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A G O S T O D E 2 0 2 1 P R O F. N ATÁ L I A C A R VA L H O ASSISTÊNCIA AO PARTO Estratégia MED Prof. Natália Carvalho | Assistência ao Parto 2OBSTETRÍCIA PROF. NATÁLIA CARVALHO APRESENTAÇÃO: @profnataliacarvalho @estrategiamed /estrategiamed t.me/estrategiamed Estratégia MED Olá, futuro Residente! Neste resumo falaremos sobre assistência ao parto normal cefálico e pélvico e também sobre parto cesáreo, além de assistência ao puerpério. Então, para você ganhar tempo, selecionamos tudo que precisa saber sobre esse assunto, dando atenção especial aos tópicos mais cobrados, que são: condutas recomendadas e não recomendadas na assistência ao parto. Vamos começar? https://www.instagram.com/profnataliacarvalho/ https://www.instagram.com/estrategiamed/ https://www.facebook.com/estrategiamed1 https://t.me/estrategiamed https://www.youtube.com/channel/UCyNuIBnEwzsgA05XK1P6Dmw?app=desktop Prof. Natália Carvalho | Resumo Estratégico | Agosto 2021 3 Assistência ao Parto Estratégia MED OBSTETRÍCIA SUMÁRIO 1.0 AVALIAÇÃO INICIAL DA PARTURIENTE 7 1.1 DIAGNÓSTICO DE TRABALHO DE PARTO 7 1.2 ADMISSÃO DA PARTURIENTE 7 2.0 ASSISTÊNCIA AO PRIMEIRO PERÍODO: DILATAÇÃO 9 3.0 ASSISTÊNCIA AO SEGUNDO PERÍODO: EXPULSIVO 12 4.0 ASSISTÊNCIA AO TERCEIRO PERIODO: DEQUITAÇÃO 15 5.0 ASSISTÊNCIA AO QUARTO PERÍODO: PERÍODO DE GREENBERG 19 6.0 ASSISTÊNCIA AO PUERPÉRIO FISIOLÓGICO 20 6.1 MODIFICAÇÕES DO PUERPÉRIO FISIOLÓGICO 20 6.2 CUIDADOS MATERNOS NO PUERPÉRIO 21 7.0 RESUMO DAS INTERVENÇÕES RECOMENDADAS E NÃO RECOMENDADAS NA ASSISTÊNCIA AO PARTO NORMAL 23 8.0 MÉTODOS DE ALÍVIO DA DOR NO PARTO 26 8.1 MÉTODOS NÃO FARMACOLÓGICOS DE ALÍVIO DA DOR DO PARTO 26 8.2 MÉTODOS FARMACOLÓGICOS DE ALÍVIO DA DOR DO PARTO 26 8.2.1 BLOQUEIO REGIONAL 27 8.2.2 ANALGÉSICOS SISTÊMICOS: OPIOIDES 28 8.2.3 ANALGESIA INALATÓRIA 28 8.2.4 BLOQUEIO DE PUDENDO 28 8.2.5 ANESTESIA LOCAL 29 9.0 COMPLICAÇÕES ASSOCIADAS AO PARTO NORMAL CEFÁLICO 30 9.1 PROLAPSO DE CORDÃO UMBILICAL 30 9.2 DISTÓCIA DE BIACROMIAL 31 9.2.1 CONDUTA NA DISTÓCIA DE BIACROMIAL 32 10.0 ASSISTÊNCIA AO PARTO PÉLVICO 35 10.1 VIAS DE PARTO NA APRESENTAÇÃO PÉLVICA 36 10.2 VERSÃO CEFÁLICA EXTERNA 37 10.3 ASSISTÊNCIA AO PARTO PÉLVICO VAGINAL 37 Prof. Natália Carvalho | Resumo Estratégico | Agosto 2021 4 Assistência ao Parto Estratégia MED OBSTETRÍCIA 10.4 MECANISMOS DO PARTO PÉLVICO 38 10.5 COMPLICAÇÕES NO PARTO PÉLVICO 41 11.0 ASSISTÊNCIA AO PARTO CESÁREO 42 11.1 INDICAÇÕES 42 11.2 PREPARO PRÉ-OPERATÓRIO 43 11.3 TÉCNICA CIRÚRGICA 43 11.4 COMPLICAÇÕES DO PARTO CESÁREO 46 12.0 LISTA DE QUESTÕES 47 13.0 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 48 14.0 CONSIDERAÇÕES FINAIS 49 Prof. Natália Carvalho | Resumo Estratégico | Agosto 2021 5 Assistência ao Parto Estratégia MED OBSTETRÍCIA O parto normal apresenta inúmeros benefícios em relação à cesárea para o binômio maternofetal, como pode ser observado na tabela a seguir. BENEFÍCIOS DO PARTO NORMAL MULHER RECÉM-NASCIDO Menos risco de sangramento Menos risco de desconforto respiratório Menos risco de infecção Menor necessidade de UTI Menos risco de trombose Menos dificuldade na amamentação Menos depressão pós-parto Menos comorbidades na vida adulta Menos dor no puerpério Menos riscos de inserção baixa de placenta na gestação seguinte Algumas situações, contudo, contraindicam o parto normal de maneira absoluta ou relativa. Nesses casos, a cesárea é a melhor via de parto para essas gestantes. A tabela a seguir resume as principais contraindicações ao parto normal. CONTRAINDICAÇÕES DE PARTO NORMAL Absolutas Relativas Inserção baixa de placenta (placenta prévia) Gestação múltipla Descolamento prematuro de placenta com feto vivo Intercorrências maternas graves Iminência de rotura uterina Macrossomia fetal Sofrimento fetal agudo no início do trabalho de parto Apresentações anômalas Infecção ativa por herpes genital Vício pélvico Miomectomia prévia Carcinoma cervical invasivo Cicatriz de cesárea longitudinal prévia Mais de duas cicatrizes de cesárea prévias Prof. Natália Carvalho | Resumo Estratégico | Agosto 2021 6 Assistência ao Parto Estratégia MED OBSTETRÍCIA Vasa prévia Incontinência urinária e fecal corrigida Prolapso de cordão umbilical Tumor prévio que obstrui o canal cervical HIV com carga viral > 1000 cópias A Organização Mundial da Saúde recomenda que as taxas de cesárea não ultrapassem 15% do total de partos. O Brasil, contudo, apresenta 55,6% de partos cesáreos, sendo o segundo país do mundo com maior percentual de cesarianas, chegando a mais de 80% na saúde suplementar. Para diminuir as taxas de cesárea e as intervenções desnecessárias durante o trabalho de parto e o parto, a OMS lançou uma série de recomendações em relação à assistência ao parto. Nessas diretrizes, seguidas também pelo Ministério da Saúde, as práticas durante o trabalho de parto são classificadas em recomendadas e não recomendadas, visando o trabalho de parto eutócico e espontâneo com feto saudável. Ao longo deste texto falaremos de cada uma dessas práticas dentro de cada período do trabalho de parto. Fique atento às recomendações da OMS ao longo deste material, pois isso vem sendo bastante cobrado nas provas de Residência Médica e nas provas do Revalida! Prof. Natália Carvalho | Resumo Estratégico | Agosto 2021 7 Assistência ao Parto Estratégia MED OBSTETRÍCIA CAPÍTULO 1.0 AVALIAÇÃO INICIAL DA PARTURIENTE 1.1 DIAGNÓSTICO DE TRABALHO DE PARTO Atenção, Estrategista! Saber fazer o diagnóstico de trabalho de parto e reconhecer em que fase clínica do parto se encontra a parturiente é essencial para conseguir responder às questões sobre esse tema! Considera-se que a gestante está em trabalho de parto quando há contrações rítmicas e efetivas que levam à dilatação e esvaecimento do colo uterino. Porém, algumas vezes o diagnóstico de trabalho de parto não é facilmente identificado e a gestante necessita permanecer em observação para avaliar a evolução dos sintomas. É muito importante internar a paciente apenas quando há certeza do diagnóstico de trabalho de parto, caso contrário é preferível manter a gestante em observação ou orientar o retorno se os sintomas piorarem. Contrações rítmicas 3-4 em 10min Dilatação e esvaecimento cervical 3-4cm, fino e medianizado TRABALHO DE PARTO Lembre-se: internar uma gestante com o diagnóstico incorreto de trabalho de parto aumenta muito as chances de uma cesárea desnecessária. 1.2 ADMISSÃO DA PARTURIENTE Confirmando o diagnóstico de trabalho de parto, a parturiente deve ser internada para acompanhamento por equipe multidisciplinar. O acompanhamento do trabalho de parto por equipe treinada é condição essencial para garantir a segurança maternofetal. Deve-se avaliar as condições maternas, os batimentos cardíacos fetais, as contrações uterinas, a dilatação cervical, a descida da apresentação fetal e a presença ou não de rotura das membranas. À gestante deve ser permitida dieta oral sem restrição e acompanhante de sua escolha durante todo trabalho de parto, parto e pós- parto imediato. A lei que garante o direito ao acompanhante é a lei 11.108 de 7 de abril de 2005. Alguns exames laboratoriais podem ser necessários na admissão da parturiente, como a tipagem sanguínea com Coombs indireto, caso não se tenha esse exame do pré-natal, para avaliar a necessidade de imunoprofilaxia anti-RhD. Além disso, os testes rápidos de HIV e VDRL devem ser feitos para gestantes que não têm esses exames no terceiro trimestre ou apresentam alto risco de contaminação. Prof. Natália Carvalho | Resumo Estratégico | Agosto 2021 8 Assistência ao Parto Estratégia MED OBSTETRÍCIA Alguns serviços orientam de rotina a realização da amnioscopia no início do trabalho de parto, quando as membranas fetais estão íntegras e o colo está começando a dilatar. Esse exame serve para observar indiretamente as características do líquido amniótico enquanto a bolsa está íntegra, na investigação de maturidade fetal esuspeita de sofrimento fetal. A presença de grumos de vérnix caseoso na amnioscopia indica idade gestacional acima de 38 semanas. Já coloração entre amarela e esverdeada indica a presença de mecônio e deve-se investigar sofrimento fetal. As complicações com a realização da amnioscopia são raras, mas pode ocorrer sangramento do colo uterino, rotura artificial de membranas fetais e, mais raramente, trauma fetal. Figura 1. Amnioscopia. Prof. Natália Carvalho | Resumo Estratégico | Agosto 2021 9 Assistência ao Parto Estratégia MED OBSTETRÍCIA CAPÍTULO 2.0 ASSISTÊNCIA AO PRIMEIRO PERÍODO: DILATAÇÃO O trabalho de parto é composto por quatro períodos clínicos: dilatação, expulsivo, dequitação e período de Greenberg. Cada um desses períodos exige um cuidado especial que será discutido ao longo deste resumo. Dilatação Expulsão Dequitação Greenberg Na maioria das vezes a gestante chega ao hospital no primeiro período do parto, fase em que ocorre a dilatação e esvaecimento do colo