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Tema 5 -Falência

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Prévia do material em texto

Falência
Prof. Alexandre Assumpção
Descrição
A falência como meio de cobrança de créditos do devedor empresário,
com a instauração de concurso de credores e liquidação judicial dos
bens do falido.
Propósito
É fundamental para o profissional da área compreender o instituto da
falência, sua dinâmica, sujeito passivo e pressupostos, bem como o
desenvolvimento do processo falimentar e os efeitos da sentença de
falência sobre o falido e os credores.
Preparação
Antes de iniciar os estudos, tenha à mão a Lei nº 11.101/2005 e o
Código de Processo Civil.
Objetivos
Módulo 1
Princípios e pressupostos da falência –
procedimento pré-falimentar
Identificar os princípios e os pressupostos da falência.
Módulo 2
Processo falimentar
Reconhecer a sistemática do processo falimentar, os efeitos da
sentença quanto aos falidos e credores, as modalidades do ativo e as
regras para pagamento do passivo.
Introdução
Neste conteúdo, você terá noções sobre o conceito de falência, os
princípios aplicáveis ao processo falimentar e os pressupostos
para sua decretação, em especial a restrição do legislador quanto
ao sujeito passivo (devedor), que só pode ser empresário ou
sociedade empresária. Por outro lado, mesmo essa limitação não
é seguida de modo uniforme, pois existem sociedades
empresárias excluídas do referido instituto jurídico. Você também
terá contato com os órgãos responsáveis pela administração da
falência, com destaque para o administrador judicial. Por ser a
falência um concurso de credores, os créditos devem ser
habilitados e posteriormente classificados para efeito de
pagamento.
A falência tem finalidade liquidatória, isto é, a venda judicial dos
bens do falido para pagamento de seus credores, observadas as
preferências legais no pagamento. Caso a falência seja frustrada

pela inexistência ou insuficiência de bens, ainda assim o falido
será reabilitado e voltará ao exercício da empresa, pois o
legislador não fez distinção entre o pagamento parcial e a
ausência de qualquer pagamento.
A sentença constitutiva de falência produz efeitos em relação à
pessoa do falido, seus bens e contratos e aos atos praticados
antes da falência. O falido não pode prosseguir no exercício de
qualquer empresa e, caso seja autorizada a continuação
excepcional do seu negócio, quem assumirá essa tarefa será o
administrador judicial. Além disso, forma-se na falência uma
massa falida, resultado da reunião dos credores e dos bens
submetidos aos efeitos do instituto.
A lei de falências não permite que o falido retome suas atividades
durante o processo, ao contrário do que ocorria quando existia a
concordata suspensiva. Assim, não há mais cessação dos efeitos
da falência durante o processo. Com isso, os bens que forem
arrecadados para formar a massa falida serão vendidos,
preferencialmente em bloco, para que os credores possam ser
pagos na ordem legal com o produto apurado.
1 - Princípios e pressupostos da falência – procedimento pré-
falimentar
Ao �nal deste módulo, você será capaz de identi�car os princípios e os pressupostos da
falência.
Aspectos iniciais da falência
O que é a falência?
Neste vídeo, apresentaremos tanto o aspecto estático quanto o dinâmico
da falência. Além disso, falaremos sobre os três princípios da falência.
A falência pode ser compreendida sob dois aspectos: estático e
dinâmico.
Aspecto estático
Este aspecto tem como foco a caracterização de falido (cf. art.
94 da Lei nº 11.101/2005). Em sentido estático, falência é a
situação do devedor empresário ou sociedade empresária (cf.
art. 1º da Lei nº 11.101/2005) que, sem relevante razão de
direito, se encontra impontual nas condições previstas em lei ou
que pratica determinados atos caracterizadores de um estado
de falência (cf. art. 94, III, da Lei nº 11.101/2005). Nesse
sentido, a lei identifica a pessoa do falido e sua condição,
decorrendo efeitos a partir da decretação da falência por
sentença.
Aspecto dinâmico
O segundo aspecto relaciona-se ao processo de falência e suas
fases. Em sentido dinâmico, falência é um processo de
execução coletiva (concurso de credores), em que os bens do

devedor serão arrecadados (ficarão indisponíveis) para efeito
de alienação judicial futura e pagamento aos credores,
observadas as preferências legais. Nesta acepção, a falência
tem função liquidatória (realização do ativo e pagamento do
passivo) do patrimônio do falido sujeito a seus efeitos,
operando-se um ajuste de contas com os credores que não lhes
garante pagamento integral (cf. art. 114-A e art. 158, VI).
Após a apresentação dessa breve noção de falência, você estudará seus
princípios e pressupostos. Os primeiros são utilizados como orientação
ao juiz para decidir nos casos em que a lei não regula expressamente
determinadas relações patrimoniais (cf. art. 126) e fundamentam a
redação de vários dispositivos. Os pressupostos são as condições
subjetiva, objetiva e formalmente indispensáveis para a caracterização
da falência.
Princípios da falência
São três os princípios da falência: (i) igualdade de tratamento entre os
credores do falido; (ii) universalidade do concurso; (iii) indivisibilidade do
juízo. Cada princípio tem suas exceções, que serão apresentadas
sucintamente ao final da exposição.
 Princípio da igualdade
Decorre do concurso universal que a falência
instaura. Como o patrimônio do devedor está
insolvente, já que a recuperação se revelou inviável
ou foi negada, não há bens suficientes para o
pagamento da totalidade das dívidas, impondo-se
uma intervenção do legislador para regular o
pagamento nessa situação. Os credores, mesmo
sendo titulares de créditos de diversas origens e
natureza (trabalhista, fiscal, com garantia real, sem
garantia etc.), são tratados em pé de igualdade pela
lei — par conditio creditorum, expressão latina
utilizada para identificar o princípio. Um exemplo da
igualdade que a lei estabelece é a necessidade de
habilitação dos créditos ao processo, tanto por parte
de credores por obrigações vencidas quanto
vincendas (cf. arts. 9º, 77 e 115 da Lei nº
11.101/2005). Mesmo que o crédito tenha
i t ó f lê i d t á
vencimento após a falência, o credor estará na
mesma condição de outro cujo crédito já é exigível.
Ambos deverão participar do concurso em pé de
igualdade para efeito de habilitação.
 Princípio da universalidade do concurso
Também está associado ao concurso de credores
falimentar, mas sua relação mais próxima é com a
figura da massa falida. A falência compreende os
bens e as obrigações do devedor, formando duas
“massas”: a massa de bens (resultado da
arrecadação) e a massa de credores (resultado da
habilitação e verificação dos créditos). Há, no
processo de falência, dois documentos
importantíssimos para exame da composição da
massa de bens (objetiva) e da massa de credores
(subjetiva). São eles: o auto de arrecadação e o
quadro-geral de credores (cf. arts. 110 e 18 da Lei nº
11.101/2005). Cabe ao administrador judicial a
administração da massa falida e sua representação
judicial (cf. art. 22, inciso III, alíneas “c” e “n”).
