de comunicação de 
massa, pela migração e pelo transporte mo-
derno. A cidade e a nação cada vez mais in-
vadem as comunidades locais com a chega-
da de turistas, agentes de desenvolvimento, 
autoridades governamentais e religiosas e 
candidatos a cargos políticos. Essas ligações 
são componentes importantes de sistemas 
regionais, nacionais e internacionais de po-
lítica, economia e informações. Esses siste-
mas maiores afetam mais e mais as pessoas 
e os lugares tradicionalmente estudados 
pela antropologia. O estudo desses vínculos 
e sistemas faz parte do tema da antropolo-
gia moderna.
A etnologia examina, interpreta, ana-
lisa e compara os resultados da etnografia – 
os dados coletados em diferentes sociedades 
– e os usa para comparar, contrastar e fazer 
generalizações sobre a sociedade e a cultura. 
Olhando além do particular e vislumbran-
do o mais geral, os etnólogos tentam identi-
ficar e explicar as diferenças e similaridades 
culturais, testar hipóteses e construir teorias 
para melhorar nossa compreensão de como 
funcionam os sistemas sociais e culturais. A 
etnologia obtém seus dados para compara-
ção não apenas da etnografia, mas também 
de outros subcampos, em especial da antro-
pologia arqueológica, que reconstrói os sis-
temas sociais do passado. (A Tabela 1.2 re-
sume os principais contrastes entre etno-
grafia e etnologia.)
Antropologia arqueológica
A antropologia arqueológica (dito de 
forma mais simples, “arqueologia”) recons-
trói, descreve e interpreta o comportamen-
to e os padrões culturais humanos por meio 
34 Conrad Phillip Kottak
de restos materiais. Em locais onde as pes-
soas vivem ou viveram, os arqueólogos en-
contram artefatos – itens materiais que os 
seres humanos produziram, usaram ou 
modificaram, como ferramentas, armas, 
acampamentos, construções e lixo.
Os restos de vegetais e animais e o lixo 
antigo contam histórias sobre consumo e 
atividades. Os grãos selvagens e os domesti-
cados têm características diferentes que 
permitem que os arqueólogos distingam 
entre coleta e cultivo. O exame de ossos de 
animais revela a idade dos animais abatidos 
e fornece outras informações úteis para de-
terminar se as espécies eram selvagens ou 
domesticadas.
Analisando esses dados, os arqueólogos 
respondem a várias perguntas sobre as anti-
gas economias. O grupo obtinha sua carne 
da caça ou domesticava e criava animais, 
matando apenas os de certa idade e determi-
nado sexo? Os alimentos vegetais vinham de 
plantas silvestres ou da semeadura, cuidado e 
colheita dos cultivos? Os moradores produ-
ziam, comercializavam ou compravam de-
terminados itens? As matérias-primas esta-
vam disponíveis localmente? Se não, de onde 
vinham? A partir dessas informações, os ar-
queólogos reconstroem os padrões de pro-
dução, comércio e consumo.
Os arqueólogos passaram muito 
tempo estudando fragmentos de cerâmica, 
pois são mais duráveis do que muitos ou-
tros artefatos, como os têxteis e a madeira. 
A quantidade de fragmentos de cerâmica 
permite estimar tamanho e densidade da 
população. A descoberta de que os ceramis-
tas usavam materiais que não estavam dis-
poníveis localmente sugere sistemas de co-
mércio. Semelhanças na fabricação e deco-
ração em locais diferentes podem ser prova 
de conexões culturais. Grupos que tenham 
vasilhames semelhantes podem ter relações 
históricas e, talvez, compartilhem antepas-sados culturais, tenham negociado entre si 
ou pertençam ao mesmo sistema político.
Muitos arqueólogos examinam a pa-
leoecologia. A ecologia é o estudo das inter-
-relações entre seres vivos em um ambiente. 
