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SISTEMAS ORGANIZACIONAIS AULA 2 Profª Dayse Mendes 2 CONVERSA INICIAL Caro aluno, nesta aula de Sistemas Organizacionais tem-se por objetivo entender que as organizações são compostas por uma série de subsistemas. Para tanto, é preciso entender inicialmente o conceito de sistemas organizacionais. Conforme Chiavenato (2014, p. 339), “sistema denota um conjunto de elementos interdependentes e interagentes ou um grupo de unidades combinadas que formam um todo organizado”. Uma das características de um sistema é que ele tem um propósito ou objetivo a ser alcançado. Para alcançar objetivos se faz necessário dividir trabalho em uma organização e atribuí-lo a uma área responsável por aquela atividade específica. Essa área será um subsistema. Com cada subsistema exercendo sua função, o sistema organizacional como um todo alcança seus objetivos. Uma organização possui uma série de subsistemas. Os mais frequentemente encontrados nas organizações são os sistemas produtivo, de gestão de pessoas, de marketing, financeiro e de informações gerenciais. Cada um desses subsistemas será apresentado, mostrando sua função na organização, como são compostos e sua importância em relação ao sistema organizacional como um todo. Assim, será possível observar que, com cada subsistema exercendo adequadamente sua função, a organização como um todo atingirá suas metas, alcançando os resultados desejados. TEMA 1 – SUBSISTEMA DE PRODUÇÃO Desde que o homem começou a manufaturar bens para seu próprio uso e, posteriormente, para trocá-los por outros bens ou serviços, houve a necessidade de estabelecer como realizar este trabalho. De início, o artesão que manufaturava um determinado bem conhecia todos os processos para tanto. Por exemplo, um sapateiro conhecia desde a origem do boi que se transformaria no couro e a matéria-prima do sapato até as pessoas que consumiam seus sapatos, dominando assim todo o ciclo da cadeia produtiva. Com o passar do tempo e a alteração das condições sociais, começaram a surgir novas necessidades quanto ao estabelecimento do processo produtivo. Por volta do século XIX, surgem as primeiras indústrias na Europa, movidas em especial pelo uso da máquina a vapor para realizar esforços que antes eram 3 feitos por esforço humano ou animal, aumentando consideravelmente a velocidade de produção de bens. Com essa nova conjuntura, surge a possibilidade de se fabricar bens em grandes quantidades. Para isso acontecer de uma maneira organizada foi necessário elaborar novas técnicas de produção, bem como uma função específica dentro da organização para tratar o processo produtivo. Surge assim o sistema de produção que, conforme Moreira (2012, p. 7), é o “conjunto de atividades e operações inter-relacionadas envolvidas na produção de bens (caso das indústrias) ou serviços”. O sistema de produção, como qualquer sistema, é composto de entrada, processamento e saída. No caso do sistema de produção, esses elementos que o compõem são os insumos, o processo de conversão ou transformação, e o produto (bem ou serviço), além de um subsistema de controle ou feedback. A Figura 1 ilustra esse sistema. Tal sistema deve se comportar de forma a garantir eficiência, produtividade e eficácia à produção. Eficiência, conforme Garcia (2016), está relacionada a ideia de fazer o trabalho de forma correta, seguir instruções, padrões e procedimentos, de forma a alcançar o que foi projetado. Produtividade, por sua vez, diz respeito à relação entre o quanto se produz em relação ao tempo que se leva para produzir. Quanto mais unidades produzidas em um mesmo período de tempo, maior a produtividade. Finalmente, espera-se do sistema a eficiência, ou seja, fazer o que é certo e atingir os objetivos esperados. Nesse sentido, o sistema pode ser eficiente, pois está conforme, mas não ser eficaz, por não trazer os resultados de que a organização precisa. Figura 1 – Elementos do sistema de produção Fonte: Agostinho, 2015, p. 111. Como insumos pode-se dar como exemplos a matéria-prima e a informação