Buscar

AS III Políticas e Programas em Segurança Alimentar e Nutricional

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 16 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 16 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 16 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

POLÍTICAS E 
PROGRAMAS EM 
SEGURANÇA 
ALIMENTAR E 
NUTRICIONAL 
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
 > Reconhecer o conceito de SAN e suas dimensões.
 > Identificar as principais políticas e programas de SAN vigentes no Brasil.
 > Discutir o Sistema Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (SISAN) 
e suas diretrizes.
Introdução
Ao longo das últimas décadas, o debate sobre segurança alimentar e nutricional 
(SAN) vem ganhando destaque na sociedade civil e na agenda das políticas públicas 
de diversos países, entre eles o Brasil. A SAN está fortemente associada à saúde, ao 
ambiente e ao desenvolvimento sustentável global e atua como um eixo do desenvol-
vimento e um objetivo estratégico das políticas públicas nacionais fundamentadas 
no princípio da soberania alimentar e do direito humano à alimentação adequada.
Neste capítulo, você vai conhecer um pouco mais sobre o conceito de SAN e 
sua evolução ao longo da história. Em seguida, identificará os principais progra-
mas e políticas públicas que estão vigentes no Brasil, que visam à promoção e à 
manutenção da SAN; por fim, poderá entender um pouco mais sobre o Sistema 
Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (SISAN).
Políticas e 
programas em 
segurança alimentar 
e nutricional
Jeison Fernando Schmitz
Histórico e evolução do conceito de 
segurança alimentar e nutricional
Para falarmos sobre a SAN, inicialmente é importante explicitarmos alguns 
conceitos que são correlatos, como os listados a seguir (CONTI, 2009):
 � Pobreza: ocorre de duas formas; uma delas é a absoluta, quando a 
renda do indivíduo é insuficiente ou inexistente e, com isso, fica privado 
de acessar os meios básicos, como alimentação, saúde, habitação e 
educação, e a outra é a pobreza relativa, calculada pela média geral 
do nível de vida da população, distorcendo a realidade, principalmente 
em localidades com alta desigualdade social, como no Brasil.
 � Fome: ocorre quando o indivíduo não se alimenta diariamente em 
quantidade e qualidade suficientes para suprir as necessidades de 
energia de sua taxa metabólica basal. Essa alimentação ineficiente 
estimulará sensações que incitam o indivíduo a se alimentar, as quais 
só cessarão com a ingestão de algum alimento.
 � Desnutrição: geralmente está associada às situações de pobreza e 
fome. Advém de uma alimentação inadequada ou inexistente, tanto 
de forma quantitativa (calorias geradas) quanto qualitativa (macro e 
micronutrientes).
 � Insegurança alimentar: definida quando ocorre a ingestão insuficiente 
de alimentos, que pode ser considerada transitória (épocas de crises), 
estacional (campanhas agrícolas) ou crônica (quando ocorre de forma 
contínua). A insegurança alimentar pode ser classificada em três níveis: 
leve, moderada ou grave. 
 ■ O nível leve se caracteriza pela presença da incerteza sobre conseguir 
alimentação no futuro. 
 ■ O nível moderado acontece quando a qualidade e a quantidade de 
alimentos estão comprometidas e sofrem uma redução, para que 
não falte comida antes da próxima aquisição. 
 ■ Já a insegurança alimentar de nível grave ocorre quando um indiví-
duo ou a sua família passam fome, por não consumirem alimentos 
durante um dia inteiro ou mais. 
 � Conforme o relatório O estado da segurança alimentar e nutrição no 
mundo 2020 (FAO, 2020), estima-se que 9% da população da América 
Latina e do Caribe sofre de insegurança alimentar grave. O que causa 
bastante preocupação é o dato de que nessa mesma região, com menos 
de 1,06 dólar por dia, o indivíduo estará em insegurança alimentar, 
Políticas e programas em segurança alimentar e nutricional2
pois é o custo de compra para uma dieta que atenda às mínimas ne-
cessidades nutricionais. Essas estimativas não consideram o impacto 
ocasionado pela pandemia da Covid-19, portanto, os problemas rela-
cionados à insegurança alimentar serão muito maiores.
