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Aula 07 Direito Urbanístico p/ Carreira Jurídica 2021 (Curso Regular) - Prof. Igor Maciel Autor: Igor Maciel Aula 07 22 de Março de 2021 37171323005 - Júnior Souza Ferreira SUMÁRIO Sumário ................................................................................................................... 1 Considerações Iniciais .............................................................................................. 3 1 – Ação Popular ...................................................................................................... 4 1.1 – Considerações Iniciais ................................................................................................... 4 1.2 – Legitimidade Ativa ........................................................................................................ 5 1.3 – Legitimidade Passiva .................................................................................................... 8 1.4 – Legitimação Bifronte .................................................................................................... 8 1.5 – Objeto da Ação Popular .............................................................................................. 10 Como este ponto já foi cobrado em prova? ..................................................................................................... 13 1.6 – Ação Popular X Ação Civil Pública .............................................................................. 14 1.7 – Competência ............................................................................................................... 15 1.8 – Ação Popular e Controle de Constitucionalidade ....................................................... 16 1.9 – Procedimento .............................................................................................................. 17 2 – Ação Civil Pública ............................................................................................. 21 2.1 – Considerações Iniciais ................................................................................................. 21 2.2 – Cabimento ................................................................................................................... 22 2.3 – Competência ............................................................................................................... 26 2.4 – Legitimidade ............................................................................................................... 27 Defensoria Pública ............................................................................................................................................ 29 Associação ........................................................................................................................................................ 30 Consequência da Falta de Legitimação ............................................................................................................ 32 Demais Pontos .................................................................................................................................................. 33 2.5 - Conexão e continência................................................................................................. 34 2.6 – Litispendência com demandas individuais ................................................................. 35 2.7 – Ônus da Prova em Ações Coletivas ............................................................................. 36 2.8 – Liquidação e Execução da Sentença ........................................................................... 38 Como este ponto já foi cobrado em prova? ..................................................................................................... 44 3 – Limitação e Servidão Administrativa ................................................................ 45 Como este ponto já foi cobrado em prova? ..................................................................................................... 46 Como este ponto já foi cobrado em prova? ..................................................................................................... 46 Igor Maciel Aula 07 Direito Urbanístico p/ Carreira Jurídica 2021 (Curso Regular) - Prof. Igor Maciel www.estrategiaconcursos.com.br 1823834 37171323005 - Júnior Souza Ferreira 2 4 – Mecanismos Extrajudiciais de Resolução de Conflitos ...................................... 49 5 – Inquérito Civil ................................................................................................... 52 Inquérito Civil X Inquérito Policial ........................................................................................ 55 Efeitos da Instauração do Inquérito .................................................................................... 55 Arquivamento do Inquérito ................................................................................................. 56 Retardamento de dados Técnicos ....................................................................................... 58 6 – Termo de Ajustamento de Conduta - TAC ......................................................... 59 7 – Ações Particulares ............................................................................................ 61 7.1 – Breves comentários sobre ações reais e possessórias ................................................ 63 Ação de direito real de habitação..................................................................................................................... 63 Ação reivindicatória de propriedade ................................................................................................................ 64 Ação de reintegração de posse ........................................................................................................................ 64 Ação de imissão na posse ................................................................................................................................. 65 Ação de manutenção na posse ......................................................................................................................... 65 Interdito proibitório.......................................................................................................................................... 65 8 - Jurisprudência Correlata ................................................................................... 67 9 - Bibliografia ....................................................................................................... 72 10 - Resumo da Aula .............................................................................................. 73 11 – Questões Objetivas ........................................................................................ 78 11.1 – Quesitos .................................................................................................................... 78 11.2 – Gabaritos .................................................................................................................. 83 11.3 – Comentários .............................................................................................................. 84 12 - Considerações Finais ..................................................................................... 100 Igor Maciel Aula 07 Direito Urbanístico p/ Carreira Jurídica 2021 (Curso Regular) - Prof. Igor Maciel www.estrategiaconcursos.com.br 1823834 37171323005 - Júnior Souza Ferreira 3 CONSIDERAÇÕES INICIAIS Olá meus amigos, tudo bem? Firmes nos estudos? Vamos seguir com nosso curso. Quaisquer dúvidas, estou às ordens nos seguintes contatos: Grande abraço, Igor Maciel profigormaciel@gmail.com Convido-os a seguir minhas redes sociais. Basta clicar no ícone desejado: @ProfIgorMaciel Igor Maciel Aula 07 Direito Urbanísticop/ Carreira Jurídica 2021 (Curso Regular) - Prof. Igor Maciel www.estrategiaconcursos.com.br 1823834 37171323005 - Júnior Souza Ferreira 4 1 – AÇÃO POPULAR 1.1 – CONSIDERAÇÕES INICIAIS A Ação Popular é um procedimento previsto na Constituição Federal que visa anular condutas lesivas ao patrimônio público, nos termos do inciso LXXIII, do artigo 5º, da Constituição Federal: LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência; De acordo com Hely Lopes Meirelles (2013, pg. 174): Ação popular é o meio constitucional posto à disposição de qualquer cidadão para obter a invalidação de atos ou contratos administrativos – ou a estes equiparados – ilegais e lesivos ao patrimônio federal, estadual e municipal, ou de suas autarquias, entidades paraestatais e pessoas jurídicas subvencionadas com dinheiros públicos. Da análise do dispositivo constitucional, percebe-se que o autor da demanda, salvo comprovada má-fé, será “isento” de custas judiciais e do ônus da sucumbência. Contudo, por se tratar de expressa disposição constitucional, em essência, tem-se não uma hipótese de isenção, mas de imunidade tributária. É que segundo Ricardo Alexandre (pg. 145 e 146): As imunidades são limitações constitucionais ao poder de tributar consistentes na delimitação da competência tributária constitucionalmente conferida aos entes políticos. (Assim) A isenção opera no âmbito do exercício da competência, enquanto a imunidade, como visto, opera no âmbito da própria delimitação da competência. Uma vez que o Supremo Tribunal Federal já pacificou a natureza tributária das custas judiciais, classificando-as como taxas, tem-se hipótese de imunidade tributária. Igor Maciel Aula 07 Direito Urbanístico p/ Carreira Jurídica 2021 (Curso Regular) - Prof. Igor Maciel www.estrategiaconcursos.com.br 1823834 37171323005 - Júnior Souza Ferreira 5 A lei que rege o instituto é a 4.717/65. (FCC – TJ/PI – Juiz Estadual -2015) Empresa Pecúnia Informática S/A, tem sede em Teresina, Piauí. No regular exercício de suas atividades, foi contratada em 2014 pelo Município de São Paulo para prestar serviços de informática de janeiro a dezembro de 2015, prevendo-se no contrato o pagamento mensal dos valores devidos à empresa contratada. Um cidadão propõe uma ação popular questionando a lisura da contratação direta, formalizada em 2014, entre a empresa Pecúnia Informática S/A e o Município de São Paulo, tendo por objeto a prestação de serviços de informática. Segundo o art. 5° , LXXIII da Constituição da República, qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência. Considerando os confins da competência constitucional tributária, o dever de não pagar as custas judiciais, na hipótese em apreço, decorre de a) anistia. b) isenção. c) imunidade. d) não-incidência. e) remissão. Comentários Alternativa Correta: Letra “C”. Recente questão da Fundação Carlos Chagas em que se discute exatamente a imunidade das custas judiciais quando do manejo de Ação Popular. 