 Princípio da igualdade
Tem relação com o juízo competente para sua
decretação, ou seja, o juízo do lugar do principal
estabelecimento do devedor ou filial situada no
Brasil de sociedade estrangeira (art. 3º). Tal
princípio denomina-se indivisibilidade (ou
“unidade”) do juízo da falência e está previsto no
art. 76 da Lei nº 11.101/2005, que afirma que o
“juízo da falência é indivisível e competente para
conhecer todas as ações sobre bens, interesses e
negócios do falido”. Com isso, os credores deverão
direcionar suas pretensões e recursos para o local
onde se processa a falência, que serão apreciados
pelo mesmo juiz. O juízo da falência tem, então,
uma “força atrativa” sobre os credores (vis
attractiva). Logo, as ações anteriores à decretação
t f d d d i í i d t
Como já mencionado, existem exceções para cada um dos princípios
diante de disposições da própria Leinº 11.101 ou de outras leis. No caso
do princípio da par conditio creditorum, os créditos tributários não estão
sujeitos à habilitação na falência (cf. art. 187 do Código Tributário
Nacional). A própria Lei nº 11.101/2005 estabelece uma ordem de
pagamento aos credores (cf. arts. 83 e 84) que deve ser atendida pelo
administrador judicial. Quanto ao princípio da universalidade, os bens
impenhoráveis não são compreendidos na massa falida objetiva, sendo
insuscetíveis de arrecadação (cf. art. 108, §4º). Ademais, existem ações
que não são atraídas para o juízo da falência, como as causas
trabalhistas e fiscais (cf. art. 76) e as ajuizadas por credores que
demandarem quantia ilíquida (art. 6º, § 1º).
Decretação da falência
Pressupostos da falência
No vídeo a seguir entenderemos mais sobre os três pressupostos da
falência que a legislação exige e suas naturezas.
propostas em face do devedor, a princípio, devem ter
prosseguimento com o administrador judicial, que
será intimado para representar a massa falida, sob
pena de nulidade do processo. As novas ações
serão propostas no juízo da falência, tanto aquelas
reguladas pela Lei nº 11.101/2005, como as ações
revocatória, de restituição, de impugnação ou de
revisão de crédito admitido ao quadro de credores, e
as ações reguladas por lei especial, exceto se a
massa for autora ou litisconsorte ativo.

Para ser decretada a falência, a legislação brasileira exige a concorrência
de três pressupostos:
Primeiro
É de natureza subjetiva, isto é, refere-se ao sujeito passivo, a pessoa que
sofre a falência e seus efeitos.
Segundo
É de natureza objetiva, diz respeito à causa que motiva o pedido de
falência e sua decretação.
Terceiro
É o pressuposto formal, ou seja, o ato que deve ser praticado pelo juiz
para dar início à falência — a sentença.
O sujeito passivo da falência não é qualquer devedor, mas apenas o
empresário ou a sociedade empresária (cf. art. 1º da Lei nº
11.101/2005). Tal restrição é histórica e remonta ao Código Comercial
de 1850, primeira lei nacional a tratar da falência. Com isso, ainda não é
possível, formalmente, que pessoas físicas ou jurídicas que não sejam
empresários, de fato ou de direito, requeiram sua própria falência ou
tenham ela requerida por seus credores. A reforma falimentar de 2020,
promovida pela Lei nº 11.101/2005, não alterou esse aspecto. Contudo,
o sistema falimentar brasileiro comporta exceções e de ambos os lados,
seja para excluir certas sociedades empresárias da falência, seja para
submeter pessoas naturais não empresárias.
O art. 2º da Lei nº 11.101/2005 exclui várias entidades, a maioria de
natureza empresarial, da aplicação dos institutos da falência, da
recuperação judicial e da recuperação extrajudicial. São elas:
Empresa pública.
Sociedade de economia mista.
Instituição financeira pública ou privada.
Cooperativa de crédito.
Consórcio.
Entidade de previdência complementar.
Sociedade operadora de plano de assistência à saúde.
Sociedade seguradora.
Sociedade de capitalização.
Outras entidades legalmente equiparadas às anteriores.
Todas essas entidades listadas, salvo as cooperativas de crédito, estão
sujeitas ao regime das sociedades empresárias, mas por previsão legal
não se submetem aos institutos de direito falimentar e sim a
procedimentos de liquidação administrativa (extrajudicial) previstos em
leis próprias.
Cabe consignar a legitimidade das cooperativas médicas operadoras de
seguro-saúde para os institutos da Lei nº 11.101/2005 em razão da
autorização contida no art. 6º, § 13.
Por sua vez, a Lei nº 11.101/2005, submete à falência pessoas naturais,
sejam ou não empresárias, em todos os seus efeitos. Trata-se do sócio
de responsabilidade ilimitada presente em certos tipos de sociedades
empresárias, como os sócios da sociedade em nome coletivo (cf. art.
1.039 do Código Civil), os sócios comanditados da sociedade em
comandita simples (cf. art. 1.045 do Código Civil) ou os sócios da
sociedade em comum (cf. art. 990 do Código Civil).
De acordo com os arts. 81 e 190 da Lei nº 11.101/2005, a decretação da
falência de sociedade com sócios ilimitadamente responsáveis também
acarreta a falência destes, que ficam sujeitos aos mesmos efeitos
jurídicos produzidos em relação à falida.
A causa da decretação da falência, pressuposto
objetivo, está relacionada à impontualidade (falta de
pagamento) ou à prática de atos ruinosos ou
fraudulentos por parte do devedor, denominados “atos
de falência”.
A impontualidade na falência tem uma conotação especial e bem
limitada. Não se trata apenas de deixar o devedor de pagar qualquer
dívida, de qualquer valor ou representada em qualquer documento.
De acordo com o caput do art. 94, em duas situações se verifica a
impontualidade falimentar. Vejamos as situações a seguir!
Primeira situação
O devedor, sem relevante razão de direito (imotivadamente), não
paga, no vencimento, obrigação líquida (aquela determinada
quanto ao objeto e certa quanto à sua existência, que dispensa
liquidação para apuração do seu valor ou da prestação)
materializada em título ou títulos executivos protestados cuja
soma ultrapasse o equivalente a 40 salários mínimos na data
do pedido de falência. Com isso, não basta ser credor, é preciso
apresentar um documento que, por lei, seja considerado título
executivo (cf. arts. 515 e 784 do Código de Processo Civil — Lei
nº 13.105/2015, que enumeram os títulos executivos), com o
valor mínimo previsto, ou em que a soma dos títulos atinja esse
valor, e que os títulos estejam protestados por falta de
pagamento, constando dos respectivos instrumentos o fim
falimentar a que se destina o protesto, exigência contida no art.
94, § 3º (“em qualquer caso”, o pedido de falência deverá estar
acompanhado da certidão do protesto falimentar ou especial).
Segunda situação
Alternativamente, configura-se a impontualidade falimentar se o
credor já propôs uma ação de cobrança de título executivo em
face do devedor, mas não obteve o pagamento. É a situação do
devedor empresário ou sociedade empresária que, executado
por qualquer quantia líquida, não paga, não deposita e não
nomeia à penhora bens suficientes dentro do prazo legal (cf.
art. 523 ou art. 829 do CPC). Tais fatos evidenciam uma
insolvência presumida e permitem ao credor suspender a ação
de execução e requerer a falência.
A falência, alternativamente, pode ser requerida e decretada, ainda que o
crédito não esteja vencido e sem necessidade de valor mínimo ou
protesto por falta de pagamento, caso haja prática de atos pelo
empresário individual ou pelos administradores da sociedade empresária
denominados “atos de falência”, relacionados no art. 94, inciso III. São
práticas fraudulentas, ilícitas e muitas delas criminosas, com o intuito de
arruinar o patrimônio, lesar credores ou fugir à cobrança. Cabe ao credor
descrever tais práticas, juntando-se as provas que houver e
especificando as que serão produzidas (art. 94, § 5º). Veja os atos de
falência.
