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– Os transtornos da alimentação (TAs) são quadros psiquiátricos que acometem, sobretudo, adolescentes e adultos jovens do sexo feminino, causando aumento de morbimortalidade. Potencialmente crônicos, causam grande prejuízo no funcionamento global e estão associados a comportamentos alimentares alterados, controle do peso por meio de atitudes caóticas e arriscadas, motivadas por percepção distorcida do corpo, da imagem e do peso. Os transtornos alimentares envolvem uma perturbação da alimentação ou do comportamento relacionado à alimentação, que costumam incluir • Alterações dos alimentos ou da quantidade consumida pela pessoa • Medidas que as pessoas adotam para evitar que os alimentos sejam absorvidos (por exemplo, autoinduzindo o vômito ou tomando laxantes) Para que um comportamento alimentar incomum seja considerado um transtorno, o comportamento precisa continuar por um determinado período e causar prejuízo significativo à saúde física da pessoa e/ou à capacidade de desempenhar funções na escola ou no trabalho ou afetar negativamente as interações da pessoa com outros. ➔Os transtornos alimentares incluem • Anorexia nervosa • Transtorno alimentar restritivo evitativo • Transtorno da compulsão alimentar periódica • Bulimia nervosa • Pica • Transtorno de ruminação ➔A anorexia nervosa é caracterizada por uma busca incessante pelo emagrecimento, uma imagem corporal distorcida, um medo extremo da obesidade e a restrição do consumo de alimentos, que resultam em um peso corporal significativamente baixo. A pessoa com anorexia nervosa limita a ingestão de alimentos, mas também pode comer compulsivamente e, em seguida, compensar isso por meio de purgação (por exemplo, ao autoinduzir o vômito ou tomar laxantes). A pessoa com esse transtorno pode limitar sua ingestão de alimentos a ponto de prejudicar sua saúde. Embora a palavra anorexia signifique perda do apetite, muitas pessoas com anorexia nervosa não perdem o apetite até estarem muito emaciadas. ➔O transtorno alimentar restritivo evitativo é caracterizado pelo fato de que a pessoa come muito pouco e/ou evita comer determinados alimentos sem ter a preocupação quanto à forma física ou o peso que é característica de pessoas com anorexia nervosa ou bulimia nervosa. Geralmente, as pessoas com esse transtorno podem não ter interesse em comer, podem ser extremamente seletivas em relação aos alimentos e podem evitar certos tipos de alimentos. Por exemplo, é possível que ela evite alimentos que têm uma determinada cor, consistência ou odor. Algumas pessoas têm medo das possíveis consequências adversas da alimentação, como asfixia ou vômito. ➔O transtorno da compulsão alimentar periódica é caracterizado pela ingestão de uma quantidade de alimentos excepcionalmente maior que a quantidade que a maioria das pessoas consumiria em um período semelhante e em circunstâncias semelhantes. A pessoa sente perda do controle durante e após um episódio de compulsão alimentar e esses episódios lhe causam angústia. O episódio de alimentação compulsiva não é seguido por purgação ou outras tentativas de compensar o excesso de alimentos consumidos. ➔A bulimia nervosa é caracterizada por episódios repetidos de ingestão rápida de grandes quantidades de alimentos, seguidos por tentativas de compensar o excesso de alimentos consumidos. Por exemplo, é possível que a pessoa autoinduza o vômito ou tome laxantes. ➔A pica ocorre quando a pessoa ingere regularmente substâncias que não são alimentos. ➔O transtorno de ruminação é caracterizado pela regurgitação de alimentos após terem sido consumidos. Os transtornos alimentares são muito mais frequentes em mulheres, sobretudo nas mais jovens, do que em homens. DIAGNOSTICO- DMS-5 ➔ B. A ingestão de substâncias não nutritivas, não alimentares, é inapropriada ao estágio de desenvolvimento do indivíduo. ➔C. O comportamento alimentar não faz parte de uma prática culturalmente aceita. ➔D. Se o comportamento alimentar ocorrer no contexto de outro transtorno mental (p. ex., deficiência intelectual [transtorno do desenvolvimento intelectual], transtorno do espectro autista, esquizofrenia) ou condição médica (incluindo gestação), é suficientemente grave a ponto de necessitar de atenção clínica adicional. