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Transtornos alimentares

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Transtornos alimentares 
Os transtornos alimentares são caracterizados por 
uma perturbação persistente na alimentação ou no 
comportamento relacionado à alimentação que 
resulta no consumo ou na absorção alterada de 
alimentos e que compromete significativamente a 
saúde física ou o funcionamento psicossocial. São 
descritos critérios diagnósticos para pica, 
transtorno de ruminação, transtorno alimentar 
restritivo/evitativo, anorexia nervosa, bulimia 
nervosa e transtorno de compulsão alimentar. 
Pica 
Critérios diagnósticos 
- Ingestão persistente de substâncias não 
nutritivas, não alimentares, durante um período 
mínimo de um mês. 
- A ingestão de substâncias não nutritivas, não 
alimentares, é inapropriada ao estágio de 
desenvolvimento do indivíduo. 
- O comportamento alimentar não faz parte de 
uma prática culturalmente aceita. 
- Se o comportamento alimentar ocorrer no 
contexto de outro transtorno mental (p. ex., 
deficiência intelectual [transtorno do 
desenvolvimento intelectual], transtorno do 
espectro autista, esquizofrenia) ou condição 
médica (incluindo gestação), é suficientemente 
grave a ponto de necessitar de atenção clínica 
adicional. 
Características 
As substâncias típicas ingeridas tendem a variar 
com a idade e a disponibilidade e podem incluir 
papel, sabão, tecido, cabelo, fios, terra, giz, talco, 
tinta, cola, metal, pedras, carvão vegetal ou 
mineral, cinzas, detergente ou gelo. 
Sugere-se uma idade mínima de 2 anos para o 
diagnóstico de pica, de modo a excluir a exploração 
de objetos com a boca que acabam por ser 
ingeridos, normal no desenvolvimento das crianças 
pequenas. 
A manifestação inicial de pica pode ocorrer na 
infância (mais relatada), na adolescência ou na 
idade adulta. 
O transtorno pode ocorrer em crianças com 
desenvolvimento normal em outras áreas, 
enquanto, em adultos, parece mais provável no 
contexto de deficiência intelectual ou outros 
transtornos mentais. 
O curso do transtorno pode ser prolongado e 
resultar em emergências médicas (p. ex., 
obstrução intestinal, perda aguda de peso, 
intoxicação). O transtorno pode ser 
potencialmente fatal dependendo das substâncias 
ingeridas. 
Características associadas: Embora deficiências de 
vitaminas e minerais (p. ex., zinco, ferro) tenham 
sido descritas em alguns casos, frequentemente 
nenhuma outra anormalidade biológica é 
encontrada. 
Fatores de risco 
Ambientais: Negligência, falta de supervisão e 
atraso do desenvolvimento podem aumentar o 
risco para essa condição. 
Marcadores diagnósticos 
Radiografia abdominal simples, ultrassonografia e 
outros métodos de imagem podem revelar 
obstruções relacionadas a pica. Exames de sangue 
e outros testes laboratoriais podem ser usados 
para determinar níveis de intoxicação ou a 
natureza da infecção. 
Diagnósticos diferenciais 
Anorexia nervosa: A pica normalmente pode ser 
distinguida de outros transtornos alimentares pelo 
consumo de substâncias não nutritivas, não 
alimentares. No entanto, algumas apresentações 
de anorexia nervosa incluem a ingestão de 
substâncias não nutritivas, não alimentares, como 
lenços de papel, na tentativa de controlar o 
apetite, nesses casos, é essencialmente um meio 
de controle do peso e, anorexia nervosa deverá ser 
o diagnóstico primário. 
Transtorno factício: Alguns indivíduos com 
transtorno factício podem ingerir 
intencionalmente objetos estranhos como parte 
do padrão de falsificação de sintomas físicos. 
Nesses casos, existe um elemento fraudulento 
compatível com a indução deliberada de lesão ou 
doença. 
Autolesão não suicida e comportamentos de 
autolesão suicida nos transtornos da 
personalidade: Alguns indivíduos podem deglutir 
itens potencialmente nocivos (p. ex., alfinetes, 
agulhas, facas) no contexto de padrões 
desadaptativos de comportamento associados a 
transtornos da personalidade ou autolesão não 
suicida. 
