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Direito Urbanistico e Ambiental

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09/11/2023, 14:02 Ead.br
https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=TA2ebjwfI%2b8jnSuN0JlqsQ%3d%3d&l=JKZqsX5k%2bJYY1cFJjPQqKQ%3d%3d&cd=G7… 1/31
DIREITO URBANÍSTICO EDIREITO URBANÍSTICO E
AMBIENTALAMBIENTAL
MEIO AMBIENTEMEIO AMBIENTE
SUSTENTÁVEL E SUASSUSTENTÁVEL E SUAS
CLASSIFICAÇÕESCLASSIFICAÇÕES
Autor: Me. Thiago Cesar Giazzi
Revisor : Fabio R . Barre ira
IN IC IAR
09/11/2023, 14:02 Ead.br
https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=TA2ebjwfI%2b8jnSuN0JlqsQ%3d%3d&l=JKZqsX5k%2bJYY1cFJjPQqKQ%3d%3d&cd=G7… 2/31
introdução
Introdução
A humanidade enquanto agrupamento de sujeitos individuais está inserida
em um contexto ambiental, em que são realizadas interações entre a própria
humanidade e o ambiente e entre o ambiente consigo mesmo, dado a vasta
diversidade encontrada na natureza. O direito enquanto padrão e regramento
de normas destinadas à tutela de bens e interesses juridicamente relevantes
incide sobre esse meio de contextualização ambiental, possuindo
características próprias, princípios próprios e um conjunto de políticas
especí�cas, assumindo condição de matéria autônoma de Direito: o Direito
Ambiental.
Objetivando o reconhecimento dos conceitos de meio ambiente, sua
aplicação na função socioambiental da propriedade e seu objeto de tutela
enquanto um equilíbrio sustentável, apresenta-se o presente material de
estudo, construído sob método dedutivo e por abordagem de revisão
bibliográ�ca, legal e jurisprudencial.
09/11/2023, 14:02 Ead.br
https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=TA2ebjwfI%2b8jnSuN0JlqsQ%3d%3d&l=JKZqsX5k%2bJYY1cFJjPQqKQ%3d%3d&cd=G7… 3/31
Quando diante da tentativa de investigação de um novo conceito, de alcançar
o conteúdo signi�cativo de um objeto de estudo, em se tratando de ambiente
acadêmico, é comum a tentativa de iniciar pela busca do signi�cado
etimológico dos termos utilizados e, posteriormente, investigar as razões das
diversas interpretações que surgem do estudo do objeto conceituado.
Em se tratando de “meio ambiente”, temos dois verbetes a serem de�nidos:
“meio” e “ambiente”. Este é o primeiro momento que traz certa confusão para
o estabelecimento do objeto de tutela do Direito Ambiental, pois a palavra
“meio” e a palavra “ambiente” possuem signi�cados semelhantes. Ambos
dizem respeito ao “entorno”, aquilo que circunda algo, o lugar de situação de
algo. Poderia ser dito que uma pessoa está inserida em um meio, que está
inserida em determinado entorno, que está localizada em um ambiente,
sendo todas as expressões com signi�cados semelhantes: a pessoa está em
determinado lugar (RODRIGUES, 2019).
Interessante que ao juntar ambos verbetes, a semântica da expressão “meio
ambiente” parece ser alterada para algo mais abrangente e inter-relacional.
Não se trata apenas de um ambiente, ou local ou um recinto, mas passa a
Conceito JurídicoConceito Jurídico
de Meio Ambientede Meio Ambiente
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dizer respeito à um ambiente que está em relação consigo mesmo em razão
de corresponder a um conjunto de relações existentes que compartilham o
mesmo meio, constituindo um ambiente complexo. Em primeiro momento,
seria correto entender que “meio ambiente” é uma entidade nova e
autônoma, formada pela interação de seus compostos.
O Ordenamento Jurídico brasileiro possui um recorte legal para o
estabelecimento de um conceito de “meio ambiente”. Disposto na Lei n.
6.938/1981, totalmente recepcionada pela Constituição Federal de 1988,
dispõe o Art. 3º, inciso I, o conceito de meio ambiente: “Art. 3° - Para os �ns
previstos nesta Lei, entende-se por: I - meio ambiente, o conjunto de
condições, leis, in�uências e interações de ordem física, química e biológica,
que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas” (BRASIL, 1988, on-
line ).
O conceito legal de “meio ambiente” repete a semântica de não restringir o
conceito a um único lugar, mas tornar o mesmo amplo, com potencialidade
de ser encarado além de estabelecimentos de fronteiras, alcançando
qualquer lugar que tenha alguma função para a sustentabilidade da vida.
