Buscar

Tema 3- Sociedade Anônima

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 49 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 49 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 49 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Sociedade anônima
Prof. Alexandre Ferreira de Assumpção Alves
Descrição
As sociedades por ações existentes no direito brasileiro: a sociedade
anônima e a sociedade em comandita por ações.
Propósito
A compreensão das disposições legais sobre a constituição, acionistas e
o funcionamento da sociedade anônima e comandita por ações é
essencial para os profissionais da área de direito societário na
orientação dos sócios e das sociedades.
Preparação
Antes de iniciar os estudos, tenha em mãos a Lei nº 6404, de 1976 (Lei
das Sociedades por Ações), a Lei nº 6385/76 e o Código Civil.
Objetivos
Módulo 1
Sociedade anônima – aspectos
gerais
Identificar as características da sociedade anônima, constituição e os
direitos e obrigações dos acionistas.
Módulo 2
Sociedade anônima –valores
mobiliários e órgãos sociais
Identificar as características dos valores mobiliários e dos órgãos da
sociedade anônima.
Módulo 3
Sociedade em comandita por ações
Reconhecer a legislação aplicável à sociedade em comandita por
ações e suas peculiaridades.
Introdução
Há duas formas de sociedades por ações: sociedade anônima e
sociedade em comandita por ações, e o conhecimento das
normas pertinentes a elas é de suma importância tanto teórica

como prática para o direito empresarial e para a área do direito
societário.
Neste conteúdo estudaremos as características da sociedade
anônima, a formação do seu nome empresarial, as normas de sua
constituição. Veremos os direitos e deveres dos acionistas e os
principais valores mobiliários emitidos pelas companhias, como
as ações, as debêntures, as partes beneficiárias e os bônus de
subscrição. Trataremos dos órgãos sociais como a assembleia
geral, o conselho de administração e a diretoria e o conselho
fiscais.
Por fim, estudaremos a sociedade em comandita por ações,
identificando a origem e a legislação aplicável à sociedade em
comandita por ações e suas peculiaridades em relação às
sociedades anônimas.
1 - Sociedade anônima – aspectos gerais
Ao �nal deste módulo, você será capaz de identi�car as características da
sociedade anônima, constituição e os direitos e obrigações dos acionistas.
Origens da sociedade
anônima
A sociedade anônima ou companhia (termos sinônimos de acordo com
o art. 1º da Lei nº 6.404/76) é uma sociedade de capitais, ou seja, a
pessoa do sócio não tem importância maior do que o capital nela
investido.
Comentário
A companhia tem uma estrutura mais complexa do que a sociedade
limitada ou a sociedade simples, pois existem regras mais detalhadas de
convocação e instalação das assembleias, deveres legais para os
administradores além do dever de diligência, a possibilidade de emissão
de ações sem direito de voto ou com voto restrito, estrutura
administrativa fundada em dois órgãos ― conselho de administração e
diretoria, demonstrações financeiras, incluindo documentos próprios,
entre outras características.
A sociedade anônima surgiu no século XVII com as “companhias de
comércio” criadas por autorização real para o tráfico de produtos entre a
metrópole e as colônias. Tais companhias eram constituídas por alvará
ou carta régia que lhes conferiam privilégios no comércio, pois era uma
forma de atrair investimentos de particulares para a exploração do
objeto social e manter o controle dos negócios pelo Estado. A
participação de cada sócio na sociedade era comprovada por títulos de
participação que conferiam direitos de “ação” em face da sociedade.
A partir do século XIX, com a promulgação do Código Comercial francês
em 1807, inicia-se a segunda fase de sua evolução, a da autorização
governamental. A sociedade anônima não estava mais sujeita a
privilégios comerciais e todo o seu capital poderia ser constituído por
subscrição de particulares. É nesta fase que a sociedade anônima passa
a ser disciplinada pela legislação brasileira (Código Comercial de 1850,
artigo 295), adotando o mesmo regime de autorização por influência do
direito francês. Tal regime manteve a sociedade anônima sob o jugo do
Estado e, por ser burocrático com exigências adicionais em relação a
outros tipos, dificultava que as sociedades se difundissem para
realização de atividades econômicas.
Atualmente, a sociedade anônima é regulada pela Lei nº 6404, de 1976
(Lei das Sociedades por Ações), com várias alterações posteriores. O
Código Civil contempla apenas dois artigos sobre ela:
Art. 1088
Que repete a redação do artigo 1º da Lei nº 6404, sobre a
responsabilidade dos sócios e a divisão do capital em ações.
Art. 1089
Que determina a regência supletiva pelas disposições do Código nas
omissões da lei especial.
Características da sociedade
anônima
A Lei nº 6.404/76, conhecida como Lei das Sociedades por Ações, ou
simplesmente “Lei das S/A”, traz suas características e natureza nos
arts. 1º a 4º. Apesar disso, algumas destas características não são
privativas desses tipos de sociedades e outras não são relacionadas
nesta parte da lei.
A principal característica está contida no art. 1º e se refere à
responsabilidade dos sócios, que é limitada para todos eles, sem
qualquer solidariedade pela integralização do capital, ao contrário do
que ocorre na sociedade limitada. Assim, todos os acionistas somente se
obrigam a integralizar o preço de emissão (quantia correspondente ao
valor necessário para integralização do capital, acrescido
facultativamente de um ágio, a critério da companhia) das ações que
subscreveram ou adquiriram. Caso ingressem após a integralização do
preço de emissão, não haverá obrigação perante a companhia, exceto se
subscreverem novas ações ou valores mobiliários conversíveis em
ações.
O capital social é dividido em ações, tal qual a sociedade em comandita
por ações. E em razão da natureza da companhia, é de sociedade
empresária qualquer que seja o seu objeto, como preceitua o art. 982,
parágrafo único, do Código Civil e, no mesmo sentido, o art. 2º, § 1º, da
Lei das S/A.
Atenção!
O estatuto (documento de constituição da companhia) deverá descrever
o objeto de modo preciso e completo (art. 2º, § 2º) e que pode ser objeto
da companhia qualquer atividade econômica de fim lucrativo, não
contrário à lei, à ordem pública e aos bons costumes.
Ao contrário da sociedade limitada, que só pode aumentar seu capital se
o anterior estiver integralizado (cf. o art. 1.081 do Código Civil), na
sociedade anônima, a partir de realização de 3/4 (três quartos), no
mínimo, do capital social, a companhia pode aumentá-lo mediante
subscrição pública ou particular de ações (cf. o art. 170). Esta
disposição visa facilitar novos investimentos, sem que seja necessário
esperar que todos os sócios integralizem o preço de emissão de suas
ações. Outro aspecto análogo a esse é a autorização para aumentos
futuros de capital que pode ser inserida no estatuto sem necessidade de
reformá-lo (cf. o art. 168 da Lei nº 6404, de 1976), previsão inexistente
na sociedade limitada. São duas características peculiares das
companhias que não se encontram previstas entre os arts. 1º a 4º.
Em razão de ser uma sociedade de capitais, o legislador estimula tanto
os investimentos de terceiros na companhia, com destaque para a
limitação da responsabilidade, bem como os investimentos dela em
outras sociedades. Nesse sentido, o art. 2º, § 3º, dispõe que a
companhia pode ter por objeto participar de outras sociedades. Ainda
que não prevista no estatuto, a participação é facultada como meio de
realizar o objeto social, ou para beneficiar-se de incentivos fiscais. A
sociedade poderá ter uma simples participação no capital de outras
sociedades, ser coligada a ela (cf. art. 243, § 1º) ou ser sua controladora,
ainda que a investidora não tenha estabelecimento próprio. Tal situação
configura a denominada holding pura, ou seja, a sociedade que tem por
objeto controlar outras sociedades sem desenvolver ela própria atividade
econômica.
A sociedade anônima, ao contrário da
limitada, não pode escolher a espécie de nomeempresarial a ser adotada.
O art. 3º da Lei das S/A (e o art. 1.160 do Código Civil) impõe que a
sociedade seja designada por denominação acompanhada das
expressões "companhia" ou "sociedade anônima", expressas por extenso
ou abreviadamente, mas vedada a utilização da primeira ao final. Tal
vedação não se encontra prevista no art. 1.160 do Código Civil, mas se
aplica diante do critério da especialidade determinado pelo art. 1.089.
Com isso, as disposições da Lei das S/A prevalecem em caso de
omissão ou divergência com outra disposição do Código Civil. A
indicação do objeto na denominação é facultativa, seja por silêncio
eloquente do art. 3º da Lei das S/A ou por disposição expressa do art.
1.160 do mesmo Código.
A denominação da sociedade pode ser formada por nome de fantasia ou
pelo nome do fundador, acionista, ou pessoa que por qualquer outro
modo tenha concorrido para o êxito da empresa.