Transtorno de ruminação 
Critérios diagnósticos 
- Regurgitação repetida de alimento durante um 
período mínimo de um mês. O alimento 
regurgitado pode ser remastigado, novamente 
deglutido ou cuspido. 
- A regurgitação repetida não é atribuível a uma 
condição gastrintestinal ou a outra condição 
médica (p. ex., refluxo gastroesofágico, estenose 
do piloro). 
- A perturbação alimentar não ocorre 
exclusivamente durante o curso de anorexia 
nervosa, bulimia nervosa, transtorno de 
compulsão alimentar ou transtorno alimentar 
restritivo/evitativo. 
- Se os sintomas ocorrerem no contexto de outro 
transtorno mental (p. ex., deficiência intelectual 
[transtorno do desenvolvimento intelectual] ou 
outro transtorno do neurodesenvolvimento), eles 
são suficientemente graves para justificar atenção 
clínica adicional. 
Características 
O alimento previamente deglutido que já pode 
estar parcialmente digerido é trazido de volta à 
boca sem náusea aparente, ânsia de vômito ou 
repugnância. O alimento pode ser remastigado e 
então ejetado da boca ou novamente deglutido. A 
regurgitação no transtorno de ruminação deverá 
ser frequente, ocorrendo pelo menos várias vezes 
por semana, em geral todos os dias. 
Muitos indivíduos com o transtorno podem ser 
observados diretamente durante o 
comportamento de ruminação pelo médico. Em 
outros casos, o diagnóstico pode ser feito com base 
no autorrelato ou em informações corroborativas 
de pais ou cuidadores. Os indivíduos podem 
descrever o comportamento como habitual ou fora 
de seu controle. 
A manifestação inicial do transtorno de ruminação 
pode ocorrer em lactentes, na infância, na 
adolescência ou na idade adulta. A idade da 
manifestação inicial geralmente fica entre 3 e 12 
meses. Nos lactentes, o transtorno cede com 
frequência de forma espontânea, mas seu curso 
pode ser prolongado e resultar em emergências 
médicas (p. ex., desnutrição grave). 
Características associadas: Lactentes com 
transtorno de ruminação exibem uma posição 
característica de tensionar e arquear as costas com 
a cabeça fletida para trás, fazendo movimentos de 
sucção com a língua e dando a impressão de 
obterem satisfação com tal atividade. Eles podem 
ficar irritados e famintos entre episódios de 
regurgitação. A perda ponderal e o insucesso em 
obter o ganho de peso esperado são características 
comuns em lactentes com transtorno de 
ruminação. 
Adolescentes e adultos talvez tentem disfarçar o 
comportamento de regurgitação cobrindo a boca 
com a mão ou tossindo. Alguns evitarão comer em 
frente a outras pessoas em virtude do aspecto 
social indesejável do comportamento. 
Fatores de risco 
Ambientais: Problemas psicossociais como falta de 
estimulação, negligência, situações de vida 
estressantes e problemas na relação entre pais e 
filhos podem ser fatores predisponentes em 
lactentes e crianças pequenas. 
Diagnósticos diferenciais 
Condições gastrintestinais: É importante 
diferenciar regurgitação no transtorno de 
ruminação de outras condições caracterizadas por 
refluxo gastroesofágico ou vômitos. Condições 
como gastroparesia, estenose do piloro, hérnia de 
hiato e síndrome de Sandifer em lactentes deverão 
ser excluídas por exames físicos e testes 
laboratoriais apropriados. 
Anorexia nervosa e bulimia nervosa: Indivíduos 
com anorexia nervosa e bulimia nervosa também 
podem regurgitar com subsequente eliminação do 
alimento como um meio de livrar-se das calorias 
ingeridas em virtude da preocupação com o ganho 
de peso. 