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL A ingestão de substâncias não nutritivas, não alimentares, pode ocorrer durante o curso de outros transtornos mentais (p. ex., transtorno do espectro autista, esquizofrenia) e na síndrome de Kleine-Levin. →Anorexia nervosa. A pica normalmente pode ser distinguida de outros transtornos alimentares pelo consumo de substâncias não ➔A. Ingestão persistente de substâncias não nutritivas, não alimentares, durante um período mínimo de um mês. https://www.msdmanuals.com/pt-br/casa/dist%C3%BArbios-de-sa%C3%BAde-mental/transtornos-alimentares/anorexia-nervosa https://www.msdmanuals.com/pt-br/casa/dist%C3%BArbios-de-sa%C3%BAde-mental/transtornos-alimentares/transtorno-alimentar-restritivo-evitativo https://www.msdmanuals.com/pt-br/casa/dist%C3%BArbios-de-sa%C3%BAde-mental/transtornos-alimentares/transtorno-da-compuls%C3%A3o-alimentar-peri%C3%B3dica https://www.msdmanuals.com/pt-br/casa/dist%C3%BArbios-de-sa%C3%BAde-mental/transtornos-alimentares/transtorno-da-compuls%C3%A3o-alimentar-peri%C3%B3dica https://www.msdmanuals.com/pt-br/casa/dist%C3%BArbios-de-sa%C3%BAde-mental/transtornos-alimentares/bulimia-nervosa https://www.msdmanuals.com/pt-br/casa/dist%C3%BArbios-de-sa%C3%BAde-mental/transtornos-alimentares/pica https://www.msdmanuals.com/pt-br/casa/dist%C3%BArbios-de-sa%C3%BAde-mental/transtornos-alimentares/transtorno-de-rumina%C3%A7%C3%A3o – nutritivas, não alimentares. É importante observar, no entanto, que algumas apresentações de anorexia nervosa incluem a ingestão de substâncias não nutritivas, não alimentares, como lenços de papel, na tentativa de controlar o apetite. Nesses casos, quando a ingestão de substâncias não nutritivas, não alimentares, é usada essencialmente como meio de controle do peso, anorexia nervosa deverá ser o diagnóstico primário. ➔Transtorno factício. Alguns indivíduos com transtorno factício podem ingerir intencionalmente objetos estranhos como parte do padrão de falsificação de sintomas físicos. Nesses casos, existe um elemento fraudulento compatível com a indução deliberada de lesão ou doença. Autolesão não suicida e comportamentos de autolesão suicida nos transtornos da personalidade. Alguns indivíduos podem deglutir itens potencialmente nocivos (p. ex., alfinetes, agulhas, facas) no contexto de padrões desadaptativos de comportamento associados a transtornos da personalidade ou autolesão não suicida. ➔A. Regurgitação repetida de alimento durante um período mínimo de um mês. O alimento regurgitado pode ser remastigado, novamente deglutido ou cuspido. ➔B. A regurgitação repetida não é atribuível a uma condição gastrintestinal ou a outra condição médica (p. ex., refluxo gastroesofágico, estenose do piloro). ➔C. A perturbação alimentar não ocorre exclusivamente durante o curso de anorexia nervosa, bulimia nervosa, transtorno de compulsão alimentar ou transtorno alimentar restritivo/evitativo ➔D. Se os sintomas ocorrerem no contexto de outro transtorno mental (p. ex., deficiência intelectual [transtorno do desenvolvimento intelectual] ou outro transtorno do neurodesenvolvimento), eles são suficientemente graves para justificar atenção clínica adicional. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL ➔Condições gastrintestinais. É importante diferenciar regurgitação no transtorno de ruminação de outras condições caracterizadas por refluxo gastroesofágico ou vômitos. Condições como gastroparesia, estenose do piloro, hérnia de hiato e síndrome de Sandifer em lactentes deverão ser excluídas por exames físicos e testes laboratoriais apropriados. ➔Anorexia nervosa e bulimia nervosa. Indivíduos com anorexia nervosa e bulimia nervosa também podem regurgitar com subsequenteeliminação do alimento como um meio de livrar-se das calorias ingeridas em virtude da preocupação com o ganho de peso. A. Uma perturbação alimentar (p. ex., falta aparente de interesse na alimentação ou em alimentos; esquiva baseada nas características sensoriais do alimento; preocupação acerca de consequências aversivas alimentar) manifestada por fracasso persistente em satisfazer as necessidades nutricionais e/ou energéticas apropriadas associada a um (ou mais) dos seguintes aspectos: 1. Perda de peso significativa (ou insucesso em obter o ganho de peso esperado ou atraso de crescimento em crianças). 