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Tema 4- Recuperação de empresas

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Prévia do material em texto

Recuperação de empresas
Prof. Alexandre Assumpção
Descrição
A preservação da empresa por meio da recuperação judicial e
extrajudicial como meios preventivos da falência.
Propósito
O conhecimento dos meios preventivos da falência, como a recuperação
judicial e extrajudicial, é fundamental para o futuro advogado e operador
do direito, tanto pelos aspectos práticos decorrentes dos processos
recuperacionais quanto para o acompanhamento da rica jurisprudência
nestes temas.
Preparação
Antes de iniciar os estudos, tenha em mãos a Lei 11.101/15 e o Código
Civil.
Objetivos
Módulo 1
Recuperação judicial
Identificar as principais características do procedimento da
recuperação judicial e seus efeitos para os credores e para o devedor.
Módulo 2
Recuperação extrajudicial
Reconhecer as condições para a homologação do plano de
recuperação extrajudicial e seus efeitos para os credores e o devedor.
Introdução
Estudaremos o instituto da recuperação da empresa e suas
modalidades (judicial e extrajudicial), que visam prevenir a
decretação da falência. Veremos os requisitos para o pedido, os
meios de recuperação e o papel dos credores na sua aprovação,
bem como as peculiaridades do plano especial para micro e
pequenas empresas.
A recuperação de empresas é um instituto de acesso restrito a
certos empresários. É preciso o requerente comprovar que tem os
requisitos pessoais (subjetivos) e a documentação necessária
para o pedido ser analisado e a recuperação processada
(requisitos objetivos).
Destaca-se que a recuperação de empresas, por beneficiar o
empresário, dando-lhe oportunidade de renegociar suas dívidas e
propor um plano de recuperação a seus credores, não pode ser,
em caso algum, concedida aos empresários sem registro
(empresário irregular) ou sociedade empresária sem registro na

Junta Comercial, ou seja, sem personalidade jurídica e para
entidades não empresariais.
A recuperação de empresas é regulada pela Lei nº 11.101/2005,
que sofreu algumas alterações pontuais desde o início de sua
vigência. A maior e mais importante ocorreu em 2020 com a Lei
nº 14.112, que entrou em vigor em janeiro do ano seguinte.
Embora essa sei não tenha corrigido várias falhas técnicas e
omissões no texto, muitas delas graves, bem como tenha muitas
imperfeições e falta de revisão, houve um relativo avanço para
beneficiar ainda mais o devedor e facilitar a concessão da
recuperação.
Tanto a recuperação judicial quanto a extrajudicial têm por base
um plano apresentado pelo devedor aos credores. Contudo, na
primeira o plano é apresentado no curso do processo judicial e, na
outra modalidade, o plano já se encontra aprovado, mas o
devedor deve requerer a homologação judicial para produzir
efeitos tanto em relação aos dissidentes quanto a terceiros.
1 - Recuperação judicial
Ao �nal deste módulo, você será capaz de identi�car as principais características do
procedimento da recuperação judicial e seus efeitos para os credores e para o devedor.
Principais objetivos da recuperação
judicial
Neste vídeo, vamos explicar qual a finalidade da recuperação judicial,
apresentando seus principais objetivos.
Toda recuperação tem por principal objetivo evitar a decretação da
falência, que pode ser iminente diante da grave situação financeira do
devedor no momento do pedido. Historicamente, desde o Código
Comercial de 1850 até a última lei de falências anterior à Lei nº 11.101,
de 2005 (o Decreto-lei nº 7661, de 1945), o comerciante podia propor a
seus credores um prazo maior para pagar suas dívidas, com ou sem
abatimento, mas sem um plano de recuperação. Tratava-se de uma
simples “moratória” ou “concordata”, que além de ter um limite máximo
para o pagamento (dois ou três anos), só atingia os credores
quirografários, isto é, aqueles sem preferência no recebimento do crédito.
Na Lei nº 11.101, de 2005, o artigo 47, que inaugura as disposições
sobre o instituto, dispõe:
A recuperação judicial tem por
objetivo viabilizar a superação da
situação de crise econômico-
financeira do devedor, a fim de
permitir a manutenção da fonte
produtora, do emprego dos
trabalhadores e dos interesses dos
credores, promovendo, assim, a
preservação da empresa, sua
função social e o estímulo à
atividade econômica.
(Lei nº 11.101/2005 - artigo 47)
Percebe-se que o artigo 47 traz seis objetivos a serem observados na
condução de todo o processo de recuperação judicial, de forma que
possam os órgãos da recuperação e os credores apoiarem a empresa
com reais chances de recuperação, harmonizando e tutelando os
interesses da coletividade, sem perder de vista que a livre iniciativa é um
valor social e, por isso, o devedor não poderá exercer sua empresa de
modo nocivo à sociedade.
Para isso, é muito importante que o devedor apresente os documentos
exigidos pela lei e faculte aos credores uma ampla fiscalização de sua
atividade, independentemente das atribuições do administrador judicial.
Vamos entender melhor agora os objetivos mencionados no artigo 47.
São eles:

Superação da situação de crise econômico-
�nanceira

Manutenção da fonte produtora

Emprego dos trabalhadores

Interesses dos credores

Preservação da empresa

Estímulo à atividade econômica
O momento em que o devedor requer sua recuperação judicial é de crise,
e sua falência é iminente se ele não obtiver o benefício legal. O primeiro
objetivo destacado no texto (a superação da situação de crise) revela
que é necessária a medida para a reorganização do empresário. É
preciso comprovar por documentos contábeis a deterioração da situação
patrimonial do devedor a curto ou a médio prazo na petição de
recuperação.
Embora o artigo 47 não mencione o termo “falência”,
deduz-se que a situação de crise do devedor pode levá-
lo a ela, pois, se o plano for rejeitado pelos credores e
não houver apresentação de plano alternativo, a
falência terá que ser decretada (confira o artigo 56, §
8º, e o art. 73, III, da Lei nº 11.101, de 2005).
O segundo objetivo diz respeito à manutenção da fonte produtora, que é
a empresa em si. Também há uma relação indireta com a falência, pois
nesse instituto o estabelecimento é lacrado e o devedor sofre liquidação
do seu patrimônio. Com a recuperação se evita esta liquidação,
mantendo-se a atividade. O terceiro objetivo é decorrente do segundo,
pois, se a empresa é a organização dos fatores de produção pelo
empresário (e, dentre eles, estão compreendidos capital e mão de obra), é
natural que sua continuidade também mantenha os empregos, porém
sem nenhuma garantia ou punição para o empresário que demitir.
Atenção!
É importantíssima esta ressalva porque a leitura do texto do artigo 47
pode dar a impressão de que a recuperação asseguraria uma
estabilidade no emprego, quando, ao contrário, os empregados podem
ser atingidos com a medida, tanto com redução de salário ou jornada,
quanto com demissão.
Por fim, os três últimos objetivos completam o cenário vislumbrado pelo
legislador. O interesse dos credores está expresso no poder que eles têm
de aprovar ou não o plano ou propor modificações, inclusive com um
plano alternativo. A recuperação, embora seja concedida pelo juiz,
sempre depende da manifestação dos credores favorável ao plano, seja
tácita ou expressa.
Em caso de negativa quanto à aprovação, a falência será decretada e,
também, se durante o período de supervisão judicial (confira o artigo 61,
§ 1º, da Lei nº 11.101, de 2005) houver deliberação dos credores nesse
sentido.
A preservação da empresa se relaciona com:
A preservação da empresa se relaciona com: (i) a
manutenção da fonte produtora e seus efeitos
positivos e imediatos na (ii) promoção da função social
(mantendo empregos, contratos, tributos, fornecimento
de produtos e/ou serviços etc.) e, por dedução lógica,
(iii) o estímulo à atividade econômica.
Percebe-se, assim, que falência e recuperação possuem objetivos bem
distintos e antagônicos, de modo que o falido não pode requerer sua
recuperação, já que o legisladorconsidera a falência a situação em que
a empresa é irrecuperável.
Por esta razão, os esforços devem ser canalizados para a empresa viável
e, sendo inviável, a falência é a única medida a ser aplicada em benefício
dos credores e da sociedade. O aprofundamento da crise durante a
recuperação é um sinal de que o instituto perdeu sua finalidade, cabendo
ao devedor a iniciativa de confessar sua falência para não impor a seus
credores um prejuízo ainda maior.
Condições para o pedido de
recuperação judicial
Neste vídeo, vamos apresentar as condições subjetivas e objetivas
necessárias para o pedido de recuperação judicial.
Condições subjetivas
São condições subjetivas para o pedido:
1. Ser o devedor qualificado como empresário ou sociedade
empresária.
2. Exercer regularmente sua atividade há mais de 2 (dois) anos na
data do pedido.
3. Não ser falido e, se o foi, estejam declaradas extintas, por sentença
transitada em julgado, as responsabilidades daí decorrentes.
4. Não ter, há menos de 5 (cinco) anos, obtido concessão de
recuperação judicial.
5. Não ter sido o empresário individual condenado, ou não ter, em caso
de sociedade empresária como administrador ou sócio controlador,
pessoa condenada por qualquer dos crimes previstos nos artigos
168 a 178 da Lei nº 11.101, de 2005.