O conceito de SAN abrange o direito de todos os indivíduos terem acesso 
de forma regular e permanente a uma alimentação saudável, de qualidade e 
em quantidade suficiente, sem comprometer o direito de outras necessidades 
essenciais. A base da SAN está em atividades alimentares que promovem a 
saúde, respeitando as particularidades e diversidades culturais de cada região. 
Entretanto, o conceito de SAN nem sempre foi o mesmo e, podemos dizer, foi 
evoluindo conforme o avanço da história da humanidade e a preocupação 
com a alimentação.
No início do século XX, após a Primeira Guerra Mundial (1914–1918), na 
Europa veio à luz a expressão segurança alimentar (SA), relacionada com a 
ideia de que a soberania de uma nação estava estritamente ligada à autos-
suficiência alimentar. Ou seja, cada país, para se tornar menos vulnerável e 
dependente em tempos de crises e guerras, necessitava garantir meios para 
suprir a maior parte dos alimentos consumidos pela sua população (CONTI, 
2009; FREITAS, 2019; MORAIS; SPERANDIO; PRIORE, 2020).
Após a Segunda Guerra Mundial (1939–1945), a SA ganhou ainda mais força, 
principalmente com o surgimento de iniciativas como a criação da Organização 
das Nações Unidades (ONU) e a Organização das Nações Unidas para Alimen-
tação e Agricultura (FAO). Em 1948, foi proclamada a Declaração Universal dos 
Direitos Humanos (DUDH), pautada na promoção da justiça e da paz. A DUDH 
declara em seu artigo 25 que toda pessoa tem direito a um padrão de vida 
que assegure a si e à sua família saúde e bem-estar, inclusive alimentação 
(FREITAS, 2019; MORAIS; SPERANDIO; PRIORE, 2020). Em 1974, a FAO promoveu 
a I Conferência Mundial de Segurança Alimentar, impulsionada pela crise 
mundial de escassez de alimentos devido a quebras elevadas na produção em 
diversos países e, consequentemente, grandes altas nos preços de diversos 
alimentos. Durante a Conferência, foi constatado que só produzir alimentos 
não seria o suficiente para a garantia da SA; seria necessário garantir um 
acesso com regularidade para alimentar toda a população. Portanto, a partir 
da Conferência de 1974, foram estabelecidas algumas prioridades, como a 
ampliação da pesquisa agronômica, a intensificação da produção de alimento 
e o desenvolvimento de políticas e programas para melhorar a nutrição. Nesse 
momento, o conceito de SA estava voltado totalmente à produção agrícola, 
Políticas e programas em segurança alimentar e nutricional 3
ou seja, enfoque no alimento e não no fator humano (CONTI, 2009; FREITAS, 
2019; MORAIS; SPERANDIO; PRIORE, 2020; PINTO, 2013).
Com essa mudança no foco, a partir dos anos 1980, a produtividade agrí-
cola gerou excedentes na produção e aumento de estoques, resultando na 
redução dos preços dos alimentos. No entanto, mesmo assim, problemas da 
dificuldade no acesso à alimentação eram frequentes. E, com isso, foi cons-
tatado que a pobreza e a ausência de recursos necessários para a aquisição 
de alimentos eram as principais causas da fome e da desnutrição. Então, 
em 1983, a FAO reformulou o conceito de as para, além da disponibilidade 
de alimentos, considerando a importância do acesso aos alimentos, tanto 
de forma física quanto econômica, propiciando maior igualdade (MORAIS; 
SPERANDIO; PRIORE, 2020).