Consta no art. 3º, § 2º, que se a denominação for idêntica ou semelhante
a de companhia já existente, assistirá à prejudicada o direito de requerer
a modificação, por via administrativa perante a Junta Comercial ou em
juízo, e demandar as perdas e danos resultantes. Trata-se de nítida
aplicação do princípio da novidade do nome empresarial (cf. o art. 34 da
Lei nº 8.934/94 e o art. 1.163 do Código Civil).
A última característica presente no Capítulo I da Lei das S/A é a
existência de duas espécies de companhia ― aberta e a fechada. O
critério distintivo encontra-se no caput do art. 4º, ou seja, conforme os
valores mobiliários de sua emissão estejam ou não admitidos à
negociação no mercado de valores mobiliários. Sobre valores
mobiliários, trataremos no núcleo adiante no módulo.
Toda companhia está autorizada a emitir valor
mobiliário, já que a ação, único título de emissão
obrigatória das companhias, é um valor mobiliário.
Contudo, somente os valores mobiliários de emissão de
companhia aberta podem ser negociados no mercado
de valores mobiliários.
A companhia aberta somente poderá ter os valores mobiliários emitidos
por ela, captando recursos e terceiros ou de seus próprios acionistas se
estiver registrada na Comissão de Valores Mobiliários, autarquia
reguladora deste mercado (cf. art. 8º, I, da Lei nº 6.385/76 e art. 4º, § 1º,
da Lei das S/A).
Dessa forma, a companhia é fechada porque não está autorizada a
negociar suas ações neste mercado. Assim, aberta e fechada são termos
associados à autorização (aberta) e à carência dela (fechada).
Sociedade anônima e sua
constituição
Confira no vídeo o contexto histórico da criação do tipo societário e suas
principais características.
Constituição da sociedade
anônima
A constituição da companhia se dá pelas seguintes etapas:

 I - Elaboração do projeto de estatuto e sua
aprovação, se for o caso, pela CVM.
 II - Cumprimento das formalidades preliminares ao
ato de constituição.
O projeto de estatuto deverá satisfazer a todos os requisitos exigidos
para os contratos de sociedade em geral (art. 997 do Código Civil) e aos
peculiares às companhias, e conterá as normas pelas quais ela se regerá
(art. 83).
Após a elaboração do projeto, segundo o art. 80, a constituição da
companhia depende do cumprimento dos seguintes requisitos
preliminares:
I
Subscrição, pública ou particular, pelo menos por 2 (duas)
pessoas naturais ou jurídicas, de todas as ações em que se divide
o capital social fixado no estatuto, ressalvada a possibilidade de
constituição de subsidiária integral por sociedade brasileira (cf.
art. 251); se alguma ação não for subscrita, a companhia não
poderá ser constituída.
II
Realização, como entrada, de 10%, no mínimo, do preço de
emissão das ações subscritas em dinheiro, podendo tal
percentual ser maior nas companhias em que lei especial exigir
realização inicial de parte maior do capital social.
III
 III - Aprovação da constituição em assembleia de
subscritores ou por escritura pública.
 IV - Cumprimento das formalidades
complementares para o funcionamento regular da
companhia.
Depósito, no Banco do Brasil S/A., ou em outro estabelecimento
bancário autorizado pela Comissão de Valores Mobiliários, da
parte do capital realizado em dinheiro.
Cabe, de acordo com o art. 81, ao acionista fundador realizar o depósito
no prazo de 5 (cinco) dias contados do recebimento das quantias, em
nome de cada subscritor e a favor da sociedade em organização, que só
poderá levantá-lo após haver adquirido personalidade jurídica. Enquanto
isso não acontecer, a denominação da futura sociedade deverá conter ao
final o aditivo “em organização” (art. 91). Caso a companhia não se
constitua dentro de 6 (seis) meses da data do depósito, a instituição
financeira é obrigada a restituir as quantias depositadas diretamente aos
subscritores.
Comentário
Os requisitos do art. 80 podem ser acrescidos de outros se a companhia
se constituir por subscrição pública do capital, ou seja, quando as ações
serão negociadas em mercados organizados, dentre eles a Bolsa de
Valores, com a obrigatoriedade de contratação de uma instituição
financeira para intermediar a oferta e a negociação das ações entre a
companhia e os investidores. Em razão do que já foi exposto em relação
à CVM, caberá a ela analisar o projeto de constituição da companhia
antes mesmo do registro de emissão das ações e da futura subscrição.
Nos termos do art. 82 da Lei das S/A, o pedido de registro de emissão
será instruído com:
 O estudo de viabilidade econômica e financeira do
empreendimento.
 O projeto do estatuto social.
 O prospecto (documento de divulgação de oferta de
ações com conteúdo fixado pelo art. 84),
i d i d l f d d l
A CVM poderá condicionar o registro de emissão a modificações no
estatuto ou no prospecto e denegá-lo por inviabilidade ou temeridade do
empreendimento, ou inidoneidade dos fundadores.
Prevê o art. 86 que, após o fim da subscrição e se todas as ações tiverem
sido subscritas, os fundadores convocarão assembleia para promover a
avaliação dos bens, se for o caso (cf. art. 8º) e deliberar sobre a
constituição da companhia. Entretanto, se a subscrição das ações foi
particular, é possível que a companhia seja constituída por escritura
pública lavrada por tabelião de notas contendo os requisitos do art. 88, §
2º, desde que tenha havido previamente a conclusão da avaliação de
bens e direito que integrarão o capital social.
O capital da companhia poderá ser formado com contribuições em
dinheiro ou em qualquer espécie de bens suscetíveis de avaliação em
dinheiro, não sendo possível a contribuição em prestação de serviços
(art. 7º). É preciso também que os bens sejam suscetíveis de alienação,
ou seja, não pode haver restrição ou impedimento à transferência de sua
propriedade, pois na falta de declaração expressa em contrário, os bens
transferem-se à companhia a título de propriedade.
Atenção!
A obrigatoriedade de avaliação dos bens aportados na formação do
capital, tanto corpóreos quanto incorpóreos, é mais uma característica
peculiar da sociedade anônima e deve ser feita antes da formalização da
constituição da companhia ou nos casos de aumento do capital
mediante emissão de novas ações. Mesmo que todos os subscritores
sejam condôminos de um bem com que concorreram para a formação
do capital social, a avaliação deve ser feita.
Outra forma de constituição da companhia, obrigatória se a subscrição
das ações for pública, é mediante a realização de assembleia convocada
pelos acionistas fundadores (at. 87). Tal assembleia será instalada se
estiverem presentes subscritores que representem, no mínimo, metade do
capital social, e, em segunda convocação, com qualquer número. Nela,
bem como nas que forem realizadas durante a liquidação, cada ação dá
direito a um voto, independentemente de sua espécie ou classe.
Os acionistas deverão se manifestar sobre a aprovação do projeto de
estatuto, que poderá ser alterado desde que a deliberação seja unânime.
Verificando-se que foram observadas as formalidadeslegais e não
organizado e assinado pelos fundadores e pela
instituição financeira intermediária.
havendo oposição de subscritores que representem mais da metade do
capital social, o presidente da assembleia declarará constituída a
companhia, procedendo-se à eleição dos administradores e, se for o
caso, dos conselheiros fiscais, pois o conselho fiscal pode ou não ser
permanente dependo do que estiver disposto no estatuto (cf. art. 161).
Após a aprovação da constituição da companhia na assembleia ou por
escritura pública, devem ser arquivados na Junta Comercial os
documentos referidos no art. 95. Além disso, se a companhia tiver sido
constituída por escritura pública, bastará o arquivamento de certidão do
instrumento. Após o arquivamento, os mesmos documentos devem ser
publicados na forma do art. 289 da Lei das S/A.
Os primeiros administradores eleitos na assembleia ou qualificados na
escritura pública devem providenciar cumprimento das formalidades
complementares à sua constituição e podem ser responsabilizados
perante a companhia, solidariamente, pelos prejuízos causados pela
demora no cumprimento (art. 99).
Sociedade anônima e sua
constituição
Confira no vídeo as principais regras sobre a constituição da sociedade
anônima.

Os acionistas – deveres e
características
Denomina-se acionista o sócio das sociedades por ações. A prova de
sua qualidade depende do registro da propriedade das ações, não se
admitindo ação ao portador por ser um título nominativo (cf. o núcleo
conceitual 3). O acionista tem deveres que decorrem da lei ou do
estatuto.
Um dos principais deveres do acionista é o de integralizar o preço de
emissão das ações (art. 106). Caso ele não efetue o pagamento
pontualmente, ficará de pleno direito constituído em mora e será
considerado remisso, podendo ser cobrado pela companhia em ação de
execução ou mesmo ter suas ações vendidas em bolsa de valores (cf.
art. 107). Outro dever importante diz respeito ao exercício do direito de
voto, que deve sempre ser exercido no interesse da companhia (art. 115).
Caso tal dever não seja observado, o acionista responderá pelo voto
abusivo, ou seja, o voto exercido com o fim de causar dano à companhia
ou a outros acionistas, ou de obter, para si ou para outrem, vantagem a
que não faz jus e de que resulte, ou possa resultar, prejuízo para a
companhia ou para outros acionistas. 
