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Introdução à linguagem tridimensional August Rodin (1840-1917) define a escultura como “arte das saliências e reentrâncias” (TREVISAN, 2002, p. 50). São, antes de tudo, objetos que exibem corporeidade. Para serem designadas como tridimensionais, as obras de arte devem estar colocadas nas três dimensões: altura, largura e profundidade. Podem ser observadas de outros ângulos, não apenas de um, como nas obras bidimensionais (TREVISAN, 2002). Antes de entrar no mundo da representação tridimensional em esculturas, vamos dar uma olhada rápida em alguns conceitos relacionados a arte e estética. Os elementos visuais da linha e superfície são utilizados pelo plano pictórico bidimensional, para a representação de volume; para a ilusão das três dimensões em espaço plano, utilizam-se a diagonalidade (linha) e a superposição (de superfícies). O volume na representação bidimensional, então, é simulado pela noção de profundidade. A profundidade da forma dá-se pelo uso da perspectiva (OSTROWER, 1983). A perspectiva, matematicamente estudada nas primeiras décadas do século XV, início da Renascença, pelo arquiteto de Florença, Filippo Brunelleschi (1377-1446), mune com novas ferramentas os artistas que o sucederam. A perspectiva traz às criações artísticas, pelo saber científico, a ampliação da ilusão de realidade almejada pelos artistas do período (GOMBRICH, 2012). Já na representação tridimensional, o volume é real. Vamos conhecer seus conceitos e elementos. 1.1.1 Conceitos na tridimensionalidade Nas expressões artísticas bidimensionais, tais como a pintura, gravura, desenho e fotografia, as figuras são representadas nas dimensões de largura e altura, podendo gerar a ilusão de espaço pelo uso da perspectiva, como já vimos. Na arte tridimensional, a profundidade da obra é real, o que permite ao público percebê-la em ângulos diversos, experimentando o tato e o olfato, além do olhar. A arte tridimensional se organiza formalmente de maneira mais complexa ao ser polissensorial. Os materiais para constituir a obra são reais, não mais uma representação como na bidimensionalidade, existindo de fato no espaço do espectador, e são essas complexidades que expandem seu conteúdo e seu significado. Ocvirk et al. (2014, p. 33) referem dois formatos na escultura. Cavidades Protuberâncias O autor explica que a arte tridimensional tem ainda duas grandezas. Massa Volume Essas grandezas relacionam-se entre si. A massa está contida dentro do volume. Formatos positivos dão a sensação de massas maiores, ao passo que espaços negativos dão a ilusão de uma massa reduzida (OCVIRK et al., 2014). O uso de materiais e, consequentemente, das técnicas empregadas pelos artistas tridimensionais se diversificou significativamente desde o último século: além dos clássicos pedra, bronze e madeira, temos plástico, vidro, tecido, iluminação (raios laser, lâmpadas incandescentes e fluorescentes); porém os métodos de trabalho seguem os clássicos (OCVIRK et al., 2014). Subtração Manipulação Adição Substituição A obra de arte tridimensional, ao relacionar-se com o espaço por sua corporeidade, deve ocupar-se da simplicidade e complexidade das formas, da utilização das forças físicas e pressões, do peso e leveza, da rigidez e flexibilidade, tensão e lassidão, maciez e aspereza, unidades, ritmos e diferenças. Butler (1962, p. 58 apud READ, 2003, p. 215) explica a percepção da tridimensionalidade: O caráter do espaço, a definição do espaço, a penetração das coisas no espaço. A natureza da iluminação, sua determinação do que vemos (em oposição ao que conhecemos por outro meio que não a visão, a partir de um ponto de vista estático no espaço). O valor da novidade da cor. O modo como nossa leitura da experiência é controlada pelos meios através dos quais percebemos.
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