Transtorno alimentar restritivo/evitativo 
Critérios diagnósticos 
- Uma perturbação alimentar (p. ex., falta aparente 
de interesse na alimentação ou em alimentos; 
esquiva baseada nas características sensoriais do 
alimento; preocupação acerca de consequências 
aversivas alimentar) manifestada por fracasso 
persistente em satisfazer as necessidades 
nutricionais e/ou energéticas apropriadas 
associada a um (ou mais) dos seguintes aspectos: 
• Perda de pesosignificativa (ou insucesso em 
obter o ganho de peso esperado ou atraso de 
crescimento em crianças). 
• Deficiência nutricional significativa. 
• Dependência de alimentação enteral ou 
suplementos nutricionais orais. 
• Interferência marcante no funcionamento 
psicossocial. 
- A perturbação não é mais bem explicada por 
indisponibilidade de alimento ou por uma prática 
culturalmente aceita. 
- A perturbação alimentar não ocorre 
exclusivamente durante o curso de anorexia 
nervosa ou bulimia nervosa, e não há evidência de 
perturbação na maneira como o peso ou a forma 
corporal é vivenciada. 
- A perturbação alimentar não é atribuível a uma 
condição médica concomitante ou mais bem 
explicada por outro transtorno mental. Quando a 
perturbação alimentar ocorre no contexto de uma 
outra condição ou transtorno, sua gravidade 
excede a habitualmente associada à condição ou 
ao transtorno e justifica atenção clínica adicional. 
Características 
Manifestada por fracasso clinicamente significativo 
em satisfazer as demandas de nutrição ou ingestão 
energética insuficiente, por meio da ingestão oral 
de alimentos. 
Em alguns indivíduos, a evitação ou a restrição 
alimentar podem se basear em características de 
qualidade do alimento, como sensibilidade 
extrema a aparência, cor, odor, textura, 
temperatura ou paladar. Esse comportamento foi 
descrito como “ingestão restritiva”, “ingestão 
seletiva”, “ingestão exigente”, “ingestão 
perseverante”, “recusa crônica de alimento” e 
“neofobia alimentar”. 
A evitação ou a restrição alimentar também podem 
representar uma resposta negativa condicionada 
associada à ingestão alimentar seguindo, ou 
antecipando, uma experiência aversiva, como 
engasgo/sufocamento; uma investigação 
traumática, geralmente envolvendo o trato 
gastrintestinal (p. ex., esofagoscopia); ou vômitos 
repetidos. 
Características associadas: Lactentes muito novos 
podem apresentar-se sonolentos, aflitos ou 
agitados ao se alimentar. Lactentes e crianças 
pequenas podem não se envolver com o cuidador 
primário durante a alimentação ou não comunicar 
fome em favor de outras atividades. Em crianças 
mais velhas e adolescentes, a evitação e a restrição 
alimentar podem estar associadas a dificuldades 
emocionais mais generalizadas que não satisfazem 
os critérios diagnósticos para um transtorno de 
ansiedade, depressivo ou bipolar, às vezes 
denominadas “transtorno emocional de evitação 
alimentar”. 
Desenvolve-se mais comumente na fase de 
lactente ou na primeira infância e podem persistir 
na idade adulta. 
A ingesta nutricional inadequada pode exacerbar 
as características associadas (p. ex., irritabilidade, 
atrasos no desenvolvimento) e contribuir ainda 
mais para dificuldades de alimentação. 
Fatores de risco 
Temperamentais: Transtornos de ansiedade, 
transtorno do espectro autista, transtorno 
obsessivo-compulsivo e transtorno de déficit de 
atenção/hiperatividade podem aumentar o risco 
de transtorno alimentar restritivo/evitativo ou de 
comportamento alimentar característico do 
transtorno. 
Ambientais: Fatores de risco ambientais para o 
transtorno alimentar restritivo/evitativo incluem 
ansiedade familiar. Taxas maiores de perturbações 
alimentares podem ocorrer em filhos de mães com 
transtornos alimentares. 
Genéticos e fisiológicos: História de condições 
gastrintestinais, doença de refluxo 
gastroesofágico, vômitos e uma gama de 
problemas médicos foram associados a 
comportamentos alimentares característicos do 
transtorno alimentar restritivo/evitativo. 