1.2 – LEGITIMIDADE ATIVA Qualquer cidadão poderá propor Ação Popular, desde que esteja em pleno gozo de seus direitos políticos e fazendo-se representar por um advogado. Isto porque a prova da Igor Maciel Aula 07 Direito Urbanístico p/ Carreira Jurídica 2021 (Curso Regular) - Prof. Igor Maciel www.estrategiaconcursos.com.br 1823834 37171323005 - Júnior Souza Ferreira 6 cidadania para justificar o ingresso em juízo é exatamente o título de eleitor do indivíduo ou certidão a ele equivalente. Lei 4.717/65 Art. 1º Qualquer cidadão será parte legítima para pleitear a anulação ou a declaração de nulidade de atos lesivos ao patrimônio da União, do Distrito Federal, dos Estados, dos Municípios, de entidades autárquicas, de sociedades de economia mista (Constituição, art. 141, § 38), de sociedades mútuas de seguro nas quais a União represente os segurados ausentes, de empresas públicas, de serviços sociais autônomos, de instituições ou fundações para cuja criação ou custeio o tesouro público haja concorrido ou concorra com mais de cinqüenta por cento do patrimônio ou da receita anual de empresas incorporadas ao patrimônio da União, do Distrito Federal, dos Estados e dos Municípios, e de quaisquer pessoas jurídicas ou entidades subvencionadas pelos cofres públicos. § 3º A prova da cidadania, para ingresso em juízo, será feita com o título eleitoral, ou com documento que a ele corresponda. Assim, o Supremo Tribunal Federal já decidiu que: Súmula 365 – STF – Pessoa jurídica não tem legitimidade para propor ação popular. Além disso (FONTELES, pg. 135): O estrangeiro não poderá ajuizar ação popular, exceto os portugueses equiparados. Isto porque o Direito Lusitano reconhece aos brasileiros, que residem em Portugal, a prerrogativa de propor ação popular naquele país. Assim, ante a reciprocidade de tratamento, o Brasil também franqueou aos portugueses equiparados o direito de intentar ação popular. Não poderá, ainda, o Ministério Público propor ação popular, cabendo-lhe acompanhar a demanda como custos legis e, ainda, acaso o Autor desista ou negligencie a ação, poderá o MP dar prosseguimento ao feito, hipótese em que ocupará o polo ativo da demanda. Trata-se de interpretação do artigo 9º, da Lei 4.717/65: Art. 9º Se o autor desistir da ação ou der motivo à absolvição da instância, serão publicados editais nos prazos e condições previstos no art. 7º, inciso II, ficando assegurado a qualquer cidadão, bem como ao representante do Ministério Público, dentro do prazo de 90 (noventa) dias da última publicação feita, promover o prosseguimento da ação. Igor Maciel Aula 07 Direito Urbanístico p/ Carreira Jurídica 2021 (Curso Regular) - Prof. Igor Maciel www.estrategiaconcursos.com.br 1823834 37171323005 - Júnior Souza Ferreira 7 Não poderá, pois, o Ministério Público ser o Autor da Ação Popular, mas, a depender do caso concreto, poderá o parquet ocupar o polo ativo da demanda. Ressalte-se que qualquer cidadão tem a faculdade de se habilitar como litisconsorte ou assistente do autor da ação popular, nos termos do artigo 6º, parágrafo 5º, da Lei 4.717/65: § 5º É facultado a qualquer cidadão habilitar-se como litisconsorte ou assistente do autor da ação popular. Por fim, quanto à natureza jurídica da legitimação do cidadão (FONTELES, pg. 136): tem prevalecido na doutrina e jurisprudência que o cidadão, quando vai a juízo por meio da ação popular, tutela em nome próprio direito alheio. Ou seja, trata-se do fenômeno da substituição processual ou da legitimação extraordinária. A consequência prática da ação dessa corrente é das mais relevantes, qual seja, a impossibilidade de reconvenção na ação popular. Neste sentido: PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. AÇÃO POPULAR. RECONVENÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. DANO MORAL. AFERIÇÃO. SÚMULA 07/STJ. 1. A ação popular é um dos mais antigos meios constitucionais de participação do cidadão nos negócios públicos, na defesa da sociedade e dos relevantes valores a que foi destinada. Admitir o uso da reconvenção produziria efeito inibitório do manejo desse importante instrumento de cidadania, o que o constituinte procurou arredar, quando isentou o autor das custas processuais e do ônus da sucumbência. 2. Oinstituto da reconvenção exige, como pressuposto de cabimento, a conexão entre a causa deduzida em juízo e a pretensão contraposta pelo réu. A conexão de causas, por sua vez, dá-se por coincidência de objeto ou causa de pedir. 3. Na hipótese, existe clara diversidade entre a ação popular e a reconvenção. Enquanto a primeira objetiva a anulação de ato administrativo e tem como causa de pedir a suposta lesividade ao patrimônio público, a segunda visa à indenização por danos morais e tem como fundamento o exercício abusivo do direito à ação popular. 4. O pedido reconvencional pressupõe que as partes estejam litigando sobre situações jurídicas que lhes são próprias. Na ação popular, o autor não ostenta posição jurídica própria, nem titulariza o direito discutido na ação, que é de natureza indisponível. Defende-se, em verdade, interesses pertencentes a toda sociedade. É de se aplicar, assim, o parágrafo único do art. 315 do CPC, que não permite ao réu, "em seu próprio nome, reconvir ao autor, quando este demandar em nome de outrem". Igor Maciel Aula 07 Direito Urbanístico p/ Carreira Jurídica 2021 (Curso Regular) - Prof. Igor Maciel www.estrategiaconcursos.com.br 1823834 37171323005 - Júnior Souza Ferreira 8 (...) 6. Recurso especial improvido. (REsp 72.065/RS, Rel. Ministro CASTRO MEIRA, SEGUNDA TURMA, julgado em 03/08/2004, DJ 06/09/2004, p. 185) 1.3 – LEGITIMIDADE PASSIVA De acordo com o artigo 6º, da Lei 4.7147/65 o polo passivo da demanda será composto por: Art. 6º A ação será proposta contra as pessoas públicas ou privadas e as entidades referidas no art. 1º, contra as autoridades, funcionários ou administradores que houverem autorizado, aprovado, ratificado ou praticado o ato impugnado, ou que, por omissão, tiverem dado oportunidade à lesão, e contra os beneficiários diretos do mesmo. Acaso não haja beneficiário direto do ato lesivo, ou se for ele indeterminado ou desconhecido, a ação será proposta somente contra as outras pessoas indicadas no artigo. 1.4 – LEGITIMAÇÃO BIFRONTE A legitimação bifronte na Ação Popular ocorre uma vez que a pessoa jurídica de direito público ou de direito privado, cujo ato seja objeto de impugnação, não é ré na ação, podendo abster-se de contestar o pedido. Pode, inclusive, atuar em defesa do patrimônio público, ao lado do autor e contrário ao gestor, desde que isso se afigure útil ao interesse público, a juízo do respectivo representante legal ou dirigente. Trata-se de disposição do parágrafo 3º, do artigo 6º, da Lei 4.717: § 3º A pessoa jurídica de direito público ou de direito privado, cujo ato seja objeto de impugnação, poderá abster-se de contestar o pedido, ou poderá atuar ao lado do autor, desde que isso se afigure útil ao interesse público, a juízo do respectivo representante legal ou dirigente. Assim, uma vez que a pessoa jurídica de direito público ou privado poderá mover-se para o polo ativo, denomina-se tal previsão de legitimação bifronte ou intervenção móvel. Em síntese, trata-se da possibilidade da pessoa jurídica de direito público ou privado, que iniciou uma ação coletiva no polo passivo da demanda, poder, abstendo-se de contestar, Igor Maciel Aula 07 Direito Urbanístico p/ Carreira Jurídica 2021 (Curso Regular) - Prof. Igor Maciel www.estrategiaconcursos.com.br 1823834 37171323005 - Júnior Souza Ferreira 9 optar por integrar, posteriormente, o polo ativo da demanda, passando a atuar ao lado do autor. Haverá, desta forma, uma espécie peculiar de litisconsórcio ativo ulterior formado pelo autor originário e um dos réus originários. Para o Superior Tribunal de Justiça, referido deslocamento da pessoa jurídica de direito público do polo passivo para o ativo da demanda pode ser feito a qualquer tempo, não se sujeitando à preclusão: PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO POPULAR. MIGRAÇÃO DE ENTE PÚBLICO PARA O PÓLO ATIVO APÓS A CONTESTAÇÃO. PRECLUSÃO. NÃO-OCORRÊNCIA. 1. Hipótese em que o Tribunal a quo concluiu que o ente público somente pode migrar para o pólo ativo da demanda logo após a citação, sob pena de preclusão, nos termos do art. 183 do Código de Processo Civil. 2. O deslocamento de pessoa jurídica de Direito Público do pólo passivo para o ativo na Ação Popular é possível, desde que útil ao interesse público, a juízo do representante legal ou do dirigente, nos moldes do art. 6º, § 3º, da Lei 4.717/1965. 