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Pré-Natal

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J U N H O D E 2 0 2 2
P R O F. A N A C L A U D I A S O U Z A E P R O F. M A R I N A AYA B E G O M E S D E M O R A E S
PRÉ-NATAL
Estratégia
MED
Prof. Ana Claudia Souza e Prof. Marina Ayabe Gomes de Moraes | Pré-natal 2OBSTETRÍCIA
PROF. ANA CLAUDIA 
SOUZA E 
PROF. MARINA 
AYABE GOMES DE 
MORAES
APRESENTAÇÃO:
@dra.marinamoraes
@profa.anasouza
Olá, Doc!
 
Bem-vindo ao estudo 
dos mecanismos e fases 
clínicas do parto! 
Sou a professora Ana.
E eu sou a professora 
Marina! Estamos aqui na 
missão de apresentar o 
tema da forma mais leve 
possível para você! Conte 
conosco!
PARA COMEÇO DE CONVERSA
https://www.instagram.com/dra.marinamoraes
https://www.instagram.com/profa.anasouza
Estratégia
MED
3OBSTETRÍCIA Prof. Ana Claudia Souza e Prof. Marina Ayabe Gomes de Moraes | Pré-natal
Intercorrências obstétrica
Obstetrícia fisiológica Medicina fetal
Doenças associadas à gestação PARTO
Puerpério
Pré-natal
25%
4%
7%
11%
13%
15%
25%
PARA COMEÇO DE CONVERSA
Você está prestes a iniciar o estudo de um dos temas mais importantes para a prática da obstetrícia e para sua prova: a assistência 
pré-natal. 
Apesar de, à primeira vista, poder parecer um tema corriqueiro, minha sugestão é que você faça essa leitura de forma bastante 
cuidadosa, buscando solidificar esses conhecimentos relativamente simples, mas fundamentais para sua prova de obstetrícia. 
Uma consideração bastante importante a respeito desse tema é que, geralmente, as provas de Residência Médica baseiam-se no 
protocolo de cuidados para assistência pré-natal proposto pelo Ministério da Saúde, porém é essencial que você conheça o protocolo 
assumido pelo serviço onde você está realizando a prova. Particularidades de cada um desses serviços podem influenciar na escolha 
correta da questão. Durante esta leitura, chamaremos sua atenção para as condutas diferentes de alguns serviços sempre que necessário.
IMPORTÂNCIA DO TEMA
A engenharia reversa revela que cerca de 10% das questões de obstetrícia nas provas de Residência Médica são a respeito de 
assistência ao pré-natal, de acordo com o levantamento que a equipe de obstetrícia do Estratégia MED realizou das principais provas do 
país nos últimos anos. 
Estratégia
MED
OBSTETRÍCIA Pré-natal
4Prof. Ana Claudia Souza e Prof. Marina Ayabe Gomes de Moraes | Resumo Estratégico | Junho 2022
SUMÁRIO
1.0 PRÉ-NATAL 7
1.1 DIAGNÓSTICO DE GESTAÇÃO 8
2.0 ANAMNESE OBSTÉTRICA 10
2.1 CÁLCULO DA IDADE GESTACIONAL 10
2.2 DATA PROVÁVEL DO PARTO (DPP) 14
2.3 IDENTIFICAÇÃO 15
2.3.1 IDADE 15
2.3.2 ESCOLARIDADE 16
2.3.3 PROCEDÊNCIA 16
2.3.4 SITUAÇÃO CONJUGAL 16
2.3.5 OCUPAÇÃO 16
2.4 ANTECEDENTES FAMILIARES 17
2.5 ANTECEDENTES PESSOAIS 17
2.5.1 USO DE MEDICAÇÕES DURANTE A GRAVIDEZ 17
2.5.2 HÁBITOS E VÍCIOS DURANTE A GRAVIDEZ 22
2.5.3 ANTECEDENTES CIRÚRGICOS 23
2.6 ANTECEDENTES GINECOLÓGICOS 24
2.7 ANTECEDENTES OBSTÉTRICOS 24
2.7.1 CLASSIFICAÇÃO EM NÚMERO DE GESTAÇÕES, PARIDADE E ABORTOS ANTERIORES (G P A) 24
2.7.2 ORDEM CRONOLÓGICA DOS DESFECHOS E PARTICULARIDADES DAS GESTAÇÕES ANTERIORES 25
2.8 QUATRO PERGUNTAS-CHAVE PARA ANAMNESE OBSTÉTRICA 26
2.9 PRINCIPAIS SINTOMAS NA GESTAÇÃO 27
2.9.1 HIPERÊMESE GRAVÍDICA 27
Estratégia
MED
OBSTETRÍCIA
5
Pré-natal
Prof. Ana Claudia Souza e Prof. Marina Ayabe Gomes de Moraes | Resumo Estratégico | Junho 2022
3.0 EXAME FÍSICO OBSTÉTRICO 31
3.1 PRESSÃO ARTERIAL 31
3.2 PESO 32
3.2.1 CIRURGIA BARIÁTRICA: REPERCUSSÕES E CUIDADOS 33
3.3 MEMBROS INFERIORES 34
3.4 EXAME OBSTÉTRICO ABDOMINAL 35
3.4.1 INSPEÇÃO ABDOMINAL 35
3.4.2 MANOBRAS OBSTÉTRICAS 36
3.4.3 ALTURA UTERINA 39
3.4.4 AUSCULTA DOS BATIMENTOS CARDÍACOS FETAIS 42
4.0 EXAMES COMPLEMENTARES 45
4.1 EXAMES SÉRICOS GERAIS 46
4.1.1 HEMOGRAMA 46
4.1.2 TIPAGEM SANGUÍNEA E PESQUISA DE ANTICORPOS IRREGULARES/COOMBS INDIRETO 47
 4.1.2.1 PROFILAXIA DA ALOIMUNIZAÇÃO E DA DOENÇA HEMOLÍTICA PERINATAL 48
 4.1.2.2 “PEGADINHAS” 49
4.1.3 GLICEMIA DE JEJUM 50
4.1.4 TSH 52
4.2 EXAMES SÉRICOS SOROLÓGICOS 53
4.2.1 SOROLOGIA PARA HIV 53
4.2.2 SOROLOGIA PARA SÍFILIS 55
4.2.3 SOROLOGIA PARA TOXOPLASMOSE 57
4.2.4 SOROLOGIA PARA RUBÉOLA 60
4.2.5 SOROLOGIA PARA HEPATITE B 60
4.2.6 SOROLOGIA PARA HEPATITE C 61
4.3 EXAMES NÃO SÉRICOS 61
4.3.1 URINA TIPO 1 E UROCULTURA 61
4.3.2 COLPOCITOLOGIA ONCÓTICA 63
4.3.3 PARASITOLÓGICO DE FEZES 63
Estratégia
MED
OBSTETRÍCIA Pré-natal
6Prof. Ana Claudia Souza e Prof. Marina Ayabe Gomes de Moraes | Resumo Estratégico | Junho 2022
5.0 EXAMES COMPLEMENTARES NO SEGUIMENTO PRÉ-NATAL 65
5.1 TESTE ORAL DE TOLERÂNCIA À GLICOSE 75 G 65
5.2 SWAB ANAL E VAGINAL PARA PESQUISA DE ESTREPTOCOCO DO GRUPO B 67
6.0 ORIENTAÇÕES GERAIS 70
6.1 IMUNIZAÇÃO 70
6.2 NUTRIÇÃO DURANTE A GESTAÇÃO 73
6.2.1 ÁCIDO FÓLICO 73
6.2.2 SULFATO FERROSO 74
6.2.3 OUTRAS VITAMINAS E MINERAIS 75
6.2.4 POLIVITAMÍNICOS ASSOCIADOS 76
6.3 ATIVIDADE FÍSICA NA GESTAÇÃO 76
6.3.1 HIPERTERMIA 78
6.4 OUTRAS RECOMENDAÇÕES PARA A GESTANTE 78
6.4.1 VIAGENS AÉREAS 78
6.4.2 ATIVIDADE SEXUAL 78
6.4.3 PLANO DE PARTO 78
7.0 DETERMINAÇÃO DO RISCO GESTACIONAL 79
8.0 LISTA DE QUESTÕES 81
9.0 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 82
10.0 CONSIDERAÇÕES FINAIS 83
Estratégia
MED
OBSTETRÍCIA Pré-natal
Prof. Ana Claudia Souza e Prof. Marina Ayabe Gomes de Moraes | Resumo Estratégico | Junho 2022 7
CAPÍTULO
1.0 PRÉ-NATAL
Pré-natal, em sua essência, é o seguimento da gestante, desde o diagnóstico da gravidez até 
o parto.
Objetiva evitar impactos na saúde do binômio materno-fetal e garantir que o recém-nascido 
e a mãe estejam saudáveis ao final do período gravídico, oferecendo cuidados clínicos, mas também 
psicossociais, preventivos e educacionais.
É justamente sua facilidade de replicação que garante que 
os principais cuidados à gestante e ao feto sejam assegurados, 
independentemente das condições técnicas e econômicas das mais 
diversas realidades de um país continental como o Brasil. 
A assistência ao pré-natal realizada adequadamente é 
fundamental para a redução até mesmo da mortalidade materna 
e é um importante marcador da qualidade do cuidado materno, 
sendo um aspecto que merece toda a atenção das políticas de 
saúde.
A anamnese e o exame físico realizados durante a consulta 
pré-natal permitem que o risco gestacional seja definido e guiam a 
decisão dos exames complementares a serem solicitados. 
É importante esclarecer que há exames complementares 
que serão solicitados rotineiramente para todas as grávidas. É uma 
“receitinha de bolo” que deve ser realizada por todas as gestantes, 
as de risco habitual ou não; e, diante de alguns fatores de risco ou de 
comorbidades identificadas, outros exames deverão ser solicitados.
Uma vez que a assistência ao pré-natal é um atendimento 
muito bem estruturado, outra particularidade dela é que há 
intervalos mínimos preestabelecidos para que os retornos da 
gestante aconteçam. 
A Organização Mundial da Saúde (OMS) preconiza que a 
gestante passe, ao menos, por seis consultas de pré-natal para 
que a assistência seja considerada adequada. O intervalo entre as 
consultas de pré-natal em uma gestação de risco habitual obedece 
aos seguintes intervalos:
A cada quatro semanas, até a 28ª semana de gestação. Excetuando-se o primeiro retorno, que deve ocorrer 
em até 15 dias para avaliação dos exames da rotina de pré-natal solicitados na primeira consulta.
A cada 15 dias, entre a 28ª e a 36ª semana de gestação.
