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ENTEROBÍASE OU OXIUROSE A enterobíase, enterobiose ou oxiurose, é a verminose intestinal devido ao Enterobius vermicularis. Mais conhecido popularmente como oxiúros. A infecção costuma ser benigna, mas incômoda, pelo intenso prurido anal que produz e por suas complicações, sobre tudo em crianças. Originada no continente africano, essa verminose atualmente possui ampla distribuição geográfica mundial, porém com maior incidência em regiões de clima temperado. A faixa etária mais afetada é de 5 a 10 anos de idade; no entanto, adultos também podem padecer da enfermidade. MORFOLOGIA O E. vermiculares apresenta dimorfismo sexual, embora algumas características sejam comuns aos dois sexos, como: cor branca; filiformes; duas expansões vesiculosas chamadas “asas cefálicas”, uma de cada lado da boca, na extremidade anterior; esôfago terminando em bulbo cardíaco. · Vermes adultos: O macho mede aproximadamente 5 mm de comprimento e apresenta um espículo no fim de sua cauda recurvada; possui testículo único. A fêmea mede o dobro do tamanho do macho, possuindo cauda pontiaguda e longa; a vulva abre-se na porção média anterior, a qual é seguida por uma curta vagina que se comunica com dois úteros e, consequentemente, com dois ovidutos e dois ovários. · Ovos: Os ovos possuem membrana dupla e transparente, e assemelham-se à letra D, por apresentarem um lado plano e outro convexo (ligeiramente achatados de um lado). Medem aproximadamente 50 µm de largura por 20 µm de comprimento e são resistentes aos desinfetantes comerciais, podendo sobreviver em ambientes domiciliares por duas a três semanas. Possuem superfície pegajosa, que se adere facilmente a qualquer suporte e no momento em que saem do corpo da fêmea, já apresentam uma larva em seu interior. FISIOLOGIA O habitat dos vermes adultos é a região cecal do intestino grosso humano e suas imediações, sendo os enteróbios encontrados muitas vezes na luz do apêndice cecal. Machos e fêmeas vivem aderidos à mucosa ou livre na cavidade, alimentando-se saprozoicamanete do conteúdo intestinal. As fêmeas fecundadas não ovipõem no intestino, mas acumulam de 5.000 a 16.000 ovos, de modo que seus úteros acabam por se transformas em um único saco, distendido pela massa ovular, que ocupa quase todo o espaço entre a região bulbar do esôfago e o início da cauda. Então, elas abandonam o ceco e migram para o reto e o períneo do paciente, para realizarem a ovoposição na região perianal. CICLO BIOLÓGICO O E. vermiculares apresenta um ciclo monoxênico e é considerado o parasito de maior poder de infecção (em 6h os ovos se tornam infectantes). Após ingestão de ovos pelo hospedeiro, sofrem ação do suco gástrico e duodenal, então eclodem larvas rabditóides que sofrem mudanças até chegar ao ceco, onde se tornam vermes adultos. Após a cópula os machos são eliminados com as fezes. As fêmeas, repletas de ovos (5-16 mil) se desprendem do ceco e são arrastadas até a região anal e perianal, onde liberam grande quantidade de ovos já embrionados. Em mulheres, o parasito pode ser encontrado na bexiga, útero e vagina. Não havendo reinfecção, o parasitismo se extingue nesse momento e a duração do ciclo é de 35- 50 dias, que é aproximadamente a longevidade da fêmea. No interior do ovo encontram-se uma larva já formada, que se desenvolve até o segundo estádio em condições de anaerobiose. Mas para continuar seu desenvolvimento é necessária uma atmosfera com oxigênio. Na temperatura da pele (cerca 30ºC), a maturação do ovo faz-se em 4 a 6 horas. No solo, o processo é mais lento. Assim que completa a evolução no meio externo, os ovos tornam-se infectantes e, ao serem ingeridos, vão eclodir no intestino delgado do novo hospedeiro (ou do próprio paciente, já parasitado). As larvas rabditóides irão alimentar-se, crescer e transformar-se em vermes adultos, enquanto migram lentamente para o ceco. Não há ciclo pulmonar. TRANSMISSÃO Heteroinfecção: A transmissão do parasito de um indivíduo a outro (heteroinfecção) dá-se geralmente pela infecção e ingestão de ovos disseminados. Ocorre com pessoas que dividem o mesmo quarto, mesma cama e pessoas que frequentam as mesmas instalações sanitárias. Indireta: quando ovos em poeira ou alimentos atingem o mesmo indivíduo que os eliminou. Autoinfecção: a criança (raramente adultos) leva os ovos da região perianal à boca. É a principal causa da cronicidade dessa verminose; Retroinfecção: as larvas eclodem na região perianal (externamente), penetram pelo ânus, passam pelo reto, sigmoide, cólon, chegando ao ceco, onde se transformam em vermes adultos. PATOGENIA A ação patogênica no intestino é principalmente de natureza mecânica e irritativa, quando os vermes produzem pequenas erosões da mucosa, nos pontos em que se fixam com seus lábios; ou ao determinarem uma inflamação catarral se o número de parasitos for suficientemente grande. O parasitismo é leve e geralmente assintomático. Os sintomas frequentes são: prurido anal, causado pela presença do parasito na pele da região, vermelhidão no ânus, e às vezes presença de lesão retal. O prurido é intenso, provocando muita coceira e assim, produzindo escoriações na pele. Existem também fenômenos de hipersensibilidade. Nos casos de parasitismo intenso, instala-se uma colite crônica. · Intestino: processo inflamatório com exudato catarral por atuação da mucosa. Não há lesão anatômica (mucosa não penetrada); · Perianal e perineal: prurido, irritação e processo inflamatório; · Ceco: não possui relação com apendicite, apesar de estar no local; · Vulva e vagina: fêmeas fazem irritação no local (vulvovaginites); SINTOMATOLOGIA A faixa etária mais acometida pelo Enterobius vermicularis são as crianças, devido ao pouco cuidado com a higiene das mãos, assim como a imprudência que muitos têm de coçar o ânus e posteriormente levar a mão à boca. As infecções de baixa carga parasitárias são normalmente assintomáticas. Apenas 5% das infecções são sintomáticas, já que as grandes maiorias são de baixa carga parasitária. O sintoma mais frequentemente encontrado é o prurido anal intenso, predominantemente durante a noite, quando há uma redução da temperatura corporal (ânus e região perianal). O prurido é causado pela presença do ovo do verme na pele da região perianal e pela migração da fêmea grávida. Muitos casos são assintomáticos. As manifestações digestivas registradas são náuseas, vômitos, dores abdominais, tenesmo e raramente evacuações sanguinolentas. Pode ocorrer ligeira eosinofilia (4 a 15% de eosinófilos). Raramente causa lesões graves. Os sintomas associados à migração da fêmea grávida são: prurido noturno (característico desta verminose), insônia e irritabilidade. Em mulheres pode haver ainda migração anal-vulvar, com prurido, corrimento, onanismo, salpingites, penetração através da trompa causando granulomas peritoniais. DIAGNÓSTICO O diagnóstico é fácil, quando as pessoas que cuidam dos pacientes encontram os vermes na roupa íntima ou de cama, ou no períneo das crianças. Os exames de fezes, mesmo técnicas de enriquecimento, só revelam 5% a 10% dos casos de parasitismo. A melhor forma de encontrá-lo consiste em aplicar sobre a pele da região perianal (onde as fêmeas grávidas se encontram e fazem suas desovas) uma fita adesiva transparente para observar ovos e fêmeas grávidas. · Swab anal ou método de Graham (método da fita adesiva): específico para a pesquisa de E. vermicularis (passa fita adesiva no anus e examina-se direto ao microscópico) e deve se feito logo ao acordar, sem ter tomado banho e sem ter defecado; devem ser repetidos caso negativos; · Exame parasitológico fezes: não funciona para esta verminose, já que mesmo com meios de enriquecimento, revela apenas de 5-10% dos casos de parasitismo. EPIDEMIOLOGIA · Prevalente em crianças em idade escolar, sendo de transmissão doméstica ou de ambientes fechados. · Só humanos albergam o E. vermiculares; · As fêmeas liberam muitos ovos na região perianal; · Os ovos se tornam infectantes em pouco tempo (6h), são resistentes até 3 semanas em ambiente doméstico e podem contaminar o serhumano por diversos mecanismos; · O hábito de sacudir a roupa de cama pela manhã facilita a disseminação dos ovos no ambiente. MEDIDAS PROFILÁTICAS Banhos matinais diários, lavagem cuidadosa das mãos, mudar com frequência as roupas íntimas, evitar superlotação de alojamentos, depor de instalações sanitárias adequadas e assegurar a limpeza destes locais, e promover educação sanitária em escolas. TRATAMENTO Fármacos utilizados Albendazol, medendazo, pamoato de pirantel, piperazina, pamoato de pirvínio.