2. Deficiência nutricional significativa. 3. Dependência de alimentação enteral ou suplementos nutricionais orais. 4. Interferência marcante no funcionamento psicossocial. B. A perturbação não é mais bem explicada por indisponibilidade de alimento ou por uma prática culturalmente aceita. C. A perturbação alimentar não ocorre exclusivamente durante o curso de anorexia nervosa ou bulimia nervosa, e não há evidência de perturbação na maneira como o peso ou a forma corporal é vivenciada D. A perturbação alimentar não é atribuível a uma condição médica concomitante ou mais bem explicada por outro transtorno mental. Quando a perturbação alimentar ocorre no contexto de uma outra condição ou transtorno, sua gravidade excede a habitualmente associada à condição ou ao transtorno e justifica atenção clínica adicional. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL A perda de apetite que precede a alimentação restritiva é um sintoma inespecífico que pode acompanhar uma série de diagnósticos mentais. ➔Outras condições médicas (p. ex., doença gastrintestinal, alergias e intolerâncias alimentares, malignidades ocultas). A restrição da ingesta alimentar pode ocorrer em outras condições médicas, especialmente com sintomas persistentes como vômitos, perda de apetite, náusea, dor abdominal ou diarreia. Um diagnóstico de transtorno alimentar restritivo/evitativo requer que a perturbação da ingestão esteja além daquela diretamente explicada pelos sintomas físicos compatíveis com uma condição médica; a perturbação alimentar também deve persistir depois de desencadeada por uma condição médica e depois da resolução desta. Condições médicas subjacentes ou condições mentais comórbidas podem complicar a alimentação. Na medida em que indivíduos mais velhos, pacientes pós-cirúrgicos e os que recebem quimioterapia com frequência ficam inapetentes, um diagnóstico adicional de transtorno alimentar restritivo/evitativo requer que a perturbação alimentar seja um foco primário para intervenção. ➔Transtornos neurológicos/neuromusculares, estruturais ou congênitos específicos e condições associadas a dificuldades de alimentação. Dificuldades de alimentação são comuns em uma série de condições congênitas e neurológicas com frequência relacionadas a problemas com a estrutura e a função oral/esofágica/faríngea, como hipotonia da musculatura, protusão da língua e deglutição comprometida. ➔Transtorno de apego reativo. Um certo grau de retraimento é característico do transtorno de apego reativo e pode levar a uma perturbação na relação cuidador-criança que pode afetar a alimentação e a ingestão da criança. ➔Transtorno do espectro autista. geralmente apresentam comportamentos alimentares rígidos e sensibilidades sensoriais aumentadas. Entretanto, esses aspectos nem sempre resultam no nível de comprometimento que seria necessário para um diagnóstico de transtorno alimentar restritivo/evitativo. ➔Fobia específica, transtorno de ansiedade social (fobia social) e outros transtornos de ansiedade. Fobia específica do tipo “outro” menciona como exemplos “situações que possam levar a asfixia ou vômitos” e pode representar o gatilho primário para o medo, a ansiedade ou a evitação necessários para o diagnóstico. Pode ser difícil distinguir fobia específica de transtorno alimentar restritivo/evitativo quando medo de asfixia ou vômito resultou em esquiva da alimentação. No transtorno de ansiedade social, o indivíduo pode apresentar-se com medo de ser observado pelos outros enquanto se alimenta, o que pode acontecer também no transtorno alimentar restritivo/evitativo. ➔Anorexia nervosa. indivíduos