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AULA 3 
ÉTICA E RELAÇÕES 
INTERPESSOAIS
Prof. Adriano Faria 
 
 
2 
INTRODUÇÃO 
Esta aula sobre ética abrange como temas o comportamento, a ética e o 
desenvolvimento comportamental, bem como a socialização, a evolução, a 
cultura ética e os padrões éticos. 
Trata-se de temas relacionados à ética, considerando-a como fator 
fundamental intrínseco ao comportamento humano no processo de socialização, 
conforme lecionou Braga (2006), que vinculou o comportamento do indivíduo em 
sua vida social quanto aos aspectos econômico, político e artístico aos sistemas 
de valores concernentes aos princípios morais e religiosos, orientadores da ética 
e da moral, desde a sociedade tradicional. 
TEMA 1 – COMPORTAMENTO 
Para escrever sobre o comportamento, reportamo-nos aos escritos de 
Giusti (2007), quanto à referência que se faz à ética como elemento presente na 
convivência humana e promotora da consciência com respeito aos limites a 
serem observados para que a experiência da moderação seja possível ao 
indivíduo. 
Afirmando que esta consciência permaneceu ao longo do tempo, embora 
se registre uma evolução na consciência moral, a constância na constituição da 
ética se verifica na “convicção de que a convivência humana requer uma 
consciência e internalização de certos limites, que devem ser expressos em um 
código de conduta regulamentar” (Giusti, 2007, p. 14). 
A transição da sociedade tradicional para a modernidade trouxe consigo 
os métodos científicos de investigação, deixando para trás as explicações 
religiosas da vida social. Vê-se o momento da racionalidade moderna, muito 
mais voltada à eficácia dos meios para alcançar os fins, o que caracteriza a ética 
política como sistema racional e impessoal (Braga, 2006). 
A versão mais moderna de comportamento humano indica o núcleo do 
comportamento social e moral, pautado no altruísmo e no senso de justiça, 
mostrando que, ao agir com comportamento altruísta, o sujeito sofre 
desvantagens em custos imediatos para a sua sobrevivência, visando beneficiar 
e favorecer o interesse do outro, seja este outro um filho, parente ou mesmo 
grupos maiores. 
 
 
3 
O senso de justiça possibilita a avaliação de cada situação altruística e a 
reciprocidade em relação ao gasto daquele que recebe, mostrando ambas as 
características de comportamento social e moral (Oliveira, 2012). 
1.1 Constituição do comportamento 
O crescimento humano, que compreende as fases da infância até a idade 
adulta, ocorre paralelo às leis naturais, ainda que permeado por diferentes 
direções no crescimento, e nada assegura automaticamente a maturidade 
emocional ou intelectual do indivíduo, tampouco a dependência física representa 
a imaturidade intelectual ou emocional. O amadurecimento do indivíduo segue 
etapas nas quais atribui o conceito paradigmático ao outro: “Você tem de tomar 
conta de mim. Você fez a coisa certa. Você não fez a coisa certa. A culpa é toda 
sua” (Covey, 2014, p. 27). 
Quanto ao paradigma do eu, que denota a autonomia e independência de 
si, aplica: “Eu sei fazer. Eu sou responsável. Eu tenho certeza. Eu sei escolher”, 
enquanto que há ainda o paradigma do nós, que revela a interdependência e o 
contexto ético das relações sociais: 
Nós podemos fazer isso. Nós podemos cooperar. Nós vamos unir 
nossos talentos e habilidades para juntos criarmos algo maior. [...] As 
pessoas interdependentes combinam seus próprios esforços com os 
esforços dos outros para conseguir um resultado muito melhor. (Covey, 
2014, p. 27, grifo nosso) 
A função da ética, utilizada como juízo, tem como propósito modificar 
sentimentos e comportamentos para harmonizar as ações das pessoas que 
vivem em uma comunidade. Assim, próximo ao comportamento pessoal e moral 
há outro comportamento típico do homem: o comportamento social. O fato 
moral, portanto, não pode ser reduzido a um fato social, mas é seu oposto, 
porque este fato social é também exclusivamente humano (Aranguren, 1997). 
1.2 O comportamento moral 
Abordando o comportamento moral da pessoa, as ações devem ser 
regidas pela ética, “definida como a parte da filosofia que trata dos atos morais, 
entendendo por atos morais aqueles medidos ou regulados pela regula morum 
(Aranguren, 1997, p. 161). Sob esta compreensão, o objeto material da ética se 
caracteriza como o actus humani, opondo-se ao actus hominis, ou seja, atos 
livres e deliberados, realizados perfeita ou imperfeitamente, tendo como objeto 
 