Na década de 1990, após diversas conferências apoiadas pela FAO e pela 
Organização Mundial da Saúde (OMS), acrescentaram-se outras perspectivas 
no conceito de SA após compreenderem que a disponibilidade e o acesso ao 
alimento não eram suficientes para assegurar uma situação de segurança 
alimentar. O acréscimo foi de perspectivas da nutrição (composição e varie-
dade da dieta), da qualidade (química, biológica e física) e da inocuidade dos 
alimentos, da produção sustentável, equilibrada e culturalmente aceitável e 
dos princípios do direito humano à alimentação adequada (DHAA). Então, em 
1992, na Conferência Internacional de Nutrição que ocorreu na Itália, devido 
à essa nova visão sobre a segurança alimentar, passou a ser denominada 
Segurança Alimentar e Nutricional (SAN). Em 1996, a Cúpula Mundial da Ali-
mentação, convocada pela FAO, instaurou que a SANocorre quando todos os 
indivíduos possuem, de forma permanente, acesso físico, social e econômico 
a alimentos seguros, nutritivos e em quantidade suficiente para atender às 
suas necessidades nutricionais e preferências alimentares (CONTI, 2009; 
FREITAS, 2019; MORAIS; SPERANDIO; PRIORE, 2020; PINTO, 2013).
Desde então, esse conceito vem ganhando destaque em diversas discus-
sões pelo mundo e sendo remodelado de acordo com a realidade de cada 
nação. No Brasil, na II Conferência Nacional de Segurança Alimentar e Nutri-
cional, realizada no ano de 2004, entre as deliberações estava a definição de 
instituir um Sistema nacional de segurança alimentar e nutricional sustentável, 
assegurando a regulamentação das políticas de SAN como política pública, 
inclusive com Lei Orgânica. Tendo uma grande repercussão, essa deliberação 
logo se transformou em um Projeto de Lei que foi prontamente aprovado pela 
Câmara de Deputados e pelo Senado Federal. E, assim, em 15 de setembro de 
2006, foi sancionada a Lei nº 11.346 que cria o Sistema Nacional de Segurança 
Alimentar e Nutricional (SISAN) com vistas a assegurar o DHAA e a criação 
Políticas e programas em segurança alimentar e nutricional4
da Lei Orgânica de Segurança Alimentar e Nutricional (LOSAN), que definiu o 
conceito da SAN mencionado no início desse texto.
Existe uma grande abrangência de conceitos para a SAN, o que pode dificul-
tar um pouco sua mensuração e seu monitoramento. Definindo as dimensões, 
é possível identificar e monitorar os determinantes e as consequências da 
insegurança alimentar e da fome. Diante dessa possibilidade, em esfera 
internacional, a FAO aponta quatro dimensões da SAN: a disponibilidade, o 
acesso e a utilização dos alimentos, e a estabilidade, que é uma dimensão 
transversal às outras três (Figura 1) (FAO, 2014).
Figura 1. As quatro dimensões da SAN.
Fonte: Adaptada de FAO (2014).
A dimensão disponibilidade garante a disponibilidade dos alimentos para 
toda a população, envolvendo questões de produção, comércio internacional 
e nacional, abastecimento e distribuição desses alimentos. Como exemplo, 
podemos citar ações de melhoria dos sistemas de produção, acesso a meios 
de produção (ferramentas e insumos) e acesso aos recursos naturais (terra, 
sementes e água). O acesso tanto físico quanto econômico dos alimentos 
ocorre quando todos possuem a capacidade do obter esses alimentos de 
forma socialmente aceitável (compra, produção ou troca). Como ações que 
promovam a dimensão do acesso aos alimentos, podemos citar os programas 
de proteção social, acesso ao crédito e redes de segurança. A dimensão da 
utilização dos alimentos e nutrientes está relacionada com o seu aproveita-
mento biológico, influenciado pelas condições de saneamento básico e saúde 
dos indivíduos e pela segurança (microbiológica e química) dos alimentos, 
abrangendo o conhecimento nutricional e a autonomia alimentar. Algumas 
ações em função dessa dimensão são os planos de vacinação, os programas 
de educação alimentar e nutricional e o acesso a cuidados de saúde. E a di-
mensão estabilidade está relacionada ao elemento temporal da necessidade 
das três primeiras dimensões. 
No Brasil, a SAN é monitorada por meio de seis dimensões, que possuem 
similaridade com as quatro dimensões da esfera internacional: produção de 
Políticas e programas em segurança alimentar e nutricional 5
Highlight
Highlight
alimentos, disponibilidade, renda, acesso à informação, educação e saúde 
e acesso a serviços de saúde (FAO, 2014; MORAIS; SPERANDIO; PRIORE, 2020).