Juntos, organismos e ambiente constituem 
um ecossistema, uma configuração de flu-
xos de energia e intercâmbios que segue de-
terminados padrões. A ecologia humana es-
tuda os ecossistemas que incluem pessoas, 
enfocando as formas como o uso humano 
“da natureza influencia a organização social 
e os valores culturais e por eles é influencia-
do” (Bennett, 1969, p. 10-11). A paleoecolo-
gia observa os ecossistemas do passado.
Além de reconstruir padrões ecológi-
cos, os arqueólogos podem inferir transfor-
mações culturais, por exemplo, ao observar 
mudanças no tamanho e no tipo dos sítios e 
na distância entre eles. Uma cidade grande 
se desenvolve em uma região onde, alguns 
séculos antes, só existiam cidadezinhas, al-
deias e vilarejos. O número de níveis de as-
sentamento (cidade grande ou pequena, 
povoado, aldeia) em uma sociedade é uma 
medida da complexidade social. As cons-
truções dão pistas sobre as características 
políticas e religiosas. Templos e pirâmides 
 TABELA 1.2 Etnografia e etnologia – duas dimensões da antropologia cultural
ETNOGRAFIA ETNOLOGIA
Exige trabalho de campo para coletar dados Utiliza os dados coletados por 
 uma série de pesquisadores
Muitas vezes descritiva Normalmente sintética
Específica de um grupo ou comunidade Comparativa/intercultural
 
Um espelho para a humanidade 35
sugerem que uma antiga sociedade tinha 
uma estrutura de autoridade capaz de mo-
bilizar o trabalho necessário para construir 
esses monumentos. A presença ou a ausên-
cia de determinadas estruturas, como as pi-
râmides do Egito e do México antigos, reve-
la diferenças de funções entre os assenta-
mentos. Por exemplo, algumas cidades 
eram lugares a que as pessoas iam para as-
sistir a cerimônias, outras eram locais de se-
pultamento e outras, ainda, comunidades 
agrícolas.
Os arqueólogos também reconstroem 
os padrões de comportamento e estilos de 
vida do passado fazendo escavações, ou 
seja, cavando uma sucessão de níveis em 
um sítio. Em uma determinada área, ao 
longo do tempo, os assentamentos podem 
mudar de forma e propósito, assim como as 
conexões entre eles. As escavações podem 
documentar alterações em atividades eco-
nômicas, sociais e políticas.
Embora sejam mais conhecidos pelo 
estudo da pré-história, isto é, o período 
anterior à invenção da escrita, os arqueó-
logos também estudam as culturas dos 
povos históricos e até mesmo dos que ainda 
vivem (ver Sabloff, 2008). Estudando na-
vios afundados na costa da Flórida, arqueó-
logos subaquáticos foram capazes de verifi-
car as condições de vida nos navios que 
trouxeram ancestrais afro-americanos para 
o Novo Mundo, na condição de pessoas es-
cravizadas. Em um projeto de pesquisa que 
iniciou em 1973, em Tucson, Arizona, o ar-
queólogo William Rathje aprendeu sobre a 
vida contemporânea com o estudo do lixo 
moderno. O valor da “lixologia” (garbolo-
gy), como Rathje a chama, é que ela fornece 
“evidências do que as pessoas faziam, e não 
do que elas acham que faziam, do que 
acham que deveriam ter feito ou do que o 
entrevistador acha que elas deveriam ter 
feito” (Harrison, Rathje e Hughes, 1994, p. 
Uma equipe de arqueólogos trabalha em Harappa, onde esteve uma antiga civilização do Vale 
do Indo, que remonta a aproximadamente 4.800 anos.