uterino, também conhecida como fase ativa do trabalho de parto. Considera-se fase ativa do trabalho de parto quando houver pelo menos três contrações em 10 minutos e dilatação cervical a partir de 5cm. Antes desse período, a gestante está na fase latente do trabalho de parto e não deve permanecer internada. Primeiro período Fase ativa 3 contratações em 10 min e dilatação acima de 5cm No período de dilatação, os batimentos cardíacos fetais devem ser avaliados pela ausculta intermitente a cada 15-30min com sonar Doppler. A ausculta intermitente deve ser feita durante a contração e o primeiro minuto seguinte, para assegurar a identificação de desacelerações nesse período. A monitorização cardíaca fetal contínua com cardiotocografia não apresenta benefícios em gestação de risco habitual. Caso a gestante seja de alto risco ou se observe alterações dos batimentos cardíacos fetais pela ausculta intermitente, deve-se utilizar a cardiotocografia intraparto para monitorização contínua dos batimentos cardíacos fetais. Prof. Natália Carvalho | Resumo Estratégico | Agosto 2021 10 Assistência ao Parto Estratégia MED OBSTETRÍCIA Figura 2. Monitorização intraparto dos batimentos cardíacos fetais. A duração da fase ativa é variável, sendo em torno de 12 horas para as primíparas. A evolução da dilatação não ocorre de maneira homogênea para todas as gestantes e, por isso, não se deve utilizar o critério de 1cm/hora para se considerar uma boa evolução dessa fase. Além disso, não está indicado administrar ocitocina de rotina para acelerar a fase ativa do trabalho de parto. O toque vaginal deve ser feito o mínimo de vezes possível para que se tenha informações sobre a evolução do trabalho de parto, de preferência a cada 4 horas se parturiente e concepto estiverem bem. O toque vaginal avalia não só a dilatação, mas também o esvaecimento cervical, a altura da apresentação (planos de DeLee) e as membranas fetais. Por outro lado, a pelvimetria clínica não é recomendada de rotina e não deve ser critério para intervenções durante o trabalho de parto. O registro da evolução do trabalho de parto e dos batimentos cardíacos fetais é obrigatório e deve ser colocado no partograma. O partograma é um gráfico que ajuda a identificar se o parto está evoluindo de forma eutócica ou precisa de alguma intervenção. Caso o trabalho de parto esteja evoluindo de forma adequada, não há necessidade de intervenção e o parto pode continuar de maneira natural. Nessa fase do trabalho de parto, a gestante pode ser estimulada a andar e adotar posições verticais, pois as evidências mostram que isso reduz o tempo de trabalho de parto, a necessidade de analgesia e cesárea. A posição durante o trabalho de parto é de escolha da parturiente e não da equipe que a está assistindo. Além do mais, a parturiente deve ser estimulada a alimentar-se e ingerir líquidos durante todo o trabalho de parto, não devendo ser mantida em jejum e nem receber rotineiramente fluidos endovenosos para hidratação. Não devem ser feitos tricotomia e enemas nas parturientes, pois as evidências não mostraram benefícios com essas práticas, além de ocasionar desconforto importante para a gestante. Em relação à amniotomia, não se preconiza esse procedimento de rotina em trabalhos de parto que estão evoluindo de forma eutócica. Essa intervenção é reservada para casos em que o trabalho de parto não está evoluindo de maneira fisiológica e suspeita-se de distócia, pois aumenta o risco de prolapso de cordão e corioamnionite. Quando a amniotomia se faz necessária, ela é realizada no final da contração e o esvaziamento da cavidade uterina deve ser gradual, com controle dos batimentos cardíacos fetais. Figura 3. Amniotomia. Prof. Natália Carvalho | Resumo Estratégico | Agosto 2021 11 Assistência ao Parto Estratégia MED OBSTETRÍCIA Por fim, nessa fase do trabalho de parto, a parturiente deve ter a sua disposição opções de alívio da dor, caso ache necessário. Medidas não farmacológicas, como bola, massagem, chuveiro e banheira, devem fazer parte dos instrumentos de alívio da dor, assim como as medidas farmacológicas, como analgesia epidural e opioides, precisam estar disponíveis caso a gestante ache necessária sua utilização. Para facilitar a memorização dos cuidados recomendados e não recomendados no primeiro estágio do trabalho de parto, preste atenção no mapa mental a seguir. Primeiro estágio Dilatação Fase ativa a partir de 5cm de dilatação Duração variável, em torno de 12h Controle intermitente dos BCFs a cada 15-30min Toque vaginal a cada 4h Opções de alívio da dor Ingestão de líquidos e alimentos Encorajar movimentação e posição vertical Dilatação cervical de 1cm/h Interveções de rotina < 5cm Pelvimetria clínica Cardiotocografia para gestante de risco habitual Tricotomia e enemas Embrocação vaginal de rotina com atissépticos Amniotomia para evitar parto prolongado Ocitocina de rotina Antiespasmódicos e fluidos endovenosos de rotina Prof. Natália Carvalho | Resumo Estratégico | Agosto 2021 12 Assistência ao Parto Estratégia MED OBSTETRÍCIA CAPÍTULO 3.0 ASSISTÊNCIA AO SEGUNDO PERÍODO: EXPULSIVO O segundo período do trabalho de parto, também chamado de período expulsivo, inicia quando a dilatação do colo uterino está completa e a parturiente começa a ter vontade de empurrar. Nessa fase ocorre a descida da apresentação fetal e a compressão dos músculos perineais, o que promove a vontade de empurrar, muitas vezes confundida com a vontade de defecar. Segundo período Expulsivo Dilatação completa e vontade de empurrar A duração do período expulsivo é muito variável, podendo chegar a três horas na primigesta sem analgesia e até 4 horas quando a parturiente está sob efeito da analgesia. O mais importante é o feto apresentar boa vitalidade durante todo esse período. Para isso, os batimentos cardíacos fetais devem ser avaliados a cada 5-10 minutos ou de forma contínua. A posição do período expulsivo e nascimento do concepto deve ser de livre escolha da gestante, mesmo se ela estiver sob efeito de analgesia. Tem-se observado que a posição verticalizada diminui o período expulsivo e a chance de laceração perineal. Além disso, deve-se permitir que a gestante tenha puxos espontâneos, evitando os puxos dirigidos, que aumentam a chance de desaceleração dos batimentos cardíacos fetais, cansaço materno e laceração perineal. O desprendimento do polo cefálico precisa ser lento e gradual, diminuindo os riscos de laceração perineal. Durante o desprendimento do polo cefálico recomenda-se proteção perineal com as mãos, massagem perineal e compressa quente se a parturiente permitir, pois essas manobras mostraram-se efetivas para diminuir as chances de laceração perineal. Por outro lado, a episiotomia não deve ser feita de forma rotineira e liberal, mas sim de forma restrita e seletiva, pois há evidências de queevitar episiotomia diminui significativamente o trauma perineal e a dor pós-parto, além de não haver evidências claras de seu benefício. Esse procedimento cirúrgico consiste em uma incisão no períneo realizada no momento do desprendimento do polo cefálico, que tem como objetivo aumentar a abertura vaginal e diminuir lacerações perineais graves. Figura 4. Episiotomia e perineotomia. Sendo assim, a episiotomia é aceita em casos de sofrimento fetal, parto operatório, distócias de biacromial (distócia de ombro) e nos casos em que exista risco de lacerações perineais graves (terceiro e quarto grau). Quando a episiotomia é feita, recomenda- se a técnica mediolateral, com atenção especial para garantir que o ângulo esteja a 60º da linha média quando o períneo está distendido. Os planos seccionados durante a episiotomia são: pele, mucosa vaginal, aponeurose superficial do períneo e músculos bulboesponjoso e transverso superficial do períneo. Prof. Natália Carvalho | Resumo Estratégico | Agosto 2021 13 Assistência ao Parto Estratégia MED OBSTETRÍCIA A manobra de Kristeller, por sua vez, é proibida na assistência obstétrica adequada do período expulsivo. Essa manobra consiste em o assistente empurrar o fundo uterino com o braço para ajudar no desprendimento do polo cefálico. Ela está proscrita na obstetrícia, pois aumenta os riscos maternos e fetais. Figura 5. Manobra de Kristeller. Com o nascimento, o recém-nascido deve ser colocado no ventre materno e receber os cuidados do pediatra, de preferência, no colo da mãe. Em seguida, o clampeamento do cordão deve ser adiado por pelo menos 1 minuto, isto é, deve-se fazer o clampeamento tardio do cordão, que permite ao recém-nascido receber um aporte maior de sangue da placenta, diminuindo, assim, os riscos de anemia, de hemorragia intraventricular e enterocolite necrosante, além de proporcionar uma melhor estabilidade circulatória do neonato. A seguir, veremos de forma resumida os cuidados recomendados e não recomendados no segundo estágio do trabalho de parto. Prof. Natália Carvalho | Resumo Estratégico | Agosto 2021 