Apresenta a necessidade de haver um conjunto de relações físicas, químicas e
biológicas inter-relacionando-se de alguma forma equilibrada, apresentando
fatores componentes do meio ambiente que podem ser não vivos, como
exemplo os fatos temperatura, pressão, existência de água líquida, existência
de minerais formadores de solo que suporte peso e possibilite cultivo de
plantas, existência de oxigênio para respiração, existência de nitrogênio e gás
carbônico para regulação de respiração dos animais vivos, umidade, entre
tantos outros (SIRVINSKAS, 2018). Note-se que a interação se mostra tão
simbiótica que para a descrição do elemento não vivo, abiótico, já são
relacionados alguns elementos vivos, bióticos, como as plantas e animais
aeróbicos (respirantes).
De mesmo modo, para os efeitos do conceito legal, in�uenciado por um
motivo antropocentrista próprio da construção do Direito Ambiental, há a
necessidade de vida, seja esta visível (vertebrados, invertebrados, insetos,
fungos, plantas, peixes etc.) ou invisível (vírus, bactérias, insetos
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microscópicos etc.), reconhecida que a vida humana tem uma posição de
destaque dentre as demais.
Conforme o recorte de estudo que se faça ao meio ambiente, um novo meio
ambiente se proporciona. Em visualização exempli�cativa que obedeça a um
afastamento do recorte, pode-se visualizar um meio ambiente em uma pedra
submersa, possuindo elementos abióticos (a pedra, a água, a pressão, a
temperatura, a mecânica da correnteza etc.), elementos bióticos (as algas que
se a�xam na pedra, as bactérias, os pequenos peixes que a utilizam como
abrigo, os grandes peixes que eventualmente passam pela localização para
alimentar-se etc.). Existe todo um conjunto de interações entre fatores
bióticos e abióticos que fazem a pedra ser considerada um meio ambiente. Se
expandir a lente de recorte, tem-se um meio ambiente maior, o rio. Se
expandir, tem-se a bacia hidrográ�ca. Se expandir, incluem-se os elementos
do solo que estão próximos ao rio dispensando-lhe detritos. Se expandir, os
elementos de solo. Se expandir, a região com seu próprio bioma. Se expandir,
o continente, o hemisfério, o planeta.
Todos os momentos de observação revelam interações para a regência, o
abrigo e a manutenção de todas as formas de vida, sendo todos vários e
também um único meio ambiente.
Dessa forma:
[...] proteger o meio ambiente signi�ca proteger o espaço, o lugar, o
recinto, que abriga, que permite e que conserva todas as formas de
vida. Entretanto, esse espaço não é algo simples, senão porque é
resultante da combinação, da relação e da interação de diversos
fatores que nele se situam e que o formam: os elementos bióticos e
abióticos (RODRIGUES, 2019, p. 64).
O legislador ao dispor no Art. 3º, I da Lei n. 6038/1981 o conceito de meio
ambiente o fez muito abrangente, abusando dos elementos de abstração e
amplitude, fazendo necessário a investigação quanto às �nalidades de tutela
deste conceito jurídico (BRASIL, 1981, on-line).
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É possível identi�car uma �nalidade de proteção a todas as formas de vida e
seus contextos de abrigo e regência. A esta �nalidade é possível denominá-la
de aspecto teleológico do meio ambiente, a�rmando sua característica
biocêntrica, ou seja, de protagonismo de toda a forma de vida (TRENNEPOHL,
2020).
Ao identi�car o restante do Art. 3º, I, demonstra-se a tutela à manutenção de
existência dos fatos que promovem a �nalidade da vida, com isso o aspecto
ontológicoda tutela do meio ambiente está na proteção do conjunto de
condições, leis, in�uências e interações de ordem biótica ou abiótica,
demonstrando um per�l ecocêntrico (BRASIL, 1981, on-line).
Neste sentido:
[...] do texto de lei, bem se vê que o conceito normativo de meio
ambiente é teleologicamente biocêntrico (permite, abriga e rege a
vida em todas as suas formas), mas ontologicamente ecocêntrico (o
conjunto de condições, leis, in�uências e interações de ordem
química, física e biológica) (BENJAMIN, 1998, p. 48).
A fala revela uma crítica ao antigo paradigma do Direito Ambiental, vez que
este inicialmente era desenhado como construção da proteção humana e do
patrimônio humano, estando a proteção dos elementos do meio ambiente
como objetivos mediatos, mas da vida humana e de seu patrimônio de forma
imediata. Tal visão de direito ambiental, chamada de antropocêntrica,
acabava por excluir a pessoa humana do próprio meio ambiente em que se
incluía, como se o meio estivesse como mais um patrimônio com �nalidade
de atender às vontades humanas e não em limitá-las (RODRIGUES, 2019).
O conceito da legislação brasileira em vigência integra a pessoa humana ao
seu meio ambiente, não realizando separação ou garantindo uma
subserviência do segundo ao primeiro, mas integrando-o nas relações que
devem possuir equilíbrio e sustentabilidade para a garantia de condições de
manutenção e desenvolvimento de todos os tipos de vida, uma visão
adequada ao paradigma ecocêntrico atual (FIORILLO, 2018).
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Com essa integração, trazendo para o meio ambiente também as atividades
humanas, apresenta-se um elemento ativo, imprevisível, que foge aos
determinismos das demais espécies vivas, em razão da capacidade racional e
da qualidade de sujeito desejante: a pessoa humana.
