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Algumas considerações morfossintáticas sobre a língua latina

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Universidade Federal de Pernambuco – Centro de Artes e Comunicação
Departamento de Letras – Latim I: Morfologia I
Docente: Robson Rodrigues
Algumas considerações morfossintáticas sobre a língua latina
1. Da análise sintática do português
Então, como já foi discutido em aula, para que possamos bem entender o latim, é necessário que dominemos a análise sintática e conheçamos bem os termos das orações da nossa língua, uma vez que o latim exige muito conhecimento e prática de análise sintática. Comecemos retomando esses pontos de forma mais detalhada.
A análise sintática visa o apontamento da função que as palavras vão exercer dentro de uma oração (diferente da análise morfológica, que visa a análise das palavras isoladas, pondo em evidência as classes gramaticais às quais essas palavras isoladas pertencem: verbos, adjetivos, substantivos, pronomes, etc.). Para entendermos melhor, devemos saber quais são essas funções. De que estamos falando? Dos termos da oração. Numa oração podemos encontrar um sujeito, predicativo do sujeito, vocativo, objeto direto e/ou indireto, adjuntos adnominal e adverbial... Não vou deter-me sobre a classificação em termos essenciais, integrantes e acessórios, pois não é importante no momento.
O que é o sujeito? Segundo a gramática da nossa língua, o sujeito nada mais é que o termo que pratica a ação verbal, ou ainda, alguém ou alguma coisa sobre o qual alguma informação é dada. Usarei, ao longo do resumo, a palavra puella (menina) para ilustrar os exemplos. Mas voltando, observe a seguinte oração: a menina colhe a rosa. Quem praticou a ação de colher a rosa? A menina! Portanto, temos aí o que conhecemos como sujeito, o praticante da ação verbal. Outros exemplos: a menina lê a carta; as meninas caminham no jardim com as amigas; a menina ama o poeta; as meninas saúdam o professor.
Considerando que o sujeito é o termo que pratica a ação verbal, podemos encontrar outro termo que está “intimamente” ligado a ele, o predicativo do sujeito. E o que seria isso? Quando eu vou encontrar um predicativo do sujeito? Esse termo funciona, ao mesmo tempo, como uma qualidade, um atributo, uma descrição do sujeito e o complemento do verbo de ligação (ser, estar, ficar, permanecer, parecer...). Então, na oração a menina parece cansada, o adjetivo cansada é uma característica atribuída ao sujeito menina e, ao mesmo tempo, completa o sentido do verbo de ligação. Veja outros exemplos: as meninas estão abismadas com as atitudes do amigo; a menina permanece atenta; as meninas ficaram quietas.
	Agora observe as orações: o poeta ama a menina; o professor observa as meninas felizes no jardim; a mãe cruel aprisiona a menina na torre. Temos a palavra menina praticando alguma ação verbal? Não. O que acontece? Menina sofre, recebe a ação verbal. E a recebe diretamente. Menina está completando o sentido dos diferentes verbos nas diferentes orações, portanto temos o que a gramática chama de objeto direto, o complemento de um verbo transitivo direto que acontece sem se apoiar em preposições. Algo diferente acontece com as orações a seguir: a mãe precisa da menina; o professor acredita nas meninas; o pai concordou totalmente com as meninas. Podemos observar que menina também funciona como complemento dos verbos das orações, né? Porém, acontece de forma diferente dos exemplos anteriores, nos quais não encontramos preposições auxiliando na regência dos verbos. Pois bem, os verbos transitivos indiretos necessitarão de preposições que intermediarão a relação verbo-objeto, e a esses complementos a gramática dá o nome de objeto indireto. 
Dica: o objeto direto responde às perguntas “o que?”, “quem?”. Já o objeto indireto responde às perguntas “a quem?”, “para quem?”, “de quem?”. 