 
4 
formal esses mesmos atos, considerados sob a razão formal de sua ordenação 
pela regula morum, confirmando que o objeto formal é constituído por atos 
humanos executados pelo homem, bem como regulados ou ordenados por ele 
(Aranguren, 1997). 
Abreu (2020, p. 20) sugere a prática de comportamentos que possam 
amenizar as dificuldades cotidianas enfrentadas pelas pessoas: 
No comportamento social, o sorriso define sua simpatia, reduz e 
disfarça o medo. Desconstrói a ansiedade, ameniza a negatividade e 
passa confiança. Sorrir pode ser um bom mediador de conflitos e uma 
porta de entrada para que você seja uma pessoa interessante. 
O mesmo autor relaciona a capacidade de inteligência do indivíduo ao 
resultado obtido de seu comportamento físico e verbal, vinculado à razão que 
determina respostas e consequências acertadas por ele diante da sociedade 
(Abreu, 2020). 
TEMA 2 – ÉTICA E DESENVOLVIMENTO COMPORTAMENTAL 
Este tema leva em conta a ligação entre a ética e o desenvolvimento 
comportamental do indivíduo em suas relações sociais. De acordo com Braga 
(2006), desde o surgimento das leis no mundo, a ética tem sido atribuída às 
condutas humanas, em valores como fidelidade, confiança, lealdade e 
reciprocidade de ação, ou seja, o comportamento adequado que se tem e que se 
espera também do outro, indispensável para a convivência. 
De acordo com as pontuações de Kirsch (1996, p. 26), os 
questionamentos sobre a ética e as normas de comportamento social 
racionalmente fundadas confirmam uma função adaptativa “de garantir de modo 
mais satisfatório a sobrevivência e a satisfação dos seres humanos e, afinal a 
sua adequação adaptativa”. 
Assim, caso a pessoa não possua uma concepção ética, ainda que tenha 
um comportamento ou modo de viver que mereça a qualificação de ética, de 
fato, isso revela que todas as pessoas em todas as sociedades participam da 
dimensão prática ou vital da ética, mostrando que, na ética, todas as pessoas 
podem ser competentes, ou seja, a concepção ética se encontra implícita ao 
desenvolvimento do comportamento do indivíduo (Giusti, 2007). 
 
 
5 
2.1 Características do comportamento ético 
A vinculação entre a ética e o desenvolvimento comportamental mostra 
que o primeiro termo esclarece a forma de viver da pessoa em uma sociedade, 
mediante o sistema de crenças que possui e agindo com a sua reflexão 
consciente, ou seja, o modo como se comporta e a eficácia dessa conduta na 
prática. Já o comportamento significa ou não a ética, qualificando, portanto, não 
a concepção das coisas, mas a vida prática, o que nos leva a concluir que a 
ética pode estar presente na consciência e no modo de viver do indivíduo 
(Giusti, 2007). 
Aristóteles (1991) escrevera sobre o comportamento que decorre da 
virtude, afirmando que os atos praticados pelo homem em suas relações com os 
outros o torna justo ou injusto, dependendo daquilo que pratica em situação de 
medo, perigo ou de ousadia, podendo se tornar valente ou covarde. 
Igual condição é observada em casos nos quais estão presentes o apetite 
e a emoção da ira, pois “uns se tornam temperantes e calmos, outros 
intemperantes e irascíveis, portando-se de um modo ou de outro em igualdade 
de circunstâncias. Numa palavra: as diferenças de caráter nascem de atividades 
semelhantes” (Aristóteles, 1991, p. 30). Cuidar do que se faz é importante na 
avaliação da qualidade das próprias ações, porque a diferença será visível. 
O termo ética, portanto,tem sido utilizado em associação com 
comportamento humano, assim como também na concepção da teoria e da 
conduta ética. Sob esta interpretação, 
no caso das concepções é claro que dizemos que elas são ‘éticas’ 
ainda que possam diferir entre si; no caso dos comportamentos parece 
que o que queremos dizer é que são ‘bons comportamentos’. Sem 
tentar corrigir esse uso cotidiano, o que vimos agora é que a ética, ao 
invés de se restringir a qualificar uma categoria de comportamentos, o 
que ela compreende é antes todo o conjunto das ações humanas, boas 
e condenáveis, ou, mais exatamente, que se refere ao padrão que 
usamos para diferenciá-los. No sentido mais técnico da palavra, ‘ética’ 
é o critério que usamos para estabelecer uma hierarquia de valor entre 
nossas ações. (Giusti, 2007, p. 17) 
De acordo com Covey (2014), as influências que marcam a vida das 
pessoas geralmente são oriundas da família, da escola, da religião, do ambiente 
de trabalho, de amigos e colegas, além dos paradigmas sociais que, em 
conjunto, caracterizam a ética da personalidade do indivíduo. 
 