Proceder à liquidação precipitada de seus ativos ou lançar mão
de meio ruinoso ou fraudulento para realizar pagamentos.
Realizar ou, por atos inequívocos, tentar realizar negócio
simulado ou alienação de parte ou da totalidade de seu ativo a
terceiro, credor ou não, com o objetivo de retardar pagamentos ou
fraudar credores.
Transferir estabelecimento a terceiro, credor ou não, sem o
consentimento de todos os credores e sem ficar com bens
suficientes para solver seu passivo.
Simular a transferência de seu principal estabelecimento com o
objetivo de burlar a legislação ou a fiscalização ou para
prejudicar credor.
Dar ou reforçar garantia a credor por dívida contraída
anteriormente sem ficar com bens livres e desembaraçados
suficientes para saldar seu passivo.
Liquidação Precipitada 
Negócio Simulado ou alienação 
Transferência de estabelecimento 
Simulação de transferência 
Reforço de garantia 
Ausência sem representante 
Ausentar-se sem deixar representantehabilitado e com recursos
suficientes para pagar os credores, abandonar estabelecimento
ou tentar ocultar-se de seu domicílio, do local de sua sede ou de
seu principal estabelecimento.
Deixar de cumprir, no prazo estabelecido, obrigação assumida no
plano de recuperação judicial.
É importante observar que a Lei nº 11.101 ressalva a possibilidade de
não configurar ato de falência se alguma das condutas descritas nas
alíneas do inciso III estiver prevista em plano de recuperação judicial e,
com base nele, for executada após sua homologação e concessão da
recuperação. Ademais, a situação da alínea “g” não configura um ato de
falência em sentido técnico, pois não faz sentido conceber que o plano
de recuperação preverá o descumprimento de obrigações, além de a
conduta estar relacionada necessariamente com a impontualidade.
Quanto ao pressuposto formal, somente se instaura o estado de falência
a partir da sentença do juiz, que produzirá efeitos a partir da segunda
fase ou período de informação (confira o conteúdo dessa decisão e as
providências determinadas no art. 99 da Lei nº 11.101/2005). Com isso,
percebe-se que o juiz não pode iniciar de ofício (por conta própria) o
processo de falência. Sempre será necessário um requerimento feito pelo
credor ou por outras pessoas às quais a lei confere legitimidade (art. 97).
Têm legitimidade para requerer a falência:
Espólio do empresário individual — o cônjuge sobrevivente,
qualquer herdeiro do devedor ou o inventariante; devendo ser
observado o tempo máximo de 1 (um) ano da morte do devedor
(art. 96, § 1º).
Sociedade empresária, sócio, na forma da lei ou do ato constitutivo
da sociedade.
Qualquer credor.
O credor empresário para requerer a falência de outro empresário deverá
apresentar certidão do Registro Público de Empresas que comprove a
regularidade de suas atividades. Já o credor sem domicílio no Brasil
Atraso ou omissão no prazo 
deverá prestar caução relativa às custas e ao pagamento da indenização
em caso de eventual denegação do pedido com dolo (cf. art. 97, §§ 1º e
2º).
Também é possível que a falência seja decretada a partir de um pedido
feito pelo devedor, instituto conhecido como autofalência. Nesse caso, “o
devedor em crise econômico-financeira que julgue não atender aos
requisitos para pleitear sua recuperação judicial deverá requerer ao juízo
sua falência, expondo as razões da impossibilidade de prosseguimento
da atividade empresarial” (cf. art. 105, que contém a relação de
documentos que deve acompanhar o requerimento). Embora pareça, a
priori, ser dever do falido requerer sua falência quando verificar a
irreversibilidade de sua crise, não existe nenhuma sanção antes ou após
a decretação da falência para o devedor que, deliberadamente, retardar
esse pedido.
Procedimento pré-falimentar
Entenda neste vídeo mais sobre as fases do procedimento pré-
falimentar: fase preliminar, fase de informação e fase de liquidação.
O procedimento falimentar de liquidação dos bens do empresário
individual, que também se aplica à sociedade empresária, pode ser
dividido para fins didáticos em três fases, denominadas de acordo com o
objetivo de cada uma delas: fase preliminar, com o escopo de aferir a
presença dos pressupostos objetivo e subjetivo da falência; fase de
informação ou de instrução, visando à formação da massa falida
(objetiva e subjetiva) e à apuração de responsabilidade penal do falido; e
fase de liquidação, com a finalidade de realizar o ativo e pagar o passivo
de acordo com a ordem de preferência legal.
A fase preliminar ou pré-falimentar se inicia com o
requerimento de falência, seja ele feito pelo credor (art.
97) ou pelo próprio devedor (art. 105) e termina com a
decretação da falência (art. 99). Caso a decisão seja
pelo indeferimento (sentença denegatória), o processo
se encerra com essa decisão, dela cabendo o recurso
de apelação (art. 100).
O requerimento de falência deverá estar instruído com o título executivo
acompanhado da certidão do protesto falimentar, observando-se que, se
o credor se utilizar de mais de um título executivo, o valor total deverá
superar 40 salários mínimos. O mesmo referencial será utilizado em
relação aos títulos protestados (art. 94, § 3º).
Resumindo
Se o pedido estiver fundado na execução ou cumprimento de sentença
frustrado, será instruído com certidão expedida pelo juízo em que se
processa a execução (art. 94, § 4º). Caso o credor aponte a prática de
atos de falência, deverá descrever os fatos que a caracterizam, juntando-
se as provas que houver e especificando-se as que serão produzidas (art.
94, § 5º).
É na fase preliminar que o devedor tem a oportunidade de apresentar
defesa no prazo de 10 dias, juntando, se quiser, as provas para que o juiz
não decrete a falência. No prazo da contestação, o devedor poderá
depositar o valor correspondente ao total do crédito, acrescido de
correção monetária, juros e honorários advocatícios, impedindo a
decretação da falência (“depósito elisivo”), exceto se o pedido tiver
fundamento na prática de atos de falência (cf. art. 98 da Lei nº
11.101/2005). Se o devedor houver apresentado contestação e efetuado
o depósito elisivo, o juiz deverá apreciar suas alegações e, se as acatar,
determinará o levantamento do valor. Caso as alegações sejam
rejeitadas ou não tenham sido apresentadas provas para refutar os
argumentos e provas apresentadas pelo requerente, esse levantará o
depósito.
Cabe ressaltar a possibilidade de o devedor requerer
sua recuperação judicial no prazo de 10 dias, ou seja,
no prazo da contestação. O pedido suspenderá a
tramitação do processo de falência até a decisão sobre
a recuperação judicial (art. 95).
Certas matérias são consideradas relevantes para impedir a decretação
da falência quando o fundamento for a impontualidade e, caso as
alegações do devedor fiquem comprovadas, o juiz deverá proferir uma
decisão de improcedência do pedido. Elas estão arroladas no caput do
art. 96. São elas:
I. falsidade de título;
II. prescrição da pretensão à execução;
III. nulidade de obrigação ou de título;
IV. pagamento da dívida;
V. qualquer outro fato que extinga ou suspenda obrigação ou não
legitime a cobrança de título;
VI. vício em protesto ou em seu instrumento (cf. Súmula nº 361 do
STJ);
VII. apresentação de pedido de recuperação judicial no prazo da
contestação;
VIII. cessação das atividades empresariais do devedor mais de 2 anos
antes do pedido de falência, comprovada por documento hábil do
Registro Público de Empresas, o qual não prevalecerá contra prova
de exercício posterior ao ato registrado.