	No que diz respeito ao adjunto adnomial, devemos tomar cuidado quando estudamos esse termo na sintaxe do português e quando estamos estudando como apoio para entender o caso genitivo. Na nossa língua, adjuntos adnominais são usados para caracterizar ou determinar um substantivo, podendo ser um artigo, um adjetivo, etc., como na oração as belas meninas estudam a lição. Temos o artigo definido “as” e o adjetivo “belas” como adjuntos para o substantivo “meninas”. Quando estudamos o adjunto adnominal visando o latim, nós falamos do adjunto adnominal restritivo que, além de indicar a ideia de posse (e, assim, parentesco e autoria), também funciona como complemento nominal, como nas orações seguintes: o professor avalia a lição da menina; a mãe observa as vestes das meninas; o poeta lê o texto da menina. Observe que a palavra menina aponta o possuidor e funciona como complemento nominal dos substantivos lição, vestes e texto. O professor (suj.) avalia (verb.). Avalia o que? A lição (obj. direto). Que lição? Lição de quem? Da menina (adj. adnom. restritivo). 
	O mesmo cuidado devemos ter quando tratamos do adjunto adverbial no português e quando estudamos para assimilar o caso latino correspondente a tal função. No português, nós temos o adjunto adverbial como o termo da oração responsável por expressar alguma circunstância (por isso ele também é chamado de complemento circunstancial), podendo ser de tempo, modo, causa, meio, instrumento, lugar, etc., e ele pode ser constituído de um advérbio ou de uma locução adverbial. Observe os exemplos: hoje o poeta chora bastante pela menina; o vate caminha com as meninas pelo jardim. No primeiro, nós encontramos os principais adjuntos adverbiais: hoje, indicando tempo, bastante, intensidade, e pela menina, que indica causa. Na segunda oração temos com as meninas, indicando companhia, e pelo jardim, indicando lugar. O cuidado que devemos ter ao estudarmos esse adjunto no português como forma de assimilar o caso correspondente (ablativo) no latim é que, diferente da nossa língua, os advérbios não consistirão adjuntos adverbiais, uma vez que essa função ficará a cargo apenas das classes que sofrem a declinação (substantivos, numerais, pronomes e adjetivos) e advérbios são indeclináveis. O mesmo vale para o adjunto adnominal (o caso genitivo). Mais adiante discutiremos sobre cada um desses casos latinos.
	Por fim, temos o vocativo, que seria o termo usado para expressar o chamamento ou interpelação, como você pode obervar nos exemplos a seguir: ó menina, vem aqui; eles falaram, meninas, que o caminho era muito perigoso.
2. Dos casos e declinações do latim
Compreendidas essas noções básicas no português, partimos agora para os primeiros passos para a compreensão da língua latina. Antes de tudo, você deve saber que o latim é uma língua de declinação e que exige muito conhecimento e prática de análise sintática. Mas o que seria uma língua de declinação? Seria basicamente uma língua cujo sistema de flexão dos nomes (substantivos, adjetivos, pronomes, numerais) se dá pela alteração da parte final das palavras, o que a morfologia chama desinência. Como se dá essa alteração de desinências? Eu vou usar a desinência de acordo com o caso da palavra. Ok, mas o que seria caso? O caso, na língua latina, nada mais é que a função sintática. Os casos equivalem às funções sintáticas da nossa língua. Então, eu vou mudar as desinências de acordo com a função sintática que a palavra vai exercer dentro da oração. Entendido isso, vamos conhecer os casos latinos.
No latim, encontramos seis casos (há um sétimo, o locativo, mas é usado em ocasiões especificas das quais falaremos em outro momento) e cada um desses casos terão desinências tanto para o singular, quanto para o plural. Observe os exemplos em que a palavra puella (menina) aparece:
puella rosas carpit | puellae rosas carpunt
a menina colhe as rosas | as meninas colhem as rosas.
Nas orações acima, como podemos ver nas traduções, a palavra menina, que aparece tanto no singular quanto no plural, está exercendo a função de sujeito. Analisando a estrutura da palavra, temos puell sendo o radical e –a sendo a desinência do singular e –ae a do plural. Estas são as formas dessa palavra quando estão exercendo a função de sujeito numa oração, e no latim conhecemos como caso nominativo.Agora observe os próximos exemplos:
puella est fessa | puellae sunt fessae
a menina está cansada | as meninas estão cansadas
Nas orações acima, encontramos o mesmo substantivo, menina, exercendo as mesmas funções supracitadas. Porém, nas orações, notamos mais dois elementos: o verbo est, sunt e a forma adjetiva fessa, fessae. Pela tradução, notamos que se trata de um verbo de ligação e de um adjetivo que está fazendo referência, apontando, qualificando o substantivo que é o sujeito da oração. Esse adjetivo exerce a função sintática de predicativo do sujeito e ele aparece numa oração que se vale de um verbo de ligação. Sendo esse predicativo um termo que está ligado ao sujeito, no latim, ele também vai para o caso nominativo. Assim entendemos que o sujeito e o seu predicativo, no latim, são o caso nominativo.