Atenção!
O descumprimento, tanto de deveres legais quanto estatutários, pode
acarretar a suspensão do exercício dos direitos do acionista pela
assembleia, cessando a suspensão logo que cumprida a obrigação (art.
120). 
A Lei das S/A impõe deveres especiais para o acionista controlador,
definido no art. 116, caput, como a pessoa, natural ou jurídica, ou o
grupo de pessoas vinculadas por acordo de voto, ou sob controle
comum, que:
1
É titular de direitos de sócio que lhe assegurem, de modo permanente, a
maioria dos votos nas deliberações da assembleia geral e o poder de
eleger a maioria dos administradores da companhia.
2
Usa efetivamente seu poder para dirigir as atividades sociais e orientar o
funcionamento dos órgãos da companhia.
Percebe-se que o conceito agrega tanto a titularidade de direitos de sócio
(propriedade ou direitos reais sobre as ações) quanto o uso efetivo do
poder de controle. Logo, somente será considerado controlador e estará
sujeito aos deveres impostos pela Lei das S/A se os dois requisitos
anteriormente expostos forem verificados.
O acionista controlador deve usar o poder com o fim de fazer a
companhia realizar o seu objeto e cumprir sua função social, e tem
deveres e responsabilidades para com os demais acionistas da empresa,
os que nela trabalham e para com a comunidade em que atua, cujos
direitos e interesses deve lealmente respeitar e atender (art. 116,
parágrafo único). Caso ele seja pessoa natural e exerça a administração
da companhia, também terá os deveres impostos aos administradores
(cf. arts. 153 a 157).
Atenção!
Em caso de dano aos acionistas, à companhia ou a terceiros, o acionista
controlador responderá pelos atos praticados com abuso de poder
enumerados, exemplificativamente, no art. 117, § 1º, da Lei das S/A. Em
relação à pessoa jurídica de direito público controladora das empresas
públicas e sociedades de economia mista, aplicam-se os arts. 14 e 15 da
Lei nº 13.303/2016.
Os direitos do acionista também podem decorrer da lei ou do estatuto. O
art. 109 elenca os direitos essenciais, isto é, aqueles que nem o estatuto
social nem a assembleia geral poderão privar o acionista do seu
exercício. São eles:
I. Participar dos lucros sociais, que recebem o nome de “dividendo”,
sendo aprovados pela assembleia geral ordinária (art. 132, II) e
pagos à conta dos elementos do patrimônio previstos no art. 201.
A Lei das S/A instituiu o dividendo obrigatório no art. 202, mas
permite, em casos especiais, que a companhia não os distribua ou
faça abaixo o mínimo legal (cf. art. 202, §§ 3º e 4º).
II. Participar do acervo da companhia, em caso de liquidação. Este é
um direito eventual e que depende da dissolução da sociedade
(condição suspensiva) e do pagamento prévio dos credores da
companhia. O art. 215 da Lei das S/A prevê que os rateios entre os
acionistas sejam feitos depois de pagos todos os credores.
III. Fiscalizar, na forma prevista nesta Lei, a gestão dos negócios
sociais. Os acionistas poderão fiscalizar os administradores seja
individualmente seja coletivamente. É possível que o estatuto
preveja o funcionamento permanente do conselho fiscal (art. 161),
órgão que tem competência privativa para fiscalizar, por qualquer
de seus membros, os atos dos administradores e verificar o
cumprimento dos seus deveres legais e estatutários (cf. art. 163, I).
IV. Direito de preferência para a subscrição de ações, partes
beneficiárias conversíveis em ações, debêntures conversíveis em
ações e bônus de subscrição. Além do direito de preferência nos
aumentos de capital, os acionistas também possuem tal direito
quando a companhia negociar títulos conversíveis em ações ou
que assegurem o direito de subscrição de ações, como os bônus
(cf. núcleo temático 3).
V. Direito de retirar-se da sociedade nos casos previstos na Lei das
S/A. A companhia deverá proceder ao reembolso das ações ao
acionista somente nas hipóteses previstas (cf. arts 136-A, 137,
223, § 4º, 252, §§ 1º e 2º, 256, § 2º, 264, § 3º e 270, parágrafo
único). O reembolso é uma operação em que a companhia negocia
com suas próprias ações, pagando aos acionistas dissidentes de
deliberação da assembleia geral o valor de suas ações (art. 45).
Nas companhias, não há um direito de retirada imotivado como nas
sociedades simples. Isso não significa que o acionista será obrigado a
permanecer na companhia. Ao contrário, ele poderá a qualquer tempo se
desligar dela, porém ficará sujeito à disponibilidade do mercado
acionário para negociar suas ações. Com isso, o capital da sociedade
não fica exposto a eventual redução ou comprometimento quando o
acionista quiser se retirar por vontade imotivada ou fora dos casos
previstos na lei.
Também para proteger os acionistas minoritários, o art. 109, § 2º, dispõe
que “Os meios, processos ou ações que a lei confere ao acionista para
assegurar os seus direitos não podem ser elididos pelo estatuto ou pela
assembleia geral”. Assim, por exemplo, o estatuto não poderá proibir que
o acionista demande a companhia para ver cumprido um direito
essencial.
Sociedade anônima e seu
contexto histórico
Confira no vídeo detalhes sobre os direitos e deveres dos acionistas.
Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
Acerca das características da Sociedade Anônima, marque a
alternativa correta:

A
É obrigação solidária dos sócios integralizarem o
capital social.
Parabéns! A alternativa E está correta.
Dentre os diversos traços distintivos entre a sociedade anônima e a
sociedade limitada, ao contrário da limitada, nãopode escolher a
espécie de nome empresarial a ser adotada, conforme dispõe o art.
3º da Lei das S/A.
Questão 2
Acerca dos direitos essenciais do acionista, analise as afirmativas
abaixo.
I- O acionista tem direito de fiscalizar a gestão dos negócios sociais
apenas por meio do conselho fiscal.
II- O acionista tem direito de participar do acervo da companhia, em
caso de eventual liquidação.
III- O acionista tem direito de retirar-se da sociedade por meio do
reembolso de suas ações com ou sem motivo justo.
Está(ão) correta(s) a(s) afirmativa(s)
B O capital social é dividido por cotas.
C
Só pode aumentar seu capital se o anterior estiver
integralizado.
D
As sociedades anônimas só admitem a espécie de
companhia aberta.
E
A sociedade anônima não pode escolher a espécie
de nome empresarial a ser adotada.
A I, II e III.
Parabéns! A alternativa D está correta.
De acordo com o art. 109, da Lei nº 6.404/76, "nem o estatuto social
nem a assembleia geral poderão privar o acionista dos direitos de:
[...] II - participar do acervo da companhia, em caso de liquidação”.
2 - Sociedade anônima – valores mobiliários e
órgãos sociais
Ao �nal deste módulo, você será capaz de identi�car as características dos
valores mobiliários e dos órgãos da sociedade anônima.
B I e III.
C II e III.
D II.
E I.
Valores mobiliários –
Panorama
Confira no vídeo o que são valores mobiliários.
São considerados valores mobiliários os títulos, incluindo contratos de
investimento coletivo, ofertados publicamente por pessoas autorizadas a
realizar sua emissão e negociação, desde que tais documentos gerem
direito de participação no empreendimento (como as ações que atribuem
direitos de participação na companhia como sócio), de parceria ou de
remuneração, inclusive resultante de prestação de serviços, cujos
rendimentos advêm do esforço do empreendedor ou de terceiros.
Comentário
Não há uma enumeração exaustiva dos títulos ou contratos que sejam
valores mobiliários, apenas uma exemplificação contida no artigo 2º da
Lei nº 6385/76, que inclui no inciso I as ações, debêntures e os bônus de
subscrição. A mesma lei disciplina o mercado de valores mobiliários, sua
emissão e distribuição, institui o órgão regulador e fiscalizador (a
Comissão de Valores Mobiliários - CVM), dispõe sobre os agentes que
nele atuam e dá outras determinações.
A emissão de valores mobiliários não é uma atividade privativa das
sociedades anônimas, embora ela esteja autorizada a emitir títulos que
se incluem na enumeração legal. Compete à CVM expedir normas para a
emissão e distribuição de valores mobiliários no mercado por ela
regulado. Nestes atos administrativos, o órgão poderá autorizar outros
tipos de sociedades a emitir os valores mobiliários que mencionar,
podendo exigir que os emissores se constituam sob a forma de
sociedade anônima (confira o artigo 3º da Lei nº 6.385/76).
A CVM é uma entidade autárquica em regime especial, integrante da
administração pública indireta da União, vinculada ao Ministério da
Fazenda, com personalidade jurídica de direito público e patrimônio
próprios, dotada de autoridade administrativa independente, ausência de
subordinação hierárquica, mandato fixo e estabilidade de seus
dirigentes, e autonomia financeira e orçamentária (art. 5º da Lei nº
6385/76).