Os elementos criados e alterados pela vontade humana ou por consequência
desta também integram ao meio ambiente, pois os acréscimos de elementos
não nativos, inseridos de forma arti�cial, alteram o equilíbrio já existente e
iniciam um ciclo de novas interações. Em razão das demais espécies vivas
permanecerem em uma constante, em um determinismo biológico, exceto a
espécie humana em razão de sua motriz desejante, aquelas atividades
geradas a partir da vontade humana são tratadas como inserções arti�ciais ao
meio ambiente.
praticar
Vamos Praticar
A Lei de Política Nacional do Meio Ambiente, Lei n. 6.938/1981, dispõe, entre outras
matérias, dos conceitos legais dos objetos de tutela do direito ambiental no Brasil.
Dessa forma, apresenta o Meio Ambiente como o conjunto de condições, leis,
in�uências e interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga,
rege a vida em todas as suas formas.
BRASIL. Lei n. 6.938, de 31 de agosto de 1981. Dispõe sobre a Política Nacional do
Meio Ambiente e dá outras Providências. Diário O�cial da União , Brasília, 2 set.
1981. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L6938compilada.htm
. Acesso em: 5 mar. 2020.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L6938compilada.htm
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Acerca do conceito de Meio Ambiente para a proteção ambiental, assinale a
alternativa que representa apenas formas análogas ao conceito legal sobre o Meio
Ambiente.
a) É o conjunto de fatores mecânicos, físicos e culturais que, unidos pelo
acaso, fez nascer toda a vida terrestre.
b) São todos os elementos de vida existentes no globo terrestre unidos pelo
equilíbrio ambiental.
c) Integram ao meio ambiente elementos sem vida e vivos, tais como
temperatura adequada, água em todos os estados, animais, micro-
organismos, insetos.
d) São todos os aspectos abióticos do globo terrestre, pois a vida precede a
manifestação humana.
e) Diz respeito ao meio ambiente natural, arti�cial, cultural, histórico,
patrimonial e do trabalho.
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Ao analisar o conceito de meio ambiente para o Direito Ambiental brasileiro,
tem-se que é o conjunto de interações de fatores bióticos e abióticos que
possibilitam e regem a vida em todas as suas formas. Em integrar a vida
humana, sendo a única reconhecidamente capaz de fugir do determinismo
natural em razão de sua natureza imperfeita e desejante, a �nalidade
biocêntrica do meio ambiente, aponta-se que os produtos humanos
integrarão de alguma forma o meio ambiente, pois produzirão novas
interrelações bióticas e abióticas.
O desdobramento de estudos sobre os elementos natural e arti�cial do meio
ambiente integra o próprio estudo da conceituação de meio ambiente, pois
acrescenta substratos para a delimitação do objeto de tutela do Direito
Ambiental.
Apesar da interpretação comum de meio ambiente levar o pensamento às
estruturas e elementos naturais, encontrados na natureza, relacionados à
ecologia, também apresentam-se integrantes do meio ambiente os elementos
Meio AmbienteMeio Ambiente
Natural e MeioNatural e Meio
Ambiente Arti�cialAmbiente Arti�cial
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arti�ciais, criados a partir da vontade humana ou por interferência desta
(FIORILLO, 2018).
É possível denominar ambas categorias como componentes ambientais ou
recursos ambientais, pois compõem a estrutura do próprio meio ambiente.
Seriam exemplos de componentes naturais o solo, o ar, a fauna, a �ora, a
água, entre outros. De modo equivalente, seriam exemplos de componentes
arti�ciais as praças, as ruas, as construções, os bens culturais arti�ciais, entre
outras tantas (RODRIGUES, 2019).
Seria o componente arti�cial do meio ambiente, sinônimo das expressões
“ecossistema social” e de “meio ambiente arti�cial”, aquela alteração realizada
na natureza pela vontade ou em consequência da vontade humana, para
adequação da atividade econômica, urbana ou de trabalho da vida humana,
com a inserção de elementos tangíveis de produção humana como
construções e alterações no curso natural do ecossistema natural
(SIRVINSKAS, 2018).
A valoração desses elementos arti�ciais não estaria disposta na interação
para a realização e gestão de todas as formas de vida, mas estaria centrado
na cultura e bem-estar da vida humana, revelando uma visão antropocêntrica,
con�itante com o mote do Direito Ambiental moderno que é garantir
protagonismos ecocêntricos e biocêntricos.
Existe relevância ao Direito Ambiental, pois é inegável que as estruturas
arti�ciais provocam e promovem novas formas de interação com o meio
ambiente natural, forçando ciclos de fatores bióticos e abióticos a buscarem
novamente um equilíbrio após a agressão ao equilíbrio do estado anterior em
que a natureza se encontrava. Construções de concreto, aglomeração de
pessoas ocasionam alterações de temperatura, ruídos, resíduos, consumo,
além da alteração pela demarcação espacial, afastando ou impedindo as
formas de vida que antes por ali possuíam o seu equilíbrio.