Semanalmente, a partir do termo até o parto. 
Atenção! NÃO há alta do pré-natal!
Estratégia
MED
OBSTETRÍCIA
8
Pré-natal
Prof. Ana Claudia Souza e Prof. Marina Ayabe Gomes de Moraes | Resumo Estratégico | Junho 2022
1.1 DIAGNÓSTICO DE GESTAÇÃO
Um dos primeiros momentos tensos, no bom sentido, de 
uma gestante é o famoso "será mesmo que estou grávida?". Para 
isso, existem 3 formas de diagnóstico: o clínico, o laboratorial e por 
imagem, auxiliado pela ultrassonografia. Vamos avaliar cada um 
deles:
Diagnóstico clínico
A principal queixa encontrada pela mulher no inícioda 
gravidez é o atraso menstrual. Se o atraso for < 12 semanas, o 
diagnóstico será por meio do teste imunológico de gravidez (TIG). 
Mas, se o atraso for > 12 semanas, o diagnóstico poderá ser feito 
clinicamente. 
Diante do atraso menstrual, os principais sintomas iniciais 
são fadiga, mastalgia, náuseas ou vômitos matinais e aumento da 
frequência urinária.
Portanto, existem sinais de presunção, de probabilidade e 
de certeza. 
Os sinais de presunção incluem manifestações sistêmicas e 
sinais mamários:
 Manifestações clínicas (atraso menstrual de até 14 dias, 
náuseas, vômitos, polaciúria, sonolência, alterações do apetite, 
sinal de Halban – lanugem –, linha nigra). 
Manifestações mamárias (hipersensibilidade dos mamilos, 
aumento do volume das mamas, sinal de Hunter – hiperpigmentação 
da aréola –, presença dos tubérculos de Montgomery, rede venosa 
de Haller, saída de colostro).
Os sinais de probabilidade são sinais do trato genital: atraso 
menstrual maior do que 14 dias, aumento do volume uterino, 
amolecimento do colo uterino, alteração do muco cervical, sinal 
de Piskacek (formato assimétrico do útero onde se implantou o 
embrião), sinal de Hegar (amolecimento do istmo cervical), sinal 
de Nobile-Budin (ocupação dos fórnices laterais), sinal de Kluge 
(arroxeamento da vagina), sinal de Osiander (pulsação das artérias 
vaginais no fórnice lateral).
E os 3 sinais de certeza: sinal de Puzos (rechaço fetal sentido 
ao empurrar-se o útero pelo fórnice anterior), palpação e percepção 
dos movimentos fetais e de partes fetais e ausculta dos batimentos 
cardíacos fetais.
Veja, na tabela a seguir, um resumo com os principais sinais 
de presunção, probabilidade e certeza de gestação.
SINAIS DE PRESUNÇÃO SINAIS DE PROBABILIDADE SINAIS DE CERTEZA
Atraso menstrual até 14 dias Atraso menstrual maior que 14 dias Sinal de Puzos
Náuseas e vômitos Aumento do volume uterino
Palpação e percepção de movimentos 
fetais ou de partes fetais
Congestão mamária Amolecimento do colo uterino
Ausculta de batimentos cardíacos fetais
Rede de Haller Alterações do muco cervical
Sinal de Hunter Sinal de Piskacek
Tubérculos de Montgomery Sinal de Hegar
Estratégia
MED
OBSTETRÍCIA Pré-natal
Prof. Ana Claudia Souza e Prof. Marina Ayabe Gomes de Moraes | Resumo Estratégico | Junho 2022 9
Polaciúria Sinal de Nobile-Budin
Ausculta de batimentos cardíacos fetais
Cloasma gravídico Sinal de Jacquemier-Chadwick
Linha nigra Sinal de Kluge
Sinal de Halban Sinal de Osiander
Trato genitalSistêmicos e mamários Sinto/escuto
Figura 1. Sinais de presunção, probabilidade e certeza de gestação.
Diagnóstico laboratorial
É realizado por meio da dosagem de gonadotrofina coriônica 
humana (beta-hCG) para o diagnóstico precoce da gestação, 
quando o atraso menstrual é menor do que 14 dias.
O teste imunológico de gravidez (TIG) é sensível e confiável, 
porém é considerado caro e deverá ser solicitado após atraso 
menstrual de 15 dias. 
Os testes urinários (beta-hCG qualitativo) têm baixos 
resultados falso-positivos, porém podem apresentar resultado 
falso-negativo, levando ao atraso no início do pré-natal.
O beta-hCG quantitativo é detectado por meio do 
sangue periférico, 8 a 11 dias após a concepção. A maioria dos 
testes apresenta um corte de 25 a 30 mUI/mL, com resultados 
indeterminados e falso-positivos entre 2 e 25 mUI/mL. São 
considerados negativos valores menores do que 5 mUI/mL, e, 
acima de 25 mUI/mL, são considerados positivos.
Diagnóstico por imagem
O diagnóstico de uma gestação intrauterina pela 
ultrassonografia obstétrica inicial pode ser realizado a partir de 
4,5 a 5 semanas por meio da visualização do saco gestacional. 
Já o embrião pode ser visualizado a partir de 5,5 a 6 semanas, e 
os batimentos cardíacos fetais devem estar presentes quando o 
embrião apresenta o comprimento cabeça-nádega (CCN) maior ou 
igual a 7 mm.
O exame ultrassonográfico oferece à gestante a oportunidade 
de confirmação da idade gestacional, de detecção precoce de 
gestações múltiplas ou de malformações fetais. Porém, os benefícios 
da ultrassonografia ainda são incertos, já que sua omissão não 
diminui a qualidade do pré-natal (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2012). 
A datação da gestação em idade gestacional < 15 semanas 
é realizada por meio do comprimento cabeça-nádega (CCN). A 
medida do comprimento cabeça-nádega é o método mais preciso 
para avaliar a idade gestacional com um erro de 5 dias quando 
medido antes de 9 semanas e de 7 dias entre 9 e 14 semanas. 
Após 15 semanas, a datação é calculada pela medida do diâmetro 
biparietal, do fêmur e da circunferência abdominal.
Se você quer estudar mais detalhes sobre a avaliação 
ultrassonográfica para a datação da gestação, aproveite 
a oportunidade e já complemente a leitura no livro de 
ULTRASSONOGRAFIA. Mas não se esqueça de terminar os estudos 
por aqui. 
Estratégia
MED
OBSTETRÍCIA
10
Pré-natal
Prof. Ana Claudia Souza e Prof. Marina Ayabe Gomes de Moraes | Resumo Estratégico | Junho 2022
CAPÍTULO
2.0 ANAMNESE OBSTÉTRICA
2.1 CÁLCULO DA IDADE GESTACIONAL
Neste capítulo, analisaremos as três principais maneiras de 
determinar a idade gestacional:
• Pela data da última menstruação (DUM).
• Pela ultrassonografia (USG).
• Pela altura uterina (AU).
Pela data da última menstruação (DUM) 
Provavelmente, a primeira ideia que lhe vem à cabeça 
quando pensa em determinar a idade gestacional é calculá-la a 
partir da data da última menstruação, frequentemente conhecida, 
na prática clínica e nas provas, por "DUM". E você está certíssimo! 
Um conceito essencial que você precisa sempre ter em 
mente para determinar a idade gestacional a partir da data da 
última menstruação (DUM) é saber que ela representa o primeiro 
dia do último ciclo menstrual. É comum o examinador apresentar 
a você o primeiro e o último dia do ciclo menstrual no enunciado da 
questão e solicitar que você determine a idade gestacional. Você é 
Coruja e não cairá nessa “pegadinha”, combinado?!
Data da última menstruação (DUM) 
É o PRIMEIRO dia da menstruação do último ciclo menstrual.
 Aqui, entram suas habilidades matemáticas e seu 
conhecimento de quantos dias tem cada mês, uma vez que a 
determinação da idade gestacional (IG) será feita pelo número de 
dias entre a data da última menstruação e o dia da consulta médica 
dividido por sete, para ter-se o resultado em semanas. Perceba, 
portanto, que o enunciado precisará fornecer as duas datas.
 Que tal um exemplo para ajudar a esclarecer esse conceito?
 Suponha que a data da última menstruação seja 6 de 
fevereiro de 2022 e que se deseje conhecer a idade gestacional 
em 12 de abril de 2022. Observe a figura a seguir, que exemplifica 
os cálculos envolvidos na determinação de que, nesse caso, a idade 
gestacional será de 9 semanas e 2 dias na data de 12 de abril de 2022.
Estratégia
MED
OBSTETRÍCIA Pré-natal
Prof. Ana Claudia Souza e Prof. Marina Ayabe Gomes de Moraes | Resumo Estratégico | Junho 2022 11
Cálculo da Idade Gestacional pela DUM
IG = 9 semanas e 2 dias
65
63
Dias
Semanas
7
9
2
DUM = 06/02/2022
Data da consulta pré-natal = 12/04/2022
Fevereiro - 22 dias (28 dias - 06 dias da DUM)
Março - 31 dias
Abril – 12 dias
22 + 31 + 12 = 65 dias de gestação
Figura 2. Exemplo de cálculo da idade gestacional a partir da DUM.
É importante ter em mente que a fidedignidade do cálculo 
da idade gestacional a partir da DUM se relaciona, por exemplo, à 
regularidade do ciclo menstrual da mulher, ao fato de ela lembrar 
a data corretamente e à possibilidade de ela ter estado ou não em 
uso de contraceptivos.
Pela ultrassonografia
Outra forma de calcular a idade gestacional é a partir da 
ultrassonografia. Sendo que a estimativa da IG pelo ultrassom 
é fundamental nos casos em que há dúvidas a respeito de quão 
fidedigna é a data da última menstruação ou quando ela é 
desconhecida.
O raciocínio do cálculo é bastante semelhante ao usado para 
o cálculo a partir da DUM. O quemuda é que você deverá considerar 
a data de realização da ultrassonografia como se fosse a DUM e, ao 
final do cálculo, adicionar, à idade gestacional encontrada, a idade 
gestacional que constava na ultrassonografia.
+IG (USG) = IG (em semanas)
Soma dos dias entre a data do USG e a data em que se deseja saber a IG
7
)(
Acompanhe, a seguir, um novo exemplo, dessa vez para o 
cálculo da idade gestacional a partir da ultrassonografia. Suponha a 
mesma data de consulta, isto é, 12 de abril de 2022; suponha que 
a gestante lhe apresenta uma ultrassonografia realizada no dia 18 
de março de 2022 e que, nessa ultrassonografia, a idade gestacional 
estimada era de 10 semanas de gestação. Observe que, de acordo 
com a ultrassonografia, a idade gestacional seria de 13 semanas e 
6 dias nessa data.