Agora observe as orações seguintes:
magister puelam uidet in horto | amicae aspiciunt puellas per fenestram
o professor vê a menina no jardim | as amigas observam as meninas pela janela
Fazendo uma análise sintática da tradução, notamos que, na primeira oração, quem pratica a ação verbal é o substantivo professor, então sabemos que ele constitui o sujeito da oração. Mas e menina, qual função está exercendo? Se analisarmos, podemos notar que menina está completando o sentido do verbo ver, de forma direta, sem o auxílio da preposição, ou seja, temos aí o objeto direto, que equivale ao caso acusativo no latim. A lógica da segunda oração é a mesma da primeira. 
Morfologicamente, nós encontramos o radical da palavra, puell, e as desinências do caso acusativo: -am para o singular e –as para o plural.
Diferente do objeto direto, o indireto, no português, como já mencionado, se vale de uma preposição que intermediará a regência do verbo com o seu objeto. No latim, as preposições não irão interagir com os verbos como na nossa língua, então o sentido da preposição é expresso pela desinência do caso dativo (que equivale os nosso objeto indireto). Observe os exemplos:
puer puellae paret | pater coronam puellae dat | mater puellis fauet 
o menino obedece à menina | o pai dá a coroa para a menina | a mãe favorece às meninas.
	Na primeira oração, encontramos o verbo pareo, transitivo indireto, que significa obedecer a, sendo também, no português, transitivo indireto. Observe que na tradução encontramos o “a” craseado. Por quê? A crase é a junção da preposição “a” que acompanha o verbo + o artigo “a” que acompanha o substantivo. A partir daí notamos que o verbo se vale de uma preposição para estabelecer a regência do seu objeto. Mas por que essa preposição, presente na tradução, não aparece no latim? Como eu já mencionei, as preposições, em latim, não interagem com verbos como no português, e o seu valor está incluso na desinência do dativo.
	Na segunda oração, encontramos um verbo bitransitivo, ou seja, ele pede dois objetos diferentes, um direto e um indireto, até porque quem dá, dá algo para alguém, não é? Na tradução, o objeto indireto, o objeto de pessoa, aparece amparado pela preposição. No latim esse objeto é expresso no caso dativo. A lógica da última oração segue a mesma aplicada à primeira. 
A morfologia da palavra nos mostra que as desinências do dativo são –ae, para o singular, e –is, plural.
puellae mater plorat | magister legit puellarum carmina 
a mãe da menina chora | o professor lê os poemas das meninas.
Comecemos analisando a primeira tradução: quem pratica a ação verbal? A mãe. Ou seja, temos aí o sujeito da oração. O verbo não precisa de complemento, pois nos passa seu sentido completo, sendo, assim, chamado de intransitivo. E da menina, como funciona? Se isolarmos essa estrutura e pegarmos o resto da oração, a mãe chora, a informação a respeito do sujeito nos é incompleta. A mãe chora. Mãe de quem? A estrutura da menina funciona como complemento nominal, pois está acrescentando uma informação no sentido do substantivo mãe, que funciona como sujeito. Mas além de servir como complemento nominal, ou um adjunto adnominal, da menina estabelece aí uma relação de parentesco (contida na noção geral de posse), tornando esse adjunto adnominal um adjunto restritivo. O mesmo acontece na segunda oração, na qual o professor lê os poemas. Que poemas? Poemas de quem? Das meninas. O adjunto é complemento nominal do objeto direto poemas e, ao mesmo tempo, estabelece uma ideia restritiva de posse/autoria. Observe que as desinências que se ligaram ao radical puell- foram –ae, para o singular, e –arum, plural. Essas são as marcas do caso genitivo.