Principais políticas e programas públicos 
em SAN no Brasil
Uma política pública de SAN pode ser caracterizada como um conjunto de 
ações do Governo Federal que configuram um compromisso público para 
assegurar a SAN a toda a população, principalmente para os grupos mais 
vulneráveis. A SAN possui diversas dimensões, como vimos anteriormente; 
portanto, para uma política pública alcançar a SAN é fundamental considerar 
simultaneamente todas elas, adotando um enfoque intersetorial e envolvendo 
vários setores do governo, juntamente com a participação da sociedade civil. 
As políticas e os programas públicos de SAN devem ser elaborados com base 
em diagnósticos adequados da população, que indiquem a realidade das 
condições de insegurança alimentar e, com isso, permitam uma definição 
de estratégias de intervenção ampla e articulada com objetivos de atuação 
bem identificados.
Apesar de o conceito e as legislações de SAN avançarem no Brasil, o DHAA 
não é usufruído por todos os brasileiros. De acordo com o relatório O estado 
da segurança alimentar e nutrição no mundo 2020 (FAO, 2020), no Brasil, entre 
os anos de 2017 e 2019, a prevalência de insegurança alimentar moderada ou 
grave foi de 20,6% de toda a população, ou seja, 43,1 milhões de brasileiros. 
Sendo assim, se fazem necessárias a elaboração e a manutenção das políticas 
públicas de SAN, considerando a desigualdade social existente no Brasil.
Em 2004 foi criado, pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o Mi-
nistério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, que tinha por objetivo 
atender às demandas do país por políticas de desenvolvimento social, SAN 
e assistência social, com a inclusão de políticas públicas de saúde e ações 
governamentais que abrangessem estratégias de alimentação e nutrição. Em 
2016, esse ministério passou a ser intitulado Ministério do Desenvolvimento 
Social e Agrário, ocasionando perdas em suas estratégias sociais. Em 2019, 
no governo de Jair Bolsonaro, essa pasta foi incorporada ao Ministério da 
Cidadania (MORAIS; SPERANDIO; PRIORE, 2020).
A seguir, você vai conhecer um pouco mais sobre algumas das principais 
políticas e programas públicos implementados pelo Governo Federal ao longo 
dos anos, visando à efetivação da SAN.
Políticas e programas em segurança alimentar e nutricional6
Programa de Aquisição de Alimentos 
O Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) foi criado em 2003, no âmbito do 
Programa Fome Zero, sendo uma ação para a inclusão produtiva das famílias 
mais pobres e da zona rural. Os seus dois principais objetivos são promover o 
acesso à alimentação e incentivar a agricultura familiar. O PAA faz a aquisição 
de alimentos produzidos por agricultores familiares, por meio da compra do 
produto sem licitação, e os distribui para indivíduos que estejam em situação 
de insegurança alimentar e nutricional (CONTI, 2009).
 Com esse programa, o Governo promove o abastecimento alimentar por 
meio de compras governamentais de alimentos, fortalece a comercialização 
local, valoriza a biodiversidade e a produção agroecológica de alimento, 
estimula o cooperativismo e incentiva hábitos alimentares mais saudáveis.
No site do Ministério da Cidadania, você fazer uma busca pelo pro-
grama e acessar a plataforma de inclusão produtiva no seu município 
para verificar no mapa do Brasil a cobertura do programa.
Programa Restaurantes Populares 
O Programa Restaurantes Populares (PRP) é implementado em uma parceria 
entre o Governo Federal e o Estado/município, contribuindo na promoção 
do DHAA e direcionado para municípios com mais de 100 mil habitantes que 
tenham grande quantidade de indivíduos em situação de miséria ou pobreza. 
O objetivo do PRP é ampliar a oferta de refeições prontas nutricionalmente 
adequadas para pessoas e famílias em situação de risco de insegurança 
alimentar e nutricional, promovendo uma alimentação adequada e saudável 
e valorizando os hábitos alimentares regionais (BRASIL, 2021; CONTI, 2009).
O acesso ao Restaurante Popular é universal, ou seja, qualquer pessoa 
poderá utilizar de seu benefício, priorizando os grupos populacionais em 
situação de insegurança alimentar. O preço da refeição é acessível à população 
de baixa renda da região, geralmente sendo cobrado o valor simbólico de R$ 
1,00, não podendo ultrapassar o valor de R$ 2,00.
