Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Alice Bastos LMF – 2021.2 Doença por Prion e correlatas Introdução O Prion é uma proteína que perde a sua conformação e se torna uma proteína infecciosa; Quando entra em contato com outras proteínas iguais a ela, tem a capacidade de induzir essa outra proteína a mudar sua conformação estrutural e passar a ser mais uma proteína infecciosa; O Prion não é apenas de origem infecciosa, também pode ter um surgimento espontâneo; A doença priônica só é transmitida através de produtos cárneos que possuem essa proteína infecciosa; → E essa proteína infecciosa deve entrar em contato com minhas proteínas normais para alterá-las; → Esse é um dos motivos da restrição para exportação de carne; Quando surge algum paciente com essa doença, é necessário investigar a sua origem; A Doença de Creutzfeldt-Jakob é a de surgimento espontâneo; → A proteína sofre a alteração e o paciente começa a desenvolver o quadro patológico; → O paciente não vive muito, pois é uma doença neurodegenerativa agressiva e em pouco tempo vem a óbito; • Idade média de morte: 68 anos; • Duração da doença: 5 meses; Doença de Creutzfeldt-Jakob iatrogênica: a contaminação é resultante de procedimentos médicos realizados com materiais biológicos contaminados; Doença de Creutzfeldt-Jakob variante: forma ocorrida no Reino Unido, relacionada a epidemia de encefalopatia espongiforme bovina; → Idade média de morte: 28 anos; → Duração da doença: 14 meses; → Sintomas iniciais de depressão e esquizofrenia evoluindo para tremores musculares involuntários, desequilíbrio, ataxia; → Critério diagnóstico “ante-mortem” na GB: • Desordens psiquiátricas sem diagnóstico conclusivo por mais de 6 meses; • Sinais clínicos específicos; • EEC alterado; • Biópsia para confirmar? É um exame que pode ser feito, mas é muito invasivo; → Não existe tratamento eficaz: droga experimental sob investigação (Quinacrina); Doença de Creutzfeldt-Jakob familiar: o surgimento também é espontâneo e a maioria dos casos ocorre de forma esporádica; → Afeta principalmente indivíduos idosos (a partir dos 55 anos de idade); → Maior prevalência entre as mulheres; Síndrome de Gerstmann-Straussler-Scheinker: é uma doença neurodegenerativa genética muito rara causada por príon; → Acomete indivíduos mais novos (entre 35 e 55 anos de idade); → Sobrevida média de 5 anos; Insônia familiar fatal: doença causada por príon muito rara; → Interfere no sono, leva à deterioração da função mental, perda de coordenação e a morte ocorre em alguns meses (no máximo alguns anos); Kuru: tribo africana na qual há o hábito do canibalismo; → A doença é desenvolvida em decorrência do consumo da carne humana contaminada pelo príon. Alice Bastos LMF – 2021.2 Encefalopatias espongiformes transmissíveis Um grupo de doenças raras que cursam com alterações neurodegenerativas progressivas, que afetam tanto animais quanto o homem; Tem como característica um longo período de incubação, aspecto espongiforme do tecido cerebral e ausência de indução de resposta inflamatória. Prion É uma partícula proteinácea infecciosa; É um agente infeccioso que não tem um genoma de ácido nucleico; Por ser uma proteína, é menor que os menores vírus; Proteína normal: → PrPc (celular); → Glicoproteína normalmente encontrada inserida na membrana de neurônios, envolvida na função sináptica; → Estrutura secundária dominada por alfa- hélices; → Estrutura solúvel; → Facilmente degradada por proteases; → Codificada pelo gene PRNP, localizado no cromossomo 20 (humano); Proteína anormal PrPsc: → Ao se tornar anormal, a proteína muda o seu formato; → Mesma sequência de aminoácidos e estrutura primária de proteína anormal; → Estrutura secundária dominada por conformações beta; → Quando a PrPsc entra em contato com a PrPc, a proteína normal é convertida a sua forma anormal; → Insolúvel na maioria dos solventes; → Extremamente resistente a degradação por proteases; • Sobrevivem no tecido “post-mortem”; → Resistente ao calor, processos normais de esterilização, luz solar, desinfetantes, pH ácido; → Não induz resposta imune nem inflamatória; A mutação pode ocorrer de forma espontânea ou após infecção; Fisiopatologia De forma oral: → A proteína resistente ao suco gástrico, enzimas intestinais, proteases bacterianas do rúmen; → Ao consumir: placas de Peyer → baço → nervos periféricos → SNC; → Ao chegar no SNC, vai de maneira ascendente: medula, ponte e córtex; Alice Bastos LMF – 2021.2 No processo de vacuolização, a bainha de mielina vai perdendo a sua função e ocorrem prejuízos na sinapse (que não ocorrem), dando início aos quadros neurológicos. Transmissão humana Pessoas que consomem produtos bovinos infectados com BSE podem desenvolver vCJD; → vCJD: forma humana do BSE; Dose infectante não é conhecida; Suscetibilidade genética; → Todos os casos são homozigotos para metionina no códon 129 da PrPc; Instrumentos cirúrgicos; Indústria farmacêutica e de vacinas: evitar o uso de produtos de origem bovina. Quadro clínico Período de incubação: 2 a 8 anos; Sinais principalmente neurológicos: → Depressão, facilmente estimuláveis; → Estágios finais: excitação, tremores, ataxia; Não existe tratamento; Morbidade de 2% e mortalidade de 100%. Diagnóstico É uma doença neurológica lentamente progressiva e fatal; Diagnóstico definitivo somente “post-mortem”: cérebro, medula; Não conseguimos fazer o diagnóstico definitivo enquanto o indivíduo está vivo, pois necessita de histopatologia do tecido cerebral para identificar as alterações espongiformes; Podemos fazer imuno-histoquímica para detecção de proteína anormal: padrão-ouro; Etapas diagnósticas: → Ressonância; → Exames de sangue para a análise genética; → Análise de líquor para detecção de uma proteína neuronal (estudo conhecido como 14.3.3): quando dá positivo para esta proteína, podemos basicamente fechar o caso); → RT-QuIC (Real-time quaking induced conversion); Outras doenças associadas a demência: → Doença de Alzheimer: não apresenta anormalidades nos estudos com difusão; → Demência vascular: associada com múltiplos infartos, mas as anormalidades na difusão ocorrem apenas nos infartos recentes, e não há envolvimento cortical difuso; → Se as anormalidades na difusão se restringem ao córtex cerebral, o principal diagnóstico diferencial são MELAS; → Encefalopatia hipertensiva venosa; → Encefalite crônica pelo vírus herpes simples.
Compartilhar