Entretanto, em razão do con�ito de interesses antropocêntricos e
ecocêntricos, o meio ambiente arti�cial é excluído do objeto de tutela do
Direito Ambiental, dando origem à tutela por outras frentes de direitos
09/11/2023, 14:02 Ead.br
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autônomos, como o Direito Urbanístico (em se tratando de organização para
o bem-estar da vida humana nos meios ambientes urbanos), o Direito
Econômico (em se tratando da forma de gestão da utilização dos recursos
naturais e arti�ciais para a produção) e o Direito do Trabalho (em se tratando
do meio ambienteem que é realizada a atividade produtiva por relações de
trabalho) (RODRIGUES, 2019).
Frisa-se que todas essas frentes de estudo autônomo do Direito tem
protagonismo direcionado de modo antropocêntrico, apresentado de acordo
com os valores culturais produzidos pelas sociedades de modo a buscar um
equilíbrio entre as vontades de seus atores para uma maximização econômica
e de bem-estar de vida humana.
Para �rmar o recorte, o Direito Ambiental tem exclusividade na aplicação do
ecocentrismo e do biocentrismo, sendo que a proteção jurídica está colocada
de forma a garantir o equilíbrio e sustentabilidade dos componentes naturais
do meio ambiente (RODRIGUES, 2019).
Ainda que tais componentes naturais sofram alteração de suas condições
inatas, por migração de espécies, por exemplo, em razão da interferência não
natural da vida humana, permanecerão considerados componentes naturais,
pois não alteraram a essência de componentes produzidos e criados pela
própria força da natureza, independentes ou fora do controle da vontade
humana.
[...] Deve-se deixar claro que o meio ambiente natural, não
construído pelo homem, possui um espectro de abrangência   e
proteção mais nobre e mais largo que o meio ambiente arti�cial,
que em última análise, deve-se conformar às regras e exigências do
meio ambiente natural. A seguinte frase de�niria bem o que se
quer dizer: não há possibilidade de haver meio ambiente arti�cial
sem um meio ambiente natural (ou seus componentes), mas o
inverso é perfeitamente possível, já que foi o homem que chegou
depois (RODRIGUES, 2019, p. 73).
09/11/2023, 14:02 Ead.br
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Em razão da diversidade de campos jurídicos de tutela o mesmo fato pode ter
interferência do Direito Ambiental, do Direito Administrativo, do Direito
Urbanístico etc., necessitando de licenciamento ambiental, com estudos de
impacto ambiental e de licenciamento urbano, com estudos de impacto à
vizinhança, por exemplo.
Nessa esfera, o meio ambiente relacionado ao campo de trabalho das
relações de subordinação previstas pela CLT tem estas tratadas pela disciplina
própria do Direito do Trabalho. Seriam exemplos a situação de insalubridade
(trabalho realizado em ambiente que provoque uma diminuição da qualidade
da saúde do trabalhador) e da periculosidade (trabalho que mantenha uma
incerteza de segurança ou um nível de risco a um dano na integridade física
do trabalhador). Tais situações, ainda que tenham provocações no entorno da
vida humana, não são tuteladas pelo Direito Ambiental (TRENNEPOHL, 2020).
A vida humana, ainda, se apropria de outras relações de meio, produzindo
patrimônio cultural, histórico, atribuindo valores a coisas intangíveis mas cujo
signi�cado depositado representa valor juridicamente tutelado. Nesse
contexto, está o meio ambiente cultural, como produção humana em razão
do valor atribuído ser sensível à humanidade de seu sujeito que se relaciona.
Estão as artes (música, arquitetura, poesia, literatura), as paisagens naturais e
arti�ciais, a história, incluídos como elementos do meio ambiente cultural
(SIRVINSKAS, 2018).
Para o critério ambiental urbano, daquele demonstrado pela organização dos
centros urbanos e os limites que essa organização impõe, necessitando que a
vontade de seus agentes passe por �ltros de planejamento e de exercício de
função social, necessita-se de tutela do Direito Urbanístico (RODRIGUES,
2019).
Desse modo, a pessoa humana está sempre integrada, inserida, passiva e
ativamente em um meio ambiente, relacionando-se com o meio, apropriando-
se de elementos do meio, criando situações e produtos que interferem no
meio, buscando o Direito atentar-se aos fatos juridicamente relevantes e
estabelecer regramentos de tutela.
09/11/2023, 14:02 Ead.br
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praticar
Vamos Praticar
Ana Catarina possuía em seu quintal um pé de abacate centenário. Tamanha a
importância da árvore em sua cidade, a prefeitura construiu uma praça em frente à
casa de Ana Catarina e a nominou de praça do abacateiro, tornando-a a principal
praça de lazer da cidade. Certo dia, Ana Catarina resolveu cortar o abacateiro de seu
quintal, mesmo que ele não tivesse qualquer praga ou risco de queda.
