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Aula 07
Direito Urbanístico p/ Carreira Jurídica
2021 (Curso Regular) - Prof. Igor Maciel
Autor:
Igor Maciel
Aula 07
22 de Março de 2021
37171323005 - Júnior Souza Ferreira
SUMÁRIO 
Sumário ................................................................................................................... 1 
Considerações Iniciais .............................................................................................. 3 
1 – Ação Popular ...................................................................................................... 4 
1.1 – Considerações Iniciais ................................................................................................... 4 
1.2 – Legitimidade Ativa ........................................................................................................ 5 
1.3 – Legitimidade Passiva .................................................................................................... 8 
1.4 – Legitimação Bifronte .................................................................................................... 8 
1.5 – Objeto da Ação Popular .............................................................................................. 10 
Como este ponto já foi cobrado em prova? ..................................................................................................... 13 
1.6 – Ação Popular X Ação Civil Pública .............................................................................. 14 
1.7 – Competência ............................................................................................................... 15 
1.8 – Ação Popular e Controle de Constitucionalidade ....................................................... 16 
1.9 – Procedimento .............................................................................................................. 17 
2 – Ação Civil Pública ............................................................................................. 21 
2.1 – Considerações Iniciais ................................................................................................. 21 
2.2 – Cabimento ................................................................................................................... 22 
2.3 – Competência ............................................................................................................... 26 
2.4 – Legitimidade ............................................................................................................... 27 
Defensoria Pública ............................................................................................................................................ 29 
Associação ........................................................................................................................................................ 30 
Consequência da Falta de Legitimação ............................................................................................................ 32 
Demais Pontos .................................................................................................................................................. 33 
2.5 - Conexão e continência................................................................................................. 34 
2.6 – Litispendência com demandas individuais ................................................................. 35 
2.7 – Ônus da Prova em Ações Coletivas ............................................................................. 36 
2.8 – Liquidação e Execução da Sentença ........................................................................... 38 
Como este ponto já foi cobrado em prova? ..................................................................................................... 44 
3 – Limitação e Servidão Administrativa ................................................................ 45 
Como este ponto já foi cobrado em prova? ..................................................................................................... 46 
Como este ponto já foi cobrado em prova? ..................................................................................................... 46 
Igor Maciel
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4 – Mecanismos Extrajudiciais de Resolução de Conflitos ...................................... 49 
5 – Inquérito Civil ................................................................................................... 52 
Inquérito Civil X Inquérito Policial ........................................................................................ 55 
Efeitos da Instauração do Inquérito .................................................................................... 55 
Arquivamento do Inquérito ................................................................................................. 56 
Retardamento de dados Técnicos ....................................................................................... 58 
6 – Termo de Ajustamento de Conduta - TAC ......................................................... 59 
7 – Ações Particulares ............................................................................................ 61 
7.1 – Breves comentários sobre ações reais e possessórias ................................................ 63 
Ação de direito real de habitação..................................................................................................................... 63 
Ação reivindicatória de propriedade ................................................................................................................ 64 
Ação de reintegração de posse ........................................................................................................................ 64 
Ação de imissão na posse ................................................................................................................................. 65 
Ação de manutenção na posse ......................................................................................................................... 65 
Interdito proibitório.......................................................................................................................................... 65 
8 - Jurisprudência Correlata ................................................................................... 67 
9 - Bibliografia ....................................................................................................... 72 
10 - Resumo da Aula .............................................................................................. 73 
11 – Questões Objetivas ........................................................................................ 78 
11.1 – Quesitos .................................................................................................................... 78 
11.2 – Gabaritos .................................................................................................................. 83 
11.3 – Comentários .............................................................................................................. 84 
12 - Considerações Finais ..................................................................................... 100 
 
 
Igor Maciel
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 3 
 
CONSIDERAÇÕES INICIAIS 
 
Olá meus amigos, tudo bem? Firmes nos estudos? 
 
Vamos seguir com nosso curso. 
 
Quaisquer dúvidas, estou às ordens nos seguintes contatos: 
 
Grande abraço, 
 
Igor Maciel 
profigormaciel@gmail.com 
 
Convido-os a seguir minhas redes sociais. Basta clicar no ícone desejado: 
 
@ProfIgorMaciel 
 
 
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1 – AÇÃO POPULAR 
 
1.1 – CONSIDERAÇÕES INICIAIS 
 
 A Ação Popular é um procedimento previsto na Constituição Federal que visa anular 
condutas lesivas ao patrimônio público, nos termos do inciso LXXIII, do artigo 5º, da 
Constituição Federal: 
 
LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anular ato lesivo ao 
patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio 
ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de 
custas judiciais e do ônus da sucumbência; 
 
 De acordo com Hely Lopes Meirelles (2013, pg. 174): 
 
Ação popular é o meio constitucional posto à disposição de qualquer cidadão para obter a invalidação 
de atos ou contratos administrativos – ou a estes equiparados – ilegais e lesivos ao patrimônio federal, 
estadual e municipal, ou de suas autarquias, entidades paraestatais e pessoas jurídicas subvencionadas 
com dinheiros públicos. 
 
 Da análise do dispositivo constitucional, percebe-se que o autor da demanda, salvo 
comprovada má-fé, será “isento” de custas judiciais e do ônus da sucumbência. Contudo, por 
se tratar de expressa disposição constitucional, em essência, tem-se não uma hipótese de 
isenção, mas de imunidade tributária. 
 É que segundo Ricardo Alexandre (pg. 145 e 146): 
 
As imunidades são limitações constitucionais ao poder de tributar consistentes na delimitação da 
competência tributária constitucionalmente conferida aos entes políticos. 
(Assim) 
A isenção opera no âmbito do exercício da competência, enquanto a imunidade, como visto, opera no 
âmbito da própria delimitação da competência. 
 
 Uma vez que o Supremo Tribunal Federal já pacificou a natureza tributária das custas 
judiciais, classificando-as como taxas, tem-se hipótese de imunidade tributária. 
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 A lei que rege o instituto é a 4.717/65. 
 
 
(FCC – TJ/PI – Juiz Estadual -2015) Empresa Pecúnia Informática S/A, tem sede em 
Teresina, Piauí. No regular exercício de suas atividades, foi contratada em 2014 pelo 
Município de São Paulo para prestar serviços de informática de janeiro a dezembro de 
2015, prevendo-se no contrato o pagamento mensal dos valores devidos à empresa 
contratada. 
Um cidadão propõe uma ação popular questionando a lisura da contratação direta, 
formalizada em 2014, entre a empresa Pecúnia Informática S/A e o Município de São 
Paulo, tendo por objeto a prestação de serviços de informática. 
Segundo o art. 5° , LXXIII da Constituição da República, qualquer cidadão é parte legítima 
para propor ação popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de 
entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e 
ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de 
custas judiciais e do ônus da sucumbência. 
Considerando os confins da competência constitucional tributária, o dever de não pagar 
as custas judiciais, na hipótese em apreço, decorre de 
 
a) anistia. 
b) isenção. 
c) imunidade. 
d) não-incidência. 
e) remissão. 
Comentários 
Alternativa Correta: Letra “C”. 
 Recente questão da Fundação Carlos Chagas em que se discute exatamente a 
imunidade das custas judiciais quando do manejo de Ação Popular. 
 
1.2 – LEGITIMIDADE ATIVA 
 
 Qualquer cidadão poderá propor Ação Popular, desde que esteja em pleno gozo de 
seus direitos políticos e fazendo-se representar por um advogado. Isto porque a prova da 
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cidadania para justificar o ingresso em juízo é exatamente o título de eleitor do indivíduo ou 
certidão a ele equivalente. 
 
Lei 4.717/65 
Art. 1º Qualquer cidadão será parte legítima para pleitear a anulação ou a declaração de nulidade de 
atos lesivos ao patrimônio da União, do Distrito Federal, dos Estados, dos Municípios, de entidades 
autárquicas, de sociedades de economia mista (Constituição, art. 141, § 38), de sociedades mútuas de 
seguro nas quais a União represente os segurados ausentes, de empresas públicas, de serviços sociais 
autônomos, de instituições ou fundações para cuja criação ou custeio o tesouro público haja concorrido 
ou concorra com mais de cinqüenta por cento do patrimônio ou da receita anual de empresas 
incorporadas ao patrimônio da União, do Distrito Federal, dos Estados e dos Municípios, e de quaisquer 
pessoas jurídicas ou entidades subvencionadas pelos cofres públicos. 
 
§ 3º A prova da cidadania, para ingresso em juízo, será feita com o título eleitoral, ou com documento 
que a ele corresponda. 
 
 Assim, o Supremo Tribunal Federal já decidiu que: 
 
Súmula 365 – STF – Pessoa jurídica não tem legitimidade para propor ação popular. 
 
 Além disso (FONTELES, pg. 135): 
 
O estrangeiro não poderá ajuizar ação popular, exceto os portugueses equiparados. Isto porque o 
Direito Lusitano reconhece aos brasileiros, que residem em Portugal, a prerrogativa de propor ação 
popular naquele país. Assim, ante a reciprocidade de tratamento, o Brasil também franqueou aos 
portugueses equiparados o direito de intentar ação popular. 
 
