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09/11/2023, 14:02 Ead.br https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=TA2ebjwfI%2b8jnSuN0JlqsQ%3d%3d&l=JKZqsX5k%2bJYY1cFJjPQqKQ%3d%3d&cd=G7… 1/31 DIREITO URBANÍSTICO EDIREITO URBANÍSTICO E AMBIENTALAMBIENTAL MEIO AMBIENTEMEIO AMBIENTE SUSTENTÁVEL E SUASSUSTENTÁVEL E SUAS CLASSIFICAÇÕESCLASSIFICAÇÕES Autor: Me. Thiago Cesar Giazzi Revisor : Fabio R . Barre ira IN IC IAR 09/11/2023, 14:02 Ead.br https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=TA2ebjwfI%2b8jnSuN0JlqsQ%3d%3d&l=JKZqsX5k%2bJYY1cFJjPQqKQ%3d%3d&cd=G7… 2/31 introdução Introdução A humanidade enquanto agrupamento de sujeitos individuais está inserida em um contexto ambiental, em que são realizadas interações entre a própria humanidade e o ambiente e entre o ambiente consigo mesmo, dado a vasta diversidade encontrada na natureza. O direito enquanto padrão e regramento de normas destinadas à tutela de bens e interesses juridicamente relevantes incide sobre esse meio de contextualização ambiental, possuindo características próprias, princípios próprios e um conjunto de políticas especí�cas, assumindo condição de matéria autônoma de Direito: o Direito Ambiental. Objetivando o reconhecimento dos conceitos de meio ambiente, sua aplicação na função socioambiental da propriedade e seu objeto de tutela enquanto um equilíbrio sustentável, apresenta-se o presente material de estudo, construído sob método dedutivo e por abordagem de revisão bibliográ�ca, legal e jurisprudencial. 09/11/2023, 14:02 Ead.br https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=TA2ebjwfI%2b8jnSuN0JlqsQ%3d%3d&l=JKZqsX5k%2bJYY1cFJjPQqKQ%3d%3d&cd=G7… 3/31 Quando diante da tentativa de investigação de um novo conceito, de alcançar o conteúdo signi�cativo de um objeto de estudo, em se tratando de ambiente acadêmico, é comum a tentativa de iniciar pela busca do signi�cado etimológico dos termos utilizados e, posteriormente, investigar as razões das diversas interpretações que surgem do estudo do objeto conceituado. Em se tratando de “meio ambiente”, temos dois verbetes a serem de�nidos: “meio” e “ambiente”. Este é o primeiro momento que traz certa confusão para o estabelecimento do objeto de tutela do Direito Ambiental, pois a palavra “meio” e a palavra “ambiente” possuem signi�cados semelhantes. Ambos dizem respeito ao “entorno”, aquilo que circunda algo, o lugar de situação de algo. Poderia ser dito que uma pessoa está inserida em um meio, que está inserida em determinado entorno, que está localizada em um ambiente, sendo todas as expressões com signi�cados semelhantes: a pessoa está em determinado lugar (RODRIGUES, 2019). Interessante que ao juntar ambos verbetes, a semântica da expressão “meio ambiente” parece ser alterada para algo mais abrangente e inter-relacional. Não se trata apenas de um ambiente, ou local ou um recinto, mas passa a Conceito JurídicoConceito Jurídico de Meio Ambientede Meio Ambiente 09/11/2023, 14:02 Ead.br https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=TA2ebjwfI%2b8jnSuN0JlqsQ%3d%3d&l=JKZqsX5k%2bJYY1cFJjPQqKQ%3d%3d&cd=G7… 4/31 dizer respeito à um ambiente que está em relação consigo mesmo em razão de corresponder a um conjunto de relações existentes que compartilham o mesmo meio, constituindo um ambiente complexo. Em primeiro momento, seria correto entender que “meio ambiente” é uma entidade nova e autônoma, formada pela interação de seus compostos. O Ordenamento Jurídico brasileiro possui um recorte legal para o estabelecimento de um conceito de “meio ambiente”. Disposto na Lei n. 6.938/1981, totalmente recepcionada pela Constituição Federal de 1988, dispõe o Art. 3º, inciso I, o conceito de meio ambiente: “Art. 3° - Para os �ns previstos nesta Lei, entende-se por: I - meio ambiente, o conjunto de condições, leis, in�uências e interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas” (BRASIL, 1988, on- line ). O conceito legal de “meio ambiente” repete a semântica de não restringir o conceito a um único lugar, mas tornar o mesmo amplo, com potencialidade de ser encarado além de estabelecimentos de fronteiras, alcançando qualquer lugar que tenha alguma função para a sustentabilidade da vida. Apresenta a necessidade de haver um conjunto de relações físicas, químicas e biológicas inter-relacionando-se de alguma forma equilibrada, apresentando fatores componentes do meio ambiente que podem ser não vivos, como exemplo os fatos temperatura, pressão, existência de água líquida, existência de minerais formadores de solo que suporte peso e possibilite cultivo de plantas, existência de oxigênio para respiração, existência de nitrogênio e gás carbônico para regulação de respiração dos animais vivos, umidade, entre tantos outros (SIRVINSKAS, 2018). Note-se que a interação se mostra tão simbiótica que para a descrição do elemento não vivo, abiótico, já são relacionados alguns elementos vivos, bióticos, como as plantas e animais aeróbicos (respirantes). De mesmo modo, para os efeitos do conceito legal, in�uenciado por um motivo antropocentrista próprio da construção do Direito Ambiental, há a necessidade de vida, seja esta visível (vertebrados, invertebrados, insetos, fungos, plantas, peixes etc.) ou invisível (vírus, bactérias, insetos 09/11/2023, 14:02 Ead.br https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=TA2ebjwfI%2b8jnSuN0JlqsQ%3d%3d&l=JKZqsX5k%2bJYY1cFJjPQqKQ%3d%3d&cd=G7… 5/31 microscópicos etc.), reconhecida que a vida humana tem uma posição de destaque dentre as demais. Conforme o recorte de estudo