Em razão da importância cultural e histórica para a cidade colocadas nesse
abacateiro, assinale a alternativa que apresenta por qual meio os populares
poderiam buscar a tutela impedindo o corte e por qual fundamento jurídico,
respectivamente.
a) Poderiam movimentar ação popular, prevista no Art. 5º, LXXIII da CF, com
fundamento no patrimônio histórico e cultural que o abacateiro representa
para a cidade.
b) Poderia ser movimentada qualquer ação jurídica desde que o fundamento
fosse a proteção ambiental.
c) Poderia ser impedido o corte por mandado de segurança, em razão de
abuso de direito da propriedade da dona.
d) Seria por ação civil pública, baseado no fato de o abacateiro ser anterior à
propriedade de Ana Catarina.
e) Não há qualquer meio jurídico para impedir o corte do abacate, por este
fazer parte da propriedade de Ana Catarina.
09/11/2023, 14:02 Ead.br
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Já foi apresentado o conceito de meio ambiente e a delimitação de seu campo
de estudo pelo Direito Ambiental que apresenta foco no meio ambiente
natural. Para não impedir que a atividade humana possa utilizar dos recursos
naturais para seu desenvolvimento, estabeleceu-se um regramento ético,
transformado em norma jurídica, para que essa utilização obedeça a um
limite, o da sustentabilidade.
Realizar o impedimento de utilização ou interferência arti�cial no ambiente
natural seria, também, um impedimento de desenvolvimento humano,
desrespeitando a própria condição de vida humana valorada por sua
dignidade (SARLET; MITIDIERO; MARINONI, 2018). Em razão disso, o direito
age como um limitador da vontade humana que exceda certos parâmetros e
limites: o do equilíbrio ambiental.
O Meio AmbienteO Meio Ambiente
SustentávelSustentável
EnquantoEnquanto
Finalidade daFinalidade da
Tutela AmbientalTutela Ambiental
09/11/2023, 14:02 Ead.br
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Na declaração sobre o desenvolvimento realizada pela ONU, dispôs-se como
inata à condição de humanidade a ideia de desenvolvimento pessoal,
aumentando e expandindo-se nos aspectos econômico, social, �losó�co ou
moral:
1. O direito do desenvolvimento é um inalienável direito humano,
em virtude do qual toda pessoa humana e todos os povos têm
reconhecido seu direito de participar do desenvolvimento
econômico, social, cultural e político, a ele contribuir e dele
desfrutar; e no qual todos os direitos humanos e liberdades
fundamentais possam ser plenamente realizados. 2. O direito
humano ao desenvolvimento também implica a plena realização
do direito dos povos à autodeterminação que inclui o exercício de
seu direito inalienável de soberania plena sobre todas as suas
riquezas e recursos naturais (ONU, 1986, on-line).
Equilibrar signi�ca realizar paridade de pesos, de medidas, de valores. Ao
mesmo tempo que se tem o valor do desenvolvimento econômico como um
efetivador da dignidade da pessoa humana, tem-se o valor da preservação
ambiental como condição de existência da vida. Atribuir um peso maior aos
valores de desenvolvimento da vontade humana a ponto de diminuir o valor
de proteção ao bem ambiental faria diminuir a qualidade e quantidade de
recursos naturais disponíveis atualmente. Ao mesmo tempo, atribuir maior
peso à proteção ambiental poderia trazer um impedimento de alcance de
desenvolvimento humano.
09/11/2023, 14:02 Ead.br
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Dessa forma, o Direito Ambiental trata de buscar o equilíbrio, estabelecendo
meios para não permitir que seja diminuída a qualidade e quantidade de
recursos naturais (dentre eles a quantidade de espécies vivas, as condições de
fatores bióticos e abióticos já existentes), mas permitir que a exploração
humana e a criação de elementos arti�ciais ocorra, realize inter-relação entre
os meios naturais e arti�ciais, mas não cause diminuição do primeiro, que
possui certa prioridade quanto ao limite que estabelece (BARCELOS, 2019).
Expõe o Art. 225 da Constituição Federal, representando o protagonismo
tópico da matéria ambiental no bojo constitucional:
saibamais
Saiba mais
O estabelecimento de pesos para as normas
jurídicas decorre do entendimento de
existência de regras e normas organizadas
como princípios jurídicos. As normas-
princípios possibilitam realização de
gradação em sua aplicação, com isso, pode
ser aferido pelo intérprete e aplicador da
norma pesos diferentes a mais de um
princípio aplicado a uma situação concreta.
No caso apresentado, os direitos de proteção
ambiental e de desenvolvimento são
dispostos como princípios jurídicos. Para
saber acesse o repositório cientí�co, leia o
primeiro capítulo da tese apresentada.
ACESSAR
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Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente
equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia
qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o
dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras
gerações (BRASIL, 1988, on-line).
Fica claro pela dicção do artigo constitucional que o meio ambiente deve ser
ecologicamente equilibrado, demonstrando que os fatores bióticos e abióticos
e suas interações devem ser mantidas em critérios quantitativos e qualitativos
para as presentes e futuras gerações. Implica-se que seria ferido o direito de
todos, direito este considerado constitucionalmente fundamental, caso
houvesse uma redução dessas interações dos fatos bióticos e abióticos do
meio ambiente.