Agora vamos tratar do adjunto adverbial. Observe as seguintes orações:
puer cum puellis ambulat | mater puellā plorat 
o menino caminha com as meninas | a mãe chora pela (por causa da) menina.
A morfologia nos mostra as seguintes desinências: -ā, para a forma singular e –is, para o plural. Essas são as desinências do caso ablativo, que equivale à função sintática de adjunto adverbial. Esses adjuntos têm como objetivo indicar alguma circunstância, no geral ligada à ação verbal. A primeira oração nos evidencia um adjunto adverbial de companhia, que mostra a circunstância que gira em torno da ação principal: o menino caminha. Ok, temos um verbo cujo sentido é completo, e o adjunto apenas acrescenta informações extras, indicando que o sujeito caminha, mas não sozinho. Na segunda oração, encontramos também um verbo intransitivo e o adjunto evidencia a causa da ação verbal: a menina é o motivo do choro da mãe.
Abro uma rápida exceção para demonstrar mais exemplos de adjuntos adverbiais/ablativo que infelizmente não pude formar com a palavra dada para exemplo. Como já dito, o ablativo expressa as circunstâncias, uma vez que no português é o adjunto adverbial, então pensemos nas seguintes circunstâncias: tempo, instrumento e lugar. Agora vejamos alguns exemplos:
puella ueniet sextā horā | puella surgit primā luce
a menina chegará na hora sexta (meio-dia) | a menina levanta na primeira luz (muito cedo).
Conseguem compreender que as palavras no ablativo que estão expressando o tempo são, na primeira oração sextā horā e, na segunda, primā luce?
puella uestem lauat aquā | puellae puerum petunt sagittā | puella petit pueros hastis
a menina lava a veste com água | as meninas atacam o menino com a flecha | a menina ataca os meninos com lanças
Em todas as orações encontramos adjuntos adverbiais de instrumento, expressando os objetos com os quais as ações verbais são praticadas. As palavras são aquā, sagittā e hastis e as duas primeiras estão o singular e a última, no plural. Aqui a preposição “com” não é traduzida para o latim pois só devemos traduzir quando ela for usada para indicar companhia. A preposição “com” indicando instrumento, como no exemplo acima, está inserida na desinência do ablativo.
puella est in aquā | puella in uillā habitat | puella et puer in siluis ambulant cum mulo
a menina está na água | a menina mora na fazenda | a menina e o menino caminham nas florestas com o mu.
Por fim, temos o ablativo de lugar, que aparece acompanhado da preposição in e expressa o local onde a ação verbal se realiza.
O último caso é o vocativo. Morfologicamente, as desinências, singular e plural, desse caso são idênticas às do nominativo: -a, para o singular e –ae, plural. Conseguiremos diferenciar do nominativo pelo contexto, desde que saibamos como cada função sintática funciona. Diferente do sujeito, o vocativo ele não pratica a ação verbal, ele só funciona como uma invocação, um chamamento, como podemos observar nos exemplos abaixo:
poeta, puella, est homo qui carmina scribit | uenite, o puellae, et spectate! | heus, puella, caue canem!
o poeta, menina, é o homem que escreve poemas | venham, ó meninas, e observem! | ei, garota, cuidado com o cachorro!
Na primeira oração, a identificação do vocativo se faz facilmente, pois o encontramos entre vírgulas. Caso não estivesse, seria simples encontrá-lo pelo contexto, uma vez que o enunciado se refere exclusivamente ao poeta, à definição do poeta. Na oração seguinte, o vocativo também é evidenciado pelo isolamentoentre vírgulas, além da presença da interjeição. Caso esses elementos ali não estivessem, as formas verbais no imperativo denunciariam o caso vocativo, uma vez que nós não temos verbos conjugados e, consequentemente, os sujeitos. Na última oração, encontramos uma interjeição, o vocativo isolado por vírgulas e o verbo novamente no imperativo. Não há um sujeito, o que pode nos remeter a um contexto de diálogo, no qual alguém adverte a menina a ter cuidado.