que se faça ao meio ambiente, um novo meio ambiente se proporciona. Em visualização exempli�cativa que obedeça a um afastamento do recorte, pode-se visualizar um meio ambiente em uma pedra submersa, possuindo elementos abióticos (a pedra, a água, a pressão, a temperatura, a mecânica da correnteza etc.), elementos bióticos (as algas que se a�xam na pedra, as bactérias, os pequenos peixes que a utilizam como abrigo, os grandes peixes que eventualmente passam pela localização para alimentar-se etc.). Existe todo um conjunto de interações entre fatores bióticos e abióticos que fazem a pedra ser considerada um meio ambiente. Se expandir a lente de recorte, tem-se um meio ambiente maior, o rio. Se expandir, tem-se a bacia hidrográ�ca. Se expandir, incluem-se os elementos do solo que estão próximos ao rio dispensando-lhe detritos. Se expandir, os elementos de solo. Se expandir, a região com seu próprio bioma. Se expandir, o continente, o hemisfério, o planeta. Todos os momentos de observação revelam interações para a regência, o abrigo e a manutenção de todas as formas de vida, sendo todos vários e também um único meio ambiente. Dessa forma: [...] proteger o meio ambiente signi�ca proteger o espaço, o lugar, o recinto, que abriga, que permite e que conserva todas as formas de vida. Entretanto, esse espaço não é algo simples, senão porque é resultante da combinação, da relação e da interação de diversos fatores que nele se situam e que o formam: os elementos bióticos e abióticos (RODRIGUES, 2019, p. 64). O legislador ao dispor no Art. 3º, I da Lei n. 6038/1981 o conceito de meio ambiente o fez muito abrangente, abusando dos elementos de abstração e amplitude, fazendo necessário a investigação quanto às �nalidades de tutela deste conceito jurídico (BRASIL, 1981, on-line). 09/11/2023, 14:02 Ead.br https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=TA2ebjwfI%2b8jnSuN0JlqsQ%3d%3d&l=JKZqsX5k%2bJYY1cFJjPQqKQ%3d%3d&cd=G7… 6/31 É possível identi�car uma �nalidade de proteção a todas as formas de vida e seus contextos de abrigo e regência. A esta �nalidade é possível denominá-la de aspecto teleológico do meio ambiente, a�rmando sua característica biocêntrica, ou seja, de protagonismo de toda a forma de vida (TRENNEPOHL, 2020). Ao identi�car o restante do Art. 3º, I, demonstra-se a tutela à manutenção de existência dos fatos que promovem a �nalidade da vida, com isso o aspecto ontológicoda tutela do meio ambiente está na proteção do conjunto de condições, leis, in�uências e interações de ordem biótica ou abiótica, demonstrando um per�l ecocêntrico (BRASIL, 1981, on-line). Neste sentido: [...] do texto de lei, bem se vê que o conceito normativo de meio ambiente é teleologicamente biocêntrico (permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas), mas ontologicamente ecocêntrico (o conjunto de condições, leis, in�uências e interações de ordem química, física e biológica) (BENJAMIN, 1998, p. 48). A fala revela uma crítica ao antigo paradigma do Direito Ambiental, vez que este inicialmente era desenhado como construção da proteção humana e do patrimônio humano, estando a proteção dos elementos do meio ambiente como objetivos mediatos, mas da vida humana e de seu patrimônio de forma imediata. Tal visão de direito ambiental, chamada de antropocêntrica, acabava por excluir a pessoa humana do próprio meio ambiente em que se incluía, como se o meio estivesse como mais um patrimônio com �nalidade de atender às vontades humanas e não em limitá-las (RODRIGUES, 2019). O conceito da legislação brasileira em vigência integra a pessoa humana ao seu meio ambiente, não realizando separação ou garantindo uma subserviência do segundo ao primeiro, mas integrando-o nas relações que devem possuir equilíbrio e sustentabilidade para a garantia de condições de manutenção e desenvolvimento de todos os tipos de vida, uma visão adequada ao paradigma ecocêntrico atual (FIORILLO, 2018). 09/11/2023, 14:02 Ead.br https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=TA2ebjwfI%2b8jnSuN0JlqsQ%3d%3d&l=JKZqsX5k%2bJYY1cFJjPQqKQ%3d%3d&cd=G7… 7/31 Com essa integração, trazendo para o meio ambiente também as atividades humanas, apresenta-se um elemento ativo, imprevisível, que foge aos determinismos das demais espécies vivas, em razão da capacidade racional e da qualidade de sujeito desejante: a pessoa humana. Os elementos criados e alterados pela vontade humana ou por consequência desta também integram ao meio ambiente, pois os acréscimos de elementos não nativos, inseridos de forma arti�cial, alteram o equilíbrio já existente e iniciam um ciclo de novas interações. Em razão das demais espécies vivas permanecerem em uma constante, em um determinismo biológico, exceto a espécie humana em razão de sua motriz desejante, aquelas atividades geradas a partir da vontade humana são tratadas como inserções arti�ciais ao meio ambiente. praticar Vamos Praticar A Lei de Política Nacional do Meio Ambiente, Lei n. 6.938/1981, dispõe, entre outras matérias, dos conceitos legais dos objetos de tutela do direito ambiental no Brasil. Dessa forma, apresenta o Meio Ambiente como o conjunto de condições, leis, in�uências e interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga, rege a vida em todas as suas formas. BRASIL. Lei n. 6.938, de 31 de agosto de 1981. Dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente e dá outras Providências. Diário O�cial da União , Brasília, 2 set. 1981. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L6938compilada.htm . Acesso em: 5 mar. 2020. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L6938compilada.htm 09/11/2023, 14:02 Ead.br https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=TA2ebjwfI%2b8jnSuN0JlqsQ%3d%3d&l=JKZqsX5k%2bJYY1cFJjPQqKQ%3d%3d&cd=G7… 8/31 Acerca do conceito de Meio Ambiente para a proteção ambiental, assinale a alternativa que representa apenas formas análogas ao conceito legal sobre o Meio Ambiente. a) É o conjunto de fatores mecânicos, físicos e culturais que, unidos pelo acaso, fez nascer toda a vida terrestre. b) São todos os elementos de vida existentes no globo terrestre unidos pelo equilíbrio ambiental. c) Integram ao meio ambiente elementos sem vida e vivos, tais como temperatura adequada, água em todos os estados, animais, micro- organismos, insetos. d) São todos os aspectos abióticos do globo terrestre, pois a vida precede a manifestação humana. e) Diz respeito ao meio ambiente natural, arti�cial, cultural, histórico, patrimonial e do trabalho. 09/11/2023, 14:02 Ead.br https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=TA2ebjwfI%2b8jnSuN0JlqsQ%3d%3d&l=JKZqsX5k%2bJYY1cFJjPQqKQ%3d%3d&cd=G7… 9/31 Ao analisar o conceito de meio ambiente para o Direito Ambiental brasileiro, tem-se que é o conjunto de interações de fatores bióticos e abióticos que possibilitam e regem a vida em todas as suas formas. Em integrar a vida humana, sendo a única reconhecidamente capaz de fugir do determinismo natural em razão de sua natureza imperfeita e desejante, a �nalidade biocêntrica do meio ambiente, aponta-se que os produtos humanos integrarão de alguma forma o meio ambiente, pois produzirão novas interrelações bióticas e abióticas. O desdobramento de estudos sobre os elementos natural e arti�cial do meio ambiente integra o próprio estudo da conceituação de meio ambiente, pois acrescenta substratos para a delimitação do objeto de tutela do Direito Ambiental. Apesar da interpretação comum de meio ambiente levar o pensamento às estruturas e elementos naturais, encontrados na natureza, relacionados à ecologia, também apresentam-se integrantes do meio ambiente os elementos Meio AmbienteMeio Ambiente Natural e MeioNatural e Meio Ambiente Arti�cialAmbiente Arti�cial 09/11/2023, 14:02 Ead.br https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=TA2ebjwfI%2b8jnSuN0JlqsQ%3d%3d&l=JKZqsX5k%2bJYY1cFJjPQqKQ%3d%3d&cd=G7… 10/31 arti�ciais, criados a partir da vontade humana ou por interferência desta (FIORILLO, 2018). É possível denominar ambas categorias como componentes ambientais ou recursos ambientais, pois compõem a estrutura do próprio meio ambiente. Seriam exemplos de componentes naturais o solo, o ar, a fauna, a �ora, a água, entre outros. De modo equivalente, seriam exemplos de componentes arti�ciais as praças, as ruas, as construções, os bens culturais arti�ciais, entre outras tantas (RODRIGUES, 2019). Seria o componente arti�cial do meio ambiente, sinônimo das expressões “ecossistema social” e de “meio ambiente arti�cial”, aquela alteração realizada na natureza pela vontade ou em consequência da vontade humana, para adequação da atividade econômica, urbana ou de trabalho da vida humana, com a inserção de elementos tangíveis de produção humana como construções e alterações no curso natural do ecossistema natural (SIRVINSKAS, 2018). A valoração desses elementos arti�ciais não estaria disposta na interação para a realização e gestão de todas as formas de vida, mas estaria centrado na cultura e bem-estar da vida humana, revelando uma visão antropocêntrica, con�itante com o mote do Direito Ambiental moderno que é garantir protagonismos ecocêntricos e biocêntricos. Existe relevância ao Direito Ambiental, pois é inegável que as estruturas arti�ciais provocam e promovem novas formas de interação com o meio ambiente natural, forçando ciclos de fatores bióticos e abióticos a buscarem novamente um equilíbrio após a agressão ao equilíbrio do estado anterior em que a natureza se encontrava. Construções de concreto, aglomeração de pessoas ocasionam alterações de temperatura, ruídos, resíduos, consumo, além da alteração pela demarcação espacial, afastando ou impedindo as formas de vida que antes por ali possuíam o seu equilíbrio. Entretanto, em razão do con�ito de interesses antropocêntricos e ecocêntricos, o meio ambiente arti�cial é excluído do objeto de tutela do Direito Ambiental, dando origem à tutela por outras frentes de direitos 09/11/2023, 14:02 Ead.br https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=TA2ebjwfI%2b8jnSuN0JlqsQ%3d%3d&l=JKZqsX5k%2bJYY1cFJjPQqKQ%3d%3d&cd=G7… 11/31 autônomos, como o Direito Urbanístico (em se tratando de organização para o bem-estar da vida humana nos meios ambientes urbanos), o Direito Econômico (em se tratando da forma de gestão da utilização dos recursos naturais e arti�ciais para a produção) e o Direito do Trabalho (em se tratando do meio ambienteem que é realizada a atividade produtiva por relações de trabalho) (RODRIGUES, 2019). Frisa-se que todas essas frentes de estudo autônomo do Direito tem protagonismo direcionado de modo antropocêntrico, apresentado de acordo com os valores culturais produzidos pelas sociedades de modo a buscar um equilíbrio entre as vontades de seus atores para uma maximização econômica e de bem-estar de vida humana. Para �rmar o recorte, o Direito Ambiental tem exclusividade na aplicação do ecocentrismo e do biocentrismo, sendo que a proteção jurídica está colocada de forma a garantir o equilíbrio e sustentabilidade dos componentes naturais do meio ambiente (RODRIGUES, 2019). Ainda que tais componentes