Não havendo realização de depósito elisivo ou se este não for
“completo”; se o devedor ficar inerte após ter sido citado; ou se as
alegações apresentadas na contestação forem rejeitadas, o juiz
decretará a falência sem necessidade de aferição do patrimônio do
devedor, já que o sistema falimentar brasileiro não exige tal
comprovação. Encerra-se com a decisão judicial a primeira fase do
processo.
Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
Das entidades apresentadas a seguir, assinale a única que se
submete às disposições da Lei nº 11.101/2005.
A Sociedade empresária
Parabéns! A alternativa A está correta.
A única alternativa correta é a sociedade empresária, de acordo com
o art. 1º da Lei nº 11.101/2005. As demais alternativas apresentam
entidades excluídas da aplicação da Lei nº 11.101/2005, de acordo
com o art. 2º e seus incisos.
Questão 2
Em relação às ações que tramitam fora do juízo da falência,
assinale a única alternativa correta.
B Sociedade de economia mista
C Consórcio
D Empresa pública
E Entidades de previdência complementar
A
Ações trabalhistas, revocatória, de impugnação de
crédito e aquelas não reguladas na Lei nº
11.101/2005 em que o falido figurar como autor ou
litisconsorte ativo.
B
Ações trabalhistas, revocatória e aquelas não
reguladas na Lei nº 11.101/2005 em que o falido
figurarcomo parte ou litisconsorte.
C
Ações de restituição, fiscais e aquelas não reguladas
na Lei nº 11.101/2005 em que o falido figurar como
parte ou litisconsorte passivo.
Parabéns! A alternativa D está correta.
De acordo com o art. 76, caput, da Lei nº 11.101/2005, somente esta
alternativa está correta. As demais alternativas são falsas por
incluírem ações que são processadas perante o juízo da falência.
2 - Processo falimentar
Ao �nal deste módulo, você será capaz de reconhecer a sistemática do processo falimentar,
os efeitos da sentença quanto aos falidos e credores, as modalidades do ativo e as regras
para pagamento do passivo.
Fase de informação ou de instrução
D Ações revocatórias, fiscais e aquelas não reguladas
na Lei nº 11.101/2005 em que o falido figurar como
autor ou litisconsorte ativo.
E
Ações fiscais, de impugnação de crédito e aquelas
não reguladas na Lei nº 11.101/2005 em que o
falido figurar como autor ou litisconsorte passivo.

Informação da falência
No vídeo a seguir explicaremos mais sobre a fase de informação ou de
instrução e suas características, a primeira na decretação de falência.
A fase de informação ou de instrução é a primeira após a decretação da
falência e a segunda do processo. Nesse momento serão produzidos os
efeitos da falência em relação aos credores e ao devedor, incluindo os
sócios de responsabilidade ilimitada da sociedade falida.
1. Exemplos de efeitos da sentença de falência em relação aos credores:
1.1. Suspensão do curso das execuções anteriormente iniciadas
contra o devedor (art. 6º).
1.2. Suspensão da fluência dos juros (art. 124).
1.3. Vencimento antecipado das dívidas do falido (art. 77).
1.4. Necessidade de habilitação no processo para os créditos não
relacionados pelo devedor (art. 7º, § 1º).
2. Exemplos de efeitos em relação ao falido:
2.1. Desapossamento dos seus bens.
2.2. Perda do direito de administração de seu negócio (art. 103).
2.3. Inabilitação para o exercício de qualquer atividade empresarial
até a extinção de suas obrigações (art. 102).
Embora a Lei nº 11.101/2005 empregue o termo “sentença” em diversas
ocasiões (ex: arts; 10, § 10; 69-D, parágrafo único; 99; 107; e 122), e, em
outras ocasiões, “decisão”, como no art. 100, o correto é o emprego da
expressão “decisão de falência” e não “sentença de falência”.
Ao contrário da
sentença a que se refere
o art. 156, aqui não há
encerramento do
processo, apenas da
fase preliminar; a
decisão encerra uma
fase e inaugura outra.
Trata-se de decisão
interlocutória de mérito
de natureza constitutiva,
criando novas relações
jurídicas e efeitos para o
devedor, credores e
terceiros.
Por essa razão e em consonância com o art. 1.015, II, do CPC, o
legislador estabeleceu que o recurso dessa “decisão” é o agravo.
A fase processual é denominada de informação ou de instrução, pois
nela ocorrem os procedimentos fundamentais para a formação da
massa falida, ou seja, a habilitação e a verificação dos créditos pelo
administrador judicial (para formar a massa de credores ou massa falida
subjetiva) e a arrecadação dos bens, livros e documentos (para formar a
massa de bens ou massa falida objetiva). Nessa fase, o administrador
judicial examinará a escrituração do falido e de seus atos anteriores e
posteriores à decretação da falência para instruir eventuais medidas
civis e penais de apuração de crimes falimentares e para investigar atos
fraudulentos praticados antes da falência em conluio do devedor com
terceiros, passíveis de revogação (cf. art. 82 e art. 22, III, alíneas “b” e
“e”). Trata-se de uma das mais importantes atribuições do administrador
judicial nessa fase do processo falimentar.
Logo, assinar o termo de compromisso é efetuar a arrecadação dos bens
e documentos e a avaliação dos bens, separadamente ou em bloco, no
local em que se encontrem, requerendo ao juiz, para esses fins, as
medidas necessárias (art. 108).
Os bens arrecadados ficarão sob a guarda do administrador judicial ou
de pessoa por ele escolhida, sob responsabilidade daquele, podendo o
falido ou qualquer de seus representantes ser nomeado depositário dos
bens. O falido poderá acompanhar a arrecadação e a avaliação, que
incluirá o produto dos bens penhorados ou por outra forma apreendidos
em outros processos, cumprindo ao juiz deprecar, a requerimento do
administrador judicial, às autoridades competentes, determinando sua
entrega (art. 108, § 3º).
A arrecadação não incluirá os bens impenhoráveis
relacionados no art. 833 do CPC nem os bens
integrantes de patrimônios de afetação, constituídos

para cumprimento de destinação específica (cf. art.
108, § 4º e art. 119, IX).
Tais bens, inclusive direitos e obrigações, permanecerão separados dos
do falido até o advento do respectivo termo ou até o cumprimento de sua
finalidade, ocasião em que o administrador judicial arrecadará o saldo a
favor da massa falida ou inscreverá na classe própria o crédito que
contra ela remanescer.
O documento, assinado pelo administrador judicial, que prova a
arrecadação é denominado auto de arrecadação, composto, de acordo
com o art. 110, pelo inventário e pelo respectivo laudo de avaliação dos
bens. Deverão ser descritos no inventário:
I. Os livros obrigatórios e os auxiliares do devedor, designando-se o
estado em que se acham, número e denominação de cada um,
páginas escrituradas, data do início da escrituração e do último
lançamento, e se os livros obrigatórios estão revestidos das
formalidades legais (cf. artigos 1.181 e 1.183 do Código Civil).
