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6 Apostila - Comunidades de Segurança e Integração Regional

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SEGURANÇA INTERNACIONAL
COMUNIDADES DE SEGURANÇA E 
INTEGRAÇÃO REGIONAL
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Olá!
Nesta aula, veremos que, com o fim da Guerra Fria, organizações sub-regionais e microrregionais como o
Mercosul e o Grupo de Shanghai se tornaram cada vez mais comuns. No entanto, no que se refere aos modelos de
segurança regional, ainda há uma forte presença e participação das super-regiões. Além disso, perceberemos que
a regionalização da segurança surge como complemento à atuação das Organizações Internacionais como a
OTAN. Desta forma, veremos como os arranjos regionais de segurança dividem com a Organização das Nações
Unidas a gestão da segurança regional. 
Ao final desta aula, você será capaz de: 1. Caracterizar a regionalização da segurança como complemento à
2. atuação de Organizações Internacionais tais como a ONU e a OTAN. Compreender o conceito de Confiança
3. Mútua ( ). Confidence Building Avaliar a cogestão da segurança regional entre arranjos de segurança regionais e
4. a Organização das Nações Unidas. Identificar organizações sub-regionais e microrregionais tais como o
5. Mercosul e o Grupo de Shanghai. Caracterizar modelos de segurança regional com presença e participação das
super-regiões.
1 Comunidades de segurança e integração regional
Em termos de segurança internacional, o fim da bipolaridade provocou repercussões regionais. Cabe, portanto,
investigar o fortalecimento dos arranjos regionais de segurança, assim como a gestão de conflitos compartilhada
com a ONU nessas áreas.
A natureza dos conflitos mundiais mudou. Em vez da ideologia, disputas econômicas, migração, refugiados,
terrorismo, crime organizado; esses são os novos indicadores de instabilidade regional.
O surgimento de zonas de instabilidade demandou a elaboração de arranjos regionais de segurança, no sentido
de prevenir os conflitos.
Arranjos criados por Estados, sociedade civil e organizações internacionais.
Esses arranjos surgem como respostas a problemas práticos.
Em geral, trata-se de ações unilaterais ou multilaterais que visam conter questões práticas de uma região.
A ampliação dessas iniciativas para outras questões ou lugares vem definindo a utilização desses mecanismos.
Uma característica fundamental desses processos tem sido ensejarem ( )confiança mútua Confidence Building
entre Estados. Este tem sido considerado um avanço no sentido da criação de mecanismos de prevenção de
conflitos.
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Você deve estar achando curioso que justamente no momento em que tanto se fala de globalização – pós-Guerra
Fria – questões pontuais ou regionais ganhem destaque.
Na verdade, esses assuntos de competência ou jurisdição regional tornam-se evidentes por que o “véu da Guerra
Fria” que os escondia foi retirado. Reaparece no cenário internacional e no meio acadêmico o interesse pelo
conceito de região.
A região pode ser definida pelo determinismo geográfico, ou seja, o espaço ou área determinado pela
contiguidade territorial e características físicas (região do Saara, definida pelo deserto) até o nível cognitivo, a
região caracterizada por uma identidade (Europa Ocidental e Europa Oriental, o que as definia era a ideologia).
As regiões durante a Guerra Fria eram definidas em termos políticos ou econômicos, grupos de países de uma
mesma região que, juntos, tinham um papel maior no sistema internacional. Por exemplo, a Organização do
Tratado do Atlântico Norte – OTAN, é uma super-região criada por motivos políticos e militares.
Por isso, organizações sub-regionais e microrregionais tais como e o , têm se Mercosul Grupo de Xangai
tornado cada vez mais comuns desde então.
Mercosul - Mercado Comum do Sul, Mercosur - Mercado Común del Sur - é a União Aduaneira ainda não
concluída (livre comércio intrazona e política comercial comum) de cinco países da América do Sul. Em sua
formação original o bloco era composto por quatro países: Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai. Desde 2006, a
Venezuela também pertence ao Mercosul.
A Organização de Cooperação de Xangai é composta pelos membros do “Grupo dos Cinco de Xangai”, integrado
pela Rússia, China, Cazaquistão, Quirguizistão e Tajiquistão mais o Uzbequistão depois da adesão em 2001. O
espaço ocupado pela Organização compreende os países-membros efetivos mais os países observadores (Índia,
Irã, Paquistão e Mongólia) e os países chamados “parceiros de diálogo, o que resulta em mais da metade da
população do planeta. Por isso, a Organização vai se tornando firmemente uma peça-chave no espaço
eurasiático, desalojando notavelmente outras alianças e associações internacionais.
Contudo, quando o assunto é segurança regional, a jurisdição se expande alcançando as organizações de super-
regiões como a OTAN.
O fim da Guerra Fria também ampliou a interdependência e o aparecimento de ameaças que atingem diferentes
Estados o que suscita a participação das Organizações Internacionais de caráter global nos assuntos regionais.
Assim, em muitos casos, pode-se perceber a gestão da sendo segurança regional administrada de forma
 por arranjos regionais e regimes internacionais ou organizações como a Organização das Naçõescompartilhada
Unidas – ONU.
