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1 INFORMAÇÕES BÁSICAS Nome da operação de paz: Operação das Nações Unidas em Moçambique (ONUMOZ) Local:Moçambique Período de duração: 16 de dezembro de 1992 à 9 de dezembro de 1994 Contingente total enviado: 8.123 (número obtido a partir da soma de diferentes categorias: militares e militares de apoio, observadores militares e policiais civis) Objetivos principais do mandato da operação: ● Fiscalizar e verificar o cessar-fogo, a separação e concentração de forças, sua desmobilização, e a recolha, armazenamento e destruição de armas; ● Autorizar medidas de segurança para infraestruturas vitais e fornecer segurança para as Nações Unidas e outras atividades internacionais de apoio ao processo de paz; ● Prestar assistência técnica e acompanhar todo o processo eleitoral; ● Coordenar e acompanhar as operações de assistência humanitária, em particular as relativas a refugiados, deslocados internos, militares desmobilizados e população local afetada. 2 PRINCIPAIS PARTES OPONENTES E CAUSA CENTRAL DO CONFLITO Em 1977, dois anos depois de Moçambique conquistar sua independência de Portugal, o país mergulhou em uma longa guerra civil (Guerra Civil Moçambicana) entre o Governo, representado pela Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO), e a Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO). A causa central do conflito era a luta pelo poder político e o controle do país. A FRELIMO tinha como objetivo implementar uma ideologia socialista e estabelecer um Estado de partido único em Moçambique. A organização promoveu, por exemplo, a nacionalização da economia e a redistribuição de terras (MASSEKO, 2019). A implementação dessas políticas encontrou resistência por parte da RENAMO, que se opunha à implementação de um partido único e às políticas socialistas. Nesse sentido, o grupo buscou desestabilizar o Governo por meio de ataques armados e sabotagem. A guerra civil terminou em 4 de Outubro de 1992, com a assinatura do Acordo Geral da Paz pelos representantes de ambos os grupos. O acordo de paz estabelecia a desmobilização das tropas, a reintegração de seus membros na sociedade e a convocação de eleições gerais (MASSEKO, 2019). 3 CONTEXTO DE VIOLÊNCIA ESTRUTURAL A implementação das políticas de nacionalização e redistribuição de terras pela FRELIMO gerou perseguição a determinados setores da sociedade. Nesse sentido, a causa central do conflito esteve enraizada em uma dinâmica de violência estrutural, em que o grupo que detinha o poder político e controle do país se impunha sobre os outros. A recessão econômica, o totalitarismo marxista, a corrupção política, as desigualdades sociais e econômicas e o insucesso do planejamento central fizeram nascer uma oposição armada (MASSEKO, 2019). A formação da RENAMO pode ser entendida justamente como uma resposta à violência estrutural percebida da FRELIMO. Durante a guerra civil, tanto o Governo, quanto a RENAMO, cometeram abusos contra a população civil. Os ataques à infraestrutura por parte da RENAMO, por exemplo, afetaram negativamente a capacidade do país de atender às necessidades básicas de seus cidadãos. Como consequência, cerca de um milhão de pessoas morreram em combates e por conta de crises de fome. Além disso, cinco milhões de civis foram deslocados (ANDERSSON, 1992). 4 CARÁTER DA OPERAÇÃO DE PAZ A atuação da ONUMOZ, apesar de ter ocorrido na década de 90, pode ser compreendida como uma operação de peacebuilding. Um dos fatores para essa classificação é que a ONUMOZ teve uma atuação multidimensional, abrangendo diversas áreas-chave como: fiscalizar a desmobilização militar; coordenar operações de assistência humanitária; e supervisionar o processo eleitoral. A operação trabalhou para um ambiente efetivo para a construção de uma paz positiva a partir do Acordo Geral de Paz. A ONUMOZ, ao coordenar e acompanhar as operações humanitárias e as eleições, buscou, por exemplo, facilitar o diálogo entre as partes envolvidas no conflito, promover a confiança mútua e reintegrar os militares desmobilizados na sociedade. Diferentemente das missões de peacekeeping tradicionais das Nações Unidas, a operação no Moçambique não contou com uma presença militar robusta. Em vez disso, sua abordagem baseava-se principalmente em meios políticos, acompanhamento da desmobilização do conflito, capacitação local e ajuda humanitária. Essa abordagem não-robusta foi fundamental para criar as condições necessárias para a construção de uma paz positiva, promovendo a participação ativa das partes envolvidas e fortalecendo as capacidades locais de lidar com os desafios pós-conflito. REFERÊNCIAS ANDERSSON, Hilary.Mozambique: A War Against the People. Nova Iorque: St. Martin's Press, 1992. MASSEKO, Felizardo Gabriel. A Guerra dos 16 anos em Moçambique: causas nacionais e internacionais? Revista Nordestina de História do Brasil, Cachoeira, v. 2, n. 3, p. 120-136, 2019. Disponível em: https://rnhb.com.br/index.php/revista/article/view/21 Acesso em: 19 maio 2023. ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS. United Nations Operation in Mozambique. Nova Iorque: Department of Public Information, 2001. Disponível em: https://peacekeeping.un.org/mission/past/onumoz.htm Acesso em: 29 maio 2023. https://rnhb.com.br/index.php/revista/article/view/21 https://peacekeeping.un.org/mission/past/onumoz.htm
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