Ações – características
Confira no vídeo que são ações e suas espécies.
A ação tem natureza jurídica de valor mobiliário, mas é também uma
fração do capital social das sociedades por ações e um título de
participação que atribui a seu proprietário a condição de acionista, termo
específico para designar o sócio titular de ação.
O estatuto deve fixar o número das ações em que se divide o capital
social e as ações, conforme a natureza dos direitos ou vantagens que
confiram a seus titulares, que são:
Vamos ver as características de cada tipo de ação?
Ações ordinárias
Ações preferenciais
Ações de fruição
Ações ordinárias
São aquelas que não oferecem qualquer tipo de vantagem de cunho
patrimonial ou político aos acionistas, apenas os direitos básicos
previstos em lei e outros porventura outorgados pelo estatuto. Em
contrapartida, as ações ordinárias têm assegurado o direito de voto nas
deliberações sociais (cf. o art. 110 da Lei nº 6404, de 1976).
É possível que o estatuto de companhia fechada preveja a criação de
mais de uma classe de ações ordinárias, em função de:
A alteração do estatuto na parte em que regula a diversidade de classes,
se não for expressamente prevista e regulada, requererá a concordância
de todos os titulares das ações atingidas. As ações de cada classe
conferirão iguais direitos aos seus titulares (cf. art. 109, § 1º).
Ações preferenciais
 Conversibilidade em ações preferenciais.
 Exigência de nacionalidade brasileira do acionista.
 Direito de voto separado para o preenchimento de
determinados cargos de órgãos administrativos.
 Atribuição de voto plural (mais de 1 voto por ação
até o limite de 10, de acordo com o art. 110-A).
Essas ações têm asseguradas por lei alguma vantagem em relação às
ações ordinárias, que deve ser regulada pelo estatuto. O estatuto pode
pulverizar estas vantagens entre os acionistas titulares desta espécie de
ação por meio da divisão em classes, conferindo, por exemplo, a uma
delas vantagem patrimonial e a outra vantagem política, por isso tanto
as ações preferenciais de companhia aberta quanto fechada podem ser
divididas em classes. Sobre a relação das vantagens patrimoniais e
políticas que podem ser conferidas às ações preferenciais, leia os arts.
17 e 18 da Lei das S/A.
Em compensação às vantagens conferidas às ações preferenciais, o
estatuto pode deixar de conferir certos direitos não essenciais a seus
acionistas, como o direito de voto, ou conferi-lo com restrições,
regulando minuciosamente tal ponto (cf. art. 111). Se a companhia optar
por não atribuir o pleno direito de voto a suas ações preferenciais, o total
de ações preferenciais nessa condição (sem direito a voto, ou sujeitas a
restrição no exercício desse direito) não pode ultrapassar 50% (cinquenta
por cento) do total das ações emitidas.
Ações de fruição
São muito raras, pois sua emissão se dá em substituição às ações que
foram integralmente amortizadas e, ainda assim, se forem autorizadas
pela assembleia geral ou pelo estatuto. Amortização é o pagamento
antecipado (antes da liquidação da companhia) das importâncias
devidas aos acionistas, que deixam de ter tal status se a amortização
abranger todo o valor da ação. Como forma de manter o vínculo
societário com estes acionistas, podem ser emitidas ações de fruição no
lugar daquelas que foram canceladas por efeito da amortização (cf. o
artigo 44, § 5º, da Lei das S/A).Como forma de manter o vínculo
societário com estes acionistas, podem ser emitidas ações de fruição no
lugar daquelas que foram canceladas por efeito da amortização (cf. o
artigo 44, § 5º, da Lei das S/A).
As ações devem ter uma única forma, isto é, nominativa. Por ação
nominativa entende-se aquela emitida em favor de pessoa cujo nome
conste no registro do emitente. Até 1990 as ações poderiam ser emitidas
ao portador ou ser endossáveis (transferidas por endosso em preto com
registro na companhia), sendo que as primeiras sequer tinham registro
para efeito de propriedade ou de transferência, mas foram abolidas
naquele ano pela Lei nº 8.021, que alterou a redação do art. 20 da Lei
das S/A.
Para efeito de registro da ação, existem duas possibilidades ― ser
emitido, ou não, um certificado representativo para a ação ou grupo de
ações. No primeiro caso, a ação é denominada “documental” (com
certificado) e a propriedade dela presume-se pela inscrição do nome do
acionista no livro de "Registro de Ações Nominativas". Para que não seja
emitido certificado é preciso autorização estatutária, que pode se aplicar
a todas as ações ou apenas a uma ou mais classes delas; tais ações são
denominadas “escriturais” (cf. os arts 20, 31 e 34).
Atenção!As ações escriturais não são registradas nos livros da companhia, mas
sim mantidas em contas de depósito, em nome de seus titulares, na
instituição escolhida. Somente as instituições financeiras autorizadas
pela Comissão de Valores Mobiliários podem manter serviços de
escrituração de ações. A propriedade da ação escritural presume-se pelo
registro na conta de depósito das ações, aberta em nome do acionista
nos livros da instituição depositária.
Nos mesmos livros em que é registrada a propriedade das ações,
documentais ou escriturais, são averbados os ônus que recaem sobre as
ações, tais como o penhor, usufruto, o fideicomisso, a alienação
fiduciária em garantia e quaisquer cláusulas ou ônus que agravarem a
ação (cf. arts. 39 e 40).
A transferência das ações nominativas documentais por ato intervivos
(exemplo: compra e venda, doação) também está sujeita a registro para
ser eficaz em relação à companhia e a terceiros e se realiza mediante
termo lavrado no livro de "Transferência de Ações Nominativas", datado
e assinado pelo cedente e pelo cessionário, ou seus legítimos
representantes. Na situação de a transferência ter se operado por
transmissão causa mortis ou ato judicial, também deverá ser feita a
averbação no livro de "Registro de Ações Nominativas", à vista de
documento hábil, que ficará em poder da companhia.
Em se tratando de ação escritural, a transferência também necessita de
registro, que se opera pelo lançamento efetuado pela instituição
depositária em seus livros, a débito da conta de ações do alienante e a
crédito da conta de ações do adquirente, à vista de ordem escrita do
alienante, ou de autorização ou ordem judicial, em documento hábil que
ficará em poder da instituição.
Ao contrário da quota, que pode ter sua cessão restrita ou vedada pelo
contrato ou por lei, ação é um título de livre negociação. No entanto,
existem algumas regras importantes que restringem sua transmissão,
das quais se destacam as seguintes:
Para as companhias abertas
As ações somente poderão ser negociadas depois de realizados (pagos)
30% (trinta por cento) do preço de emissão, sob pena de nulidade (art.
29).
Para as companhias fechadas
O estatuto pode impor limitações à circulação das ações, contanto que
regule minuciosamente tais limitações e não impeça a negociação, nem
sujeite o acionista ao arbítrio dos órgãos de administração da
companhia ou da maioria dos acionistas (art. 36).
Debêntures
Neste vídeo, confira a diferença entre as debêntures dos bônus de
subscrição.
Qualidade de sócio?
A debênture é um valor mobiliário que não atribui a qualidade de sócio
ao seu titular, chamado debenturista, nem lhe confere um direito de
subscrever ações futuramente, característica dos bônus de subscrição.
A emissão, e negociação, de uma debênture tem como objetivo a
obtenção de recursos pela companhia dos seus acionistas ou de
terceiros investidores por meio da realização de empréstimos (mútuo
feneratício). A Lei das S/A trata do instituto nos arts. 52 a 71.
A quantia total mutuada (a ser emprestada à companhia) é dividida em
títulos e cada um corresponde a uma debênture, que assegura aos
debenturistas direito de crédito contra a emissora e outros direitos
estabelecidos na escritura de emissão, documento no qual constam as
condições de emissão, lançamento, amortização, resgate e vencimento
(cf. art 52).
A competência para autorizar a emissão de debêntures, em regra, é da
assembleia geral (art. 122, IV). Entretanto, nas companhias abertas, o
conselho de administração (órgão obrigatório da administração) pode
deliberar sobre a emissão de debêntures não conversíveis em ações,
salvo disposição estatutária em contrário (art. 59, § 1º). Além disso, em
qualquer companhia, a assembleia geral pode delegar ao conselho de
administração a deliberação sobre a época e as condições de
vencimento, amortização ou resgate; a época e as condições do
pagamento dos juros, da participação nos lucros e do prêmio de
reembolso, se houver; o modo de subscrição ou colocação, e o tipo das
debêntures, e sobre a oportunidade da emissão (art. 59, § 4º).
A companhia poderá efetuar mais de uma emissão de debêntures e cada
emissão pode ser dividida em séries. As debêntures da mesma série
conferirão a seus titulares os mesmos direitos, tal como as ações da
mesma classe (cf. arts. 53 e 109, § 1º).