36 Conrad Phillip Kottak
108). O que as pessoas informam pode ser 
muito diferente do seu comportamento 
real, como revelado pela lixologia. Por 
exemplo, o lixólogos descobriram que os 
três bairros de Tucson que relataram o 
menor consumo de cerveja tinham, na ver-
dade, o maior número de latas de cerveja 
descartadas por domicílio (Podolefsky e 
Brown, 1992, p. 100)! A lixologia de Rathje 
também mostrou ideias equivocadas sobre 
a quantidade de diferentes tipos de lixo que 
está em aterros sanitários: embora a maio-
ria das pessoas considerasse as embalagens 
de fast-food e as fraldas descartáveis como 
os grandes problemas em termos de lixo, na 
verdade, elas eram relativamente insignifi-
cantes em comparação com o papel, in-
cluindo o papel reciclável, que não seria 
prejudicial ao meio ambiente (Rathje e 
Murphy, 2001).
Antropologia biológica ou física
O tema da antropologia biológica, ou físi-
ca, é a diversidade biológica humana no 
tempo e no espaço. O foco na variação bio-
lógica une cinco interesses especiais na an-
tropologia biológica:
 1. Evolução humana segundo a revela o 
registro fóssil (paleoantropologia).
 2. Genética humana.
 3. Crescimento e desenvolvimento hu-
manos.
 4. Plasticidade biológica humana (capaci-
dade do corpo para mudar ao enfrentar 
estresse, como calor, frio e altitude).
 5. A biologia, a evolução, o comporta-
mento e a vida social de macacos, sí-
mios e outros primatas não humanos.
Esses interesses ligam a antropologia 
física a outros campos: biologia, zoologia, 
geologia, anatomia, fisiologia, medicina e 
saúde pública. A osteologia – o estudo dos 
ossos – ajuda os paleoantropólogos, que 
examinam crânios, dentes e ossos, a identi-
ficar os ancestrais humanos e acompanhar 
as mudanças na anatomia ao longo do 
tempo. O paleontólogo é um cientista que 
estuda os fósseis. Um paleoantropólogo é 
uma espécie de paleontólogo que estuda o 
registro fóssil da evolução humana. Os pa-
leoantropólogos muitas vezes trabalham 
em conjunto com os arqueólogos, que estu-
dam artefatos, na reconstrução de aspectos 
biológicos e culturais da evolução humana. 
É comum serem encontrados fósseis e fer-
ramentas juntos. Diferentes tipos de ferra-
mentas fornecem informações sobre os há-
bitos, os costumes e o estilo de vida dos hu-
manos ancestrais que as usavam.
Mais de um século atrás, Charles Dar-
win percebeu que a variedade que existe em 
toda a população permite que alguns indi-
víduos (com características privilegiadas) 
se saiam melhor do que outros na sobrevi-
vência e na reprodução. A genética, que se 
desenvolveu mais tarde, ajuda a esclarecer 
Aplicando a antropologia à cultura popular
INDIANA JONES
Pensemos em qualquer um dos quatro filmes de Indiana Jones, dirigidos por Steven Spielberg. Os arqueó-
logos costumam se queixar de que esses filmes distorcem a percepção pública de seu campo de trabalho, 
retratando-os como saqueadores gananciosos, aventureiros, amorais e não científicos. De que forma India-
na Jones influenciou sua opinião sobre a arqueologia, se é que houve alguma influência? Falando em ter-
mos mais gerais, as imagens dos arqueólogos na mídia fazem você ter uma opinião melhor ou pior do 
campo da arqueologia?
Um espelho para a humanidade 37
as causas e a transmissão dessa variedade. 
No entanto, não são apenas os genes que 
causam a variedade. Durante a vida de 
qualquer indivíduo, o ambiente funciona 
junto com a hereditariedade para determi-
nar as características biológicas. Por exem-
plo, pessoas com tendência genética a ser 
altas serão menores se forem mal alimenta-
das na infância. Assim, a antropologia bio-
lógica também investiga a influência do 
ambiente sobre o corpo à medida que o in-
divíduo cresce e amadurece. Entre os fato-
res ambientais que influenciam o corpo em 
sua evolução estão altitude, nutrição, tem-
peratura e doenças, bem como os fatores 
culturais, como os padrões de atratividade.
