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PATOLOGIA Rudolph Virchow pai da patologia - Proteínas mal dobradas, se não reparadas ou eliminadas por microautofagia ou digestão em proteassomos, formam agregados capazes de provocar degeneração ou morte celular, por aumentar a permeabilidade mitocondrial (ver adiante, apoptose); proteotoxicidade é o termo cunhado para indicar tal fenômeno. Proteotoxicidade parece ser um mecanismo comum na patogênese de algumas doenças degenerativas, como doença de Alzheimer (acúmulo de β-amiloide), coreia de Huntington (agregados de huntingtina), doença de Parkinson (aglomerados de α-sinucleína associados a ubiquitina) e diabetes melito tipo 2 (proteínas hiperglicadas). No meio extracelular, proteínas mal dobradas podem originar a substância amiloide - Modificações pouco extensas no DNA não se acompanham de retardo no ciclo celular. Lesões mais extensas, como as que resultam em quebras de fita, disparam sinais para que haja retardo ou parada do ciclo celular. O fenômeno, denominado checkpoint do DNA lesado (ponto de avaliação ou de checagem), refere-se aos momentos do ciclo celular em que ocorre avaliação da integridade do DNA – o ciclo celular só avança se não existe dano no DNA DEGENERAÇÕES/DEPOSIÇÕES CELULARES (WLADIMIR) Acúmulo anormal de substâncias dentro ou fora das células. Isso acontece por distúrbio ou lesão Célula tem processo adaptativo (tenta se defender do fator agressor) esse processo pode não dar conta e aí ocorre lesão celular Podem ocorrer lesões celulares irreversíveis, que não são compatíveis com a vida célula morre (necrose) Apoptose: Célula programa sua morte CAUSAS DE LESÃO CELULAR: Principais: Hipoxia (baixo O₂), isquemia, reperfusão de um órgão · Agentes físicos · Agentes químicos · Agentes infecciosos e parasitários · Reações inflamatórias e imunológicas · Defeitos genéticos · Distúrbios nutricionais Condicionantes da lesão · Tipo de lesão · Intensidade e duração do estímulo · Adaptabilidade celular DEPÓSITOS/DEGENERAÇÕES Alterações metabólicas acúmulo intracelular patológico Temporalidade: transitório ou permanente Tipos de substâncias: endógenas são maioria (normais ou anormais) ou exógenas Extensão do dano: inócuas ou dano grave ou morte Categoriais das substâncias: 1. Componentes celulares normais: H₂O, proteínas, carboidratos, lipídeos (maioria são componentes celulares normais, mas que se acumulam de forma anormal) QUESTÃO QUANTITATIVA não “o que” e sim “o quanto” 2. Substância anormal: minerais, agentes infecciosos 3. Pigmento (processo patológico) PROCESSOS MAIS FREQUENTES NOS ACÚMULOS Figura Robbins Metabolismo anormal: exemplo esteatose hepática Déficit de transporte: exemplo deficiência ɑ-1 antitripsina Carência enzimática: exemplo deficiência genética enzimática Endocitose de indigeríveis: exemplo silicose e antracose DEPÓSITOS Classificação (quanto a substâpagasncia acumulada) Lipídios: - Esteatose - Infiltração adiposa Glicídios - Degeneração glicogênica Proteínas - Amiloidose* (extracelular) - Hialinização - Degeneração mucoide - Queratinização patológica LIPÍDIOS Ácidos graxos + álcool Tipos: triglicerídeos, fosfolipídeos, colesterol (sempre agregado a uma molécula de álcool), ácido araquidônico, vitaminas lipossolúveis (K, E, D, A) ESTEATOSE Deposição anormal de triglicerídeos no interior celular · Mais frequente no fígado, mas pode ocorrer no coração, músculos e rins Fígado fica muito mais claro (porque as células aumentam de volume e comprimem os capilares), além de aumentado Causas: · Toxinas (alcoolismo) · Obesidade · Hipóxia (causa disfunção do hepatócito, e aí acumula gordura no interior) Nos estados de hipóxia (anemia, insuficiência cardíaca ou respiratória etc.), há menor disponibilidade de O2 no ciclo de Krebs e, portanto, menor utilização de acetil-CoA, o que favorece a síntese de ácidos graxos. Redução de ATP também dificulta a síntese de lipídeos complexos e diminui a utilização de ácidos graxos e triglicerídeos · Desnutrição proteica/anorexia (sem proteína não ocorre transporte nas