 Não poderá, ainda, o Ministério Público propor ação popular, cabendo-lhe 
acompanhar a demanda como custos legis e, ainda, acaso o Autor desista ou negligencie a 
ação, poderá o MP dar prosseguimento ao feito, hipótese em que ocupará o polo ativo da 
demanda. 
 Trata-se de interpretação do artigo 9º, da Lei 4.717/65: 
 
Art. 9º Se o autor desistir da ação ou der motivo à absolvição da instância, serão publicados editais nos 
prazos e condições previstos no art. 7º, inciso II, ficando assegurado a qualquer cidadão, bem como ao 
representante do Ministério Público, dentro do prazo de 90 (noventa) dias da última publicação feita, 
promover o prosseguimento da ação. 
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 Não poderá, pois, o Ministério Público ser o Autor da Ação Popular, mas, a depender 
do caso concreto, poderá o parquet ocupar o polo ativo da demanda. 
 Ressalte-se que qualquer cidadão tem a faculdade de se habilitar como litisconsorte 
ou assistente do autor da ação popular, nos termos do artigo 6º, parágrafo 5º, da Lei 
4.717/65: 
 
§ 5º É facultado a qualquer cidadão habilitar-se como litisconsorte ou assistente do autor da ação 
popular. 
 
 Por fim, quanto à natureza jurídica da legitimação do cidadão (FONTELES, pg. 136): 
 
tem prevalecido na doutrina e jurisprudência que o cidadão, quando vai a juízo por meio da ação 
popular, tutela em nome próprio direito alheio. Ou seja, trata-se do fenômeno da substituição 
processual ou da legitimação extraordinária. A consequência prática da ação dessa corrente é das mais 
relevantes, qual seja, a impossibilidade de reconvenção na ação popular. 
 
 Neste sentido: 
 
PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. AÇÃO POPULAR. RECONVENÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. DANO 
MORAL. AFERIÇÃO. SÚMULA 07/STJ. 
1. A ação popular é um dos mais antigos meios constitucionais de participação do cidadão nos negócios 
públicos, na defesa da sociedade e dos relevantes valores a que foi destinada. Admitir o uso da 
reconvenção produziria efeito inibitório do manejo desse importante instrumento de cidadania, o que 
o constituinte procurou arredar, quando isentou o autor das custas processuais e do ônus da 
sucumbência. 
2. Oinstituto da reconvenção exige, como pressuposto de cabimento, a conexão entre a causa deduzida 
em juízo e a pretensão contraposta pelo réu. A conexão de causas, por sua vez, dá-se por coincidência 
de objeto ou causa de pedir. 
3. Na hipótese, existe clara diversidade entre a ação popular e a reconvenção. Enquanto a primeira 
objetiva a anulação de ato administrativo e tem como causa de pedir a suposta lesividade ao patrimônio 
público, a segunda visa à indenização por danos morais e tem como fundamento o exercício abusivo do 
direito à ação popular. 
4. O pedido reconvencional pressupõe que as partes estejam litigando sobre situações jurídicas que lhes 
são próprias. Na ação popular, o autor não ostenta posição jurídica própria, nem titulariza o direito 
discutido na ação, que é de natureza indisponível. Defende-se, em verdade, interesses pertencentes a 
toda sociedade. É de se aplicar, assim, o parágrafo único do art. 315 do CPC, que não permite ao réu, 
"em seu próprio nome, reconvir ao autor, quando este demandar em nome de outrem". 
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(...) 
6. Recurso especial improvido. (REsp 72.065/RS, Rel. Ministro CASTRO MEIRA, SEGUNDA TURMA, 
julgado em 03/08/2004, DJ 06/09/2004, p. 185) 
1.3 – LEGITIMIDADE PASSIVA 
 
 De acordo com o artigo 6º, da Lei 4.7147/65 o polo passivo da demanda será composto 
por: 
 
Art. 6º A ação será proposta contra as pessoas públicas ou privadas e as entidades referidas no art. 1º, 
contra as autoridades, funcionários ou administradores que houverem autorizado, aprovado, 
ratificado ou praticado o ato impugnado, ou que, por omissão, tiverem dado oportunidade à lesão, 
e contra os beneficiários diretos do mesmo. 
 
 Acaso não haja beneficiário direto do ato lesivo, ou se for ele indeterminado ou 
desconhecido, a ação será proposta somente contra as outras pessoas indicadas no artigo. 
 
1.4 – LEGITIMAÇÃO BIFRONTE 
 
 A legitimação bifronte na Ação Popular ocorre uma vez que a pessoa jurídica de direito 
público ou de direito privado, cujo ato seja objeto de impugnação, não é ré na ação, podendo 
abster-se de contestar o pedido. Pode, inclusive, atuar em defesa do patrimônio público, ao 
lado do autor e contrário ao gestor, desde que isso se afigure útil ao interesse público, a juízo 
do respectivo representante legal ou dirigente. 
 Trata-se de disposição do parágrafo 3º, do artigo 6º, da Lei 4.717: 
 
§ 3º A pessoa jurídica de direito público ou de direito privado, cujo ato seja objeto de impugnação, 
poderá abster-se de contestar o pedido, ou poderá atuar ao lado do autor, desde que isso se afigure útil 
ao interesse público, a juízo do respectivo representante legal ou dirigente. 
 
 Assim, uma vez que a pessoa jurídica de direito público ou privado poderá mover-se 
para o polo ativo, denomina-se tal previsão de legitimação bifronte ou intervenção móvel. 
 Em síntese, trata-se da possibilidade da pessoa jurídica de direito público ou privado, 
que iniciou uma ação coletiva no polo passivo da demanda, poder, abstendo-se de contestar, 
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optar por integrar, posteriormente, o polo ativo da demanda, passando a atuar ao lado do 
autor. 
Haverá, desta forma, uma espécie peculiar de litisconsórcio ativo ulterior formado 
pelo autor originário e um dos réus originários. 
 Para o Superior Tribunal de Justiça, referido deslocamento da pessoa jurídica de 
direito público do polo passivo para o ativo da demanda pode ser feito a qualquer tempo, 
não se sujeitando à preclusão: 
 
PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO POPULAR. MIGRAÇÃO DE ENTE PÚBLICO PARA O PÓLO ATIVO APÓS A 
CONTESTAÇÃO. PRECLUSÃO. NÃO-OCORRÊNCIA. 
1. Hipótese em que o Tribunal a quo concluiu que o ente público somente pode migrar para o pólo ativo 
da demanda logo após a citação, sob pena de preclusão, nos termos do art. 183 do Código de Processo 
Civil. 
2. O deslocamento de pessoa jurídica de Direito Público do pólo passivo para o ativo na Ação Popular é 
possível, desde que útil ao interesse público, a juízo do representante legal ou do dirigente, nos moldes 
do art. 6º, § 3º, da Lei 4.717/1965. 
3. Não há falar em preclusão do direito, pois, além de a mencionada lei não trazer limitação quanto ao 
momento em que deve ser realizada a migração, o seu art. 17 preceitua que a entidade pode, ainda que 
tenha contestado a ação, proceder à execução da sentença na parte que lhe caiba, ficando evidente a 
viabilidade de composição do pólo ativo a qualquer tempo. Precedentes do STJ. 
4. Recurso Especial provido. 
(REsp 945.238/SP, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em 09/12/2008, DJe 
20/04/2009) 
 
 E não apenas isso, conforme já decidiu o STJ, em caso de cumulação de pedidos, 
poderá a pessoa jurídica permanecer no polo passivo em relação a parte deles e migrar para 
o polo ativo com relação a outros pedidos: 
 
PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. INTERESSES TRANSINDIVIDUAIS. MICROSSISTEMA DE DEFESA 
DO PATRIMÔNIO PÚBLICO. LEGITIMIDADE DA UNIÃO PARA FIGURAR NOS PÓLOS PASSIVO E ATIVO DA 
AÇÃO. POSSIBILIDADE.DEVER DE FISCALIZAR A ATUAÇÃO DOS DELEGATÁRIOS DO SUS. DIREITO À 
RECOMPOSIÇÃO DO PATRIMÔNIO DA UNIÃO DECORRENTE DO REPASSE DE VERBA. 
1. As ações de defesa dos interesses transindividuais e que encerram proteção ao patrimônio público, 
notadamente por força do objeto mediato do pedido, apresentam regras diversas acerca da legitimação 
para causa, que as distingue da polarização das ações uti singuli, onde é possível evitar a 'confusão 
jurídica' identificando-se autor e réu e dando-lhes a alteração das posições na relação processual, por 
força do artigo 264 do CPC. 
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2. A ação civil pública e a ação popular compõem um microssistema de defesa do patrimônio público 
na acepção mais ampla do termo, por isso que regulam a legitimatio ad causam de forma 
especialíssima. 
3. Nesse seguimento, ao Poder Público, muito embora legitimado passivo para a ação civil pública, nos 
termos do § 2º, do art. 5º, da lei 7347/85, fica facultado habilitar-se como litisconsorte de qualquer das 
partes. 
4. O art. 6º da lei da Ação Popular, por seu turno, dispõe que, muito embora a ação possa ser proposta 
contra as pessoas públicas ou privadas e as entidades referidas no art. 1º, bem como as autoridades, 
funcionários ou administradores que houverem autorizado, aprovado, ratificado ou praticado o ato 
impugnado, ou que, por omissão, tiverem dado oportunidade à lesão, e contra os beneficiários diretos 
do mesmo, ressalva no parágrafo 3º do mesmo dispositivo que, verbis: § 3º - A pessoa jurídica de direito 
público ou de direito privado, cujo ato seja objeto de impugnação, poderá abster-se de contestar o 
pedido, ou poderá atuar ao lado do autor, desde que isso se afigure útil ao interesse público, a juízo do 
respectivo representante legal ou dirigente. 
5. Essas singularidades no âmbito da legitimação para agir, além de conjurar as soluções ortodoxas, 
implicam a decomposição dos pedidos formulados, por isso que o poder público pode assumir as 
posturas acima indicadas em relação a um dos pedidos cumulados e manter-se no pólo passivo em 
relação aos demais. 
6. In casu, a União é demandada para cumprir obrigação de fazer consistente na exação do dever de 
fiscalizar a atuação dos delegatários do SUS e, ao mesmo tempo, beneficiária do pedido formulado de 
recomposição de seu patrimônio por força de repasse de verbas. 
7. Revelam-se notórios, o interesse ea legitimidade da União, quanto a esse outro pedido de reparação 
pecuniária, mercê de no mérito aferir-se se realmente a entidade federativa maior deve ser compelida 
à fazer o que consta do pedido do parquet. 
8. Recurso especial desprovido para manter a União em ambos os pólos em relação aos pedidos 
distintos em face da mesma formulados. 
(REsp 791.042/PR, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA TURMA, julgado em 19/10/2006, DJ 09/11/2006, 
p. 261) 
 