14 Assistência ao Parto Estratégia MED OBSTETRÍCIA Segundo estágio Expulsivo Duração variável, <2h multípara e <3h em primipara Posição do parto de escolha da gestante Controle intermitente dos BCFs a cada 5min Puxos espontâneos Encorajar movimentação e posição vertical Uso rotineiro e liberal de episotomia Manobra de Kristeller Massagem perineal, compressas quentes, proteção perineal com as mãos Prof. Natália Carvalho | Resumo Estratégico | Agosto 2021 15 Assistência ao Parto Estratégia MED OBSTETRÍCIA CAPÍTULO 4.0 ASSISTÊNCIA AO TERCEIRO PERIODO: DEQUITAÇÃO O terceiro período do trabalho de parto é a fase de dequitação, também chamado de secundamento, delivramento ou decidura. Corresponde ao período após o nascimento do feto até a expulsão da placenta e membranas fetais. Terceiro período Dequitação Período após o nascimento do feto até expulsão da placenta A principal medida na assistência ao terceiro período é a prevenção da hemorragia pós-parto. Para isso, preconiza-se o manejo ativo do terceiro período em todos os partos imediatamente após a saída do concepto. O manejo ativo do terceiro período tem como principal conduta o uso universal da ocitocina na dose de 10UI intramuscular, após o nascimento do feto em todos os partos. A ocitocina é a medicação de primeira escolha na prevenção da hemorragia pós-parto, reduzindo em mais de 50% os quadros de HPP (veja no livro hemorragia pós-parto). Nas cesáreas, pode-se utilizar ocitocina endovenosa na mesma dose. Também faz parte do manejo ativo a tração controlada do cordão por profissional treinado, a fim de diminuir o terceiro período e o tempo de sangramento. Figura 6. Tração controlada do cordão umbilical no manejo ativo do terceiro período. Após a dequitação é feita a avaliação sistemática da placenta e das membranas fetais, a fim de verificar se a dequitação foi completa e não ocorreu retenção de tecido placentário. O canal de parto também precisa ser avaliado à procura de lacerações. Prof. Natália Carvalho | Resumo Estratégico | Agosto 2021 16 Assistência ao Parto Estratégia MED OBSTETRÍCIA Além disso, o contato pele a pele precoce deve ser estimulado, beneficiando a amamentação na primeira hora de vida, o que ajuda na liberação de ocitocina natural, na dequitação da placenta e na regressão uterina no pós-parto. O clampeamento do cordão umbilical deve ser tardio, isto é, pelo menos após um minuto do parto. Figura 7. Contato pele a pele precoce (acervo pessoal). Por outro lado, a massagem uterina sustentada não é recomendada para prevenir HPP se a mulher recebeu a ocitocina profilática. Porém, é importante que a avaliação do tônus uterino abdominal no pós-parto seja realizada a cada 15 minutos nas primeiras 2 horas de pós-parto. A tabela a seguir lista todas as condutas do manejo ativo do terceiro período. MANEJO ATIVO DO TERCEIRO PERÍODO Uso universal de ocitocina − 10UI intramuscular após o nascimento de todos os partos Tração controlada do cordão umbilical Vigilância/massagem não sustentada uterina pós-dequitação Avaliação sistemática da placenta após dequitação Revisão sistemática do canal de parto Clampeamento tardio do cordão após 1 minuto de vida Contato pele a pele mãe-bebê Prof. Natália Carvalho | Resumo Estratégico | Agosto 2021 17 Assistência ao Parto Estratégia MED OBSTETRÍCIA A dequitação da placenta ocorre em média de 5 a 10min após o nascimento do feto em 80% das vezes. Considera-se dequitação fisiológica quando a saída da placenta ocorre em até 30 minutos; a partir disso, é feito o diagnóstico de retenção placentária e pode-se iniciar as manobras para ajudar na dequitação, pois o risco de complicações hemorrágicas aumenta nesses casos. Diante de retenção placentária, pode-se tomar conduta ativa com a extração manual da placenta e, em seguida, a curagem uterina ou fazer conduta expectante por mais 30 minutos, caso a paciente esteja estável e sem sangramento vaginal aumentado. Pode-se tentar a injeção de ocitocina na veia umbilical, reduzindo a necessidade de extração manual. Retenção placentária Dequitação não ocorre após 30min da saída do concepto Extração manual da placenta, seguida de curagem uterina Com relação às lacerações perineais, elas podem ser classificadas em graus conforme a profundidade da lesão. • Primeiro grau: lesão em pele e mucosa. • Segundo grau: lesão no músculo transverso superficial do períneo e bulbocavernoso. • Terceiro grau: lesão atinge o esfíncter externo do ânus. • Quarto grau: lesão atinge o esfíncter interno do ânus e a mucosa retal. Figura 8: Lacerações perineais. A: laceração de primeiro grau; B: laceração de segundo grau; C: laceração de terceiro grau; D: laceração de quarto grau. Sutura-se obrigatoriamente as lacerações de segundo a quarto grau. Já as lacerações de primeiro grau devem ser suturadas se houver alteração da anatomia genital ou sangramento ativo. A seguir estão listados os cuidados recomendados e não recomendados no terceiro estágio do parto. Prof. Natália Carvalho | Resumo Estratégico | Agosto 2021 18 Assistência ao Parto Estratégia MED OBSTETRÍCIA Terceiro estágio Dequitação Ocitocina 10UI IM universal Tração controlada de cordão Retardar o clampeamento do cordão por pelo menos 1min Massagem uterina contínua em paciente que recebeu ocitocina Prof. Natália Carvalho | Resumo Estratégico | Agosto 2021 19 Assistência ao Parto Estratégia MED OBSTETRÍCIA CAPÍTULO 5.0 ASSISTÊNCIA AO QUARTO PERÍODO: PERÍODO DE GREENBERG O quarto período do trabalho do parto ou período de Greenberg corresponde à primeira hora após a dequitação da placenta. Nesse período ocorre a retração uterina e a formação de coágulos fisiológicos. O primeiro e principal mecanismo é a contração uterina, provocando obliteração dos vasos miometriais, chamadode miotamponamento ou ligaduras vivas de Pinard. Em seguida, ocorre o trombotamponamento, devido à formação de trombos intravasculares que obliteram os grandes vasos uteroplacentários e de coágulos que preenchem a cavidade uterina. Após, começa a fase de indiferença uterina, quando o útero intercala períodos de contração e relaxamento miometrial, podendo haver períodos de sangramento. Depois de uma hora da dequitação placentária, o útero evoluirá com a fase de contração uterina fixa, mantendo a hemostasia no puerpério. A importância desse período se deve ao fato de que nele ocorre a maioria dos casos de hemorragia pós-parto, por isso a paciente deve ser monitorada de perto, ainda no centro de parto. O ideal é avaliar tônus uterino, frequência cardíaca e pressão materna a cada 15 minutos. Somente após uma hora a puérpera pode ser encaminhada ao alojamento conjunto/enfermaria. Miotamponamento Trombotamponamento Indiferenciação uterina Contração uterina fixa Nessa fase, o útero não deve ultrapassa a cicatriz uterina e deve estar contraído na primeira hora depois da dequitação. Se isso não ocorrer, deve-se suspeitar de atonia uterina, a principal causa de hemorragia pós-parto, e iniciar imediatamente o protocolo para essa complicação confira no livro Hemorragia pós-parto). Em pacientes com parto prolongado ou muito rápido, em grandes multíparas, gestação gemelar, polidrâmnio e fetos macrossômicos, a fase de indiferença uterina pode apresentar maior sangramento. As recomendações do quarto período do trabalho de parto estão listadas a seguir. Quarto estágio Greenberg Avaliação de tônus uterino, FC e PA materna a cada 15 min na primeira hora após a dequitação. Prof. Natália Carvalho | Resumo Estratégico | Agosto 2021 20 Assistência ao Parto Estratégia MED OBSTETRÍCIA CAPÍTULO 6.0 ASSISTÊNCIA AO PUERPÉRIO FISIOLÓGICO O puerpério é definido como o período que vai do nascimento até involução das alterações fisiológicas e anatômicas que surgiram durante a gravidez. Esse período é variável, durando geralmente em torno de 6 a 8 semanas na maioria das vezes. 