Tal qual as ações, as debêntures são títulos
nominativos, podendo ser documental (com emissão de
certificado) ou escritural. A elas se aplicam as regras
quanto ao registro para efeito de aquisição de
propriedade, transferência e averbação de ônus e
outros.
A época do vencimento da debênture deverá constar da escritura de
emissão — documento obrigatório contendo os direitos conferidos pelas
debêntures, suas garantias e demais cláusulas ou condições (art. 61). A
companhia pode estipular amortizações parciais de cada série, criar
fundos de amortização e reservar-se ao direito de resgate antecipado,
parcial ou total, dos títulos da mesma série. Também é possível que a
escritura de emissão estipule que o vencimento somente ocorra nos
casos de inadimplência da obrigação de pagar juros e dissolução da
companhia, ou de outras condições previstas no título. Dessa forma,
enquanto não se verificar alguma das condições estabelecidas, a
debênture não será resgatada.
Comentário
A debênture poderá assegurar ao seu titular o pagamento de juros, fixos
ou variáveis, participação no lucro da companhia e prêmio de reembolso.
Também é possível conter cláusula de conversibilidade em ações da
companhia emissora, nas condições constantes da escritura de emissão.
Os acionistas terão direito de preferência para subscrever a emissão de
debêntures com cláusula de conversibilidade em ações.
O art. 58 da Lei das S/A prevê que a companhia poderá emitir até 4
espécies de debêntures, observado o que dispuser a escritura de emissão
e a igualdade de direitos entre debenturistas da mesma série. São elas:
a) com garantia real, b) com garantia flutuante, c) debênture simples ou
quirografária ou d) subordinada aos demais credores da companhia.
Em 2020, a Lei nº 14.112 alterou a Lei nº 11.101/2005 e extinguiu as
classes de créditos com privilégio especial e privilégio geral, dispondo
em seu art. 83, § 6º, que os créditos com privilégio especial ou geral em
outras normas integrarão a classe dos créditos quirografários. Com isso,
foi atingida a debênture com garantia flutuante, pois ela, nos termos do
art. 58, § 1º, assegurava privilégio geral sobre o ativo da companhia.
Com a modificação legislativa, o crédito deixou de ser privilegiado e
passou a ser quirografário. Portanto, atualmente, são 3 as espécies de
debêntures.
Debênture com garantia real
Possui bens móveis e/ou imóveis vinculados a seu pagamento, que
devem ser descritos na escritura de emissão.
Debênture simples
Constitui crédito quirografário.
Debênture subordinada
Prefere na ordem de pagamento aos acionistas no ativo remanescente,
se houver; em caso de liquidação da companhia.
A companhia poderá negociar ou não as debêntures no mercado de
valores mobiliários. No primeiro caso, a escritura de emissão de
debêntures deverá indicar o agente fiduciário, que é o representante legal
dos debenturistas perante a companhia emissora (cf. arts. 66 a 70).
Atenção!
As debêntures simples e subordinadas são as que oferecem mais riscos
em caso de impontualidade da companhia, sobretudo em caso de
falência, e por isso devem oferecer vantagens como melhor remuneração
ou prazos de resgate ou vencimento menores.
Dentre os vários deveres que a lei impõe a essa figura, destacam-se os
seguintes:
Proteger os direitos e interesses dos debenturistas, empregando no
exercício da função o cuidado e a diligência que todo homem ativo
e probo costuma empregar na administração de seus próprios
bens.
Elaborar relatório e colocá-lo anualmente à disposição dos
debenturistas, dentro de 4 (quatro) meses do encerramento do
exercício social da companhia,informando os fatos relevantes
ocorridos durante o exercício, relativos à execução das obrigações
assumidas pela companhia, aos bens garantidores das debêntures
e à constituição e aplicação do fundo de amortização, se houver;
do relatório constará, ainda, declaração do agente sobre sua
aptidão para continuar no exercício da função.
Notificar os debenturistas, no prazo máximo de 60 (sessenta) dias,
de qualquer inadimplemento, pela companhia, de obrigações
assumidas na escritura da emissão.
Os titulares de debêntures da mesma emissão ou série podem se reunir
em assembleia especial, a fim de deliberar sobre matéria de interesse da
comunhão dos debenturistas. Nas deliberações da assembleia, a cada
debênture caberá um voto.
Comentário
A assembleia dos debenturistas pode ser convocada pelo agente
fiduciário, pela companhia emissora, por debenturistas que representem
10% (dez por cento), no mínimo, dos títulos em circulação, e pela
Comissão de Valores Mobiliários, caso as debêntures tenham sido
negociadas no mercado. O agente fiduciário deverá comparecer à
assembleia e prestar aos debenturistas as informações que lhe forem
solicitadas (cf. art. 71).
Para aprovação das deliberações, a escritura de emissão estabelecerá a
maioria necessária, que não será inferior à metade das debêntures em
circulação, para aprovar modificação em suas condições.
Bônus de subscrição
São valores mobiliários de emissão exclusiva de sociedades anônimas
de capital autorizado. Trata-se de uma companhia que tem em seu
estatuto uma cláusula que autoriza, até certo limite em valor do capital
ou em número de ações, o aumento do capital sem necessidade de
reforma do estatuto (cf. art 168 da Lei das S/A).
Atenção!
As companhias sem capital autorizado precisam aprovar alteração
estatutária para aumentar o patrimônio, em razão de ser o capital fixo a
regra geral no direito societário. O mesmo procedimento deve adotar a
companhia de capital autorizado quando a autorização estiver esgotada.
A companhia poderá emitir, dentro do limite de aumento de capital
autorizado no estatuto, os bônus de subscrição. É uma forma de a
companhia captar investimentos com a negociação destes títulos no
mercado de valores mobiliários ou em oferta privada sem admitir,
imediatamente, novos acionistas. Alternativamente à alienação dos
bônus, é possível que a companhia os atribua, como vantagem
adicional, aos subscritos de emissões de suas ações ou debêntures. Os
atuais acionistas têm direito de preferência para subscrever os bônus (cf.
os arts. 75 e 77 da Lei nº 6404, de 1976).
Os bônus de subscrição conferirão aos seus titulares, nas condições
constantes do certificado, se emitido, direito de subscrever ações do
capital social, que será exercido mediante apresentação do título à
companhia e pagamento do preço de emissão das ações. Portanto, há
uma promessa da companhia de emitir as novas ações no futuro,
devendo ser indicado previamente ao comprador o número, a espécie e a
classe das ações que poderão ser subscritas, o preço de emissão ou os
critérios para sua determinação, bem como a época em que o direito de
subscrição poderá ser exercido e a data do término do prazo para esse
exercício.
Órgãos da sociedade anônima
Confira no vídeo o que é uma assembleia geral e quais são as suas
principais características.
O órgão deliberativo das companhias é a assembleia geral, formada
pelos acionistas ou por seus procuradores constituídos a menos de 1
(um) ano, conforme o art. 126.
A assembleia geral tem poderes para decidir todos os
negócios relativos ao objeto da companhia, inclusive
aprovar a reforma do estatuto, a extinção da
companhia por fusão com outra ou incorporação de
outra, e tomar as resoluções que julgar convenientes à
sua defesa e desenvolvimento (art. 121).
O art. 122 elenca as matérias de competência privativa da assembleia,
que podem ser ampliadas pelo estatuto, desde que não invada a
competência de outros órgãos. Por exemplo, não pode o estatuto
determinar que a representação judicial ou extrajudicial da companhia
seja feita por ela, pois tal prerrogativa é privativa do(s) diretor(es), de
acordo com o art. 138, § 1º. Conforme o art. 139, as atribuições e
poderes conferidos por lei aos órgãos de administração não podem ser
outorgados a outro órgão, criado por lei ou pelo estatuto.
A assembleia pode ser de dois tipos:
Ordinária
Realizada uma vez por ano, nos primeiros quatro meses seguintes ao
encerramento do exercício social.
Extraordinária
Sem época prevista para ocorrer, desde que haja necessidade de sua
convocação (arts. 131 e 132).
Para a validade das deliberações assembleares, é preciso haver tanto a
convocação quanto a instalação regular, como determina o art. 121. Em
caso de desrespeito, é possível anular a deliberação no prazo de 2 anos
(cf. art. 286). Assim, é muito importante saber:
O art. 123 elenca as pessoas que podem convocar a assembleia. São
elas:
Originariamente, ao conselho de administração, se houver, ou aos
diretores, observado o disposto no estatuto.
Subsidiariamente, o conselho fiscal (art. 163, V).
Qualquer acionista, quando os administradores retardarem, por
mais de 60 (sessenta) dias, a convocação nos casos previstos em
lei ou no estatuto.
Acionistas que representem 5%, no mínimo, do capital social,
quando os administradores não atenderem, no prazo de oito dias,
a pedido de convocação que apresentarem, devidamente
fundamentado, com indicação das matérias a serem tratadas.