Com isso, tem-se o limite jurídico permitido para a ação humana no meio
ambiente natural: não realizar ato de vontade que busque ou tenha como
consequência reduzir o equilíbrio das presentes condições dos recursos
naturais. Ferir este limite seria agir de forma antijurídica (SARLET; MITIDIERO;
MARINONI, 2018).
A ação humana, até este limite a�rmado, pode ocorrer conforme as
possibilidades e vontades empregadas (respeitados outros limites da Lei). Na
interação entre vontade humana e recursos naturais são permitidas maneiras
em que, mesmo criando interferências arti�ciais, sejam garantidos meios para
que não afete o equilíbrio ambiental.
Grande parte destas maneiras de manutenção do equilíbrio ambiental está
disposta no próprio Art. 225 da Constituição Federal (BRASIL, 1988, on-line).
Destacamos algumas delas: o processo de restauração ambiental, a
promoção de manejo de espécies e de ecossistemas, preservação de
diversidade de patrimônio genético, criar espaços territoriais destinados à
preservação ambiental, recuperar meio ambiente degradado, preservar as
espécies de fauna e �ora, proteger as �orestas e vegetação estendida.
Dessa forma, ainda que a ação humana realize interação arti�cial com o meio
ambiente, e vai ser realizada, de fato, será possível a realização de manejos
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para que o patrimônio do recurso natural ambiental seja transportado ou
protegido de modo a não ser diminuído o equilíbrio existente (RODRIGUES,
2019).
Utiliza-se a este processo de manutenção do equilíbrio ecológico que permite
a realização da atividade de desenvolvimento humano a terminologia de meio
ambiente sustentável, pois da interação entre meio ambiente natural e meio
ambiente arti�cial mantém-se inalteradas as condições de equilíbrio dos
recursos naturais.
Por sustentabilidade entende-se como a medida de possibilidade de manter
algo conservado, impedido de ruína ou de queda, protegido e equilibrado.
Demonstra que é possível realizar o desenvolvimento das atividades humanas
para satisfazer as necessidades da geração atual não comprometendo a
capacidade das gerações futuras conseguirem satisfazer as suas próprias
necessidades com a utilização de qualidade e quantidade de recursos hoje
existentes (TRENNEPOHL, 2020).
Dessa forma sobressai da dedução apresentada o princípio do
desenvolvimento sustentável, norma de Direito Ambiental que se impõe como
limitador da vontade humana e como ônus para que todos, de forma
solidária, colaborem para a manutenção e recuperação do meio ambiente
natural.
Assim, como meio de implementação do desenvolvimento sustentável, sob o
seu aspecto de limitar a vontade humana de modo a mitigar a liberdade e
utilização do patrimônio individual, integra-se ao conceito de função social da
propriedade o recorte ambiental, de modo que a propriedade privada não
pode extrapolar sua utilização de modo a desrespeitar a função
socioambiental, ou seja, além dos limites de interesse social e humano,
também os limites de interesse ambiental.
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praticar
Vamos Praticar
Desde 1972, com a conferência de Estocolmo, vem aumentando a discussão
mundial a respeito do meio ambiente, sendo parte da agenda pública e privada a
sustentabilidade. Busca-se o equilíbrio entre a interferência humana e o meio
ambiente de modo a não ocasionar maior degradação do que a já realizada até o
momento e proporcionar o desenvolvimento tecnológico e econômico das
sociedades. Sobre a sustentabilidade ambiental, assinale a alternativa correta.
a) É protegida como direito constitucional não fundamental, estando no texto
da Constituição Federal, apontada como limitadora da autonomia privada.
b) Não se confunde a sustentabilidade ambiental com a tutela do princípio do
desenvolvimento sustentável, pois o primeiro tem foco ecocêntrico e o
segundo foco econômico.
c) Demonstra-se na máxima de proporcionar às gerações futuras condições
de desenvolvimento com a mesma quantidade e qualidade de recursos
naturais existentes neste momento.
d) A sustentabilidade ambiental é o dever de não realizar qualquer
interferência na natureza a partir de 1972, sendo rati�cada pela convenção
RIO-92.
e) O equilíbrio ambiental seria tutelado pelo Direito Ambiental e a
sustentabilidade ambiental será tutelada pelo Direito Urbanístico, em razão
da segunda tratar de meio ambiente arti�cial.
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Como desenrolar da construção do Direito, passou-se pela decadência do
paradigma liberal, em que a propriedade era o centro da tutela jurídica,
ascendendo o paradigma do Estado de Democrático de Direito, em que a
dignidade da pessoa humana assumiu foco de busca de efetividade,
veiculando, além das liberdades liberais, a necessidade de equidade de
condições para que cada pessoa possa ter papel ativo na sociedade.