células, então acumula gordura dentro das células) A carência de proteínas diminui a síntese de lipoproteínas e a excreção de triglicerídeos; a ingestão calórica deficiente mobiliza lipídeos do tecido adiposo e aumenta o aporte de ácidos graxos para o fígado. · Diabetes mellito (insulina coloca glicogênio para dentro das células, quando glucagon age, ele retira glicogênio só do fígado. Hipoglicemia faz com que a gordura do corpo vá até o fígado para produzir glicogênio, as vezes é gordura demais e aí causa esteatose) Lipídios requerem coloração especial para serem vistos no microscópio na coloração HE, o que se vê é o “vácuo” de onde estaria o lipídio - Sudan III (lipídio aparece na cor vermelho) - Sudan IV ((lipídio aparece na cor preto) Os hepatócitos normalmente retiram da circulação ácidos graxos e triglicerídeos provenientes da absorção intestinal e da lipólise no tecido adiposo No fígado, ácidos graxos são utilizados para: (1) produção de colesterol e seus ésteres; (2) síntese de fosfolipídeos, esfingolipídios ou glicerídeos; (3) geração de energia por meio da β-oxidação deles até acetil-CoA e da formação de corpos cetônicos. Os triglicerídeos, os fosfolipídeos e o colesterol associam-se a apoproteínas para formar lipoproteínas, que são excretadas no espaço de Disse, processo que depende de transporte intracitoplasmático de vesículas do qual participam microtúbulos e microfilamentos Esteatose resulta de: (1) Maior aporte de ácidos graxos por ingestão excessiva ou lipólise aumentada (2) Síntese de ácidos graxos a partir do excesso de acetil-CoA não oxidada no ciclo de Krebs O metabolismo do etanol, por exemplo, gera acetil-CoA (3) Redução na utilização de ácidos graxos para a síntese de lipídeos complexos, por carência de fatores nitrogenados e de ATP (4) Menor formação de lipoproteínas por deficiência na síntese de apoproteínas (5) Distúrbios no transporte de lipoproteínas por alterações no citoesqueleto. DEPÓSITOS DE LIPÍDIOS Lipidoses: acúmulo de colesterol ou de éster de colesterol no interior dos macrófagos célula espumosa Excesso de colesterol macrofagocitado Aterosclerose: macrófagos e músculo liso na parede arterial (ateroma significa mingau, esclero significa envelhecimento). É um fenômeno difuso, pode acontecer na aorta, em grandes vasos, em pequenos vasos. Nas Artérias Coronárias do coração é mais evidente, mas todos os órgãos podem ser afetados *Arteriosclerose é um tipo de Aterosclerose (exclusivo das Artérias) As consequências principais da aterosclerose são: (1) isquemia, aguda ou crônica, em diversos órgãos, especialmente coração e encéfalo; (2) aneurisma, sobretudo na aorta abdominal, que pode se romper e causar hemorragia. Xantomas: macrófagos acumulados no conjuntivo subepitelial e tendões (na região periorbital é chamado de Xantelasma) “tumor amarelo” Sinal de dislipidemia marcador de risco de doenças mais sérias nos vasos sanguíneos Colesterolose: macrófagos na lâmina própria da mucosa da vesícula biliar (equivalente a derme da nossa pele) “vesícula em morango” Em cima do depósito de células espumosas (ateroma) há cálcio coloração roxa escura · Se fratura, forma trombos e causa infarto, AVC ESFINGOLIPÍDIOS Lipídios mais complexos de superfície São doenças raras mutação no gene que traduz essa enzima (normalmente recessiva) Essas doenças tendem a ser mortais ainda na infância São mais comuns em comunidades restritas casamentos consanguíneos · Doença de Nieman-Pick: doença de armazenamento lisossomal de esfingomielina, resultado de uma mutação na enzima de transporte, o que acumula lipídios dentro das células. Acumula-se principalmente em fígado, baço, medula óssea, tecido cerebral · Doença de Tay-Sachs (mais frequente em descendentes de israelitas). Causa demência e cegueira mácula em aspecto de cereja · Doença de Fabry · Doença de Gaucher · Doença de Sandhoff · Gangliosidose juvenil · Leucodistrofias GLICOGÊNIO Glicogenoses: depósitos de glicogênio que aparecem vacúolos citoplasmáticos clarosColoração especial: Carmin de Best ou P.A.S conferem coloração róseo-violeta