Acionistas que representem 5%, no mínimo, do capital votante, ou
5%, no mínimo, dos acionistas sem direito a voto, quando os
Quem pode convocar a
assembleia.
Quais as formalidades de
convocação.
Qual o quórum de instalação.
Qual o quórum de deliberação.
administradores não atenderem, no prazo de oito dias, a pedido de
convocação de assembleia para instalação do conselho fiscal. 
As formalidades de convocação constam no art. 124. Consistem na
publicação de anúncios de convocação (mínimo de 3) contendo, além do
local, data e hora da assembleia, a ordem do dia, e, no caso de reforma
do estatuto, a indicação da matéria com antecedência mínima.
De acordo com o art. 289, os anúncios deverão ser publicados em jornal
de grande circulação e editado na localidade sede da companhia de
forma resumida e com divulgação simultânea da íntegra dos
documentos na página do mesmo jornal na internet. O jornal deverá
providenciar certificação digital da autenticidade dos documentos
mantidos na página própria emitida por autoridade certificadora
credenciada no âmbito da infraestrutura de Chaves Públicas Brasileiras
(ICP-Brasil). Ressalta-se que a companhia fechada que tiver receita bruta
anual de até R$ 78.000.000,00 (setenta e oito milhões de reais) poderá
realizar as publicações de forma eletrônica (art. 294).
Deve ser observada a antecedência mínima para primeira convocação,
na companhia fechada, de 8 dias, no mínimo, contado o prazo da
publicação do primeiro anúncio. Não se realizando a assembleia, será
publicado novo anúncio, de segunda convocação, com antecedência
mínima de 5 dias. Já para a companhia aberta a antecedência é maior
21 dias, para a primeira convocação, e 8 dias para a segunda.
O art. 124, § 2º admite a realização de assembleias digitais (híbrida ou
totalmente digital), tanto para companhias abertas e fechadas. Também
é possível o voto a distância em assembleias presenciais, como prevê o
art. 121, parágrafo único.
Há casos em que as regras acima são flexibilizadas, como nas
companhias fechadas. O acionista que representar 5%, ou mais, do
capital social, será convocado por telegrama ou carta registrada,
expedidos com a antecedência prevista para os anúncios, desde que o
tenha solicitado, por escrito, à companhia, com a indicação do endereço
completo e do prazo de vigência do pedido, não superior a 2 exercícios
sociais, e renovável. Todavia, essa convocação particular não dispensa a
publicação dos anúncios (art. 124, § 3º).Prevê o art. 124, § 4º, que, independentemente das formalidades legais,
será considerada regular a assembleia geral a que comparecerem todos
os acionistas.
Atenção!
A assembleia somente poderá deliberar sobre a ordem do dia se for
atingido o quórum de instalação. Regra geral, este quórum está
relacionado à presença de acionistas que representem, no mínimo, 1/4
(um quarto) do total de votos conferidos pelas ações com direito a voto
e, em segunda convocação, a instalação se dá com qualquer número de
presentes. A assembleia geral extraordinária que tiver por objeto a
reforma do estatuto tem quórum especial de instalação apenas na
primeira convocação — é necessária a presença de acionistas que
representem, no mínimo, 2/3 (dois terços) do total de votos conferidos
pelas ações com direito a voto (art. 135).
Cabe observar o direito dos acionistas preferenciais cujas ações não
tenham direito a voto de comparecer à assembleia geral e discutir a
matéria submetida à deliberação. Por isso, não lhes pode ser negado o
acesso à assembleia nem a vedação de manifestação.
Na sociedade anônima, em regra, adota-se o quórum de maioria simples,
ou seja, maioria dos votos dos acionistas presentes na assembleia (art.
129). Dispõe o art. 129, § 2º, que, no caso de empate, se o estatuto não
estabelecer procedimento de arbitragem e não contiver norma diversa,
nova assembleia será convocada, com intervalo mínimo de 2 (dois)
meses, para votar a deliberação; se permanecer o empate e os acionistas
não concordarem em cometer a decisão a um terceiro, caberá ao Poder
Judiciário decidir, no interesse da companhia.
Para a aprovação das matérias previstas nos arts. 136, 136-A e 221, é
preciso ser atingido o quórum qualificado — metade, no mínimo, do total
de votos conferidos pelas ações com direito a voto, se maior quórum não
for exigido pelo estatuto da companhia cujas ações não estejam
admitidas à negociação em bolsa ou no mercado de balcão para
deliberação.
Outros órgãos da sociedade
anônima
Conselho de administração e
diretoria
Dispõe o art. 138 da Lei das S/A que a administração da companhia
competirá, conforme dispuser o estatuto, ao conselho de administração
e à diretoria, ou somente à diretoria, sendo os administradores sempre
pessoas naturais (art. 146). A disposição estatutária deverá se coadunar
com os arts. 138, § 2º, da Lei das S/A e com os arts. 7º e 13 da Lei nº
13.303/2016, que tratam das empresas públicas e sociedade de
economia mista. Nestas entidades, bem como nas companhias abertas
e de capital autorizado, é obrigatório o funcionamento do conselho de
administração. Portanto, nestas companhias haverá dois órgãos — a
diretoria e o conselho de administração; nas demais, é facultativo o
funcionamento do conselho de administração.
O conselho de administração é órgão de deliberação colegiada, sendo
composto por, no mínimo, 3 membros, eleitos pela assembleia geral e
por ela destituíveis a qualquer tempo (art. 140). Cabe ao estatuto fixar o
número de conselheiros de modo fixo ou variável, observado apenas o
mínimo legal. Nas empresas públicas e sociedade de economia mista
deve ser observado o número mínimo de 7 e o número máximo de 11
membros (art. 13, I, da Lei nº 13.303/2016).
Atenção!
O prazo de gestão de cada conselheiro não poderá ser superior a 3 anos,
permitida a reeleição. Nas empresas públicas e sociedade de economia
mista o prazo é menor (não superior a 2 anos) e deve ser unificado com
o dos diretores, sendo permitidas, no máximo, 3 reconduções
consecutivas (art. 13, VI).
O art. 140, § 1º, prevê que o estatuto poderá permitir a participação no
conselho de representantes dos empregados, escolhidos pelo voto
destes, em eleição direta, organizada pela empresa, em conjunto com as
entidades sindicais que os representam (art. 140, § 1º).
Na eleição para o conselho de administração pode ser adotado o
sistema do voto múltiplo, que consiste em atribuir a cada ação o número
de votos correspondente ao número de cargos a serem preenchidos,
reconhecido ao acionista o direito de cumular os votos em um só
candidato ou distribuí-los entre vários. (cf. art. 141 da Lei das S/A).
O art. 142 elenca as matérias de competência privativa do conselho de
administração:
 I - Fixar a orientação geral dos negócios da
companhia.
 II - Eleger e destituir os diretores da companhia e
fixar-lhes as atribuições, observado o que a respeito
dispuser o estatuto.
 III - Fiscalizar a gestão dos diretores, examinar, a
qualquer tempo, os livros e papéis da companhia,
solicitar informações sobre contratos celebrados ou
em via de celebração, e quaisquer outros atos.
 IV - Convocar a assembleia geral quando julgar
conveniente e, obrigatoriamente, a assembleia geral
ordinária.
 V - Manifestar-se sobre o relatório da administração
e as contas da diretoria.
A diretoria é órgão obrigatório em toda companhia, competindo a
qualquer diretor a sua representação da companhia e a prática dos atos
necessários ao seu funcionamento regular, mas o estatuto pode
estabelecer a atuação conjuntiva ou colegiada. Além disso, é lícito aos
diretores constituir mandatários da companhia, nos limites de suas
atribuições e poderes, devendo ser especificados no instrumento os atos
ou operações que poderão praticar e a duração do mandato, que, no
caso de mandado judicial, poderá ser por prazo indeterminado (art. 144).
A diretoria é composta por 1 ou mais membros, eleitos e destituíveis a
qualquer tempo pelo conselho de administração ou, se inexistente, pela
assembleia geral. Nas empresas públicas e sociedades de economia
mista o número mínimo é de 3 diretores, conforme o art. 13, II, da Lei nº
13.303/2016.
 VI - Manifestar-se previamente sobre atos ou
contratos, quando o estatuto assim o exigir.
 VII - Deliberar, quando autorizado pelo estatuto,
sobre a emissão de ações ou de bônus de
subscrição.
 VIII - Autorizar, se o estatuto não dispuser em
contrário, a alienação de bens do ativo não
circulante, a constituição de ônus reais e a
prestação de garantias a obrigações de terceiros.
 IX - Escolher e destituir os auditores independentes,
se houver.
O prazo de gestão segue a mesma regra para os membros do conselho
de administração, ou seja, não será superior a 3 anos, permitida a
reeleição.
Relembrando
Nas empresas públicas e sociedades de economia mista, o prazo de
gestão é unificado e menor.
Os membros do conselho de administração, até o máximo de 1/3 (um
terço), poderão ser eleitos para cargos de diretores (art. 143, § 1º).