3. Não há falar em preclusão do direito, pois, além de a mencionada lei não trazer limitação quanto ao momento em que deve ser realizada a migração, o seu art. 17 preceitua que a entidade pode, ainda que tenha contestado a ação, proceder à execução da sentença na parte que lhe caiba, ficando evidente a viabilidade de composição do pólo ativo a qualquer tempo. Precedentes do STJ. 4. Recurso Especial provido. (REsp 945.238/SP, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em 09/12/2008, DJe 20/04/2009) E não apenas isso, conforme já decidiu o STJ, em caso de cumulação de pedidos, poderá a pessoa jurídica permanecer no polo passivo em relação a parte deles e migrar para o polo ativo com relação a outros pedidos: PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. INTERESSES TRANSINDIVIDUAIS. MICROSSISTEMA DE DEFESA DO PATRIMÔNIO PÚBLICO. LEGITIMIDADE DA UNIÃO PARA FIGURAR NOS PÓLOS PASSIVO E ATIVO DA AÇÃO. POSSIBILIDADE.DEVER DE FISCALIZAR A ATUAÇÃO DOS DELEGATÁRIOS DO SUS. DIREITO À RECOMPOSIÇÃO DO PATRIMÔNIO DA UNIÃO DECORRENTE DO REPASSE DE VERBA. 1. As ações de defesa dos interesses transindividuais e que encerram proteção ao patrimônio público, notadamente por força do objeto mediato do pedido, apresentam regras diversas acerca da legitimação para causa, que as distingue da polarização das ações uti singuli, onde é possível evitar a 'confusão jurídica' identificando-se autor e réu e dando-lhes a alteração das posições na relação processual, por força do artigo 264 do CPC. Igor Maciel Aula 07 Direito Urbanístico p/ Carreira Jurídica 2021 (Curso Regular) - Prof. Igor Maciel www.estrategiaconcursos.com.br 1823834 37171323005 - Júnior Souza Ferreira 10 2. A ação civil pública e a ação popular compõem um microssistema de defesa do patrimônio público na acepção mais ampla do termo, por isso que regulam a legitimatio ad causam de forma especialíssima. 3. Nesse seguimento, ao Poder Público, muito embora legitimado passivo para a ação civil pública, nos termos do § 2º, do art. 5º, da lei 7347/85, fica facultado habilitar-se como litisconsorte de qualquer das partes. 4. O art. 6º da lei da Ação Popular, por seu turno, dispõe que, muito embora a ação possa ser proposta contra as pessoas públicas ou privadas e as entidades referidas no art. 1º, bem como as autoridades, funcionários ou administradores que houverem autorizado, aprovado, ratificado ou praticado o ato impugnado, ou que, por omissão, tiverem dado oportunidade à lesão, e contra os beneficiários diretos do mesmo, ressalva no parágrafo 3º do mesmo dispositivo que, verbis: § 3º - A pessoa jurídica de direito público ou de direito privado, cujo ato seja objeto de impugnação, poderá abster-se de contestar o pedido, ou poderá atuar ao lado do autor, desde que isso se afigure útil ao interesse público, a juízo do respectivo representante legal ou dirigente. 5. Essas singularidades no âmbito da legitimação para agir, além de conjurar as soluções ortodoxas, implicam a decomposição dos pedidos formulados, por isso que o poder público pode assumir as posturas acima indicadas em relação a um dos pedidos cumulados e manter-se no pólo passivo em relação aos demais. 6. In casu, a União é demandada para cumprir obrigação de fazer consistente na exação do dever de fiscalizar a atuação dos delegatários do SUS e, ao mesmo tempo, beneficiária do pedido formulado de recomposição de seu patrimônio por força de repasse de verbas. 7. Revelam-se notórios, o interesse ea legitimidade da União, quanto a esse outro pedido de reparação pecuniária, mercê de no mérito aferir-se se realmente a entidade federativa maior deve ser compelida à fazer o que consta do pedido do parquet. 8. Recurso especial desprovido para manter a União em ambos os pólos em relação aos pedidos distintos em face da mesma formulados. (REsp 791.042/PR, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA TURMA, julgado em 19/10/2006, DJ 09/11/2006, p. 261) 1.5 – OBJETO DA AÇÃO POPULAR A Ação Popular terá cabimento para anular atos lesivos ao patrimônio público, de entidade que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural. Os artigos 2º, 3º e 4º, da Lei 4.717/65 esmiúçam atos em espécie que são considerados nulos: Igor Maciel Aula 07 Direito Urbanístico p/ Carreira Jurídica 2021 (Curso Regular) - Prof. Igor Maciel www.estrategiaconcursos.com.br 1823834 37171323005 - Júnior Souza Ferreira 11 Art. 2º São nulos os atos lesivos ao patrimônio das entidades mencionadas no artigo anterior, nos casos de: a) incompetência; b) vício de forma; c) ilegalidade do objeto; d) inexistência dos motivos; e) desvio de finalidade. Parágrafo único. Para a conceituação dos casos de nulidade observar-se-ão as seguintes normas: a) a incompetência fica caracterizada quando o ato não se incluir nas atribuições legais do agente que o praticou; b) o vício de forma consiste na omissão ou na observância incompleta ou irregular de formalidades indispensáveis à existência ou seriedade do ato; c) a ilegalidade do objeto ocorre quando o resultado do ato importa em violação de lei, regulamento ou outro ato normativo; d) a inexistência dos motivos se verifica quando a matéria de fato ou de direito, em que se fundamenta o ato, é materialmente inexistente ou juridicamente inadequada ao resultado obtido; e) o desvio de finalidade se verifica quando o agente pratica o ato visando a fim diverso daquele previsto, explícita ou implicitamente, na regra de competência. Art. 3º Os atos lesivos ao patrimônio das pessoas de direito público ou privado, ou das entidades mencionadas no art. 1º, cujos vícios não se compreendam nas especificações do artigo anterior, serão anuláveis, segundo as prescrições legais, enquanto compatíveis com a natureza deles. Art. 4º São também nulos os seguintes atos ou contratos, praticados ou celebrados por quaisquer das pessoas ou entidades referidas no artigo 1º: I - a admissão ao serviço público remunerado, com desobediência, quanto às condições de habilitação, das normas legais, regulamentares ou constantes de instruções gerais. II - a operação bancária ou de crédito real, quando: a) for realizada com desobediência a normas legais, regulamentares, estatutárias, regimentais ou internas; b) o valor real do bem dado em hipoteca ou penhor for inferior ao constante de escritura, contrato ou avaliação. III - a empreitada, a tarefa e a concessão do serviço público, quando: a) o respectivo contrato houver sido celebrado sem prévia concorrência pública ou administrativa, sem que essa condição seja estabelecida em lei, regulamento ou norma geral; Igor Maciel Aula 07 Direito Urbanístico p/ Carreira Jurídica 2021 (Curso Regular) - Prof. Igor Maciel www.estrategiaconcursos.com.br 1823834 37171323005 - Júnior Souza Ferreira 12 b) no edital de concorrência forem incluídas cláusulas ou condições, que comprometam o seu caráter competitivo; c) a concorrência administrativa for processada em condições que impliquem na limitação das possibilidades normais de competição. IV - As modificações ou vantagens, inclusive prorrogações, que forem admitidas, em favor do adjudicatário, durante a execução dos contratos de empreitada, tarefa e concessão de serviço público, sem que estejam previstas em lei ou nos respectivos instrumentos. V - a compra e venda de bens móveis ou imóveis, nos casos em que não for cabível concorrência pública ou administrativa, quando: a) for realizada com desobediência a normas legais, regulamentares, ou constantes de instruções gerais; b) o preço de compra dos bens for superior ao corrente no mercado, na época da operação; c) o preço de venda dos bens for inferior ao corrente no mercado, na época da operação. VI - A concessão de licença de exportação ou importação, qualquer que seja a sua modalidade, quando: a) houver sido praticada com violação das normas legais e regulamentares ou de instruções e ordens de serviço; b) resultar em exceção ou privilégio, em favor de exportador ou importador. VII - a operação de redesconto quando, sob qualquer aspecto, inclusive o limite de valor, desobedecer a normas legais, regulamentares ou constantes de instruções gerais. VIII - o empréstimo concedido pelo Banco Central da República, quando: a) concedido com desobediência de quaisquer normas legais, regulamentares, regimentais ou constantes de instruções gerais; b) o valor dos bens dados em garantia, na época da operação, for inferior ao da avaliação. IX - a emissão quando efetuada sem observância das normas constitucionais, legais e regulamentadoras que regem a espécie. Além disso, o artigo 11 estabelece a possibilidade de se requerer a invalidade do ato impugnado, bem como a condenação do agente causador do dano ao pagamento de perdas e danos: Art. 11. A sentença que, julgando procedente a ação popular, decretar a invalidade do ato impugnado, condenará ao pagamento de perdas e danos os responsáveis pela sua prática e os beneficiários dele, ressalvada a ação regressiva contra os funcionários causadores de dano, quando incorrerem em culpa. Todavia, entende Samuel Fonteles (2015, pg. 140): Igor Maciel Aula 07 Direito Urbanístico p/ Carreira Jurídica 2021 (Curso Regular) - Prof. Igor Maciel www.estrategiaconcursos.com.br 1823834 37171323005 - Júnior Souza Ferreira 13 Segundo a Lei de Ação Popular, dois pedidos podem ser formulados: a invalidação do ato lesivo e a condenação ao pagamento de uma indenização reparatória (...) Não obstante, embora não explicitado pelo diploma legal, também será possível postular uma tutela mandamental (fazer ou não fazer) ou executiva lato sensu (entregar