ao glicogênio Causas: · Deficiência enzimática (mais rara) · Sobrecarga (ex: diabetes mellito induz ao acúmulo de glicogênio) Normalmente se acumulam em: · Tubos contornados distais · Hepatócitos · Células β das ilhotas de Langerhans · Miócitos cardíacos Glicogenoses por deficiência enzimática são extremamente raras e fatais Tem nomes diferentes, pois são deficiências em enzimas diferentes · Doença de Von Gierke · Doença de Pompe · Doença de Cori · Doença de Anderson · Doença de Hers PROTEÍNAS - Amiloidose (amiloide) sempre será extracelular - Hialinização (hialino) aspecto microscópico hialino, translucido como vidro - Degeneração Mucoide (muco) - Queratinização Patológica (queratina) AMILOIDOSE Resulta do depósito da substância amiloide fora das células em vários grupos de doenças · Causa visceromegalia Aparência de celulose (amido) quando corado com iodina (o nome ficou assim, apesar de não ser amido e sim proteína. Foi um erro de interpretação) Amiloide: proteína + glicoproteína (substâncias P) Substância homogênea, eosinofílica, extracelular Corantes: PAS+, vermelho congo (se colocar vermelho congo + birrefringência torna verde metálico na luz polarizada) Princípio do depósito: · Produção aumentada da fração proteica base do amiloide + (produz ↑) · Deficiência na proteólise local (quebra ↓) PODE SER SISTÊMICA OU LOCALIZADA Sistêmica: · Primária (ligada ao mieloma múltiplo/plasmocitoma produz imunoglobulinas em excesso (imunoglobulina é proteína, proteína se complexa com a substância P forma amiloidose) · Secundária · Hemodiálise crônica · Familiar (especialmente famílias de origem portuguesa) Localizada: · Endócrina · Senil (Alzheimer) · Tumoral A PRIMÁRIA acomete vasos, coração, tubo digestivo, pele, nervos Devido ao excesso de imunoglobulinas de cadeia leve produzidos pelos plasmócitos tumorais Amiloide “AL” · No mieloma múltiplo em 10-15% dos casos ocorrem Amiloidose A SECUNDÁRIA é a forma mais comum Causas: tuberculose, sífilis, hanseníase, retocolite ulcerativa, doença de Crohn, esclerodermia, artrite reumatoide, câncer renal, abcessos e empiemas crônicos Distribuição: parede dos vasos, tubo digestório, rins, adrenais, baço, fígado Amiloide “AA” associado ao soro produzido pelo fígado em inflamações agudas e crônicas · Em processos inflamatórios, o fígado produz proteínas inflamatórias (se ligam na substância P e forma amiloidose) HEMODIÁLISE Deposição: membranas sinoviais, articulações, bainhas de tendões Origem: β2 - microglobulina (não filtrada, retida e formadora de amiloide) a máquina de hemodiálise não “limpa 100%”, não elimina essa globulina ENDÓCRINA Nas ilhotas de Langerhans em diabéticos Origem: a partir de um peptídeo da ilhota (antiga hialinose de ilhotas) No estroma de carcinoma medular da tireoide SENIL Doença de Alzheimer: deposito de B2 globulina em vasos e constituindo as placas “senis” CONSEQUÊNCIAS DA AMILOIDOSE Rim: Síndrome Nefrótica, insuficiência renal Adrenal: síndrome de Addison (insuficiência cortical) Baço e fígado: espleno e hepatomegalia, tardiamente insuficiência hepática Coração: arritmias, ICC Intestinos: diarreia crônica, síndrome de má absorção HIALINIZAÇÃO Alterações na aparência homogênea nas células ou espaço extracelular. Ao ser corado pelo HE tem aspecto vítreo e róseo · Arteriosclerose é um tipo de Hialinização Exemplos de Hialinização: · Gotículas de reabsorção tubular · Corpúsculos de Russel · Alteração hialina nos Corpúsculos de Mallory (alcoolismo) Todavia, o acúmulo poderá ser extracelular, como ocorre na parede arteriolar no diabetes mellito e HAS Leva a morte celular (exemplo: morte de glomérulos, principal causa de insuficiência renal em diabéticos) Pode acontecer por deficiência de ɑ-1-antitripsina · Enzima que protege proteínas nos pulmões A deficiência dessa enzima causa destruição de proteínas dos alvéolos e dos pulmões, especialmente se a pessoa é fumante enfisema pulmonar · Forma Corpúsculos MUCINOSES Muco = mucina produzido por epitélio com glândulas mucinosas Muco ≠ mucoide 1. Epitelial: degeneração mucinosa (mucosa) 2. Mesenquimal: Mixomatoide (mucoide) Acúmulo de mucina citoplasmática (mucina epitelial) Propriedades: Mucopolissacarídeos neutros, PAS positivo Células típicas: células em sinete = “anel de grau” citoplasma amplo com mucina basofílica, núcleo atípico, marginal Causas: estímulo inflamatório sobre as mucosas mucosecretantes (brônquica, gástrica, colônica, endocervical) Inflama mucosas, elas produzem muco reativo para defesa e aí se acumula dentro das células. Pode ocorrer por tumores também · Núcleo rechaçado muco empurra para a periferia (formato de meia lua) Produção de mucina por carcinomas mucinosos (gástricos, colônicos) Mesenquimal - Mixomatoide Definição: acúmulo mucoide no interstício (mucina conjuntiva) Propriedades: mucopolissacarídeos ácidos, PAS negativo Causas: artrite reumatoide, doenças reumáticas Colagenoses (esclerodermia, lúpus), encontra-se em vasos, tecido conjuntivo, cápsulas articulares, tendões Paciente com hipotireoidismo (mixedema) mucoide Tumores mesenquimais (no estroma): miomas, condromas, fibromas, osteomas, lipomas QUERATINOSES Ocorrência (normal): pele, fâneros (pelos e unhas), líquido amniótico · Impermeabiliza nossa pele, evita a troca de fluidos do meio externo e interno Hiperceratose (aumento de queratina): produção excessiva de queratina pura, com hipergranulose (camada granulosa aumentada). Trata-se de uma queratinização excessiva Causas: Calosidade, doenças congênitas (ictiose), papilomas cutâneos (tumores benignos de pele), algumas dermatites e dermatoses Ocorrência exclusiva: pele Paraceratose Produção excessiva de queratina, contendo no seu interior restos de núcleos celulares Trata-se de uma queratinização imperfeita Ex: Psoríase Disceratose Produção excessiva e anômala de queratina no interior dos epitélios escamosos (no interior dos queratinócitos) Trata-se de uma queratinização precoce Causas · Dermatites crônicas · Tumores benignos de pele (cerato-acantoma) · Tumores malignos de pele a partir de epitélios escamosos Originais: pele, lábios, esôfago, anus Adquiridos (por metaplasia escamosa): brônquios, colo uterino, vesícula biliar Morfologia Queratinização citoplasmática (eosinófílica) queratinócitos muito vermelhos, pois há muita queratina dentro deles · Forma “Pérolas Córneas” MORTE CELULAR (VALÉRIA) SAÚDE E DOENÇA Saúde: é um estado adaptado ao ambiente físico, psíquico e social de modo que se sinta bem e que não apresente sinais ou alterações orgânicas Doença: é um estado de falta de adaptação ao ambiente físico, psíquico ou social, no qual o indivíduo se sente mal ou apresente alterações orgânicas Atenção ao termo adaptação leva em consideração aspectos próprios Tipo do estímulo, intensidade, duração, capacidade da pessoa suportar determinado estímulo, alterações adaptativas isso tudo influencia no desenvolvimento da lesão · Terapêutica é tratamento, NÃO é função da patologia LESÃO CELULAR Qualquer estímulo da natureza, dependendo da sua intensidade, do tempo de ação e da constituição do organismo Musculação: estado adaptativo a uma demanda mecânica aumentada músculo cresce (sem que se desenvolva lesão) Quando insiste em levantar pesos cada vez maiores lesão (estiramento muscular, ruptura) · Depende da quantidade de força, do tempo que leva para desenvolver o condicionamento, do peso levantado e da própria condição da pessoa Adaptação não significa lesão Mas existem condições dependentes dessa adaptação As lesões podem ser reversíveis (ex: musculatura dolorida pós exercício) Lesões irreversíveis podem acontecer, por exemplo, caso a pessoa não respeite o descanso célula evolui para morte celular e a lesão não pode ser mais reversível · Lesão irreversível é um caminho sem volta para a morte celular Homeostase estímulo célula pode sofrer adaptação (nem todas as células tem essa capacidade) pode haver lesãocelular e morte celular Sistemas Bioquímicos Vulneráveis O₂: formam radicais livres que desestabilizam o equilíbrio das células ATP: produção de energia com perda das funções dependentes de energia Cálcio: metabolismo do