6.1 MODIFICAÇÕES DO PUERPÉRIO FISIOLÓGICO Diversas são as alterações anatômicas, fisiológicas e psicológicas que ocorrem no puerpério. Essas modificações permitem a amamentação e o retorno às condições pré-gravídicas. Após o parto, o útero encontra-se próximo da cicatriz umbilical e vai diminuindo gradativamente ao longo dos dias, ao redor de 1cm por dia, retornando às dimensões próximas de antes da gestação em torno de 4 semanas pós-parto. Vale salientar que a cada gestação o útero permanece um pouco maior do que era no período preconcepção. Durante a involução uterina, a puérpera pode sofrer contrações dolorosas, geralmente mais brandas do que as contrações do trabalho de parto. Essas contrações geralmente pioram com a amamentação, por conta da liberação de ocitocina, e melhoram consideravelmente depois do 3º dia pós-parto. Figura 9. Involução uterina no puerpério. Nesse período a puérpera apresenta secreção vaginal decorrente do desprendimento dos tecidos da decídua. Essa secreção é chamada de lóquio. No início os lóquios são compostos principalmente por sangue, por isso são chamados de lóquios rubros. A partir do 3º e 4º dias, os lóquios vão ficando mais serossanguinolentos, com coloração acastanhada, sendo chamados então de lóquios fuscos. Após o décimo dia, a loquiação vai ficando amarelada (loquiação flava), até adquirir cor clara (loquiação alba) e então parar. Figura 10. Tipos de lóquios. Além das modificações que ocorrem com o útero e o endométrio, o colo uterino, as tubas, a vagina e a vulva também retornam à forma semelhante ao que eram antes da gestação. O colo uterino vai fechando e engrossando gradualmente, a vagina vai retomando sua rugosidade habitual e a vulva passa pela cicatrização das lacerações e escoriações do parto, quando presentes, e vai voltando ao tamanho semelhante de antes da gestação. Prof. Natália Carvalho | Resumo Estratégico | Agosto 2021 21 Assistência ao Parto Estratégia MED OBSTETRÍCIA No pós-parto, a mulher geralmente apresenta leucocitose, queda dos níveis de hemoglobina e aumento do fibrinogênio plasmático, por isso, a puérpera encontra-se em um estado de hipercoagulação e os riscos de eventos tromboembólicos são maiores nessa fase. Imediatamente após o parto ocorre queda exponencial dos esteroides sexuais e do BhCG. Nas mulheres lactantes, a prolactina eleva-se e inibe a liberação pulsátil do hormônio liberador de gonadotrofinas (GnRH) pelo hipotálamo, por isso ficam longos períodos em amenorreia. As mamas sofrem grande modificação na gestação e no puerpério, em decorrência da lactação. Logo após o parto, as mamas já começam a secretar o colostro, que permanece por alguns dias e vai sendo convertido em leite materno maduro em torno de 5 dias a 2 semanas pós-parto. 6.2 CUIDADOS MATERNOS NO PUERPÉRIO A puérpera deve receber avaliação regular nas primeiras 24h de puerpério, a fim de identificar precocemente uma hemorragia pós-parto. Para isso, deve-se monitorizar o sangramento vaginal e palpar o fundo uterino. As mulheres que passaram por parto vaginal não devem ser submetidas a qualquer restrição dietética e devem ser estimuladas a comer logo após o período de Greenberg, quando o risco de sangramento pós-parto já é menor. Além disso, a puérpera deve ser estimulada a deambular o mais precocemente possível, a fim de evitar tromboembolismo venoso e pulmonar, uma vez que 50% dos tromboembolismos venosos relacionados à gestação ocorrem no puerpério. Recomenda-se a permanência do recém-nascido junto da mãe durante toda a internação, e o aleitamento materno deve ser estimulado já na primeira hora de vida. A puérpera deve ser encorajada a amamentar e a equipe multidisciplinar precisa estar à disposição para ajudar nesse processo. Queixas álgicas são comuns nos primeiros dias pós-parto, tanto pelas contrações uterinas, lacerações perineais e cicatriz cirúrgica da cesárea, como pelo ingurgitamento mamário. Por isso, devem ser oferecidos à puérpera analgésicos e anti-inflamatórios não esteroides para aliviar esses desconfortos. Se a gestante tiver risco de aloimunização e o recém-nascido for RhD positivo, ela deve receber imunoglobulina em até 72h pós-parto. Deve-se também aplicar vacina de sarampo-caxumba- rubéola caso a paciente ainda não tenha recebido. Por outro lado, não está indicado o uso de antibiótico profilático após o parto normal não complicado e após a realização de episiotomia. A puérpera recebe alta hospitalar geralmente em 24 horas após o parto normal e 48 horas após a cesárea. Na alta, ela deve ser orientada quanto aos cuidados puerperais que devem ser realizados no domicílio e retornar ao ambulatório de 7 a 14 dias do parto. Não há evidência científica sobre quais são os cuidados ideais com o períneo no pós-parto. Para ajudar na cicatrização, na redução do edema e da dor do períneo, pode-se utilizar compressa gelada nas primeiras 24 horas pós-parto e spray anestésico local para alívio dos sintomas perineais. É comum a mulher relatar algum grau de tristeza e depressão no pós-parto. Isso se deve a diversos fatores: abatimento emocional, medo, cansaço físico, privação de sono, ansiedade nos cuidados com o recém-nascido, alterações hormonais, entre outros. Em geral esses sintomas se resolvem espontaneamente em até 10 dias pós- parto. Chamamos esse quadro de blues puerperal. Quando esses sintomas são mais graves ou não melhoram espontaneamente, a puérpera deve ser investigada quanto à depressão pós-parto. Não existe evidência cientifica do tempo mínimo necessário de abstinência sexual no pós-parto. As relações sexuais muito precoces geram desconforto em decorrência da não cicatrização completa das lacerações vaginais e do hipoestrogenismo presente no pós-parto. Por isso, recomenda-se manter abstinênciasexual por pelo menos 2 semanas ou até ocorrer cicatrização completa das lacerações perineais. A contracepção no puerpério pode ser iniciada entre a terceira e quarta semana pós-parto. As puérperas que não estão amamentando geralmente voltam a ovular em 3 a 5 semanas pós- parto, já as lactantes podem permanecer em anovulação por muitos meses, mas isso é bastante variável e por isso a amamentação não deve ser utilizada como forma de contracepção. A seguir estão listadas as principais recomendações e não recomendações do puerpério fisiológico. Prof. Natália Carvalho | Resumo Estratégico | Agosto 2021 22 Assistência ao Parto Estratégia MED OBSTETRÍCIA Puerpério Avaliação materna e regular nas primeiras 24h Mãe e RN devem receber cuidados por pelo menos 24h após o nascimento Antibiótico profilático para partos não complicados ou para episotomia Prof. Natália Carvalho | Resumo Estratégico | Agosto 2021 23 Assistência ao Parto Estratégia MED OBSTETRÍCIA CAPÍTULO 7.0 RESUMO DAS INTERVENÇÕES RECOMENDADAS E NÃO RECOMENDADAS NA ASSISTÊNCIA AO PARTO NORMAL Atenção, Estrategista! A seguir preparei um resumo com todas as intervenções recomendadas e não recomendadas pela OMS e pelo MS na assistência ao parto. É o tópico que mais cai sobre esse tema nas provas de Residência Médica! Intervenções recomendadas: PRIMEIRO ESTÁGIO DO TP − FASE ATIVA Fase latente até 5cm e fase ativa a partir de 5cm de dilatação. Duração variável, com fase ativa em torno de 12h para primíparas. Controle intermitente dos BCFs a cada 15-30min. Toque vaginal a cada 4 horas. Opções de alívio da dor: analgesia epidural, opioides e medidas não farmacológicas. Ingestão de líquidos e alimentos. Encorajar movimentação e posição vertical. SEGUNDO ESTÁGIO DO TP – EXPULSIVO Duração variável, geralmente inferior a 2h em multípara e 3h em primípara. A posição do parto deve ser escolhida pela gestante, mesmo com analgesia. Controle intermitente dos BCFs a cada 5min. Recomenda-se massagem perineal, compressas quentes e proteção perineal com as mãos. Realizar puxos espontâneos. Prof. Natália Carvalho | Resumo Estratégico | Agosto 2021 24 Assistência ao Parto Estratégia MED OBSTETRÍCIA TERCEIRO ESTÁGIO DO TRABALHO DE PARTO − DEQUITAÇÃO Ocitocina 10UI intramuscular para todas as pacientes. Tração controlada do cordão. Retardar o clampeamento do cordão por pelo menos 1min. RECÉM-NASCIDO Contato pele a pele na primeira hora de vida. Estimular amamentação na primeira hora de vida. Vitamina K 1mg intramuscular após o nascimento. Banho adiado até 24h após o nascimento. Mãe e bebê não devem ser separados. PUERPÉRIO Avaliação materna regular nas primeiras 24h. Mãe e recém-nascido devem receber cuidados por pelo menos 24h após o nascimento. Prof. Natália Carvalho | Resumo Estratégico | Agosto 2021 25 Assistência ao Parto Estratégia MED OBSTETRÍCIA As intervenções não recomendadas são: PRIMEIRO ESTÁGIO DO TP − FASE ATIVA Usar o critério de evolução da dilatação cervical de cm/h. Intervenções de rotina na fase latente (<5 cm). Pelvimetria clínica. Cardiotocografia de rotina na admissão ou contínua no TP espontâneo de gestação saudável. Tricotomia e enemas. Embrocação vaginal de rotina com antissépticos. Amniotomia e ocitocina para prevenir o TP prolongado. Ocitocina de rotina. Antiespasmódicos e fluidos endovenosos de rotina. SEGUNDO ESTÁGIO DO TP − EXPULSIVO Uso rotineiro e liberal de episiotomia. Pressão manual do fundo uterino (manobra de Kristeller). TERCEIRO ESTÁGIO DO TRABALHO DE PARTO − DEQUITAÇÃO Massagem uterina contínua em paciente que recebeu ocitocina. RECÉM-NASCIDO Aspiração em boca e nariz do RN se líquido amniótico for claro e respiração espontânea. PUERPÉRIO Antibiótico profilático para partos não complicados ou para episiotomia. Prof. Natália Carvalho | Resumo Estratégico | Agosto 2021 26 Assistência ao Parto Estratégia MED OBSTETRÍCIA CAPÍTULO 8.0 MÉTODOS DE ALÍVIO DA DOR NO PARTO A experiência dolorosa do parto varia muito de mulher para mulher e depende de diversos fatores: biológicos, vivências pessoais, estado emocional, crenças e expectativas. Por isso, os métodos de alívio da dor do parto devem estar disponíveis a todas as parturientes, para que possam ser utilizados caso elas julguem necessário. Sendo assim, o alívio da dor pode ser obtido por medidas não farmacológicas ou farmacológicas, a depender da necessidade de cada parturiente. 