 
6 
Os elementos deste conjunto vão se acumulando silenciosamente no 
inconsciente humano, formando quadros de referências, paradigmas e mapas, 
constituindo-se como fontes de atitudes e comportamentos, ou seja, do 
relacionamento com os outros, de modo que, “afastados deles, não podemos 
agir com integridade. Simplesmente não temos como manter a coerência se 
falamos e agimos em discordância com aquilo que vemos” (Covey, 2014, p. 13). 
2.2 Vivendo com ética na sociedade 
Abreu (2020, p. 4) argumentou acerca da presença da ética na vida em 
sociedade, atribuindo aos primeiros filósofos a ideia da felicidade como um 
pensamento ético e uma forma de obter a felicidade como um resultado que 
alcance toda a sociedade. Para o autor, 
talvez a felicidade não passe de um momento rápido e fugaz da 
emoção ligado a uma sensação de equilíbrio, bem-estar e plenitude, 
mas, mesmo assim, o pensamento filosófico procurou formas para 
estabelecê-la com segurança. 
Na filosofia de Platão e de Aristóteles, a ideia de uma ordem natural, 
cosmológica ou metafísica permitia associar verdade, bondade e beleza, uma 
convicção que se manteve em sociedades e culturas com visão de mundo 
compacta e sistema de crenças de inspiração religiosa. A contemporaneidade, 
contudo, visualiza na ética a importância de compreender a realidade como um 
desafio à razão humana, na capacidade de “repensar o significado e a hierarquia 
dos valores da vida” (Giusti, 2007, p. 24). 
Na análise feita por Abreu (2020), os fundamentos que visaram 
estabelecer um comportamento moral aos homens possibilitaram também a 
instituição de controle social, via leis de diferentes fontes, avançando com o 
desenvolvimento dessas ideias ao longo do tempo, com adaptação para a 
contemporaneidade. 
Assim, compreende-se que foram poucas as mentes criativas que 
modificaram totalmente a forma de pensamento, a sociedade, o mundo 
e a humanidade. São as mentes criativas que possibilitam as 
mudanças. [...] poucas mentes criativas que atuaram para modificar o 
todo, enquanto a maioria apenas se adaptava à mudança resultante de 
sua criatividade. (Abreu, 2020, p. 4) 
 