Diagnóstico diferencial 
Outras condições médicas (doença 
gastrointestinal, alergias e intolerâncias 
alimentares). 
Transtorno do espectro autista: Indivíduos com 
transtorno do espectro autista geralmente 
apresentam comportamentos alimentares rígidos 
e sensibilidades sensoriais aumentadas. 
Anorexia nervosa: A restrição da ingesta calórica 
em relação às necessidades levando a um peso 
corporal significativamente baixo é um aspecto 
central da anorexia nervosa. Entretanto, indivíduos 
com anorexia nervosa também exibem medo de 
ganhar peso ou de ficar gordos ou 
comportamentos persistentes que interferem no 
ganho de peso, bem como perturbações 
específicas em relação à percepção e à vivência de 
seu próprio peso e forma corporal. 
Anorexia nervosa 
Critérios diagnósticos 
- Restrição da ingesta calórica em relação às 
necessidades, levando a um peso corporal 
significativamente baixo no contexto de idade, 
gênero, trajetória do desenvolvimento e saúde 
física. Peso significativamente baixo é definido 
como um peso inferior ao peso mínimo normal ou, 
no caso de crianças e adolescentes, menor do que 
o minimamente esperado. 
- Medo intenso de ganhar peso ou de engordar, ou 
comportamento persistente que interfere no 
ganho de peso, mesmo estando com peso 
significativamente baixo. 
- Perturbação no modo como o próprio peso ou a 
forma corporal são vivenciados, influência indevida 
do peso ou da forma corporal na autoavaliação ou 
ausência persistente de reconhecimento da 
gravidade do baixo peso corporal atual. 
Subtipos: 
• Tipo restritivo: Durante os últimos três meses, 
o indivíduo não se envolveu em episódios 
recorrentes de compulsão alimentar ou 
comportamento purgativo (i.e., vômitos 
autoinduzidos ou uso indevido de laxantes, 
diuréticos ou enemas). Esse subtipo descreve 
apresentações nas quais a perda de peso seja 
conseguida essencialmente por meio de dieta, 
jejum e/ou exercício excessivo. 
• Tipo compulsão alimentar purgativa: Nos 
últimos três meses, o indivíduo se envolveu 
em episódios recorrentes de compulsão 
alimentar purgativa (i.e., vômitos 
autoinduzidos ou uso indevido de laxantes, 
diuréticos ou enemas). 
A maioria dos indivíduos com anorexia nervosa do 
tipo compulsão alimentar purgativa que se 
envolvem em comportamentos periódicos de 
hiperfagia também purga por meio de vômitos 
autoinduzidos ou faz uso indevido de laxantes, 
diuréticos ou enemas. Alguns indivíduos com esse 
subtipo de anorexia nervosa não apresentam 
episódios de hiperfagia, mas purgam regularmente 
depois do consumo de pequenas quantidades de 
alimento. 
Deve-se especificar a gravidade: 
O nível mínimo de gravidade baseia-se, em adultos, 
no índice de massa corporal (IMC) atual. 
 
Características 
O medo intenso de engordar não costuma ser 
aliviado pela perda de peso. Na verdade, a 
preocupação acerca do peso pode aumentar até 
mesmo se o peso diminuir. Indivíduos mais jovens 
com anorexia nervosa, bem como alguns adultos, 
podem não reconhecer ou perceber medo de 
ganhar peso. 
Algumas pessoas sentem-se completamente acima 
do peso. Outras percebem que estão magras, mas 
ainda assim se preocupam com determinadas 
partes do corpo, em particular que o abdome, os 
glúteos e o quadril estão “gordos demais”. 
Geralmente, o indivíduo é levado à atenção 
profissional por familiares depois de perda de peso 
marcante (ou insucesso em obter o ganho de peso 
esperado) ter ocorrido. Se buscam ajuda por si 
mesmos, costuma ser devido à angústia causada 
por sequelas somáticas e psicológicas da inanição. 