Estratégia
MED
OBSTETRÍCIA
12
Pré-natal
Prof. Ana Claudia Souza e Prof. Marina Ayabe Gomes de Moraes | Resumo Estratégico | Junho 2022
Cálculo da Idade Gestacional pelo USG
IG= 13 semanas e 6 dias
1º USG 18/03/2022 - 10 sem
25
21
Dias
Semanas
7
3
6
Data da consulta 12/04/2022
Março - 13 dias (31 dias - 18 dias data do USG)
Abril - 12 dias 13 + 12= 25 dias de gestação
Somar 10 semanas do 
resultado do USG
Figura 3. Exemplo de cálculo da idade gestacional a partir do USG.
Nesse momento, você deve estar se perguntando: “mas, e 
aí? Que idade gestacional devo considerar correta: a calculada a 
partir da DUM ou a partir do USG?” E a resposta é "depende"!
Depende de quão diferentes são as idades gestacionais 
calculadas a partir da DUM e do USG e de quando a ultrassonografia 
foi realizada. 
Sabendo-se que a idade gestacional é estimada a partir do 
tamanho do embrião ou do feto à ultrassonografia, quanto mais 
precocemente for realizado o ultrassom, mais fidedigna será a 
determinação da idade gestacional. Isso acontece porque quanto 
menor a idade gestacional, menores os efeitos genéticos e de 
possíveis comorbidades maternas sobre o crescimento fetal, por 
exemplo.
Devemos, então, comparar as idades gestacionais calculadas 
a partir da DUM e do USG e decidir qual delas será mais adequada. 
Diferenças menores de dias do que os citados a seguir indicam que 
a idade gestacional estimada pela DUM é a mais correta. Quando 
a diferença for maior do que os dias indicados, devemos considerar 
a IG do USG. Isso é chamado de erro de data, ou seja, a DUM não 
deve ser levada em consideração para a estimativa da IG.
Ultrassonografias realizadas:
• Antes de 9 semanas apresentam erro de até 5 dias;
• Entre 9 e 14 semanas apresentam erro de até 7 dias;
• Entre 14 e 21 6/7 semanas apresentam erro entre 7 e 10 
dias;
• Entre 22 e 27 6/7 semanas apresentam erro de 14 dias;
• A partir de 28 semanas apresentam erro de 21 dias.
DICA DE PROVA
Decorar todos esses intervalos não é fácil. Embora não seja tão fidedigna, uma dica para ajudá-lo a responder 
às questões sobre esse assunto é que o trimestre em que o ultrassom foi realizado representa o número de semanas 
consideradas para o erro, isto é:
Ultrassonografias de:
1º trimestre – apresentam erro de 1 semana (7 dias);
2º trimestre – apresentam erro de 2 semanas (14 dias);
3º trimestre – apresentam erro de 3 semanas (21 dias).
Estratégia
MED
OBSTETRÍCIA Pré-natal
Prof. Ana Claudia Souza e Prof. Marina Ayabe Gomes de Moraes | Resumo Estratégico | Junho 2022 13
A datação da gestação realizada no primeiro trimestre não se altera. Lembre-se de que, durante o terceiro 
trimestre, tamanhos fetais incompatíveis com a IG devem levar à investigação de causas para um crescimento fetal 
acelerado ou retardado.
Pela altura uterina
Conforme já estudamos no capítulo de exame físico 
obstétrico, há correlação entre a altura uterina e a idade gestacional, 
embora a altura uterina possa ser influenciada por fatores como 
presença de miomas, número de fetos, tamanho fetal, biotipo 
materno, quantidade de líquido amniótico, entre outros fatores 
que fazem com que a estimativa da idade gestacional não seja tão 
fidedigna a partir da altura uterina quando comparada à realizada a 
partir da DUM ou do USG.
No entanto, esse pode ser um parâmetro importante em 
situações em que a datação da gestação é importante e em que não 
se têm outros meios, como, por exemplo, em um atendimento de 
urgência de uma gestante sem cartão de pré-natal ou quando não 
se sabe o quanto é possível confiar na DUM, entre diversas outras 
situações que podem se apresentar.
Alguns marcos da avaliação da altura uterina são importantes 
de serem conhecidos. A figura a seguir auxilia sua memorização:
• Na 12ª semana, o útero é palpável na sínfise púbica; 
• Na 16ª semana, o fundo uterino é palpável entre a sínfise púbica e a cicatriz umbilical;
• Na 20ª semana, a altura uterina é palpável na altura da cicatriz umbilical; 
• A partir da 20ª semana, observa-se relação direta entre a medida da altura uterina e as semanas 
de gestação, sendo menos fidedigna após a 30ª semana de gestação.
Figura 4. Relação entre a altura uterina e a idade gestacional.
Estratégia
MED
OBSTETRÍCIA
14
Pré-natal
Prof. Ana Claudia Souza e Prof. Marina Ayabe Gomes de Moraes | Resumo Estratégico | Junho 2022
Há, ainda, outra forma de utilizar a altura uterina para estimar 
a idade gestacional: o uso da regra de McDonald em gestantes 
entre 28 e 34 semanas. Seu uso não é frequente nas provas nem na 
prática clínica, porém despenca nas provas do SES-PE, por isso, se 
você pretende concorrer nessa prova, é fundamental que memorize 
que, por essa regra, a idade gestacional é estimada multiplicando-
se a altura uterina por 8 e dividindo-a por 7. 
REGRA DE MCDONALD
Altura uterina x 8
7
Idade gestacional
(Semanas)
=
 Figura 5. Cálculo da idade gestacional pela regra de McDonald.
2.2 DATA PROVÁVEL DO PARTO (DPP)
A data provável do parto (DPP) refere-se a quando se 
completam 40 semanas de gestação segundo a DUM, e não 
necessariamente à data em que de fato ocorrerá o parto.
A DPP é calculada, segundo a regra de Naegele, somando-se 
7 ao número de dias da DUM e subtraindo-se 3 dos meses da DUM. 
Esteja sempre atento para realizar os ajustes necessários para ser 
uma data fidedigna quanto a dia, mês e ano.
REGRA DE NAEGELE = somar 7 aos dias e subtrair 3 dos meses da DUM = DPP.
Observe o exemplo a seguir, considerando-se uma DUM de 27 de agosto de 2021. 
DUM = 27/08/2021 ≥ 27(dia) + 7 = 34; 08 (mês) -3 = 05, portanto, DPP = 34/05/2021
DPP = 03/06/2022
Mês de maio tem 31 dias 
Ajustar o ano para o seguinte
Figura 6. Exemplo de cálculo da DPP a partir da regra de Naegele.
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2.3 IDENTIFICAÇÃO
Muitas vezes, ao realizar a identificação de um paciente, 
avaliamos mecanicamente as informações que obtemos; porém, 
ao realizar a identificação da gestante, é fundamental estar atento 
a diversos fatores de risco para gravidez que podem ser conhecidos 
já a partir das informações coletadas durante sua identificação.
2.3.1 IDADE
O primeiro item da identificação que precisamos lembrar 
é a idade da gestante. Os extremos de idade deverão chamar 
sua atenção pelo aumento potencial de risco gestacional que 
representam. Durante a gestação, consideramos extremos de 
idade as gestantes adolescentes, ou seja, aquelas menores de 
18 anos, segundo a definição da Organização Mundial da Saúde, 
e as grávidas com 35 anos ou mais, que podem ser chamadas de 
gestantes idosas ou com idade materna avançada. 
ASPECTOS ÉTICOS DO PRÉ-NATAL DA GESTANTE ADOLESCENTE
Não é raro que as provas apresentem a você questões envolvendo o atendimento de adolescentes e, dessa forma, avaliem 
seus conhecimentos a respeito do sigilo médico. Então, aproveite este tópico para relembrar pontos importantes a esse respeito.
Internacionalmente, há consenso de que adolescentes entre 12 e 18 anos devem ter sua privacidade garantida, especialmente 
sejá tiverem 14 anos e 11 meses ou mais, consideradas maduras para entender e cumprir o que lhes for orientado. 
O documento “Orientações básicas de atenção integral à saúde de adolescentes nas escolas e unidades básicas de saúde” 
(Brasília – DF, 2013), do Ministério da Saúde, lista os seguintes direitos dos adolescentes:
 - Privacidade no momento da consulta.
 - Garantia de confidencialidade e sigilo.
 - Consentimento ou recusa de atendimento.
 - Atendimento à saúde sem autorização e sem acompanhamento dos pais.
 - Informação sobre seu estado de saúde.
Saiba que, conforme previsto no capítulo IX do Código de Ética Médica (CEM), o Conselho Federal de Medicina (CFM) também 
garante o direito do adolescente à privacidade. 
É vedado ao médico: [...]
Art. 74. Revelar sigilo profissional relacionado a paciente criança ou adolescente, desde que estes tenham capacidade de 
discernimento, inclusive a seus pais ou representantes legais, salvo quando a não revelação possa acarretar dano ao paciente.
O Parecer do CFM nº 25, de 2013, estipula o seguinte acerca do mesmo tema:
[...] Com relação aos pacientes adolescentes há o consenso internacional, reconhecido pela lei brasileira, de que entre os 12 e 
18 anos estes já têm sua privacidade garantida, principalmente se com mais de 14 anos e 11 meses, considerados maduros quanto 
ao entendimento e cumprimento das orientações recebidas [...]. 
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Quanto às gestantes mais velhas, isto é, com 35 anos ou mais, o aumento de risco relaciona-se especialmente à maior probabilidade de 
apresentarem cromossomopatias e comorbidades, como hipertensão arterial ou diabetes mellitus, por exemplo. 
2.3.2 ESCOLARIDADE
Outro ponto importante a ser conhecido é o nível de 
escolaridade da gestante, o que permitirá escolher a linguagem mais 
adequada a ser empregada durante a comunicação com ela. Lembre-
se de que, independentemente da especialidade, a escolaridade 
influencia na maior dificuldade ou facilidade do paciente em 
entender as orientações fornecidas. Portanto, influenciará na 
adesão da grávida ao pré-natal e, consequentemente, aos cuidados 
propostos a ela. 