 
7 
Considerando a necessidade de compreender os problemas éticos com 
os quais nos deparamos, Tubino (2007, p. 10) entende que a forma ideal inclui 
uma abordagem desde os seus fundamentos. O autor acredita que o 
desenvolvimento da sociedade depende de como saber abordar e resolver a 
questão ética, pois debalde as diferenças culturais e afiliações filosóficas, 
políticas ou religiosas, 
os desafios éticos dizem respeito a todos nós como pessoas. E [...] 
porque o mundo contemporâneo levanta paradoxos e dilemas éticos 
diários que nos fazem ver com certeza nossa precariedade humana e 
nossa necessidade de superá-la. 
TEMA 3 – SOCIALIZAÇÃO 
Este tema pretende apresentar conceitos e direcionamentos para a 
formação das interações sociais vivenciadas pelas pessoas no ambiente, pois 
em todas as sociedades humanas está presente a sociabilidade, sendo a ética 
um fenômeno natural indissociável desta condição, um fator da evolução do 
homem (Kirsch, 1996). 
3.1 O contexto social 
A vivência humana em sociedade tem fundamento na ética e nos 
conceitos de moralidade, observando que os filósofos clássicos estudaram as 
questões éticas e buscaram no pensamento ético a forma de obter a felicidade 
como um resultado comum a toda a sociedade (Abreu, 2020). 
O homem, como elemento da natureza, se caracteriza como um ser vivo 
em evolução e submetido à lei geral do universo, sujeito à ética no sentido de 
seu comportamento social, porque a ética é essencial à vida humana. A conduta 
humana, a sociedade, a cultura e a ética são resultados da elaboração do 
homem, com os meios disponíveis ou criados como alternativa para as 
exigências da sobrevivência, denominadas de alternativas utilitárias (Kirsch, 
1996, p. 18). 
Oliveira (2012, p. 44), salienta um modelo ideal de comportamento em 
sociedade, com respostas diretas no aumento e regulação da cooperação, bem 
estar e capacidade de sobrevivência, qual seja, “as ações em benefício dos 
outros devem ser retribuídas com gratidão e benefícios proporcionais”. Ainda 
que de modo tímido, o comportamento moral em uma sociedade deverá 
observar que pessoas cujas ações seguem a moral, causam menos danos a 
 
 
8 
outros, sendo preferidas em uma sociedade, comparativamente àquelas que se 
comportam de maneira moralmente incorreta. Trata-se o aperfeiçoamento moral 
uma forma de aumentar as probabilidades de comportamento altruísta em uma 
sociedade e a cooperação entre os indivíduos, evitando promover prejuízos ou 
destruição dos outros (Oliveira, 2012). 
3.2 O comportamento social, altruísmo e egoísmo 
Também porque se trata de comportamento ético, Kirsch (1996, p. 17) 
afirma que o comportamento social do indivíduo se movimenta com base no 
altruísmo, admitindo a caracterização da sociedade “na medida em que cada 
indivíduo consagra uma parte do seu tempo e das suas energias mais a tarefas 
de interesse coletivo do que a garantir a sua própria sobrevivência imediata”. 
Para compreender o altruísmo, buscamos os registros feitos por Dawkins 
(2007) de que o altruísmo é definido em termos biológicos com referência ao 
comportamento humano e não tem relação com motivações inerentes às ações: 
Uma entidade [...] é dita altruísta se ela se comporta de maneira a 
aumentar o bem-estar de outra entidade semelhante, às suas próprias 
custas. O comportamento egoísta tem exatamente o efeito contrário. 
‘Bem-estar’ é definido como ‘possibilidades de sobrevivência’, mesmo 
se o efeito sobre a expectativa real de vida e de morte for tão pequeno 
que pareça desprezível. (Dawkins, 2007, p. 11) 
Já nos ensinamentos de Oliveira (2012, p. 38), o comportamento social e 
moral de um indivíduo tem sua origem nos genes humanos, considerados 
elementos fundamentais a este processo, porquanto 
o altruísmo, o senso de justiça, a compaixão, a culpa, a simpatia, a 
antipatia, a confiança, a desconfiança e todos os sentimentos morais 
que fazem os seres humanos sentirem-se especiais possuem, muito 
provavelmente, uma base genética inata. 
Nesta mesma linha de análise, o comportamento moral de um indivíduo é 
associado ao comportamento egoísta, que determina ao homem a realização de 
seus interesses particulares, considerados bons quando a finalidade inclui 
melhoria do seu bem-estar e da sua qualidade de vida. 
 