A antropologia biológica (junto com a 
zoologia) também inclui a primatologia. Os 
primatas incluem os nossos parentes mais 
próximos: símios e macacos. Os primatólo-
gos estudam a biologia, a evolução, o com-
portamento e a vida social daqueles prima-
tas, muitas vezes em seus próprios ambien-
tes naturais. A primatologia auxilia a 
paleoantropologia, porque o comporta-
mento dos primatas pode ajudar a explicar 
o início do comportamento humano e da 
natureza humana.
Antropologia linguística
Não sabemos (e é provável que nunca che-
garemos a saber) quando nossos ancestraisadquiriram a capacidade de falar, embora 
os bioantropólogos tenham examinado a 
anatomia do rosto e do crânio para especu-
lar sobre a origem da linguagem, e os pri-
matólogos descrito os sistemas de comuni-
cação de macacos e símios. Sabemos que 
existem línguas complexas e gramatical-
mente bem desenvolvidas há milhares de 
anos. A antropologia linguística oferece 
mais um exemplo do interesse da antropo-
logia na comparação, na mudança e na va-
riação. A antropologia linguística estuda a 
língua em seu contexto social e cultural, no 
espaço e no tempo. Alguns antropólogos 
linguistas fazem inferências sobre as carac-
terísticas universais da linguagem, ligadas, 
talvez, a uniformidades no cérebro huma-
no; outros reconstroem línguas antigas 
comparando suas descendentes contempo-
râneas e assim fazem descobertas sobre a 
história; outros, ainda, estudam as diferen-
ças linguísticas para descobrir percepções 
variadas e padrões de pensamento em cul-
turas diferentes.
A linguística histórica considera a va-
riação no tempo, como as mudanças em 
sons, gramática e vocabulário entre o inglês 
médio (falado desde aproximadamente 
1050-1550 d.C.) e o inglês moderno. A so-
ciolinguística investiga as relações entre va-
riações sociais e linguísticas. Nenhuma lín-
gua é um sistema homogêneo em que todos 
falam da mesma maneira. De que formas os 
diferentes falantes usam um determinado 
idioma? Como as características linguísticas 
se relacionam com os fatores sociais, in-
cluindo as diferenças de classe e gênero 
(Tannen, 1990)? Uma das razões para a va-
riação é a geografia, como acontece com os 
dialetos e sotaques regionais. A variação lin-
guística também se expressa no bilinguismo 
dos grupos étnicos. Os antropólogos lin-
guistas e culturais colaboram no estudo de 
ligações entre a língua e muitos outros as-
pectos da cultura, por exemplo, a forma 
como as pessoas avaliam parentesco e como 
percebem e classificam as cores.
ANTROPOLOGIA E OUTROS 
CAMPOS ACADÊMICOS
Como já mencionado, uma das principais 
diferenças entre a antropologia e os outros 
campos acadêmicos é o holismo, a mistura 
singular que a antropologia faz de perspec-
tivas biológicas, sociais, culturais, linguís-
ticas, históricas e contemporâneas. Para-
doxalmente, embora diferencie a antropo-
logia, essa amplitude é o que também a 
sduarte
Caixa de texto
Um espelho para a humanidade 277
fazem esse tipo de tarefa, incluindo o traba-
lho com couro e outros produtos animais, e 
têm mais probabilidades do que a maioria 
japonesa de realizar trabalhos manuais (in-
cluindo o trabalho agrícola) e de pertencer 
à classe mais baixa do país. Como outras 
minorias japonesas, eles também têm mais 
probabilidades de exercer criminalidade, 
prostituição, carreiras em entretenimento e 
esportes (De Vos et al., 1983).
Assim como os negros nos Estados 
Unidos, os burakumins são estratificados 
por classe. Como certos empregos são reser-
vados a eles, as pessoas que são bem-sucedi-
das nessas profissões (p. ex., proprietários 
de fábricas de calçados) podem ser ricas. Os 
burakumins também encontram emprego 
como burocratas do governo, e os que fo-
rem financeiramente bem-sucedidos po-
dem escapar por um tempo de seu status es-
tigmatizado viajando, inclusive ao exterior.