necessárias para se iniciar o processo de conversão, no caso de um 4 bem, ou de criação, no caso de um serviço, além de todos os demais inputs necessários para dar início à produção. O processo de conversão diz respeito à transformação da matéria-prima em um bem ou da elaboração do serviço solicitado ao sistema produtivo. O subsistema de controle garante que o objetivo do sistema produtivo seja atingido, readequando, quando necessário, o processo de conversão do sistema. Com todos os elementos funcionando de forma integrada, será possível obter o bem ou o serviço desejado na saída do sistema. Na literatura encontra-se uma classificação para os vários tipos de sistemas produtivos existentes. Conforme Moreira (2012, p. 9), os sistemas produtivos podem ser categorizados de acordo com o fluxo do processo produtivo em três grandes categorias: “a. Sistemas de produção contínua ou de fluxo em linha; b. Sistemas de produção por lotes ou por encomenda (fluxo intermitente); c. Sistemas de produção para grandes projetos sem repetição”. Nesse tipo de classificação tradicional para a produção de bens, observa- se a maneira como o produto se desloca dentro do processo produtivo. Moreira (2012) explica que no sistema por produção contínua há padronização dos produtos. O autor ainda explica que não é só o produto que é padronizado, mas também todas as operações que ele sofre são padronizadas e definidas previamente. Uma preocupação é a de balancear adequadamente o tempo de cada uma das operações a fim de evitar-se gargalos produtivos, ou seja, operações que restringem um fluxo mais contínuo do processo produtivo. Assim, as operações que acontecem de forma mais vagarosa não atrapalham o processo como um todo. No sistema de produção por lotes, o processo produtivo é intermitente, ou seja, produz-se uma determinada quantidade do produto. Assim que se finaliza essa quantidade, inicia-se a fabricação de um novo produto. Dessa forma, o arranjo físico do local produtivo não pode ter uma linha específica e fixa, já que cada lote de produto pode necessitar de operações diferentes para sua confecção. Assim, máquinas e equipamentos genéricos são agrupados por funções. Dessa forma o sistema fica flexível para produzir diferentes produtos. Por outro lado, o volume de produção será baixo. Finalmente, no sistema por projeto cada produto é exclusivo, portanto o fluxo de produtos inexiste. Há, por outro lado, uma sequência de tarefas a serem realizadas no produto. Essas tarefas pouco se repetem durante todo o processo produtivo. 5 Esta classificação é adequada ao processo produtivo de bens. No entanto, quando se trata de serviços, classifica-los somente pelo fluxo ao longo do processo é insuficiente. Para suprir essa necessidade de análise Schroeder (1981) lança uma classificação que utiliza duas dimensões e que fica conhecida como a Classificação Cruzada de Schroeder. Conforme Moreira (2012, p. 25), nesse modelo se tem a classificação “por tipo de fluxo de produto” e a classificação “por tipo de atendimento ao consumidor”, na qual existem dois possíveis sistemas: “a) sistemas orientados para estoque; b) sistemas orientados para a encomenda”. No caso dos sistemas orientados para o estoque, o atendimento ao cliente é rápido e o custo é baixo, mas a flexibilidade quanto à escolha do produto é baixa. No caso dos sistemas orientados para a encomenda, o processo estará voltado ao atendimento de um cliente específico, com o qual se ajustará qual o produto, qual o prazo de entrega, entre outras variáveis. O produto não é padronizado. Ao analisar uma situação por meio da Classificação de Cruzada de Schroeder, deve-se observar ao mesmo tempo os requisitos das duas dimensões: fluxo e atendimento.Figura 2 – Classificação cruzada de Schroeder Fonte: Moreira, 2012, p. 26. Observando as diferentes características de cada tipo de sistema produtivo é possível tomar decisões que melhor se adequem à organização, tornando-a mais eficiente, eficaz e produtiva. Para tanto, ainda é necessário, segundo Garcia (2016), que o sistema produtivo seja norteado pelo alinhamento com os demais subsistemas organizacionais para o alcance das estratégias da empresa e pelo apoio funcional dos demais subsistemas, já que estes s são provedores de inputs ao sistema produtivo. 