 
9 
Ocorre que, se este mesmo homem realizar os interesses e 
consequências boas para si, ainda que as consequências sejam prejudiciais a 
outrem, adquire a conotação do comportamento egoísta, quando os atos não se 
coadunam com princípios morais amplos, admitindo-se que “o interesse próprio 
deve ser limitado, moralmente, pelo prejuízo que possa vir a causar nos 
interesses dos outros” (Oliveira, 2012, p. 40).De acordo com os escritos de Sen (2007, p. 236), o comportamento 
egoísta supõe o interesse irracional do homem e uma visão eticamente 
relacionada da motivação. É preciso observar, contudo, que 
se o egoísmo não desempenhasse um papel significativo o suficiente 
em muitas decisões, de fato as transações econômicas normais 
terminariam se o egoísmo não desempenhasse um papel central em 
nossas escolhas. 
A questão mais importante, conforme Sen (2007, p. 237), consiste em 
identificar a existência de motivações plurais ou se é apenas o egoísmo que 
move o ser humano, porque compreende que 
a mistura de comportamento egoísta com comportamento não egoísta 
é uma das principais características de lealdade ao grupo, e essa 
mistura pode ser observada em uma ampla variedade de associações 
de grupo que vão desde relações familiares e comunidades a 
sindicatos [...]. 
Segundo Kirsch (1996), a preferência familiar reside no âmbito do 
altruísmo e revela que essa conduta no interior de um grupo é acompanhada 
pelo egoísmo desse grupo comparativamente a outro, caracterizando um 
comportamento moral altruísta, com implicações e justificações éticas. 
TEMA 4 – EVOLUÇÃO E CULTURA ÉTICA 
Este tema tem como objetivo discorrer sobre a evolução e a cultura ética, 
uma disciplina surgida na Grécia com o propósito de examinar se o sistema de 
crenças de valores existentes em uma ou outra cultura era o melhor ou o mais 
desejável possível. Ethos é, então, um sistema de costumes, mas não no 
sentido de que poderia ser entendido com base em uma ciência social como a 
antropologia ou a sociologia; em uma visão plural de ethos, são relacionadas as 
culturas de direitos humanos, divisão de poderes e controle do poder político 
pelos cidadãos (Gamio, 2007). 
 
 
10 
Atualmente, o mundo vive uma crise ética, cujas origens podem ser 
creditadas à perda de referência e de valores e normas ocorrida no período 
moderno do século XVII, quando surgiram as sociedades complexas, com 
diversidade e pluralidade de crenças, valores, hábitos e práticas (Marcondes, 
2007). 
Quando a ética filosófica se desvinculou da ética religiosa, a primeira 
experiência social de relatividade de valores e normas esclareceu que aquilo que 
é válido e considerado ético para alguns não o é para todos, oportunizando 
explorar uma questão que avulta ao longo do tempo, como objeto importante da 
reflexão filosófica (Marcondes, 2007). 
4.1 A necessidade das normas éticas culturais 
As normas éticas são uma necessidade natural das sociedades humanas, 
conforme ensina o pensamento evolucionista, em paralelo a outras 
necessidades de regras e de justificações nacionais a essas regras, para que 
sejam aceitas e respeitadas. Além disso, mesmo sendo eficaz, uma regra não é 
suficiente para que a compreendamos e a seguimos, porque o homem possui o 
direito de saber se a regra que segue é legítima para o bem. Assim se faz o 
naturalismo evolucionista sobre a ética, porque além da necessidade de normas 
éticas, que atravessam as culturas humanas e a sua história, há também a 
necessidade de encontrar causas, pela necessidade de saber (Kirsch, 1996). 
A cultura ética está presente nas ações humanas desde as crenças 
primitivas, às vezes suspensa em um determinado plano para continuar em 
outro, construindo um pilar para a crença e propósito dos homens no mundo, e 
assim, também, das razões que o fazem ser o que é. Sócrates também procurou 
um fundamento para a ética, e, com isso 
queria definir os conceitos de bem e de mal para estabelecer 
racionalmente uma ética, evitar o predomínio da opinião ou dos 
desejos irracionais, das ‘paixões’ dos clássicos. É certamente nisto que 
o homem revela a sua maior força: ele continua a querer erguer-se 
acima da animalidade de que se sente impregnado, viabilizando novos 
meios para regular a sua conduta e desmistificando o que, nos seus 
comportamentos, crenças e juízos, é a expressão oculta da natureza 
nele presente. Prefere, portanto, o saber ao não saber, mesmo que 
esse saber possa arruinar os fundamentos que estabelecemos para as 
normas éticas. E somente nesta condição que poderemos julgar o que 
a natureza pretende através de nós (ou antes, porque a natureza nada 
quer, que processo natural está em curso através daquilo que 
queremos), e recusar, se necessário for, que isso seja um bem. 
‘Trabalhemos, pois em bem pensar: eis o princípio da moral’, também 
dizia Pascal. (Kirsch, 1996, p. 26) 
 