Contudo, é vedada, nas companhias abertas, a acumulação do cargo de
presidente do conselho de administração com o cargo de diretor-
presidente (art. 138, § 3º).
Conselho �scal
Na sociedade anônima, este órgão tem uma peculiaridade em relação a
outros órgãos sociais — deve estar previsto no estatuto, mas seu
funcionamento pode não ser permanente (art. 161). Nas empresas
públicas e sociedades de economia mista o órgão é permanente (art. 13,
IV, da Lei nº 13.303/16).
A função do conselho fiscal está associada ao controle da atuação dos
administradores, pois ao órgão cumpre fiscalizar permanentemente a
gestão da sociedade e o exame de livros e documentos contábeis com
parecer. Com isso, o conselho fiscal alerta e ajuda os sócios na detecção
de eventuais irregularidades e no acompanhamento da situação
financeira e patrimonial da sociedade, mas não pode aplicar punição aos
administradores, pois entraria na competência da assembleia geral ou
do conselho de administração, em relação aos diretores.
Quando o funcionamento não for permanente, a instalação do conselho
fiscal ocorre a pedido de acionistas que representem, no mínimo, 0,1 (um
décimo) das ações com direito a voto, ou 5% das ações sem direito a
voto. Cada período de seu funcionamento terminará na primeira
assembleia geral ordinária após a sua instalação. Nesta assembleia o
conselho pode ter seu funcionamento mantido ou não. Se for mantido, o
mandato é sempre até apróxima AGO (art. 161, §§ 2º e 6º). Nas
empresas públicas e sociedade de economia mista, o prazo de gestão
não pode ser superior a 2 anos, permitidas 2 reconduções consecutivas
(art. 13, VIII, da Lei nº 13.303/16).
Comentário
O conselho fiscal é composto de, no mínimo, 3 (três) e, no máximo, 5
(cinco) membros, e suplentes em igual número, acionistas ou não, eleitos
pela assembleia geral. No caso de empresas públicas e sociedades de
economia mista, em razão do controle estatal, o Conselho fiscal contará
com pelo menos 1 (um) membro indicado pelo ente controlador, que
deverá ser servidor público com vínculo permanente com a
administração pública (art. 26, § 2º, da Lei nº 13.303/2016).
O art. 161, § 4º, estabelece a composição do conselho fiscal, que deverá
assegurar a representação dos acionistas minoritários, com ou sem
direito a voto. Os titulares de ações preferenciais sem direito a voto, ou
com voto restrito, terão direito de eleger, em votação separada, 1 membro
e respectivo suplente; igual direito terão os acionistas minoritários, desde
que representem, em conjunto, 10% ou mais das ações com direito a
voto. Os demais acionistas com direito a voto poderão eleger os
membros efetivos e suplentes que, em qualquer caso, serão em número
igual ao dos eleitos pelos dois grupos anteriores mais 1 (elegerão 3
membros).
Atenção!
A função de membro do conselho fiscal é indelegável e somente podem
ser eleitas pessoas naturais, residentes no país, diplomadas em curso de
nível universitário, ou que tenham exercido por prazo mínimo de 3 anos
cargo de administrador de empresa ou de conselheiro fiscal (art. 162).
No caso de empresa pública e sociedade de economia mista, os
requisitos estão previstos no art. 26, § 1º, da Lei nº 13.303/201.
O art. 163 descreve as atribuições privativas do conselho fiscal, sendo
que algumas delas podem ser desempenhadas individualmente, como:
Fiscalizar os atos dos administradores e verificar o cumprimento
dos seus deveres legais e estatutários.
Denunciar aos órgãos de administração e, se estes não tomarem
as providências necessárias para a proteção dos interesses da
companhia, à assembleia geral, os erros, fraudes ou crimes que
descobrirem, e sugerir providências úteis à companhia.
Há atribuições que dependem de atuação colegiada, como:
Opinar sobre o relatório anual da administração.
Opinar sobre as propostas dos órgãos da administração, a serem
submetidas à assembleia geral, relativas à modificação do capital
social, emissão de debêntures ou bônus de subscrição, planos de
investimento ou orçamentos de capital, distribuição de dividendos,
transformação, incorporação, fusão ou cisão.
Analisar, ao menos trimestralmente, o balancete e demais
demonstrações financeiras elaboradas periodicamente pela
companhia.
Examinar e opinar sobre as demonstrações financeiras do exercício
social.
Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
O presidente do conselho de administração de uma companhia
aberta convocou os acionistas para a assembleia geral ordinária.
Foram publicados três anúncios para a primeira convocação, sendo
o primeiro com quinze dias de antecedência da data marcada.
Considerando estes dados, assinale a única alternativa correta.
A
A convocação para a assembleia geral ordinária não
foi regular porque não respeitou o mínimo de trinta
dias de antecedência da publicação do primeiro
anúncio.
Parabéns! A alternativa C está correta.
Com base no art. 124, § 1º, II, da Lei nº 6.404/76, a publicação do
primeiro anúncio ocorreu com menos de 21 dias de antecedência,
logo são falsas as alternativas B e D. As alternativas A e E são
falsas por apresentarem justificativas equivocadas para a
irregularidade da convocação.
Questão 2
Você compreendeu que nas sociedades de economia mista e nas
empresas públicas que adotarem o tipo de sociedade anônima a
composição do conselho de administração é diferente das demais
companhias quanto à quantidade mínima de membros. Sobre este
tema, assinale a única alternativa correta.
B
A convocação para a assembleia geral ordinária foi
regular porque respeitou o mínimo de quinze dias de
antecedência da publicação do primeiro anúncio.
C
A convocação para a assembleia geral ordinária não
foi regular porque não respeitou o mínimo de vinte e
um dias de antecedência da publicação do primeiro
anúncio.
D
A convocação para a assembleia geral ordinária foi
regular, tendo sido realizada pelo presidente do
conselho de administração e com publicação prévia
de três anúncios.
E
A convocação para a assembleia geral ordinária não
foi regular porque não respeitou o mínimo de cinco
publicações do anúncio de convocação.
A
Nas companhias em geral, o mínimo de membros do
conselho de administração é de três, enquanto nas
Parabéns! A alternativa A está correta.
Com base no art. 13, I, da Lei nº 13.303/2016 (mínimo de 7
membros), e no art. 140, caput, da Lei nº 6.404/76 (mínimo de 3
membros). As demais alternativas são falsas.
sociedades de economia mista e empresas públicas
o mínimo é de sete.
B
Nas companhias em geral, o mínimo de membros do
conselho de administração é de quatro, enquanto
nas sociedades de economia mista e empresas
públicas o mínimo é de cinco.
C
Nas companhias em geral, o mínimo de membros do
conselho de administração é de dois, enquanto nas
sociedades de economia mista e empresas públicas
o mínimo é de três.
D
Nas companhias em geral, o mínimo de membros do
conselho de administração é de sete, enquanto nas
sociedades de economia mista e empresas públicas
o mínimo é de onze.
E
Nas companhias em geral, o mínimo de membros do
conselho de administração é de cinco, enquanto nas
sociedades de economia mista e empresas públicas
o mínimo é de quinze.
3 - Sociedade em comandita por ações
Ao �nal deste módulo, você será capaz de reconhecer a legislação aplicável
à sociedade em comandita por ações e suas peculiaridades.
Origem e legislação da
sociedade em comandita por
ações
Contexto histórico-legal
Confira no vídeo o contexto histórico e a disciplina legal da sociedade
em comandita por ações.
Em todas as legislações anteriores, e na atual, a sociedade em
comandita por ações sempre esteve atrelada à sociedade anônima,
determinando a legislação à aplicação subsidiária e, no que couber, das
disposições deste tipo. Nesse sentido dispunha o art. 280 da Lei nº
6.404/76: “A sociedade em comandita por ações [...] reger-se-á pelas
normas relativas às companhias ou sociedades anônimas, sem prejuízo
das modificações constantes deste capítulo”.
Em razão dessa disposição, não haveria necessidade de regramento no
Código Civil para a sociedade em comandita por ações, mas o legislador,
ainda assim, dedicou a ele um capítulo próprio (Capítulo VI, arts. 1.090 a
1.092). No art. 1.090 é repetida a redação do art. 280, porém com
referência ao capítulo do Código: “A sociedade em comandita [...]
regendo-se pelas normas relativas à sociedade anônima, sem prejuízo
das modificações constantes deste capítulo [...].”
As disposições do Código Civil são bastante semelhantes com as da Lei
das S/A (arts. 280 a 283), com alterações pontuais, com exceção do art.
284, sem correspondência no Código. Em razão da disposição contida
no art. 2º, § 1º, da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro
(Decreto-lei nº 4.657/42), a lei posterior revoga tacitamente a anterior
quando com ela for incompatível. Essa é a hipótese que ocorre, pois o
Código Civil, Lei nº 10.406/2002, é posterior à Lei nº 6.404/76 e trata da
sociedade em comandita por ações, reproduzindo as características que
estavam na Lei das S/A.