naturais sofram alteração de suas condições inatas, por migração de espécies, por exemplo, em razão da interferência não natural da vida humana, permanecerão considerados componentes naturais, pois não alteraram a essência de componentes produzidos e criados pela própria força da natureza, independentes ou fora do controle da vontade humana. [...] Deve-se deixar claro que o meio ambiente natural, não construído pelo homem, possui um espectro de abrangência e proteção mais nobre e mais largo que o meio ambiente arti�cial, que em última análise, deve-se conformar às regras e exigências do meio ambiente natural. A seguinte frase de�niria bem o que se quer dizer: não há possibilidade de haver meio ambiente arti�cial sem um meio ambiente natural (ou seus componentes), mas o inverso é perfeitamente possível, já que foi o homem que chegou depois (RODRIGUES, 2019, p. 73). 09/11/2023, 14:02 Ead.br https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=TA2ebjwfI%2b8jnSuN0JlqsQ%3d%3d&l=JKZqsX5k%2bJYY1cFJjPQqKQ%3d%3d&cd=G7… 12/31 Em razão da diversidade de campos jurídicos de tutela o mesmo fato pode ter interferência do Direito Ambiental, do Direito Administrativo, do Direito Urbanístico etc., necessitando de licenciamento ambiental, com estudos de impacto ambiental e de licenciamento urbano, com estudos de impacto à vizinhança, por exemplo. Nessa esfera, o meio ambiente relacionado ao campo de trabalho das relações de subordinação previstas pela CLT tem estas tratadas pela disciplina própria do Direito do Trabalho. Seriam exemplos a situação de insalubridade (trabalho realizado em ambiente que provoque uma diminuição da qualidade da saúde do trabalhador) e da periculosidade (trabalho que mantenha uma incerteza de segurança ou um nível de risco a um dano na integridade física do trabalhador). Tais situações, ainda que tenham provocações no entorno da vida humana, não são tuteladas pelo Direito Ambiental (TRENNEPOHL, 2020). A vida humana, ainda, se apropria de outras relações de meio, produzindo patrimônio cultural, histórico, atribuindo valores a coisas intangíveis mas cujo signi�cado depositado representa valor juridicamente tutelado. Nesse contexto, está o meio ambiente cultural, como produção humana em razão do valor atribuído ser sensível à humanidade de seu sujeito que se relaciona. Estão as artes (música, arquitetura, poesia, literatura), as paisagens naturais e arti�ciais, a história, incluídos como elementos do meio ambiente cultural (SIRVINSKAS, 2018). Para o critério ambiental urbano, daquele demonstrado pela organização dos centros urbanos e os limites que essa organização impõe, necessitando que a vontade de seus agentes passe por �ltros de planejamento e de exercício de função social, necessita-se de tutela do Direito Urbanístico (RODRIGUES, 2019). Desse modo, a pessoa humana está sempre integrada, inserida, passiva e ativamente em um meio ambiente, relacionando-se com o meio, apropriando- se de elementos do meio, criando situações e produtos que interferem no meio, buscando o Direito atentar-se aos fatos juridicamente relevantes e estabelecer regramentos de tutela. 09/11/2023, 14:02 Ead.br https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=TA2ebjwfI%2b8jnSuN0JlqsQ%3d%3d&l=JKZqsX5k%2bJYY1cFJjPQqKQ%3d%3d&cd=G7… 13/31 praticar Vamos Praticar Ana Catarina possuía em seu quintal um pé de abacate centenário. Tamanha a importância da árvore em sua cidade, a prefeitura construiu uma praça em frente à casa de Ana Catarina e a nominou de praça do abacateiro, tornando-a a principal praça de lazer da cidade. Certo dia, Ana Catarina resolveu cortar o abacateiro de seu quintal, mesmo que ele não tivesse qualquer praga ou risco de queda. Em razão da importância cultural e histórica para a cidade colocadas nesse abacateiro, assinale a alternativa que apresenta por qual meio os populares poderiam buscar a tutela impedindo o corte e por qual fundamento jurídico, respectivamente. a) Poderiam movimentar ação popular, prevista no Art. 5º, LXXIII da CF, com fundamento no patrimônio histórico e cultural que o abacateiro representa para a cidade. b) Poderia ser movimentada qualquer ação jurídica desde que o fundamento fosse a proteção ambiental. c) Poderia ser impedido o corte por mandado de segurança, em razão de abuso de direito da propriedade da dona. d) Seria por ação civil pública, baseado no fato de o abacateiro ser anterior à propriedade de Ana Catarina. e) Não há qualquer meio jurídico para impedir o corte do abacate, por este fazer parte da propriedade de Ana Catarina. 09/11/2023, 14:02 Ead.br https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=TA2ebjwfI%2b8jnSuN0JlqsQ%3d%3d&l=JKZqsX5k%2bJYY1cFJjPQqKQ%3d%3d&cd=G7… 14/31 Já foi apresentado o conceito de meio ambiente e a delimitação de seu campo de estudo pelo Direito Ambiental que apresenta foco no meio ambiente natural. Para não impedir que a atividade humana possa utilizar dos recursos naturais para seu desenvolvimento, estabeleceu-se um regramento ético, transformado em norma jurídica, para que essa utilização obedeça a um limite, o da sustentabilidade. Realizar o impedimento de utilização ou interferência arti�cial no ambiente natural seria, também, um impedimento de desenvolvimento humano, desrespeitando a própria condição de vida humana valorada por sua dignidade (SARLET; MITIDIERO; MARINONI, 2018). Em razão disso, o direito age como um limitador da vontade humana que exceda certos parâmetros e limites: o do equilíbrio ambiental. O Meio AmbienteO Meio Ambiente SustentávelSustentável EnquantoEnquanto Finalidade daFinalidade da Tutela AmbientalTutela Ambiental 09/11/2023, 14:02 Ead.br https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=TA2ebjwfI%2b8jnSuN0JlqsQ%3d%3d&l=JKZqsX5k%2bJYY1cFJjPQqKQ%3d%3d&cd=G7… 15/31 Na declaração sobre o desenvolvimento realizada pela ONU, dispôs-se como inata à condição de humanidade a ideia de desenvolvimento pessoal, aumentando e expandindo-se nos aspectos econômico, social, �losó�co ou moral: 1. O direito do desenvolvimento é um inalienável direito humano, em virtude do qual toda pessoa humana e todos os povos têm reconhecido seu direito de participar do desenvolvimento econômico, social, cultural e político, a ele contribuir e dele desfrutar; e no qual todos os direitos humanos e liberdades fundamentais possam ser plenamente realizados. 