1.5 – OBJETO DA AÇÃO POPULAR 
 
 A Ação Popular terá cabimento para anular atos lesivos ao patrimônio público, de 
entidade que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao 
patrimônio histórico e cultural. 
 Os artigos 2º, 3º e 4º, da Lei 4.717/65 esmiúçam atos em espécie que são considerados 
nulos: 
 
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Art. 2º São nulos os atos lesivos ao patrimônio das entidades mencionadas no artigo anterior, nos casos 
de: 
a) incompetência; 
b) vício de forma; 
c) ilegalidade do objeto; 
d) inexistência dos motivos; 
e) desvio de finalidade. 
Parágrafo único. Para a conceituação dos casos de nulidade observar-se-ão as seguintes normas: 
a) a incompetência fica caracterizada quando o ato não se incluir nas atribuições legais do agente que 
o praticou; 
b) o vício de forma consiste na omissão ou na observância incompleta ou irregular de formalidades 
indispensáveis à existência ou seriedade do ato; 
c) a ilegalidade do objeto ocorre quando o resultado do ato importa em violação de lei, regulamento ou 
outro ato normativo; 
d) a inexistência dos motivos se verifica quando a matéria de fato ou de direito, em que se fundamenta 
o ato, é materialmente inexistente ou juridicamente inadequada ao resultado obtido; 
e) o desvio de finalidade se verifica quando o agente pratica o ato visando a fim diverso daquele 
previsto, explícita ou implicitamente, na regra de competência. 
 
Art. 3º Os atos lesivos ao patrimônio das pessoas de direito público ou privado, ou das entidades 
mencionadas no art. 1º, cujos vícios não se compreendam nas especificações do artigo anterior, serão 
anuláveis, segundo as prescrições legais, enquanto compatíveis com a natureza deles. 
 
Art. 4º São também nulos os seguintes atos ou contratos, praticados ou celebrados por quaisquer das 
pessoas ou entidades referidas no artigo 1º: 
I - a admissão ao serviço público remunerado, com desobediência, quanto às condições de habilitação, 
das normas legais, regulamentares ou constantes de instruções gerais. 
II - a operação bancária ou de crédito real, quando: 
a) for realizada com desobediência a normas legais, regulamentares, estatutárias, regimentais ou 
internas; 
b) o valor real do bem dado em hipoteca ou penhor for inferior ao constante de escritura, contrato ou 
avaliação. 
III - a empreitada, a tarefa e a concessão do serviço público, quando: 
a) o respectivo contrato houver sido celebrado sem prévia concorrência pública ou administrativa, sem 
que essa condição seja estabelecida em lei, regulamento ou norma geral; 
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b) no edital de concorrência forem incluídas cláusulas ou condições, que comprometam o seu caráter 
competitivo; 
c) a concorrência administrativa for processada em condições que impliquem na limitação das 
possibilidades normais de competição. 
IV - As modificações ou vantagens, inclusive prorrogações, que forem admitidas, em favor do 
adjudicatário, durante a execução dos contratos de empreitada, tarefa e concessão de serviço público, 
sem que estejam previstas em lei ou nos respectivos instrumentos. 
V - a compra e venda de bens móveis ou imóveis, nos casos em que não for cabível concorrência pública 
ou administrativa, quando: 
a) for realizada com desobediência a normas legais, regulamentares, ou constantes de instruções 
gerais; 
b) o preço de compra dos bens for superior ao corrente no mercado, na época da operação; 
c) o preço de venda dos bens for inferior ao corrente no mercado, na época da operação. 
VI - A concessão de licença de exportação ou importação, qualquer que seja a sua modalidade, quando: 
a) houver sido praticada com violação das normas legais e regulamentares ou de instruções e ordens 
de serviço; 
b) resultar em exceção ou privilégio, em favor de exportador ou importador. 
VII - a operação de redesconto quando, sob qualquer aspecto, inclusive o limite de valor, desobedecer 
a normas legais, regulamentares ou constantes de instruções gerais. 
VIII - o empréstimo concedido pelo Banco Central da República, quando: 
a) concedido com desobediência de quaisquer normas legais, regulamentares, regimentais ou 
constantes de instruções gerais; 
b) o valor dos bens dados em garantia, na época da operação, for inferior ao da avaliação. 
IX - a emissão quando efetuada sem observância das normas constitucionais, legais e regulamentadoras 
que regem a espécie. 
 
 Além disso, o artigo 11 estabelece a possibilidade de se requerer a invalidade do ato 
impugnado, bem como a condenação do agente causador do dano ao pagamento de perdas 
e danos: 
 
Art. 11. A sentença que, julgando procedente a ação popular, decretar a invalidade do ato impugnado, 
condenará ao pagamento de perdas e danos os responsáveis pela sua prática e os beneficiários dele, 
ressalvada a ação regressiva contra os funcionários causadores de dano, quando incorrerem em culpa. 
 
 Todavia, entende Samuel Fonteles (2015, pg. 140): 
 
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Segundo a Lei de Ação Popular, dois pedidos podem ser formulados: a invalidação do ato lesivo e a 
condenação ao pagamento de uma indenização reparatória (...) 
Não obstante, embora não explicitado pelo diploma legal, também será possível postular uma tutela 
mandamental (fazer ou não fazer) ou executiva lato sensu (entregar coisa). 
 
 Percebam, meus amigos, que a tutela da ordem urbanística perfeitamente encaixa-se 
seja na defesa do meio ambiente, seja na proteção do patrimônio histórico cultural (bens 
tombados, por exemplo), segundo vimos em aula anterior. 
 Isto porque concolidada na doutrina a divisão do conceito de meio ambiente em 
(MAZZILLI, 2013, pg. 170): 
 
a) meio ambiente natural (bens naturais, como o solo, a água, ou qualquer forma de vida); 
b) meio ambiente artificial (o espaço urbano construído); 
c) meio ambiente cultural (interação do homem com o ambiente, o que compreende não só o 
urbanismo, o zoneamento, o paisagismo e os monumentos históricos, mas também os demais bens de 
valores artísticos, estéticos, turísticos, paisagísticos, históricos, arqueológicos, etc). 
 
Dúvidas, não há, portanto, quanto à utilização do instituto da ação popular na defesa 
dos interesses urbanísticos. 
 
Como este ponto já foi cobrado em prova? 
 
(CESPE – PGE/AM – Procurador – 2016) Acerca de competências ambientais 
legislativas, ação popular e espaços territoriais especialmente protegidos, julgue o item 
a seguir. 
 
Situação hipotética: Determinado empreendimento obteve licença ambiental do 
estado X sem observância das exigências normativas previstas, o que resultou em lesão 
ao meio ambiente. 
 
Assertiva: Nessa situação, brasileiro naturalizado, residente e eleitor no estado Y, terá 
legitimidade para ajuizar ação popular no juízo competente contra o estado X com o 
objetivo de anular o ato concessório. 
Comentários 
Item verdadeiro. 
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Em primeiro lugar, conforme visto acima, a ação popular é remédio apto a discutir 
lesões ao meio ambiente. Ora, a licença ambiental concedida de forma irregular é passível de 
anulação pelo Poder Judiciário via ação popular. 
Quanto ao fato de o cidadão não residir no Estado que concedera a licença, inexiste 
qualquer óbice para o manejo da Ação Popular. Isto porque a Constituição Federal não faz 
qualquer distinção neste sentido. 
 
1.6 – AÇÃO POPULAR X AÇÃO CIVIL PÚBLICA 
 
 O objeto da Ação Civil Pública é mais amplo que o da Ação Popular, albergando não 
apenas as lesões ao patrimônio público à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao 
patrimônio histórico e cultural. É aquela ação instrumento hábil para discutir também lesões 
causadas aos consumidores, à ordem econômica e urbanística, bem como a qualquer outro 
interesse difuso ou coletivo. 
 Assim, uma mesma situação fática, poderá ser protegida tanto por uma ação popular, 
cuja legitimidade ativa caberá ao cidadão, como por uma ação civil pública, cujos legitimados 
estão dispostos no artigo 5º, da Lei 7.347/851. Exatamente por isto, em um dado caso 
concreto, será possível o manejo de ambas as ações, podendo operar-se a conexão entre 
elas. (FONTELES, 2015, pg. 141) 
 
(FMP – DPE/PA – Defensor Público -2015) Assinale a opção CORRETA. 
a) A ação popular se presta à anulação de ato lesivo ao patrimônio público apenas 
quando este detém valor econômico. 
b) Descabe o ajuizamento de ação civil pública, quando já houver ação popular ajuizada 
sobre o mesmo fato. 
c) A ação popular poderá ser intentada por cidadão e por partido político com 
representação no Congresso Nacional. 
d) É facultado a qualquer cidadão habilitar-se como litisconsorte ou assistente do autor 
da ação popular. 
 