Veremos agora os detalhes de cada uma dessas condições.
Primeira condição
Somente poderá requerer recuperação judicial o devedor que for
empresário (pessoa física) ou sociedade empresária (pessoa jurídica),
em razão do termo “devedor” na Lei nº 11.101, de 2005, ter um alcance
restrito (art. 1º da Lei nº 11.101, de 2005). O direito empresarial ainda
não admite que todo devedor ou, pelo menos, aquele que exerça uma
atividade econômica, possa falir ou pleitear sua recuperação.
Excepcionalmente, a recuperação judicial também poderá ser requerida
pelo cônjuge sobrevivente, herdeiros do devedor, inventariante ou sócio
remanescente, em virtude do artigo 48, § 1º. O cônjuge sobrevivente,
herdeiros do devedor ou inventariante são legitimados,
concorrentemente, a requerer a recuperação do espólio do ex-empresário.
Como o empresário falecido deixou dívidas e há necessidade de
recuperar sua empresa, a lei permite que os interessados citados possam
pedir o benefício em seu lugar. A legitimidade do sócio remanescente se
refere à sociedade anônima temporariamente unipessoal (confira o art.
206, I, d, da Lei nº 6.404/76), podendo o único acionista requerer a
recuperação da pessoa jurídica.
Comentário
Cabe observar que existem empresários excluídos do benefício da
recuperação (tanto judicial quanto extrajudicial), listados no art. 2º da
Lei nº 11.101/2005, e a legitimidade para a recuperação judicial da
cooperativa médica operadora de plano de assistência à saúde conferida
pela Lei nº 14.112/2020 (cf. art. 6º, § 13, da Lei nº 11.101/2005).
Segunda condição
Este requisito se desdobra em duas partes:
Parte 1
A primeira parte é a regularidade da empresa exercida pelo
empresário. O empresário, exceto o rural, está obrigado à inscrição
na Junta Comercial, e a sociedade empresária se submete ao
registro. Portanto, nenhum empresário ou sociedade empresária
irregular poderá pleitear sua recuperação, mas poderá falir.
Parte 2
A segunda parte se refere ao tempo mínimo de exercício regular
da empresa – mais de dois anos –, verificado pela data de
inscrição do empresário e pela data do pedido de recuperação
mediante certidão do Registro de Empresas. Fica claro que se
trata de um requisito suplementar, não sendo suficiente que o
empresário esteja registrado. Com isso, a lei evita
comportamentos oportunistas daqueles que se registrariam
apenas no momento de requerer recuperação.
Para a sociedade empresária rural que optou por se inscrever na Junta
Comercial e, com isso, ficou equiparada às sociedades empresárias (art.
984 do Código Civil), admite-se a comprovação do prazo de dois anos
por meio da Escrituração Contábil Fiscal (ECF), ou por meio de obrigação
legal de registros contábeis que venha a substituir a ECF, entregue
tempestivamente (confira o art. 48, § 2º, da Lei nº 11.101/05).
Para o empresário rural pessoa física, também registrado na Junta
Comercial, a comprovação do prazo de dois anos é feita mediante
cálculo do período de exercício de atividade rural com base no Livro
Caixa Digital do Produtor Rural (LCDPR), ou por meio de obrigação legal
de registros contábeis que venha a substituir o LCDPR, e pela Declaração
do Imposto sobre a Renda da Pessoa Física (DIRPF) e balanço
patrimonial, todos entregues tempestivamente (confira o art. 48, § 3º, da
Lei nº 11.101/05).
Terceira condição
Frisou-se que recuperação e falência são institutos antagônicos, e o
objetivo do legislador é proteger a empresa antes da falência. Por
dedução, o falido (a partir da sentença de falência) não pode requerer o
favor legal. Entretanto, aquele que já foi falido (empresário individual)
poderá requerer sua recuperação desde que tenha obtido declaração
judicial de extinção das suas obrigações e dessa decisão não caiba mais
recurso.
Essa extinção das obrigações reabilita o empresário. Por conseguinte,
poderá retomar sua empresa e usar das prerrogativas que a lei confere
aos empresários regulares, dentre elas o pedido de recuperação (cf. art.
158 da Lei nº 11.101/2005). Também é possível o pedido de
recuperação no prazo para o oferecimento da contestação ao pedido de
falência (art. 95), que impede sua decretação (art. 96, VII).
Quarta condição
Para evitar pedidos sucessivos de recuperação em prazos curtos, a lei
estabelece um prazo mínimo entre uma recuperação e a seguinte – cinco
anos. Nota-se que o prazo não é contado da data do pedido, e sim da
concessão da recuperação. Se a recuperação não for concedida porque
o devedor desistiu do benefício (confira o artigo 52, § 4º, da Lei nº
11.101, de 2005), o prazo não será considerado para um novo pedido,
pois não houve concessão. O prazo se aplica tanto para a recuperação
pelo plano comum quanto pelo plano especial, apresentado por
microempresário ou de pequeno porte (art. 48, II e III).
Quinta condição
Os benefícios da recuperação para o devedor somente são aplicáveis
àqueles que não tiverem sido condenados por crimes relacionados ao
próprio instituto ou à falência, conhecidos pela expressão genérica
“crimes falimentares”. A condenação estabelece uma presunção de
inidoneidade e impede o acesso à recuperação.
Os requisitos subjetivos também devem ser observados para o pedido de
homologação de plano de recuperação extrajudicial (confira o artigo 161
da Lei nº 11.101, de 2005 e o módulo 2).
Condições objetivas
O requerente da recuperação, pessoa física ou jurídica, deve instruir seu
pedido com os documentos relacionados no artigo 51 da Lei nº 11.101,
de 2005. São eles:
1. A exposição das causas concretas da situação patrimonial do
devedor e das razões da crise econômico-financeira.
2. As demonstrações contábeis relativas aos três últimos exercícios
sociais e as levantadas especialmente para instruir o pedido,
confeccionadas com estrita observância da legislação societária
aplicável e compostas obrigatoriamente de: i) balanço patrimonial;
ii) demonstração de resultados acumulados; iii) demonstração do
resultado desde o último exercício social; iv) relatório gerencial de
fluxo de caixa e de sua projeção; (v) descrição das sociedades de
grupo societário, de fato ou de direito, se houver.
3. A relação nominal completa dos credores, sujeitos ou não à
recuperação judicial, inclusive aqueles por obrigação de fazer ou de
dar, com a indicação do endereço físico e eletrônico de cada um, a
natureza e o valor atualizado do crédito, com a discriminação de
sua origem, e o regime dos vencimentos.
4. A relação integral dos empregados, em que constem as respectivas
funções, salários, indenizações e outras parcelas a que têm direito,
com o correspondente mês de competência, e a discriminação dos
valores pendentes depagamento.
5. A certidão de regularidade do devedor no Registro Público de
Empresas e, para as sociedades empresárias, o ato constitutivo
atualizado e as atas de nomeação dos atuais administradores.
6. Tratando-se de devedor sociedade empresária, a relação dos bens
particulares dos sócios controladores e dos administradores.
7. Os extratos atualizados das contas bancárias do devedor e de suas
eventuais aplicações financeiras de qualquer modalidade, inclusive
em fundos de investimento ou em bolsas de valores, emitidos pelas
respectivas instituições financeiras.
8. As certidões dos cartórios de protestos situados na comarca do
domicílio ou sede do devedor, e naquelas onde possui filial.
9. A relação, subscrita pelo devedor, de todas as ações judiciais e
procedimentos arbitrais em que este figure como parte, inclusive as
de natureza trabalhista, com a estimativa dos respectivos valores
demandados.
10. O relatório detalhado do passivo fiscal.
11. A relação de bens e direitos integrantes do ativo não circulante,
incluídos aqueles não sujeitos à recuperação judicial,
acompanhada dos negócios jurídicos celebrados com os credores
excluídos da recuperação judicial mencionados no § 3º do art. 49.
Nota-se o detalhamento legal em relação aos documentos, pois o
objetivo do cumprimento desses requisitos é a ampla informação dos
credores quanto à situação do requerente, não só no aspecto contábil,
bem como financeiro e trabalhista. O juiz deverá examinar a regularidade
dos documentos antes de determinar que a recuperação seja
processada.
É facultado ao juiz, pelo art. 51-A, quando reputar necessário, nomear
profissional de sua confiança, com capacidade técnica e idoneidade,
para promover a constatação exclusivamente das reais condições de
funcionamento da requerente e da regularidade e completude da
documentação apresentada com a petição inicial.
Observa-se que o plano de recuperação judicial não precisa ser
apresentado de imediato com o requerimento. O objetivo é dar
oportunidade de os credores serem informados da recuperação e
iniciarem uma negociação com o devedor para facilitar a aprovação do
plano no momento oportuno.
Restrições ao devedor e credores na
recuperação judicial
Restrições ao devedor em
recuperação judicial
Embora a recuperação judicial tenha efeitos bem diversos da falência,
pois permite a manutenção da empresa, da fonte produtora, de
empregos, entre outros objetivos, o devedor sofrerá algumas restrições
em relação à disponibilidade de seus bens e à livre administração de sua
empresa. Contudo, tais restrições não acompanham todo o tempo de
cumprimento do plano, findando com o encerramento do processo
judicial.