É raro uma pessoa com anorexia nervosa queixar-
se da perda de peso por si só. Na verdade, 
indivíduos com anorexia nervosa com frequência 
carecem de insight ou negam o problema. É, 
portanto, importante obter informações de 
familiares ou de outras fontes para avaliar a 
história da perda de peso e outros aspectos da 
doença. 
Características associadas: O comprometimento 
nutricional associado a esse transtorno afeta a 
maioria dos sistemas corporais e pode produzir 
uma variedade de perturbações. Perturbações 
fisiológicas, incluindo amenorreia e anormalidades 
nos sinais vitais, são comuns. Enquanto grande 
parte das perturbações fisiológicas associadas à 
desnutrição é reversível com reabilitação 
nutricional, algumas, incluindo a perda dedensidade óssea mineral, com frequência não são 
completamente reversíveis. 
Quando gravemente abaixo do peso, indivíduos 
com anorexia nervosa apresentam sinais e 
sintomas depressivos, como humor deprimido, 
isolamento social, irritabilidade, insônia e 
diminuição da libido. 
Outros aspectos por vezes associados à anorexia 
nervosa incluem angústia de alimentar-se 
publicamente, sentimentos de fracasso, forte 
desejo por controlar o próprio ambiente, 
pensamentos inflexíveis, espontaneidade social 
limitada e expressão emocional excessivamente 
contida. 
Um subgrupo de indivíduos com anorexia nervosa 
exibe níveis excessivos de atividade física. 
Indivíduos com anorexia nervosa podem fazer uso 
indevido de medicamentos, como, por exemplo, 
manipular a dosagem para conseguir perder peso 
ou evitar ganhá-lo. Aqueles com diabetes melito 
podem omitir ou reduzir as doses de insulina a fim 
de minimizar o metabolismo de carboidratos. 
Mais comum no sexo feminino. 
A anorexia nervosa começa geralmente durante a 
adolescência ou na idade adulta jovem. Raramente 
se inicia antes da puberdade ou depois dos 40 
anos. 
Fatores de risco 
Temperamentais: Indivíduos que desenvolvem 
transtornos de ansiedade ou exibem traços 
obsessivos na infância estão em risco maior de 
desenvolver anorexia nervosa. 
Ambientais: A variabilidade histórica e 
transcultural na prevalência de anorexia nervosa 
corrobora sua associação com culturas e contextos 
que valorizam a magreza. Ocupações e trabalhos 
que incentivam a magreza, como modelo e atleta 
de elite, também estão asssociados a um risco 
maior. 
Genéticos e fisiológicos: Existe risco maior de 
anorexia e bulimia nervosas entre parentes 
biológicos de primeiro grau de indivíduos com o 
transtorno. 
Marcadores diagnósticos 
O achado mais marcante no exame físico é a 
emaciação (perda de massa muscular e de gordura; 
extremo emagrecimento; extenuação). o. É 
comum haver também hipotensão significativa, 
hipotermia e bradicardia. 
As seguintes anormalidades laboratoriais podem 
ser observadas na anorexia nervosa; sua presença 
pode servir para aumentar a confiabilidade 
diagnóstica. 
Hematologia -> leucopenia, podendo ocorrer 
linfocitose aparente. Pode haver anemia leve, 
trombocitopenia e raramente, problemas de 
sangramento. 
Bioquímica -> A desidratação pode refletir-se por 
um nível sanguíneo elevado de ureia. A 
desidratação pode refletir-se por um nível 
sanguíneo elevado de ureia. A hipercolesterolemia 
é comum. Os níveis de enzimas hepáticas podem 
estar elevados. Hipomagnesemia, hipozincemia, 
hipofosfatemia e hiperamilasemia são 
ocasionalmente observadas. Vômitos 
autoinduzidos podem levar a alcalose metabólica 
(nível sérico elevado de bicarbonato), hipocloremia 
e hipocalemia; o uso indevido de laxantes pode 
causar acidose metabólica leve. 
Endocrinologia: Os níveis séricos de tiroxina (T4) 
geralmente se encontram na faixa entre normal e 
abaixo do normal; os níveis de tri-iodotironina (T3) 
estão diminuídos, enquanto os níveis de T3 reverso 
estão elevados. Os níveis séricos de estrogênio são 
baixos no sexo feminino; já no masculino, os níveis 
séricos de testosterona são baixos. 