com anorexia nervosa também exibem medo de ganhar peso ou de ficar gordos ou comportamentos persistentes que interferem no ganho de peso, bem como perturbações específicas em relação à percepção e à vivência de seu próprio peso e forma corporal. O diagnóstico diferencial entre transtorno alimentar restritivo/evitativo e anorexia nervosa pode ser difícil, especialmente no fim da infância e no início da adolescência, pois esses transtornos podem compartilhar uma série de sintomas (p. ex., evitação de alimento, baixo peso). ➔Transtorno obsessivo-compulsivo. podem apresentar-se com evitação ou restrição da alimentação relacionada a preocupações com alimentos ou comportamento de alimentação ritualizado. ➔Transtorno depressivo maior. No transtorno depressivo maior, o apetite pode estar afetado de tal forma que os indivíduos apresentam- se com ingesta alimentar significativamente restrita, em geral em relação à ingesta calórica total e muitas vezes associada a perda de – peso. A inapetência e a decorrente redução da ingesta costumam ceder com a resolução dos problemas de humor. ➔Transtornos do espectro da esquizofrenia. Indivíduos com esquizofrenia, transtorno delirante ou outros transtornos psicóticos podem exibir comportamentos alimentares estranhos, evitação de alimentos específicos em virtude de crenças delirantes ou outras manifestações de alimentação restritiva/evitativa. Em alguns casos, crenças delirantes podem contribuir para preocupação acerca das consequências negativas de ingerir determinados alimentos ➔Transtorno factício ou transtorno factício imposto a outro. Para assumir o papel de doente, alguns indivíduos com transtorno factício podem descrever intencionalmente dietas que são muito mais restritivas do que aquelas que de fato são capazes de consumir, bem como complicações de tal comportamento, como necessidade de dietas enterais ou suplementos nutricionais, incapacidade de tolerar uma gama normal de alimentos e/ou incapacidade de participar normalmente de situações apropriadas à idade envolvendo alimentação. A. Restrição da ingesta calórica em relação às necessidades, levando a um peso corporal significativamente baixo no contexto de idade, gênero, trajetória do desenvolvimento e saúde física. Peso significativamente baixo é definido como um peso inferior ao peso mínimo normal ou, no caso de crianças e adolescentes, menor do que o minimamente esperado. B. Medo intenso de ganhar peso ou de engordar, ou comportamento persistente que interfere no ganho de peso, mesmo estando com peso significativamente baixo C. Perturbação no modo como o próprio peso ou a forma corporal são vivenciados, influência indevida do peso ou da forma corporal na autoavaliação ou ausência persistente de reconhecimento da gravidade do baixo peso corporal atual. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL ➔Condições médicas (p. ex., doença gastrintestinal, hipertireoidismo, malignidades ocultas e síndrome da imunodeficiência adquirida [SIDA]) ➔Transtorno depressivo maior: pode ocorrer perda de peso grave, mas a maioria dos indivíduos com esse transtorno não manifesta nem desejo de perda de peso excessiva, nem medo intenso de ganhar peso. ➔Esquizofrenia: exibem comportamento alimentar estranho e às vezes apresentam perda de peso significativa, mas raramente manifestam o medo de ganhar peso e a perturbação da imagem corporal necessários para um diagnóstico de anorexia nervosa. ➔Transtornos por uso de substância: Indivíduos que abusam de substâncias que reduzem o apetite (p. ex., cocaína, estimulantes) ➔ Transtorno de ansiedade social (fobia social), transtorno obsessivo- compulsivo e transtorno dismórfico corporal: podem sentir-se humilhados ou envergonhados de seremvistos comendo em público, como ocorre na fobia social; podem exibir obsessões e compulsões relacionadas a alimentos, como no TOC; ou podem ficar preocupados com um defeito imaginado na aparência do corpo, como no transtorno dismórfico corporal. ➔Bulimia nervosa: exibem episódios recorrentes de compulsão alimentar, adotam comportamento indevido