A primeira restrição diz respeito à livre administração de seu negócio. O
empresário e a sociedade empresária têm plena liberdade para o
exercício de sua empresa, determinando as ações e o planejamento,
escolhendo fornecedores, contratando e demitindo empregados etc. Tal
prerrogativa decorre da Constituição brasileira de 1988, em seu artigo
170, parágrafo único.
Embora o devedor em recuperação não precise de autorização para se
manter em atividade, deve aceitar a fiscalização de suas atividades pelo
administrador judicial e pelos membros do Comitê de Credores, se
houver. Também é obrigatória a prestação de quaisquer informações
solicitadas pelo administrador judicial (cf. arts. 22, II, a, 27, II, a, e 52,
caput, IV).
A partir do processamento da recuperação judicial, o uso do nome
empresarial será alterado, uma vez que o artigo 69 impõe que, em todos
os atos, contratos e documentos firmados pelo devedor deverá ser
acrescida, após o nome empresarial, a expressão "em Recuperação
Judicial".
Ademais, para aumentar a publicidade de sua situação, o juiz
determinará ao Registro Público de Empresas a anotação da
recuperação judicial no registro correspondente. Trata-se de mais uma
restrição ao devedor, que não poderá deixar de incluir sua condição de
“em recuperação judicial” em todos os documentos que assinar.
Ainda no tocante à administração de sua empresa, o
art. 64 prevê a possibilidade de afastamento do
empresário ou dos administradores da sociedade
empresária durante o procedimento de recuperação
judicial.
Trata-se de medida excepcional, haja vista que o devedor ou seus
administradores serão mantidos na condução da atividade empresarial,
sob fiscalização do Comitê, se houver, e do administrador judicial, como
já exposto. São situações graves, muitas delas relativas à prática de
crimes ou atos ilícitos, bem como descumprimento de deveres legais.
Verificada qualquer das hipóteses que autorizam o afastamento, o juiz
deverá (i) destituir o administrador, que será substituído pela pessoa
natural eleita pelos sócios na forma prevista no contrato ou estatuto, ou
ainda eleita pelos credores se tal faculdade estiver prevista no plano de
recuperação judicial (cf. o art. 50, inciso V); ou (ii) afastar o empresário
individual.
Em caso de afastamento do empresário individual, não caberá ao juiz
designar seu substituto, devendo agir na forma do art. 65, ou seja,
convocar a assembleia de credores para deliberar sobre o nome do
gestor judicial que assumirá a administração. Até que o gestor assuma a
empresa, o administrador judicial exercerá temporariamente as funções
de gestor.
A restrição imposta ao devedor em relação à disponibilidade de seus
bens consiste na proibição, desde a data do ingresso do pedido em juízo,
de alienar ou onerar bens ou direitos de seu ativo não circulante, salvo
autorização do juiz, depois de ouvido o Comitê, se houver, com exceção
daqueles previamente relacionados no plano de recuperação (art. 66).
A Lei nº 14.112/20 criou mais uma restrição, porém apenas imposta às
sociedades em recuperação judicial. De acordo com o art. 6º-A da Lei nº
11.101/05, é vedado ao devedor, até a aprovação do plano de
recuperação judicial, distribuir lucros ou dividendos a sócios e
acionistas.
Credores e excluídos – recuperação
judicial
Neste vídeo, você verá quais são as principais características dos
credores sujeitos e dos excluídos do plano de recuperação judicial.
Por mais que o instituto da recuperação de empresas se destine ao
favorecimento do devedor, nem todos os seus credores são atingidos
pelos meios de recuperação previstos no art. 50 (confira a relação
exemplificativa dos meios de recuperação) e outros que podem ser
incluídos no plano. Apenas estão sujeitos à recuperação judicial os
créditos existentes na data do pedido, ainda que não vencidos.
Como o devedor permanece exercendo sua empresa durante a
recuperação, é natural que sejam constituídos créditos após o pedido.
Com isso, verifica-se um dos três grupos de credores excluídos dos
efeitos da recuperação (1º grupo) – credores após o pedido de
recuperação.
Para este 1º grupo, a lei oferece um grande incentivo no intuito de
manter o crédito para a atividade. Os créditos decorrentes de obrigações
contraídas pelo devedor durante a recuperação judicial, inclusive aqueles
relativos a despesas com fornecedores de bens ou serviços e contratos
de mútuo, serão considerados extraconcursais em caso de decretação de
falência (cf. arts. 67 e 84, I-E).
Além dos credores posteriores à data do pedido, mais dois grupos de
credores não se submetem aos efeitos da recuperação judicial: (i) os
excluídos por lei e (ii) os excluídos por vontade do devedor,
respectivamente, 2º e 3º grupos.
Os credores do 2º grupo, por serem excluídos da recuperação, não terão
seu crédito incluído no plano, e prevalecerão os direitos de propriedade
sobre a coisa e as condições contratuais.
A única solução que o devedor pode utilizar para alterar as condições de
pagamento perante este credor é tentar um acordo individual, fora do
processo de recuperação. Tais “acordos privados” são admitidos e
previstos no artigo 167 da Lei nº 11.101, de 2005, e podem ser utilizados,
tenha ou não o devedor requerido recuperação.
A relação dos credores “extra-recuperação”encontra-se dispersa por
vários dispositivos da Lei nº 11.101/2005. Conforme o art. 6º, § 7º-B, art.
6º, § 13, art. 49, §§ 3º, 4º, 7º e 9º e art. 199, § 1º, excluem-se da
recuperação judicial:
Créditos tributários e previdenciários.
Contratos e obrigações decorrentes dos atos cooperativos
praticados pelas sociedades cooperativas com seus cooperados.
Créditos garantidos por alienação ou cessão fiduciárias bem
constituídas e suficientes para fazer frente ao débito.
Créditos decorrentes de arrendamento mercantil.
Créditos dos proprietários ou promitente vendedores de imóvel em
contrato irrevogável.
Créditos do proprietário em contrato de compra e venda com reserva
de domínio.
Créditos decorrentes de adiantamento a contratos de câmbio para
exportação.
Recursos controlados e abrangidos pelo crédito rural de que trata a
Lei nº 4.829/65, exceto aqueles que não tenham sido objeto de
renegociação entre o devedor e a instituição financeira antes do
pedido de recuperação judicial, na forma de ato do Poder Executivo.
Créditos relativos à dívida constituída nos três últimos anos
anteriores ao pedido de recuperação judicial, e que tenha sido
contraída com a finalidade de aquisição de propriedades rurais, bem
como as respectivas garantias.
Créditos decorrentes de contratos de locação, arrendamento
mercantil ou de qualquer outra modalidade de arrendamento de
aeronaves ou de suas partes.
Chama-se atenção para o tratamento especial dado ao crédito tributário,
que também não se sujeita aos efeitos da recuperação judicial,
independentemente da época de sua constituição. Isso porque, de
acordo com o artigo 187 do Código Tributário Nacional, a cobrança
judicial do crédito tributário não é sujeita à habilitação em recuperação
judicial. Dessa forma, a cobrança do crédito tributário é feita por meio de
ação própria, que prossegue durante a recuperação e não tem sua
propositura suspensa (cf. art. 6º, § 7º-B).
Já os credores do 3º grupo ficam à mercê da ação do devedor de alterar
ou não seus créditos no plano de recuperação. São créditos anteriores à
data do pedido, sendo que o devedor preferiu não alterar as regras de
pagamento. Como tais condições foram mantidas, observarão as
condições originalmente contratadas ou definidas em lei, inclusive no
que diz respeito aos encargos (art. 49, § 2º).
Em contrapartida, o credor não terá direito a voto e não será considerado
para fins de verificação de quórum de deliberação, eis que o plano de
recuperação judicial não alterou o valor ou as condições originais de
pagamento de seu crédito (art. 45, § 3º).
Vale ressaltar que, se o devedor tem garantidores de
sua obrigação perante o credor, como fiadores ou
avalistas, a recuperação judicial não atinge estas
pessoas, de modo que estarão obrigadas a satisfazer o
débito na forma original, ainda que o plano seja
aprovado e a recuperação concedida.
Em outras palavras: a recuperação judicial não aproveita os devedores
solidários com o devedor em recuperação (cf. art. 49, § 1º e Súmula 581
do STJ – "a recuperação judicial do devedor principal não impede o
prosseguimento das ações e execuções ajuizadas contra terceiros
devedores solidários ou coobrigados em geral, por garantia cambial, real
ou fidejussória").
As fases do processo e os órgãos da
recuperação judicial
As fases do processo de recuperação
O processo de recuperação deve ser proposto no lugar do principal
estabelecimento do devedor, local onde deve ser requerida a falência e a
homologação do plano de recuperação extrajudicial, conforme o artigo
3º da Lei nº 11.101/2005. O principal estabelecimento, em geral, é o
lugar da sede, seja porque o devedor não tem filial seja porque a sede é,
de fato, o lugar central das atividades. Caso, pontualmente, a sede não
seja o lugar central da atividade do devedor, a recuperação será
requerida neste lugar denominado “principal estabelecimento”.