Eletrocardiografia: É comum a presença de 
bradicardia sinusal, e, raramente, arritmias são 
observadas. O prolongamento significativo do 
intervalo QTc é observado em alguns indivíduos. 
Massa óssea: Com frequência se observa 
densidade mineral óssea baixa, com áreas 
específicas de osteopenia ou osteoporose. O risco 
de fratura é significativamente maior. 
Eletrencefalografia: Anormalidades difusas, 
refletindo encefalopatia metabólica, podem 
resultar de desequilíbrios hídrico e eletrolítico 
significativos. 
Risco de suicídio 
O risco de suicídio é elevado na anorexia nervosa, 
com taxas de 12 por 100.000 por ano. 
Deve ser investigado. 
Tratamento 
Além de aspectos relacionados ao ganho de peso, 
deve-se realizar orientações quantitativas e 
qualitativas acerca da alimentação. Alguns pontos 
a serem abordados consistem em: 
- Implementação de um plano alimentar composto 
por seis refeições ao dia, com todos os grupos de 
alimentos; 
- Incentivar a evolução no tamanho das porções 
dos alimentos, até atingir o que foi estabelecido no 
planejamento alimentar; 
- Orientar quanto à dificuldade de digestão dos 
alimentos e o funcionamento irregular do 
intestino, que ocorrem principalmente no início do 
tratamento. 
Bulimia nervosa 
Critérios diagnósticos 
- Episódios recorrentes de compulsão alimentar. 
Um episódio de compulsão alimentar é 
caracterizado pelos seguintes aspectos: 
• Ingestão, em um período de tempo 
determinado (p. ex., dentro de cada período 
de duas horas), de uma quantidade de 
alimento definitivamente maior do que a 
maioria dos indivíduos consumiria no mesmo 
período sob circunstâncias semelhantes. 
• Sensação de falta de controle sobre a ingestão 
durante o episódio (p. ex., sentimento de não 
conseguir parar de comer ou controlar o que e 
o quanto se está ingerindo). 
- Comportamentos compensatórios inapropriados 
recorrentes a fim de impedir o ganho de peso, 
como vômitos autoinduzidos; uso indevido de 
laxantes, diuréticos ou outros medicamentos; 
jejum; ou exercício em excesso. 
- A compulsão alimentar e os comportamentos 
compensatórios inapropriados ocorrem, em 
média, no mínimo uma vez por semana durante 
três meses. 
- A autoavaliação é indevidamente influenciada 
pela forma e pelo peso corporais. 
- A perturbação não ocorre exclusivamente 
durante episódios de anorexia nervosa. 
Especificar a gravidade: 
O nível mínimo de gravidade baseia-se na 
frequência dos comportamentos compensatórios 
inapropriados. O nível de gravidade pode ser 
elevado de maneira a refletir outros sintomas e o 
grau de incapacidade funcional. 
• Vomitar é o comportamento compensatório 
inapropriado mais comum. 
Leve: Média de 1 a 3 episódios de comportamentos 
compensatórios inapropriados por semana. 
Moderada: Média de 4 a 7 episódios por semana. 
Grave: Média de 8 a 13 episódios por semana. 
Extrema: Média de 14 ou mais por semana 
Características 
Indivíduos com bulimia nervosa em geral sentem 
vergonha de seus problemas alimentares e tentam 
esconder os sintomas. O antecedente mais comum 
da compulsão alimentar é o afeto negativo. Outros 
gatilhos incluem fatores de estresse interpessoais; 
restrições dietéticas; sentimentos negativos 
relacionados ao peso corporal, à forma do corpo e 
a alimentos; e tédio. 
Características associadas: Indivíduos com bulimia 
nervosa estão geralmente dentro da faixa normal 
de peso ou com sobrepeso (IMC > 18,5 kg/m2 e < 
30 em adultos). O transtorno ocorre, mas é 
incomum, entre indivíduos obesos. 