Certo, nós vimos que, de acordo com a função sintática que a palavra exercer, ou seja, no caso em que ela estiver, as desinências irão sofrer alterações. Essa alteração nessas partes finais chama-se declinar. Quando colocamos uma palavra no caso genitivo, dativo, ablativo ou acusativo, quando mudamos a parte final, ou desinência, estamos declinando a palavra. Isso quer dizer que as desinências vistas nos exemplos supracitados são válidas para todas as palavras? Para todas desse grupo, sim. Para todas as palavras latinas, não. E você pode me perguntar: “como assim?” e a resposta é simples: no latim nós temos cinco grupos em que a língua organiza os substantivos. Cada grupo com suas características e particularidades, e a eles é dado o nome de declinação, então podemos definir a declinação de duas formas: 1. – a flexão dos substantivos em casos, 2 – os cinco grupos do latim nos quais os substantivos estão organizados. 
Cada uma das cinco declinações do latim terão suas desinências próprias, e as que nós conhecemos ao longo desse resumo são as pertencentes à primeira declinação. Certo, e você deve estar se perguntando “como que eu vou saber que um substantivo pertence à primeira declinação?”, mas sabia que a resposta dessa pergunta é bem simples: sempre que consultarmos um substantivo no dicionário, ele aparecerá dessa forma puella, ae; hortus, i; pastor, is; exercitus, us; dies, ei, etc. A primeira forma que aparece é a do caso nominativo que, além de ser o caso do sujeito e seu predicativo, é o caso em que o nome aparece sem flexão, alteração, É o caso do nome. E a desinência que segue o nominativo é a do caso genitivo. Eu vou descobrir a qual das cinco declinações uma palavra pertence observando a desinência do genitivo singular, assim:
	1ª declinação
	2ª declinação
	3ª declinação
	4ª declinação
	5ª declinação
	-ae
	-i
	-is
	-us
	-ei
e toda e qualquer palavra que, no dicionário, aparecer com a desinência –ae seguida da forma do nominativo pertence à primeira declinação e APENAS a ela. O mesmo vale para as palavras das demais declinações. 
Então, considerando que as palavras usadas para exemplificar os casos latinos abordados pertencem à primeira declinação latina, podemos montar a seguinte tabela:
	puella, ae
	SINGULAR
	PLURAL
	NOM. puella
	NOM. puellae
	VOC. puella
	VOC. puellae
	GEN. puellae
	GEN. puellārum
	DAT. puellae
	DAT. puellis
	ABL. puellā
	ABL. puellis
	AC. puellam
	AC. puellas
Palavras como nauta, ae (o marinheiro); poeta, ae (o poeta); hasta, ae (a lança); sagitta, ae (a flecha); silua, ae (a floresta); aqua, ae (a água); uilla, ae (a fazenda) se declinam como puella, ae, pois pertencem à primeira declinação. Esse grupo tem como características as seguintes: as palavras fazem o nominativo singular em –a, o genitivo singular é –ae e essa declinação compreende palavras do gênero feminino, em sua maioria e algumas do gênero masculino, quando denotam nomes de profissões masculinas (nauta, ae; poeta, ae) e nomes de homens (Catilina, ae).
Prática
1. Decline as palavras femina, ae (mulher); corona, ae (coroa); regina, ae (rainha); rosa, ae (rosa); margarita, ae (pérola); pila, ae (bola); columba, ae (pomba); aquila, ae (águia); amica, ae (amiga).
2. Serão dadas orações em português cujos verbos estarão tachados (não iremos trabalhar com eles agora, nosso foco são os substantivos). Você deverá traduzir apenas o substantivo para o latim. Observe para qual caso a palavra vai no latim ou seja, veja qual função sintática ela exerce no português antes de verter. Veja o exemplo:
a) O poeta vê a menina – poeta (no nominativo, pois na oração portuguesa é o sujeito); puellam (no acusativo, pois completa o sentido do verbo ver, que é transitivo direto: quem vê, vê alguém/alguma coisa);
b) ó amiga da rainha;
c) As rainhas amam a coroa;
d) A mulher enfeita o pescoço com pérolas;
e) As amigas colhem as rosas;
f) O poeta chora pela pomba;
g) A rainha brinca com a bola das amigas;
h) Os marinheiros dão as pérolas para a rainha, a mulher e as amigas;
i) A mulher não obedece à rainha;
j) As mulheres estão na vila da rainha com as meninas e o poeta;

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