Para fins didáticos, três fases são identificadas no processo
recuperacional:
 Primeira fase
Se inicia na data do pedido, marco para a sujeição
dos créditos à recuperação (art. 49, caput), e termina
quando o juiz aceita o pedido do devedor (defere
seu processamento) pela conformidade da
documentação (art. 52, caput).
 Segunda fase
Se inicia com a publicação do processamento na
imprensa oficial em edital eletrônico (art. 52, § 1º), e
termina com a concessão da recuperação (art. 59).
 Terceira fase
S i i i já ã did ó
A maior parte dos atos importantes na recuperação ocorre na segunda
fase. São eles:
Apresentação do plano, que deve ser feita, impreterivelmente, até o
60º dia após a publicação do processamento, por força do artigo 53,
sob pena de decretação de falência sem a audiência dos credores. O
devedor não deve entregar apenas o plano com suas cláusulas e
exposição de motivos. O documento deve estar acompanhado da
discriminação pormenorizada dos meios de recuperação a ser
empregados e seu resumo; demonstração de sua viabilidade
econômica; e laudo econômico-financeiro e de avaliação dos bens e
ativos do devedor, subscrito por profissional legalmente habilitado
ou “empresa” especializada.
Habilitação dos credores e verificação dos créditos pelo
administrador judicial para que se elabore e publique a relação geral
de credores (cf. arts. 7º a 20).
Aviso aos credores da apresentação do plano para eventual objeção
à sua aprovação no prazo de 30 dias (art. 55).
Convocação pelo juiz da assembleia de credores, se houver objeção
de qualquer credor à aprovação do plano (art. 56).
Realização da assembleia de credores onde o plano será discutido e
votado por classes, inclusive com apreciação das objeções
levantadas (art. 35, I, a).
Apresentação pelo devedor das certidões negativas de débitos
tributários (CND), nos termos do Código Tributário Nacional,
facultando-se ao devedor o parcelamento destes créditos ou a
celebração de transação fiscal, para suspender a exigibilidade do
crédito tributário e receber a CND (cf. arts. 57 e 68 da Lei nº
11.101/2005, arts. 151, 155-A, §§ 3º e 4º, 191-A, 205, 206 do CTN e
arts. 10-A, 10-B e 10-C, da Lei nº 10.522/2002).
Concessão da recuperação judicial por sentença do juiz, se o plano
tiver sido aprovado pela assembleia ou se não sofreu objeção de
qualquer credor (cf. o art. 58 da Lei nº 11.101/2005).
Se inicia, já com a recuperação concedida, após a
concessão da recuperação e termina com o
encerramento do processo por sentença judicial (art.
63).
A assembleia de credores tem sua competência fixada pelo art. 35,
destacando-se a aprovação, rejeição ou modificação do plano de
recuperação judicial apresentado pelo devedor. O quórum de instalação é
sempre atingido, em 1ª convocação, com a presença de credores
titulares de mais da metade dos créditos de cada classe, computados
pelo valor, e, em 2ª convocação, com qualquer número de presentes (art.
37, § 2º).
Já o quórum de deliberação varia conforme a matéria a ser votada. Em
geral, tal quórum é de mais da metade do valor total dos créditos
presentes à assembleia-geral (art. 42), exceto nas deliberações sobre o
plano de recuperação judicial e na eleição dos membros do Comitê de
Credores. O Comitê de Credores será constituído por deliberação de
qualquer das classes de credores na assembleia-geral pelo quórum de
maioria dos créditos da classe que eleger seu representante (art. 26).
Nas deliberações sobre o plano de recuperação judicial, devem ser
observadas as regras do art. 45, e todas as classes de credores referidas
no art. 41 deverão aprovar a proposta por maioria. O art. 41 divide os
credores sujeitos à recuperação em quatro classes:
I
Titulares de créditos derivados da legislação do trabalho ou decorrentes
de acidentes de trabalho.
II
Titulares de créditos com garantia real.
III
Titulares de créditos quirografários, com privilégio especial, com
privilégio geral ou subordinados.
IV
Titulares de créditos enquadrados como microempresa ou empresa de
pequeno porte.
A composição da classe III estádesatualizada, pois a Lei nº
14.112/2020 aboliu as classes de credores com privilégio especial e
geral, com a revogação dos incisos IV e V do art. 83, determinando que
tais classes passem a integrar os créditos quirografários (art. 83, § 6º).
Entretanto, não houve atualização na redação dos arts. 41 e 163, que
ainda se referem a elas. Atualmente, a classe III é composta pelos
titulares de créditos quirografários ou subordinados.
A votação, como informado, é por classe e simultânea. Cada classe
presente vota pela aprovação ou rejeição do plano, mas a forma de
cômputo dos votos para efeito de verificação do quórum de deliberação
é diferente. Nas classes II e III do art. 41, a proposta deverá ser aprovada
por credores que representem mais da metade do valor total dos créditos
presentes à assembleia e, cumulativamente, pela maioria simples dos
credores presentes. Nas classes I e IV, a proposta deverá ser aprovada
pela maioria simples dos credores presentes, independentemente do
valor de seu crédito.
Atenção!
Apesar de o art. 45 exigir a aprovação do plano em todas as classes de
credores presentes, o art. 58, §§ 1º e 2º, permite ao juiz conceder
recuperação judicial se o plano não for aprovado por uma ou duas das
classes de credores, sendo duas ou três as classes votantes, no 1º caso,
ou quatro classes, no 2º caso.
Ademais, é preciso que, na mesma assembleia, o plano tenha obtido, de
forma cumulativa:
(i)
O voto favorável de
credores que
representem mais da
metade do valor de
todos os créditos
presentes,
independentemente de
classes.
(ii)
O voto favorável, na
classe que o houver
rejeitado, de mais de
1/3 (um terço) dos
credores, sempre
computados na forma
do art. 45, e que o plano
não implique
tratamento diferenciado
entre os credores da
classe que o houver
rejeitado.
A Lei nº 14.112/2020 permitiu a dispensa de assembleia de credores
para deliberar sobre o plano se, até cinco dias antes da data de
realização, o devedor comprovar a aprovação dos credores por meio de
termo de adesão, observado o quórum previsto para aprovação do plano
por todas as classes representadas no quadro geral, e requerer sua
homologação judicial (cf. o art. 56-A).

Outra inovação consiste na possibilidade de se evitar a decretação da
falência se o plano de recuperação não obtiver as condições mínimas
para sua aprovação. Caberá ao administrador judicial submeter à
votação, na mesma assembleia, da concessão de prazo de 30 dias para
que seja apresentado plano de recuperação judicial pelos credores.
A concessão desse prazo deverá ser aprovada por credores que
representem mais da metade dos créditos presentes à assembleia.
Rejeitado o plano de recuperação proposto pelos credores, o juiz
convolará a recuperação judicial em falência (art. 56, §§ 4º e 8º).
Após a aprovação do plano e concessão da recuperação judicial, o
processo prossegue e entra na sua terceira e última fase.
A concessão da recuperação judicial operará a novação
dos créditos anteriores ao pedido, obrigando o devedor
e todos os credores a ele sujeitos, ainda que
dissidentes, sem prejuízo das garantias (art. 59).
Se a recuperação for convolada em falência antes do seu encerramento,
a novação perderá seu efeito e os credores terão reconstituídos seus
direitos e garantias nas condições originalmente contratadas, deduzidos
os valores eventualmente pagos e ressalvados os atos validamente
praticados no âmbito da recuperação judicial (art. 61, § 2º).
O devedor permanecerá em recuperação judicial até que se cumpram
todas as obrigações previstas no plano que vencerem, no máximo, em
dois anos depois da concessão, independentemente do eventual período
de carência previsto no plano (confira o art. 61).
Durante este período, o devedor poderá ou não iniciar o cumprimento ao
plano, dependendo de seus termos e prazos, porém persiste a
fiscalização do administrador judicial e do Comitê de Credores. O plano
de recuperação poderá sofrer modificações até o encerramento da
recuperação, aplicando-se a mesma sistemática de votação e quóruns
aplicáveis para sua aprovação, mas o juiz não poderá “aprovar” uma
alteração pelas condições do art. 58, §§ 1º e 2º.
Atenção!
Durante o período de dois anos, o descumprimento de qualquer
obrigação prevista no plano acarretará a convolação da recuperação em
falência (cf. núcleo temático 5), ou seja, a recuperação cessará e o
devedor terá sua falência decretada com a liquidação de sua empresa.
Com isso, as cláusulas e os compromissos previstos no plano ficam
rescindidos, e os credores terão reconstituídos seus direitos e garantias
nas condições originalmente contratadas, deduzidos os valores
eventualmente pagos e ressalvados os atos validamente praticados no
âmbito da recuperação judicial (art. 61, § 2º).
Ainda que o plano não tenha sido cumprido no prazo de dois anos, e que
não tenha sido consolidado o quadro-geral de credores, o juiz deve
encerrar o processo por sentença, na qual determinará (art. 63):
 (i)
O pagamento do saldo de honorários ao
administrador judicial, após a prestação de contas e
apresentação de relatório, no prazo máximo de 15
dias, sobre a execução do plano de recuperação
pelo devedor.