8.1 MÉTODOS NÃO FARMACOLÓGICOS DE ALÍVIO DA DOR DO PARTO Diversos são os métodos não farmacológicos de alívio da dor durante o trabalho de parto e o parto. Como esses métodos apresentam baixo custo e pouca ou nenhuma contraindicação, eles devem ser oferecidos a todas as parturientes antes dos métodos farmacológicos. MÉTODOS NÃO FARMACOLÓGICOS Educação perinatal Técnicas de respiração, relaxamento, hipnose Apoio contínuo durante o parto Movimentação e mudança de posição Bola de parto Hidroterapia Massagem Acupuntura, acupressão, TENS Musicoterapia e aromaterapia 8.2 MÉTODOS FARMACOLÓGICOS DE ALÍVIO DA DOR DO PARTO Os métodos farmacológicos de alívio da dor no parto são mais eficientes do que os métodos não farmacológicos, mas têm contraindicações específicas e podem causar complicações para o binômio maternofetal, por isso devem ser oferecidos depois que os métodos não farmacológicos já tiverem sido utilizados. Prof. Natália Carvalho | Resumo Estratégico | Agosto 2021 27 Assistência ao Parto Estratégia MED OBSTETRÍCIA 8.2.1 BLOQUEIO REGIONAL As técnicas de bloqueio regional são consideradas o método padrão-ouro para alívio da dor no parto e devem ser o método de primeira escolha de alívio farmacológico. O bloqueio regional pode ser feito por raquianestesia, peridural ou duplo bloqueio. Essa técnica deve produzir bloqueio das vias de dor sem interferir nas demais funções maternas. Figura 11. Bloqueios regionais. A: raquianestesia, B: peridural. Esse método de analgesia é mais utilizado no fim do primeiro período do trabalho de parto e no período expulsivo, mas pode ser realizado em qualquer fase do trabalho de parto a depender do desejo da paciente. As contraindicações à analgesia de bloqueio regional estão listadas na tabela a seguir. CONTRAINDICAÇÕES DO BLOQUEIO REGIONAL Infecção no local da punção Hipotensão ou hipertensão arterial acentuada Hipovolemia por anemia ou desidratação Uso de anticoagulantes Doenças medulares ou neurológicas que acometem a região Recusa da paciente Quando bem administrado, o bloqueio regional não interfere na evolução do trabalho de parto, nas contrações uterinas e na vitalidade fetal. Sabe-se que pode ocorrer um discreto aumento de necessidade de parto vaginal operatório, mas não se confirmou aumento da incidência de cesárea ou aumento da duração do trabalho de parto com sua utilização. As principais complicações da analgesia de bloqueio estão listadas na tabela a seguir. Prof. Natália Carvalho | Resumo Estratégico | Agosto 2021 28 Assistência ao Parto Estratégia MED OBSTETRÍCIA EFEITOS COLATERAIS DO BLOQUEIO REGIONAL Imediatos Tardios Hipotensão materna Cefaleia pós-punção Náuseas e vômitos Dor lombar transitória Retenção urinária Abscesso peridural Migração do cateter Meningite Convulsão e parada cardíaca Défice neurológico permanente 8.2.2 ANALGÉSICOS SISTÊMICOS: OPIOIDES Os opioides são métodos alternativos de alívio farmacológico da dor no parto, sendo utilizados quando há contraindicação aos bloqueios regionais ou quando estes não estão disponíveis. Essas medicações atravessam a barreira placentária, podendo trazer efeitos colaterais para mãe e feto. Os principais efeitos colaterais são: depressão respiratória, bradicardia fetal, redução das contrações uterinas, prolongamento da fase ativa do trabalho de parto. As principais drogas utilizadas são: meperidina, remifentanil e cetamina. 8.2.3 ANALGESIA INALATÓRIA Os agentes inalatórios são capazes deoferecer alívio da dor sem interferir na contratilidade uterina, sem causar amnésia e mantendo a cooperação da parturiente. A principal droga utilizada é o óxido nitroso, misturado ao oxigênio na proporção de 50% e que pode ser administrado pela própria paciente por meio de máscara facial. Seus principais efeitos colaterais são náuseas, vômitos e sonolência. Como essa medicação é eliminada rapidamente pelos pulmões, não se acumula na mãe ou no feto e por isso não causa depressão respiratória no recém-nascido. Seu efeito anestésico é menor que o do bloqueio regional e pode atrapalhar o período expulsivo por causar sonolência na parturiente. Na Europa e no Canadá, essa técnica é utilizada há muitos anos, mas no Brasil seu uso ainda não está difundido. 8.2.4 BLOQUEIO DE PUDENDO O bloqueio do nervo pudendo é utilizado no período expulsivo para alívio da dor e na necessidade de incisões perineais ou após o parto para sutura de lacerações. São descritas duas técnicas para realizar esse bloqueio: transvaginal e transperineal - ambas utilizam as espinhas isquiáticas como ponto de referência para aplicação do anestésico. Prof. Natália Carvalho | Resumo Estratégico | Agosto 2021 29 Assistência ao Parto Estratégia MED OBSTETRÍCIA Figura 12. Bloqueio de pudendo. A: técnica transperineal; B: técnica transvaginal. Administra-se 5-10ml de lidocaína a 1% ou bupivacaína 0,5% sem vasoconstritor, bilateralmente através das espinhas isquiáticas. Esse método apresenta raras complicações, porém muitas vezes sua eficácia é baixa, havendo necessidade de uma quantidade maior de anestésico local. 8.2.5 ANESTESIA LOCAL A anestesia local é utilizada no períneo, quando há a necessidade de incisão ou reparos perineais e não foi realizado bloqueio regional. O anestésico de escolha é lidocaína a 2%, e seu efeito é rápido e de duração média. Prof. Natália Carvalho | Resumo Estratégico | Agosto 2021 30 Assistência ao Parto Estratégia MED OBSTETRÍCIA CAPÍTULO 9.0 COMPLICAÇÕES ASSOCIADAS AO PARTO NORMAL CEFÁLICO 9.1 PROLAPSO DE CORDÃO UMBILICAL Considera-se prolapso de cordão quando o cordão umbilical está à frente da apresentação e as membranas estão rotas. Quando as membranas ainda estão íntegras, essa situação é chamada de procidência ou procúbito de cordão umbilical. Figura 13. Prolapso de cordão (esquerda) e procidência de cordão (direita). Essa complicação é rara, mas apresenta mortalidade perinatal elevada e, por isso, sua prevenção é de extrema importância durante o parto. A prevenção baseia-se na identificação das pacientes com maior risco para a ocorrência desse evento. Os fatores de risco para prolapso de cordão estão listados na tabela a seguir. FATORES DE RISCO PARA PROLAPSO DE CORDÃO Apresentações não cefálicas Gestações múltiplas Prematuridade Polidrâmnio Amniotomia Amnioinfusão Aplicação de fórcipes A manifestação clínica mais comum é a presença de desacelerações variáveis repetidas ou bradicardia. Ao exame de toque observa-se o cordão umbilical à frente da apresentação. Diante de prolapso de cordão deve-se realizar cesárea de emergência, mantendo o toque vaginal com elevação da apresentação para evitar que a apresentação fetal promova a compressão do cordão umbilical. Enquanto se aguarda a cesárea de emergência, deve-se manter a paciente em posição genitopeitoral (quatro apoios) com subida da apresentação fetal pelo toque vaginal. Na presença de procidência ou procúbito de cordão umbilical, também está indicada a cesárea. Para que você nunca mais esqueça sobre esse tema, preparei um mapa mental com tudo que precisa saber sobre prolapso de cordão! Prof. Natália Carvalho | Resumo Estratégico | Agosto 2021 31 Assistência ao Parto Estratégia MED OBSTETRÍCIA 9.2 DISTÓCIA DE BIACROMIAL A distócia de biacromial ou distócia de ombro ocorre durante o período expulsivo do parto cefálico, quando o polo cefálico já se desprendeu, mas os ombros não se soltam. A distócia de ombro é definida pela impactação do ombro anterior contra a sínfise púbica materna, após a exteriorização do polo cefálico. Ocorre quando o diâmetro biacromial excede o diâmetro pélvico e o intervalo de tempo entre a saída da cabeça e do restante do corpo é maior ou igual a 60 segundos ou foram necessárias manobras para ultimação do parto. Essa distócia leva a complicações importantes maternas e fetais, listadas na tabela a seguir. COMPLICAÇÕES DA DISTÓCIA DE BIACROMIAL MATERNAS FETAIS Lacerações do canal de parto Lesão de plexo braquial Atonia uterina Fratura de clavícula e úmero Rotura uterina Hipóxia fetal Disjunção da sínfise púbica Óbito intraparto e neonatal Algumas situações aumentam o risco de distócia de biacromial, são elas: diabetes, pós-datismo, macrossomia, anomalias anatômicas da pelve materna. Durante o trabalho de parto, há mais chances de ocorrer distócia de ombro quando o período expulsivo é prolongado, e há necessidade do uso de vácuo-extrator ou fórcipe. Para prevenção da distócia de ombro, deve-se realizar um controle glicêmico rigoroso nas gestantes com diabetes. Cesárea eletiva ou indução do parto de fetos com 4kg não se mostraram efetivas para prevenção de distócia de ombro. Um sinal clínico importante de distócia de ombro é quando a cabeça fetal, após o desprendimento, é puxada de volta contra o períneo, chamado sinal da tartaruga. Diante disso, não se deve aplicar força excessiva na cabeça e nem sobre o fundo uterino. Prof. Natália Carvalho | Resumo Estratégico | Agosto 2021 32 Assistência ao Parto Estratégia MED OBSTETRÍCIA Figura 14. Sinal da tartaruga na distócia de ombro. 