Atenção!
Não é possível a coexistência de normas sobre o mesmo tipo societário
em leis distintas, tratando do mesmo tema (ex.: responsabilidade dos
sócios, administração, nome empresarial), por isso houve revogação
tácita.
Nota-se que o art. 1.190 determinou a aplicação da Lei das S/A à
comandita por ações,“sem prejuízo das modificações deste capítulo”, ou
seja, os arts. 280 a 283 estão tacitamente revogados pelo Código Civil, já
que seu conteúdo passou a ser regulado por este diploma.
Características da sociedade
em comandita por ações
Seus elementos
Confira no vídeo as principais características da sociedade em
comandita por ações.
A principal característica da sociedade em comandita simples é a
existência de duas categorias de sócios, com responsabilidades distintas
pelas obrigações sociais, veja:
Acionista não administrador
É aquele cuja responsabilidade pelas obrigações sociais é idêntica à do
acionista da sociedade anônima, ou seja, limitada e não solidária pelo
preço de emissão das ações subscritas ou adquiridas.
Acionista administrador
É aquele denominado diretor, que responde subsidiária e ilimitadamente
pelas obrigações da sociedade (art. 1.091, caput).
Ao contrário da sociedade em comandita simples, na sociedade em
comandita por ações a responsabilidade ilimitada não está atrelada a
uma categoria de sócio (comanditado) e sim ao exercício da
administração da sociedade e apenas durante o tempo de duração dela,
que é por tempo indeterminado (art. 1.091, § 2º).
Além da responsabilidade dos sócios, o Código Civil apresenta outras
características da sociedade, a maior parte associada à administração.
São elas:
O capital social é dividido em ações, tal qual a sociedade anônima.
Por esta razão, a sociedade é denominada “comandita por ações”,
sendo sempre uma sociedade empresária independentemente do
objeto (art. 982, parágrafo único, do Código Civil).
O nome empresarial pode ser da espécie firma ou denominação, de
acordo com o caput do art. 1.090. Em complemento, o art. 1.161 do
Código Civil determina a obrigatoriedade da expressão “comandita
por ações” e a dispensa da indicação do objeto no nome
empresarial. Em observância ao art. 1.157, a firma somente poderá
ser integrada pelo nome patronímico do sócio de responsabilidade
ilimitada, ou seja, o acionista diretor. Caso haja mais de um,
qualquer deles pode integrar a firma. Em razão da existência de
acionistas com responsabilidade limitada – aqueles que não são
diretores, é obrigatório o aditivo & Companhia ou sua forma
abreviada & Cia. Exemplos: Torres & Cia, Comandita por Ações ou
Torres, Cunha & Cia, Comandita por Ações.
A administração da sociedade somente pode ser atribuída a
acionista, pois dela decorre a responsabilidade ilimitada e
subsidiária; sendo mais de um diretor, há solidariedade entre eles
(art. 1.091, § 1º).
Os diretores não podem ser designados em ato separado, devendo
a nomeação ser feita no estatuto (ato constitutivo da sociedade).
Diferentemente da sociedade anônima, há um quórum qualificado
de deliberação para a destituição dos diretores, ou seja, no mínimo
dois terços do capital social (art. 1.091, § 2º).
O diretor destituído e aquele que se exonerou do cargo continua,
durante dois anos, responsável ilimitada e subsidiariamente pelas
obrigações contraídas sob sua administração (art. 1.091, § 3º).
Também em razão da responsabilidade ilimitada dos diretores, a
assembleia geral não pode, sem o consentimento deles, mudar o
objeto essencial da sociedade, prorrogar-lhe o prazo de duração,
aumentar ou diminuir o capital social, criar debêntures ou partes
beneficiárias (art. 1.092).
Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
Ao estudar a disciplina legal da sociedade em comandita por ações,
você verificou que nem todos os artigos da Lei das S/A do capítulo
próprio da sociedade em comandita por ações foram reproduzidos
no Código Civil. Acerca do art. 284, cujo conteúdo permanece
apenas na Lei das S/A, assinale a única alternativa que indica
instituto das sociedades anônimas que não se aplica à sociedade
em comandita por ações.
Parabéns! A alternativa D está correta.
Alternativa fundamentada no art. 284 da Lei nº 6.404/76, que ainda
está em vigor em razão de não ser reproduzido ou ter seu conteúdo
previsto nas disposições do Código Civil sobre a sociedade em
comandita por ações. As demais alternativas são falsas por estarem
em desacordo com esse dispositivo.
Questão 2
Ao estudar a introdução da sociedade em comandita por ações no
direito brasileiro, você aprendeu que, originariamente, o capital
social era dividido em ações apenas para representar a contribuição
dos sócios comanditários. A participação dos sócios comanditados
era dividida em quotas, sem prejuízo da possibilidade de eles
adquirirem ou subscreverem ações. Tal dualidade, quotas para os
comanditados e ações para os comanditários, foi encerrada com
A Ações preferenciais
B Conselho fiscal
C Acordo de acionistas
D Voto plural
E Debênture
A o Decreto-lei nº 2.627/1940.
B a Lei nº 6.404/76.
Parabéns! A alternativa A está correta.
Somente com o Decreto-lei nº 2.627/40 que todo o capital passou a
ser dividido em ações. As demais alternativas são falsas por
indicarem diplomas legais que não alteraram a sistemática anterior
quanto à divisão do capital da sociedade em comandita por ações.
Considerações �nais
Você aprendeu as características da sociedade anônima, com destaque
para a ausência de solidariedade dos acionistas pela integralização do
capital e a natureza de sociedade empresária qualquer que seja seu
objeto.
Viu ainda as regras de formação da denominação (nome empresarial) e
o critério de distinção entre companhia aberta e fechada. Na sequência,
analisou o processo de constituição, com as formalidades preliminares,
a subscrição pública e a particular do capital, a constituição
propriamente dita e as formalidades complementares.
Você obteve noções básicas sobre os valores mobiliários, a competência
da Comissão de Valores Mobiliário para regular este mercado e as
principais disposições legais sobre as ações, as debêntures e os bônus
de subscrição. Além disso, compreendeu a estrutura organizacional das
companhias, composta pela assembleia geral, diretoria e conselho fiscal
e, quando exigível, o conselho de administração.
Você também pôde verificar que as sociedades em comandita por ações
seguem as disposições aplicáveis às companhias, com poucas
C o Código Comercial de 1850.
D o Código Civil de 1916.
E o Código Civil de 2002.
peculiaridades, sendo a maioria relacionada à administração da
sociedade. Destaca-se a responsabilidade ilimitada dos acionistas
diretores enquanto estiverem no cargo, sua nomeação sem limite de
tempo e o poder de vetar a aprovação de certas deliberações pela
assembleia geral.
Podcast
Ouça um resumo sobre a sociedade anônima e suas características,
sobre valores mobiliários e sua constituição, direitos e obrigações dos
acionistas, bem como legislação aplicável à sociedade em comandita
por ações.

Explore +
Confira as indicações que separamos especialmente para você!
Para saber mais sobre a composição da denominação da sociedade
anônima e sobre os critérios para verificação de identidade ou
semelhança entre denominações, leia as Seções III e IV do Capítulo I,
Título II (Da Execução dos Serviços de Registro Público de Empresas) da
Instrução Normativa DREI nº 81, em vigor desde 1° de julho de 2020.
Confira as regras fixadas pela CVM para as companhias abertas. A CVM
disciplina atualmente a matéria na Resolução nº 81, de 29 de março de
2022.
Referências
ALMEIDA, A. P. Manual das Sociedades Comerciais: Direito de Empresa.
22. ed. São Paulo: Saraiva, 2018.
BERTOLDI, M. M.; RIBEIRO, M. C. P. Curso avançado de Direito Comercial.
11. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2020.
BORBA. J. E. T. Direito Societário. 19. ed. São Paulo: Atlas, 2022.
CAMPINHO, S. Curso de Direito Comercial: Sociedade anônima. 6. ed.
São Paulo: Saraiva, 2022.
COELHO, F. U. Novo manual de Direito Comercial. 31. ed. São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2020.
GONÇALVES NETO, A. A. Manual das companhias ou sociedades
anônimas. 2. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2010.
NEGRÃO, R. Curso deDireito Comercial e de Empresa. v. 1 - Teoria Geral
da Empresa e Direito Societário. 15. ed. São Paulo: Saraiva, 2019.
TEIXEIRA, T. Direito empresarial sistematizado. 8. ed. São Paulo:
Saraiva, 2019.
TOMAZETTE, M. Curso de Direito Empresarial. v. 1 - Teoria Geral e
Direito Societário. 11. ed. São Paulo: Saraiva, 2020.
Material para download
Clique no botão abaixo para fazer o download do
conteúdo completo em formato PDF.
Download material
O que você achou do conteúdo?
javascript:CriaPDF()
Relatar problema

Outros materiais