 (ii)
A apuração do saldo das custas judiciais a serem
recolhidas.
 (iii)
A dissolução do Comitê de Credores e a exoneração
do administrador judicial.
Após a sentença de encerramento, cessa a fiscalização do administrador
judicial e do Comitê de Credores, se houver, sobre o devedor e sua
empresa. Sem embargo, no caso de ainda restarem obrigações
pendentes previstas no plano de recuperação judicial, seu
descumprimento autoriza qualquer credor a requerer sua execução
específica ou a decretação da falência (art. 62).
Fases procedimentais do processo de
recuperação
Neste vídeo, vamos apresentar as principais fases do processo e os
órgãos de recuperação judicial.
Os órgãos da recuperação judicial
São denominados “órgãos” da recuperação judicial as pessoas ou
colegiado de pessoas que desempenham papel de destaque do ponto de
vista da lei para a administração do processo. São elas: o juiz, o
representante do Ministério Público, o administrador judicial, o gestor
judicial, a assembleia e o comitê de credores.
 (iv)
A comunicação ao Registro Público de Empresas e
à Secretaria Especial da Receita Federal do Brasil do
Ministério da Economia para as providências
cabíveis.

Juiz da recuperação
O juiz da recuperação é um juiz de direito integrante da justiça estadual
que exerce a jurisdição no lugar (juízo) da recuperação. Cabe ao juiz a
superintendência do processo e as decisões das questões incidentais,
como julgar as habilitações de crédito e as impugnações.
É o juiz quem nomeia e destitui o administrador judicial, que atua sob
sua supervisão. Não cabe ao juiz aprovar ou rejeitar o plano de
recuperação; eventual concessão ou não da medida está vinculada à
prévia manifestação dos credores e ao atingimento das condições para
tal (cf. arts. 45 e 58).
Representante do Ministério Público
O representante do Ministério Público é um promotor de justiça
designado para atuar nos processos de falência e recuperação. Ele não é
parte no processo nem decide nenhuma questão principal ou incidental.
Todavia, sua participação é obrigatória na condição de fiscal da lei e de
sua aplicação. Tanto que o juiz, ao determinar o processamento da
recuperação, deve ordenar a intimação do representante do Ministério
Público (art. 52, V).
O representante do Ministério Público tem algumas prerrogativas na
recuperação, tais como impugnar créditos, propor ação revisional de
crédito admitido, promover a ação penal por crime previsto na Lei nº
11.101/2005, arguir a substituição do administrador judicial, recorrer da
concessão da recuperação, entre outras (cf. arts. 8º, 19, 22, §4º, 30, § 2º,
45-A, § 4º, 51, § 6º, 58, § 3º e 59, §2º).
Administrador judicial
O administrador judicial é nomeado pelo juiz ao determinar o
processamentoda recuperação (art. 52, I). É um profissional idôneo,
preferencialmente advogado, economista, administrador de empresas ou
contador, ou pessoa jurídica especializada (cf. art. 21). Tem direito a
uma remuneração pelo seu trabalho, cujo pagamento é obrigação do
devedor em recuperação. A remuneração do administrador judicial será
de, no máximo, 5% (cinco por cento) do valor devido aos credores
submetidos à recuperação judicial (art. 24).
Não pode ser nomeado administrador judicial nem para integrar o
Comitê de Credores quem, nos últimos 5 (cinco) anos, no exercício do
cargo de administrador judicial ou de membro do Comitê em falência ou
recuperação judicial anterior, foi destituído, deixou de prestar contas
dentro dos prazos legais ou teve a prestação de contas desaprovada.
Também está impedido de integrar o Comitê ou exercer a função de
administrador judicial quem tiver relação de parentesco ou afinidade até
o 3º grau com o devedor, seus administradores, controladores ou
representantes legais, ou deles for amigo, inimigo ou dependente (cf. art.
30).
Na recuperação judicial, a principal função do administrador é fiscalizar
as atividades do devedor e o cumprimento do plano de recuperação
judicial. Todavia, existem outras prerrogativas, como exigir dos credores,
do devedor ou seus administradores quaisquer informações, bem como
requerer a falência no caso de descumprimento de obrigação assumida
no plano de recuperação.
As atribuições do administrador judicial na recuperação judicial estão
arroladas no art. 22, incisos I e II. Com o encerramento do processo,
cessa sua atuação, sendo exonerado na sentença de encerramento (art.
63, IV).
Gestor judicial
O gestor judicial é uma figura subsidiária na recuperação, isto é, somente
será necessária sua participação nos casos de afastamento do
empresário individual de sua empresa (art. 65). O gestor é nomeado pelo
juiz, após escolha pela assembleia de credores, para assumir a
administração das atividades do devedor. Sua atuação é fiscalizada pelo
juiz e, se houver, pelo Comitê de Credores.
Assembleia de credores
A assembleia de credores é formada pelos credores do devedor, sujeitos
ou não aos efeitos da recuperação. Entretanto, somente podem votar nas
deliberações os credores incluídos no plano e que tiverem alterados as
condições originais e prazos de pagamento de seus créditos.
Ressalta-se que o art. 41 arrola pessoas que poderão participar da
assembleia, sem direito a voto, e não serão consideradas para fins de
verificação do quórum de instalação e de deliberação, como, por
exemplo, os sócios do devedor, seu cônjuge ou parente, consanguíneo ou
afim, colateral até o 2º grau, ascendente ou descendente.
A assembleia de credores terá por atribuições deliberar sobre qualquer
matéria que possa afetar os interesses dos credores, em especial:
Aprovação, rejeição ou modificação do plano de recuperação
judicial apresentado pelo devedor.
Constituição do Comitê de Credores, escolha de seus membros e
sua substituição.
Pedido de desistência da recuperação, se feito após o
processamento da recuperação.
Nome do gestor judicial, quando do afastamento do empresário
individual de suas atividades (art. 35).
A assembleia de credores será convocada de ofício pelo juiz, mas poderá
ser convocada a pedido de credores que representem, no mínimo, 25%
(vinte e cinco por cento) do valor total dos créditos de uma determinada
classe (art. 36, § 2º).
Comitê de Credores
O Comitê de Credores é um órgão facultativo no processo de
recuperação e será constituído por deliberação de qualquer das classes
de credores na assembleia, com a seguinte composição:
 Um representante indicado pela classe de credores
trabalhistas.
 Um representante indicado pela classe de credores
com direitos reais de garantia.
 Um representante indicado pela classe de credores
quirografários.
É preciso destacar que as classes de credores com privilégio especial e
geral ainda aparecem na enumeração do art. 26, porém tais classes
foram expressamente abolidas pela Lei nº 14.112/20, tendo sido
revogados os incisos IV e V do art. 83 que as contemplavam.
O devedor, ao apresentar sua relação de credores com base no art. 51,
deverá atentar para a extinção dessas classes, cumprindo observar o art.
83 na sua redação atual. Com isso, todas as menções aos credores com
privilégio geral e especial ainda presentes na redação de artigos da Lei
nº 11.101/05 ficam prejudicadas.
O Comitê pode funcionar com número inferior a quatro membros e,
quando nenhuma das classes de credores tiver interesse em indicar ou
eleger membro, caberá ao administrador judicial ou, na
incompatibilidade deste, ao juiz exercer suas atribuições (art. 28).
As atribuições do Comitê de Credores estão dispostas no art. 27.
O plano especial de recuperação
judicial
Neste vídeo, vamos apresentar o conteúdo e a aprovação do plano
especial de recuperação.
 Um representante indicado pela classe de credores
enquadrados como microempresa ou empresas de
pequeno porte. Para cada titular, a lei prevê a
escolha ou eleição de dois suplentes.
Conteúdo do plano especial de
recuperação e sua aprovação
Como já alertado, o plano especial não dá ao devedor liberdade para
escolher o meio de recuperação que melhor atenda às suas
necessidades. Se, por um lado, a lei simplifica a elaboração do plano,
não sendo necessários confecção de laudo ou gastos com serviços de
terceiros, pois ele já tem cláusulas preestabelecidas, por outro restringe o
devedor à adesão simples a ele, sem praticamente nenhuma
flexibilidade.
Caso não seja um instrumento viável para a recuperação, as
microempresas e as empresas de pequeno porte poderão adotar o plano
comum e observar as exigências do artigo 53 da Lei nº 11.101/2005. Ao
contrário, sendo melhor o plano especial, o devedor deverá manifestar
sua intenção de adotá-lo já no requerimento de recuperação.
O prazo para a apresentação do plano especial é idêntico ao do plano
comum, ou seja, até 60 dias da publicação do edital de processamento,
sob pena de decretação da falência. Seu conteúdo limita-se às seguintes
condições (art. 71):
I. Abrangerá todos os créditos existentes na data do pedido, ainda
que não vencidos, excetuados os excluídos do plano comum e,
também, aqueles decorrentes de repasse de recursos oficiais.