9.2.1 CONDUTA NA DISTÓCIA DE BIACROMIAL Diante de uma distócia de biacromial, deve-se ter em mente o mnemônico ALEERTA preconizado pela ALSO. Os passos não necessitam seguir a ordem em que aparecem no mnemônico, o importante é fazê-los de maneira apropriada e eficiente. A Alerta, chamar ajuda L Levantar as pernas: manobra de McRoberts E Externa: pressão suprapúbica (Rubin I) E R Considerar a possibilidade de episiotomia Retirada do braço posterior (manobra de Jacquemier) Toque: realização das manobras internas Alterar a posição da paciente (posição de Gaskin) T A As manobras de resolução da distócia de ombro devem ser de conhecimento de todo obstetra e caem com frequência nas provas de Residência Médica! Por isso, iremos falar de cada uma delas de maneira detalhada. O tempo gasto para cada manobra deve ser no máximo de 60 segundos e os principais objetivos são aumentar o tamanho da pelve, diminuir o diâmetro biacromial e alterar a relação do diâmetro biacromial com a pelve óssea. A tabela a seguir resume todas as manobras que podem ser utilizadas para a correção de distócia de biacromial. Prof. Natália Carvalho | Resumo Estratégico | Agosto 2021 33 Assistência ao Parto Estratégia MED OBSTETRÍCIA MANOBRAS PARA CORREÇÃO DA DISTÓCIA DE BIACROMIAL Manobra de McRoberts Flexão da perna da mulher, o que aumenta o diâmetro de saída da pelve. Geralmente é a primeira manobra a ser realizada. Manobra I de Rubin Pressão suprapúbica sobre o ombro anterior do feto Manobra de Jacquemier Retirada do braço posterior fetal do canal de parto Manobra II de Rubin Empurrar o ombro anterior do feto em direção ao seu tórax Manobra de Woods Empurrar o ombro posterior pela frente do feto em direção à sínfise púbica Manobra de Woods reverso Fletir o ombro posterior sobre o tórax Prof. Natália Carvalho | Resumo Estratégico | Agosto 2021 34 Assistência ao Parto Estratégia MED OBSTETRÍCIA Posição de Gaskin Mudar a posição da paciente para quatro apoios Manobra de Zavanelli Reposicionamento da cabeça fetal na pelve, seguida de cesárea Prof. Natália Carvalho | Resumo Estratégico | Agosto 2021 35 Assistência ao Parto Estratégia MED OBSTETRÍCIA CAPÍTULO 10.0 ASSISTÊNCIA AO PARTO PÉLVICO A apresentação pélvica persiste até o momento do parto em apenas 3 a 4% das gestações unifetais. Existemtrês tipos de apresentações pélvicas: apresentação pélvica completa, apresentação pélvica incompleta modo nádegas e apresentação pélvica incompleta modo pés, conforme pode ser observado na figura a seguir. Figura 15. Tipos de apresentações pélvicas. Vários são os fatores que aumentam a incidência de apresentação pélvica no momento do parto. A identificação desses fatores de risco ajuda no diagnóstico precoce desse tipo de apresentação. Eles estão listados na tabela a seguir: FATORES DE RISCO PARA APRESENTAÇÃO PÉLVICA Prematuridade Volume anormal do líquido amniótico Gestação múltipla Malformações fetais (hidrocefalia, anencefalia) Malformações e anomalias uterinas Restrição de crescimento fetal Prof. Natália Carvalho | Resumo Estratégico | Agosto 2021 36 Assistência ao Parto Estratégia MED OBSTETRÍCIA Implantação anômala da placenta (placenta prévia ou cornual) Tumores pélvico Multiparidade Parto pélvico no passado (recorrência de 10%) 10.1 VIAS DE PARTO NA APRESENTAÇÃO PÉLVICA Atualmente, a maioria dos fetos que persiste em apresentação pélvica nasce por cesárea. O American College of Obstetrician and Gynecologist (ACOG) recomenda que a decisão quanto ao tipo de parto deva se basear na experiência do médico e que a cesárea planejada de um feto único em apresentação pélvica pode ser uma opção razoável de acordo com as diretrizes protocolares de cada hospital. As situações em que a cesárea é mais indicada nas apresentações pélvicas estão listadas na tabela a seguir: FATORES QUE FAVORECEM O PARTO CESÁREA NA APRESENTAÇÃO PÉLVICA Falta de experiência do médico Solicitação de cesárea pela paciente Feto grande (>3800 a 4000g) Feto prematuro saudável e viável Grave restrição de crescimento fetal Malformações fetais incompatíveis com o parto vaginal História prévia de morte perinatal ou traumatismo obstétrico perinatal Apresentação pélvica incompleta ou podálica Cabeça hiperestendida Pelvimetria desfavorável Parto anterior por cesárea Prof. Natália Carvalho | Resumo Estratégico | Agosto 2021 37 Assistência ao Parto Estratégia MED OBSTETRÍCIA 10.2 VERSÃO CEFÁLICA EXTERNA Diante de um feto de termo em apresentação pélvica, pode-se indicar a versão cefálica externa (VCE) na tentativa de colocar o feto em apresentação cefálica para o parto normal. A VCE consiste em realizar a mudança da apresentação pélvica para cefálica por meio da movimentação física do feto através do abdome materno. Figura 16. Versão cefálica externa. A ACOG recomenda que a VCE seja realizada em gestantes com feto em apresentação pélvica, a partir de 37 semanas em ambiente hospitalar que permita a realização de cesárea de emergência, caso haja alguma complicação durante o procedimento, que incluem descolamento prematuro de placenta, a rotura uterina, prolapso de cordão a hemorragia fetomaterna, aloimunização Rh, trabalho de parto prematuro, sofrimento fetal e morte fetal. A chance de sucesso desse procedimento é em média de 60 a 70%. Esse procedimento está contraindicado sempre que o parto vaginal não for recomendado ou quando houver rotura de membranas, malformações uterinas, gestação múltipla e sangramento uterino recente. Sendo assim, a VCE é uma técnica que deve ser oferecida a todas as gestantes com fetos em apresentação pélvica que não apresentem contraindicações ao procedimento, pois oferece riscos mínimos para o binômio maternofetal e tem como vantagem diminuir as taxas de cesárea nesse grupo de pacientes. 10.3 ASSISTÊNCIA AO PARTO PÉLVICO VAGINAL A assistência ao parto pélvico vaginal deve ser feita por um obstetra com experiência em extração de fetos em apresentação pélvica e a gestante precisa apresentar os critérios a seguir para diminuir os riscos de complicações: • Canal de parto deve ser grande o suficiente para permitir a passagem do feto; • O colo deve estar completamente dilatado; • A pelvimetria deve ser favorável; • O feto deve pesar entre 2500 e 3800g; • O diâmetro biparietal deve ser menor que 90-100mm; • A apresentação pélvica deve ser completa ou de nádegas. Prof. Natália Carvalho | Resumo Estratégico | Agosto 2021 38 Assistência ao Parto Estratégia MED OBSTETRÍCIA No acompanhamento do parto pélvico vaginal, a monitorização da frequência cardíaca fetal pode ser intermitente a cada 15min no primeiro estágio do trabalho de parto e dá-se preferência pela monitorização continua no período expulsivo. Como há maior chance de prolapso de cordão quando as membranas se rompem, deve-se realizar exame vaginal e monitorização da FCF após a rotura. Além disso, a progressão do trabalho de parto deve ser monitorada e registrada no partograma e, diante de suspeita de distócia, deve-se indicar cesárea. Por isso, é importante manter um acesso venoso periférico em decorrência da maior necessidade de anestesia de emergência e hemorragia pós-parto. 10.4 MECANISMOS DO PARTO PÉLVICO Na apresentação pélvica, ocorre insinuação e descida do polo pélvico, seguidas de desprendimento das espáduas e, por último, desprendimento do polo cefálico. A insinuação e a descida do feto ocorrem com o diâmetro bitrocantérico nos diâmetros maternos, sendo assim, o ponto de referência é o sacro e a linha de orientação é a interglútea. Figura 17. Pontos de orientação na apresentação pélvica. No assoalho pélvico ocorre a rotação interna de 45º e o diâmetro bitrocantérico ocupa o diâmetro anteroposterior da saída da pelve. Depois da saída da pelve há rotação externa, o dorso vira anteriormente e o diâmetro biacromial ocupa um dos diâmetros oblíquos da pelve e sofre rotação interna ocupando o diâmetro anteroposterior. Em seguida a cabeça fetal entra na pelve em um dos diâmetros oblíquos e roda, ficando com a parte posterior do pescoço sob a sínfise púbica, e então sai em flexão, ultimando o parto. O ideal é que esses mecanismos de parto ocorram de forma espontânea, para diminuir as chances de tocotraumatismos, mas caso as rotações não ocorram de forma espontânea, é preciso lançar mão de manobras para ultimar o parto. Prof. Natália Carvalho | Resumo Estratégico | Agosto 2021 39 Assistência ao Parto Estratégia MED OBSTETRÍCIA Figura 18. Manobra de Bracht. A manobra de Bracht é bastante utilizada para ajudar no parto pélvico vaginal. Essa manobra consiste em colocar o feto sob o abdome da mãe após a saída do polo pélvico, sem tracioná-lo, para que ocorra o desprendimento das espáduas e da cabeça fetal de forma espontânea. Caso haja dificuldade no