1 Art. 5o Têm legitimidade para propor a ação principal e a ação cautelar: I - o Ministério Público; 
II - a Defensoria Pública; III - a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios; IV - a 
autarquia, empresa pública, fundação ou sociedade de economia mista; V - a associação que, 
concomitantemente: a) esteja constituída há pelo menos 1 (um) ano nos termos da lei civil; b) 
inclua, entre suas finalidades institucionais, a proteção ao patrimônio público e social, ao meio 
ambiente, ao consumidor, à ordem econômica, à livre concorrência, aos direitos de grupos raciais, 
étnicos ou religiosos ou ao patrimônio artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico. 
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e) A ação popular pode ser proposta contra pessoas públicas ou privadas que 
praticarem atos lesivos ao patrimônio público, não alcançando seus administradores ou 
os beneficiários diretos do ato danoso, cujas responsabilidades devem ser apuradas em 
ação própria. 
Comentários 
Alternativa Correta: Letra “D”, uma vez que se trata de disposição expressa do artigo 
6º, parágrafo 5º, da Lei 4.717/65: 
 
§ 5º É facultado a qualquer cidadão habilitar-se como litisconsorte ou assistente do autor da ação 
popular. 
 
A alternativa “A” está equivocada uma vez que a ação popular poderá ser utilizada, 
inclusive, para combater atos lesivos tão somente à moralidade administrativa, não 
necessariamente com reflexos econômicos. 
A alternativa “B” também está errada, eis que a legislação não apresenta nenhum óbice 
ou impedimento entre a Ação Popular e a Ação Civil Pública, sendo certo que a propositura 
de Ação Popular irá tornar o juiz prevento, nos termos do artigo 5º, parágrafo 3º, da Lei 
4.717/65: 
 
§ 3º A propositura da ação prevenirá a jurisdição do juízo para todas as ações, que forem 
posteriormente intentadas contra as mesmas partes e sob os mesmos fundamentos. 
 
O equívoco da alternativa “C” está em colocar um partido político entre os legitimados 
ativos para o manejo da Ação Popular, quando apenas cidadãos são parte legítimas. 
Já a alternativa “E” está errada por contrariar o disposto no caput do artigo 6º, da Lei 
4.717/65: 
 
Art. 6º A ação será proposta contra as pessoas públicas ou privadas e as entidades referidas no art. 1º, 
contra as autoridades, funcionários ou administradores que houverem autorizado, aprovado, ratificado 
ou praticado o ato impugnado, ou que, por omissão, tiverem dado oportunidade à lesão, e contra os 
beneficiários diretos do mesmo. 
 
1.7 – COMPETÊNCIA 
 
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 Independente de quem seja o Réu na Ação Popular, se detentor ou não de foro 
privilegiado por prerrogativa de função, a competência para processar e julgar a demanda 
será, regra geral, do juiz de primeiro grau de jurisdição. 
 Assim, a depender de quem seja apontado como réu na demanda, a competência será 
de um juiz de direito ou de um juiz federal. Para Samuel Fonteles (2015, pg. 141): 
 
O fundamento é muito simples: em se tratando de um instrumento de exercício da cidadania, deve-se 
franquear ao cidadão, que ajuizou a ação, todas as comodidades e facilidades do acesso à justiça. 
Exatamente para viabilizar o acompanhamento da ação, o processo será instaurado no juízo singular 
de primeiro grau, não em Tribunal, sendo irrelevante que a autoridade pública desfrute de foro por 
prerrogativa de função. 
 
 A competência do Supremo Tribunal Federal para processar e julgar a Ação Popular 
pode ocorrer, não em função do tipo de ação, mas das circunstâncias fáticas ou da matéria 
envolvida, a exemplo de hipóteses de conflito federativo (alínea “f”, inciso I, artigo 102, CF) 
ou de impedimento de mais da metade dos desembargadores do Tribunal local (alínea “n”, 
inciso I, artigo 102, CF) 
 Neste sentido: 
 
EMENTA: AÇÃO ORIGINÁRIA. QUESTÃO DE ORDEM. AÇÃO POPULAR. COMPETÊNCIA ORIGINÁRIA DO 
SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL: NÃO-OCORRÊNCIA. PRECEDENTES. 
1. A competência para julgar ação popular contra ato de qualquer autoridade, até mesmo do 
Presidente da República, é, via de regra, do juízo competente de primeiro grau. Precedentes. 
2. Julgado o feito na primeira instância, se ficar configurado o impedimento de mais da metade dos 
desembargadores para apreciar o recurso voluntário ou a remessa obrigatória, ocorrerá a 
competência do Supremo Tribunal Federal, com base na letra n do inciso I, segunda parte, do artigo 
102 da Constituição Federal. 
3. Resolvida a Questão de Ordem para estabelecer a competência de um dos juízes de primeiro grau da 
Justiça do Estado do Amapá. 
(AO 859 QO, Relator(a): Min. ELLEN GRACIE, Relator(a) p/ Acórdão: Min. MAURÍCIO CORRÊA, Tribunal 
Pleno, julgado em 11/10/2001, DJ 01-08-2003 PP-00102 EMENT VOL-02117-16 PP-03213) 
 
1.8 – AÇÃO POPULAR E CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE 
 
 Sendo certo que o controle concentrado de constitucionalidade no Brasil possui como 
pedido o reconhecimento da inconstitucionalidade da norma, tem-se que a análise de tal 
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demanda é feita através do dispositivo da decisão. Possível realizar-se este controle através 
das ações de ADI, ADC e ADPF, cujos efeitos são erga omnes. 
 Por outro lado, no controle difuso, permite-se a discussão da constitucionalidade da 
norma como causa de pedir e não no pedido, apreciando-se o tema na fundamentação da 
sentença ou do acórdão, e não no dispositivo. Os efeitos aqui produzidos serão inter partes. 
 A questão que se faz é sobre a possibilidade de se discutir, em sede de AçãoPopular, 
demanda destinada a proteger interesses difusos e cuja decisão gera efeitos erga omnes, a 
constitucionalidade de determinada norma. 
 Segundo Samuel Fonteles (2015, pg. 146): 
 
Hoje, prevalece na doutrina e na jurisprudência que o controle difuso de constitucionalidade pode ser 
exercido na ação popular (e nas demais ações coletivas). 
 
 Contudo, tal discussão seria feita como causa de pedir da ação popular, razão pela qual 
a discussão sobre a constitucionalidade da norma faria parte da fundamentação da decisão, 
não de seu dispositivo. Assim, uma vez que (FONTELES, 2015, pg. 146): 
 
a única parte da sentença que opera efeitos de coisa julgada (erga omnes) é a dispositiva, (...) a 
inconstitucionalidade da lei, enfrentada nas razões de decidir, não se sujeitaria a esses efeitos. Em 
suma: a competência do STF permanece íntegra. 
 
1.9 – PROCEDIMENTO 
 
 Quanto ao procedimento, este seguirá o rito ordinário, previsto no Código de Processo 
Civil, com algumas peculiaridades. Cabe-nos, contudo, destacar alguns pontos: 
 
a) Admite-se a citação de qualquer beneficiário do ato impugnado cuja existência se 
torne conhecida no curso do processo a qualquer tempo, desde que antes de proferida 
a sentença: 
 
Lei 4.717/65. Artigo 7º. 
III - Qualquer pessoa, beneficiada ou responsável pelo ato impugnado, cuja existência ou identidade se 
torne conhecida no curso do processo e antes de proferida a sentença final de primeira instância, deverá 
ser citada para a integração do contraditório, sendo-lhe restituído o prazo para contestação e produção 
de provas. Salvo quanto a beneficiário, se a citação se houver feito na forma do inciso anterior. 
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b) O prazo para defesa será de 20 (vinte) dias, podendo ser prorrogado, a requerimento 
do interessado: 
 
Lei 4.717/65. Artigo 7º. 
IV - O prazo de contestação é de 20 (vinte) dias prorrogáveis por mais 20 (vinte), a requerimento do 
interessado, se particularmente difícil a produção de prova documental, e será comum a todos os 
interessados, correndo da entrega em cartório do mandado cumprido, ou, quando for o caso, do 
decurso do prazo assinado em edital. 
 
c) Não haverá prazo diferenciado para a Fazenda Pública, dada a especificidade do prazo 
da Lei 4.717/65. 
 
d) Será possível a concessão de tutela de urgência na Ação Popular, desde que presentes 
os requisitos autorizadores, sendo certo que esta poderá ser intentada tanto de forma 
preventiva como repressiva, em relação aos atos lesivos. 
 
e) Quanto à remessa necessária, o artigo 19, da Lei 4.717/65, a prevê em relação às 
sentenças que extinguem o processo sem resolução do mérito e em relação às 
sentenças que julgam improcedente o pedido: 
 
Art. 19. A sentença que concluir pela carência ou pela improcedência da ação está sujeita ao duplo grau 
de jurisdição, não produzindo efeito senão depois de confirmada pelo tribunal; da que julgar a ação 
procedente caberá apelação, com efeito suspensivo. 
 