II. Preverá parcelamento em até 36 (trinta e seis) parcelas mensais,
iguais e sucessivas, acrescidas de juros equivalentes à taxa
Sistema Especial de Liquidação e de Custódia - SELIC, podendo
conter ainda a proposta de abatimento do valor das dívidas.
III. Preverá o pagamento da 1ª parcela no prazo máximo de 180
(cento e oitenta) dias, contado da distribuição do pedido de
recuperação judicial.
IV. Estabelecerá a necessidade de autorização do juiz, após ouvido o
administrador judicial e o Comitê de Credores, para o devedor
aumentar despesas ou contratar empregados.
Ao contrário do plano comum, se houver objeção à concessão da
recuperação judicial por algum credor, não será convocada assembleia
de credores para deliberar sobre o plano (art. 72). O juiz concederá a
recuperação judicial se atendidas as demais exigências legais,
considerando o plano tacitamente aprovado. Portanto, tal medida facilita
a aprovação do plano pela sua celeridade e dispensa o devedor dos
custos com a realização da assembleia.
Entretanto, se não será convocada assembleia para
apreciar a objeção de qualquer credor ao plano, quem a
analisará?
Caso esse valor seja de até metade do valor total de créditos de uma das
classes de credores previstas no art. 83 da Lei nº 11.101/2005, a objeção
será indeferida por considerar o legislador que a maioria dos créditos
atingidos, tacitamente, não se opôs à concessão da recuperação.
Ao contrário, se o credor ou grupo de credores reunir mais da metade de
qualquer uma das referidas classes, o juiz julgará improcedente o pedido
de recuperação judicial pelo plano especial e decretará a falência do
devedor (art.72, parágrafo único).
A convolação da recuperação judicial
em falência
Neste vídeo, vamos explicar as causas de transformação da recuperação
judicial em falência.
Principais características
A recuperação judicial, a partir do processamento e até antes do seu
encerramento, pode ser convolada em falência, ou seja, no mesmo
processo pode ser decretada a falência do devedor (falência incidental).
Antes do processamento não há convolação, pois o devedor pode
desistir do pedido sem necessidade de consentimento dos credores em
assembleia (art. 52, § 4º).
No art. 73, são enumeradas as hipóteses de convolação, mas o rol é
incompleto, já que há mais uma no art. 72, parágrafo único. Sintetizando
os dois dispositivos, são as seguintes hipóteses:
I. Por deliberação da assembleia-geral de credores, se a proposta
obtiver votos favoráveis de credores que representem mais da
metade do valor total dos créditos presentes. Os credores podem,
antes ou após a concessão, decidir pela inviabilidade do
prosseguimento da recuperação e pedir ao juiz a decretação da
falência.
II. Pela não apresentação do plano de recuperação no prazo de 60
dias, que é improrrogável, não se admitindo força maior ou oitiva
dos credores sobre a aceitação de plano intempestivo.
III. Quando não aprovada a proposta de apresentação de plano
alternativo pelos credores diante da rejeição do plano apresentado
pelo devedor; se houver impedimento para a votação do plano
alternativo por não preencher as condições cumulativas do art. 56,
§ 6º; ou se o plano alternativo for rejeitado.
IV. Por descumprimento de qualquer obrigação assumida no plano de
recuperação, durante o período de dois anos após sua concessão
(art., 61, § 1º). Neste período é possível, alternativamente, a
decretação da falência por iniciativa de credores não sujeitos aos
efeitos da recuperação, como autorizado pelo art. 73, § 1º.
V. Por descumprimento dos parcelamentos de créditos devidos à
Fazenda Pública ou ao INSS, referidos no art. 68, ou da transação
fiscal prevista no art. 10-C da Lei nº 10.522, de 19 de julho de 2002.
A transação fiscal é uma alternativa ao parcelamento conferida
pela mesma lei ao devedor.
VI. Quando identificado o esvaziamento patrimonial da devedora que
implique liquidação substancial da empresa, em prejuízo de
credores não sujeitos à recuperação judicial, inclusive as Fazendas
Públicas.
O art. 73, § 3º, esclarece que há liquidação substancial quando não
forem reservados bens, direitos ou projeção de fluxo de caixa futuro
suficientes à manutenção da atividade econômica para fins de
cumprimento de suas obrigações, facultada a realização de perícia
específica para essa finalidade.
Há uma preocupação tanto com o pagamento aos credores não sujeitos
à recuperação quanto com a manutenção da empresa, evitando que a
sociedade em recuperação fique despida de operação.
VII - em caso de objeção ao plano especial de recuperação apresentada
por credor(es) titular(es) de mais da metade de qualquer uma das
classes de créditos previstos no art. 83. Essa hipótese não é prevista no
art. 73, como já comentado.
Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
Além de ser o devedor empresário, a Lei nº 11.101/2005 estabelece
requisitos suplementares para o pedido de recuperação judicial,
como
A
exercício regular de empresa há mais de 6 (seis)
meses, comprovado por escritura de propriedade de
estabelecimento empresarial, exceto se for micro ou
empresário de pequeno porte.
B
exercício regular de empresa há mais de 1 (um) ano,
comprovado por certidão da Receita Federal do
Brasil.
Parabéns! A alternativa D está correta.
Apenas a alternativa D está correta, haja vista que só é possível o
pedido de recuperação judicial ao empresário regular, isto é,
registrado na Junta Comercial, e que tenha mais de dois anos de
inscrição, como estabelece o artigo 48 da Lei nº 11.101, de 2005.
Questão 2
A sociedade Piraí Serviços de Mensageria Ltda, em recuperação
judicial, teve seu plano submetido à assembleia de credores em
razão de objeção apresentada tempestivamente. Na assembleia
estiveram representadas duas classes de credores – (i) com
garantia real e (ii) quirografários. O valor total dos créditos presentes
à assembleia é de R$8 milhões.
O plano de recuperação, independente de classes, obteve o voto
favorável de credores titulares de créditos no valor de R$5 milhões.
Na classe dos credores quirografários, o plano obteve aprovação de
seis dos dez credores presentes, correspondendo a 60% (sessenta
por cento) dos créditos dessa classe. Na classe dos credores com
garantia real, o plano foi aprovado por dois dos três credores
presentes, correspondendo a 40% (quarenta por cento) dos créditos
dessa classe.
O Banco Itaguaí S/A, titular de 60% dos créditos com garantia real,
foi contrário à aprovação do plano por discordar do prazo para
C
exercício regular de empresa há mais de 5 (cinco)
anos, comprovado por certidão da Receita Federal
do Brasil, exceto se for micro ou empresário de
pequeno porte, que tem prazo reduzido para mais de
2 (dois) anos.
D
exercício regular de empresa há mais de 2 (dois)
anos, comprovado por certidão da junta comercial.
E
exercício regular de empresa há mais de 3(três) anos,
comprovado por certidão da Junta Comercial, exceto
se for produtor rural.
pagamento – 60 meses – oferecido a todos os credores dessa
classe.
Com base nas disposições da Lei n. 11.101/2005, assinale a única
alternativa correta.
Parabéns! A alternativa A está correta.
A única alternativa correta é a letra A. O juiz poderá conceder a
recuperação judicial com base no art. 58, § 1º da Lei n. 11.101/2005
porque (i) o plano obteve o voto favorável de credores que
representam mais da metade do valor de todos os créditos
presentes à assembleia, independentemente de classes; (ii) houve
A
É possível a concessão da recuperação judicial em
razão da aprovação do plano por 1 (uma) das
classes de credores votantes; a obtenção de mais de
1/3 (um terço) de aprovação na classe que o rejeitou
e a ausência de tratamento diferenciado aos
credores desta classe.
B
Não é possível a concessão da recuperação judicial
em razão da ausência de aprovação do plano por
todas as classes de credores votantes.
C
É possível a concessão da recuperação judicial em
razão da aprovação do plano por uma das classes
de credores votantes, qualquer que seja o percentual
de aprovação na classe que o rejeitou.
D
Não é possível a concessão da recuperação judicial
em razão da ausência do quórum mínimo de 2/5
(dois quintos) para aprovação na classe de credores
que rejeitou o plano.
E
É possível a concessão da recuperação judicial por
ter o plano obtido aprovação por mais da metade de
todos os créditos na votação, independentemente da
quantidade de credores presentes, ou do percentual
de créditos, por classe, que o aprovou.
somente 2 (duas) classes com credores votantes, e a aprovação de
1 (uma) delas; (iii) na classe dos credores com garantia real, que o
rejeitou, houve o voto favorável de dois dos três credores presentes,
correspondendo a 40% dos créditos desta classe, portanto mais de
1/3 (um terço) dos créditos presentes computados na forma do § 2o
do art. 45 da Lei n. 11.101/2005.
Ademais, o plano não implicou tratamento diferenciado entre os
credores da classe que o rejeitou, cumprindo a exigência do § 2º do
art. 58 da Lei n. 11.101/2005.
2 - Recuperação extrajudicial
Ao �nal deste módulo, você será capaz de reconhecer as condições para a homologação do
plano de recuperação extrajudicial e seus efeitos para os credores e o devedor.
Conceito e condições
Neste vídeo, você compreenderá o que é a recuperação extrajudicial,
assim como as condições para homologação do plano.