2.3.3 PROCEDÊNCIA
A gestante pode morar e ser natural da localidade onde está 
sendo atendida, mas pode também ser de outra cidade, estado 
ou país. Perceba que conhecer a procedência da grávida pode o 
2.3.4 SITUAÇÃO CONJUGAL
Assim como a procedência, conhecer a situação conjugal 
da gestante também é uma informação que ajuda a entender 
o apoio e a aceitação dessa mulher diante da gravidez. A lista de 
situações de fragilidade emocional é extensa. Veja alguns exemplos 
de dificuldades de aceitação de uma gestação: mulher abandonada 
pelo parceiro quando este soube da gravidez; mulher que engravidou 
em uma relação esporádica ou que não tem certeza de quem é o 
pai do filho; parceiro que pressiona a gestante para interromper 
a gestação por não ter sido planejada. Consegue compreender o 
apoio psicológico que talvez seja necessário solicitar nesses casos?
2.3.5 OCUPAÇÃO
O trabalho exercido pela gestante pode impactar bastante a 
evolução da gestação, abrangendo desde riscos teratogênicos ao 
feto (por exemplo, em razão de funções que envolvam o contato 
com produtos químicos, como no caso de mulheres frentistas ou de 
médicas anestesistas ao utilizarem anestésicos inalatórios) até riscos 
biológicos (como professoras de educação infantil ao entrarem em 
contato com crianças com doenças exantemáticas ou profissionais 
auxiliar a pensar em doenças mais prevalentes em determinada 
região de onde essa grávida é procedente. 
de saúde ao atenderem pacientes com doenças infectocontagiosas).
O trabalho da gestante pode também aumentar os riscos de 
algumas intercorrências obstétricas, por exemplo, o trabalho de 
parto prematuro em mulheres que exercem funções fisicamente 
extenuantes, como profissionais de limpeza, ou agravar quadros de 
distúrbios hipertensivos, especialmente em funções relacionadas a 
bastante estresse.
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2.4 ANTECEDENTES FAMILIARES
Os antecedentes familiares podem levantar hipóteses diagnósticas ou percepção de riscos 
aumentados que a grávida pode apresentar. 
Tenha especial atenção para informações relativas à mãe e às irmãs da gestante, principalmente se o histórico delas for positivo para 
trombose, distúrbios hipertensivos, prematuridade ou outras intercorrências obstétricas.
Atenção para uma possível “pegadinha” relacionada a esse tópico. A família do pai do feto não representa 
histórico familiar relevante para a gestação, exceto por histórico de gemelaridade ou de malformações congênitas. 
Comorbidades que a sogra ou sogro tenham, como diabetes e hipertensão, não interferem na avaliação de risco 
da grávida. Lembre-se de que eles não apresentam consanguinidade com a gestante, portanto não interferirão 
em seu risco gestacional. 
2.5 ANTECEDENTES PESSOAIS
Independentemente do momento do diagnóstico, fato é que 
grande parte das doenças pode interferir bastante na evolução da 
gestação, muitas vezes sendo responsável, inclusive, pela gravidez 
passar a ser considerada de alto risco. Portanto, é fundamental que 
essas doenças sejam diagnosticadas corretamente.
Mulheres previamente hipertensas, diabéticas, portadoras 
de trombofilias, com tireoidopatias, epilépticas, migranosas etc. 
(a gama de possibilidades estende-se por todos os diagnósticos 
médicos das diferentes especialidades) precisam ser identificadas, 
e os riscos, maiores ou menores, de tais comorbidades para a 
gestação precisam ser conhecidos; dessa forma, um plano de 
cuidados é estabelecido, visando prevenir complicações associadas 
a tais comorbidades.
Conhecer as comorbidades da gestante é importante 
também para complementar os exames de rotina solicitados 
durante a primeira consulta de pré-natal e que visam auxiliar no 
seguimento e no tratamento de tais doenças durante a gestação. 
Como já citado, reafirmo que essas particularidades são abordadas 
detalhadamente nos respectivos livros digitais de cada doença, 
por exemplo: "DISTÚRBIOS HIPERTENSIVOS DA GESTAÇÃO" e 
"DIABETES NA GESTAÇÃO".
Conhecer o histórico de doenças já tratadas, ainda que 
curadas no momento da gestação, também pode ser uma 
informação bastante relevante. Um exemplo disso, como veremos 
adiante neste estudo, é o conhecimento de tratamento anterior 
para sífilis, que pode influenciar na interpretação da sorologia para 
sífilis e na necessidade de tratamento da infecção.
2.5.1 USO DE MEDICAÇÕES DURANTE A GRAVIDEZ
Este é um item de bastante “decoreba” e que pode causar um 
pouco de confusão. Então, vamos juntos, e coragem!
Classicamente, os fármacos eram classificados em cinco 
categorias, conforme o risco que representavam para a gestação, e 
as cinco categorias de risco eram representadas por letras: A, B, C, 
D e X. 
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Observe a tabela a seguir, que descreve o que significa cada uma das cinco categorias da classificação clássica do risco de substâncias 
durante a gestação pelo Food and Drug Administration (FDA). 
Classificacão das drogas quanto ao risco durante a gestação de acordo com o FDA
Estudos adequados e controlados em humanos não demonstraram risco para o feto.
Estudos em animais não demonstraram risco para o feto. 
Estudos adequados em gestações humanas não demonstraram risco fetal.
RISCO NÃO DESCARTADO. Estudos em animais demonstraram 
efeitos adversos e não existem estudos adequados em gestações humanas. 
O benefício pode justificar o risco potencial.
EVIDÊNCIA DE RISCO. Estudos controlados em humanos demonstraram
 risco para o feto; entretantoo benefício em potencial pode superar o risco.
CONTRAINDICADO NA GESTANTE. Estudos controlados em animais ou 
humanos demonstraram risco fetal que supera claramente 
qualquer beneficio à paciente.
Categoria A
Categoria B
Categoria C
Categoria D
Categoria X
Figura 7. Classificação para o uso de fármacos e substâncias proposta pela Food and Drug Administration (FDA), 1980.
Segurança da utilização de drogas na LACTAÇÃO (Weiner et al).
S = SEGURA
NS = NÃO SEGURA
U = SEM ESTUDOS
S? = ESTUDOS CONFLITANTES OU NÃO PERMITEM CONCLUSÃO
Além disso, você pode encontrar uma outra classificação para segurança na utilização de drogas na lactação, orientada por Weiner et al.
Figura 8. Segurança da utilização de drogas na lactação orientada por Weiner et al.
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Ainda sobre o uso de medicações durante a gestação, além de saber o que significa cada categoria da classificação clássica em cinco 
categorias de letras, o examinador espera, algumas vezes, que você também saiba como o uso de algumas medicações durante a gestação é 
classificado.
Como você deve imaginar, a lista de medicações classificadas pela FDA é imensa e seria pouco didático 
apresentá-la em detalhes aqui para você. Vou, então, apresentar a seguir algumas medicações que a engenharia 
reversa mostrou serem as que mais apareceram nas provas de Residência Médica nos últimos anos.
Observe a tabela a seguir e retorne a ela em sua revisão, na véspera da prova, para relembrá-la.
CLASSIFICAÇÃO MEDICAÇÃO IMPLICAÇÃO DO USO DURANTE A GRAVIDEZ
X
Talidomida 
(imunomodulador)
Redução de membros, atresia esofágica ou duodenal, hemangioma 
facial, malformações geniturinárias e cardiovasculares.
X
Isotretinoína 
(tratamento de 
acne)
Relaciona-se a abortamento e malformação fetal quando utilizada 
durante o primeiro trimestre.
X Ribavirina (antiviral)
Teratogênica relacionada a malformações, como hidrocefalia e de 
extremidades.
X
Metotrexato 
(antineoplásico)
Síndrome do metotrexato-aminopterina fetal (restrição do 
crescimento fetal, malformações craniofaciais, retardo mental), 
quando usado no primeiro trimestre, e toxicidade e óbito fetal, 
quando usado no segundo ou no terceiro trimestre.
D/X
Varfarina 
(anticoagulante oral)
Durante o primeiro trimestre, é contraindicada por ser teratogênica. 
Nos demais trimestres, deve ser evitada por associar-se a 
malformações fetais, a não ser que o benefício materno justifique 
seu uso.
D
Fenitoína 
(anticonvulsivante)
Síndrome da fenitoína fetal (restrição de crescimento fetal, atraso do 
desenvolvimento, alterações cardíacas e craniofaciais).
D
Ácido valproico 
(anticonvulsivante)
Associa-se a defeitos de fechamento do tubo neural, alterações 
cardíacas, craniofaciais, geniturinárias e esqueléticas.
D
Tetraciclinas 
(antibiótico)
O uso no segundo e terceiro trimestres relaciona-se à descoloração 
marrom-amarelada dos dentes fetais e à redução do crescimento dos 
ossos longos.
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D
Carbonato de lítio 
(antipsicótico, usado 
no tratamento de 
episódios de mania 
do transtorno 
afetivo bipolar)
Risco de malformações cardiovasculares (doença de Ebstein), 
polidrâmnio, bócio e espinha bífida, quando a exposição fetal ocorre 
no primeiro trimestre, e risco de toxicidade neonatal, se ocorrer 
exposição no terceiro trimestre.
D
Atenolol 
(betabloqueador) 
(anti-hipertensivo, 
antiarrítmico)
Restrição do crescimento fetal e hipoglicemia neonatal.
C/D
Betabloqueadores 
(ex.: propranolol, 
metoprolol) (anti-
hipertensivos, 
antiarrítmicos)
Restrição de crescimento fetal, quando usados no segundo e no 
terceiro trimestre (categoria C no segundo trimestre), e hipoglicemia 
neonatal (no terceiro trimestre).
C/D
Inibidores da 
enzima conversora 
da angiotensina 
(IECA – ex.: 
captopril, enalapril) 
e bloqueador dos 
receptores da 
angiotensina II (BRA 
– ex.: losartana, 
valsartana) (anti-
hipertensivos)
Restrição do crescimento fetal, malformações renais, hipoperfusão 
renal, oligoâmnio, hipoplasia pulmonar quando utilizado no segundo 
e terceiro trimestres (categoria D). Categoria C no primeiro trimestre.
C / D
Ácido acetilsalicílico 
(AAS)
Seu uso parece ser seguro durante os dois primeiros trimestres 
(categoria C) e associa-se ao aumento do sangramento materno e 
fetal e ao fechamento do ducto arterioso, quando utilizado em dose 
plena no terceiro trimestre (categoria D).
C
Sulfonamidas 
(sulfametoxazol) 
(antibiótico)
Quando utilizadas próximo do termo da gestação, podem provocar 
hiperbilirrubinemia fetal. Não utilizar próximo do parto. Evitar uso 
do trimetoprim no primeiro trimestre por risco de malformação do 
tubo neural, cardiovascular e geniturinário.
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C
Heparina 
(anticoagulante)
Não é teratogênico, não atravessa a barreira placentária.