A prevalência-ponto é maior entre adultos, já que 
o transtorno atinge seu pico no fim da adolescência 
e início da idade adulta. É mais comum no sexo 
feminino. 
A compulsão alimentar com frequência começa 
durante ou depois de um episódio de dieta para 
perder peso. 
Fatores de risco 
Temperamentais: Preocupações com o peso, baixa 
autoestima, sintomas depressivos, transtorno de 
ansiedade social e transtorno de ansiedade 
excessiva da infância, estão associados a um risco 
maior de desenvolver bulimia nervosa. 
Ambientais: Observou-se que a internalização de 
um ideal corporal magro aumenta o risco de 
desenvolver preocupações com o peso, o que, por 
sua vez, aumenta o risco de desenvolver bulimia 
nervosa. Indivíduos que sofreram abuso sexual ou 
físico na infância têm um risco maior de 
desenvolver o transtorno. 
Genéticos e fisiológicos: Obesidade infantil e 
maturação puberal precoce aumentam o risco de 
bulimia nervosa. A transmissão familiar do 
transtorno pode estar presente, bem como 
vulnerabilidades genéticas para a perturbação. 
Marcadores diagnósticos 
Exame físico 
Geralmente não revela achados físicos. Entretanto, 
a inspeçãoda boca pode revelar perda significativa 
e permanente do esmalte dentário, em especial 
das superfícies linguais dos dentes da frente devido 
aos vômitos recorrentes. 
Exames complementares 
Não existe, atualmente, teste diagnóstico 
específico para bulimia nervosa. Entretanto, 
diversas anormalidades laboratoriais podem 
ocorrer em consequência da purgação e aumentar 
a certeza diagnóstica, incluindo anormalidades 
eletrolíticas, como hipocalemia (que pode 
provocar arritmias cardíacas), hipocloremia e 
hiponatremia. A perda de ácido gástrico pelo 
vômito pode produzir alcalose metabólica (nível 
sérico de bicarbonato elevado), e a indução 
frequente de diarreia ou desidratação devido a 
abuso de laxantes e diuréticos pode causar acidose 
metabólica. 
Risco de suicídio 
É alto. Deve-se investigar 
ideação/comportamentos suicidas, além de 
histórico de tentativas suicidas. 
Tratamento 
O principal objetivo do tratamento nutricional na 
BN é auxiliar o paciente a manter um padrão de 
refeições estruturadas. Dessa forma, é possível 
reduzir os seguintes comportamentos que 
caracterizam a BN: 1) restrição alimentar; 2) 
episódios de compulsão alimentar; 3) 
comportamentos compensatórios. 
As dietas fazem com que os indivíduos aumentem 
sua preocupação com os alimentos, categorizem 
os alimentos como bons ou ruins e substituam o 
controle da ingestão alimentar realizado pelos 
mecanismos de fome e saciedade por controles 
externos. Esses mecanismos cognitivos são 
susceptíveis a interferências de emoções 
negativas, como frustrações e estresse, podendo 
desencadear os episódios de compulsão alimentar. 
O tratamento nutricional da BN deve ser baseado 
no aconselhamento nutricional, na educação 
nutricional e no planejamento alimentar, entre 
outras características 
Transtorno de compulsão alimentar 
Critérios diagnósticos 
- Episódios recorrentes de compulsão alimentar. 
Um episódio de compulsão alimentar é 
caracterizado pelos seguintes aspectos: 
• Ingestão, em um período determinado (p. ex., 
dentro de cada período de duas horas), de 
uma quantidade de alimento definitivamente 
maior do que a maioria das pessoas 
consumiria no mesmo período sob 
circunstâncias semelhantes. 
• Sensação de falta de controle sobre a ingestão 
durante o episódio (p. ex., sentimento de não 
conseguir parar de comer ou controlar o que e 
o quanto se está ingerindo). 
- Os episódios de compulsão alimentar estão 
associados a três (ou mais) dos seguintes aspectos: 
1. Comer mais rapidamente do que o normal. 
2. Comer até se sentir desconfortavelmente 
cheio. 
3. Comer grandes quantidades de alimento na 
ausência da sensação física de fome. 