A recuperação extrajudicial é outra espécie de recuperação possível de
ser adotada pelo devedor para evitar a falência. O devedor deverá
satisfazer os requisitos subjetivos para a recuperaçãojudicial (art. 48) e
ao menos um dos requisitos seguintes (art. 161, § 3º):
(i)
Não ter pedido de recuperação judicial pendente de julgamento.
(ii)
Não ter obtido recuperação judicial há menos de 2 anos.
(iii)
Não ter obtido homologação de outro plano de recuperação extrajudicial
há menos de 2 anos.
Percebe-se que o prazo entre uma recuperação extrajudicial e outra –
dois anos – é menor do que o de uma recuperação judicial e outra –
cinco anos.
Nota-se que o devedor em recuperação judicial (pendente ou já
concedida) não pode se valer concomitantemente da recuperação
extrajudicial. Logo, a opção pela recuperação judicial exclui a outra
recuperação. A recíproca não ocorre, isto é, o devedor em cumprimento
de plano de recuperação extrajudicial pode requerer sua recuperação
judicial. Inclusive, o art. 163, § 7º, autoriza a conversão do procedimento
em recuperação judicial a pedido do devedor se ele não atingir o mínimo
de adesão ao plano exigido por lei.
Uma das características mais marcantes da
recuperação extrajudicial é o fato de a proposta de
pagamento aos credores e sua negociação ocorrer sem
que seja instaurado um processo judicial, daí o nome
recuperação “extrajudicial”.
Até a entrada em vigor da Lei nº 14.112/20, em janeiro de 2021, não era
possível o plano de recuperação extrajudicial incluir os créditos
trabalhistas e acidentes de trabalho. Contudo, essa situação foi revertida
e, atualmente, a sujeição dos créditos de natureza trabalhista e por
acidentes de trabalho é possível, mas exige negociação coletiva com o
sindicato da respectiva categoria profissional.
Também é importante que você atente ao fato de que nem todos os
créditos excluídos dos efeitos da recuperação judicial possuem
tratamento igual na recuperação extrajudicial. Da relação de créditos
apresentada no módulo anterior, apenas os créditos previstos no art. 49,
§§ 3º e 4º, os créditos de natureza tributária e aqueles previstos no art.
199, § 2º, são excluídos; os demais podem ser incluídos no plano de
recuperação extrajudicial.
As fases da recuperação extrajudicial
Neste vídeo, serão apresentadas as fases e principais características da
recuperação extrajudicial.
A recuperação extrajudicial também se desenvolve em três fases, mas
apenas a segunda é judicial, ou seja, haverá a abertura de um processo
perante o juízo do lugar do principal estabelecimento do devedor (cf. art.
3º). São elas:
 Primeira fase
Consiste na apresentação, negociação e assinatura
do plano do devedor pelos credores. O devedor
somente não poderá apresentar o plano para os
credores excluídos (arts. 161, § 1º, e 199, § 2º).
 Segunda fase
Compreende o pedido de homologação, sua
tramitação e a decisão judicial.
Veremos agora os detalhes de cada uma dessas fases.
Primeira fase
A primeira fase consiste na apresentação, negociação e assinatura do
plano do devedor pelos credores. O devedor somente não poderá
apresentar o plano para os credores excluídos (arts. 161, § 1º, e 199, §
2º).
Para os credores trabalhistas e por acidentes de trabalho, também se
exige negociação coletiva com o sindicato da respectiva categoria
profissional, mas o plano não está limitado às condições de pagamento
do art. 54, já que tal dispositivo não é referenciado na recuperação
judicial.
O plano de recuperação extrajudicial pode adotar os mesmos meios de
recuperação judicial e abranger a totalidade de uma ou mais classe de
créditos (art. 83, I, II, VI e VIII), sujeito a semelhantes condições de
pagamento. Com isso, o devedor não precisa incluir todos os seus
credores no plano, deixando certa(s) classe(s) fora dele, ou determinados
credores.
Para esses credores, o pedido de homologação do plano e seu
deferimento não acarretará suspensão de direitos, ações ou execuções,
nem a impossibilidade do pedido de falência ou alteração do valor ou
condições originais de pagamento (art. 161, § 4º). Por dedução, tais
 Terceira fase
Ocorre após a homologação e se relaciona ao
cumprimento do plano.
credores e seus créditos não serão considerados para fins de apuração
do percentual mínimo para o plano ser homologado (art. 163, § 2º).
Embora possa o plano contemplar como meio de recuperação a
alienação de bem objeto de garantia real, a supressão da garantia ou
sua substituição, tais propostas somente serão admitidas mediante a
aprovação expressa do credor titular da respectiva garantia. Ademais,
para os créditos em moeda estrangeira, a variação cambial só poderá ser
afastada se o credor aprovar expressamente previsão diversa no plano
(art. 163, §§ 4º e 5º).
À semelhança da recuperação judicial, o plano de
recuperação extrajudicial pode prever, após sua
homologação, a alienação judicial de filiais ou de
unidades produtivas isoladas do devedor, porém não há
disposição legal contemplando a liberação de qualquer
ônus incidente sobre o bem a ser alienado, bem como
da ausência de sucessão do arrematante nas
obrigações do devedor de qualquer natureza (art. 166).
Para que o devedor possa requerer a homologação do plano, medida
imprescindível para que ele possa ser implementado e produzir efeitos, é
preciso que ele comprove a ocorrência de uma das seguintes hipóteses:
i. estar assinado por todos os credores nele contemplados (art. 162);
ou
ii. estar assinado, no mínimo, por credores que representem mais da
metade dos créditos de cada espécie abrangidos pelo plano de
recuperação extrajudicial (art. 163).
Para apuração do percentual legal, o art. 163, § 3º, determina que o
crédito em moeda estrangeira será convertido para moeda nacional pelo
câmbio da véspera da data de assinatura do plano; e não serão
computados os créditos detidos pelas pessoas relacionadas no art. 43
da Lei nº 11.101/2005 (ex.: sócios do devedor).
Uma inovação trazida pela Lei nº 14.112/2020 foi permitir, em caso de
urgência no pedido de homologação, que o devedor apresente o pedido
sem ter atingido o quórum de mais de metade dos créditos de cada
espécie.
Nesse caso, ele deverá comprovar a anuência de credores que
representem pelo menos 1/3 (um terço) de todos os créditos de cada
espécie por ele abrangidos, e com o compromisso de, no prazo
improrrogável de 90 (noventa) dias, contado da data do pedido, atingir o
quórum legal por meio de adesão expressa.
Caso ele não consiga, é facultada a conversão do procedimento em
recuperação judicial a pedido do devedor (confira o art. 163, § 7º, da Lei
nº 11.101, de 2005).
Segunda fase
A segunda fase da recuperação, a única judicial, compreende o pedido
de homologação, sua tramitação e a decisão judicial. Tal qual a
recuperação judicial, o pedido deve ser feito perante o juiz do lugar do
principal estabelecimento (confira o item 4.1). Após a abertura do
processo de homologação, os credores não poderão desistir da adesão
ao plano, salvo com a anuência expressa dos demais signatários.
Desde a data do pedido de homologação, o devedor se beneficia dos
efeitos do processamento da recuperação judicial, não sendo caso de
análise casuística do juiz como na recuperação judicial (art. 163, § 8º).
Assim, ficam suspensos:
i. O curso da prescrição das obrigações do devedor incluídas no
plano com a adesão dos credores, dependente de homologação
para as demais sem adesão.
ii. As execuções ajuizadas contra o devedor, inclusive daquelas dos
credores particulares do sócio solidário, relativas a créditos ou
obrigações abrangidos pela recuperação e incluídos no plano.
iii. A proibição de qualquer forma de retenção, arresto, penhora,
sequestro, busca e apreensão, e constrição judicial ou extrajudicial
sobre os bens do devedor, oriunda de demandas judiciais ou
extrajudiciais em relação aos créditos ou obrigações.
Por exigência do art. 163, § 6º, para a homologação do plano, o devedor
deve apresentar uma justificativa (exposição de motivos) e o documento
que contenha seus termos e condições, com as assinaturas dos credores
que a ele aderiram.
Caso o plano não tenha sido aprovado por todos oscredores, mas tenha
atingido o mínimo de assinaturas para sua homologação, o devedor
deverá acrescentar ao pedido os seguintes documentos:
A exposição de sua situação patrimonial.
As demonstrações contábeis relativas ao último exercício social e as
levantadas especialmente para instruir o pedido.
Os documentos que comprovem os poderes das pessoas que
assinaram o plano para novar ou transigir, a relação completa dos
credores, com a indicação do endereço de cada um, a natureza, a
classificação e o valor atualizado do crédito, discriminando sua
origem, o regime dos respectivos vencimentos e a indicação dos
registros contábeis de cada transação pendente.
Após a distribuição do pedido de homologação, os credores não poderão
desistir da adesão ao plano, salvo com a anuência expressa dos demais
signatários (art. 161, § 5º).
O procedimento cognitivo para homologação segue os trâmites do art.
164. Recebido o pedido de homologação, ele será publicado por edital
eletrônico, convocando todos os credores para apresentação de suas
impugnações no prazo de 30 dias. Sendo apresentada impugnação, será
aberto prazo de cinco dias para que o devedor sobre ela se manifeste.