II. Dinheiro, papéis, títulos de crédito, documentos e outros bens da
massa falida.
III. Os bens da massa falida em poder de terceiro, a título de guarda,
depósito, penhor ou retenção.
IV. Os bens indicados como propriedade de terceiros ou reclamados
por eles, mencionando-se essa circunstância. Embora a massa
falida tenha disponibilidade dos bens arrecadados, inclusive de
terceiros, estes poderão, com base no art. 85, pleitear mediante
ação própria sua restituição, ainda que tenham sido alienados pela
massa, caso em que terão direito à restituição em dinheiro (art. 86).
Créditos no processo falimentar
No vídeo a seguir falaremos sobre os tipos de créditos na falência. Como
o credito extraconcursais e os concursais.
Os credores deverão habilitar seus créditos (cf. arts. 7º, § 1º, e 115) no
concurso nessa fase do processo falimentar, exceto se o devedor tiver
informado na relação de credores apresentada com o requerimento de
falência ou após a decretação (cf. art. 99, III, e 105, II). Tanto na relação
de credores quanto na habilitação do credor (cf. art. 9º, II) o crédito
deverá estar classificado considerando as classes previstas no art. 83.
Como exceção ao princípio da igualdade de tratamento (par conditio
creditorum), a Lei nº 11.101/2005 estabelece uma ordem de pagamento
entre os credores do falido, denominados concursais. Os credores cujos
créditos surgirem após a decretação da falência, em razão de obrigações
assumidas pela massa falida ou despesas do processo ou originados de
recuperação judicial convolada em falência, por exemplo, são
considerados extraconcursais (cf. art. 84), pagos preferencialmente em
relação aos créditos concursais.
Créditos extraconcursais
A classificação dos créditos na falência foi alterada em 2020 com a Lei
nº 14.112, que extinguiu as classes dos créditos com privilégio especial e
geral (os incisos IV e V do art. 83 foram revogados) e promoveu várias
alterações na ordem de pagamento dos créditos extraconcursais.
Atualmente, ela obedece à seguinte ordem:
As quantias necessárias para o pagamento antecipado de
despesas indispensáveis à administração da falência, inclusive
na hipótese de continuação provisória das atividades do falido e,
tão logo haja disponibilidade em caixa, os créditos trabalhistas
de natureza estritamente salarial vencidos nos 3 meses
anteriores à decretação da falência, até o limite de 5 salários
mínimos por trabalhador (cf. arts.150 e 151).
Pagamento antecipado 
O valor efetivamente entregue ao devedor em recuperação
judicial pelo financiador, decorrentes de contratos autorizados
pelo juiz para o financiamento da empresa do devedor e as
despesas de reestruturação ou de preservação do valor de ativos,
garantidos pela oneração ou pela alienação fiduciária de bens e
direitos, seus ou de terceiros, pertencentes ao ativo não
circulante.
Os créditos em dinheiro objeto de restituição em dinheiro (cf. art.
86).
As remunerações devidas ao administrador judicial e aos seus
auxiliares, aos reembolsos devidos a membros do comitê de
credores, e aos créditos derivados da legislação trabalhista ou
decorrentes de acidentes de trabalho relativos a serviços
prestados após a decretação da falência.
As obrigações resultantes de atos jurídicos válidos praticados
durante a recuperação judicial ou após a decretação da falência.
As quantias fornecidas à massa falida pelos credores.
Valor entregue ao devedor 
Créditos em dinheiro 
Remunerações devidas 
Obrigações resultantes 
Quantias fornecidas 
Despesas com arrecadação 
As despesas com arrecadação, administração, realização do
ativo, distribuição do seu produto e custas do processo de
falência.
As custas judiciais relativas às ações e às execuções em que a
massa falida tenha sido vencida.
Os tributos relativos a fatos geradores ocorridos após a
decretação da falência.
Créditos concursais
Vejamos a ordem que os créditos concursais obedecem:
Os créditos trabalhistas, com preferência até o limite de 150
salários mínimos por credor, e os decorrentes de acidentes de
trabalho, sem limite. O excedente do crédito trabalhista é incluído
na classe dos créditos quirografários (art. 83, VI, c).
Créditos que possuem bens do patrimônio do devedor ou de
terceiro vinculados a seu pagamento, até o limite do valor do bem
gravado. Para efeito de inserção do crédito nessa classe, será
considerado como valor do bem objeto de garantia real a
importância efetivamente arrecadada com sua venda (valor
líquido), ou, no caso de alienação em bloco da empresa ou de
estabelecimento, o valor de avaliação do bem individualmente
Custas judiciais 
Tributos relativos 
Créditos trabalhistas 
Créditos com garantia real 
considerado. A parte do crédito excedente a esse limite será
incluída na classe dos créditos quirografários (art. 83, VI, b).
Créditos tributários, independentemente da sua natureza e tempo
de constituição, excetuadas as multas tributárias, desde que o
fato gerador seja anterior ao processo de falência. São
considerados extraconcursais os créditos tributários decorrentes
de fatos geradores ocorridos no curso do processo de falência
(cf. art. 188 do Código Tributário Nacional e art. 84, V, da Lei nº
11.101/2005).
Créditos sem qualquer garantia real ou preferência quanto ao
recebimento, bem como o saldo dos créditos trabalhistas e com
garantia real.
As multas contratuais e as penas pecuniárias por infração das
leis penais ou administrativas, inclusive as multas tributárias.
Créditos subordinados previstos em lei ou em contrato e os
créditos dos sócios e dos administradores sem vínculo
empregatício cuja contratação não tenha observado as
condições estritamente comutativas e as práticas de mercado.
Créditos tributários 
Créditos quirografários 
Multas contratuais 
Créditos subordinados 
Os juros vencidos após a decretação da falência, caso a massa
falida suporte o pagamento dos créditos subordinados.
Em razão da extinção dos créditos com privilégio especial e geral, o art.
83, § 6º, determinou que os créditos integrarão a classe dos créditos
quirografários quando o privilégio estiver previsto em lei especial (por
exemplo, art. 707 do Código Civil).
Fase de liquidação
Após o término da arrecadação dos bens, inicia-se a fase de liquidação.
No vídeo a seguir explicaremos alguns detalhes sobre essa fase no
processo falimentar.
Logo após o término da arrecadação dos bens, com a juntada do
respectivo auto ao processo de falência, encerra-se a fase de instrução e
inicia-se a última, a de liquidação (art. 139). A liquidação compreende a
realização do ativo arrecadado por meio de sua alienação judicial para o
pagamento aos credores e finda com a sentença de encerramento da
falência. É possível a liquidação antecipada de bens nas situações
descritas nos artigos 111 e 113, a saber: (i) aquisição ou adjudicação
pelos credores, após a arrecadação do bem, pelo valor da avaliação,
atendida a regra de classificação e preferência entre eles e (ii) alienação
de bens perecíveis, deterioráveis, sujeitos à considerável desvalorização
ou que sejam de conservação arriscada ou dispendiosa.
Realização do ativo e pagamento do passivo
Juros vencidos 
A venda judicial dos bens arrecadados observa uma ordem legal que
privilegia (i) a alienação da empresa, com a venda de seus
estabelecimentos em bloco, passando pela (ii) venda isolada ou parcial
de filiais ou unidades produtivas do devedor, (iii) alienação em bloco dos
bens que integram cada um dos estabelecimentos, até chegar à (iv)
alienação dos bens individualmente considerados (cf. art. 140 da Lei nº
11.101/2005).