 Ademais, segundo já decidiu o Superior Tribunal de Justiça, por aplicação analógica, as 
sentenças proferidas da mesma forma nas Ações Civis Públicas também se sujeitam à 
remessa necessária: 
 
PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. REEXAME NECESSÁRIO. 
CABIMENTO. APLICAÇÃO, POR ANALOGIA, DO ART. 19 DA LEI 4.717/1965. 
1. "Por aplicação analógica da primeira parte do art. 19 da Lei nº 4.717/65, as sentenças de 
improcedência de ação civil pública sujeitam-se indistintamente ao reexame necessário" (REsp 
1.108.542/SC, Rel. Ministro Castro Meira, j. 19.5.2009, Dje 29.5.2009). 2. Agravo Regimental não 
provido. 
(AgRg no REsp 1219033/RJ, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em 
17/03/2011, DJe 25/04/2011) 
 
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 A ideia é que tanto a ação popular como a Ação Civil Pública destinam-se à proteção 
do interesse público, exatamente a pretensão das prerrogativas e benefícios processuais 
aplicáveis à Fazenda Pública. 
 
f) Contra a sentença proferida em Ação Popular, qualquer cidadão ou o Ministério 
Público possuem legitimidade para recorrer: 
 
Lei 4.717/65. Artigo 19. 
§ 2º Das sentenças e decisões proferidas contra o autor da ação e suscetíveis de recurso, poderá recorrer 
qualquer cidadão e também o Ministério Público. 
 
g) Ressalte-se, ainda, que em caso de lides manifestamente temerárias, será o Autor 
condenado ao pagamento do décuplo das custas processuais. 
 
Art. 13. A sentença que, apreciando o fundamento de direito do pedido, julgar a lide manifestamente 
temerária, condenará o autor ao pagamento do décuplo das custas. 
 
h) Quanto à coisa julgada, Pedro Lenza ensina (2015, pg. 1266): 
 
A coisa julgada se opera secundum eventum litis, ou seja, se a ação for julgada procedente ou 
improcedente por ser infundada, produzirá efeito de coisa julgada oponível erga omnes. No entando, 
se a improcedência se der por deficiência de provas, haverá apenas a coisa julgada formal, podendo 
qualquer cidadão intentar outra ação com idêntico fundamento, valendo-se de nova prova (art. 18 da 
lei), já que não terá sido analisado o mérito. 
 
Trata-se do disposto no artigo 18 da Lei 4.717/65: 
 
Art. 18. A sentença terá eficácia de coisa julgada oponível erga omnes, exceto no caso de haver sido a 
ação julgada improcedente por deficiência de prova; neste caso, qualquer cidadão poderá intentar 
outra ação com idêntico fundamento, valendo-se de nova prova. 
 
(FCC – CNMP – Analista -2015) Na ação popular é correto afirmar que 
a) a proposta contra o Presidente da República a competência originária é do STF. 
b) a sentença estará sempre sujeita a reexame obrigatório. 
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c) se pode impugnar ato administrativo e lei de efeito concreto. 
d) o Ministério Público não pode aditar a inicial. 
e) é viável a tutela e a defesa do consumidor em razão do princípio da integratividade 
do microssistema processual coletivo. 
COMENTÁRIOS 
 Alternativa correta: Letra “C“, eis que a lei de efeitos concretos é considerada 
materialmente pela doutrina como equiparada a um ato administrativo e, por isso mesmo, 
atacável por ação popular, conforme o direito ou interesse lesado. 
 A alternativa “A” está equivocada. O STF já decidiu que a competência para julgar ação 
popular contra ato de qualquer autoridade, até mesmo do Presidente da República, é, em 
regra, do juízo competente de primeiro grau. 
 O erro da alternativa “B” é que apenas as sentenças que concluírem pela carência ou 
improcedência da ação popular é que estarão sujeitas ao reexame necessário, nos termos do 
artigo 19, da Lei 4.717/65: 
 
Art. 19. A sentença que concluir pela carência ou pela improcedência da ação está sujeita ao duplo grau 
de jurisdição, não produzindo efeito senão depois de confirmada pelo tribunal; da que julgar a ação 
procedente, caberá apelação, com efeito suspensivo. 
 
Quanto à alternativa “D”, esta contraria o disposto no artigo 9º, da Lei 4717/65: 
 
Art. 9º Se o autor desistir da ação ou der motivo à absolvição da instância, serão publicados editais nos 
prazos e condições previstos no art. 7º, inciso II, ficando assegurado a qualquer cidadão, bem como ao 
representante do Ministério Público, dentro do prazo de 90 (noventa) dias da última publicação feita, 
promover o prosseguimento da ação. 
 
Já a alternativa “E” está equivocada porque a Ação Popular não se presta para defender 
interesses relativos aos consumidores.Igor Maciel
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2 – AÇÃO CIVIL PÚBLICA 
 
2.1 – CONSIDERAÇÕES INICIAIS 
 
 A Ação Civil Pública corresponde a uma espécie de processo coletivo prevista na Lei 
7.347/85. Trata-se de procedimento destinado à tutela da coletividade e que poderá ser 
manejado independente da propositura de Ação Popular. 
 De acordo com o artigo 1º, da referida Lei, caberá Ação Civil Pública para discutir as 
ações de responsabilidade por danos morais e patrimoniais causados ao meio ambiente, ao 
consumidor a patrimônio artístico ou histórico, à ordem econômica ou a qualquer outro 
interesse difuso ou coletivo. 
 
Art. 1º Regem-se pelas disposições desta Lei, sem prejuízo da ação popular, as ações de 
responsabilidade por danos morais e patrimoniais causados: (“Caput” do artigo com redação dada pela 
Lei nº 12.529, de 30/11/2011, publicada no DOU de 1/12/2011, em vigor 180 dias após a publicação) 
I - ao meio-ambiente; 
II - ao consumidor; 
III - a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico; 
IV - a qualquer outro interesse difuso ou coletivo. (Inciso acrescido pela Lei nº 8.078, de 11/9/1990) 
V - por infração da ordem econômica; (Inciso acrescido pela Lei nº 8.884, de 11/6/1994, e com nova 
redação dada pela Lei nº 12.529, de 30/11/2011, publicada no DOU de 1/12/2011, em vigor 180 dias 
após a publicação) 
VI - à ordem urbanística. (Inciso acrescido pela Medida Provisória nº 2.180-35, de 24/8/2001) 
VII - à honra e à dignidade de grupos raciais, étnicos ou religiosos. (Inciso acrescido pela Lei nº 12.966, 
de 24/4/2014, retificado no DOU de 5/5/2014) 
VIII – ao patrimônio público e social. (Inciso acrescido pela Lei nº 13.004, de 24/6/2014, publicada no 
DOU de 25/6/2014, em vigor após decorridos 60 dias de sua publicação oficial) 
Parágrafo único. Não será cabível ação civil pública para veicular pretensões que envolvam tributos, 
contribuições previdenciárias, o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço - FGTS ou outros fundos de 
natureza institucional cujos beneficiários podem ser individualmente determinados. (Parágrafo único 
acrescido pela Medida Provisória nº 2.180-35, de 24/8/2001) 
 
 Percebam que além do meio ambiente estar previsto no inciso I, do artigo 1º, a ordem 
urbanística também figura entre os objetos da Ação Civil Pública (inciso VI). Tal qual a Ação 
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Popular, a Ação Civil Pública é, pois, meio idôneo para discutir judicialmente agressões ao 
direito urbanístico. 
 
2.2 – CABIMENTO 
 
 De acordo com a parte final do artigo 1º, da Lei 7.347/85, cabe Ação Civil Pública 
também para o ressarcimento de dano moral coletivo causados pelo Réu. Em razão de tal 
dispositivo, Fredie Didier (2016, pg. 328) aponta que diversas correntes doutrinárias 
questionaram a aplicação de tal dispositivo, haja vista a impossibilidade de aferir a lesão à 
honra, à imagem ou à dor da coletividade. 
 Contudo, o Superior Tribunal de Justiça pacificou a possibilidade de se admitir o dano 
moral coletivo, especialmente no direito ambiental e do consumidor. Fredie Didier (2016, pg. 
331) aponta, contudo, que a prova produzida deve apontar que o dano ultrapassa os limites 
do tolerável e atinge, efetivamente, os valores coletivos: 
 
CONSUMIDOR. PROCESSO CIVIL. TRANSPORTE COLETIVO. CONFIGURAÇÃO DE DANO MORAL 
COLETIVO. REEXAME FÁTICO-PROBATÓRIO. SÚMULA 7/STJ. 
1. O pedido de condenação ao dano moral coletivo é cabível quando o dano ultrapassa os limites do 
tolerável e atinge, efetivamente, valores coletivos, o que não foi constatado pela Corte de origem, 
pois "não restaram provados os fatos alegados na reclamação feita através da denúncia anônima, 
quais sejam: as precárias condições estruturais dos veículos, de limpeza e a ocorrência de problemas 
mecânicos frequentes" (fl.425, e-STJ). 
2. Modificar tal entendimento demandaria o reexame do contexto fático-probatório dos autos, o 
que é defeso a esta Corte. Incidência da Súmula 7/STJ. 
Agravo regimental improvido. 
(AgRg no AREsp 809.543/RJ, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA, julgado em 
08/03/2016, DJe 15/03/2016) 
 
 Além disso, o artigo 3º, da Lei 7.347/85 determina ser possível que a ação civil pública 
tenha por objeto a condenação em dinheiro ou o cumprimento da obrigação de fazer ou não 
fazer: 
 
Art. 3º A ação civil poderá ter por objeto a condenação em dinheiro ou o cumprimento de obrigação de 
fazer ou não fazer. 
 