 
11 
 A ética tem despertado muito interesse em sua interpretação ao longo do 
tempo, e o surgimento de novas questões, especialmente no campo da bioética 
e da ecologia, têm trazido maior atenção para estudos de problemas éticos 
relacionados à vida humana, avisando a todos nós que devemos “reconhecer o 
mundo no qual habitamos como uma realidade vida, com a qual devemos nos 
relacionar eticamente” (Marcondes, 2007, p. 14). 
4.2 A compreensão da ética na contemporaneidade 
O surgimento da socialidade e das normas éticas de comportamento 
consiste em um processo intrínseco à história humana, uma história natural, 
segundo Kirsch, quanto a um fenômeno inerente ao próprio homem: 
isto não significa que a cultura e a ética não sejam senão 
epifenômenos da nossa constituição biológica, mas antes que no seu 
aparecimento e nas suas condições de possibilidade fazem intervir 
imperativos evolutivos indissociáveis das imposições biológicas. 
Permanecemos ligados à nossa história evolutiva, mesmo nas nossas 
culturas e nas nossas éticas. Quem quiser pensar atualmente a ética 
não pode ignorar este modo de colocar o problema. (Kirsch, 1996, p. 
27) 
Já nos eventos contemporâneos, o nível elevado e o poder relacionado 
ao estatuto ou identidade social direcionam o sujeito na honra de determinadas 
normas associadas, as quais são denominadas de ética, e a depreciar como 
indigna e sem honra qualquer violação dessa ética (Barkow, 1996). 
Na maioria das vezes, o apelo à honra dessa ética imprime o dever a 
membros de grupos poderosos da sociedade no seguimento de princípios éticos, 
assegurando a essa sociedade uma certa influência sobre o seu 
comportamento. “Os médicos e os juristas têm códigos deontológicos e honra 
profissionais. Os antropólogos também as têm, pelo menos nas suas relações 
com os povos que estudam [...]” (Barkow, 1996, p. 93). 
Quando os dilemas e as situações de conflito se tornam avultadas e 
precisamos decidir sobre critérios e interpretações sobre o que é a ética, uma 
concepção moderna e razoável é pensada com sucesso: a transparência. “Um 
ato pode ser considerado ético sempre que seu autor for capaz de explicitar 
seus motivos e justificá-los, assumindo integralmente sua atitude” (Marcondes, 
2007, p. 13). 
 
 
12 
É o princípio kantiano sempre presente nas discussões éticas, de agir de 
modo que a ação seja considerada lei universal, não fazendo ao outro aquilo 
que não desejamos para nós mesmos. 
TEMA 5 – PADRÕES ÉTICOS 
Este tema possibilita mostrar que padrões éticos podem ser adotados em 
determinadas circunstâncias nas relações sociais entre as pessoas; resta 
destacar que os comportamentos humanos deverão ser pautados no bom senso, 
sem exageros nos esforços, mas sem desleixo ou apatia. 
5.1 O que pode ser apontado como um padrão ético 
Giusti (2007) menciona um padrão de referência normativo do 
comportamento social e pessoal, a vivência em uma sociedade justa construída 
para todos, o denominado Paradigma da Autonomia, citado por Kant e 
compreendido como o princípio central da interpretação da ética, como o 
princípio da liberdade individual, mas afirmado quando respeitada a liberdade do 
outro. 
Surgido juntamente com a Idade Moderna, em decorrência do sofrimento 
humano na Guerra das Religiões, de mortes, sangue e violência, o Paradigma 
da Ética da Autonomia visou promover uma limitação estrutural da ética para 
todos. Neste sentido, a definição dessa Autonomia assim registrou: 
Autonomia é a capacidadeque o indivíduo possui idealmente de 
pensar e decidir por si (para ‘dar a si mesmo a sua própria lei’, como 
indica a etimologia da palavra), mas fazê-lo escolhendo um quadro de 
referência (uma lei) que faça possível o exercício simultâneo da 
autonomia de todos, incluindo naturalmente a própria. Disto deriva o 
sentido mais geral da palavra justiça, que também dá nome ao 
Paradigma: uma sociedade justa para todos os seres humanos seria, 
com efeito, aquela que se rege em todas as suas instâncias pelo 
princípio da autonomia e que permite, portanto, que todos os 
indivíduos, seja qual for seu ethos, exercerão sua liberdade sem 
prejudicar a dos outros (Giusti, 2007, p. 34) 
Aristóteles (1991), em sua argumentação filosófica, indicou a 
predisposição do homem a orientar-se pela razão, com ênfase ou com desdém 
nesta escolha. Há, contudo, um padrão determinador dos estados medianos, os 
meios termos entre o excesso e a falta, concernentes à reta razão, o que é 
aconselhável manter: nem esforço demasiado, nem relaxar os esforços, mas 
manter o grau mediano, o que conduz à denominada reta razão. 
 