Esse processo de construção dos mecanismos regionais de segurança ainda é recente e tornou-se fundamental
na prevenção de conflitos regionais, na medida em que enseja a confiança mútua entre os Estados. Uma vez
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estabelecida a cooperação no âmbito regional por meio de arranjos regionais de segurança, intervenções
humanitárias sob mandato do Conselho de Segurança das Nações Unidas - CSNU se tornam menos traumáticas,
diminuindo os custos de transação.
A participação de instituições regionais diminui o sofrimento da população local e aumenta a eficácia das
Missões de Paz. Em última análise, o sucesso da missão significa a criação de um ambiente de paz sustentável na
região.
Observe que estamos intuitivamente utilizando o conceito de regimes para elucidar a existência de arranjos de
segurança . A ideia de segurança coletiva, embora esteja presente em vários momentos de algunsregionais
destes arranjos regionais, pode não ser suficiente para caracterizar a natureza dos mesmos. Esses arranjos –
regimes de segurança – não são propriamente de mas sim apenas apresentam um segurança coletiva,
mecanismo (em geral retórico) de defesa coletiva. Por isso o conceito de regime internacional se faz necessário.
Outro conceito que tem sido muito utilizado desde o fim da Guerra Fria é o de Segurança Abrangente, já
abordado na Aula 4.
Segurança Abrangente pode ser entendida como uma referência à maneira de lidar com os “dilemas de
segurança”, ou como a ideia de que a segurança dos indivíduos e de nações abrange mais do que meramente um
equilíbrio militar relativo entre os países de uma região e seus adversários em potencial.
Os arranjos regionais de segurança, portanto, provêm mecanismos que permitem aos Estados de uma região
lidar com ameaças e preveni-las de forma que elas não se tornem um conflito mais amplo.
A segurança de uma região ameaçada, no entanto, seja pelas mazelas do crescimento demográfico desordenado,
seja pela escassez de recursos, ou mesmo, pelo crime organizado, requer mecanismos regionais de segurança
abrangentes o suficiente para reconhecer estas pressões e estabelecer provisões para lidar com elas.
Saiba mais
Regimes são conjuntos de princípios, normas, regras e procedimentos para os quais as
expectativas dos atores convergem. Estas normas e instituições são marcadas pela ausência de
uma ordem política hierárquica e mecanismos de implementação de sanções. Assim, há uma
delimitação do comportamento legítimo ou admissível dos atores em um contexto específico. É
importante notar que a teoria de regimes se refere a padrões de cooperação vinculados a áreas
temáticas. Trabalhos sobre regimes têm possibilitado a compreensão de formas de cooperação
internacional e construção de instituições na ausência de governo. Leia: Teoria das Relações
Internacionais no Pós-Guerra Fria.
http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0011-52581997000200006&script=sci_arttexthttp://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0011-52581997000200006&script=sci_arttext
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Note que estamos tratando da criação de uma cultura de segurança que evite o agravamento de tensões internas
para que as mesmas não venham a comprometer a segurança regional, o que não significa uma intervenção nos
assuntos internos dos Estados. Por exemplo: A Política de Segurança Comum da União Europeia – PSC.
Note também que não existe um padrão específico para os regimes regionais de segurança. Estes são
desenvolvidos e se adaptam às causas do problema e as especificidades da região.
O objetivo é que os Estados de uma região estabeleçam um conjunto de normas com o intuito de resolver
controvérsias sem o recurso à violência.
Vale lembrar que um regime de segurança não é garantia de que diferenças entre nações sejam dissipadas.
Os regimes de segurança eventualmente podem mostrar aos Estados envolvidos que instabilidade e guerra têm
como resultado prejuízos para todos os Estados da região.
Somente quando os atores envolvidos percebem que estão “no mesmo barco” é que surge a oportunidade de
construção de confiança mútua, isto é, desenvolver um conjunto de princípios básicos a fim de garantir um
entendimento e uma abordagem comuns para as relações interestatais na região.
A palavra não está sendo usada por mero casuísmo. A confiança mútua realmente precisa serconstrução
construída, pela promoção de medidas como a transparência nos assuntos militares; o desenvolvimento de
mecanismos de diplomacia preventiva; e desenvolvimento de mecanismos de resolução de conflitos.
Exemplos de construção de confiança mútua: participação nos programas de registro de armas convencionais
das Nações Unidas, publicação de livros brancos de defesa e implementação de exercícios militares conjuntos.
Certamente a transparência nas políticas de defesa se dá pela intensificação do diálogo entre as autoridades de
defesa. Essa é uma medida fundamental para aumentar os níveis de entendimento e criar confiança.
“Se é tão fácil por que ainda testemunhamos tantos conflitos?”, você deve estar se perguntando.
O fato é que as diversidades culturais, ideológicas, políticas ou de interesses econômicos existentes em países de
uma mesma região dificultam a implantação desses mecanismos. Assim, a construção de confiança tem o papel
de minimizar as possíveis tensões que estas diferenças fazem surgir.