desprendimento das espáduas, pode-se lançar mão das seguintes manobras: Deventer-Müller, manobra de Rojas e manobra de Pajot. A técnica de cada uma dessas manobras está descrita na tabela a seguir. MANOBRAS DESPRENDIMENTO ESPÁDUAS TÉCNICA Deventer-Müller Movimentos pendulares de abaixamento e elevação do corpo fetal, procurando fazer com que o ombro anterior se encaixe no subpúbis, em seguida, desprendendo-o com auxílio digital. Manobra de Rojas Transformação da espádua posterior em anterior, por meio de tração, rotação axial e translação fetal. O braço posterior flexiona- se pela face anterior do tronco do feto, desprendendo-se no subpúbis. Prof. Natália Carvalho | Resumo Estratégico | Agosto 2021 40 Assistência ao Parto Estratégia MED OBSTETRÍCIA Manobra de Pajot Apreende-se o braço anterior com os dedos médio e indicador na face externa e o polegar no cavo axilar, realizando movimento de flexão do cotovelo e descida do braço pela região anterior da face e do tronco fetal. Se houver dificuldade no desprendimento do polo cefálico, caracteriza-se como cabeça derradeira. As manobras que auxiliam na resolução da cabeça derradeira são: manobra de Liverpool, manobra de McRoberts e manobra de Mauriceau. Essas manobras estão descritas na tabela a seguir. A figura seguinte ilustra a manobra de Mauriceau. Figura 19. Manobra de Mauriceau. MANOBRAS PARA CABEÇA DERRADEIRA TÉCNICA Manobra de Liverpool Manter pendente ocorpo fetal por 20 segundos, até que o polo cefálico desça e seja possível visualizar a raiz da nuca. Segurando o feto pelos pés, eleva-se e traciona-se o corpo fetal para o ventre materno, com consequente desprendimento cefálico. Manobra de McRoberts Hiperflexão da coxa materna para aumentar a amplitude dos estreitos médio e inferior da bacia. Manobra de Mauriceau Apoiar o feto sobre o antebraço do obstetra, que introduz os dedos médio e indicador na mandíbula do feto, fletindo o polo cefálico. Prof. Natália Carvalho | Resumo Estratégico | Agosto 2021 41 Assistência ao Parto Estratégia MED OBSTETRÍCIA Se, apesar do uso das manobras de desprendimento da cabeça derradeira, não é possível ultimar o parto, pode-se lançar mão do fórcipe de Piper, conforme se observa na figura a seguir. Figura 20. Fórcipe de Piper para cabeça derradeira. 10.5 COMPLICAÇÕES NO PARTO PÉLVICO Tanto a mortalidade perinatal como a mortalidade materna são mais elevadas nos fetos nascidos em apresentação pélvica do que nos fetos em apresentação cefálica, independentemente da via de parto. Nas gestantes há maior risco de lacerações do trato genital, tanto no parto normal como na cesariana, e a mortalidade materna é maior naquelas submetidas ao parto cesárea. A mortalidade perinatal é maior nos fetos nascidos em apresentação pélvica devido ao maior risco de tocotraumatismo e prolapso de cordão, que podem ocorrer tanto no parto cesárea como no parto vaginal. Quando comparado ao parto normal cefálico, o parto normal pélvico apresenta maior risco de asfixia e tocotraumatismo em decorrência do maior risco de cabeça derradeira, a principal e mais temida complicação do parto. Prof. Natália Carvalho | Resumo Estratégico | Agosto 2021 42 Assistência ao Parto Estratégia MED OBSTETRÍCIA CAPÍTULO 11.0 ASSISTÊNCIA AO PARTO CESÁREO A cesariana, cesárea ou parto cesáreo é a intervenção cirúrgica que permite o nascimento do feto pelo abdome materno, via laparotomia e histerotomia, quando o parto vaginal não é possível por questões maternas ou fetais. 11.1 INDICAÇÕES A cesárea pode ser de emergência/urgência ou eletiva. As principais indicações para a cesariana de emergência são por descolamento prematuro de placenta, inserção baixa de placenta com sangramento intenso, iminência de rotura uterina, sofrimento fetal agudo, prolapso de cordão umbilical e morte materna com feto vivo. O tempo entre a indicação da cesárea de emergência e sua realização deve ser em torno de 30 minutos. As principais indicações de cesárea eletiva, por sua vez, são por apresentação anômala (apresentação pélvica ou transversa), macrossomia fetal, gestação múltipla, placenta prévia ou acretismo placentário, tumores prévios, intercorrências gestacionais graves com condições cervicais desfavoráveis ao parto vaginal, HIV com carga viral alta (>1000 cópias), mais de duas cicatrizes de cesárea prévias e incontinência urinária e fetal corrigida. A maioria dessas indicações pode aguardar a gestante entrar em trabalho de parto para então ser realizada a cesárea. Além disso, a cesárea eletiva pode ser feita a pedido, quando não há justificativa médica para sua realização. Nesses casos a gestante deve ser informada de todos os riscos de uma cesárea desnecessária e assinar um termo de consentimento. A cesárea a pedido não deve ser feita antes de 39 semanas, a fim de evitar a prematuridade iatrogênica. Algumas situações são indicações absolutas de cesárea, outras são consideradas indicações relativas, conforme pode ser observado na tabela a seguir. INDICAÇÕES DE CESÁREA ABSOLUTAS RELATIVAS Inserção baixa de placenta (placenta prévia) Gestação múltipla Descolamento prematuro de placenta com feto vivo Intercorrências maternas graves Iminência de rotura uterina Macrossomia fetal Sofrimento fetal agudo no início do trabalho de parto Apresentações anômalas Infecção ativa por herpes genital Vicio pélvico Miomectomia prévia Carcinoma cervical invasivo Cicatriz de cesárea longitudinal previa Mais de duas cicatrizes de cesárea prévias Vasa prévia Incontinência urinária e fecal corrigida Prof. Natália Carvalho | Resumo Estratégico | Agosto 2021 43 Assistência ao Parto Estratégia MED OBSTETRÍCIA Prolapso de cordão umbilical Tumor prévio que obstrui o canal vaginal HIV com carga viral >1000 cópias Morte materna com feto vivo Atenção, Estrategista! É importante saber quais são as indicações absolutas e relativas de cesárea, pois isso tem sido cobrado nas provas de Residência Médica! 11.2 PREPARO PRÉ-OPERATÓRIO Para o preparo pré-operatório da cesárea as principais medidas são: limpeza do campo cirúrgico, antibioticoprofilaxia, profilaxia para trombose e cateter vesical de demora. O uso de uma dose única de agente antimicrobiano no momento da cesárea reduz de maneira significativa a taxa de infecção pós- operatória. Recomenda-se o uso de dose única endovenosa de B-lactâmico (cefalosporina ou derivado de penicilina de espectro ampliado) 60 minutos antes do início da cesárea programada. Nas alérgicas à penicilina, utiliza-se clindamicina associada a aminoglicosídeo. Profilaxia de infecções: cefazolina 1 a 2g endovenoso 30 a 60min antes do início da cesárea. Alergia a penicilina: clindamicina 600mg endovenoso. 11.3 TÉCNICA CIRÚRGICA A cesárea é um procedimento cirúrgico que consiste na incisão abdominal (laparotomia) e incisão do útero (histerotomia) com retirada do concepto. A técnica cirúrgica para a cesárea varia pouco de uma instituição para a outra. A incisão abdominal pode ser transversal suprapúbica ou vertical infraumbilical. A incisão transversal suprapúbica, chamada de incisão à Pfannenstiel, apresenta menores taxas de dor no pós- operatório, deiscência de fáscia e hérnia incisional, além de apresentar melhores resultados estéticos. A incisão vertical infraumbilical é utilizada quando se faz necessário acesso rápido à cavidade abdominal. Esse tipo de incisão apresenta perda menor de sangue e melhor acesso ao abdome superior. Prof. Natália Carvalho | Resumo Estratégico | Agosto 2021 44 Assistência ao Parto Estratégia MED OBSTETRÍCIA Figura 21. Parto cesáreo com incisão abdominal transversa suprapúbica. A incisão de Pfannenstiel está descrita no quadro a seguir: • Abertura da pele e do tecido celular subcutâneo transversalmente • Incisão da aponeurose transversalmente • Divulsão longitudinal dos músculos retos abdominais • Incisão do peritônio parietal • Incisão do peritônio visceral • Incisão segmentar transversa do útero • Amniotomia quando necessário • Extração do concepto • Desprendimento da placenta, auxiliando sua saída com a manobra de Credé • Curagem uterina • Histerorrafia • Revisão da hemostasia da sutura uterina, da cavidade pélvica e inspeção dos anexos • Fechamento da cavidade por planos • Sutura da pele e curativo oclusivo A incisão corporal longitudinal do útero, por sua vez, é utilizada quando a gestação é muito prematura e o segmento uterino ainda não está formado. Nessa incisão há maior chance de sangramento e maior risco de rotura uterina nas gestações subsequentes. Prof. Natália Carvalho | Resumo Estratégico | Agosto 2021 45 Assistência ao Parto Estratégia MED OBSTETRÍCIA Figura 22. Tipos de incisões uterina na cesárea. Fique atento, Estrategista! É importante você saber a ordem dos planos que são seccionados na cesárea, isso já caiu nas provas de Residência Médica! Então preste atenção na imagem a seguir. Figura 23. Planos de secção na cesárea. Prof. Natália Carvalho | Resumo Estratégico | Agosto 2021 46 