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 Interpretando tal dispositivo, o STJ pacificou a possibilidade de cumulação de ambos 
os pedidos: obrigação de fazer, de não fazer e de indenizar. 
 
ADMINISTRATIVO. AMBIENTAL. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. DESMATAMENTO E EDIFICAÇÃO EM ÁREA DE 
PRESERVAÇÃO PERMANENTE, SEM AUTORIZAÇÃO DA AUTORIDADE AMBIENTAL. DANOS CAUSADOS À 
BIOTA. INTERPRETAÇÃO DOS ARTS. 4º, VII, E 14, § 1º, DA LEI 6.938/1981, E DO ART. 3º DA LEI 7.347/85. 
PRINCÍPIOS DA REPARAÇÃO INTEGRAL, DO POLUIDOR-PAGADOR E DO USUÁRIO-PAGADOR. 
POSSIBILIDADE DE CUMULAÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER (REPARAÇÃO DA ÁREA DEGRADADA) E DE 
PAGAR QUANTIA CERTA (INDENIZAÇÃO). REDUCTION AD PRISTINUM STATUM. DANO AMBIENTAL 
INTERMEDIÁRIO, RESIDUAL E MORAL COLETIVO. ART. 5º DA LEI DE INTRODUÇÃO AO CÓDIGO CIVIL. 
INTERPRETAÇÃO IN DUBIO PRO NATURA DA NORMA AMBIENTAL. 
1. Cuidam os autos de Ação Civil Pública proposta com o fito de obter responsabilização por danos 
ambientais causados pela supressão de vegetação nativa e edificação irregular em Área de Preservação 
Permanente. O juiz de primeiro grau e o Tribunal de Justiça de Minas Gerais consideraram provado o 
dano ambiental e condenaram o réu a repará-lo; porém, julgaram improcedente o pedido indenizatório 
pelo dano ecológico pretérito e residual. 
2. A jurisprudência do STJ está firmada no sentido da viabilidade, no âmbito da Lei 7.347/85 e da Lei 
6.938/81, de cumulação de obrigações de fazer, de não fazer e de indenizar (REsp 1.145.083/MG, Rel. 
Ministro Herman Benjamin, Segunda Turma, DJe 4.9.2012; REsp 1.178.294/MG, Rel. Ministro Mauro 
Campbell Marques, Segunda Turma, DJe 10.9.2010; AgRg nos EDcl no Ag 1.156.486/PR, Rel. Ministro 
Arnaldo Esteves Lima, Primeira Turma, DJe 27.4.2011; REsp 1.120.117/AC, Rel. Ministra Eliana Calmon, 
Segunda Turma, DJe 19.11.2009; REsp 1.090.968/SP, Rel. Ministro Luiz Fux, Primeira Turma, DJe 
3.8.2010; REsp 605.323/MG, Rel. Ministro José Delgado, Rel. p/ Acórdão Ministro Teori Albino Zavascki, 
Primeira Turma, DJ 17.10.2005; REsp 625.249/PR, Rel. Ministro Luiz Fux, Primeira Turma, DJ 31.8.2006, 
entre outros). 
3. Recurso Especial parcialmente provido para reconhecer a possibilidade de cumulação de indenização 
pecuniária com as obrigações de fazer e não fazer voltadas à recomposição in natura do bem lesado, 
devolvendo-se os autos ao Tribunal de origem para que fixe, in casu, o quantum debeatur reparatório 
do dano já reconhecido no acórdão recorrido. 
(REsp 1328753/MG, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em 28/05/2013, DJe 
03/02/2015) 
 
 Além disso, de acordo com o artigo 4º, da Lei 7.347/85: 
 
Art. 4º Poderá ser ajuizada ação cautelar para os fins desta Lei, objetivando, inclusive, evitar dano ao 
patrimônio público e social, ao meio ambiente, ao consumidor, à honra e à dignidade de grupos raciais, 
étnicos ou religiosos, à ordem urbanística ou aos bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, 
turístico e paisagístico. (Artigo com redação dada pela Lei nº13.004, de 24/6/2014, publicada no DOU 
de 25/6/2014, em vigor após decorridos 60 dias de sua publicação oficial) 
 
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 Para Fredie Didier (2016, pg. 351): 
 
Embora mencione expressamente a tutela cautelar, a redação do dispositivo não dá margem à dúvida: 
não se trata de tutela cautelar, mas, sim, de tutela inibitória, que é satisfativa e visa exatamente obter 
providência judicial que impeça a prática de ato ilícito e, por consequência, a ocorrência de um dano. 
 
 Possível em ações coletivas tanto a concessão de tutela cautelar como qualquer 
hipótese de tutela provisória prevista nos artigos 300 e seguintes, do CPC. Ressalte-se, 
contudo, o disposto no artigo 2º, da Lei 8.437/92: 
 
Art. 2º No mandado de segurança coletivo e na ação civil pública, a liminar será concedida, quando 
cabível, após a audiência do representante judicial da pessoa jurídica de direito público, que deverá se 
pronunciar no prazo de setenta e duas horas. 
 
 Conforme demonstrado, em ações civis públicas, apenas será possível o deferimento 
de liminar, após a oitiva do representante judicial da pessoa jurídica de direito público, que 
deverá se pronunciar em um prazo de até 72 (setenta e duas) horas. 
 Aplicam-se, ainda, às ações civis públicas todas as restrições relativas à concessão de 
tutela antecipada em face do Poder Público, especialmente aquelas previstas na Lei 8.437/92: 
 
Art. 1° Não será cabível medida liminar contra atos do Poder Público, no procedimento cautelar ou em 
quaisquer outras ações de natureza cautelar ou preventiva, toda vez que providência semelhante não 
puder ser concedida em ações de mandado de segurança, em virtude de vedação legal. 
§ 1° Não será cabível, no juízo de primeiro grau, medida cautelar inominada ou a sua liminar, quando 
impugnado ato de autoridade sujeita, na via de mandado de segurança, à competência originária de 
tribunal. 
§ 2° O disposto no parágrafo anterior não se aplica aos processos de ação popular e de ação civil pública. 
§ 3° Não será cabível medida liminar que esgote, no todo ou em qualquer parte, o objeto da ação. 
§ 4° Nos casos em que cabível medida liminar, sem prejuízo da comunicação ao dirigente do órgão ou 
entidade, o respectivo representante judicial dela será imediatamente intimado. (Incluído pela 
Medida Provisória nº 2,180-35, de 2001) 
§ 5o Não será cabível medida liminar que defira compensação de créditos tributários ou previdenciários. 
(Incluído pela Medida Provisória nº 2,180-35, de 2001) 
 
 Ressalte-se o disposto no parágrafo 1º, do referido dispositivo: 
 
Art. 1° (...) 
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§ 1° Não será cabível, no juízo de primeiro grau, medida cautelar inominada ou a sua liminar, quando 
impugnado ato de autoridade sujeita, na via de mandado de segurança, à competência originária de 
tribunal. 
 
Tal dispositivo também se aplica à tutela antecipada e busca evitar exatamente a burla 
às regras de competência por prerrogativa de foro previstas na Constituição Federal. 
Segundo Guilherme Barros (2015, pg. 135), em um exemplo onde a parte deva intentar 
um Mandado de Segurança em face de ato do Presidente da República, a competência seria 
do Supremo Tribunal Federal, por força do artigo 102, I, “d”, da CF. Contudo, se: 
 
ao invés de mandado de segurança, for proposta uma demanda ordinária em face da União para 
discutir o ato administrativo, a competência não será do Supremo, mas sim do juízo federal de 1ª 
instância. Nesse caso, a concessão de liminar significaria a imposição de obrigação ao Presidente da 
República através de juízo incompetente constitucionalmente. 
 
Vejam que o próprio parágrafo 2º, do artigo 1º, da Lei 8.437/92, excepciona da própria 
regra as liminares deferidas em ação popular e ação civil pública: 
 
§ 2° O disposto no parágrafo anterior não se aplica aos processos de ação popular e de ação civil pública. 
 
 Nesse tipo de ação, será possível a concessão de medida liminar, sem que seja 
considerada burla à regra de competência prevista na Constituição Federal. 
 Quanto às demais hipóteses de vedações, estas se aplicam à Ação Civil Pública. 
Significa, então, que se não há vedação legal, em qualquer outro caso poderá ser deferida 
liminar. 
Por outro lado, e se a demanda estiver enquadrada em uma das hipóteses de vedação 
à concessão de liminar, mas a Ação Civil Pública possuir ampla prova documental da 
plausibilidade do direito e a urgência for extremamente elevada? 
 Ainda assim, deverá o juiz ater-se à letra fria da lei e negar a liminar pleiteada por 
expressa vedação legal? 
Leonardo Cunha afirma que (2016, pg. 301): 
 
Embora tenha reconhecido a constitucionalidade das restrições e vedações à concessão da tutela 
antecipada contra o Poder Público, o STF vem conferindo interpretação restritiva ao referido dispositivo, 
diminuindo seu âmbito de abrangência para negar reclamações constitucionais em algumas hipóteses 
em que lhe parece cabível a medida antecipatória, mesmo para determinar o pagamento de soma em 
dinheiro. 
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 Deverá, portanto, o magistrado, analisando o caso concreto, verificar a pertinência e 
viabilidade de se superar o impedimento legal, desde que devidamente fundamentado e 
justificando o motivo e a urgência que viabilizam a superação das restrições. 
 