C
Hidralazina (anti-
hipertensivo)
Segura quando utilizada por períodos curtos. É utilizada 
especialmente nas emergências hipertensivas.
C
Omeprazol (inibidor 
das bombas de 
prótons (antiácidos)
Não há evidências de malformações fetais associadas ao uso. 
C
Levomepromazina 
(fenotiazina) 
(antipsicótico, 
sedativo)
Considerada relativamente segura durante a gestação pelo amplo 
uso na prática clínica. Comumente utilizada no tratamento de formas 
graves de pré-eclâmpsia. 
B
Hidroclorotiazida 
(diurético)
Diuréticos não são recomendados durante a gestação, porém 
hipertensas crônicas podem beneficiar-se de seu uso.
B
Antagonistas dos 
receptores de H2 
(ex.: ranitidina) 
Não há evidências de malformações fetais associadas ao uso. 
B
Enoxaparina 
(anticoagulante)
Não é teratogênico, não atravessa a barreira placentária.
B
Dimenidrinato 
(dramin), 
metoclopramida 
(plasil), 
ondansetrona 
(vonau), 
meclizina (meclin) 
(antieméticos)
Não são teratogênicos.
B
Metildopa (anti-
hipertensivo 
antiadrenérgico)
Seu uso há anos em gestantes não demonstra prejuízos na saúde 
materno-fetal, sendo o mais utilizado no tratamento dos distúrbios 
hipertensivos durante a gestação.
B
Insulina (ex.: NPH e 
regular)
Uso seguro durante a gestação, não atravessa a barreira placentária.
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B
Metformina 
(hipoglicemiante 
oral)
Não há evidências de teratogenicidade. Mas não há estudos de 
efeitos a longo prazo na criança. Seu uso deve ser evitado.
B
Paracetamol 
(acetaminofeno) 
(analgésico)
Uso seguro durante a gestação.
B
Antibacterianos 
(penicilinas, 
cefalosporinas, 
azitromicina)
Não se associam a malformações fetais.
B
Anti-inflamatórios 
não hormonais 
(AINEs) (ex.: 
cetoprofeno, 
ibuprofeno, 
naproxeno)
Não são teratogênicos, mas podem causar o fechamento precoce do 
ducto arterioso no terceiro trimestre.
Tabela 1. Categorização do uso durante a gestação das medicações mais abordadas nas provas, segundo a classificação anterior da FDA. 
DICA PARA PROVA
Memorize as drogas categoria X na gestação.
2.5.2 HÁBITOS E VÍCIOS DURANTE A GRAVIDEZ
O uso de bebidas alcoólicas e de tabaco é o mais frequente 
entre as drogas lícitas, enquanto maconha e cocaína, incluindo 
o crack, são os mais comuns entre as drogas ilícitas. O uso de 
qualquer uma delas deve ser desencorajado durante a gravidez, 
e seus potenciais malefícios, orientados a toda mulher em idade 
fértil.
Observe, na tabela a seguir, as principais associações do uso 
de tabaco e álcool durante a gravidez.
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DROGA IMPLICAÇÃO DO USO DURANTE AGRAVIDEZ
Tabaco
Contém mais de três mil substâncias, sendo a nicotina e o monóxido de carbono os que oferecem 
maior risco fetal – a quantidade de cigarros consumidos interfere no impacto fetal. Associa-se a 
gestação ectópica, abortamento, restrição do crescimento fetal, prematuridade, placenta prévia e 
descolamento prematuro de placenta. 
Álcool
É teratogênico e não há dose segura estabelecida para uso seguro durante a gravidez. Exposição do 
feto ao álcool relaciona-se à síndrome fetal do alcoolismo materno ou à síndrome alcoólica fetal, 
caracterizada por restrição do crescimento fetal, alterações no sistema nervoso central e fácies 
características.
Maconha
Relaciona-se à redução da perfusão uteroplacentária e à restrição do crescimento fetal e aumenta 
o risco de defeito do septo interventricular. Prejudica o neurodesenvolvimento, com repercussões 
inclusive na infância e na adolescência. Potencializa o efeito do álcool.
Cocaína
Seu uso associa-se à restrição de crescimento fetal, malformações cardíacas, geniturinárias e 
do sistema nervoso central. Aumenta ainda o risco de descolamento prematuro de placenta e 
prematuridade.
Tabela 2. Principais implicações do uso de álcool, tabaco, maconha e cocaína durante a gravidez.
2.5.3 ANTECEDENTES CIRÚRGICOS
Assim como o histórico de doenças e drogas em uso pode impactar a evolução da gestação, o histórico de cirurgias 
já realizadas pela gestante também pode interferir tanto em cuidados necessários durante a gravidez quanto em possíveis 
interferências no momento do parto.
Outro aspecto a ser avaliado a respeito do histórico cirúrgico é que cirurgias abdominais e pélvicas se associam ao 
aumento do risco cirúrgico do parto cesáreo, mesmo tratando-se de uma primigesta. A presença de possíveis aderências 
e alterações anatômicas aumenta o risco cirúrgico durante a abertura da cavidade para extração fetal no parto via alta. 
Quanto às cirurgias ginecológicas anteriormente realizadas pela gestante, algumas delas poderão influenciar nos cuidados oferecidos 
à gestante, tanto durante a gravidez quanto no parto.
Por exemplo, na presença de cicatrizes uterinas, como no caso de mulheres que realizaram miomectomia, ou seja, cirurgia para retirada 
de mioma uterino, com abertura do endométrio, é desaconselhado o parto via baixa, em razão de aumento do risco de rotura uterina, 
devendo ser feito encaminhamento para planejamento do parto cesáreo eletivo no momento oportuno.
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2.6 ANTECEDENTES GINECOLÓGICOS
A investigação dos antecedentes ginecológicos permite que o pré-natalista conheça características da saúde do sistema reprodutor da 
gestante. 
DICA DA CORUJA: neste momento, lembre-se de investigar basicamente 5 características:
1) Menarca
2) Data da última menstruação (DUM)
3) Característica do ciclo menstrual
4) Uso de contraceptivos
5) Parceiros sexuais fixos ou eventuais
2.7 ANTECEDENTES OBSTÉTRICOS
Quando investigamos os antecedentes obstétricos, é essencial investigar: 
• Paridade.
• Ordem cronológica dos desfechos das gestações.
• Particularidades do(s) abortamento(s) que ocorreu(ram).
• Particularidades do(s) parto(s) que ocorreu(ram).
2.7.1 CLASSIFICAÇÃO EM NÚMERO DE GESTAÇÕES, PARIDADE E ABORTOS ANTERIORES (G P A) 
Classicamente, essa informação é apresentada por números que antecedem letras. Podem ser usados números 
romanos ou arábicos na descrição. A primeira letra refere-se ao número de gestações e simboliza o gesta (G). A segunda 
representa o número de partos e simboliza a palavra "para" (P). A última letra representa as gestações que culminaram em 
outros desfechos que não um parto, mais comumente em um abortamento (A).
Perceba que o número de gestações demonstra quantas vezes essa mulher concebeu, independentemente de o desfecho ter sido um 
parto ou um abortamento. Muitas vezes, as mulheres respondem à pergunta de quantas vezes ficaram grávidas contabilizando apenas as 
gestações que culminaram em partos de filhos vivos. 
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Paridade refere-se a quantas vezes a gestante engravidou, quantos partos e/ou abortamentos já teve.
Quanto ao número de partos, para (P), lembre-se de que eles 
se referem ao número de nascimentos, independentemente de 
tratar-se de um nascido vivo ou de um natimorto. Aqui, o conceito 
importante para não ter dúvida se contabilizará o natimorto como 
Abortamento refere-se ao produto conceptual eliminado ainda antes de 20 semanas com menos de 500 
gramas.
Outro ponto que pode gerar dúvidas na determinação 
da paridade de uma gestante é diante do relato de gestações 
múltiplas. A maioria dos autores e, consequentemente, as questões 
das provas observadas pela engenharia reversa consideram que a 
contabilização seja de um único evento, independentemente de 
quantos fetos foram concebidos e nasceram.
Aqueles que não são classificados como partos são definidos 
como abortamento (A). Lembre-se de que, pelo Ministério da 
Saúde, é definido como abortamento a expulsão ou extração do 
feto de 20 semanas ou com menos de 500 g. Além disso, não se 
esqueça de que estão incluídas as gestações ectópicas e molares. 
parto ou abortamento, ao determinar a paridade 
da gestante, é ter clareza sobre a definição de 
abortamento.
2.7.2 ORDEM CRONOLÓGICA DOS DESFECHOS E PARTICULARIDADES DAS GESTAÇÕES ANTERIORES
Além de conhecer a paridade de uma grávida, é importante que o pré-natalista saiba também as 
particularidades do que ocorreu em cada uma das gestações anteriores, porque algumas delas podem repetir-se 
e demandar cuidados específicos nessa gestação.
Outro aspecto a ser observado é referente a procedimentos operatórios relacionados aos desfechos 
gestacionais. Note que o histórico de partos cesáreos ou de curetagens uterinas acarreta aumento de riscos como 
acretismo placentário, que não estará presente em gestantes de mesma paridade, mas que apresentam histórico obstétrico de partos via 
baixa e abortamentos em que não foi realizada a curetagem para esvaziamento uterino. Os fatores de risco e as demais particularidades 
relacionadas ao acretismo placentário podem ser estudados no livro digital "SANGRAMENTO DA SEGUNDA METADE DA GESTAÇÃO". 
O conhecimento do sexo do recém-nascido e de possíveis malformações ou desfechos desfavoráveis fetais pode alertar para investigação 
de heranças genéticas ligadas ao sexo ou de alterações maternas que impactaram o desenvolvimento fetal, por exemplo, diante do histórico de 
infecções congênitas.
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O peso ao nascer dos filhos anteriores auxilia o raciocínio 
diagnóstico quanto a causas que levam à restrição de crescimento 
fetal, pensadas especialmente diante de recém-nascidos com menos 
de 2.500 g ao nascer, ou, ao contrário, doença materna que acarretou 
crescimento fetal acelerado. Deve-se pensar na possibilidade de 
diabetes gestacional quando houver relato de recém-nascido 
macrossômico, isto é, com 4.000 g ou mais ao nascer.
Outro exemplo é que uma grávida com histórico de partos 
prematuros deverá receber cuidados específicos na gestação 
atual para que nova prematuridade seja evitada, uma vez que o 
maior fator de risco para o trabalho de parto prematuro (TPP) é o 
antecedente de um TPP na gestação anterior, tema que você pode 
estudar detalhadamente no livro digital "TPP – PREMATURIDADE E 
TRABALHO DE PARTO PREMATURO".