coisa). Percebam, meus amigos, que a tutela da ordem urbanística perfeitamente encaixa-se seja na defesa do meio ambiente, seja na proteção do patrimônio histórico cultural (bens tombados, por exemplo), segundo vimos em aula anterior. Isto porque concolidada na doutrina a divisão do conceito de meio ambiente em (MAZZILLI, 2013, pg. 170): a) meio ambiente natural (bens naturais, como o solo, a água, ou qualquer forma de vida); b) meio ambiente artificial (o espaço urbano construído); c) meio ambiente cultural (interação do homem com o ambiente, o que compreende não só o urbanismo, o zoneamento, o paisagismo e os monumentos históricos, mas também os demais bens de valores artísticos, estéticos, turísticos, paisagísticos, históricos, arqueológicos, etc). Dúvidas, não há, portanto, quanto à utilização do instituto da ação popular na defesa dos interesses urbanísticos. Como este ponto já foi cobrado em prova? (CESPE – PGE/AM – Procurador – 2016) Acerca de competências ambientais legislativas, ação popular e espaços territoriais especialmente protegidos, julgue o item a seguir. Situação hipotética: Determinado empreendimento obteve licença ambiental do estado X sem observância das exigências normativas previstas, o que resultou em lesão ao meio ambiente. Assertiva: Nessa situação, brasileiro naturalizado, residente e eleitor no estado Y, terá legitimidade para ajuizar ação popular no juízo competente contra o estado X com o objetivo de anular o ato concessório. Comentários Item verdadeiro. Igor Maciel Aula 07 Direito Urbanístico p/ Carreira Jurídica 2021(Curso Regular) - Prof. Igor Maciel www.estrategiaconcursos.com.br 1823834 37171323005 - Júnior Souza Ferreira 14 Em primeiro lugar, conforme visto acima, a ação popular é remédio apto a discutir lesões ao meio ambiente. Ora, a licença ambiental concedida de forma irregular é passível de anulação pelo Poder Judiciário via ação popular. Quanto ao fato de o cidadão não residir no Estado que concedera a licença, inexiste qualquer óbice para o manejo da Ação Popular. Isto porque a Constituição Federal não faz qualquer distinção neste sentido. 1.6 – AÇÃO POPULAR X AÇÃO CIVIL PÚBLICA O objeto da Ação Civil Pública é mais amplo que o da Ação Popular, albergando não apenas as lesões ao patrimônio público à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural. É aquela ação instrumento hábil para discutir também lesões causadas aos consumidores, à ordem econômica e urbanística, bem como a qualquer outro interesse difuso ou coletivo. Assim, uma mesma situação fática, poderá ser protegida tanto por uma ação popular, cuja legitimidade ativa caberá ao cidadão, como por uma ação civil pública, cujos legitimados estão dispostos no artigo 5º, da Lei 7.347/851. Exatamente por isto, em um dado caso concreto, será possível o manejo de ambas as ações, podendo operar-se a conexão entre elas. (FONTELES, 2015, pg. 141) (FMP – DPE/PA – Defensor Público -2015) Assinale a opção CORRETA. a) A ação popular se presta à anulação de ato lesivo ao patrimônio público apenas quando este detém valor econômico. b) Descabe o ajuizamento de ação civil pública, quando já houver ação popular ajuizada sobre o mesmo fato. c) A ação popular poderá ser intentada por cidadão e por partido político com representação no Congresso Nacional. d) É facultado a qualquer cidadão habilitar-se como litisconsorte ou assistente do autor da ação popular. 1 Art. 5o Têm legitimidade para propor a ação principal e a ação cautelar: I - o Ministério Público; II - a Defensoria Pública; III - a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios; IV - a autarquia, empresa pública, fundação ou sociedade de economia mista; V - a associação que, concomitantemente: a) esteja constituída há pelo menos 1 (um) ano nos termos da lei civil; b) inclua, entre suas finalidades institucionais, a proteção ao patrimônio público e social, ao meio ambiente, ao consumidor, à ordem econômica, à livre concorrência, aos direitos de grupos raciais, étnicos ou religiosos ou ao patrimônio artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico. Igor Maciel Aula 07 Direito Urbanístico p/ Carreira Jurídica 2021 (Curso Regular) - Prof. Igor Maciel www.estrategiaconcursos.com.br 1823834 37171323005 - Júnior Souza Ferreira 15 e) A ação popular pode ser proposta contra pessoas públicas ou privadas que praticarem atos lesivos ao patrimônio público, não alcançando seus administradores ou os beneficiários diretos do ato danoso, cujas responsabilidades devem ser apuradas em ação própria. Comentários Alternativa Correta: Letra “D”, uma vez que se trata de disposição expressa do artigo 6º, parágrafo 5º, da Lei 4.717/65: § 5º É facultado a qualquer cidadão habilitar-se como litisconsorte ou assistente do autor da ação popular. A alternativa “A” está equivocada uma vez que a ação popular poderá ser utilizada, inclusive, para combater atos lesivos tão somente à moralidade administrativa, não necessariamente com reflexos econômicos. A alternativa “B” também está errada, eis que a legislação não apresenta nenhum óbice ou impedimento entre a Ação Popular e a Ação Civil Pública, sendo certo que a propositura de Ação Popular irá tornar o juiz prevento, nos termos do artigo 5º, parágrafo 3º, da Lei 4.717/65: § 3º A propositura da ação prevenirá a jurisdição do juízo para todas as ações, que forem posteriormente intentadas contra as mesmas partes e sob os mesmos fundamentos. O equívoco da alternativa “C” está em colocar um partido político entre os legitimados ativos para o manejo da Ação Popular, quando apenas cidadãos são parte legítimas. Já a alternativa “E” está errada por contrariar o disposto no caput do artigo 6º, da Lei 4.717/65: Art. 6º A ação será proposta contra as pessoas públicas ou privadas e as entidades referidas no art. 1º, contra as autoridades, funcionários ou administradores que houverem autorizado, aprovado, ratificado ou praticado o ato impugnado, ou que, por omissão, tiverem dado oportunidade à lesão, e contra os beneficiários diretos do mesmo. 1.7 – COMPETÊNCIA Igor Maciel Aula 07 Direito Urbanístico p/ Carreira Jurídica 2021 (Curso Regular) - Prof. Igor Maciel www.estrategiaconcursos.com.br 1823834 37171323005 - Júnior Souza Ferreira 16 Independente de quem seja o Réu na Ação Popular, se detentor ou não de foro privilegiado por prerrogativa de função, a competência para processar e julgar a demanda será, regra geral, do juiz de primeiro grau de jurisdição. Assim, a depender de quem seja apontado como réu na demanda, a competência será de um juiz de direito ou de um juiz federal. Para Samuel Fonteles (2015, pg. 141): O fundamento é muito simples: em se tratando de um instrumento de exercício da cidadania, deve-se franquear ao cidadão, que ajuizou a ação, todas as comodidades e facilidades do acesso à justiça. Exatamente para viabilizar o acompanhamento da ação, o processo será instaurado no juízo singular de primeiro grau, não em Tribunal, sendo irrelevante que a autoridade pública desfrute de foro por prerrogativa de função. A competência do Supremo Tribunal Federal para processar e julgar a Ação Popular pode ocorrer, não em função do tipo de ação, mas das circunstâncias fáticas ou da matéria envolvida, a exemplo de hipóteses de conflito federativo (alínea “f”, inciso I, artigo 102, CF) ou de impedimento de mais da metade dos desembargadores do Tribunal local (alínea “n”, inciso I, artigo 102, CF) Neste sentido: EMENTA: AÇÃO ORIGINÁRIA. QUESTÃO DE ORDEM. AÇÃO POPULAR. COMPETÊNCIA ORIGINÁRIA DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL: NÃO-OCORRÊNCIA. PRECEDENTES. 1. A competência para julgar ação popular contra ato de qualquer autoridade, até mesmo do Presidente da República, é, via de regra, do juízo competente de primeiro grau. Precedentes. 2. Julgado o feito na primeira instância, se ficar configurado o impedimento de mais da metade dos desembargadores para apreciar o recurso voluntário ou a remessa obrigatória, ocorrerá a competência do Supremo Tribunal Federal, com base na letra n do inciso I, segunda parte, do artigo 102 da Constituição Federal. 3. Resolvida a Questão de Ordem para estabelecer a competência de um dos juízes de primeiro grau da Justiça do Estado do Amapá. (AO 859 QO, Relator(a): Min. ELLEN GRACIE, Relator(a) p/ Acórdão: Min. MAURÍCIO CORRÊA, Tribunal Pleno, julgado em 11/10/2001, DJ 01-08-2003 PP-00102 EMENT VOL-02117-16 PP-03213) 1.8 – AÇÃO POPULAR E CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE Sendo certo que o controle concentrado de constitucionalidade no Brasil possui como pedido o reconhecimento da inconstitucionalidade da norma, tem-se que a análise de tal Igor Maciel Aula 07 Direito Urbanístico p/ Carreira Jurídica 2021 (Curso Regular) - Prof. Igor Maciel www.estrategiaconcursos.com.br 1823834 37171323005 - Júnior Souza Ferreira 17 demanda é feita através do dispositivo da decisão. Possível realizar-se este controle através das ações de ADI, ADC e ADPF, cujos efeitos são erga omnes. Por outro lado, no controle difuso, permite-se a discussão da constitucionalidade da norma como causa de pedir e não no pedido, apreciando-se o tema na fundamentação da sentença ou do acórdão, e não no dispositivo. Os efeitos aqui produzidos serão inter partes. A questão que se faz é sobre a possibilidade de se discutir, em sede de AçãoPopular, demanda destinada a proteger interesses difusos e cuja decisão gera efeitos erga omnes, a constitucionalidade de determinada norma. Segundo Samuel Fonteles (2015, pg. 146): Hoje, prevalece na doutrina e na jurisprudência que o controle difuso de constitucionalidade pode ser exercido na ação popular (e nas demais ações coletivas). Contudo, tal discussão seria feita como causa de pedir da ação popular, razão pela qual a discussão sobre a constitucionalidade da norma faria parte da fundamentação da decisão, não de seu dispositivo. Assim, uma vez que (FONTELES, 2015, pg. 146): a única parte da sentença que opera efeitos de coisa julgada (erga omnes) é a dispositiva, (...) a inconstitucionalidade da lei, enfrentada nas razões de decidir, não se sujeitaria a esses efeitos. Em suma: a competência do STF permanece íntegra. 