Políticas e programas em segurança alimentar e nutricional 7
Highlight
Programa Cozinha Comunitária
O Programa CozinhaComunitária é semelhante ao PRP, porém é móvel. 
Constitui-se de equipamentos públicos de SAN, como um minirrestaurante, 
e tem capacidade mínima de produção de 100 refeições por dia. As cozinhas 
comunitárias devem ser instaladas em municípios que apresentam um elevado 
número de habitantes em situação de miséria ou pobreza, e, normalmente, 
com menos de 100 mil habitantes. O acesso ao programa também é univer-
sal, entretanto é direcionado para indivíduos cadastrados nos serviços de 
assistência social, visando à conscientização alimentar e à inserção social. 
A orientação é de que a oferta das refeições servidas seja de forma gratuita 
(BRASIL, 2021; CONTI, 2009). 
Programa Bancos de Alimentos
O Programa Bancos de Alimentos é uma iniciativa que contribui para o abaste-
cimento alimentar e a SAN, com o objetivo de combater a fome e a insegurança 
alimentar da população. O programa atua por meio de estruturas físicas e/ou 
logísticas, com a arrecadação de doações de alimentos de setores públicos 
e/ou privados que seriam desperdiçados, e os destina gratuitamente para 
instituições sociais que atendem um público em situação de alta vulnerabi-
lidade social (BRASIL, 2021; CONTI, 2009).
Os bancos de alimentos apoiam a logística de execução das compras 
públicas de alimentos, como do PAA, reduzem o desperdício de alimentos 
que tenham qualidades sanitárias e sensoriais adequadas para o consumo 
humano e realizam atividades de educação alimentar e nutricional (EAN) em 
conjunto com instituições sociais, por meio de oficinas culinárias, teatros, 
palestras sobre reaproveitamento de alimentos, entre outras atividades.
Programa Nacional de Agricultura Urbana e 
Periurbana
Instituído em 2018, o Programa Nacional de Agricultura Urbana e Periurbana 
conta com ações que promovem a estimulação da produção agroecológica 
de alimentos em espaços urbanos e periurbanos, aproveitando as áreas 
ociosas, incentivando hábitos alimentares saudáveis e fazendo a implantação 
da produção com fins pedagógicos em instituições de ensino, principalmente 
em localidades de vulnerabilidade social (BRASIL, 2021; CONTI, 2009).
Políticas e programas em segurança alimentar e nutricional8
Dentre as iniciativas desse programa, podemos citar a implantação de 
hortas comunitárias e pedagógicas (em unidades escolares públicas), a im-
plantação de viveiros de mudas, a criação de pequenos animais, assistência 
técnica e capacitação e propagação do conhecimento e informação pertinente 
com o tema da SAN. 
O Projeto Hortas Pedagógicas é uma iniciativa que tem por objetivo 
integrar o conhecimento científico ao conhecimento cotidiano da 
população brasileira. Para saber mais, busque por ele no site do Ministério da 
Cidadania. 
Programa Cisternas
O Programa Nacional de Apoio à Captação de Água de Chuva e Outras Tecnolo-
gias Sociais de Acesso à Água — Programa Cisternas consiste na implantação 
de tecnologias sociais de captação de água da chuva, por meio de cisternas, 
e tem a finalidade de auxiliar a produção agrícola e a criação de pequenos 
animais. Esse programa representa uma solução de acesso a recursos hídri-
cos para a população que sofre com os efeitos das estiagens prolongadas. 
Para participar dele, o indivíduo precisa estar cadastrado no Cadastro Único 
para Programas Sociais do Governo Federal, residir na área rural e não ter 
abastecimento de água — ou ter acesso precário à água de qualidade. Além 
da tecnologia implementada, a família beneficiada recebe um conjunto de 
materiais para a própria produção, como sementes, mudas e capacitações 
(BRASIL, 2021; CONTI, 2009).