Muito bem! Até aqui, exploramos detalhadamente como as 
particularidades da identificação e dos antecedentes da gestante 
podem ser relevantes para seu raciocínio diagnóstico. A partir de 
agora, estudaremos como a história atual deve ser abordada em sua 
anamnese.
2.8QUATRO PERGUNTAS-CHAVE PARA ANAMNESE OBSTÉTRICA
Ao atender uma gestante, é importante ter quatro perguntas 
sempre em mente. Caso elas não sejam respondidas pelas queixas 
ativas da gestante, deverão ser abordadas durante a anamnese. Isso 
é importante porque essas quatro respostas ajudarão você a não 
deixar passar informações que a gestante pode não ter valorizado 
inicialmente, mas que podem estar associadas a intercorrências 
obstétricas.
As quatro perguntas estão descritas na tabela a seguir, assim 
como exemplos de intercorrências obstétricas que você deve 
investigar diante de resposta positiva para cada uma delas. 
Sangramento?
Perda de líquido?
Dor? Contrações?
Movimentação fetal?
Investigar causas dos sangramentos da primeira ou da segunda metade da gestação.
Investigar rotura prematura de membranas ou presença de vulvovaginites.
Investigar presença de dinâmica uterina, alteração do tônus uterino, infecções, 
como as urinárias, entre outras afecções que podem culminar em dor durante a gestação.
Avaliar vitalidade fetal diante do relato de redução da movimentação fetal.
Figura 9. Quatro perguntas fundamentais para a anamnese obstétrica.
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2.9 PRINCIPAIS SINTOMAS NA GESTAÇÃO
A principal e mais comum queixa na primeira metade da 
gestação são as náuseas e vômitos. Devido à alta incidência, em 
torno de 70 a 80% das gestações, estão considerando-a até como 
sintoma fisiológico na gestação. Por ser a queixa mais comum, ela 
é a mais cobrada pelas bancas de provas e a que vou descrever 
primeiro e com mais detalhes. 
2.9.1 HIPERÊMESE GRAVÍDICA 
 O momento das náuseas e dos vômitos gera dúvidas e 
ansiedades para muitas mulheres que pensam em engravidar. As 
náuseas, acompanhadas ou não de vômitos, ocorrem em 70 a 80% 
das gestações. Elas iniciam entre a 5a e a 6a semana de gestação, 
com pico na 9a semana, e diminuem por volta da 16a a 18a semana 
em 90% dos casos. 
 A hiperêmese gravídica caracteriza-se pela persistência dos vômitos, acompanhada de perda de peso maior do que 5% da 
massa corporal pré-gravídica e cetonúria, excluídas outras causas.
 A hiperêmese afeta de 0,3 a 3% das gestantes e é umas 
das indicações mais comuns de hospitalização durante a gravidez. 
A gestante apresenta vômitos incoercíveis, o que pode levar a 
quadros de desidratação e distúrbios hidreletrolíticos, perda de 
peso e, em outros casos, alterações da função hepática e renal, 
hemorragia retiniana e até distúrbios neurológicos (encefalopatia 
de Wernicke), ocasionando risco para a vida materna e fetal.
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Etiologia
 A etiologia parece ser multifatorial. Existe uma maior associação com o aumento do hCG, além da progesterona, 
do estrogênio, do hormônio estimulante da tireoide (TSH), do córtex da adrenal, das infecções pelo H. pylori e das 
deficiências nutricionais ou causas psicológicas. Aqui, deixo o aviso de que devemos nos lembrar da ocorrência de náuseas 
e vômitos, com maior frequência, em gestações múltiplas e na doença trofoblástica gestacional.
HIPERÊMESE GRAVÍDICA
hCG PROGESTERONA ESTROGÊNIOS
CÓRTEX DA ADRENAL 
(Produção insuficiente de
ACTH)
INFECÇÃO POR H.
PYLORI
DEFICIÊNCIA DE
VITAMINA
CAUSAS PSICOLÓGICAS
TSH
Figura 10. Etiologia da hiperêmese gravídica.
Quadro clínico
 A hiperêmese é caracterizada por vômitos incoercíveis 
que podem gerar distúrbio hidreletrolítico e ácido-básico, além de 
desidratação e perda de peso (maior do que 5% da massa corporal 
pré-gravídica). Em alguns quadros, podem ocorrer alterações 
de enzimas hepáticas e renais, além de hemorragia retiniana e 
distúrbios neurológicos. A síndrome Korsakoff ocorre em quadro 
Tratamento
grave de fases avançadas, com sintomas de psicose, alucinações 
com desenvolvimento de doença crônica neuropsiquiátrica com 
perda de memória (amnésia retrógrada) e de aprendizado (amnésia 
anterógrada). E a síndrome de Wernicke é caracterizada pela tríade 
confusão mental, ataxia e alterações oculares e, sem tratamento 
adequado, pode evoluir para coma e óbito.
 A internação hospitalar é OBRIGATÓRIA, e deve ser mantido o JEJUM por 24 a 48 horas. 
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A hidratação deve ser feita de forma intravenosa, com 
adição de vitaminas e de ácido ascórbico para eventuais reposições. 
O controle da hidratação deve ser realizado por meio da diurese 
clara, preferencialmente por solução glicofisiológica entre 2.000 e 
4.000 mL em 24 horas.
 Além disso, deve ser corrigido o distúrbio hidreletrolítico 
e ácido-básico. Com a ocorrência dos vômitos incoercíveis, existe 
perda de ácido clorídrico, cloreto de sódio e cloreto de potássio, 
levando a uma alcalose metabólica hipoclorêmica. Logo, a 
reposição deve incluir o cloro, o sódio e o potássio até que seus 
níveis sejam normalizados.
Terapêutica medicamentosa
 As medicações antieméticas são classificadas como 
categoria B. O uso de vitaminas como a piridoxina (vitamina B6), na 
dose de 25 mg, a cada 8 horas, ou a ingestão de gengibre, 250 mg, 
a cada 6 horas, podem ser úteis.
A metoclopramida não aumenta o risco de abortamento 
nem de malformações fetais e tem maior efetividade quando 
associada à piridoxina. A clorpromazina, um antipsicótico, também 
é uma alternativa para náuseas e vômitos.
Geralmente, a ondansetrona é uma escolha em casos graves 
e refratários à terapêutica inicial. É uma medicação classificada 
como categoria B pela FDA, porém é evitada durante o primeiro 
trimestre da gestação. Além disso, nos casos graves refratários, 
pode ser associado o uso de benzodiazepínicos (diazepam), 
apesar de serem classificados como classe D, e de corticosteroides 
(metilprednisolona). 
Além disso, a escolha do anti-histamínico (dimenidrinato, 
meclizina, prometazina) é uma alternativa terapêutica no 
tratamento de náuseas e vômitos, e não foi verificado risco de 
teratogenicidade.
Além das náuseas e dos vômitos, relembre, pela tabela 
a seguir, outros sintomas que também podem estar presentes 
durante a gestação.
LOMBALGIA Piora de intensidade com o evoluir da gestação. Ocorre em 70% dos casos.
SONOLÊNCIA
Comum no início da gestação devido ao efeito da progesterona sobre o sistema nervoso 
central.
CEFALEIA
Mais comum no início da gestação, regride a partir da metade da gestação, mas pode 
estar associada a outras patologias (sinusite, enxaquecas, erros de refração).
VARIZES
Relacionadas à posição supina prolongada, à genética e à idade avançada. Para 
tratamento, é indicado repouso com membros inferiores elevados e meia elástica.
OBSTIPAÇÃO A piora dos sintomas é maior com o progredir da gestação. 
DOENÇA 
HEMORROIDÁRIA
Ocorre por aumento da pressão das veias retais pela compressão uterina. Pode 
manifestar-se pela primeira vez na gestação e ser agravada com o evoluir da gestação. 
O tratamento é por meio de sintomáticos tópicos, correção da obstipação e compressa 
morna.
SIALORREIA
Ocorre devido à estimulação das glândulas salivares na ingesta de amido e de 
componente psicossomático.
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PIROSE
Ocorre pela compressão uterina sobre o estômago e relaxamento do esfíncter esofágico 
com refluxo do conteúdo gástrico. Geralmente, os sintomas são leves, e o tratamento 
indicado é o fracionamento da dieta, o uso de antiácidos e a evitação de alimentos 
gordurosos e com cafeína. 
PICA A pica pode ocorrer com desejos estranhos de comer, por exemplo, terra, gelo, arroz cru. 
LEUCORREIA
As gestantes apresentam um aumento fisiológico do fluxo vaginal devido ao aumentoda 
secreção de muco pelas glândulas endocervicais pelo aumento do estrogênio. Porém, é 
necessário o exame ginecológico para afastar outras causas.
Tabela 3. Principais sintomas na gestação.
Ok! Terminamos o interrogatório da gestante. Agora, vamos partir para o exame físico obstétrico, alvo de muitas questões de provas.
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CAPÍTULO
3.0 EXAME FÍSICO OBSTÉTRICO
O exame físico realizado durante a primeira consulta de pré-natal deve ser completo, isto é, a avaliação de 
todos os aparelhos deve ser realizada, e não apenas dos aspectos obstétricos.
Outro aspecto fundamental a ser considerado ao examinar 
uma gestante é que seu corpo está passando por diversas 
modificações fisiológicas relacionadas à gestação e que, portanto, 
deverão ser levadas em consideração na avaliação do exame físico. 
Considerando-se o exame físico geral da gestante, três 
parâmetros devem sempre ser investigados em todas as consultas:
• Pressão arterial.
• Peso. 
• Membros inferiores.
Vamos avaliar as particularidades de cada um deles?
3.1 PRESSÃO ARTERIAL
A avaliação da pressão arterial da gestante deve sempre ser 
realizada em repouso, sentada e com o membro superior na altura 
do coração.
Lembre-se de que uma redução fisiológica dos níveis 
pressóricos é esperada no período gravídico, associada à redução 
da resistência vascular periférica. 
Medidas de pressão arterial sistólica maiores ou iguais a 140 mmHg e/ou pressão diastólica maior ou igual 
a 90 mmHg devem sempre chamar a atenção do examinador para a possibilidade de pré-eclâmpsia, especialmente 
se associadas a ganho ponderal e/ou edema. 
Figura 11. Aferição da pressão arterial da gestante.
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Alterações pressóricas devem ser confirmadas em, ao menos, duas medidas e motivar investigação, conforme detalhado no livro digital 
"DOENÇA HIPERTENSIVA ESPECÍFICA DA GESTAÇÃO E HIPERTENSÃO CRÔNICA". 