6 TEMA 2 – SUBSISTEMA DE GESTÃO DE PESSOAS O subsistema de gestão de pessoas é mais um dos subsistemas a compor o sistema organizacional. Sua principal função é tratar de todos os assuntos relacionados aos cuidados com os funcionários da organização. Sua existência se deve ao fato de as organizações serem compostas por pessoas e os processos organizacionais dependerem de sua atuação. Quanto maior o cuidado com as pessoas, maior a possibilidade de se alcançar os objetivos organizacionais. Assim, cabe ao subsistema de gestão de pessoas cuidar tanto dos aspectos internos quanto dos aspectos externos que impactam a rotina das pessoas que compõem a organização. Para Chiavenato (2008), o gestor deste subsistema deve estar atento a uma série de procedimentos para que possa formar uma boa equipe de trabalho. Dentre esses procedimentos estão: 1. Saber atrair e escolher as pessoas certas: neste procedimento encontram-se várias atividades da área, como localização, recrutamento e seleção. Vale ressaltar que o recrutamento pode ser tanto interno quanto externo à organização. Chiavenato (2008, p. 52-53) afirma que Recrutamento envolve um conjunto de ações para atrair talentos e comunicar-lhes as oportunidades de trabalho [...]. Podem-se atrair candidatos por meio de agências especializadas, anúncios em jornais ou revistas, indicação de colaboradores, internet [...]. A seleção, por outro lado, envolve um conjunto de ações para escolher dentre os candidatos que se apresentam mais adequados e ajustados às posições a serem preenchidas. A seleção pode envolver provas de conhecimento ou de capacidade exigidos pela tarefa a executar, avaliação de experiência profissional prévia, bem como entrevistas para aquilatar características e atitudes pessoais dos candidatos. 2. Saber aplicar as pessoas e obter o máximo delas: para tanto, é necessário planejar e organizar tarefas e atividades, definir metas e objetivos, dividir e diferenciar atividades, alocar recursos e exercer liderança. Para tanto, Chiavenato (2008, p. 54) propõe um cronograma de atividades, a ser desenvolvido pelo gestor e compartilhado com a equipe: a. Fazer um mapeamento global do trabalho a ser executado. b. Definir os objetivos globais a serem alcançados pela equipe. c. Fazer a divisão do trabalho global e atribuir responsabilidades a cada pessoa da equipe pelas tarefas e responsabilidade de todos pelo alcance dos objetivos. d. Planejar o trabalho da equipe para que seja integrado e solidário. e. Ajudar cada participante na condução de suas atividades, dando orientação, treinamento e feedback sempre que necessário. 7 f. Avaliar o desempenho da equipe e de cada indivíduo que compõe a equipe. g. Recompensar a equipe e cada participante pelos resultados obtidos. 3. Saber preparar e desenvolver as pessoas: para desenvolver suas atividades com eficácia, as pessoas precisam receber instruções e terem suas habilidades desenvolvidas. Para tanto existem algumas ações. A integração é a primeira dessas ações. Nela a pessoa conhece a organização como um todo e seu papel específico dentro da empresa. Um segundo passo é a capacitação e o desenvolvimento da pessoa por meio de treinamentos internos e externos. Chiavenato (2008, p. 56) diz que O treinamento constitui um processo sequencial e articulado que começa com o diagnóstico das necessidades que o geraram, o projeto e a programação de conteúdo para remover a carência de treinamento, a implementação do projeto por intermédio de ações (aulas, práticas, exercícios, leituras, discussões, simulações, etc.) e a avaliação dos resultados, para verificar se o projeto conseguiu eliminar a carência de treinamento. 