Programa Bolsa Família
O Programa Bolsa Família, criado em 2003 pelo então presidente Lula, contribui 
para o combate à pobreza e à desigualdade no Brasil. Nesse programa, as 
famílias beneficiadas recebem, todos os meses, um valor transferido direta-
mente pelo Governo Federal, garantindo um alívio mais imediato da pobreza. 
Podem fazer parte do Programa Bolsa Família todas as famílias que tiverem 
uma renda per capita de até R$ 89,00 mensais ou famílias com renda per 
capita entre R$ 89,01 e R$ 178,00 mensais com crianças ou adolescentes de 
0 a 17 anos. As famílias participantes recebem um cartão de saque, o Cartão 
Bolsa Família, emitido pela Caixa Econômica Federal (BRASIL, 2021).
Políticas e programas em segurança alimentar e nutricional 9
Para acessar o benefício mensal, as famílias precisam cumprir alguns 
compromissos que visam ao reforço do acesso à educação, à saúde e à assis-
tência social. Na área da educação, as crianças e adolescentes devem estar 
matriculadas na escola, e a frequência escolar deve ser de, pelo menos, 85% 
das aulas (para estudantes na faixa etária de 6 a 15 anos) e de 75% das aulas 
(para a faixa etária de 16 e 17 anos). Na área da saúde, as crianças menores 
de 7 anos devem estar com as vacinas recomendadas em dia e com um acom-
panhamento do crescimento e desenvolvimento. As gestantes devem fazer 
o pré-natal e consultas na unidade de saúde (BRASIL, 2021; CONTI, 2009).
O programa Bolsa Família é dinâmico, ou seja, todos os meses famílias 
entram no programa e outras famílias saem. Como é necessário um controle, 
periodicamente famílias são retiradas dos programas por não atualizarem as 
informações cadastrais ou porque tiveram alguma melhora na renda mensal. 
E em famílias que descumprem os compromissos, o programa aplica efeitos 
gradativos, que vão de advertências, suspensão do benefício por um ou dois 
meses até o cancelamento do benefício. 
Programa Nacional de Alimentação Escolar 
O Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) tem como objetivo ofe-
recer alimentação escolar e ações de EAN a estudantes de todas as etapas 
da educação básica pública, contribuindo para a melhora dos hábitos ali-
mentares e do desempenho de seu aprendizado. O PNAE consiste no repasse 
do Governo Federal para estados, municípios e escolas federais de valores 
financeiros para a cobertura de 200 dias letivos, conforme o número de alunos 
matriculados em cada rede de ensino. O valor do repasse é calculado para 
cada aluno, de acordo com a etapa e a modalidade de ensino, variando de R$ 
0,32 para cada aluno da educação de jovens e adultos (EJA) até R$ 2,00 para 
cada aluno do ensino médio em tempo integral.
Com a aprovação da Lei nº 11.947/2009, o PNAE tem uma grande importância 
no âmbito da SAN, pois 30% do valor repassado para cada escola deve ser 
investido na compra direta de produtos da agricultura familiar, estimulando 
o desenvolvimento das comunidades locais (BRASIL, 2021; CONTI, 2009).
Programa de Fomento às Atividades Produtivas 
Rurais
O Programa de Fomento Rural foi criado em 2011 e tem como objetivo apoiar 
a estruturação produtiva das famílias rurais mais pobres e desenvolver o 
Políticas e programas em segurança alimentar e nutricional10
projeto produtivo de cada uma dessas famílias, para que ampliem ou diver-
sifiquem a produção de alimentos e as demais atividades geradoras de renda, 
melhorando a SAN e superando a situação de pobreza. O programa consiste no 
acompanhamento social e produtivo na elaboração de um projeto produtivo 
e na transferência direta de recursos financeiros às famílias, no valor de R$ 
2,4 mil (para famílias com renda per capita mensal de até R$ 89,00) ou R$ 3 
mil (para famílias com renda per capita mensal de até R$ 178,00 e que residem 
na região do semiárido), que devem ser investidos no desenvolvimento do 
projeto estruturado (BRASIL, 2021). 