2. O direito humano ao desenvolvimento também implica a plena realização do direito dos povos à autodeterminação que inclui o exercício de seu direito inalienável de soberania plena sobre todas as suas riquezas e recursos naturais (ONU, 1986, on-line). Equilibrar signi�ca realizar paridade de pesos, de medidas, de valores. Ao mesmo tempo que se tem o valor do desenvolvimento econômico como um efetivador da dignidade da pessoa humana, tem-se o valor da preservação ambiental como condição de existência da vida. Atribuir um peso maior aos valores de desenvolvimento da vontade humana a ponto de diminuir o valor de proteção ao bem ambiental faria diminuir a qualidade e quantidade de recursos naturais disponíveis atualmente. Ao mesmo tempo, atribuir maior peso à proteção ambiental poderia trazer um impedimento de alcance de desenvolvimento humano. 09/11/2023, 14:02 Ead.br https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=TA2ebjwfI%2b8jnSuN0JlqsQ%3d%3d&l=JKZqsX5k%2bJYY1cFJjPQqKQ%3d%3d&cd=G7…16/31 Dessa forma, o Direito Ambiental trata de buscar o equilíbrio, estabelecendo meios para não permitir que seja diminuída a qualidade e quantidade de recursos naturais (dentre eles a quantidade de espécies vivas, as condições de fatores bióticos e abióticos já existentes), mas permitir que a exploração humana e a criação de elementos arti�ciais ocorra, realize inter-relação entre os meios naturais e arti�ciais, mas não cause diminuição do primeiro, que possui certa prioridade quanto ao limite que estabelece (BARCELOS, 2019). Expõe o Art. 225 da Constituição Federal, representando o protagonismo tópico da matéria ambiental no bojo constitucional: saibamais Saiba mais O estabelecimento de pesos para as normas jurídicas decorre do entendimento de existência de regras e normas organizadas como princípios jurídicos. As normas- princípios possibilitam realização de gradação em sua aplicação, com isso, pode ser aferido pelo intérprete e aplicador da norma pesos diferentes a mais de um princípio aplicado a uma situação concreta. No caso apresentado, os direitos de proteção ambiental e de desenvolvimento são dispostos como princípios jurídicos. Para saber acesse o repositório cientí�co, leia o primeiro capítulo da tese apresentada. ACESSAR http://repositorio.ufes.br/bitstream/10/8823/1/tese_11223_MA%C3%8DRA.pdf 09/11/2023, 14:02 Ead.br https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=TA2ebjwfI%2b8jnSuN0JlqsQ%3d%3d&l=JKZqsX5k%2bJYY1cFJjPQqKQ%3d%3d&cd=G7… 17/31 Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações (BRASIL, 1988, on-line). Fica claro pela dicção do artigo constitucional que o meio ambiente deve ser ecologicamente equilibrado, demonstrando que os fatores bióticos e abióticos e suas interações devem ser mantidas em critérios quantitativos e qualitativos para as presentes e futuras gerações. Implica-se que seria ferido o direito de todos, direito este considerado constitucionalmente fundamental, caso houvesse uma redução dessas interações dos fatos bióticos e abióticos do meio ambiente. Com isso, tem-se o limite jurídico permitido para a ação humana no meio ambiente natural: não realizar ato de vontade que busque ou tenha como consequência reduzir o equilíbrio das presentes condições dos recursos naturais. Ferir este limite seria agir de forma antijurídica (SARLET; MITIDIERO; MARINONI, 2018). A ação humana, até este limite a�rmado, pode ocorrer conforme as possibilidades e vontades empregadas (respeitados outros limites da Lei). Na interação entre vontade humana e recursos naturais são permitidas maneiras em que, mesmo criando interferências arti�ciais, sejam garantidos meios para que não afete o equilíbrio ambiental. Grande parte destas maneiras de manutenção do equilíbrio ambiental está disposta no próprio Art. 225 da Constituição Federal (BRASIL, 1988, on-line). Destacamos algumas delas: o processo de restauração ambiental, a promoção de manejo de espécies e de ecossistemas, preservação de diversidade de patrimônio genético, criar espaços territoriais destinados à preservação ambiental, recuperar meio ambiente degradado, preservar as espécies de fauna e �ora, proteger as �orestas e vegetação estendida. Dessa forma, ainda que a ação humana realize interação arti�cial com o meio ambiente, e vai ser realizada, de fato, será possível a realização de manejos 09/11/2023, 14:02 Ead.br https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=TA2ebjwfI%2b8jnSuN0JlqsQ%3d%3d&l=JKZqsX5k%2bJYY1cFJjPQqKQ%3d%3d&cd=G7… 18/31 para que o patrimônio do recurso natural ambiental seja transportado ou protegido de modo a não ser diminuído o equilíbrio existente (RODRIGUES, 2019). Utiliza-se a este processo de manutenção do equilíbrio ecológico que permite