Entretanto, para otimizar o valor dos ativos na alienação judicial, é
possível que a ordem seja afastada caso seja melhor para a massa
falida, por exemplo, a venda de um bem separado ou a alienação em
bloco dos bens.
Em qualquer modalidade de alienação dos ativos, conjunta ou separada,
inclusive da empresa ou de suas filiais, o bem ou o conjunto de bens
objeto da alienação estará livre de qualquer ônus que o grave (hipoteca,
penhor, usufruto etc.) e não haverá sucessão do arrematante nas
obrigações do devedor, inclusive as de natureza tributária ou trabalhista.
Essa regra, prevista no artigo 141 da Lei nº 11101, de
2005, visa facilitar a obtenção de um valor maior que o
de avaliação na venda judicial, pois o arrematante não
terá que arcar com nenhum pagamento ao credor do
falido.
Entretanto, haverá sucessão para o arrematante se esse for sócio da
sociedade falida ou de sociedade controlada pelo falido; parente, em
linha reta ou colateral até o quarto grau, consanguíneo ou afim, do falido
ou de sócio da sociedade falida; ou identificado como agente do falido
com o objetivo de fraudar a sucessão.
O artigo 142 prevê duas modalidades ordinárias de alienação:
1. Leilão, que pode ser presencial, remoto ou eletrônico e híbrido.
2. Processo competitivo organizado, a ser autorizado pelos credores,
promovido por agente especializado e de reputação ilibada, cujo
procedimento deverá ser detalhado em relatório anexo ao plano de
realização do ativo apresentado pelo administrador judicial (cf. art.
99, § 3º). Antes da reforma da Lei nº 11.101/2005, em 2020, eram
previstos a venda por propostas e o pregão como modalidades de
alienação.
É admissível outra modalidade (extraordinária) de alienação, mas
precisa ser aprovada pelos credores em assembleia pelo quorum de dois
terços dos créditos presentes à assembleia (cf. arts. 46, 142, V, 144 e
145). Em qualquer modalidade de alienação devem ser observadas as
seguintes regras (cf. arts. 142 e 143):
Os bens serão alienados ainda que o preço de mercado seja
desfavorável, ou seja, o valor provável a ser apurado será
inferior ao de avaliação.
O administrador judicial poderá contratar, pela massa falida, a
prestação de serviços de terceiros como consultores, corretores
e leiloeiros.
A alienação deverá ocorrer no prazo máximo de 180 dias,
contado da data da juntada do auto de arrecadação (cf. art. 99,
§ 3º).
O lance não estará sujeito à aplicação do conceito de preço vil
previsto no artigo 891, parágrafo único do CPC, ou seja, o preço
inferior ao mínimo estipulado pelo juiz e constante do edital da
alienação; não tendo sido fixado preço mínimo, vil é o preço
inferior a 50% do valor da avaliação. Cabe esclarecer que
admissão do “preço vil” somente será possível em terceira
chamada para o leilão(cf. art. 142, § 3º-A, III).
Em qualquer modalidade de alienação, o Ministério Público e as
Fazendas Públicas serão intimados por meio eletrônico, sob
pena de nulidade.
Quaisquer credores, o devedor ou o Ministério Público poderão
apresentar impugnações, no prazo de 48 horas da arrematação,
hipótese em que os autos serão conclusos ao juiz, que, no
prazo de 5 dias, decidirá sobre as impugnações e, julgando-as
improcedentes, ordenará a entrega dos bens ao arrematante,
respeitadas as condições estabelecidas no edital. Os
parágrafos 1º a 4º do art. 143 da Lei nº 11.101/2005
estabelecem outras regras sobre as impugnações.
A massa falida está dispensada da apresentação de certidões
negativas para a realização das alienações.
Como já ressaltado, a solução do passivo deverá observar a ordem de
pagamento fixada nos artigos 84 e 83, pois os credores se sub-rogam no
produto da realização do ativo consoante a ordem neles estabelecida,
respeitadas as decisões judiciais que determinam reserva de
importâncias (cf. art. 149).
Encerramento da falência
Fim da falência e seus efeitos
No vídeo a seguir falaremos sobre o encerramento da falência e
finalização do processo e seus possíveis efeitos.
Reabilitação do falido em razão da extinção de suas
obrigações

Após o encerramento da liquidação dos bens do falido, com o
pagamento aos credores de acordo com a ordem dos arts. 84 e 83
(créditos extraconcursais e, em seguida, créditos concursais), o
administrador judicial deve tomar os preparativos para a finalização do
processo, eis que a finalidade liquidatória da falência já foi atingida. Isso
não significa que todos os credores receberam seus créditos, mas que o
ativo apurado do falido foi integralmente realizado.
De acordo com os arts. 154 e 155 da Lei nº 11.101/2005, as
providências finais e prévias à sentença de encerramento são: (i)
julgamento das contas do administrador judicial, em processo paralelo
ao da falência, e (ii) apresentação do relatório final pelo mesmo
administrador.
Atenção!
Nesse relatório final, o administrador judicial indicará o valor do ativo e o
do produto de sua realização, o valor do passivo e o dos pagamentos
feitos aos credores, e especificará justificadamente as responsabilidades
com que continuará o falido. Após o cumprimento dessas providências,
a falência será encerrada por sentença (cf. art. 156).
A ressalva acima no relatório do administrador judicial é importante caso
tenham decorridos 3 anos da decretação da falência sem que todo o
ativo tenha sido liquidado. Nessa situação, o processo falimentar deverá
ser encerrado, mas os bens arrecadados serão destinados ao pagamento
dos credores não satisfeitos, não podendo o falido (já reabilitado) deles
dispor livremente ou onerá-los (cf. art. 158, V).
Percebe-se que o encerramento da falência, por si só, não extingue as
obrigações do falido, pois existem bens que não foram liquidados e
credores aguardando pagamento. Ao contrário, se todo o ativo foi
liquidado, o art. 158, VI, da Lei nº 11.101/2005 prevê que o falido pode
requerer a extinção de suas obrigações ao juiz mesmo sem ter pago a
todos os seus credores, sendo o encerramento da falência a causa
motivadora para sua reabilitação.
Outra hipótese que pode ensejar a reabilitação e a de pagamento parcial,
que ocorre quando, após realizado todo o ativo, houver pagamento de
mais de 25% dos créditos quirografários, facultado ao falido o depósito
da quantia necessária para atingir a referida porcentagem se para isso
não tiver sido suficiente a integral liquidação do ativo.
O produto da realização do ativo foi suficiente para satisfazer
integralmente o crédito dos credores extraconcursais e daqueles das três
primeiras classes da ordem do art. 83 e, na classe dos quirografários, o
pagamento foi de mais de um quarto do valor. Com isso, o falido está
desobrigado de pagar o restante aos credores quirografários e de pagar
qualquer valor aos credores das demais classes do artigo 83, sendo
reabilitado para retomar sua empresa com a sentença de encerramento,
que declarará a extinção de suas obrigações (art. 158, II).