4. Saber como recompensar as pessoas: assim como uma organização busca o alcance de seus objetivos, as pessoas que dela fazem parte também têm seus objetivos individuais. Alinhar objetivos organizacionais com objetivos individuais, segundo Chiavenato (2008), é fundamental para o alcance de ambos. Assim, o gestor deve oferecer as recompensas adequadas (financeiras ou não) àqueles que conquistam metas e resultados desejados. 5. Saber manter e reter os talentos organizacionais: é fundamental criar um clima organizacional interno adequado às pessoas, com uma boa qualidade de vida para mantê-las na organização pois, conforme Chiavenato (2008, p.60), “escolhidos os melhores talentos, planejado e organizado o trabalho em uma equipe integrada, preparados e capacitados para o trabalho e devidamente recompensados e impulsionados, o pior que pode acontecer será perder os talentos até então construídos com tanto esforço”. 6. Saber avaliar os talentos: a avaliação deve ser um instrumento de incentivo à melhoria contínua e nunca de punição pelo não alcance de resultados. Assim, cabe ao gestor definir o que deve ser avaliado, tanto em termos de desempenho individual como de desempenho da equipe, bem como de alcance de resultados. Chiavenato (2008, p. 60) propõe 8 que, no caso da avaliação da equipe, ela seja feita por meio de autoavaliação, pois será “sempre melhor e mais objetiva do que a avaliação feita por terceiros”. Figura 3 – Processos de gestão de pessoas Fonte: Garcia, 2016, p. 147. Além desses procedimentos internos, como se pode observar na Figura 3, o gestor precisa estar atento às influências externas do ambiente, tais como as leis, os sindicatos, os fatores econômicos, aspectos culturais e sociais, competitividade, entre outras forças que afetam o ambiente interno e a forma de tratar os funcionários. Todas essas ações devem estar alinhadas aos procedimentos estratégicos da organização, de forma que as pessoas conheçam os objetivos organizacionais e possam auxiliar no alcance dos resultados esperados. 9 TEMA 3 – SUBSISTEMA DE MARKETING O subsistema de marketing é responsável por pensar em como atender as necessidades das pessoas em termos dos produtos que a organização oferece, de maneira a produzir os resultados esperados pela organização e oferecer valor ao cliente. Dessa forma, o marketing não está associado somente à questão da publicidade ou propaganda, como normalmente se entende no senso comum. Vender é uma parte ínfima do trabalho do marketing. Drucker (1998, p. 61), ao se referir a essa questão, pondera que o objetivo do marketing não é vender, mas sim “conhecer o cliente tão bem que o produto ou serviço possa se adequar a ele e se vender sozinho”. Kotler (2015, p. 4) define marketing como Um processo administrativo e social pelo qual indivíduos e organizações obtêm o que necessitam e desejam por meio da criação e troca de valor com os outros. Em um contexto mais específico dos negócios, o marketing implica construir relacionamento lucrativos e de valor com os clientes. Assim, [...] marketing é o processo pelo qual as empresas criam valor para os clientes e constroem fortes relacionamentos com eles para capturar valore deles em troca. O subsistema de marketing envolve uma série de atividades que se iniciam com a pesquisa de necessidades do cliente para se saber qual produto a organização deve desenvolver, e vão até a outra ponta deste processo, em que se observa se o cliente está satisfeito com o produto. Tomada de decisão, análise estratégica e de resultados fazem parte da rotina deste subsistema.Para que tudo isto aconteça são analisadas em especial, mas não somente, quatro variáveis, designadas na literatura da área como o composto do marketing ou mix de marketing. Essas variáveis, segundo McCarthy (citado por Kotler, 2015, p. 149) são o “produto, o preço, a praça (ou ponto de venda) e a promoção”, formando os 4 Ps do marketing (em inglês product, price, place, promotion), como se observa na Figura 4. No entanto, Kotler (2012, p. 23) ressalta que estas não são as únicas variáveis a serem observadas, já que na atualidade não representam o cenário todo, e argumenta que o conceito deve ser atualizado “para que reflita o conceito de marketing holístico” envolvendo “pessoas, processos, programas e performance”. Figura 4 – Mix de marketing 10 Fonte: Kotler, 2012, p. 24. Tomando como base o Modelo de Excelência em Gestão (FNQ, 2016, p. 30-32), no item que trata do compromisso com as partes interessadas, verificam- se várias atividades do subsistema de marketing, tais como: • A identificação das necessidades e expectativas do cliente: nesta atividade se definem os métodos de identificação de necessidades e expectativas e se priorizam esses itens, considerando sua relevância para a organização e para o cliente. • A definição dos requisitos relacionados aos clientes: nesta atividade se traduzem as necessidades e expectativas do cliente em requisitos de desempenho organizacional, que possam ser medidos para verificar se as necessidades estão sendo atendidas ou mesmo superadas; define-se o nível de atendimento a ser prestado e como será a comunicação com os clientes. • O estabelecimento de canais de relacionamento: nesta atividade se definem quais serão os canais de relacionamento com o cliente, como será a divulgação e também o monitoramento destes canais. • A comunicação: definindo como será a comunicação da organização com seus clientes, como serão divulgados fatos importantes e como se definirá o relacionamento com os clientes, mantendo uma postura ética. • O tratamento das manifestações: esta atividade propõe os processos de tratamento de solicitações, reclamações e sugestões, tanto formais 11 quanto informais, os processos de feedback para o cliente, o uso das manifestações para a melhoria dos produtos e dos processos. • O desenvolvimento de mercado: esta atividade pode compreender a análise e a segmentação de mercado; o entendimento do comportamento dos consumidores e sua tradução em requisitos que possam ser mensurados; a definição dos clientes-alvo da organização; a gestão da marca; a divulgação dos produtos; a avaliação da imagem organizacional. • O relacionamento com clientes: nesta atividade se realiza o acompanhamento das transações com os clientes (novos ou antigos) e a colocação de novos produtos no mercado; e se faz a avaliação da satisfação, da fidelidade e da insatisfação do cliente em relação ao produto e à organização. Cabe, portanto, ao gestor do subsistema de marketing analisar o mercado em que a sua organização está inserida, identificar as oportunidades que esse mercado oferece, estabelecer com o nível estratégico da organização como aproveitar essas oportunidades, trazendo vantagem competitiva à organização e agregando valor ao cliente. TEMA 4 – SUBSISTEMA FINANCEIRO Para tratar dos resultados econômico-financeiros da organização existe o subsistema financeiro. Este subsistema se encarrega de gerir a captação (obtenção) e a alocação de recursos financeiros, de forma a alcançar os objetivos organizacionais. Para Garcia (2016), é função do gestor financeiro maximizar o valor de mercado da organização, de forma que ela possa gerar recursos financeiros a longo prazo. Assim, ressalta Garcia (2016, p. 155), o conceito de gestão de recursos financeiros “nada tem a ver com maximizar lucros. Lucro é uma medida contábil e de curto prazo”, delimitando melhor o papel do gestor do subsistema financeiro. Fica mais fácil entender essa ideia ao observar o conceito de finanças, dado por Gitman (2010, p. 3): “finanças diz respeito ao processo, às instituições, aos mercados e aos instrumentos envolvidos na transferência de dinheiro entre pessoas, empresas e órgãos governamentais”. Vale comentar que, quando Gitman (2010, p.4) cita empresas, está se referindo a organizações, posto que o gestor financeiro pode atuar em qualquer tipo de organização, sejam 12 “financeiras ou não, abertas ou fechadas, grandes ou pequenas”. Todas as organizações precisam captar recursos e geri-los para funcionar. Como funções do subsistema financeiro temos, conforme Garcia (2016, p. 156): • A controladoria, que “supervisiona as atividades de contabilidade. Emite relatórios gerenciais, de demonstrações financeiras e fiscais” • A tesouraria, em que se “administra as atividades