No paradigma liberal do direito, os direitos de liberdade eram aclamados,
dominando a autonomia da vontade dos sujeitos e reduzindo o papel do
Estado para questões, predominantes, de manutenção de soberania
territorial e política. A propriedade privada tinha papel focal na tutela jurídica,
materializando um território (ainda que diminuto) para a soberania da
vontade de seu proprietário, que poderia utilizá-la da forma que bem
A FunçãoA Função
Socioambiental daSocioambiental da
Propriedade e suaPropriedade e sua
Tutela noDireitoTutela no Direito
AmbientalAmbiental
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quisesse, conforme a sua capacidade criativa e o alcance de sua vontade,
justamente por possuir um domínio supremo, soberano, sobre sua posse
(SARLET; MITIDIERO; MARINONI, 2018).
Os direitos decorrentes da propriedade e da posse eram manifestados com
dois limites de fato, a delimitação dessa propriedade e o alcance da vontade
de seu dominador, atuando a propriedade como uma extensão da própria
personalidade de seu dono. Ferir ou limitar o uso da propriedade seria tão
absurdo quanto ferir o seu próprio proprietário, por demonstrar uma
limitação ao direito inato de possuir e dominar, justi�cando ao Estado intervir
para fazer cessar essa limitação, inclusive com utilização de seu poder de
polícia.
Com a alteração desse paradigma para o Estado de bem-estar social, não
excluiu-se a propriedade privada ou a potencialidade de desenvolvimento
humano pelo domínio de coisas, mas se alterou o foco ótico da propriedade
enquanto uma entidade inatacável para que fosse dado ênfase na
importância das pessoas para essa proteção. De nada adiantaria realizar
proteção da propriedade se apenas parcela ín�ma da população teria
propriedades. A massa humana, sem propriedades, também deveria gozar de
proteção jurídica, inclusive com protagonismo em razão da falta de amparo
de bens (BARCELOS, 2019).
Após a Segunda Grande Guerra Mundial, em razão do choque a toda
humanidade, foram aperfeiçoadas as discussões sobre o papel do Direito
enquanto proteção patrimonial e proteção humana, trazendo à baila a
necessidade de todos os povos apresentarem solidariedade entre si, inclusive
para com aqueles que representem ideais e culturas minoritárias, justamente
em razão da condição humana ali expresso (SARLET; MITIDIERO; MARINONI,
2018).
Apresentou-se um movimento de constitucionalismo de forma globalizada,
buscando cada Estado internalizar valores e normas de direitos humanos
pactuados no ambiente pós-guerra. O Direito sofreu uma abrupta alteração
estrutural, passando o protagonismo normativo do Código Civil (focado na
tutela patrimonial e econômica privada) para as Constituições (que se
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tornaram catálogos normativos de direitos e deveres) com base em direitos
fundamentais para a efetivação da dignidade da pessoa humana (TARTUCE,
2018).
Houve um reconhecimento de que sem a democracia, sem a participação da
população na formulação de suas normas e no controle político, não seria
possível ao Direito agir sem instrumentalização das pessoas, agindo de forma
a ferir, portanto, a dignidade humana (ALEXY, 2018).
Com isso, o Estado Democrático de Direito, modelo também adotado no
Brasil, apresenta-se como uma estruturação jurídica e política criada a partir
da vontade popular, com fundamento tanto na livre iniciativa (de origem
patrimonialista, mas mitigada) quanto na dignidade da pessoa humana
(princípio que determina a necessidade de efetivação de liberdades
individuais, liberdades sociais, igualdades sociais, garantias constitucionais,
respeito aos direitos humanos, solidariedade entre os indivíduos e entre os
povos), apresentando a última como direito e limite da primeira.
A vontade humana, pautada na capacidade criativa humana, passa a ter por
necessidade ser racional, ser dirigida de forma a não ultrapassar os limites
que a própria sociedade democraticamente elaborou e instrumentalizou
como direitos fundamentais e função social.
Não há mais a possibilidade de reconhecimento de licitude, por
impossibilidade de normatização sobre o assunto em razão de exclusão da
alçada pública para a matéria, na utilização indiscriminada da propriedade
privada, devendo esta estar inserida num plano democrático, respeitando a
dignidade da pessoa humana e com isso dos direitos fundamentais, a boa-fé
objetiva e a função social da propriedade (TARTUCE, 2018).
Agir com a propriedade de modo a extrapolar os limites da dignidade da
pessoa humana e da função social implica direito do Estado, agindo como
�scal da vontade constitucional de solidariedade, em realizar interferência
afastando ou dirigindo a vontade do proprietário para alcançar a ideal medida
de utilidade esperada por todos integrantes da sociedade (BARCELOS, 2019).
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Apresenta-se, portanto, a função social da propriedade como princípio
jurídico constitucional que auxilia na delimitação da licitude da autonomia da
vontade, agora denominada no novo paradigma de autonomia privada,
estabelecendo que o agir privado além desse limite implicaria ilicitude e
legitimidade para agir do poder de polícia estatal.
A utilização da propriedade deve respeitar ao próximo, à sociedade e às
expectativas que os próprios planos democráticos estabeleceram, entre elas:
produção de riquezas econômicas, geração de empregos, abrigo e proteção,
produção de alimentação, lastro patrimonial, direitos sucessórios, fato
tributário etc.