2 A cogestão da segurança regional entre arranjos de 
segurança regionais e a ONU
A cooperação entre a ONU e as Organizações Regionais esta prevista na própria Carta da ONU no capítulo VIII e
ganhou incentivo extra na "Agenda para a Paz" proposta por Boutros Gali em 1994, quando este recomendou
que as Organizações Regionais participassem mais ativamente dos assuntos relacionados à paz e a segurança no
âmbito da ONU.
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Desta iniciativa teve início uma série de encontros entre o Secretário-Geral da ONU e os líderes das Organizações
Regionais ainda em 1994 com o objetivo de estreitar os laços entre essas Organizações e as Nações Unidas.
Destacam-se entre os temas tratados:
• O treinamento de funcionários das Organizações Regionais em matéria de Operações de Paz.
• A coordenação do comando das Operações de Paz.
• A implementação e supervisão das sanções estabelecidas no Conselho de Segurança das Nações Unidas, 
entre outros.
O intuito é aproximar os Organismos Regionais das Nações Unidas, principalmente no que diz respeito à
prevenção, gestão e resolução de conflitos.
Um arranjo de segurança que vem ganhando crescente destaque é a Organização de Cooperação de Xangai –
OCX, processo de integração regional que teve início com a necessidade de se rever fronteiras entre as ex-
repúblicas soviéticas da Ásia Central, a Rússia, a China e a Índia, após a dissolução da URSS.
Não só as fronteiras terrestres, mas as marítimas ou lacustres também, como é o caso do mar Cáspio, berço de
grandes reservas de petróleo e que tem as suas margens o Irã, a Rússia, o Turcomenistão e o Cazaquistão.
A aproximação desses Estados na busca de mecanismos de segurança regional indica claramente a tentativa de
contrabalançar a influência norte-americana na Ásia central e demonstra também um entendimento entre
potências regionais, como a China e a Rússia.
Além disso, permite uma articulação institucionalizada, entre países não democráticos, conflagrada a partir de
uma alegada ameaça de ato terrorista. Basta observar os exercícios militares e antiterroristas conjuntos
realizados no âmbito da OCX.
Há também uma estratégia antidrogas comum em análise para 2011 a 2016, já que a heroína provinda do
Afeganistão decuplicou a produção de estupefacientes na região nos últimos dez anos.
Organização de Cooperação de Xangai: Novo Centro.
No caso do por outro lado, não houve esforços no sentido da promoção de arranjos específicos naMercosul,
área de segurança, quer seja no âmbito do Cone Sul, quer seja no âmbito da América do Sul.
Parece claro, no entanto, a preocupação do em expandir sua influência para o continente sul-americano Brasil
por meios diplomáticos, usando, como ativo principal, a integração regional.
Os conflitos sul-americanos pós-Guerra Fria não se constituem de conflitos convencionais e sim relacionados aos
novos temas de segurança (lavagem de dinheiro, narcotráfico, contrabando etc).
As respostas a estes conflitos não podem ser, portanto, por meio de intervenções militares convencionais. O
Brasil nesse caso procura usar, adequadamente, para ampliar a sua influência regional. De qualquersoft power
forma, ainda que não tenhamos problemas de segurança prementes no Cone Sul, o Mercosul carece de arranjos
de segurança regional que os previnam.
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https://blogceiri.com.br/2011/06/17/organizacao-de-cooperacao-de-xangai-novo-centro-geopolitico/
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O que vem na próxima aula
Na próxima aula, você estudará os seguintes assuntos:
• Intervenção humanitária no Pós-Guerra Fria.
• A Agenda da Paz.
• Capacidade da ONU no campo da manutenção da paz e da segurança internacionais.
• Estudos de casos de intervenções humanitárias.
• A participação do Brasil em missões de paz.
CONCLUSÃO
Nesta aula, você:
• Caracterizou a regionalização da segurança como complemento à atuação de Organizações 
Internacionais tais como a ONU e a OTAN.
• Compreendeu o conceito de Confiança Mútua ( ).Confidence Building
• Avaliou a cogestão da segurança regional entre arranjos de segurança regionais e a Organização das 
Nações Unidas.
• Identificou organizações sub-regionais e microrregionais tais como o Mercosul e o Grupo de Shanghai.
• Caracterizou modelos de segurança regional com presença e participação das super-regiões.
Saiba mais
Leia:
Autor(es): Helvécio de Jesus Júnior (ORG.) ISBN: 978-85-8042-109-5 Editora: EDITORA CRV
Distribuidora: EDITORA CRV Disponibilidade: 1 Dia(s) Número de páginas: 116 Ano de Edição:
2011
• SEGURANÇA INTERNACIONAL - Temas regionais contemporâneos.•
• GALI, Boutros-Boutros. “Agenda para a Paz”.•
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http://www.un.org/es/comun/docs/?symbol=A/47/277
	Olá!
	1 Comunidades de segurança e integração regional
	2 A cogestão da segurança regional entre arranjos de segurança regionais e a ONU
	O que vem na próxima aula
	CONCLUSÃO

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