financeiras relacionadas ao capital de giro (caixa, bancos, créditos, cobranças, pagamentos e outras)”. • O planejamento financeiro, no qual se “analisa e avalia fontes de financiamentos e de projetos de investimentos da empresa”. Sobral e Peci (2013, p. 562) acrescentam que, sob a ótica financeira, a organização passa por três distintos ciclos que devem ser gerenciados, a saber: o “ciclo de exploração, o ciclo de investimento e o ciclo de financiamento”, representados na Figura 5. Figura 5 – Ciclos organizacionais Fonte: Sobral; Peci, 2013, p. 562. Conforme Sobral e Peci (2013), o ciclo de exploração diz respeito ao retorno dos investimentos realizados pela organização por meio do desenvolvimento de sua atividade-fim. Neste ciclo, recursos em caixa se transformam em matéria-prima que, por sua vez, transforma-se em produto. O produto vendido origina um valor de venda em caixa, reiniciando todo esse processo. Ainda de acordo com os autores, o ciclo de investimento trata da 13 avaliação e seleção de alternativas de aplicação dos recursos de acordo com os objetivos estratégicos da organização. Nesse ciclo se define, por exemplo, se vai se comprar uma máquina ou se vai comprar ações de outras empresas. Finalmente, Sobral e Peci (2008) definem o ciclo de financiamento como o processo de avaliação e seleção das ofertas de recursos de terceiros e análise do uso de recursos próprios, de forma a manter a liquidez e o equilíbrio financeiro. Cabe ao gestor desse subsistema tomar as decisões necessárias em cada um dos ciclos para que a organização alcance os resultados desejados. Para verificar se os objetivos estão sendo cumpridos é importante que o gestor financeiro utilize de indicadores de desempenho. De acordo com Sobral e Peci (2013), esses indicadores são a forma mais tradicional de controle organizacional, posto que são mais fáceis de mensurar e controlar do que outros parâmetros de desempenho. Ainda segundo os autores, entre os indicadores mais utilizados destacam-se os demonstrativos financeiros, que auxiliam na mensuração e análise da movimentação dos produtos organizacionais. Esses demonstrativos avaliam “a liquidez da empresa, isto é, sua capacidade de conversão de ativos em dinheiro; a situação patrimonial da organização, ou seja, seu equilíbrio financeiro; a rentabilidade da empresa, ou seja, sua capacidade de gerar lucros” (Sobral; Peci, 2013, p. 375). De um modo geral, pode-se entender que o subsistema trabalha com aspectos externos e internos à organização. Esse trabalho tem como objetivo maximizar a riqueza da organização e, por consequência, a de seus proprietários. “A geração de riqueza pode ser verificada a partir das decisões de investimentos pela seleção de ativos que produzam os melhores fluxos de caixa no futuro”, em que se percebe a análise interna dos bens e dos direitos que a organização possui, “e a partir das decisões de financiamento pela redução dos riscos empresariais e dos custos das fontes de capital”, em que se observa a análise interna e externa de fatoresque auxiliem na tomada de decisão para captar recursos onde eles estiverem mais viáveis para a organização. TEMA 5 – SUBSISTEMA DE INFORMAÇÕES GERENCIAIS Este subsistema trata da coleta, armazenagem e distribuição das informações necessárias ao funcionamento das organizações. Independentemente do uso de computadores ou sistemas informatizados, as organizações sempre utilizaram informações para sua tomada de decisão. A 14 forma de manusear essas informações é que mudou com o tempo e com o acesso mais facilitado a computadores e sistemas. Anteriormente havia uma dificuldade na coleta das informações, e seu armazenamento era feito por meio de documentação em papel. Hoje há uma facilidade na aquisição das informações e em seu manuseio, porém essa grande oferta faz com que se necessite cuidar da confiabilidade das fontes a serem utilizadas. Dessa forma, a função do subsistema de informações gerenciais mudou ao longo do tempo. Novas atribuições surgiram conforme novas tecnologias forma agregadas a este subsistema. A