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Para o nosso recorte de estudo, a propriedade privada integra o meio
ambiente, realizando interferências entre os fatores bióticos e abióticos. Por
esse motivo tem relevância para o Direito Ambiental e para o Direito
Urbanístico. A utilização da propriedade de modo a interferir negativamente
no equilíbrio e sustentabilidade ambiental seria ilícita por ferir bem tutelado
pela vontade democrática, ferindo a expectativa da sociedade da utilidade da
propriedade, ferindo a função social da propriedade.
Por essa razão, agregar o termo “ambiental” ao princípio da função social
estaria correto, vez que a proteção ambiental existente, assumindo status de
reflita
Re�ita
Decorre da função social da
propriedade o direito de o Estado
aplicar o princípio do Poluidor-
Pagador pela atividade humana que
cause poluição ou que utilize de
recursos naturais. Ainda que as
atividades humanas sejam realizadas
de modo lícito com a utilização da
propriedade, por esta guardar a
expectativa de �nalidade social, pode
o poder público utilizar de meios
administrativos ou tributários para
estabelecer custos que serão
utilizados para promoção de proteção
e recuperação ambiental.
Fonte: Rodrigues (2019, p. 300-310).
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direito fundamental, implica, também, uma limitação ao uso da mesma
(SIRVINSKAS, 2018).
Para efeitos de relevância ao direito expresso, chamaremos de “princípio da
função socioambiental da propriedade” mas, conforme narrado até aqui,
dentro da expressão “função social da propriedade” já estaria incluída a
função ambiental, de responsabilidade de utilização pela vontade humana de
modo a manter o meio ambiente equilibrado e ecologicamente sustentável.
praticar
Vamos Praticar
Gilda adquiriu um sítio cortado por um rio. Para melhorar a vista da sede do sítio à
correnteza do rio, Gilda realizou o corte de parte da mata ciliar, deixando aberta a
vista. Noti�cada para responder pelo dano ambiental, Gilda alegou em sua defesa
que o sítio é de sua propriedade, teria domínio e poder de dispor das árvores que
guarnecem sua propriedade. Sobre a defesa de Gilda frente à interpretação da
função social da propriedade, assinale a alternativa correta.
a) Não deve prosperar a defesa de Gilda, vez que existe proibição de
desmate de mata ciliar e essa proibição tem fundamento na função social da
propriedade.
b)Não deve prosperar, visto que o rio e a mata ciliar são bens de
propriedade pública.
c) Deve ser acolhida, visto ser a propriedade direito inviolável e fundamental.
d) Deve ser acolhida, estando as árvores dentro de sua propriedade, não
poderia o Estado realizar interferência ao direito de uso e disposição.
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e) Não deve haver responsabilização se Gilda demonstrar que não teve culpa
pelos cortes.
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indicações
Material
Complementar
FILME
Amazônia Eterna
Ano : 2012
Comentário : O documentário retrata sujeitos e
comunidades que vivendo no contexto ambiental da
Amazônia conseguiram realizar atividades produtivas
sem lesar o equilíbrio ambiental, efetivando o princípio
da sustentabilidade.
Para saber mais sobre o �lme, acesse o link a seguir e
veja o trailer do �lme.
TRA ILER
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LIVRO
Direito Ambiental Esquematizado
Editora : Saraiva Educação
Autor : Marcelo Abelha Rodrigues
ISBN : 978-85-536-0857-7
Comentário : Para a compreensão e domínio do
conteúdo, aconselha realizar a leitura dos capítulos 2 e
3 da obra, pois é traçado o histórico que permite a
melhor compreensão de como se construiu o Direito
Ambiental no Brasil, assim como uma brilhante
formatação de seu conceito.
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conclusão
Conclusão
O Direito Ambiental é pautado numa ética ecocêntrica e biocêntrica,
direcionado para a tutela do meio ambiente natural, sendo aquele que guarda
os recursos naturais. O objetivo de tutela deve ser o equilíbrio entre os
fatores bióticos e abióticos e suas interações para a promoção e gestão da
vida em todas as suas formas. Por sua vez, outras formas de meio ambiente
são tuteladas por outras frentes de Direito, pautadas em uma ética
antropocêntrica, mas de relevância jurídica, tais como o meio ambiente do
trabalho, o meio ambiente urbano, meio ambiente histórico e cultural,
respectivamente tutelados pelo Direito do Trabalho, Direito Urbanístico,
Direito Administrativo e Constitucional.
Aponta-se a função socioambiental como princípio jurídico para a limitação da
vontade humana em prol da manutenção e efetivação da solidariedade e da
dignidade da pessoa humana, atendendo, assim, o dever de manutenção do
equilíbrio ambiental.
referências
Referências
Bibliográ�cas
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http://www.direitoshumanos.usp.br/index.php/Direito-ao-Desenvolvimento/declaracao-sobre-o-direito-ao-desenvolvimento.html
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