3.2 PESO
A avaliação do ganho de peso materno é um dado bastante 
relevante na evolução da gestação. O peso materno pode influenciar 
o peso do recém-nascido ao nascer e ser um sinal de alerta para 
distúrbios hipertensivos, por exemplo.
A medida padronizada para avaliação ponderal da gestante 
é a do índice de massa corpórea (IMC) segundo a curva de Atalah, 
assumida pelo Ministério da Saúde. 
IMC = peso (kg)/altura (m2)
Figura 12. Gráfico para monitoramento da evolução ponderal em gestantes. Fonte: Cadernos de Atenção Básica – Atenção ao pré-natal de baixo risco, Ministério da Saúde, 2012.
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De um modo geral, espera-se que o ganho ponderal médio 
da gestante que inicia a gestação com o IMC normal seja de 12,5 kg, 
e esse ganho deve variar para mais ou para menos de acordo com 
o IMC apresentado por ela no início da gestação. 
Além disso, é importante que você saiba que o ganho de peso 
não é uniforme no decorrer da gestação, devendo, idealmente, 
ocorrer primordialmente no segundo e no terceiro trimestre. Para 
gestantes que são classificadas dentro do peso normal, o esperado 
é um ganho de cerca de 400 g por semana na segunda metade da 
gestação. 
IMC pré-gravídico
IMC (kg/m2)
Ganho de peso ideal durante a gestação
Semanal no 2° e 3° tri TOTAL
< 18,5 500g/sem 12,5 a 18 kg
18,5 a 24,9 400g/sem 11,5 a 16 kg
 25 a 29,9 300g/sem 7 a 11,5 kg
 ≥ 30 200g/sem 5 a 9 kg
Figura 13. Ganho ponderal de peso durante a gravidez, de acordo com o índice de massa corpórea (IMC) (fonte: Ministério da saúde, 2012).
3.2.1 CIRURGIA BARIÁTRICA: REPERCUSSÕES E CUIDADOS
 A gestação após a cirurgia bariátrica é considerada segura, mas requer cuidados pré-concepção, durante a gestação e no puerpério. 
Além disso, há redução de complicações como hipertensão arterial, pré-eclâmpsia, diabetes e macrossomia fetal.
Quando a técnica escolhida para a paciente é a técnica de Capella, que consiste na realização da gastroplastia e derivação em 
Y de Roux ou biliopancreática, existe uma maior perda de folato, ferro, vitamina B12, vitamina D, cálcio e tiamina do que em outras 
cirurgias.
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Assim, quais são os cuidados que devemos tomar para 
programar e acompanhar uma gestação após uma cirurgia 
bariátrica?
Pré-concepção: deve-se evitar engravidar no 1o ano após a 
cirurgia, especialmente por um período de 12 a 18 meses, já que 
é o ano de maior perda ponderal, e o potencial de perda de peso 
pode não ocorrer adequadamente após o parto. Além disso, deve-
se atentar à menor quantidade de alimentos e ao aumento do risco 
de desnutrição.
 Outro ponto importante que não pode ser esquecido é que 
as mulheres obesas são consideradas como de maior risco para 
defeitos do tubo neural, já que o ácido fólico participa da fase inicial 
da embriogênese. Assim, a recomendação é que as doses de ácido 
fólico devem ser 10 vezes maiores do que as doses habituais (4 mg/
dia), com início 30 a 90 dias antes da concepção e com manutenção 
até a 12a semana de gestação.
Gestação: manter o seguimento tanto do obstetra quanto 
do cirurgião bariátrico. Deve-se realizar controle ultrassonográfico 
rigoroso do crescimento fetal e manter suplementação durante a 
pré-concepção, a gestação e o puerpério: vitamina B12, vitamina 
D, cálcio, ferro, tiamina, além da suplementação adicional 
recomendada para a gestante.
Puerpério: está indicado o uso de meias de compressão 
graduadas, hidratação e deambulação precoce para evitar o 
tromboembolismo venoso. Atenção especial está no risco de 
anemia, por isso o controle de hemoglobina materna durante a 
gestação deve ser rigoroso e realizado por meio da suplementação 
de ferro e de outras vitaminas e minerais. 
Referência bibliográfica: Manual de Assistência Pré-Natal, 
FEBRASGO, 2014.
3.3 MEMBROS INFERIORES
A compressão dos vasos em razão do aumento do volume 
uterino no decorrer da gestação, normalmente, acarreta edema 
em membros inferiores, especialmente no final da gestação.
Apesar disso, é muito importante que a possibilidade de 
edema patológico seja sempre cogitada quando se avalia a gestante, 
especialmente quando o edema de membros inferiores está 
associado ao edema de mãos e face, sendo a hipótese diagnóstica 
de pré-eclâmpsia um importante diagnóstico diferencial a ser feito 
nesses casos.
Figura 14. Exemplos de membros inferiores com edema, varizes e trombose.
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3.4 EXAME OBSTÉTRICO ABDOMINAL
3.4.1 INSPEÇÃO ABDOMINAL
A inspeção abdominal de uma gestante pode apresentar 
diferentes aspectos, dependendo do trimestre em que ela se 
encontra. As principais alterações observadas serão quanto ao 
formato e ao tamanho do abdômen, além de alterações cutâneas, 
como da coloração ou relativas ao aparecimento de estrias. A 
hiperpigmentação da linha alba recebe o nome de linha nigra 
durante a gestação e é observada com frequência na prática clínica 
durante a avaliação física da gestante.
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Outra alteração comum de ser observada no abdômen 
gravídico é o surgimento de estrias, especialmente no final da 
gestação, associadas à distensão cutânea e ao hipercortisolismo. 
Observe que é importante que o pré-natalista esteja 
preparado para orientar a gestante sobre essas alterações, que, em 
geral, causam bastante preocupação na grávida, que vê seu corpo 
mudar tãoexpressivamente.
A avaliação da presença de cicatrizes prévias é um importante 
passo durante a inspeção abdominal da gestante. É o momento 
oportuno para descobrir procedimentos cirúrgicos que a gestante 
possa ter eventualmente esquecido de mencionar durante a 
anamnese, assim como avaliar a cicatriz de partos cesáreos prévios. 
Lembre-se de que a técnica mais utilizada para a realização da cesariana é a de Pfannenstiel e de que cicatrizes longitudinais no 
abdômen referentes a partos cesáreos, em geral, relacionam-se a urgências obstétricas. 
3.4.2 MANOBRAS OBSTÉTRICAS
As manobras obstétricas são manobras de palpação abdominal divididas em quatro tempos e que 
têm o intuito de definir parâmetros da estática fetal.
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Figura 15. Manobras obstétricas.
A primeira manobra, ou primeiro tempo, caracteriza-se pela 
palpação do fundo uterino com as bordas cubitais das duas mãos 
procurando perceber com as faces palmares qual é a porção fetal 
que ocupa essa região. O polo cefálico é mais irredutível ao toque 
em comparação com o polo pélvico, assim como tende a ser menor 
do que ele.
A segunda manobra, ou segundo tempo, também chamada 
de manobra de Budin, é realizada deslizando-se as mãos para as 
laterais do útero na intenção de perceber para que lado materno 
o dorso fetal está voltado. A porção referente ao dorso do feto será 
sentida à palpação como uma superfície mais contínua e densa, 
enquanto, na porção contralateral, que contém as partes e os 
membros fetais, a sensação será oposta.
A terceira manobra, ou terceiro tempo, é também chamada 
de manobra de Leopold e dedica-se a investigar se o polo fetal que 
se apresenta ao estreito superior da pelve materna está móvel ou 
não. É realizada apreendendo-se o polo fetal presente na porção 
inferior do útero com a mão em formato de “C”, isto é, entre o 
dedo médio e o polegar da mão direita, e realizando movimentos 
de lateralização que tentam movimentar de um lado para o outro 
o polo cefálico apreendido. Caso o polo fetal realize o movimento, 
isso demonstra que ainda não penetrou na pelve materna, o que 
denominamos, na prática clínica, de “estar alto e móvel”.
A quarta e última manobra, ou quarto tempo, tem o 
intuito de avaliar a escava. Nesse momento, é necessário que o 
examinador fique de costas para a gestante e posicione cada 
uma de suas mãos nas fossas ilíacas, projetando-as em direção 
ao hipogástrio da grávida, na tentativa de penetrar na pelve 
materna. A percepção de polo fetal liso e irredutível revela tratar-
se de apresentação cefálica; já a percepção de polo fetal irregular e 
deprimível caracteriza o polo pélvico.
Note que é intuitivo pensar que, se a escava estiver vazia, o feto estará em situação transversal ou apresentação 
córmica, uma vez que seus diâmetros são incompatíveis com sua insinuação. Por outro lado, o polo cefálico, por ser 
irredutível, não permitirá a progressão da mão do examinador, caracterizando a escava completamente ocupada, 
enquanto a apresentação pélvica permitirá uma penetração maior da mão que examina a escava, relacionando-se à 
escava parcialmente ocupada. 
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Observe a imagem a seguir, que demonstra exemplos das três apresentações fetais citadas.
Apresentação 
cefálica
Apresentação 
pélvica
Apresentação 
córmica
Figura 16. Variedades de apresentação fetal.
• Escava vazia – apresentação córmica.
• Escava parcialmente ocupada – apresentação pélvica.
• Escava completamente ocupada – apresentação cefálica.
Primeiro tempo – situação fetal, isto é, ao perceber qual é a 
porção fetal que ocupa o fundo uterino, é possível definir a relação 
entre os maiores eixos do feto e do útero entre si. Lembre-se de 
que a situação pode ser longitudinal, oblíqua ou transversal (figura 
17).
Figura 17. Variedades da situação fetal.
Segundo tempo – posição fetal, ou seja, ao perceber para que lado do corpo materno o dorso fetal está voltado, define-se a posição 
fetal caracterizada por ser a relação do dorso fetal com o corpo materno. Pode ser esquerda, direita, anterior ou posterior (figura 15).
DIREITA ESQUERDA ANTERIOR POSTERIOR
Figura 18. Variedades de posição fetal.
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Terceiro tempo – apresentação fetal, isto é, ao apreender 
o polo cefálico que está próximo da pelve materna, é possível 
determinar qual é a porção fetal que se relaciona com o estreito 
superior da bacia materna e que nele vai se insinuar. Conforme 
demonstrado na figura 16, o feto pode estar em apresentação 
cefálica, pélvica ou córmica.
Quarto tempo – insinuação fetal, que, embora seja uma 
avaliação relacionada ao toque vaginal, quando se percebe o feto 
ocupando a escava materna, infere-se que esteja insinuado, isto é, 
que seu maior diâmetro transverso da apresentação atravessou o 
estreito superior da pelve materna. 