tecnologia de informação (TI) surge para organizar, manusear, disseminar informações. Vale comentar que, segundo Caiçara Junior (2015, p. 22), “informação pode ser entendida como dados moldados de uma forma significativa e útil para as pessoas”. A função atual do subsistema de informações gerenciais é gerir essas informações em relação à determinação das necessidades de informação, à forma de obtê-las, a sua distribuição e a sua utilização na organização. O gestor deste subsistema deve cuidar também da qualidade da informação. Conforme Caiçara (2015, p. 27), uma informação de qualidade deve ter uma série de características específicas, que são: Precisa: a informação precisa não tem erros. Completa: a informação completa contém todos os fatos importantes. Econômica: deve-se considerar o custo de produção versus a importância da informação. Flexível: a informação flexível pode ser utilizada para diversas finalidades. Confiável: a informação confiável depende de sua fonte. Relevante: a informação relevante é importante para o tomador de decisões. Simples: informação em excesso pode causar sobrecarga. Em tempo: a informação em tempo é enviada quando necessário. Verificável: a informação pode ser checada em várias fontes. O subsistema de informação gerencial vai suprir as necessidades de cada um dos demais subsistemas que formam a organização, visto que as informações necessárias para a produção são diferentes daquelas necessárias ao marketing ou à gestão de pessoas. Para suprir a necessidade de cada subsistema o gestor da área deve gerar “diversos relatórios que demonstram o desempenho passado e presente da empresa” contribuindo “para informa-los das previsões de desempenho futuro” (Caiçara Junior, 2015, p. 85). Mas é importante ressaltar que esses sistemas não devem operar de forma isolada, 15 visto que a intenção é que a organização como um todo possa alcançar seus objetivos por meio do desempenho adequado de cada subsistema. O subsistema de informações de uma organização é composto por três dimensões: a humana, a tecnológica e a organizacional. A dimensão humana compreende as pessoas e suas características. Espera-se que o pessoal do subsistema de informações seja qualificado e capacitado para operar os sistemas da organização. Conforme Garcia (2016, p. 164), de nada ainda a organização contar com o mais sofisticado dos equipamentos se as pessoas não cumprirem seu papel no processo. Por isso os gestores devem estar atentos à dimensão humana, ou seja, a “capacitação, motivação, remuneração e políticas de gestão de pessoas como um todo”. A dimensão tecnológica diz respeito à infraestrutura de TI da organização, que pode ser interna ou terceirizada, e é composta por hardware, software, tecnologia de gestão de dados, tecnologia de rede e de telecomunicações, e pelos serviços de tecnologia. Garcia (2016, p. 165) descreve assim estas dimensões: Hardware: é todo tipo de equipamento físico utilizado no sistema de informação para entrada, processamento, armazenamento e saída de dados. Computadores, dispositivos móveis, servidores, impressoras, scanners e equipamentos de telecomunicações sã alguns exemplos de hardware. Software: é o termo utilizado para definir os programas e aplicativos que dão aos hardwares as instruções para que funcionem. O sistema Windows, o Android e os aplicativos do pacote Office são exemplos de software. Tecnologia de gestão de dados: é um tipo de software que integra os dados de toda a empresa. Ele organiza, gerencia e processa dados relativos a estoques, clientes, fornecedores e até funcionários. Os softwares de ERP (Enterprise Resource Planning) e os sistemas integrados de gestão (SIGs), desenvolvidos pela SPA e pela TOTVS são exemplos desse elemento. Tecnologia de rede e telecomunicações: é a tecnologia que oferece conectividade com a internet e com sistemas de telefonia para operar sites e conectar-se a outros sistemas computacionais, tanto interna quanto externamente à empresa. Serviços de tecnologia: são agentes que operam e gerenciam os demais componentes e que ensinam os