A discriminação contra os buraku-
mins é muito semelhante à que os negros 
experimentaram nos Estados Unidos: vi-
vem com frequência em vilas e bairros com 
condições precárias de habitação e sanea-
mento e têm acesso limitado a educação, 
empregos, confortos e serviços de saúde. 
Em resposta à mobilização política buraku-
min, o Japão tem desmantelado a estrutura 
jurídica da discriminação contra eles e tra-
balhado para melhorar as condições dos 
burakus. (A página http://blhrri.org/in-
dex_e.htm é patrocinada pelo Instituto de 
Pesquisa em Libertação e Direitos Huma-
nos dos Burakus e inclui as informações 
mais recentes sobre o movimento buraku 
de libertação.) Mas o Japão ainda precisa 
lançar programas de ação afirmativa ao es-
tilo norte-americano para educação e em-
prego, e a discriminação contra japoneses 
que não pertencem à maioria ainda é a 
regra nas empresas. Alguns empregadores 
dizem que a contratação de burakumins 
daria a sua empresa uma imagem impura e, 
portanto, criaria uma desvantagem na con-
corrência (De Vos et al., 1983).
Fenótipo e fluidez: 
raça no Brasil
Há maneiras mais flexíveis e menos exclu-
dentes de construir socialmente a raça do 
que as utilizadas nos Estados Unidos e no 
Japão. Junto com o resto da América Latina, 
o Brasil tem menos categorias excludentes, 
o que permite aos indivíduos mudar sua 
classificação racial. O país compartilha uma 
história de escravidão com os Estados Uni-
dos, mas não há a regra da hipodescen-
dência.
Os brasileiros usam muito mais deno-
minações raciais – mais de 500 já foram re-
latadas (Harris, 1970) – do que norte-ame-
ricanos ou japoneses. No Nordeste do Bra-
sil, encontrei 40 termos raciais diferentes 
em uso em Arembepe, na época, uma aldeia 
de apenas 750 pessoas (ver Kottak, 2006). 
Por meio de seu sistema tradicional de clas-
sificação, os brasileiros reconhecem e ten-
tam descrever a variação física que existe 
em sua população. O sistema utilizado nos 
Estados Unidos, ao reconhecer apenas três 
ou quatro raças, não deixa que os norte-
-americanos enxerguem uma faixa equiva-
lente de contrastes físicos evidentes. O siste-
ma que os brasileiros usam para construir 
raça social tem outras características espe-
ciais. Nos Estados Unidos, a raça de uma 
pessoa é um status atribuído, que é definido 
automaticamente pela hipodescendência e, 
em geral, não muda. No Brasil, a identidade 
racial é mais flexível, sendo mais um status 
adquirido. A classificação racial brasileira 
presta atenção ao fenótipo, que se refere a 
traços evidentes de um organismo, sua “bio-
logia manifesta” – fisiologia e anatomia, in-
cluindo cor da pele, forma do cabelo, carac-
terísticas faciais e cor dos olhos. O fenótipo e 
a denominação racial de um brasileiro po-
dem mudar devido a fatores ambientais, 
como bronzeamento ou efeitos da umidade 
sobre o cabelo.
Assim como as características físicas 
mudam (a luz solar altera a cor da pele, a 
http://blhrri.org/in-
sduarte
Caixa de texto
278 Conrad Phillip Kottak
Essas fotos, tiradas no Brasil pelo autor do livro em 2003 e 2004, dão apenas uma ideia do 
espectro da diversidade fenotípica encontrada entre os brasileiros contemporâneos.
umidade afeta a forma do cabelo), o mesmo 
acontece com os termos raciais. Além disso, 
as diferenças raciais podem ser tão insigni-
ficantes na estruturação de vida da comuni-
Um espelho para a humanidade 279
dade que as pessoas podem esquecer os ter-
mos que aplicaram a outras. Às vezes, até se 
esquecem dos que usaram para si próprias. 