Figura 19. Planos da bacia obstétrica.
Além das manobras obstétricas para avaliação do conteúdo 
uterino, a palpação obstétrica deve avaliar também a consistência 
do útero, classicamente denominada de tônus uterino, e a presença 
de contrações, chamada de avaliação da dinâmica uterina. O 
examinador deve espalmar sua mão no fundo do útero e avaliar 
por 10 minutos qual é o número de contrações e a duração de cada 
uma. Nesse momento, também deve-se acompanhar a ausculta do 
batimento cardíaco fetal, se há ou não desacelerações.
A percepção da presença da movimentação fetal também 
pode ocorrer nesse momento. Lembre-se de que, em geral, a 
gestante passará a notar os movimentos fetais por volta da 19ª ou 
20ª semana de gestação.
3.4.3 ALTURA UTERINA
A altura uterina é determinada posicionando-se o zero da fita métrica na borda superior da sínfise 
púbica e estendendo-a medialmente, passando pela cicatriz umbilical, utilizando-se a borda cubital da 
mão, até o fundo uterino.
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Figura 20. Aferição da altura uterina.
A respeito do crescimento uterino, é importante que você 
conheça alguns marcos importantes e que os examinadores gostam 
de apresentar nas provas.
O útero:
• Deixa de ser um órgão pélvico por volta da oitava semana 
de gestação;
• Atinge a altura da cicatriz umbilical por volta da 20ª 
semana; e 
• A partir da 20ª semana, cresce cerca de 1 cm por semana, 
correlacionando-se com a idade gestacional até próximo do 
termo. 
O preenchimento do gráfico referente à altura uterina é 
uma importante ferramenta para identificar alturas uterinas que 
estão abaixo do percentil 10 ou acima do percentil 90, segundo o 
esperado para a idade gestacional, assim como para que mudanças 
na curva de crescimento, para mais ou para menos, sejam 
prontamente notadas e investigadas.
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Figura 21. Gráfico de evolução da altura uterina durante a gestação. Adaptado de Cadernos de Atenção Básica – Atenção ao pré-natal de baixo risco, Ministério da 
Saúde, 2013.
Lembre-se de que pontos abaixo da curva relativa ao 
percentil 10 devem fazê-lo cogitar a hipótese de restrição do 
crescimento fetal, assim como pontos registrados acima da 
curva que descreve o percentil 90 de crescimento uterino devem 
Embora a altura uterina seja muito importante para o seguimento do crescimento fetal, ela pode ser influenciada 
por diversos outros fatores além do tamanho do feto, por isso a incompatibilidade entre altura uterina e idade gestacional 
precisa ser mais bem avaliadapela ultrassonografia obstétrica, já que é um método mais fidedigno para a avaliação do 
tamanho fetal.
Observe, na tabela a seguir, possíveis causas relacionadas à altura uterina incompatível com a idade gestacional. 
Lembre-se sempre de considerar a possibilidade de erro de medida ou erro no cálculo da idade gestacional nesses casos. 
motivar a investigação de causas relacionadas ao crescimento fetal 
acelerado e à macrossomia fetal, como o diabetes gestacional, 
gestações múltiplas e aumento do líquido amniótico (polidrâmnio).
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Tabela 4. Fatores relacionados à altura uterina incompatível com idade gestacional.
Fatores relacionados à altura uterina
Maior do que o esperado para IG Menor do que o esperado para IG
Macrossomia fetal
Restrição de crescimento fetal
OligoâmnioPolidrâmnio
Gestação múltipla
Situação transversal
Miomatose uterina
Mola hidatiforme
Obesidade materna
Erro técnico na aferição da altura uterina
Erro no cálculo da idade gestacional
3.4.4 AUSCULTA DOS BATIMENTOS CARDÍACOS FETAIS
A ausculta dos batimentos cardíacos fetais é muito importante 
na avaliação obstétrica porque permite analisar a vitalidade fetal, 
primordialmente identificando se o feto está vivo e, quando 
realizada de forma mais prolongada e em idades gestacionais mais 
avançadas, ainda permite identificar sinais de sofrimento fetal. 
Os batimentos cardíacos fetais (BCF) são considerados normais no intervalo de variação entre 110 e 160 bpm. 
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Batimentos cardíacos fetais mantidos acima de 160 bpm 
caracterizam taquicardia fetal; quando mantidos abaixo de 
110 bpm, caracterizam feto bradicárdico, um sinal importante de 
sofrimento fetal agudo. 
Tanto na ausculta com o sonar Doppler quanto na com o 
estetoscópio de Pinard, os batimentos do feto são audíveis com 
mais facilidade onde se percebeu o dorso fetal durante a palpação 
obstétrica.
A ultrassonografia modo M é o método que permite 
identificar mais precocemente os batimentos cardíacos do 
embrião, que podem ser visualizados por volta da quinta semana 
de gestação.
A ultrassonografia obstétrica será o método de escolha quando os batimentos cardíacos do feto não forem 
identificados pelos outros métodos de ausculta.
Por volta da 9ª e da 12ª semana de gestação, a ausculta 
dos batimentos cardíacos fetais passa a ser possível utilizando-se 
o sonar Doppler, método mais amplamente utilizado na prática 
clínica atual.
Figura 22. Sonar Doppler.
Porém, vale lembrar que há também o estetoscópio de 
Pinard, que permite a ausculta dos batimentos cardíacos do feto 
por volta da 16ª-20ª semana de gestação. 
Figura 23. Estetoscópio de Pinard.
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Simplificando: a partir da segunda metade da gestação, 
quando o feto estiver em apresentação cefálica, o ponto mais fácil 
de ausculta fetal será na região central do quadrante inferior do 
abdômen, compatível com o lado para o qual o feto está voltado. 
Caso a apresentação seja pélvica, há maiores chances de a ausculta 
fetal ser facilitada nos quadrantes superiores do abdômen materno 
na lateralidade compatível com a posição fetal. 
Figura 24. Apresentação fetal e sua correlação com os quadrantes.
Por fim, a cardiotocografia também permite que os 
batimentos cardíacos fetais sejam auscultados, mas é essencial 
que você se lembre de que, muito mais do que auscultar o BCF, 
a cardiotocografia é uma importante ferramenta para avaliação 
da vitalidade fetal, conforme você pode estudar no livro digital 
"VITALIDADE FETAL".
Figura 25. Cardiotocografia.
Antes de terminarmos este tópico, observe a tabela a seguir 
e memorize os conceitos.
Método de ausculta Idade gestacional mínima para ausculta cardíaca
Ultrassonografia modo M 5 semanas
Sonar Doppler 9-12 semanas
Estetoscópio de Pinard 16-20 semanas
Tabela 5. Correlação entre método de ausculta fetal e idade gestacional mínima para ausculta dos batimentos cardíacos do concepto.
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CAPÍTULO
4.0 EXAMES COMPLEMENTARES 
Rotina da primeira consulta de pré-natal
Se eu precisasse escolher apenas um capítulo deste livro para orientar seus estudos, não teria dúvidas 
sobre ser este o tema escolhido. Embora tudo que estudamos até aqui seja, sim, muito relevante para que 
você esteja apto para realizar a avaliação adequada da gestante nos mais diversos cenários obstétricos, 
anamnese e exame físico obstétricos são conceitos que, em geral, aparecem como pano de fundo das 
questões de obstetrícia. 
 A primeira coisa a ser destacada neste nosso estudo é que, neste livro, serão apresentados a você os exames complementares 
propostos como a rotina pré-natal para gestantes de risco habitual. Os exames que complementam essa lista de acordo com a condição 
clínica ou obstétrica apresentada por uma gestante de alto risco estão particularizados nos livros digitais relativos a cada uma delas. 
 Segundo o Ministério da Saúde, em seus Cadernos de Atenção Básica – Atenção ao Pré-Natal de Baixo Risco de 
2013, os exames que devem ser solicitados para toda gestante, em sua primeira consulta de pré-natal, são: 
• Hemograma.
• Tipagem sanguínea e fator Rh Coombs indireto se o Rh for negativo.
• Glicemia em jejum.
• Teste rápido de triagem para sífilis e/ou VDRL/RPR.
• Teste rápido diagnóstico anti-HIV ou sorologia anti-HIV.
• Sorologia para toxoplasmose IgM e IgG.
• Sorologia para hepatite B, preconizada apenas a pesquisa do HBsAg.
• Urina tipo I, também chamada de sumário de urina. 
• Citopatológico de colo de útero, se necessário.
• Exame da secreção vaginal, se identificada a indicação clínica durante a anamnese.
• Parasitológico de fezes, se houver indicação clínica.
• Ultrassonografia obstétrica.
Estudaremos cada um dos exames citados acima e mais alguns que não fazem parte dos preconizados como obrigatórios pelo Ministério 
da Saúde, sendo que, para facilitar sua memorização, proponho que você pense sobre eles divididos basicamente em três trios de exames:
Exames séricos gerais – hemograma, tipagem sanguínea e Coombs, glicemia de jejum.
Exames séricos sorológicos – sífilis e HIV, toxoplasmose e hepatite B.
Exames não séricos – urina I, urocultura e citopatológico de colo uterino.
Estratégia
MED
OBSTETRÍCIA
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Pré-natal
Prof. Ana Claudia Souza e Prof. Marina Ayabe Gomes de Moraes | Resumo Estratégico | Junho 2022
Então, vamos lá! O primeiro grupo de exames que 
detalharemos será o de exames séricos gerais. Esteja atento aos 
marcadores diferentes no decorrer do texto. Eles serão usados para 
chamar sua atenção para exames que fazem parte de protocolos 
de rotina de pré-natal diferentes do proposto pelo Ministério da 
Saúde.
4.1 EXAMES SÉRICOS GERAIS
Os exames que você precisa lembrar dentro desse primeiro grupo são:
• Hemograma.
• Tipagem sanguínea e fator Rh Coombs indireto se o Rh for negativo.
• Glicemia em jejum.
4.1.1 HEMOGRAMA
A avaliação do hemograma da gestante deve sempre considerar as modificações hematológicas 
que ocorrem fisiologicamente durante o período gravídico.
Lembre-se de que, devido à hemodiluição gravídica, apesar do aumento absoluto do número 
de eritrócitos, os níveis de hemoglobina tendem a ser mais baixos durante a gestação, não devendo 
motivar o diagnóstico de anemia a partir dos valores de referência utilizados em mulheres não grávidas. 
Portanto, é essencial que você esteja preparado para identificar quando se trata de hemodiluição 
gravídica fisiológica e quando a anemia deve ser tratada na gestante. Segundo o Royal College

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