funcionários a utilizá-los nas suas rotinas de trabalho. Tais agentes podem ser funcionários do departamento de TI da empresa ou empresas especializadas nesses serviços, que podem ser contratadas em regime de terceirização. Já a dimensão organizacional trata de observar de quais serviços a organização necessita e como a cultura organizacional afeta a forma de criar e de utilizar os sistemas informacionais da empresa. Para finalizar, é importante comentar que, assim como os demais subsistemas, o subsistema de informações gerenciais também necessita de 16 indicadores de desempenho de forma a garantir a identificação, a retenção e proteção (segurança), o desenvolvimento e a utilização adequada das informações que circulam dentro e fora da organização. FINALIZANDO Nesta aula você pôde observar que as organizações podem ser entendidas como sistemas que são compostos por subsistemas. Cada um desses subsistemas tem seu papel definido para que a organização como um todo tenha um melhor resultado e alcance seus objetivos. Os subsistemas clássicos, que existem na maioria das organizações, são o subsistema de produção, o subsistema de marketing, o subsistema de pessoas e o subsistema de informações gerenciais. O subsistema de produção trata de planejar e gerir os processos produtivos, transformando insumos em produtos acabados. O subsistema de marketing tem a função de gerar vantagem competitiva para a organização e valor para o cliente, identificando e suprindo suas necessidades. O subsistema de gestão de pessoas cumpre o papel de acompanhar as pessoas que compõem a organização, de forma que sejam produtivas e estejam satisfeitas. O subsistema financeiro tem a função de maximizar a riqueza da organização. E, finalmente, cabe ao subsistema de informações gerenciais prover e assegurar informações fidedignas para todos os subsistemas que delas necessitam para executar suas atividades. Veja o resumo no mapa conceitual proposto por Garcia, ilustrado na Figura 6. 17 Figura 6 – Mapa conceitual das relações dos subsistemas Fonte: Garcia, 2016, p. 172. Conhecendo cada subsistema, bem como seus relacionamentos com os demais subsistemas, você é capaz de entender todo o funcionamento da organização e como tornar a gestão mais eficaz no alcance dos objetivos organizacionais. 18 REFERÊNCIAS AGOSTINHO, D. S. Tempos e métodos aplicados à produção de bens. Curitiba: InterSaberes, 2015. CAIÇARA JUNIOR, C. Sistemas integrados de gestão – ERP: uma abordagem gerencial. 2. ed. Curitiba: InterSaberes, 2015. CHIAVENATO, I. Administração para administradores e não- administradores: a gestão de negócios ao alcance de todos. 4. ed. Barueri: Manole, 2014. _____.Introdução à teoria geral da administração: uma visão abrangente da moderna administração das organizações. São Paulo: Saraiva, 2008. DRUCKER, P. Introdução à administração. 3. ed. São Paulo: Pioneira, 1998. FNQ – FUNDAÇÃO NACIONAL DA QUALIDADE. MEG: Modelo de Excelência em Gestão. 21. ed. FNQ, 2016. GARCIA, E. de O. P. Visão sistêmica da organização: conceitos, relações e eficácia operacional. Curitiba: InterSaberes, 2016. GITMAN, L. J. Princípios de administração financeira. 12. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2010. KOTLER, P.; ARMSTRONG, G. Princípios de marketing. 15. ed. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2015. KOTLER, P. Administração de marketing. 14. ed. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2012. MOREIRA, D. Administração da produção e operações. 2. ed. São Paulo: Cengage Learning, 2012. SCHROEDER, R. G. Operations management: decision making in the operations function. Nova York: McGraw-Hill, 1981. SOBRAL, F.; PECI, A. Administração: teoria e prática no contexto brasileiro. 2. ed. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2013. Conversa inicial TEMA 1 – SUBSISTEMA DE PRODUÇÃO TEMA 2 – SUBSISTEMA DE GESTÃO DE PESSOAS TEMA 3 – SUBSISTEMA DE MARKETING TEMA 4 – SUBSISTEMA FINANCEIRO TEMA 5 – SUBSISTEMA DE INFORMAÇÕES GERENCIAIS FINALIZANDO REFERÊNCIAS
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