Assistência ao Parto Estratégia MED OBSTETRÍCIA 11.4 COMPLICAÇÕES DO PARTO CESÁREO COMPLICAÇÕES DA CESÁREA PRECOCES TARDIAS Hemorragia pós-parto/transfusão sanguínea Inserção baixa de placenta e acretismo placentário na gestação subsequente Infecção puerperal Rotura uterina na gestação subsequente Lesões urológicas Gestação ectópica subsequente Hematomas Hérniaincisional Seromas Dor pélvica crônica Deiscência de cicatriz As principais complicações maternas da cesárea são a hemorragia pós-parto e a infecção puerperal. Em relação às complicações fetais, na cesárea eletiva temos maior risco de desconforto respiratório neonatal, maior necessidade de UTI e maior dificuldade na amamentação. As complicações estão listadas na tabela a seguir. Prof. Natália Carvalho | Resumo Estratégico | Agosto 2021 47 Assistência ao Parto Estratégia MED OBSTETRÍCIA Baixe na App StoreBaixe na Google Play Aponte a câmera do seu celular para o QR Code respec�vo ou busque na sua loja de apps Baixe o app Estratégia MED Preparei uma lista exclusiva de questões com os temas dessa aula! Acesse nosso banco de questões e resolva uma lista elaborada por mim, pensada para a sua aprovação. Lembrando que você pode estudar online ou imprimir as listas sempre que quiser. Resolva questões pelo computador Copie o link abaixo e cole no seu navegador para acessar o site Resolva questões pelo app Aponte a câmera do seu celular para o QR Code abaixo e acesse o app https://estr.at/ZZUH 12.0 LISTA DE QUESTÕES Prof. Natália Carvalho | Resumo Estratégico | Agosto 2021 48 Assistência ao Parto Estratégia MED OBSTETRÍCIA CAPÍTULO 13.0 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. ZUGAIB, Marcelo (ed.). Zugaib Obstetrícia. 4. ed. Barueri, Manole, 2020. 2. CUNNINGHAM, F. G. et al. Obstetrícia de Williams, 24 ed. AMGH, 2016. 3. WHO – World Health Organization. WHO recommendations: intrapartum care for a positive childbirth experience. Geneva: World Health Organization; 2018. Licence: CC BY-NC-SA 3.0 IGO. 4. LAGREW, D.C.; LOW, L.K.; BRENNAN, R. et al. National Partnership for Maternal Safety: Consensus Bundle on Safe Reduction of Primary Cesarean Births-Supporting Intended Vaginal Births. Obstet Gynecol 2018; 131:503. 5. REVEIZ, L.; GAITÁN, H.G.; CUERVO, L.G. Enemas during labour. Cochrane Database Syst Rev 2013; :CD000330. 6. BASEVI, V.; LAVENDER, T. Routine perineal shaving on admission in labour. Cochrane Database Syst Rev 2014; :CD001236. 7. LAWRENCE, A.; LEWIS, L.; HOFMEYR, G.J.; STYLES, C. Maternal positions and mobility during first stage labour. Cochrane Database Syst Rev 2013; :CD003934. 8. BONET, M.; OTA, E.; CHIBUEZE, C.E.; OLADAPO, O. T. Routine antibiotic prophylaxis after normal vaginal birth for reducing maternal infectious morbidity. Cochrane Database Syst Rev 2017; 11:CD012137. 9. LUMBIGANON, P.; THINKHAMROP, J.; THINKHAMROP, B.; TOLOSA, J. E. Vaginal chlorhexidine during labour for preventing maternal and neonatal infections (excluding Group B Streptococcal and HIV). Cochrane Database Syst Rev 2014; :CD004070. 10. GUPTA, J.K.; SOOD, A.; HOFMEYR, G.J.; VOGEL, J. P. Position in the second stage of labour for women without epidural anaesthesia. Cochrane Database Syst Rev 2017; 5:CD002006. 11. WALKER, K.F.; KIBUKA, M.; THORNTON, J.G.; JONES, N. W. Maternal position in the second stage of labour for women with epidural anaesthesia. Cochrane Database Syst Rev 2018; 11:CD008070. 12. SMYTH, R.M.; MARKHAM, C.; DOWSWELL, T. Amniotomy for shortening spontaneous labour. Cochrane Database Syst Rev 2013; :CD006167. https://www.uptodate.com/contents/management-of-normal-labor-and-delivery/abstract/3 https://www.uptodate.com/contents/management-of-normal-labor-and-delivery/abstract/3 https://www.uptodate.com/contents/management-of-normal-labor-and-delivery/abstract/3 https://www.uptodate.com/contents/management-of-normal-labor-and-delivery/abstract/3 https://www.uptodate.com/contents/management-of-normal-labor-and-delivery/abstract/3 https://www.uptodate.com/contents/management-of-normal-labor-and-delivery/abstract/3 https://www.uptodate.com/contents/management-of-normal-labor-and-delivery/abstract/32 https://www.uptodate.com/contents/management-of-normal-labor-and-delivery/abstract/32 https://www.uptodate.com/contents/management-of-normal-labor-and-delivery/abstract/32 https://www.uptodate.com/contents/management-of-normal-labor-and-delivery/abstract/35 https://www.uptodate.com/contents/management-of-normal-labor-and-delivery/abstract/35 https://www.uptodate.com/contents/management-of-normal-labor-and-delivery/abstract/35 https://www.uptodate.com/contents/management-of-normal-labor-and-delivery/abstract/35 https://www.uptodate.com/contents/management-of-normal-labor-and-delivery/abstract/47 https://www.uptodate.com/contents/management-of-normal-labor-and-delivery/abstract/47 https://www.uptodate.com/contents/management-of-normal-labor-and-delivery/abstract/47 https://www.uptodate.com/contents/management-of-normal-labor-and-delivery/abstract/47 https://www.uptodate.com/contents/management-of-normal-labor-and-delivery/abstract/48 https://www.uptodate.com/contents/management-of-normal-labor-and-delivery/abstract/48 https://www.uptodate.com/contents/management-of-normal-labor-and-delivery/abstract/48 https://www.uptodate.com/contents/management-of-normal-labor-and-delivery/abstract/48 https://www.uptodate.com/contents/management-of-normal-labor-and-delivery/abstract/51 https://www.uptodate.com/contents/management-of-normal-labor-and-delivery/abstract/51 https://www.uptodate.com/contents/management-of-normal-labor-and-delivery/abstract/51 https://www.uptodate.com/contents/management-of-normal-labor-and-delivery/abstract/52 https://www.uptodate.com/contents/management-of-normal-labor-and-delivery/abstract/52 https://www.uptodate.com/contents/management-of-normal-labor-and-delivery/abstract/52 https://www.uptodate.com/contents/management-of-normal-labor-and-delivery/abstract/52 https://www.uptodate.com/contents/management-of-normal-labor-and-delivery/abstract/53 https://www.uptodate.com/contents/management-of-normal-labor-and-delivery/abstract/53 https://www.uptodate.com/contents/management-of-normal-labor-and-delivery/abstract/53 https://www.uptodate.com/contents/management-of-normal-labor-and-delivery/abstract/53 https://www.uptodate.com/contents/management-of-normal-labor-and-delivery/abstract/53 https://www.uptodate.com/contents/management-of-normal-labor-and-delivery/abstract/53 Prof. Natália Carvalho | Resumo Estratégico | Agosto 2021 49 Assistência ao Parto Estratégia MED OBSTETRÍCIA CAPÍTULO 14.0 CONSIDERAÇÕES FINAIS Chegamos ao final de mais um resumo de Obstetrícia! E, para você nunca mais esquecer esse tema, preparei uma lista de questões para ajudá-lo a fixar todo esse conhecimento! Lembre-se de que, aqui no Estratégia MED, temos o fórum de dúvidas! Se você tiver qualquer dúvida ou dificuldade, tanto com a teoria como com a resolução das questões, pode se comunicar comigo sempre que achar necessário e eu estarei a postos para ajudá-lo. Além disso, recomendo que siga o perfil do Estratégia MED nas redes sociais! Lá você ficará atualizado de todas as notícias sobre as provas de Residência Médica do País. Você também pode seguir meu perfil no Instagram, local em que compartilho com alunos e pacientes temas sobre Obstetrícia e Medicina Fetal. Conte comigo nessa jornada! Natália Carvalho Prof. Natália Carvalho | Resumo Estratégico | Agosto 2021 50 Assistência ao Parto Estratégia MED OBSTETRÍCIA https://med.estrategiaeducacional.com.br/ 1.0 AVALIAÇÃO INICIAL DA PARTURIENTE 1.1 Diagnóstico de trabalho de parto 1.2 Admissão da parturiente 2.0 ASSISTÊNCIA AO PRIMEIRO PERÍODO: DILATAÇÃO 3.0 ASSISTÊNCIA AO SEGUNDO PERÍODO: EXPULSIVO 4.0 ASSISTÊNCIA AO TERCEIRO PERIODO: DEQUITAÇÃO 5.0 ASSISTÊNCIA AO QUARTO PERÍODO: PERÍODO DE GREENBERG 6.0 ASSISTÊNCIA AO PUERPÉRIO FISIOLÓGICO 6.1 Modificações do puerpério fisiológico 6.2 Cuidados maternos no puerpério 7.0 RESUMO DAS INTERVENÇÕES RECOMENDADAS E NÃO RECOMENDADAS NA ASSISTÊNCIA AO PARTO NORMAL 8.0 MÉTODOS DE ALÍVIO DA DOR NO PARTO 8.1 Métodos não farmacológicos de alívio da dor do parto 8.2 Métodos farmacológicos de alívio da dor do parto 8.2.1 Bloqueio regional 8.2.2 Analgésicos sistêmicos: opioides 8.2.3 Analgesia inalatória 8.2.4 Bloqueio de pudendo 8.2.5 Anestesia local9.0 COMPLICAÇÕES ASSOCIADAS AO PARTO NORMAL CEFÁLICO 9.1 Prolapso de cordão umbilical 9.2 Distócia de biacromial 9.2.1 Conduta na distócia de biacromial 10.0 ASSISTÊNCIA AO PARTO PÉLVICO 10.1 Vias de parto na apresentação pélvica 10.2 Versão cefálica externa 10.3 Assistência ao parto pélvico vaginal 10.4 Mecanismos do parto pélvico 10.5 Complicações no parto pélvico 11.0 ASSISTÊNCIA AO PARTO CESÁREO 11.1 Indicações 11.2 Preparo pré-operatório 11.3 Técnica cirúrgica 11.4 Complicações do parto cesáreo 12.0 Lista de questões 13.0 Referências Bibliográficas 14.0 CONSIDERAÇÕES FINAIS