Saiba mais
A extinção das obrigações do falido com efeito de reabilitação —
retomada do exercício da empresa — só se aplica ao empresário
individual ou ao sócio de responsabilidade ilimitada da sociedade falida,
e ambos são pessoas naturais. Essa limitação decorre do fato de a
sociedade empresária ser dissolvida com a decretação da falência e
extinta com seu encerramento da liquidação (cf. art. 1044 do Código
Civil: “A sociedade se dissolve [...] se empresária, também pela
declaração da falência” e arts. 206, II, b, e 219, I, ambos da Lei nº
6.404/1976).
Caso nem a situação de pagamento parcial seja atingida ao final da
liquidação, ainda assim será possível a extinção das obrigações com o
encerramento da falência. Isso porque a reforma legislativa de 2020
aboliu a prescrição extintiva das obrigações após o encerramento da
falência, que ocorria em 10 ou 5 anos, caso o falido fosse ou não
condenado por crime falimentar.
Outra situação de extinção das obrigações criada pela Lei nº 14.112 é o
encerramento da falência por ela ter sido frustrada, prevista no art. 114-A
da Lei nº 11.101/2005.
Denomina-se frustrada a falência (para os credores) se
não forem encontrados bens para serem arrecadados,
ou se os arrecadados forem insuficientes para as
despesas do processo.
Nesse caso, o administrador judicial informará imediatamente esse fato
ao juiz, que, ouvido o representante do Ministério Público, fixará, por
meio de edital, o prazo de 10 dias para os interessados se manifestarem.
Um ou mais credores poderão requerer o prosseguimento da falência, se
pagarem a quantia necessária às despesas e aos honorários do
administrador judicial, que serão consideradas despesas essenciais
como créditos extraconcursais (art. 84, I-A).
Decorrido o prazo de 10 dias sem manifestação dos interessados, o
administrador judicial promoverá a venda dos bens no prazo máximo de
30 dias, para bens móveis, e de 60 dias, para bens imóveis, e apresentará
o seu relatório. Apresentado o relatório, a falência será encerrada pelo
juiz e o devedor reabilitado com suas obrigações extintas.
Resumindo
Após a realização de todo o ativo, o falido poderá ter suas obrigações
extintas e ser reabilitado com o pagamento integral, com o pagamento
parcial, com pagamento inferior ao parcial ou sem qualquer pagamento.
Nos dois últimos casos, a reabilitação se dá por força da sentença de
encerramento, que terá efeito remissório em relação aos créditos
pendentes. Porém, se a liquidação não for encerrada em até 3 anos da
decretação da falência, a lei faz uma separação entre a reabilitação e o
pagamento aos credores, determinando o encerramento da falência e a
“extinção” das obrigações. Sem embargo, impõe-se ao devedor que
destine os bens que retornarão ao seu patrimônio para o pagamento dos
credores. Nesse ponto, não é acertado afirmar que as obrigações foram
“extintas”, já que o falido não poderá dar a destinação que quiser a esses
bens.
Administração da falência
O administrador judicial
No vídeo a seguir explicaremos quem é o administrador judicial,
mostrando sua importância e seu papel no processo de falência.

A administração da falência está centrada na figura do administrador
judicial, que assume uma importância capital, muito maior do que uma
recuperação judicial. Cabe, contudo, ressaltar que o juiz da falência tem
um papel de destaque na primeira fase, pois é dele a decisão sobre
eventual decretação da falência, e não aos credores como na
recuperação judicial. Também é atribuição do juiz a nomeação, a
superintendência da atuação e a destituição do administrador judicial.
Como o foco da falência é a liquidação da empresa, a
assembleia de credores e o comitê, órgão facultativo
tal qual na recuperação judicial, assumem um papel
menor em comparação à recuperação judicial.
Quanto ao representante do MinistérioPúblico, que também intervém no
processo como fiscal da lei, sua participação é obrigatória após a
decretação da falência, especialmente durante o período de verificação
dos créditos e venda dos bens arrecadados (cf. arts. 8º, 99, XIII, e 143 da
Lei nº 11.101/2005).
O administrador judicial é nomeado pelo juiz na sentença de falência
(art. 99, inciso IX,). O critério para escolha é o mesmo na recuperação
judicial, ou seja, profissional idôneo, preferencialmente advogado,
economista, administrador de empresas ou contador, ou pessoa jurídica
especializada (art. 21). Após sua nomeação, o administrador será
intimado para assinar termo de compromisso, que marca a investidura
nas suas funções (art. 34).
Além da capacidade civil plena para ser administrador judicial, ou seja,
ter mais de 18 anos e não sofrer qualquer incapacidade, o nomeado não
pode ter impedimento legal. Nesse sentido, não poderá exercer as
funções de administrador judicial quem, nos últimos 5 anos, no exercício
do cargo de administrador judicial ou de membro do comitê de credores
em falência ou recuperação judicial anterior, foi destituído, deixou de
prestar contas dentro dos prazos legais ou teve a prestação de contas
desaprovada. Também está impedido de exercer a função de
administrador judicial quem tiver relação de parentesco ou afinidade até
o terceiro grau com o devedor, seus administradores, controladores ou
representantes legais ou deles for amigo, inimigo ou dependente (art.
30).
Se uma pessoa tiver algum impedimento legal e for nomeada
administrador judicial, o devedor, qualquer credor ou o representante do
Ministério Público poderá requerer ao juiz a substituição do nomeado.
Na falência, diante da inabilitação do empresário para o exercício de
qualquer empresa e da arrecadação de seus bens, são bem maiores as
atribuições do administrador, que as exerce sob a fiscalização do juiz e
do comitê, se houver.
Destacam-se as mais importantes, mas, para uma relação completa das
atribuições, consulte o artigo 22, incisos I e III da Lei nº 11.101/2005.
Elaborar e fazer publicar a relação de credores após a verificação
dos créditos.
Consolidar o quadro-geral de credores após o julgamento das
impugnações de crédito para posterior publicação.
Assumir a condução da atividade empresarial do falido, se
autorizada a continuação provisória pelo juiz na sentença de
falência.
Examinar a escrituração do devedor para efeito de apuração de
eventuais crimes falimentares.
Relacionar os processos pendentes e assumir a representação
judicial da massa falida.
Apresentar, no prazo de 40 dias, contado da assinatura do termo de
compromisso, prorrogável por igual período, relatório sobre as
causas e circunstâncias que conduziram à situação de falência, no
qual apontará a responsabilidade civil e penal dos envolvidos.
Arrecadar os bens e documentos do devedor e elaborar o auto de
arrecadação em que constarão o inventário dos bens e o laudo de
avaliação.
Proceder à venda de todos os bens da massa falida no prazo
máximo de 180 dias, contado da data da juntada do auto de
arrecadação, sob pena de destituição, salvo por impossibilidade
fundamentada, reconhecida por decisão judicial.
Praticar os atos necessários à realização do ativo e ao pagamento
dos credores.
O administrador judicial responde com seus bens pessoais por ato ilícito,
intencional (doloso) ou culposo, pelos prejuízos causados à massa
falida, ao devedor ou aos credores (art. 32), podendo ser destituído pelo
juiz, de ofício ou a requerimento fundamentado de qualquer interessado,
quando verificada desobediência aos preceitos da Lei nº 11.101/2005,
descumprimento de deveres, omissão, negligência ou prática de ato
lesivo às atividades do devedor ou a terceiros (art. 31).
Tal qual na recuperação judicial, o administrador judicial faz jus a uma
remuneração pelo seu trabalho e serviços prestados, cujo encargo é da
massa falida (crédito de natureza extraconcursal, art. 84, I-D).