para evitar o ganho de peso (p. ex., vômitos autoinduzidos) e preocupam-se excessivamente com a forma e o peso corporais. ➔Transtorno alimentar restritivo/evitativo: exibem perda de peso ou deficiência nutricional significativas, mas não temem ganhar peso ou se tornar gordos nem apresentam perturbação na maneira como vivenciam a forma e o peso do próprio corpo. A. Episódios recorrentes de compulsão alimentar. Um episódio de compulsão alimentar é caracterizado pelos seguintes aspectos: 1. Ingestão, em um período de tempo determinado (p. ex., dentro de cada período de duas horas), de uma quantidade de alimento definitivamente maior do que a maioria dos indivíduos consumiria no mesmo período sob circunstâncias semelhantes. 2. Sensação de falta de controle sobre a ingestão durante o episódio (p. ex., sentimento de não conseguir parar de comer ou controlar o que e o quanto se está ingerindo). B. Comportamentos compensatórios inapropriados recorrentes a fim de impedir o ganho de peso, como vômitos autoinduzidos; uso indevido de laxantes, diuréticos ou outros medicamentos; jejum; ou exercício em excesso C. A compulsão alimentar e os comportamentos compensatórios inapropriados ocorrem, em média, no mínimo uma vez por semana durante três meses. D. A autoavaliação é indevidamente influenciada pela forma e pelo peso corporais E. A perturbação não ocorre exclusivamente durante episódios de anorexia nervosa Leve: Média de 1 a 3 episódios de comportamentos compensatórios inapropriados por semana. Moderada: Média de 4 a 7 episódios de comportamentos compensatórios inapropriados por semana. Grave: Média de 8 a 13 episódios de comportamentos compensatórios inapropriados por semana. Extrema: Média de 14 ou mais comportamentos compensatórios inapropriados por semana. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL ➔ Anorexia nervosa, tipo compulsão alimentar purgativa ➔Transtorno de compulsão alimentar. Alguns indivíduos apresentam compulsão alimentar, porém não adotam comportamentos compensatórios inapropriados regularmente. Nesses casos, o diagnóstico de transtorno de compulsão alimentar deve ser considerado. ➔ Síndrome de Kleine-Levin. Em certas condições neurológicas e algumas condições médicas, como a síndrome de Kleine-Levin, existe comportamento de comer perturbado, mas os aspectos psicológicos característicos de bulimia nervosa, como preocupação excessiva com a forma e o peso corporais, não estão presentes. ➔Transtorno depressivo maior, com aspectos atípicos. A hiperfagia é comum no transtorno depressivo maior com aspectos atípicos, mas os indivíduos com esse transtorno não adotam comportamentos compensatórios indevidos e não exibem a preocupação excessiva com a forma e o peso corporais característica da bulimia nervosa. Se os critérios de ambos os transtornos forem satisfeitos, ambos os diagnósticos devem ser dados. ➔Transtorno da personalidade borderline. O comportamento de compulsão alimentar está incluso no critério de comportamento impulsivo que faz parte do transtorno da personalidade borderline. Se os critérios para transtorno da personalidade borderline e bulimia nervosa forem satisfeitos, então ambos os diagnósticos devem ser dados. – A. Episódios recorrentes de compulsão alimentar. Um episódio de compulsão alimentar é caracterizado pelos seguintes aspectos: 1. Ingestão, em um período determinado (p. ex., dentro de cada período de duas horas), de uma quantidade de alimento definitivamente maior do que a maioria das pessoas consumiria no mesmo período sob circunstâncias semelhantes. 2. Sensação de falta de controle sobre a ingestão durante o episódio (p. ex., sentimento de não conseguir parar de comer ou controlar o que e o quanto se está ingerindo). B. Os episódios de compulsão alimentar estão associados a três (ou mais) dos seguintes aspectos: 1. Comer mais rapidamente do que o normal. 2. Comer até se sentir desconfortavelmente cheio. 3. Comer grandes quantidades de alimento na ausência da sensação física de fome. 4. Comer sozinho por vergonha do quanto se está comendo. 