Em Arembepe, costumava pedir à mesma 
pessoa, em dias diferentes, que me dissesse 
as raças das outras na aldeia (e a minha). 
Nos Estados Unidos, eu sempre sou “bran-
co” ou “euro-americano”, mas, em Arembe-
pe, recebi muitos termos, além de branco. 
Eu poderia ser claro, louro, sarará, mulato 
claro ou mulato.
O termo racial usado para descrever a 
mim ou a qualquer outro variava de pessoa 
a pessoa, semana a semana, mesmo de um 
dia para outro. Meu melhor interlocutor de 
pesquisa, um homem de pele muito escura, 
mudava o termo que usava para si mesmo o 
tempo todo, de escuro a preto e a moreno 
escuro.
Durante séculos, os Estados Unidos e 
o Brasil tiveram populações mistas, com 
ancestrais nativo-americanos, europeus, 
africanos e asiáticos. Embora as raças te-
nham se misturado em ambos os países, as 
culturas brasileira e norte-americana cons-
truíram os resultados de forma diferente. As 
razões históricas para esse contraste se en-
contram sobretudo nas diferentes caracte-
rísticas dos colonos dos dois países. Os pri-
meiros colonos dos Estados Unidos, na 
maioria ingleses, vieram na condição de 
mulheres, homens e famílias; os coloniza-
dores portuguesesno Brasil eram em sua 
maioria comerciantes e aventureiros do 
sexo masculino. Muitos deles se casavam 
com mulheres indígenas e reconheciam 
seus filhos de raça mista como seus herdei-
ros. Tal como os seus equivalentes norte-
-americanos, os donos de lavouras escravis-
tas brasileiras tinham relações sexuais com 
suas escravas, mas os latifundiários brasilei-
ros libertavam com mais frequência os fi-
lhos que resultavam da relação, por razões 
demográficas e econômicas. (Às vezes eram 
seus filhos únicos.) Filhos livres de senhores 
portugueses e escravas africanas se torna-
vam chefes e capatazes das lavouras e ocu-
pavam muitas posições intermediárias na 
emergente economia brasileira. Eles não 
eram classificados como escravos, e sim au-
torizados a participar de uma nova catego-
ria intermediária. Não se desenvolveu qual-
quer regra de hipodescendência no Brasil 
para garantir que brancos e negros perma-
necessem separados (ver Degler, 1970; Har-
ris, 1964).
No sistema-mundo de hoje, o sistema 
brasileiro de classificação racial está mu-
dando no contexto das políticas de identi-
dade e dos movimentos internacionais de 
direitos. Assim como cada vez mais brasilei-
ros reivindicam identidades indígenas (na-
tivos brasileiros), um número crescente 
afirma sua negritude e sua participação au-
toconsciente na diáspora africana. Particu-
larmente em Estados do Nordeste, como a 
Bahia, onde a influência demográfica e cul-
tural africana é forte, as universidades pú-
blicas têm instituído programas de ação 
afirmativa destinados a povos indígenas e, 
sobretudo, aos negros. As identidades ra-
ciais se firmam no contexto da mobilização 
internacional (p. ex., pan-africana e pan-in-
dígena) e no acesso a recursos estratégicos 
com base na raça.
GRUPOS ÉTNICOS, NAÇÕES 
E NACIONALIDADES
O termo nação já foi sinônimo de tribo ou 
grupo étnico. Todos esses três termos têm 
sido usados para se referir a uma única 
 cultura que compartilha idioma, religião, 
história, território, ancestralidade e pa-
rentesco. Assim, pode-se falar alternada-
mente de nação, tribo ou grupo étnico 
 Seneca (indígena dos Estados Unidos). 
Hoje, nação passou a significar Estado – 
uma unidade política independente, cen-
tralmente organizada, ou um governo. 
Nação e Estado se tornaram sinônimos. 
Combinados em Estado-nação, referem-se 
a uma entidade política autônoma, um país 
sduarte
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