1.9 – PROCEDIMENTO Quanto ao procedimento, este seguirá o rito ordinário, previsto no Código de Processo Civil, com algumas peculiaridades. Cabe-nos, contudo, destacar alguns pontos: a) Admite-se a citação de qualquer beneficiário do ato impugnado cuja existência se torne conhecida no curso do processo a qualquer tempo, desde que antes de proferida a sentença: Lei 4.717/65. Artigo 7º. III - Qualquer pessoa, beneficiada ou responsável pelo ato impugnado, cuja existência ou identidade se torne conhecida no curso do processo e antes de proferida a sentença final de primeira instância, deverá ser citada para a integração do contraditório, sendo-lhe restituído o prazo para contestação e produção de provas. Salvo quanto a beneficiário, se a citação se houver feito na forma do inciso anterior. Igor Maciel Aula 07 Direito Urbanístico p/ Carreira Jurídica 2021 (Curso Regular) - Prof. Igor Maciel www.estrategiaconcursos.com.br 1823834 37171323005 - Júnior Souza Ferreira 18 b) O prazo para defesa será de 20 (vinte) dias, podendo ser prorrogado, a requerimento do interessado: Lei 4.717/65. Artigo 7º. IV - O prazo de contestação é de 20 (vinte) dias prorrogáveis por mais 20 (vinte), a requerimento do interessado, se particularmente difícil a produção de prova documental, e será comum a todos os interessados, correndo da entrega em cartório do mandado cumprido, ou, quando for o caso, do decurso do prazo assinado em edital. c) Não haverá prazo diferenciado para a Fazenda Pública, dada a especificidade do prazo da Lei 4.717/65. d) Será possível a concessão de tutela de urgência na Ação Popular, desde que presentes os requisitos autorizadores, sendo certo que esta poderá ser intentada tanto de forma preventiva como repressiva, em relação aos atos lesivos. e) Quanto à remessa necessária, o artigo 19, da Lei 4.717/65, a prevê em relação às sentenças que extinguem o processo sem resolução do mérito e em relação às sentenças que julgam improcedente o pedido: Art. 19. A sentença que concluir pela carência ou pela improcedência da ação está sujeita ao duplo grau de jurisdição, não produzindo efeito senão depois de confirmada pelo tribunal; da que julgar a ação procedente caberá apelação, com efeito suspensivo. Ademais, segundo já decidiu o Superior Tribunal de Justiça, por aplicação analógica, as sentenças proferidas da mesma forma nas Ações Civis Públicas também se sujeitam à remessa necessária: PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. REEXAME NECESSÁRIO. CABIMENTO. APLICAÇÃO, POR ANALOGIA, DO ART. 19 DA LEI 4.717/1965. 1. "Por aplicação analógica da primeira parte do art. 19 da Lei nº 4.717/65, as sentenças de improcedência de ação civil pública sujeitam-se indistintamente ao reexame necessário" (REsp 1.108.542/SC, Rel. Ministro Castro Meira, j. 19.5.2009, Dje 29.5.2009). 2. Agravo Regimental não provido. (AgRg no REsp 1219033/RJ, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em 17/03/2011, DJe 25/04/2011) Igor Maciel Aula 07 Direito Urbanístico p/ Carreira Jurídica 2021 (Curso Regular) - Prof. Igor Maciel www.estrategiaconcursos.com.br 1823834 37171323005 - Júnior Souza Ferreira 19 A ideia é que tanto a ação popular como a Ação Civil Pública destinam-se à proteção do interesse público, exatamente a pretensão das prerrogativas e benefícios processuais aplicáveis à Fazenda Pública. f) Contra a sentença proferida em Ação Popular, qualquer cidadão ou o Ministério Público possuem legitimidade para recorrer: Lei 4.717/65. Artigo 19. § 2º Das sentenças e decisões proferidas contra o autor da ação e suscetíveis de recurso, poderá recorrer qualquer cidadão e também o Ministério Público. g) Ressalte-se, ainda, que em caso de lides manifestamente temerárias, será o Autor condenado ao pagamento do décuplo das custas processuais. Art. 13. A sentença que, apreciando o fundamento de direito do pedido, julgar a lide manifestamente temerária, condenará o autor ao pagamento do décuplo das custas. h) Quanto à coisa julgada, Pedro Lenza ensina (2015, pg. 1266): A coisa julgada se opera secundum eventum litis, ou seja, se a ação for julgada procedente ou improcedente por ser infundada, produzirá efeito de coisa julgada oponível erga omnes. No entando, se a improcedência se der por deficiência de provas, haverá apenas a coisa julgada formal, podendo qualquer cidadão intentar outra ação com idêntico fundamento, valendo-se de nova prova (art. 18 da lei), já que não terá sido analisado o mérito. Trata-se do disposto no artigo 18 da Lei 4.717/65: Art. 18. A sentença terá eficácia de coisa julgada oponível erga omnes, exceto no caso de haver sido a ação julgada improcedente por deficiência de prova; neste caso, qualquer cidadão poderá intentar outra ação com idêntico fundamento, valendo-se de nova prova. (FCC – CNMP – Analista -2015) Na ação popular é correto afirmar que a) a proposta contra o Presidente da República a competência originária é do STF. b) a sentença estará sempre sujeita a reexame obrigatório. Igor Maciel Aula 07 Direito Urbanístico p/ Carreira Jurídica 2021 (Curso Regular) - Prof. Igor Maciel www.estrategiaconcursos.com.br 1823834 37171323005 - Júnior Souza Ferreira 20 c) se pode impugnar ato administrativo e lei de efeito concreto. d) o Ministério Público não pode aditar a inicial. e) é viável a tutela e a defesa do consumidor em razão do princípio da integratividade do microssistema processual coletivo. COMENTÁRIOS Alternativa correta: Letra “C“, eis que a lei de efeitos concretos é considerada materialmente pela doutrina como equiparada a um ato administrativo e, por isso mesmo, atacável por ação popular, conforme o direito ou interesse lesado. A alternativa “A” está equivocada. O STF já decidiu que a competência para julgar ação popular contra ato de qualquer autoridade, até mesmo do Presidente da República, é, em regra, do juízo competente de primeiro grau. O erro da alternativa “B” é que apenas as sentenças que concluírem pela carência ou improcedência da ação popular é que estarão sujeitas ao reexame necessário, nos termos do artigo 19, da Lei 4.717/65: Art. 19. A sentença que concluir pela carência ou pela improcedência da ação está sujeita ao duplo grau de jurisdição, não produzindo efeito senão depois de confirmada pelo tribunal; da que julgar a ação procedente, caberá apelação, com efeito suspensivo. Quanto à alternativa “D”, esta contraria o disposto no artigo 9º, da Lei 4717/65: Art. 9º Se o autor desistir da ação ou der motivo à absolvição da instância, serão publicados editais nos prazos e condições previstos no art. 7º, inciso II, ficando assegurado a qualquer cidadão, bem como ao representante do Ministério Público, dentro do prazo de 90 (noventa) dias da última publicação feita, promover o prosseguimento da ação. Já a alternativa “E” está equivocada porque a Ação Popular não se presta para defender interesses relativos aos consumidores.Igor Maciel Aula 07 Direito Urbanístico p/ Carreira Jurídica 2021 (Curso Regular) - Prof. Igor Maciel www.estrategiaconcursos.com.br 1823834 37171323005 - Júnior Souza Ferreira 21 2 – AÇÃO CIVIL PÚBLICA 2.1 – CONSIDERAÇÕES INICIAIS A Ação Civil Pública corresponde a uma espécie de processo coletivo prevista na Lei 7.347/85. Trata-se de procedimento destinado à tutela da coletividade e que poderá ser manejado independente da propositura de Ação Popular. De acordo com o artigo 1º, da referida Lei, caberá Ação Civil Pública para discutir as ações de responsabilidade por danos morais e patrimoniais causados ao meio ambiente, ao consumidor a patrimônio artístico ou histórico, à ordem econômica ou a qualquer outro interesse difuso ou coletivo. Art. 1º Regem-se pelas disposições desta Lei, sem prejuízo da ação popular, as ações de responsabilidade por danos morais e patrimoniais causados: (“Caput” do artigo com redação dada pela Lei nº 12.529, de 30/11/2011, publicada no DOU de 1/12/2011, em vigor 180 dias após a publicação) I - ao meio-ambiente; II - ao consumidor; III - a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico; IV - a qualquer outro interesse difuso ou coletivo. (Inciso acrescido pela Lei nº 8.078, de 11/9/1990) V - por infração da ordem econômica; (Inciso acrescido pela Lei nº 8.884, de 11/6/1994, e com nova redação dada pela Lei nº 12.529, de 30/11/2011, publicada no DOU de 1/12/2011, em vigor 180 dias após a publicação) VI - à ordem urbanística. (Inciso acrescido pela Medida Provisória nº 2.180-35, de 24/8/2001) VII - à honra e à dignidade de grupos raciais, étnicos ou religiosos. (Inciso acrescido pela Lei nº 12.966, de 24/4/2014, retificado no DOU de 5/5/2014) VIII – ao patrimônio público e social. (Inciso acrescido pela Lei nº 13.004, de 24/6/2014, publicada no DOU de 25/6/2014, em vigor após decorridos 60 dias de sua publicação oficial) Parágrafo único. Não será cabível ação civil pública para veicular pretensões que envolvam tributos, contribuições previdenciárias, o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço - FGTS ou outros fundos de natureza institucional cujos beneficiários podem ser individualmente determinados. (Parágrafo único acrescido pela Medida Provisória nº 2.180-35, de 24/8/2001) Percebam que além do meio ambiente estar previsto no inciso I, do artigo 1º, a ordem urbanística também figura entre os objetos da Ação Civil Pública (inciso VI). Tal qual a Ação Igor Maciel Aula 07 Direito Urbanístico p/ Carreira Jurídica 2021 (Curso Regular) - Prof. Igor Maciel www.estrategiaconcursos.com.br 1823834 37171323005 - Júnior Souza Ferreira 22 Popular, a Ação Civil Pública é, pois, meio idôneo para discutir judicialmente agressões ao direito urbanístico. 