5. Sentir-se desgostoso de si mesmo, deprimido ou muito culpado em seguida C. Sofrimento marcante em virtude da compulsão alimentar D. Os episódios de compulsão alimentar ocorrem, em média, ao menos uma vez por semana durante três meses. E. A compulsão alimentar não está associada ao uso recorrente de comportamento compensatório inapropriado como na bulimia nervosa e não ocorre exclusivamente durante o curso de bulimia nervosa ou anorexia nervosa Leve: 1 a 3 episódios de compulsão alimentar por semana. Moderada: 4 a 7 episódios de compulsão alimentar por semana. Grave: 8 a 13 episódios de compulsão alimentar por semana. Extrema: 14 ou mais episódios de compulsão alimentar por semana. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL ➔Bulimia nervosa. Em termos de apresentação clínica, o comportamento compensatório inapropriado recorrente (p. ex., purgação, exercício excessivo) visto na bulimia nervosa está ausente no transtorno de compulsão alimentar. Diferentemente de indivíduos com bulimia nervosa, aqueles com transtorno de compulsão alimentar não costumam exibir restrição dietética marcante ou mantida voltada para influenciar o peso e a forma corporais entre os episódios de comer compulsivo. Eles podem, no entanto, relatar tentativas frequentes de fazer dieta. O transtorno de compulsão alimentar também difere da bulimia nervosa em termos de resposta ao tratamento. As taxas de melhora são consistentemente maiores entre indivíduos com transtorno de compulsão alimentar do que entre aqueles com bulimia nervosa. ➔Obesidade: está associado a sobrepeso e obesidade, mas apresenta diversos aspectos-chave distintos da obesidade. Primeiro, os níveis de valorização excessiva do peso e da forma corporais são maiores em indivíduos obesos com o transtorno do que entre aqueles sem o transtorno. Em segundo lugar, as taxas de comorbidade psiquiátrica são significativamente maiores entre indivíduos obesos com o transtorno comparados aos que não o têm. Em terceiro lugar, o sucesso prolongado de tratamentos psicológicos baseados em evidência para o transtorno de compulsão alimentar podem ser contrastados com a ausência de tratamentos eficazes a longo prazo para obesidade. ➔Transtornos bipolar e depressivo: O aumento da ingesta no contexto de um episódio depressivo maior pode ou não estar associado a perda de controle. Se todos os critérios para ambos os transtornos forem satisfeitos, ambos os diagnósticos podem ser dados. Compulsão alimentar e outros sintomas da ingestão desordenada são vistos em associação com transtorno bipolar. ➔ Transtorno da personalidade borderline. A compulsão alimentar está inclusa no critério de comportamento impulsivo que faz parte da definição do transtorno da personalidade borderline. Para pacientes com transtornos alimentares que estão clinicamente estáveis, a determinação do cenário de tratamento requer uma avaliação médica e psiquiátrica geral completa, e a decisão sobre a disposição depende da avaliação dos riscos e benefícios de cada opção. As opções de tratamento geralmente incluem internação hospitalar, hospital parcial (programa diurno) e atendimento ambulatorial; além disso, cuidados residenciais podem estar disponíveis. É necessário julgamento clínico e algum grau de individuação. A escolha é baseada na gravidade da doença, bem como nos distúrbios médicos e psiquiátricos gerais subjacentes ou concomitantes. Por exemplo, pacientes com transtornos alimentares podem ter complicações médicas graves e apresentam risco aumentadode suicídio ou comportamento autolesivo não suicida , podendo, portanto, necessitar de hospitalização psiquiátrica ou programas de tratamento diurno. Atendimento interdisciplinar: envolve uma equipe interdisciplinar com experiência no tratamento desses transtornos; a equipe inclui um clínico de saúde mental, um nutricionista e um clínico geral. Clínico de saúde mental : normalmente coordena os cuidados entre os membros da equipe e administra as psicoterapias individuais, de grupo e familiares que são a base do tratamento. Em geral, a psicoterapia concentra-se principalmente