a realização da atividade de desenvolvimento humano a terminologia de meio ambiente sustentável, pois da interação entre meio ambiente natural e meio ambiente arti�cial mantém-se inalteradas as condições de equilíbrio dos recursos naturais. Por sustentabilidade entende-se como a medida de possibilidade de manter algo conservado, impedido de ruína ou de queda, protegido e equilibrado. Demonstra que é possível realizar o desenvolvimento das atividades humanas para satisfazer as necessidades da geração atual não comprometendo a capacidade das gerações futuras conseguirem satisfazer as suas próprias necessidades com a utilização de qualidade e quantidade de recursos hoje existentes (TRENNEPOHL, 2020). Dessa forma sobressai da dedução apresentada o princípio do desenvolvimento sustentável, norma de Direito Ambiental que se impõe como limitador da vontade humana e como ônus para que todos, de forma solidária, colaborem para a manutenção e recuperação do meio ambiente natural. Assim, como meio de implementação do desenvolvimento sustentável, sob o seu aspecto de limitar a vontade humana de modo a mitigar a liberdade e utilização do patrimônio individual, integra-se ao conceito de função social da propriedade o recorte ambiental, de modo que a propriedade privada não pode extrapolar sua utilização de modo a desrespeitar a função socioambiental, ou seja, além dos limites de interesse social e humano, também os limites de interesse ambiental. 09/11/2023, 14:02 Ead.br https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=TA2ebjwfI%2b8jnSuN0JlqsQ%3d%3d&l=JKZqsX5k%2bJYY1cFJjPQqKQ%3d%3d&cd=G7… 19/31 praticar Vamos Praticar Desde 1972, com a conferência de Estocolmo, vem aumentando a discussão mundial a respeito do meio ambiente, sendo parte da agenda pública e privada a sustentabilidade. Busca-se o equilíbrio entre a interferência humana e o meio ambiente de modo a não ocasionar maior degradação do que a já realizada até o momento e proporcionar o desenvolvimento tecnológico e econômico das sociedades. Sobre a sustentabilidade ambiental, assinale a alternativa correta. a) É protegida como direito constitucional não fundamental, estando no texto da Constituição Federal, apontada como limitadora da autonomia privada. b) Não se confunde a sustentabilidade ambiental com a tutela do princípio do desenvolvimento sustentável, pois o primeiro tem foco ecocêntrico e o segundo foco econômico. c) Demonstra-se na máxima de proporcionar às gerações futuras condições de desenvolvimento com a mesma quantidade e qualidade de recursos naturais existentes neste momento. d) A sustentabilidade ambiental é o dever de não realizar qualquer interferência na natureza a partir de 1972, sendo rati�cada pela convenção RIO-92. e) O equilíbrio ambiental seria tutelado pelo Direito Ambiental e a sustentabilidade ambiental será tutelada pelo Direito Urbanístico, em razão da segunda tratar de meio ambiente arti�cial. 09/11/2023, 14:02 Ead.br https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=TA2ebjwfI%2b8jnSuN0JlqsQ%3d%3d&l=JKZqsX5k%2bJYY1cFJjPQqKQ%3d%3d&cd=G7… 20/31 Como desenrolar da construção do Direito, passou-se pela decadência do paradigma liberal, em que a propriedade era o centro da tutela jurídica, ascendendo o paradigma do Estado de Democrático de Direito, em que a dignidade da pessoa humana assumiu foco de busca de efetividade, veiculando, além das liberdades liberais, a necessidade de equidade de condições para que cada pessoa possa ter papel ativo na sociedade. No paradigma liberal do direito, os direitos de liberdade eram aclamados, dominando a autonomia da vontade dos sujeitos e reduzindo o papel do Estado para questões, predominantes, de manutenção de soberania territorial e política. A propriedade privada tinha papel focal na tutela jurídica, materializando um território (ainda que diminuto) para a soberania da vontade de seu proprietário, que poderia utilizá-la da forma que bem A FunçãoA Função Socioambiental daSocioambiental da Propriedade e suaPropriedade e sua Tutela noDireitoTutela no Direito AmbientalAmbiental 09/11/2023, 14:02 Ead.br https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=TA2ebjwfI%2b8jnSuN0JlqsQ%3d%3d&l=JKZqsX5k%2bJYY1cFJjPQqKQ%3d%3d&cd=G7… 21/31 quisesse, conforme a sua capacidade criativa e o alcance de sua vontade, justamente por possuir um domínio supremo, soberano, sobre sua posse (SARLET; MITIDIERO; MARINONI, 2018). Os direitos decorrentes da propriedade e da posse eram manifestados com dois limites de fato, a delimitação dessa propriedade e o alcance da vontade de seu dominador, atuando a propriedade como uma extensão da própria personalidade de seu dono. Ferir ou limitar o uso da propriedade seria tão absurdo quanto ferir o seu próprio proprietário, por demonstrar uma limitação ao direito inato de possuir e dominar, justi�cando ao Estado intervir para fazer cessar essa limitação, inclusive com utilização de seu poder de polícia. Com a alteração desse paradigma para o Estado de bem-estar social, não excluiu-se a propriedade privada ou a potencialidade de desenvolvimento humano pelo domínio de coisas, mas se alterou o foco ótico da propriedade enquanto uma entidade inatacável para que fosse dado ênfase na importância das pessoas para essa proteção. De nada adiantaria realizar proteção da propriedade se apenas parcela ín�ma da população teria propriedades. A massa humana, sem propriedades, também deveria gozar de proteção jurídica, inclusive com protagonismo em razão da falta de amparo de bens (BARCELOS, 2019). Após a Segunda