2.2 – CABIMENTO De acordo com a parte final do artigo 1º, da Lei 7.347/85, cabe Ação Civil Pública também para o ressarcimento de dano moral coletivo causados pelo Réu. Em razão de tal dispositivo, Fredie Didier (2016, pg. 328) aponta que diversas correntes doutrinárias questionaram a aplicação de tal dispositivo, haja vista a impossibilidade de aferir a lesão à honra, à imagem ou à dor da coletividade. Contudo, o Superior Tribunal de Justiça pacificou a possibilidade de se admitir o dano moral coletivo, especialmente no direito ambiental e do consumidor. Fredie Didier (2016, pg. 331) aponta, contudo, que a prova produzida deve apontar que o dano ultrapassa os limites do tolerável e atinge, efetivamente, os valores coletivos: CONSUMIDOR. PROCESSO CIVIL. TRANSPORTE COLETIVO. CONFIGURAÇÃO DE DANO MORAL COLETIVO. REEXAME FÁTICO-PROBATÓRIO. SÚMULA 7/STJ. 1. O pedido de condenação ao dano moral coletivo é cabível quando o dano ultrapassa os limites do tolerável e atinge, efetivamente, valores coletivos, o que não foi constatado pela Corte de origem, pois "não restaram provados os fatos alegados na reclamação feita através da denúncia anônima, quais sejam: as precárias condições estruturais dos veículos, de limpeza e a ocorrência de problemas mecânicos frequentes" (fl.425, e-STJ). 2. Modificar tal entendimento demandaria o reexame do contexto fático-probatório dos autos, o que é defeso a esta Corte. Incidência da Súmula 7/STJ. Agravo regimental improvido. (AgRg no AREsp 809.543/RJ, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA, julgado em 08/03/2016, DJe 15/03/2016) Além disso, o artigo 3º, da Lei 7.347/85 determina ser possível que a ação civil pública tenha por objeto a condenação em dinheiro ou o cumprimento da obrigação de fazer ou não fazer: Art. 3º A ação civil poderá ter por objeto a condenação em dinheiro ou o cumprimento de obrigação de fazer ou não fazer. Igor Maciel Aula 07 Direito Urbanístico p/ Carreira Jurídica 2021 (Curso Regular) - Prof. Igor Maciel www.estrategiaconcursos.com.br 1823834 37171323005 - Júnior Souza Ferreira 23 Interpretando tal dispositivo, o STJ pacificou a possibilidade de cumulação de ambos os pedidos: obrigação de fazer, de não fazer e de indenizar. ADMINISTRATIVO. AMBIENTAL. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. DESMATAMENTO E EDIFICAÇÃO EM ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE, SEM AUTORIZAÇÃO DA AUTORIDADE AMBIENTAL. DANOS CAUSADOS À BIOTA. INTERPRETAÇÃO DOS ARTS. 4º, VII, E 14, § 1º, DA LEI 6.938/1981, E DO ART. 3º DA LEI 7.347/85. PRINCÍPIOS DA REPARAÇÃO INTEGRAL, DO POLUIDOR-PAGADOR E DO USUÁRIO-PAGADOR. POSSIBILIDADE DE CUMULAÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER (REPARAÇÃO DA ÁREA DEGRADADA) E DE PAGAR QUANTIA CERTA (INDENIZAÇÃO). REDUCTION AD PRISTINUM STATUM. DANO AMBIENTAL INTERMEDIÁRIO, RESIDUAL E MORAL COLETIVO. ART. 5º DA LEI DE INTRODUÇÃO AO CÓDIGO CIVIL. INTERPRETAÇÃO IN DUBIO PRO NATURA DA NORMA AMBIENTAL. 1. Cuidam os autos de Ação Civil Pública proposta com o fito de obter responsabilização por danos ambientais causados pela supressão de vegetação nativa e edificação irregular em Área de Preservação Permanente. O juiz de primeiro grau e o Tribunal de Justiça de Minas Gerais consideraram provado o dano ambiental e condenaram o réu a repará-lo; porém, julgaram improcedente o pedido indenizatório pelo dano ecológico pretérito e residual. 2. A jurisprudência do STJ está firmada no sentido da viabilidade, no âmbito da Lei 7.347/85 e da Lei 6.938/81, de cumulação de obrigações de fazer, de não fazer e de indenizar (REsp 1.145.083/MG, Rel. Ministro Herman Benjamin, Segunda Turma, DJe 4.9.2012; REsp 1.178.294/MG, Rel. Ministro Mauro Campbell Marques, Segunda Turma, DJe 10.9.2010; AgRg nos EDcl no Ag 1.156.486/PR, Rel. Ministro Arnaldo Esteves Lima, Primeira Turma, DJe 27.4.2011; REsp 1.120.117/AC, Rel. Ministra Eliana Calmon, Segunda Turma, DJe 19.11.2009; REsp 1.090.968/SP, Rel. Ministro Luiz Fux, Primeira Turma, DJe 3.8.2010; REsp 605.323/MG, Rel. Ministro José Delgado, Rel. p/ Acórdão Ministro Teori Albino Zavascki, Primeira Turma, DJ 17.10.2005; REsp 625.249/PR, Rel. Ministro Luiz Fux, Primeira Turma, DJ 31.8.2006, entre outros). 3. Recurso Especial parcialmente provido para reconhecer a possibilidade de cumulação de indenização pecuniária com as obrigações de fazer e não fazer voltadas à recomposição in natura do bem lesado, devolvendo-se os autos ao Tribunal de origem para que fixe, in casu, o quantum debeatur reparatório do dano já reconhecido no acórdão recorrido. (REsp 1328753/MG, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em 28/05/2013, DJe 03/02/2015) Além disso, de acordo com o artigo 4º, da Lei 7.347/85: Art. 4º Poderá ser ajuizada ação cautelar para os fins desta Lei, objetivando, inclusive, evitar dano ao patrimônio público e social, ao meio ambiente, ao consumidor, à honra e à dignidade de grupos raciais, étnicos ou religiosos, à ordem urbanística ou aos bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico. (Artigo com redação dada pela Lei nº13.004, de 24/6/2014, publicada no DOU de 25/6/2014, em vigor após decorridos 60 dias de sua publicação oficial) Igor Maciel Aula 07 Direito Urbanístico p/ Carreira Jurídica 2021 (Curso Regular) - Prof. Igor Maciel www.estrategiaconcursos.com.br 1823834 37171323005 - Júnior Souza Ferreira 24 Para Fredie Didier (2016, pg. 351): Embora mencione expressamente a tutela cautelar, a redação do dispositivo não dá margem à dúvida: não se trata de tutela cautelar, mas, sim, de tutela inibitória, que é satisfativa e visa exatamente obter providência judicial que impeça a prática de ato ilícito e, por consequência, a ocorrência de um dano. Possível em ações coletivas tanto a concessão de tutela cautelar como qualquer hipótese de tutela provisória prevista nos artigos 300 e seguintes, do CPC. Ressalte-se, contudo, o disposto no artigo 2º, da Lei 8.437/92: Art. 2º No mandado de segurança coletivo e na ação civil pública, a liminar será concedida, quando cabível, após a audiência do representante judicial da pessoa jurídica de direito público, que deverá se pronunciar no prazo de setenta e duas horas. Conforme demonstrado, em ações civis públicas, apenas será possível o deferimento de liminar, após a oitiva do representante judicial da pessoa jurídica de direito público, que deverá se pronunciar em um prazo de até 72 (setenta e duas) horas. Aplicam-se, ainda, às ações civis públicas todas as restrições relativas à concessão de tutela antecipada em face do Poder Público, especialmente aquelas previstas na Lei 8.437/92: Art. 1° Não será cabível medida liminar contra atos do Poder Público, no procedimento cautelar ou em quaisquer outras ações de natureza cautelar ou preventiva, toda vez que providência semelhante não puder ser concedida em ações de mandado de segurança, em virtude de vedação legal. § 1° Não será cabível, no juízo de primeiro grau, medida cautelar inominada ou a sua liminar, quando impugnado ato de autoridade sujeita, na via de mandado de segurança, à competência originária de tribunal. § 2° O disposto no parágrafo anterior não se aplica aos processos de ação popular e de ação civil pública. § 3° Não será cabível medida liminar que esgote, no todo ou em qualquer parte, o objeto da ação. § 4° Nos casos em que cabível medida liminar, sem prejuízo da comunicação ao dirigente do órgão ou entidade, o respectivo representante judicial dela será imediatamente intimado. (Incluído pela Medida Provisória nº 2,180-35, de 2001) § 5o Não será cabível medida liminar que defira compensação de créditos tributários ou previdenciários. (Incluído pela Medida Provisória nº 2,180-35, de 2001) Ressalte-se o disposto no parágrafo 1º, do referido dispositivo: Art. 1° (...) Igor Maciel Aula 07 Direito Urbanístico p/ Carreira Jurídica 2021 (Curso Regular) - Prof. Igor Maciel www.estrategiaconcursos.com.br 1823834 37171323005 - Júnior Souza Ferreira 25 § 1° Não será cabível, no juízo de primeiro grau, medida cautelar inominada ou a sua liminar, quando impugnado ato de autoridade sujeita, na via de mandado de segurança, à competência originária de tribunal. Tal dispositivo também se aplica à tutela antecipada e busca evitar exatamente a burla às regras de competência por prerrogativa de foro previstas na Constituição Federal. Segundo Guilherme Barros (2015, pg. 135), em um exemplo onde a parte deva intentar um Mandado de Segurança em face de ato do Presidente da República, a competência seria do Supremo Tribunal Federal, por força do artigo 102, I, “d”, da CF. Contudo, se: ao invés de mandado de segurança, for proposta uma demanda ordinária em face da União para discutir o ato administrativo, a competência não será do Supremo, mas sim do juízo federal de 1ª instância. Nesse caso, a concessão de liminar significaria a imposição de obrigação ao Presidente da República através de juízo incompetente constitucionalmente. Vejam que o próprio parágrafo 2º, do artigo 1º, da Lei 8.437/92, excepciona da própria regra as liminares deferidas em ação popular e ação civil pública: § 2° O disposto no parágrafo anterior não se aplica aos processos de ação popular e de ação civil pública. Nesse tipo de ação, será possível a concessão de medida liminar, sem que