nas cognições e comportamentos dos transtornos alimentares e, secundariamente, aborda questões afetivas, relacionamentos e questões subjacentes que podem ter iniciado o transtorno alimentar. Além disso, médicos com experiência em transtornos alimentares também podem fornecer farmacoterapia. Nutricionista registrado: A equipe de apoio dietético e nutricional direciona a reabilitação nutricional, discute as opções dietéticas disponíveis e os requisitos do plano alimentar com os pacientes e fornece educação nutricional em relação às mudanças nos comportamentos alimentares. O nutricionista, juntamente com o clínico geral, estabelece metas de peso adequadas. Clínico geral: Se o diagnóstico de um transtorno alimentar não for claro, o clínico geral deve descartar outras causas médicas não psiquiátricas de perda de peso, vômito ou irregularidade menstrual. Além disso, o médico avalia os pacientes quanto a complicações médicas e monitora problemas médicos imediatos (por exemplo, estabilidade – dos sinais vitais, anormalidades eletrolíticas e estado de hidratação), bem como problemas de longo prazo (por exemplo, densidade óssea, menstruação e crescimento). problemas em pacientes mais jovens). Para pacientes com anorexia nervosa, muitas vezes é necessário verificar o peso e os sinais vitais semanalmente para garantir o ganho de peso e a estabilidade médica. TRATAMENTO DO TRANSTORNO DA COMPULSÃO ALIMENTAR PERIÓDICA • Psicoterapia • Determinados antidepressivos e medicamentos estimulantes • Possivelmente medicamentos para redução de peso e supressores do apetite • Possivelmente, grupos de autoajuda e programas de redução de peso convencionais ➔Os seguintes tratamentos podem ajudar: • A terapia cognitivo-comportamental pode ajudar a controlar os episódios de compulsão alimentar em longo prazo, mas tem pouco efeito sobre o peso corporal. • A psicoterapia interpessoal é tão eficaz quanto a terapia cognitivo-comportamental, mas também tem pouco efeito sobre o peso corporal. • Os medicamentos estimulantes (por exemplo, os utilizados para tratar o transtorno do déficit de atenção com hiperatividade [TDAH]) e os inibidores seletivos de recaptação da serotonina (um tipo de antidepressivo), tais como a fluoxetina, podem ajudar a pessoa a parar de ter episódios de compulsão alimentar por um curto período e podem resultar em perda de peso. • Os medicamentos para redução do peso (por exemplo, o orlistate) ou supressores do apetite (por exemplo, o topiramato) podem ajudar com a perda de peso. • Grupos de autoajuda que seguem os princípios dos Alcoólicos Anônimos (por exemplo, os Hiperfágicos Anônimos e os Dependentes de Comida Anônimos) podem ser facilmente encontrados, mas a sua eficácia é desconhecida. • Programas comportamentais de redução de peso convencionais podem ajudar a pessoa a perder peso e a parar de ter episódios de compulsão alimentar por um curto período, mas geralmente a pessoa tende a voltar a comer compulsivamente. • É possível que seja realizada cirurgia para tratar a obesidade grave, mas os efeitos sobre a compulsão alimentar são desconhecidos. https://www.msdmanuals.com/pt-br/casa/problemas-de-sa%C3%BAde-infantil/dist%C3%BArbios-de-aprendizagem-e-do-desenvolvimento/transtorno-do-d%C3%A9ficit-de-aten%C3%A7%C3%A3o-com-hiperatividade-tdah#v9115102_pt https://www.msdmanuals.com/pt-br/casa/dist%C3%BArbios-de-sa%C3%BAde-mental/transtornos-do-humor/tratamento-medicamentoso-para-depress%C3%A3o#v54782288_pt https://www.msdmanuals.com/pt-br/casa/dist%C3%BArbios-de-sa%C3%BAde-mental/transtornos-do-humor/tratamento-medicamentoso-para-depress%C3%A3o#v54782288_pt https://www.msdmanuals.com/pt-br/casa/dist%C3%BArbios-nutricionais/obesidade-e-a-s%C3%ADndrome-metab%C3%B3lica/obesidade#v8487814_pt https://www.msdmanuals.com/pt-br/casa/dist%C3%BArbios-nutricionais/obesidade-e-a-s%C3%ADndrome-metab%C3%B3lica/cirurgia-bari%C3%A1trica https://www.msdmanuals.com/pt-br/casa/dist%C3%BArbios-nutricionais/obesidade-e-a-s%C3%ADndrome-metab%C3%B3lica/cirurgia-bari%C3%A1trica
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