 
13 
Contemporaneamente, no entanto, a modernidade traz características 
destacadas nas definições e preferências privadas, abrangendo o campo ético e 
o campo econômico, mostrando o domínio do relativo em primeiro plano. Por 
ele, o indivíduo, do seu horizonte de vida privado, será, 
nas margens negativas da ação previstas na lei, quem decide qual é 
um fim digno de ser servido por ele, qual será a sua forma peculiar de 
ser feliz e quais os valores, critérios, decisões, ações e 
comportamentos, será apropriado aplicar os qualificadores ‘bom’ e 
‘ruim’. Por sua vez, no nível das decisões econômicas, o dinheiro está 
aí para ser empregado no que cada pessoa preferir, para produzir onde 
pareça que surgiram oportunidades para seu próprio benefício, para 
introduzi-lo nos circuitos comerciais, para especular financeiramente 
com ele ou na maioria dos casos, simplesmente para adquirir o artigo 
de consumo. (Águila, 2007, p. 221) 
Trata-se de uma relatividade que diz respeito à determinação privada 
daquilo que é considerado ético e sobre a questão da economia, permeada pelo 
senso comum apregoada pelas mídias e alcançando a todos, condição que 
determina a preferência legítima de cada um dos indivíduos, traduzindo-se na 
privacidade moderna pela qual a pessoa decide por si, em termos éticos e 
econômicos, comprometendo a sua vontade e ação, sem comprometer ninguém 
além de si mesmo nessa perspectiva (Águila, 2007). 
5.2 Capacidade e liberdade humana de fazer escolhas 
Assim, entre o estímulo e a resposta, segundo propõe Covey (2014), está 
disponível a liberdade de escolha para o indivíduo. Essa liberdade 
abrange os dons que nos tornam humanos, dos outros animais. Além 
da autoconsciência, temos a imaginação – a capacidade de criarmos, 
na mente, imagens que transcendem a realidade presente no 
momento. Temos a moral, uma consciência profunda do que é certo ou 
errado, dos princípios que governam nosso comportamento, e a noção 
do grau em que nossos pensamentos e ações estão em harmonia com 
eles. Temos também a livre escolha – a capacidade de agir conforme 
manda a autoconsciência, livre de qualquer influência. (Covey, 2014, p. 
38) 
O comportamento humano é o resultado de decisões tomadas, escolhas 
feitas, e não consequência das condições externas a si, porque o homem 
confere sentimentos aos valores, utiliza-se de iniciativa e responsabilidade para 
fazer as coisas acontecerem, de forma que o seu comportamento se confirma 
como produto de sua própria escolha consciente, baseada em valores, e não 
resultado de um condicionamento baseado em sentimentos (Covey, 2014). 
 
 
14 
Porque é o homem um ser dotado de razão, salienta Kirsch (1996), pode 
avaliar o sentido e o alcance das ações que pratica, responsabilizando-se ao 
dispor de uma vontade livre que oportuniza escolhas, por seus atos e por seu 
comportamento. Isso explica a substituição das relações naturais – força – pelas 
relações regulamentadas pela lei e ditadas pela razão que possui. 
O homem é capaz de livre escolha, mesmo uma liberdade iludida por 
diferentes razões, atribuídas às paixões tanto quanto às estruturas da 
sociedade, e mesmo ao inconsciente ou outros fatores (Kirsch, 1996). 
 
 
15 
REFERÊNCIAS 
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