seja considerada burla à regra de competência prevista na Constituição Federal. Quanto às demais hipóteses de vedações, estas se aplicam à Ação Civil Pública. Significa, então, que se não há vedação legal, em qualquer outro caso poderá ser deferida liminar. Por outro lado, e se a demanda estiver enquadrada em uma das hipóteses de vedação à concessão de liminar, mas a Ação Civil Pública possuir ampla prova documental da plausibilidade do direito e a urgência for extremamente elevada? Ainda assim, deverá o juiz ater-se à letra fria da lei e negar a liminar pleiteada por expressa vedação legal? Leonardo Cunha afirma que (2016, pg. 301): Embora tenha reconhecido a constitucionalidade das restrições e vedações à concessão da tutela antecipada contra o Poder Público, o STF vem conferindo interpretação restritiva ao referido dispositivo, diminuindo seu âmbito de abrangência para negar reclamações constitucionais em algumas hipóteses em que lhe parece cabível a medida antecipatória, mesmo para determinar o pagamento de soma em dinheiro. Igor Maciel Aula 07 Direito Urbanístico p/ Carreira Jurídica 2021 (Curso Regular) - Prof. Igor Maciel www.estrategiaconcursos.com.br 1823834 37171323005 - Júnior Souza Ferreira 26 Deverá, portanto, o magistrado, analisando o caso concreto, verificar a pertinência e viabilidade de se superar o impedimento legal, desde que devidamente fundamentado e justificando o motivo e a urgência que viabilizam a superação das restrições. 2.3 – COMPETÊNCIA De acordo com o artigo 2º, da Lei 7.347/85: Art. 2º As ações previstas nesta Lei serão propostas no foro do local onde ocorrer o dano, cujo juízo terá competência funcional para processar e julgar a causa. Parágrafo único. A propositura da ação prevenirá a jurisdição do juízo para todas as ações posteriormente intentadas que possuam a mesma causa de pedir ou o mesmo objeto. (Parágrafo único acrescido pela Medida Provisória nº 2.180-35, de 24/8/2001) Assim, quanto à competência territorial, não restam quaisquer dúvidas: será competente o foro do local onde ocorrer o dano para processar e julgar a Ação Civil Pública, sendo esta hipótese de competência absoluta. A dúvida surge em razão da previsão do artigo 109, parágrafo 3º, da Constituição Federal que assim dispõe: § 3º Serão processadas e julgadas na justiça estadual, no foro do domicílio dos segurados ou beneficiários, as causas em que forem parte instituição de previdência social e segurado, sempre que a comarca não seja sede de vara do juízo federal, e, se verificada essa condição, a lei poderá permitir que outras causas sejam também processadas e julgadas pela justiça estadual. Ora, e se a União for parte no processo e a comarca não for sede da Justiça Federal? Caberá ao juiz estadual apreciar a Ação Civil Pública? Inicialmente, o Superior Tribunal de Justiça assim pacificou a matéria: Súmula 183 – STJ – CANCELADA - Compete ao Juiz Estadual, nas Comarcas que não sejam sede de vara da Justiça Federal, processar e julgar ação civil pública, ainda que a União figure no processo. Igor Maciel Aula 07 Direito Urbanístico p/ Carreira Jurídica 2021 (Curso Regular) - Prof. Igor Maciel www.estrategiaconcursos.com.br 1823834 37171323005 - Júnior Souza Ferreira 27 Contudo, após a pacificação da matéria pelo Supremo Tribunal Federal no sentido de ser necessária a apreciação da ação por juízo federal, o STJ cancelou a Súmula 183 adequando-se ao seguinte julgamento do STF: EMENTA: AÇÃO CIVIL PÚBLICA PROMOVIDA PELO MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL. COMPETÊNCIA DAJUSTIÇA FEDERAL. ART. 109, I E § 3º, DA CONSTITUIÇÃO. ART. 2º DA LEI Nº 7.347/85. O dispositivo contido na parte final do § 3º do art. 109 da Constituição é dirigido ao legislador ordinário, autorizando- o a atribuir competência (rectius jurisdição) ao Juízo Estadual do foro do domicílio da outra parte ou do lugar do ato ou fato que deu origem à demanda, desde que não seja sede de Varas da Justiça Federal, para causas específicas dentre as previstas no inciso I do referido artigo 109. No caso em tela, a permissão não foi utilizada pelo legislador que, ao revés, se limitou, no art. 2º da Lei nº 7.347/85, a estabelecer que as ações nele previstas "serão propostas no foro do local onde ocorrer o dano, cujo juízo terá competência funcional para processar e julgar a causa". Considerando que o Juiz Federal também tem competência territorial e funcional sobre o local de qualquer dano, impõe-se a conclusão de que o afastamento da jurisdição federal, no caso, somente poderia dar-se por meio de referência expressa à Justiça Estadual, como a que fez o constituinte na primeira parte do mencionado § 3º em relação às causas de natureza previdenciária, o que no caso não ocorreu. Recurso conhecido e provido. (RE 228955, Relator(a): Min. ILMAR GALVÃO, Tribunal Pleno, julgado em 10/02/2000, DJ 24-03-2001 PP-00070 EMENT VOL-01984-04 PP-00842 REPUBLICAÇÃO: DJ 14-04-2000 PP-00056 RTJ VOL-00172-03 PP-00992) Assim, conforme defendido por Didier (2016, pg. 126): se a ação civil pública se encaixar em qualquer das hipóteses previstas no art. 109 da Constituição Federal, que estabelece a competência do juiz federal, deverá tramitar na Justiça Federal necessariamente, não lhe sendo aplicável a regra do parágrafo 3º do mesmo art. 109. 2.4 – LEGITIMIDADE De acordo com o artigo 5º, da Lei 7.347/85, poderão propor a ação principal e a ação cautelar: Art. 5º Têm legitimidade para propor a ação principal e a ação cautelar: (Caput do artigo com redação dada pela Lei nº 11.448, de 15/01/2007) I - o Ministério Público; (Inciso com redação dada pela Lei nº 11.448, de 15/01/2007) II - a Defensoria Pública; (Inciso com redação dada pela Lei nº 11.448, de 15/01/2007) Igor Maciel Aula 07 Direito Urbanístico p/ Carreira Jurídica 2021 (Curso Regular) - Prof. Igor Maciel www.estrategiaconcursos.com.br 1823834 37171323005 - Júnior Souza Ferreira 28 III - a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios; (Inciso acrescido pela Lei nº 11.448, de 15/01/2007) IV - a autarquia, empresa pública, fundação ou sociedade de economia mista; (Inciso acrescido pela Lei nº 11.448, de 15/01/2007) V - a associação que, concomitantemente: (Inciso acrescido pela Lei nº 11.448, de 15/01/2007) a) esteja constituída há pelo menos 1 (um) ano nos termos da lei civil; (Alínea acrescida pela Lei nº 11.448, de 15/01/2007) b) inclua, entre suas finalidades institucionais, a proteção ao patrimônio público e social, ao meio ambiente, ao consumidor, à ordem econômica, à livre concorrência, aos direitos de grupos raciais, étnicos ou religiosos ou ao patrimônio artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico. (Alínea acrescida pela Lei nº 11.448, de 15/01/2007 e com redação dada pela Lei nº 13.004, de 24/6/2014, publicada no DOU de 25/6/2014, em vigor após decorridos 60 dias de sua publicação oficial) § 1º O Ministério Público, se não intervier no processo como parte, atuará obrigatoriamente como fiscal da lei. § 2º Fica facultado ao Poder Público e a outras associações legitimadas nos termos deste artigo habilitar-se como litisconsortes de qualquer das partes. § 3º Em caso de desistência infundada ou abandono da ação por associação legitimada, o Ministério Público ou outro legitimado assumirá a titularidade ativa. (Parágrafo com redação dada pela Lei nº 8.078, de 11/9/1990) § 4º O requisito da pré-constituição poderá ser dispensado pelo juiz, quando haja manifesto interesse social evidenciado pela dimensão ou característica do dano, ou pela relevância do bem jurídico a ser protegido. (Parágrafo acrescido pela Lei nº 8.078, de 11/9/1990) § 5º Admitir-se-á o litisconsórcio facultativo entre os Ministérios Públicos da União, do Distrito Federal e dos Estados na defesa dos interesses e direitos de que cuida esta lei. (Parágrafo acrescido pela Lei nº 8.078, de 11/9/1990) § 6º Os órgãos públicos legitimados poderão tomar dos interessados compromisso de ajustamento de sua conduta às exigências legais, mediante combinações, que terá eficácia de título executivo extrajudicial. (Parágrafo acrescido pela Lei nº 8.078, de 11/9/1990) No Brasil, a legitimação para demandas coletivas é, portanto, plúrima, eis que vários entes são legitimados para proporem as demandas e mista, eis que tanto entes da sociedade civil como do Estado são legitimados para o manejo da ação coletiva. Quanto aos legitimados, cabe-nos comentar as situações mais prováveis de cobrança em provas. Igor Maciel Aula 07 Direito Urbanístico p/ Carreira Jurídica 2021 (Curso Regular) - Prof. Igor Maciel www.estrategiaconcursos.com.br 1823834 37171323005 - Júnior Souza Ferreira 29 Defensoria Pública Em 2007, a Lei 11.448 alterou a Lei 7.345/85 para incluir entre os legitimados para propositura da Ação Civil Pública a Defensoria Pública. Até esta data, tanto a doutrina como a jurisprudência não estavam em sintonia quanto à possibilidade de atuação de tal ente. O dispositivo legal teve a constitucionalidade questionada no Supremo Tribunal Federal que reconheceu inexistir qualquer vício de inconstitucionalidade, afirmando não deter o Ministério Público a exclusividade para ajuizamento de ação civil pública. Assim, possível o manejo de Ação Civil Pública também pela Defensoria. EMENTA: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. LEGITIMIDADE ATIVA DA DEFENSORIA PÚBLICA PARA AJUIZAR AÇÃO CIVIL PÚBLICA (ART. 5º, INC. II, DA LEI N. 7.347/1985, ALTERADO PELO ART. 2º DA LEI N. 11.448/2007). TUTELA DE INTERESSES TRANSINDIVIDUAIS (COLETIVOS STRITO SENSU E DIFUSOS) E INDIVIDUAIS HOMOGÊNEOS. DEFENSORIA PÚBLICA: INSTITUIÇÃO ESSENCIAL À FUNÇÃO JURISDICIONAL. ACESSO À JUSTIÇA. NECESSITADO: DEFINIÇÃO SEGUNDO PRINCÍPIOS HERMENÊUTICOS GARANTIDORES DA FORÇA NORMATIVA DA CONSTITUIÇÃO E DA MÁXIMA EFETIVIDADE DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS: ART. 5º, INCS. XXXV, LXXIV, LXXVIII, DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA. INEXISTÊNCIA DE NORMA DE EXCLUSIVIDAD DO MINISTÉRIO PÚBLICO PARA AJUIZAMENTO DE AÇÃO CIVIL PÚBLICA. AUSÊNCIA DE PREJUÍZO INSTITUCIONAL DO MINISTÉRIO PÚBLICO PELO RECONHECIMENTO DA LEGITIMIDADE DA DEFENSORIA PÚBLICA. AÇÃO JULGADA IMPROCEDENTE. (ADI 3943, Relator(a): Min. CÁRMEN LÚCIA, Tribunal Pleno, julgado em 07/05/2015, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-154 DIVULG 05-08-2015 PUBLIC 06-08-2015) Ocorre que, segundo aponta Didier (2016, pg. 203) a Defensoria Pública não possui legitimidade para LIQUIDAR e EXECUTAR os direitos individuais decorrentes da sentença coletiva em relação aos jurisdicionados NÃO necessitados. É dizer: a Defensoria apenas poderá atuar na fase de liquidação e execução da sentença em favor dos necessitados, conforme já decidido pelo STJ: RECURSO ESPECIAL. PROCESSUAL CIVIL. DEFENSORIA PÚBLICA. LEGITIMIDADE ATIVA. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. TUTELA DE INTERESSES INDIVIDUAIS HOMOGÊNEOS. MUTUÁRIOS. SISTEMA FINANCEIRO HABITACIONAL. PERTINÊNCIA SUBJETIVA. NECESSITADOS. SENTIDO AMPLO. PERSPECTIVA ECONÔMICA E ORGANIZACIONAL. 1.Cinge-se a controvérsia a saber se a Defensoria Pública da União detém legitimidade para propor ação civil pública em defesa de direitos individuais homogêneos, a exemplo dos mutuários do SFH. 2. A Defensoria Pública é um órgão voltado não somente à orientação jurídica dos necessitados, mas também à proteção do regime democrático e à promoção dos direitos humanos e dos direitos individuais e coletivos. Igor Maciel Aula 07 Direito Urbanístico p/ Carreira Jurídica 2021(Curso Regular) - Prof. Igor Maciel www.estrategiaconcursos.com.br 1823834 37171323005 - Júnior Souza Ferreira 30 3. A pertinência subjetiva da Defensoria Pública para intentar ação civil pública na defesa de interesses transindividuais está atrelada à interpretação do que consiste a expressão "necessitados" (art. 134 da CF) por "insuficiência de recursos" (art. 5º, LXXXIV, da CF). 4. Deve ser conferido ao termo "necessitados" uma interpretação ampla no campo da ação civil pública para fins de atuação inicial da Defensoria Pública, de modo a incluir, para além do necessitado econômico (em sentido estrito), o necessitado organizacional, ou seja, o indivíduo ou grupo em situação especial de vulnerabilidade existencial. 5. O juízo prévio acerca da coletividade de pessoas necessitadas deve ser feito de forma abstrata, em tese, bastando que possa haver, para a extensão subjetiva da legitimidade, o favorecimento de grupo de indivíduos pertencentes à classe dos hipossuficientes, mesmo que, de forma indireta e eventual, venha a alcançar outros economicamente mais favorecidos. 6. A liquidação e a execução da sentença proferida nas ações civis públicas movidas pela Defensoria Pública somente poderá ser feita aos que comprovarem insuficiência de recursos, pois, nessa fase, a tutela de cada membro da coletividade ocorre de maneira individualizada. 7. Recurso especial provido. (REsp 1449416/SC, Rel. Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA, TERCEIRA TURMA, julgado em 15/03/2016, DJe 29/03/2016) Associação Para que a Associação possa manejar a Ação Civil Pública, faz-se necessário que tenha sido constituída há pelo menos um ano, nos termos da lei civil e inclua entre suas finalidades institucionais a defesa do patrimônio público ou social, ao meio ambiente, ao consumidor ou outros direitos coletivos lato sensu. Quanto ao tema, a discussão enfrentada pelos Tribunais Superiores fora quanto aos limites do transporte da coisa jugada em demandas propostas por sindicatos ou associações onde apenas no momento da execução apresenta-se a lista de associados beneficiados pela decisão do processo de conhecimento. Em suma, existe restrição ao ajuizamento de demandas por sindicatos e associações? Quais os limites subjetivos do título? A discussão passa pelo enfrentamento da diferença entre Associação e Sindicato e dos institutos de representação e substituição processual. Inicialmente, o tratamento dado tanto para as associações como para os sindicatos era bastante semelhante, conforme julgado pelo Superior Tribunal de Justiça nos autos do AgRgAI 801.822-DF, de relatoria da Ministra Maria Thereza de Assis Moura: AGRAVO REGIMENTAL. AGRAVO DE INSTRUMENTO.LEGITIMIDADE ATIVA. VÍCIO SANÁVEL NA INSTÂNCIA ORDINÁRIA. VIOLAÇÃO DO ART. 284 DO CPC. OCORRÊNCIA. Igor Maciel Aula 07 Direito Urbanístico p/ Carreira Jurídica 2021 (Curso Regular) - Prof. Igor Maciel www.estrategiaconcursos.com.br 1823834 37171323005 - Júnior Souza Ferreira 31 1. Este Superior Tribunal de Justiça firmou entendimento no sentido de que não há necessidade de autorização expressa ou relação nominal dos associados para que a associação ou sindicato atue em seus nomes, seja para propor ações ordinárias ou coletivas, porquanto está-se diante da chamada substituição processual. (...) Ocorre que, segundo a Constituição Federal, as associações e os sindicatos possuem tratamento jurídico diferenciado, nos termos do artigo 5º, incisos XXI e LXX, b e 8º, III2, conforme decidido pelo Supremo Tribunal Federal: REPRESENTAÇÃO – ASSOCIADOS – ARTIGO 5º, INCISO XXI, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. ALCANCE. O disposto no artigo 5º, inciso XXI, da Carta da República encerra representação específica, não alcançando previsão genérica do estatuto da associação a revelar a defesa dos interesses dos associados. TÍTULO EXECUTIVO JUDICIAL – ASSOCIAÇÃO – BENEFICIÁRIOS. As balizas subjetivas do título judicial, formalizado em ação proposta por associação, é definida pela representação no processo de conhecimento, presente a autorização expressa dos associados e a lista destes juntada à inicial. RE 573232, Relator(a): Min. RICARDO LEWANDOWSKI, Relator(a) p/ Acórdão: Min. MARCO AURÉLIO, Tribunal Pleno, julgado em 14/05/2014, DJe-182 DIVULG 18-09-2014 PUBLIC 19-09-2014 EMENT VOL- 02743-01 PP-00001 É dizer: ao demandarem em juízo, as associações atuam em defesa de seus filiados através do instituto da Representação Processual, diferentemente dos Sindicatos que seriam substitutos processual. Assim, para a formação da coisa julgada coletiva através de associações, necessária a autorização expressa dos filiados e a juntada da lista completa dos beneficiários, como forma de garantir a melhor defesa do réu. Tal autorização não pode ser apenas aquela expressa na ata de constituição ou no Regimento Interno da Associação. Já os sindicatos, atuando em juízo através do instituto da substituição processual, possuem ampla legitimidade para, independente de autorização expressa dos filiados, proporem demandas que possibilitem a execução individual do título executivo. No caso das Ações Civis Públicas, as associações precisam, portanto, de autorização especial para demandarem em juízo. 2Constituição Federal. Art. 5. XXI - as entidades associativas, quando expressamente autorizadas, têm legitimidade para representar seus filiados judicial ou extrajudicialmente; LXX - o mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por: b) organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em funcionamento há pelo menos um ano, em defesa dos interesses de seus membros ou associados; Art. 8. III - ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interesses coletivos ou individuais da categoria, inclusive em questões judiciais ou administrativas; Igor Maciel Aula 07 Direito Urbanístico p/ Carreira Jurídica 2021 (Curso Regular) - Prof. Igor Maciel www.estrategiaconcursos.com.br 1823834 37171323005 - Júnior Souza Ferreira 32 Por fim, o requisito pré-constituição poderá ser dispensado pelo juiz quando haja manifesto interesse social evidenciado pela dimensão ou característica do dano, ou pela relevância do bem jurídico a ser protegido (parágrafo 4º). Consequência da Falta de Legitimação E se proposta uma Ação Civil Pública, o Magistrado verificar a ilegitimidade ativa? Qual deve ser o procedimento a ser adotado? Fredie Didier (2016, pg. 197) defende que a consequência desta situação não pode ser necessariamente a extinção do processo sem resolução do mérito e defende que deve ser aproveitado o processo coletivo com a substituição (sucessão) da parte que se reputa inadequada para a condução da demanda. Neste sentido: PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. EMBARGOS INFRINGENTES. LEGITIMIDADE DA DEFENSORIA PÚBLICA PARA A PROPOSITURA DE AÇÃO CIVIL PÚBLICA. LIMITADOR CONSTITUCIONAL. DEFESA DOS NECESSITADOS. PLANO DE SAÚDE. REAJUSTE. GRUPO DE CONSUMIDORES QUE NÃO É APTO A CONFERIR LEGITIMIDADE ÀQUELA INSTITUIÇÃO. 1. São cabíveis embargos infringentes quando o acórdão não unânime houver reformado, em grau de apelação, a sentença de mérito, ou houver julgado procedente a ação rescisória (CPC, art. 530). Excepcionalmente, tem-se admitido o recurso em face de acórdão não unânime proferido no julgamento do agravo de instrumento quando o Tribunal vier a extinguir o feito com resolução do mérito. 2. Na hipótese, no tocante à legitimidade ativa da Defensoria Pública para o ajuizamento de ação civil pública, não bastou um mero exame taxativo da lei, havendo sim um controle judicial sobre a representatividade adequada da legitimação coletiva. Com efeito, para chegar à conclusão da existência ou não de pertinência temática entre o direito material em litígio e as atribuições constitucionais da parte autora acabou-se adentrando no terreno
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