4. Comer sozinho por vergonha do quanto se 
está comendo. 
5. Sentir-se desgostoso de si mesmo, deprimido 
ou muito culpado em seguida. 
- Sofrimento marcante em virtude da compulsão 
alimentar. 
- Os episódios de compulsão alimentar ocorrem, 
em média, ao menos uma vez por semana durante 
três meses. 
- Os episódios de compulsão alimentar ocorrem, 
em média, ao menos uma vez por semana durante 
três meses. 
Especificar a gravidade: 
O nível mínimo de gravidade baseia-se na 
frequência de episódios de compulsão alimentar. 
Leve: 1 a 3 episódios de compulsão alimentar por 
semana. 
Moderada: 4 a 7 episódios de compulsão alimentar 
por semana. 
Grave: 8 a 13 episódios de compulsão alimentar 
por semana. 
Extrema: 14 ou mais episódios de compulsão 
alimentar por semana. 
Características 
Indivíduos com transtorno de compulsão alimentar 
geralmente sentem vergonha de seus problemas 
alimentares e tentam ocultar os sintomas. 
Lanches contínuos em pequenas quantidades de 
alimento ao longo do dia não seriam considerados 
compulsão alimentar. 
Características associadas: O transtorno de 
compulsão alimentar ocorre em indivíduos de peso 
normal ou com sobrepeso e obesos. 
Esse transtorno é mais prevalente em mulheres, 
além de ser mais prevalente em indivíduos que 
buscam tratamento para emagrecer do que na 
população em geral. 
Tanto a compulsão alimentar quanto a perda de 
controle da ingestão sem consumo objetivamente 
excessivo ocorrem em crianças e estão associadas 
a maior gordura corporal, ganho de peso e mais 
sintomas psicológicos. 
A prática de fazer dieta segue o desenvolvimento 
de compulsão alimentar em muitos indivíduos com 
o transtorno. (Em contraste com a bulimia nervosa, 
na qual o hábito disfuncional de fazer dieta 
geralmente precede o início da compulsão 
alimentar.) 
Fatores de risco 
Genéticos e fisiológicos. O transtorno de 
compulsão alimentar parece comum em famílias, o 
que pode refletir influências genéticas adicionais. 
Tratamento 
O registro alimentar é o principal instrumento de 
avaliação e acompanhamento do consumo 
alimentar dos indivíduos com TCA. Os pacientes 
devem descrever todos os alimentos consumidos, 
as respectivas quantidades, locais e horários das 
refeições. Adicionalmente, deve-se relatar os 
episódios de compulsão alimentar e os 
sentimentos associados. Essa é uma ferramenta de 
automonitoramento, que possibilita uma maior 
consciência do paciente em relação à sua 
alimentação e, dessa forma, um maior controle 
sobre esse aspecto. Ademais, o diário alimentar 
auxilia o nutricionista na identificação de gatilhos 
para compulsão alimentar e na avaliação 
qualitativa e quantitativa do padrão alimentar. 
Tratamento dos transtornos alimentares 
Metas específicas e individualizadas devem ser 
estabelecidas, objetivando mudanças graduais e 
sustentáveis. De uma forma geral, no tratamento 
nutricional dos TA, deve-se: 
1- Calcular e monitorar a ingestão energética e de 
macronutrientes, visando ao alcance da meta de 
peso estabelecida (de forma gradual); 
2- Garantir a qualidade da alimentação e um 
padrão alimentar regular, com aumento da 
quantidade e variedade dos alimentos 
consumidos; 
3- Normalizar as percepções de fome e saciedade; 
4- Dar suporte psicossocial e reforço positivo; 
5- Elaborar um plano alimentar estruturado; 
6- Orientar pacientes e cuidadores em relação à 
seleção dos alimentos, considerando preferências, 
recursos e outras características individuais; 
7- Monitorar a evolução do peso e a ingestão de 
nutrientes, fazendo ajustes quando necessário. 
8– Equipe multidisciplinar (nutricionista, psicólogo, 
psiquiatra, clínico geral, assistente social). 
9- Diminuição do estigma.

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