Após manifestação do devedor sobre as impugnações, ou caso não
tenha havido, o juiz decidirá acerca do plano de recuperação
extrajudicial, homologando-o por sentença se entender que não implica
prática de atos fraudulentos e que não há outras irregularidades que
recomendem sua rejeição.
A sentença homologatória encerra a etapa judicial do procedimento e
constitui título executivo judicial (art. 161, § 6º).
Na hipótese de não homologação do plano, o devedor poderá, cumpridas
as formalidades, apresentar novo pedido de homologação de plano de
recuperação extrajudicial (art. 164, § 8º). Não há risco de decretação da
falência, ao contrário do que ocorre em caso de rejeição do plano de
recuperação judicial.
Terceira fase
A terceira e última fase da recuperação, também extrajudicial como a
primeira, ocorre após sua homologação e se relaciona ao cumprimento
do plano. Uma vez homologado, o plano obriga a todos os credores das
classes por ele abrangidas, exclusivamente em relação aos créditos
constituídos até a data do pedido de homologação. Assim, é necessária
a homologação judicial para que o devedor possa obrigar os credores
que não assinaram o plano a aceitá-lo (art. 165).
Embora, em regra, o plano só produza efeito após sua
homologação, é lícito, contudo, que ele estabeleça a
produção de efeitos anteriores à homologação desde
que exclusivamente em relação à modificação do valor
ou da forma de pagamento dos credores signatários
(art. 165, § 1º). Tais estipulações ficam desfeitas com a
não homologação.
Caso o devedor descumpra alguma obrigação do plano, seus credores
poderão exigir seu cumprimento forçado em processo judicial de
cumprimento de sentença. Ressaltamos que não há previsão de nenhum
órgão (administrador judicial ou Comitê de Credores) para fiscalizar o
cumprimento do plano, ao contrário da recuperação judicial.
Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
A Companhia de Refrigerantes do Brasil, após aprovação de plano
de recuperação extrajudicial por parte de seus credores, requereu
sua homologação. Na pendência de impugnação à homologação
apresentada por um de seus credores, o devedor alienou uma de
suas filiais com base em cláusula do plano que previa tal ato. É
ilegal a alienação da filial pela companhia porque
Parabéns! A alternativa E está correta.
A única alternativa correta é a letra E, com fundamento no art. 165,
caput, da Lei nº 11.101/2005. O plano e suas estipulações somente
produzem efeito após sua homologação. As demais alternativas
estão incorretas por divergirem do conteúdo do dispositivo citado.
Questão 2
O empresário individual Nilo Porciúncula requereu a homologação
de plano de recuperação judicial ao juízo da Comarca de Italva/RJ.
A
é vedada alienação de filiais ou unidades produtivas
durante a recuperação extrajudicial se o devedor for
sociedade anônima.
B
somente pode ser autorizada qualquer alienação de
bens do ativo permanente após a manifestação do
Comitê de Credores.
C
a alienação de filiais ou unidades produtivas de
devedor em recuperação extrajudicial não pode ser
prevista como meio de recuperação.
D
o devedor deveria aguardar o julgamento da
impugnação para cumprir qualquer cláusula prevista
no plano de recuperação extrajudicial.
E
para efeito de alienação de bens do devedor, o plano
de recuperação extrajudicial somente produz efeitos
após sua homologação judicial.
Após o ingresso do pedido em juízo e antes de qualquer
pronunciamento judicial, um dos credores com garantia real que
havia assinado o plano desistiu da adesão unilateralmente e sem
apresentar justificativa.
Sobre tal situação e as disposições da Lei nº 11.101/2005, assinale
a única alternativa correta.
Parabéns! A alternativa C está correta.
A única alternativa correta é a letra C, com fundamento no art. 161,
§ 5º, da Lei nº 11.101/2005. Após a distribuição do pedido de
homologação, os credores não poderão desistir da adesão ao plano,
salvo com a anuência expressa dos demais signatários. As demais
alternativas estão incorretas por divergirem do conteúdo do
dispositivo citado.
A
A desistência da adesão ao plano é possível diante
da facultatividade da participação do credor com
garantia real nos planos de recuperação
extrajudicial.
B
A desistência da adesão não é possível por ausência
de motivação e por ter sido realizada unilateralmente
pelo credor com garantia real.
C
A desistência da adesão ao plano somente terá
eficácia se contar com a anuência expressa dos
demais signatários.
D
A desistência da adesão não é possível em razão de
ter sido oposta após a assinatura do plano de
recuperação extrajudicial.
E
A eficácia da desistência da adesão ao plano
independe da anuência expressa dos demais
signatários.
Considerações �nais
Vimos que a recuperação judicial é um instituto acessível somente aos
devedores empresários ou sociedades empresárias que comprovarem os
requisitos subjetivos e objetivos. Com a concessão, fica afastada
temporariamente a possibilidade de decretação da falência pelos
credores sujeitos aos efeitos do instituto.
Na recuperação judicial, a apresentação e negociação do plano se dá em
juízo, mas o número de credores excluído dos efeitos do instituto é maior
do que na recuperação extrajudicial.
O processo de recuperação judicial se desenvolve em três fases, sendo a
segunda a mais importante, pois é nela que o devedor apresenta o plano.
São verificados os créditos e se realiza, se houver objeção, a assembleia
de credores, podendo ser dispensada se houver termo de adesão
tempestivo.
Durante essa fase, o administrador judicial fiscaliza as atividades do
devedor e elabora relatórios mensais de acompanhamento da
recuperação, podendo ser formado o Comitê de Credores. O processo
deverá ser encerrado após dois anos da data de sua concessão, ainda
que o plano não esteja integralmente cumprido.
Os empresários enquadrados como micro ou pequena empresa podem
se valer de um plano especial com conteúdo limitado e que dispensa a
realização de assembleia de credores em caso de objeção.
Em seguida, vimos que a recuperação extrajudicial também se baseia
em plano apresentado e negociado com os credores antes da abertura
de um processo judicial, cuja finalidade é apenas sua homologação.
Nesta espécie de recuperação, cabe ao juiz verificar a documentação que
acompanha o plano assinado pelos credores e a observância dos
requisitos legais, sem risco de decretação de falência.
Os efeitos da recuperação decorrem da homologação do plano, salvo
quanto à modificação do valor ou da forma de pagamento dos credores
signatários.
Podcast

Neste podcast, será apresentado um resumo dos principais pontos do
conteúdo.
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Você aprendeu que uma das hipóteses de convolação darecuperação
em falência é o descumprimento de parcelamento concedido ao devedor
em recuperação judicial pela Fazenda Pública ou pelo INSS de seus
créditos. Mas quais as condições para o deferimento do parcelamento?
Quem tem direito a ele e a partir de quando pode ser requerido? Qual o
prazo máximo para o parcelamento e seus efeitos? Essas são questões
que você poderá esclarecer consultando a Lei nº 10.522/2002, arts. 10-
A e 10-B e seus parágrafos. 
Você viu que o devedor poderá celebrar transação fiscal em vez de
requerer o parcelamento de créditos devidos à Fazenda Pública ou ao
INSS. Mas a quem deve ser submetida a proposta de transação e qual o
momento limite no processo de recuperação? Qual o prazo máximo para
quitação e o limite máximo de redução dos créditos? Quais os
parâmetros legais para a análise da proposta e quais os compromissos
exigidos do devedor? Quais as hipóteses de rescisão da transação por
inadimplemento de parcelas? Essas e outras questões você poderá
esclarecer consultando o art. 10-C da Lei nº 10.522/2002 e seus
parágrafos.
Referências
BERTOLDI, M. M.; RIBEIRO, M. C. P. Curso Avançado de Direito
Comercial. 12. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2022. 
BEZERRA FILHO, M. J. Lei de recuperação de empresas e falência: Lei
11.101/2005: comentada artigo por artigo. 13. ed. São Paulo: Revista
dos Tribunais, 2021. 
COELHO, F. U. Novo Manual de Direito Comercial. 31. ed. São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2020.
FAZZIO JUNIOR, W. Lei de Falência e Recuperação de Empresas. 8. ed.
São Paulo: Atlas, 2019.
MAMEDE, G. Direito Empresarial Brasileiro – Falência e Recuperação de
Empresas. 13. ed. São Paulo: Atlas, 2022.
NEGRÃO, R. Curso de Direito Comercial e de Empresa. V. 3 –
recuperação de empresas, falência e procedimentos concursais
administrativos. 15. ed. São Paulo: Saraiva, 2021.
SACRAMONE, M B. Comentários à Lei de Recuperação de Empresas e
Falência. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2022. 
SALOMÃO, L. F.; SANTOS, P. P. Recuperação Judicial, Extrajudicial e
Falência - Teoria e Prática. 5. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2020.
TEIXEIRA, T. Direito empresarial sistematizado. 8. ed. São Paulo:
Saraiva, 2019. 
TOMAZETTE, M. Curso de Direito Empresarial. v. 3 – Falência e
Recuperação de Empresas. 10. ed. São Paulo: Saraiva, 2022.
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