Saiba mais
Cabe ao juiz, em decisão no curso do processo, fixar o valor e a forma de
pagamento da remuneração do administrador judicial, observados a
capacidade de pagamento da massa falida, o grau de complexidade do
trabalho e os valores praticados no mercado para o desempenho de
atividades semelhantes.
Em qualquer hipótese, o total pago não excederá a 5% do valor de venda
dos bens na falência, percentual reduzido para 2% no caso de
microempresas ou empresas de pequeno porte (art. 24). Do montante
total da remuneração fixada, deve ser reservado 40% para pagamento
após o julgamento das contas do administrador judicial e apresentação
do relatório final da falência (art. 154).
Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
Matias Cardoso foi contratado pela massa falida da sociedade
Butiá Verde Empreendimentos Imobiliários Ltda. como empregado
durante 18 meses. O crédito trabalhista de Matias Cardoso no
processo falimentar tem natureza
Parabéns! A alternativa C está correta.
São extraconcursais os créditos derivados da legislação trabalhista
relativos a serviços prestados após a decretação da falência, com
fundamento no art. 84, I-D, da Lei nº 11.101/2005. Os créditos
derivados da legislação trabalhista relativos a serviços prestados
após a decretação da falência são pagos antes das obrigações
resultantes de atos jurídicos válidos praticados após a decretação
da falência (art. 84, I-E, da Lei nº 11.101/2005). As demais
alternativas são falsas por estarem em desacordo com o referido
dispositivo legal.
Questão 2
A
concursal, sendo preferencial até o valor de 150
salários mínimos; o saldo que exceder a esse limite é
crédito com privilégio geral.
B
concursal, classificado como quirografário, até o
valor de 100 salários mínimos, sendo o saldo que
exceder a esse limite considerado crédito
subordinado.
C
extraconcursal pelo seu valor integral, e pago antes
das obrigações resultantes de atos jurídicos válidos
praticados após a decretação da falência.
D
concursal, sendo preferencial pelo valor integral, e
pago antes dos créditos extraconcursais.
E
extraconcursal, sendo preferencial até o valor de 150
salários mínimos; o saldo que exceder a esse limite é
crédito quirografário.
Na sentença que decretar a falência, o juiz deverá nomear para
administrar a massa falida o administrador judicial. Assinale a
alternativa que indica o critério para escolher esse administrador:
Parabéns! A alternativa E está correta.
Como determina o artigo 21 da Lei nº 11.101/2005, o administrador
judicial será profissional idôneo, preferencialmente advogado,
economista, administrador de empresas ou contador, ou pessoa
jurídica especializada.
A
Pessoa natural ou jurídica com domicílio ou sede
social no juízo da falência da confiança do juiz, que
deve ser referendada pela assembleia de credores
nos 10 dias seguintes à decretação da falência.
B
Preferencialmente, a pessoa natural que tiver relação
de parentesco ou afinidade até o terceiro grau com o
falido, seus administradores, controladores ou
representantes legais.
C
Preferencialmente, um dos maiores credores do
falido, escolhido pelo juiz a partir da relação de
credores apresentada no processo.
D
Serventuário da justiça, preferencialmente liquidante
ou avaliador judicial, exceto se não houver nenhum
na comarca, quando o juiz nomeará pessoa de sua
confiança.
E
Profissional idôneo, preferencialmente advogado,
economista, administrador de empresas ou contador,
ou pessoa jurídica especializada.
Considerações �nais
Neste conteúdo, você estudou que a falência pode ser compreendida a
partir de conceitos estáticos (referente à qualificação de falido) e
dinâmicos (referente ao processo falimentar). Também conheceu os
princípios e pressupostos da falência. Trata-se de um concurso de
credores para o empresário ou sociedade empresária, mas, mesmo
assim, existem pessoas excluídas. Comentou-se que a falência depende
de uma sentençajudicial e não pode ser decretada de ofício,
necessitando um requerimento do devedor ou de qualquer credor.
O processo de falência tem três fases. Na primeira fase, não há ainda
tecnicamente a falência, pois não há sentença. Nessa fase ocorre a
discussão do pedido de falência e apresentação das provas e defesas do
devedor. Após a sentença, inicia-se o período de informação, no qual tem
atuação fundamental o administrador judicial na arrecadação dos bens,
verificação dos créditos habilitados, análise dos contratos,
documentação, exame de livros, continuação do negócio (se autorizada),
entre outras atribuições. O objetivo dessa fase é apurar o ativo e verificar
o passivo, para a liquidação do patrimônio falimentar. A última fase,
dedicada à liquidação, ocorre logo após o término da arrecadação,
mesmo que ainda não tenha sido publicado o quadro-geral de credores.
Os credores receberão seus créditos do produto apurado nas vendas
judiciais, havendo uma prioridade dos credores extraconcursais sobre os
concursais e neste grupo, observada a ordem do artigo 83 da Lei nº
11.101/2005.
Caso tenha havido pagamento integral aos credores ou parcial, após o
término da liquidação, o falido empresário individual poderá requerer ao
juiz a extinção de suas obrigações por sentença, concomitantemente
com o encerramento da falência, que o reabilitará ao exercício da
empresa. Também poderá o falido ser reabilitado quando a falência tiver
sido encerrada por ter sido frustrada, ou decorrido o prazo de 3 anos
contado da data de sua decretação.
Podcast
Ouça a seguir um resumo sobre os processos e etapas de falência além
de alguns aspectos polêmicos do contexto.
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O devedor que sofre os efeitos da falência precisa ter a caracterização de
empresário ou de sociedade empresária. Por outro lado, algumas
entidades empresariais estão excluídas da aplicação da Lei nº
11.101/2005 em razão da incidência de leis especiais que disciplinam a
liquidação extrajudicial do seu patrimônio.
No site da Presidência da República, você poderá acessar as leis
especiais sobre a liquidação extrajudicial de (i) instituições financeiras e
cooperativas de crédito; (ii) seguradoras; (iii) entidades fechadas de
previdência complementar; (iv) administradoras de grupos de consórcio;
e (v) sociedades de capitalização.
Referências
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12. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2022.
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11.101/2005: comentada artigo por artigo. 13. ed. São Paulo: Revista
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COELHO, F. U. Novo manual de direito comercial. 31. ed. São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2020.
FAZZIO JUNIOR, W. Lei de falência e recuperação de empresas. 8. ed.
São Paulo: Atlas, 2019.
MAMEDE, G. Direito empresarial brasileiro: Falência e Recuperação de
Empresas. 13. ed. São Paulo: Atlas, 2022.
NEGRÃO, R. Curso de Direito Comercial e de Empresa: recuperação de
empresas, falência e procedimentos concursais administrativos. 15. ed.
São Paulo: Saraiva, 2021. v. 3.
SACRAMONE, M. B.Comentários à Lei de Recuperação de Empresas e
Falência. 3.ed. São Paulo: Saraiva, 2022.
SALOMÃO, L. F.; SANTOS, P. P. Recuperação Judicial, Extrajudicial e
Falência - Teoria e Prática. 5. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2020.
TEIXEIRA, T. Direito empresarial sistematizado. 8. ed. São Paulo:
Saraiva, 2019.
TOMAZETTE, M. Curso de direito empresarial: falência e recuperação de
empresas. 10. ed. São Paulo: Saraiva, 2022.
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