2.3 – COMPETÊNCIA 
 
 De acordo com o artigo 2º, da Lei 7.347/85: 
 
Art. 2º As ações previstas nesta Lei serão propostas no foro do local onde ocorrer o dano, cujo juízo terá 
competência funcional para processar e julgar a causa. 
Parágrafo único. A propositura da ação prevenirá a jurisdição do juízo para todas as ações 
posteriormente intentadas que possuam a mesma causa de pedir ou o mesmo objeto. (Parágrafo único 
acrescido pela Medida Provisória nº 2.180-35, de 24/8/2001) 
 
 Assim, quanto à competência territorial, não restam quaisquer dúvidas: será 
competente o foro do local onde ocorrer o dano para processar e julgar a Ação Civil Pública, 
sendo esta hipótese de competência absoluta. 
 A dúvida surge em razão da previsão do artigo 109, parágrafo 3º, da Constituição 
Federal que assim dispõe: 
 
§ 3º Serão processadas e julgadas na justiça estadual, no foro do domicílio dos segurados ou 
beneficiários, as causas em que forem parte instituição de previdência social e segurado, sempre que a 
comarca não seja sede de vara do juízo federal, e, se verificada essa condição, a lei poderá permitir que 
outras causas sejam também processadas e julgadas pela justiça estadual. 
 
 Ora, e se a União for parte no processo e a comarca não for sede da Justiça Federal? 
Caberá ao juiz estadual apreciar a Ação Civil Pública? 
 Inicialmente, o Superior Tribunal de Justiça assim pacificou a matéria: 
 
Súmula 183 – STJ – CANCELADA - Compete ao Juiz Estadual, nas Comarcas que não sejam sede de vara 
da Justiça Federal, processar e julgar ação civil pública, ainda que a União figure no processo. 
 
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 Contudo, após a pacificação da matéria pelo Supremo Tribunal Federal no sentido de 
ser necessária a apreciação da ação por juízo federal, o STJ cancelou a Súmula 183 
adequando-se ao seguinte julgamento do STF: 
 
EMENTA: AÇÃO CIVIL PÚBLICA PROMOVIDA PELO MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL. COMPETÊNCIA DAJUSTIÇA FEDERAL. ART. 109, I E § 3º, DA CONSTITUIÇÃO. ART. 2º DA LEI Nº 7.347/85. O dispositivo 
contido na parte final do § 3º do art. 109 da Constituição é dirigido ao legislador ordinário, autorizando-
o a atribuir competência (rectius jurisdição) ao Juízo Estadual do foro do domicílio da outra parte ou do 
lugar do ato ou fato que deu origem à demanda, desde que não seja sede de Varas da Justiça Federal, 
para causas específicas dentre as previstas no inciso I do referido artigo 109. No caso em tela, a 
permissão não foi utilizada pelo legislador que, ao revés, se limitou, no art. 2º da Lei nº 7.347/85, a 
estabelecer que as ações nele previstas "serão propostas no foro do local onde ocorrer o dano, cujo juízo 
terá competência funcional para processar e julgar a causa". Considerando que o Juiz Federal também 
tem competência territorial e funcional sobre o local de qualquer dano, impõe-se a conclusão de que o 
afastamento da jurisdição federal, no caso, somente poderia dar-se por meio de referência expressa à 
Justiça Estadual, como a que fez o constituinte na primeira parte do mencionado § 3º em relação às 
causas de natureza previdenciária, o que no caso não ocorreu. Recurso conhecido e provido. 
(RE 228955, Relator(a): Min. ILMAR GALVÃO, Tribunal Pleno, julgado em 10/02/2000, DJ 24-03-2001 
PP-00070 EMENT VOL-01984-04 PP-00842 REPUBLICAÇÃO: DJ 14-04-2000 PP-00056 RTJ VOL-00172-03 
PP-00992) 
 
 Assim, conforme defendido por Didier (2016, pg. 126): 
 
se a ação civil pública se encaixar em qualquer das hipóteses previstas no art. 109 da Constituição 
Federal, que estabelece a competência do juiz federal, deverá tramitar na Justiça Federal 
necessariamente, não lhe sendo aplicável a regra do parágrafo 3º do mesmo art. 109. 
 
2.4 – LEGITIMIDADE 
 
 De acordo com o artigo 5º, da Lei 7.347/85, poderão propor a ação principal e a ação 
cautelar: 
 
Art. 5º Têm legitimidade para propor a ação principal e a ação cautelar: (Caput do artigo com redação 
dada pela Lei nº 11.448, de 15/01/2007) 
I - o Ministério Público; (Inciso com redação dada pela Lei nº 11.448, de 15/01/2007) 
II - a Defensoria Pública; (Inciso com redação dada pela Lei nº 11.448, de 15/01/2007) 
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III - a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios; (Inciso acrescido pela Lei nº 11.448, de 
15/01/2007) 
IV - a autarquia, empresa pública, fundação ou sociedade de economia mista; (Inciso acrescido pela Lei 
nº 11.448, de 15/01/2007) 
 
V - a associação que, concomitantemente: (Inciso acrescido pela Lei nº 11.448, de 15/01/2007) 
a) esteja constituída há pelo menos 1 (um) ano nos termos da lei civil; (Alínea acrescida pela Lei nº 
11.448, de 15/01/2007) 
b) inclua, entre suas finalidades institucionais, a proteção ao patrimônio público e social, ao meio 
ambiente, ao consumidor, à ordem econômica, à livre concorrência, aos direitos de grupos raciais, 
étnicos ou religiosos ou ao patrimônio artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico. (Alínea 
acrescida pela Lei nº 11.448, de 15/01/2007 e com redação dada pela Lei nº 13.004, de 24/6/2014, 
publicada no DOU de 25/6/2014, em vigor após decorridos 60 dias de sua publicação oficial) 
§ 1º O Ministério Público, se não intervier no processo como parte, atuará obrigatoriamente como fiscal 
da lei. 
§ 2º Fica facultado ao Poder Público e a outras associações legitimadas nos termos deste artigo 
habilitar-se como litisconsortes de qualquer das partes. 
§ 3º Em caso de desistência infundada ou abandono da ação por associação legitimada, o Ministério 
Público ou outro legitimado assumirá a titularidade ativa. (Parágrafo com redação dada pela Lei nº 
8.078, de 11/9/1990) 
§ 4º O requisito da pré-constituição poderá ser dispensado pelo juiz, quando haja manifesto interesse 
social evidenciado pela dimensão ou característica do dano, ou pela relevância do bem jurídico a ser 
protegido. (Parágrafo acrescido pela Lei nº 8.078, de 11/9/1990) 
§ 5º Admitir-se-á o litisconsórcio facultativo entre os Ministérios Públicos da União, do Distrito Federal 
e dos Estados na defesa dos interesses e direitos de que cuida esta lei. (Parágrafo acrescido pela Lei nº 
8.078, de 11/9/1990) 
§ 6º Os órgãos públicos legitimados poderão tomar dos interessados compromisso de ajustamento de 
sua conduta às exigências legais, mediante combinações, que terá eficácia de título executivo 
extrajudicial. (Parágrafo acrescido pela Lei nº 8.078, de 11/9/1990) 
 
 No Brasil, a legitimação para demandas coletivas é, portanto, plúrima, eis que vários 
entes são legitimados para proporem as demandas e mista, eis que tanto entes da sociedade 
civil como do Estado são legitimados para o manejo da ação coletiva. 
 Quanto aos legitimados, cabe-nos comentar as situações mais prováveis de cobrança 
em provas. 
 
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Defensoria Pública 
 
Em 2007, a Lei 11.448 alterou a Lei 7.345/85 para incluir entre os legitimados para 
propositura da Ação Civil Pública a Defensoria Pública. Até esta data, tanto a doutrina como 
a jurisprudência não estavam em sintonia quanto à possibilidade de atuação de tal ente. 
O dispositivo legal teve a constitucionalidade questionada no Supremo Tribunal 
Federal que reconheceu inexistir qualquer vício de inconstitucionalidade, afirmando não 
deter o Ministério Público a exclusividade para ajuizamento de ação civil pública. 
Assim, possível o manejo de Ação Civil Pública também pela Defensoria. 
 
EMENTA: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. LEGITIMIDADE ATIVA DA DEFENSORIA PÚBLICA 
PARA AJUIZAR AÇÃO CIVIL PÚBLICA (ART. 5º, INC. II, DA LEI N. 7.347/1985, ALTERADO PELO ART. 2º DA 
LEI N. 11.448/2007). TUTELA DE INTERESSES TRANSINDIVIDUAIS (COLETIVOS STRITO SENSU E DIFUSOS) 
E INDIVIDUAIS HOMOGÊNEOS. DEFENSORIA PÚBLICA: INSTITUIÇÃO ESSENCIAL À FUNÇÃO 
JURISDICIONAL. ACESSO À JUSTIÇA. NECESSITADO: DEFINIÇÃO SEGUNDO PRINCÍPIOS HERMENÊUTICOS 
GARANTIDORES DA FORÇA NORMATIVA DA CONSTITUIÇÃO E DA MÁXIMA EFETIVIDADE DAS NORMAS 
CONSTITUCIONAIS: ART. 5º, INCS. XXXV, LXXIV, LXXVIII, DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA. 
INEXISTÊNCIA DE NORMA DE EXCLUSIVIDAD DO MINISTÉRIO PÚBLICO PARA AJUIZAMENTO DE AÇÃO 
CIVIL PÚBLICA. AUSÊNCIA DE PREJUÍZO INSTITUCIONAL DO MINISTÉRIO PÚBLICO PELO 
RECONHECIMENTO DA LEGITIMIDADE DA DEFENSORIA PÚBLICA. AÇÃO JULGADA IMPROCEDENTE. (ADI 
3943, Relator(a): Min. CÁRMEN LÚCIA, Tribunal Pleno, julgado em 07/05/2015, ACÓRDÃO ELETRÔNICO 
DJe-154 DIVULG 05-08-2015 PUBLIC 06-08-2015) 
 