Grande Guerra Mundial, em razão do choque a toda humanidade, foram aperfeiçoadas as discussões sobre o papel do Direito enquanto proteção patrimonial e proteção humana, trazendo à baila a necessidade de todos os povos apresentarem solidariedade entre si, inclusive para com aqueles que representem ideais e culturas minoritárias, justamente em razão da condição humana ali expresso (SARLET; MITIDIERO; MARINONI, 2018). Apresentou-se um movimento de constitucionalismo de forma globalizada, buscando cada Estado internalizar valores e normas de direitos humanos pactuados no ambiente pós-guerra. O Direito sofreu uma abrupta alteração estrutural, passando o protagonismo normativo do Código Civil (focado na tutela patrimonial e econômica privada) para as Constituições (que se 09/11/2023, 14:02 Ead.br https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=TA2ebjwfI%2b8jnSuN0JlqsQ%3d%3d&l=JKZqsX5k%2bJYY1cFJjPQqKQ%3d%3d&cd=G7… 22/31 tornaram catálogos normativos de direitos e deveres) com base em direitos fundamentais para a efetivação da dignidade da pessoa humana (TARTUCE, 2018). Houve um reconhecimento de que sem a democracia, sem a participação da população na formulação de suas normas e no controle político, não seria possível ao Direito agir sem instrumentalização das pessoas, agindo de forma a ferir, portanto, a dignidade humana (ALEXY, 2018). Com isso, o Estado Democrático de Direito, modelo também adotado no Brasil, apresenta-se como uma estruturação jurídica e política criada a partir da vontade popular, com fundamento tanto na livre iniciativa (de origem patrimonialista, mas mitigada) quanto na dignidade da pessoa humana (princípio que determina a necessidade de efetivação de liberdades individuais, liberdades sociais, igualdades sociais, garantias constitucionais, respeito aos direitos humanos, solidariedade entre os indivíduos e entre os povos), apresentando a última como direito e limite da primeira. A vontade humana, pautada na capacidade criativa humana, passa a ter por necessidade ser racional, ser dirigida de forma a não ultrapassar os limites que a própria sociedade democraticamente elaborou e instrumentalizou como direitos fundamentais e função social. Não há mais a possibilidade de reconhecimento de licitude, por impossibilidade de normatização sobre o assunto em razão de exclusão da alçada pública para a matéria, na utilização indiscriminada da propriedade privada, devendo esta estar inserida num plano democrático, respeitando a dignidade da pessoa humana e com isso dos direitos fundamentais, a boa-fé objetiva e a função social da propriedade (TARTUCE, 2018). Agir com a propriedade de modo a extrapolar os limites da dignidade da pessoa humana e da função social implica direito do Estado, agindo como �scal da vontade constitucional de solidariedade, em realizar interferência afastando ou dirigindo a vontade do proprietário para alcançar a ideal medida de utilidade esperada por todos integrantes da sociedade (BARCELOS, 2019). 09/11/2023, 14:02 Ead.br https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=TA2ebjwfI%2b8jnSuN0JlqsQ%3d%3d&l=JKZqsX5k%2bJYY1cFJjPQqKQ%3d%3d&cd=G7… 23/31 Apresenta-se, portanto, a função social da propriedade como princípio jurídico constitucional que auxilia na delimitação da licitude da autonomia da vontade, agora denominada no novo paradigma de autonomia privada, estabelecendo que o agir privado além desse limite implicaria ilicitude e legitimidade para agir do poder de polícia estatal. A utilização da propriedade deve respeitar ao próximo, à sociedade e às expectativas que os próprios planos democráticos estabeleceram, entre elas: produção de riquezas econômicas, geração de empregos, abrigo e proteção, produção de alimentação, lastro patrimonial, direitos sucessórios, fato tributário etc. 09/11/2023, 14:02 Ead.br https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=TA2ebjwfI%2b8jnSuN0JlqsQ%3d%3d&l=JKZqsX5k%2bJYY1cFJjPQqKQ%3d%3d&cd=G7… 24/31 Para o nosso recorte de estudo, a propriedade privada integra o meio ambiente, realizando interferências entre os fatores bióticos e abióticos. Por esse motivo tem relevância para o Direito Ambiental e para o Direito Urbanístico. A utilização da propriedade de modo a interferir negativamente no equilíbrio e sustentabilidade ambiental seria ilícita por ferir bem tutelado pela vontade democrática, ferindo a expectativa da sociedade da utilidade da propriedade, ferindo a função social da propriedade. Por essa razão, agregar o termo “ambiental” ao princípio da função social estaria correto, vez que a proteção ambiental existente, assumindo status de reflita Re�ita Decorre da função social da propriedade o direito de o Estado aplicar o princípio do Poluidor- Pagador pela atividade humana que cause poluição ou que utilize de recursos naturais. Ainda que as atividades humanas sejam realizadas de modo lícito com a utilização da propriedade, por esta guardar a expectativa de �nalidade social, pode o poder público utilizar de meios administrativos ou tributários para estabelecer custos que serão utilizados para promoção de proteção e recuperação ambiental. Fonte: Rodrigues (2019, p. 300-310). 