Ação de Distribuição de Alimentos a grupos 
populacionais tradicionais e específicos 
A Ação de Distribuição de Alimentos (ADA) tem como objetivo distribuir, de 
forma gratuita, cestas de alimentos para grupos populacionais específicos 
em situação de insegurança alimentar e nutricional, para complementar as 
outras estratégias de fomento e acesso à alimentação. Os públicos-alvo dessa 
ação são as comunidades indígenas e quilombolas (BRASIL, 2021).
Promoção do consumo de alimentos adequados e 
saudáveis
A EAN é um campo de atuaçãoda SAN e da promoção da saúde considerada 
uma estratégia fundamental para o estímulo de hábitos alimentares mais 
saudáveis. A EAN busca promover a SAN por meio de ações educativas e troca 
de conhecimento permanente, interdisciplinar, intersetorial e multiprofissio-
nal, estimulando a autonomia dos indivíduos e combatendo o desperdício 
de alimentos (BRASIL, 2021; CONTI, 2009).
Diante do exposto, os programas governamentais da área da alimentação 
e nutrição pouco avançarão no cenário político atual, sendo necessário 
maior engajamento da sociedade civil, de organizações não governamentais 
e instituições importantes na área da saúde, principalmente as relacionadas 
com a nutrição e a alimentação, para que as temáticas SAN e DHAA se man-
tenham vivas nas discussões públicas e na agenda governamental (MORAIS; 
SPERANDIO; PRIORE, 2020).
Políticas e programas em segurança alimentar e nutricional 11
Sistema Nacional de Segurança Alimentar e 
Nutricional
Conforme mencionado anteriormente, o SISAN foi criado a partir da Lei nº 
11.346/2006 (LOSAN), pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O SISAN 
é um sistema de gestão intersetorial, participativa e de articulação dos três 
níveis de governo e das organizações da sociedade civil para implementação 
e execução da Política Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (PN-
SAN), que envolve ações e programas estratégicos, como os mencionados 
neste capítulo. Garante, assim, o DHAA e a SAN dos diferentes segmentos da 
população brasileira (BRASIL, 2021; CONTI, 2009).
Entre os objetivos do SISAN, podemos destacar os listados a seguir.
 � Formular, articular e implementar políticas, planos, programas e ações 
de SAN em âmbitos nacional, estadual e municipal.
 � Estimular a integração dos esforços entre as três esferas do governo 
e a sociedade civil.
 � Acompanhar, monitorar e avaliar as mudanças que ocorreram na área 
da alimentação e nutrição no país.
 � Verificar o impacto dos programas e ações de SAN sobre a população 
a qual se destinava determinada política.
Conforme o Art. 9º da LOSAN (BRASIL, 2006, documento on-line), o SISAN 
tem como base as seguintes diretrizes:
I. promoção da intersetorialidade das políticas, programas e ações governamentais 
e não governamentais;
II. descentralização das ações e articulação, em regime de colaboração, entre as 
esferas de governo;
III. monitoramento da situação alimentar e nutricional, visando a subsidiar o ciclo 
de gestão das políticas para a área nas diferentes esferas de governo;
IV. conjugação de medidas diretas e imediatas de garantia de acesso à alimenta-
ção adequada, com ações que ampliem a capacidade de subsistência autônoma 
da população;
V. articulação entre orçamento e gestão; e
VI. estímulo ao desenvolvimento de pesquisas e à capacitação de recursos humanos.
Todos os Estados brasileiros e o Distrito Federal já aderiram ao SISAN. 
Dessa forma, caso haja algum município interessado na adesão, deverá 
verificar com a Câmara Intersetorial de Segurança Alimentar e Nutricional 
(CAISAN) ou com o Conselho de Segurança Alimentar e Nutricional (CONSEA) 
Políticas e programas em segurança alimentar e nutricional12
de cada Estado. A adesão ao SISAN oferece diversas vantagens, como a par-
ticipação na articulação das políticas públicas voltadas ao alcance da SAN e 
do DHAA, organização e maior participação da sociedade civil na formulação 
e implementação de políticas referentes à SAN, facilitação do acompanha-
mento e monitoramento de indicadores, programas e orçamento de SAN, 
além da promoção de cidadania, dignidade, saúde e qualidade de vida de 
sua população (BRASIL, 2021).
Acompanhe a linha do tempo com todas as legislações pertinentes ao 
SISAN.