Ocorre que, segundo aponta Didier (2016, pg. 203) a Defensoria Pública não possui 
legitimidade para LIQUIDAR e EXECUTAR os direitos individuais decorrentes da sentença 
coletiva em relação aos jurisdicionados NÃO necessitados. 
É dizer: a Defensoria apenas poderá atuar na fase de liquidação e execução da 
sentença em favor dos necessitados, conforme já decidido pelo STJ: 
 
RECURSO ESPECIAL. PROCESSUAL CIVIL. DEFENSORIA PÚBLICA. LEGITIMIDADE ATIVA. AÇÃO CIVIL 
PÚBLICA. TUTELA DE INTERESSES INDIVIDUAIS HOMOGÊNEOS. MUTUÁRIOS. SISTEMA FINANCEIRO 
HABITACIONAL. PERTINÊNCIA SUBJETIVA. NECESSITADOS. SENTIDO AMPLO. PERSPECTIVA ECONÔMICA 
E ORGANIZACIONAL. 
1.Cinge-se a controvérsia a saber se a Defensoria Pública da União detém legitimidade para propor 
ação civil pública em defesa de direitos individuais homogêneos, a exemplo dos mutuários do SFH. 
2. A Defensoria Pública é um órgão voltado não somente à orientação jurídica dos necessitados, mas 
também à proteção do regime democrático e à promoção dos direitos humanos e dos direitos 
individuais e coletivos. 
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3. A pertinência subjetiva da Defensoria Pública para intentar ação civil pública na defesa de interesses 
transindividuais está atrelada à interpretação do que consiste a expressão "necessitados" (art. 134 da 
CF) por "insuficiência de recursos" (art. 5º, LXXXIV, da CF). 
4. Deve ser conferido ao termo "necessitados" uma interpretação ampla no campo da ação civil pública 
para fins de atuação inicial da Defensoria Pública, de modo a incluir, para além do necessitado 
econômico (em sentido estrito), o necessitado organizacional, ou seja, o indivíduo ou grupo em situação 
especial de vulnerabilidade existencial. 
5. O juízo prévio acerca da coletividade de pessoas necessitadas deve ser feito de forma abstrata, em 
tese, bastando que possa haver, para a extensão subjetiva da legitimidade, o favorecimento de grupo 
de indivíduos pertencentes à classe dos hipossuficientes, mesmo que, de forma indireta e eventual, 
venha a alcançar outros economicamente mais favorecidos. 
6. A liquidação e a execução da sentença proferida nas ações civis públicas movidas pela Defensoria 
Pública somente poderá ser feita aos que comprovarem insuficiência de recursos, pois, nessa fase, a 
tutela de cada membro da coletividade ocorre de maneira individualizada. 7. Recurso especial provido. 
(REsp 1449416/SC, Rel. Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA, TERCEIRA TURMA, julgado em 
15/03/2016, DJe 29/03/2016) 
 
Associação 
 
Para que a Associação possa manejar a Ação Civil Pública, faz-se necessário que tenha 
sido constituída há pelo menos um ano, nos termos da lei civil e inclua entre suas finalidades 
institucionais a defesa do patrimônio público ou social, ao meio ambiente, ao consumidor ou 
outros direitos coletivos lato sensu. 
Quanto ao tema, a discussão enfrentada pelos Tribunais Superiores fora quanto aos 
limites do transporte da coisa jugada em demandas propostas por sindicatos ou associações 
onde apenas no momento da execução apresenta-se a lista de associados beneficiados pela 
decisão do processo de conhecimento. 
 Em suma, existe restrição ao ajuizamento de demandas por sindicatos e associações? 
Quais os limites subjetivos do título? 
A discussão passa pelo enfrentamento da diferença entre Associação e Sindicato e dos 
institutos de representação e substituição processual. 
 Inicialmente, o tratamento dado tanto para as associações como para os sindicatos 
era bastante semelhante, conforme julgado pelo Superior Tribunal de Justiça nos autos do 
AgRgAI 801.822-DF, de relatoria da Ministra Maria Thereza de Assis Moura: 
 
AGRAVO REGIMENTAL. AGRAVO DE INSTRUMENTO.LEGITIMIDADE ATIVA. VÍCIO SANÁVEL NA 
INSTÂNCIA ORDINÁRIA. VIOLAÇÃO DO ART. 284 DO CPC. OCORRÊNCIA. 
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1. Este Superior Tribunal de Justiça firmou entendimento no sentido de que não há necessidade de 
autorização expressa ou relação nominal dos associados para que a associação ou sindicato atue em 
seus nomes, seja para propor ações ordinárias ou coletivas, porquanto está-se diante da chamada 
substituição processual. (...) 
 
 Ocorre que, segundo a Constituição Federal, as associações e os sindicatos possuem 
tratamento jurídico diferenciado, nos termos do artigo 5º, incisos XXI e LXX, b e 8º, III2, 
conforme decidido pelo Supremo Tribunal Federal: 
 
REPRESENTAÇÃO – ASSOCIADOS – ARTIGO 5º, INCISO XXI, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. ALCANCE. O 
disposto no artigo 5º, inciso XXI, da Carta da República encerra representação específica, não 
alcançando previsão genérica do estatuto da associação a revelar a defesa dos interesses dos 
associados. 
 
TÍTULO EXECUTIVO JUDICIAL – ASSOCIAÇÃO – BENEFICIÁRIOS. As balizas subjetivas do título judicial, 
formalizado em ação proposta por associação, é definida pela representação no processo de 
conhecimento, presente a autorização expressa dos associados e a lista destes juntada à inicial. 
 
RE 573232, Relator(a): Min. RICARDO LEWANDOWSKI, Relator(a) p/ Acórdão: Min. MARCO AURÉLIO, 
Tribunal Pleno, julgado em 14/05/2014, DJe-182 DIVULG 18-09-2014 PUBLIC 19-09-2014 EMENT VOL-
02743-01 PP-00001 
 
É dizer: ao demandarem em juízo, as associações atuam em defesa de seus filiados 
através do instituto da Representação Processual, diferentemente dos Sindicatos que seriam 
substitutos processual. 
 Assim, para a formação da coisa julgada coletiva através de associações, necessária a 
autorização expressa dos filiados e a juntada da lista completa dos beneficiários, como forma 
de garantir a melhor defesa do réu. Tal autorização não pode ser apenas aquela expressa na 
ata de constituição ou no Regimento Interno da Associação. 
 Já os sindicatos, atuando em juízo através do instituto da substituição processual, 
possuem ampla legitimidade para, independente de autorização expressa dos filiados, 
proporem demandas que possibilitem a execução individual do título executivo. 
No caso das Ações Civis Públicas, as associações precisam, portanto, de autorização 
especial para demandarem em juízo. 
 
2Constituição Federal. Art. 5. XXI - as entidades associativas, quando expressamente autorizadas, têm legitimidade para 
representar seus filiados judicial ou extrajudicialmente; LXX - o mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por: 
b) organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em funcionamento há pelo menos um 
ano, em defesa dos interesses de seus membros ou associados; Art. 8. III - ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interesses 
coletivos ou individuais da categoria, inclusive em questões judiciais ou administrativas; 
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Por fim, o requisito pré-constituição poderá ser dispensado pelo juiz quando haja 
manifesto interesse social evidenciado pela dimensão ou característica do dano, ou pela 
relevância do bem jurídico a ser protegido (parágrafo 4º). 
 
Consequência da Falta de Legitimação 
 
E se proposta uma Ação Civil Pública, o Magistrado verificar a ilegitimidade ativa? Qual 
deve ser o procedimento a ser adotado? 
Fredie Didier (2016, pg. 197) defende que a consequência desta situação não pode ser 
necessariamente a extinção do processo sem resolução do mérito e defende que deve ser 
aproveitado o processo coletivo com a substituição (sucessão) da parte que se reputa 
inadequada para a condução da demanda. 
Neste sentido: 
 
PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. EMBARGOS INFRINGENTES. LEGITIMIDADE DA DEFENSORIA 
PÚBLICA PARA A PROPOSITURA DE AÇÃO CIVIL PÚBLICA. LIMITADOR CONSTITUCIONAL. DEFESA DOS 
NECESSITADOS. PLANO DE SAÚDE. REAJUSTE. GRUPO DE CONSUMIDORES QUE NÃO É APTO A 
CONFERIR LEGITIMIDADE ÀQUELA INSTITUIÇÃO. 
1. São cabíveis embargos infringentes quando o acórdão não unânime houver reformado, em grau de 
apelação, a sentença de mérito, ou houver julgado procedente a ação rescisória (CPC, art. 530). 
Excepcionalmente, tem-se admitido o recurso em face de acórdão não unânime proferido no 
julgamento do agravo de instrumento quando o Tribunal vier a extinguir o feito com resolução do 
mérito. 
2. Na hipótese, no tocante à legitimidade ativa da Defensoria Pública para o ajuizamento de ação civil 
pública, não bastou um mero exame taxativo da lei, havendo sim um controle judicial sobre a 
representatividade adequada da legitimação coletiva. Com efeito, para chegar à conclusão da 
existência ou não de pertinência temática entre o direito material em litígio e as atribuições 
constitucionais da parte autora acabou-se adentrando no terreno

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