09/11/2023, 14:02 Ead.br https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=TA2ebjwfI%2b8jnSuN0JlqsQ%3d%3d&l=JKZqsX5k%2bJYY1cFJjPQqKQ%3d%3d&cd=G7… 25/31 direito fundamental, implica, também, uma limitação ao uso da mesma (SIRVINSKAS, 2018). Para efeitos de relevância ao direito expresso, chamaremos de “princípio da função socioambiental da propriedade” mas, conforme narrado até aqui, dentro da expressão “função social da propriedade” já estaria incluída a função ambiental, de responsabilidade de utilização pela vontade humana de modo a manter o meio ambiente equilibrado e ecologicamente sustentável. praticar Vamos Praticar Gilda adquiriu um sítio cortado por um rio. Para melhorar a vista da sede do sítio à correnteza do rio, Gilda realizou o corte de parte da mata ciliar, deixando aberta a vista. Noti�cada para responder pelo dano ambiental, Gilda alegou em sua defesa que o sítio é de sua propriedade, teria domínio e poder de dispor das árvores que guarnecem sua propriedade. Sobre a defesa de Gilda frente à interpretação da função social da propriedade, assinale a alternativa correta. a) Não deve prosperar a defesa de Gilda, vez que existe proibição de desmate de mata ciliar e essa proibição tem fundamento na função social da propriedade. b)Não deve prosperar, visto que o rio e a mata ciliar são bens de propriedade pública. c) Deve ser acolhida, visto ser a propriedade direito inviolável e fundamental. d) Deve ser acolhida, estando as árvores dentro de sua propriedade, não poderia o Estado realizar interferência ao direito de uso e disposição. 09/11/2023, 14:02 Ead.br https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=TA2ebjwfI%2b8jnSuN0JlqsQ%3d%3d&l=JKZqsX5k%2bJYY1cFJjPQqKQ%3d%3d&cd=G7… 26/31 e) Não deve haver responsabilização se Gilda demonstrar que não teve culpa pelos cortes. 09/11/2023, 14:02 Ead.br https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=TA2ebjwfI%2b8jnSuN0JlqsQ%3d%3d&l=JKZqsX5k%2bJYY1cFJjPQqKQ%3d%3d&cd=G7… 27/31 indicações Material Complementar FILME Amazônia Eterna Ano : 2012 Comentário : O documentário retrata sujeitos e comunidades que vivendo no contexto ambiental da Amazônia conseguiram realizar atividades produtivas sem lesar o equilíbrio ambiental, efetivando o princípio da sustentabilidade. Para saber mais sobre o �lme, acesse o link a seguir e veja o trailer do �lme. TRA ILER 09/11/2023, 14:02 Ead.br https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=TA2ebjwfI%2b8jnSuN0JlqsQ%3d%3d&l=JKZqsX5k%2bJYY1cFJjPQqKQ%3d%3d&cd=G7… 28/31 LIVRO Direito Ambiental Esquematizado Editora : Saraiva Educação Autor : Marcelo Abelha Rodrigues ISBN : 978-85-536-0857-7 Comentário : Para a compreensão e domínio do conteúdo, aconselha realizar a leitura dos capítulos 2 e 3 da obra, pois é traçado o histórico que permite a melhor compreensão de como se construiu o Direito Ambiental no Brasil, assim como uma brilhante formatação de seu conceito. 09/11/2023, 14:02 Ead.br https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=TA2ebjwfI%2b8jnSuN0JlqsQ%3d%3d&l=JKZqsX5k%2bJYY1cFJjPQqKQ%3d%3d&cd=G7… 29/31 conclusão Conclusão O Direito Ambiental é pautado numa ética ecocêntrica e biocêntrica, direcionado para a tutela do meio ambiente natural, sendo aquele que guarda os recursos naturais. O objetivo de tutela deve ser o equilíbrio entre os fatores bióticos e abióticos e suas interações para a promoção e gestão da vida em todas as suas formas. Por sua vez, outras formas de meio ambiente são tuteladas por outras frentes de Direito, pautadas em uma ética antropocêntrica, mas de relevância jurídica, tais como o meio ambiente do trabalho, o meio ambiente urbano, meio ambiente histórico e cultural, respectivamente tutelados pelo Direito do Trabalho, Direito Urbanístico, Direito Administrativo e Constitucional. Aponta-se a função socioambiental como princípio jurídico para a limitação da vontade humana em prol da manutenção e efetivação da solidariedade e da dignidade da pessoa humana, atendendo, assim, o dever de manutenção do equilíbrio ambiental. referências Referências Bibliográ�cas 09/11/2023, 14:02 Ead.br https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=TA2ebjwfI%2b8jnSuN0JlqsQ%3d%3d&l=JKZqsX5k%2bJYY1cFJjPQqKQ%3d%3d&cd=G7… 30/31 ALEXY, R. Princípios formais e outros aspectos da teoria discursiva do direito . Rio de Janeiro: Forense, 2018. BARCELOS, A. P. Curso de Direito Constitucional . Rio de Janeiro: Forense, 2019. BENJAMIN, A. H. V. Responsabilidade civil pelo dano ambiental. Revista de Direito Ambiental , São Paulo, n. 9, p. 1-66, 1998. BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Diário O�cial da União , Brasília, 5 out. 1988. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituiçao.htm . Acesso em: 10 fev. 2020. BRASIL. Lei n. 6.938, de 31 de agosto de 1981. Dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente e dá outras Providências. Diário O�cial da União , Brasília, 2 set. 1981. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L6938compilada.htm . Acesso em: 10 fev. 2020. CERQUEIRA, M. R. Decisão judicial e fundamentação sob análise da teoria dos direitos fundamentais de Robert Alexy . Dissertação (Mestrado em Direito) - Universidade Federal do Espírito Santo, Vitória, 2017. Disponível em: http://repositorio.ufes.br/bitstream/10/8823/1/tese_11223_MA%C3%8DRA.pdf . Acesso em: 28 abr. 2020. FIORILLO, C. A. P. Curso de Direito Ambiental brasileiro . São Paulo: Saraiva Jur, 2018. ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS (ONU). Declaração das Nações Unidas Sobre o Desenvolvimento . 4 dez. 1986. Disponível em: http://www.direitoshumanos.usp.br/index.php/Direito-ao- Desenvolvimento/declaracao-sobre-o-direito-ao-desenvolvimento.html . Acesso em: 7 abr. 2020. RODRIGUES, M. A. Direito Ambiental esquematizado . 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São Paulo: Saraiva Jur, 2020.
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