 � Lei nº 11.346, de 15 de setembro de 2006: cria o SISAN para assegurar 
o DHAA e dá outras providências.
 � Decreto nº 6.272, de 23 de novembro de 2007: dispõe sobre as compe-
tências, a composição e o funcionamento do CONSEA.
 � Decreto nº 6.273, de 23 de novembro de 2007: cria, no âmbito do SISAN, 
o CAISAN.
 � Emenda Constitucional nº 64, de 4 de fevereiro de 2010: altera o Art. 6º 
da Constituição Federal, introduzindo a alimentação como um direito 
social.
 � Decreto nº 7.272, de 25 de agosto de 2010: regulamenta a Lei nº 
11.346/2006 que cria o SISAN, institui a PNSAN e estabelece os parâ-
metros para a elaboração do PNSAN.
 � Medida Provisória nº 870 de 2019: o presidente Jair Bolsonaro editou 
a medida que altera as atribuições e estruturas dos ministérios, por 
meio da qual a LOSAN sofreu alterações, e extinguiu o CONSEA.
O PNSAN é um instrumento que foi construído de forma participativa, 
envolvendo diversos setores do governo, que tem como objetivo o 
planejamento, a gestão e a execução da PNSAN. Para verificar o plano completo, 
faça uma busca por II Plano Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional 
2016-2019 (CAISAN, 2018).
Referências
BRASIL. Lei nº 11.346, de 15 de setembro de 2006. Cria o Sistema Nacional de Segurança 
Alimentar e Nutricional – SISAN com vistas em assegurar o direito humano à alimen-
tação adequada e dá outras providências. Brasília: Presidência da República, 2006. 
Políticas e programas em segurança alimentar e nutricional 13
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/lei/l11346.
htm. Acesso em: 8 maio 2021.
BRASIL. Ministério da Cidadania. Inclusão social e produtiva rural. Brasília: Ministério 
da Cidadania, 2021. Disponível em: https://www.gov.br/cidadania/pt-br/acesso-a-
-informacao/carta-de-servicos/desenvolvimento-social/inclusao-social-e-produtiva-
-rural. Acesso em: 8 maio 2021.
CAISAN. II plano nacional de segurança alimentar e nutricional: PLANSAN 2016-2019: 
revisado. Brasília: CAISAN, 2018. Disponível em: http://www.mds.gov.br/webarquivos/
arquivo/seguranca_alimentar/caisan/Publicacao/Caisan_Nacional/PLANSAN%20
2016-2019_revisado_completo.pdf. Acesso em: 8 maio 2021.
CONTI, I. L. Segurança alimentar e nutricional: noções básicas. Passo Fundo: IFIBE, 2009.
FAO. O estado da segurança alimentar e nutricional no Brasil: um retrato multidimen-
sional: relatório 2014. Brasília: FAO, 2014.
FAO. The state of food security and nutrition in the world: transforming food systems 
for affordable healthy diets. Roma: FAO, 2020. 
FREITAS, A. C. História da segurança alimentar e nutricional no Brasil. Londrina: Edu-
cacional, 2019.
MORAIS, D. C.; SPERANDIO, N.; PRIORE, S. E. Atualizações e debates sobre segurança 
alimentar e nutricional. Viçosa: UFV, 2020.
PINTO, J. N. Manual sobre segurança alimentar e nutricional. Coimbra: PAANE, 2013.
Leituras recomendadas
CERVATO-MANCUSO, A. M.; FIORE, E. G.; REDOLFI, S. C. S. Guia de segurança alimentar 
e nutricional. Barueri: Manole, 2015.
SILVA, C. O. et al. Segurança alimentar e nutricional. Rio de Janeiro: Rubio, 2015.
Os links para sites da web fornecidos neste capítulo foram todos 
testados, e seu funcionamento foi comprovado no momento da 
publicação do material. No entanto, a rede é extremamente dinâmica; suas 
páginas estão constantemente mudando de local e conteúdo. Assim, os editores 
declaram não ter qualquer responsabilidade sobre qualidade, precisão ou 
integralidade das informações referidas em tais links.
Políticas e programas em segurança alimentar e nutricional14

Continue navegando