cálcio. Influxo de cálcio relacionado com enzimas que promovem a morte celular Membrana Celular: membrana citoplasmática e membrana das organelas Mitocôndria: a partir das lesões maiores da mitocôndria pode ocorrer morte celular Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) faz com o Ventrículo Esquerdo (VE) hipertrofie (muitos indivíduos estão assintomáticos, pois estão no estado adaptado) Quando o coração não dá mais conta, ocorre insuficiência cardíaca dilata a câmara ventricular, não consegue mais contrair o ventrículo começam os sintomas da ICC Lesões irreversíveis: lesões suficiente graves relacionadas ao influxo de cálcio e alterações na permeabilidade da membrana citoplasmática · Lesão celular depende do tipo de estímulo, tipo de célula e sua capacidade adaptativa (células do SNC tem pouca capacidade adaptativa), sistemas bioquímicos, efeitos secundários, alterações morfológicas LESÃO CELULAR Causas Exógenas (luz solar, temperatura, pancada) · Agentes Físicos (trauma mecânico, variações de pressão, variações de temperatura, corrente elétrica, radiações) · Agentes Químicos (depende da dose, via de absorção, transporte, armazenamento, metabolização e excreção) · Agentes Biológicos (vírus, bactérias, fungos, protozoários) · Desvios nutricionais Causas Endógenas (alterações metabólicas) Comprometem o patrimônio genético e suas funções Criptogenéticas/idiopáticas (não se conhece a causa) Lesões provocadas por isquemia e hipoxia É o tipo mais comum de lesão celular na medicina clínica Isquemia: falta de suprimento sanguíneo (nem aporte de oxigênio e nem de outros nutrientes que poderiam ajudar a célula, como a glicose). É a mais grave Hipoxia: redução do fornecimento de O2 às células Anoxia: parada total do suprimento de O2 PIGMENTAÇÃO (WLADIMIR) Pigmento = qualquer substância com capacidade de refratar cor Pigmentação = acúmulo de pigmento (pode ser patológica ou não) PIGMENTOS ENDÓGENOS · Hemoglobínicos (derivados da hemoglobina): bilirrubina, hematoidina, hemossiderina, hematina, pigmento malárico · Melanina: eumelanina, feomelanina · Ácido homogentísico (raro) · Lipofucsina (frequente) BILIRRUBINA Deriva da fração heme da hemoglobina Bilirrubina é o resultado da hemocaterese (destruição da hemácia) Relevância · Hiperbilirrubinemias (bilirrubina indireta) Kernicterus (recém nascidos) · Hiperbilirrubinemia elevada icterícia e prurido Excesso de eliminação nos canais biliares cálculos biliares (bilirrubinato de cálcio) Bilirrubina hidrossolúvel pode precipitar e formar cálculos biliares · Bilirrubinato de cálcio indica doenças hemolíticas graves Metabolismo das bilirrubinas Hemólise globina/heme biliverdina (ferro) bilirrubina (Bb) não conjugada + albumina (lipossolúvel) · Depois pega carona com proteínas plasmáticas e é levada até o fígado, encontra a enzima glucuronil transferase, que adiciona o ácido glucurônico e torna a bilirrubina conjugada (passa a ter capacidade hidrossolúvel) Bb + ácido glucurônico Bb conjugada (BbC) intestino delgado ação de bactérias urobilinogênio Função da Bile: emulsificar gorduras Ela cai no intestino delgado, depois vai para o grosso Transforma-se em estercobilinogênio, 90% é reaproveitado (coloração das fezes) e parte dele se transforma em urobilinogênio (eliminado) e dá coloração a urina Neonatos com icterícia imaturidade na conjugação de bilirrubina ↑ bilirrubina indireta Pode atingir o cérebro e impregnar os núcleos da base no cérebro (Kernicterus), pois recém nascidos tem a BHC muito imatura, após 2/3 meses não há mais chance de Kernicterus, embora possa ocorrer a icterícia ainda HEMOSSIDERINA Absorvemos cerca de 10-20mg por dia de ferro na dieta (maior parte origina de animal), absorvemos só 1-2mg 75% Maior parte do ferro vai para medula óssea (formar hemácias) síntese da hemoglobina 10-20% depositado no citoplasma das células (ferritina é o depósito de ferro) 5-10% para outros processos metabólicos do corpo Perdemos cerca de 1-2mg de ferro por dia DESCAMAÇÃO DE EPITÉLIOS Homeostase: consumimos o que perdemos, e mantemos o equilíbrio pois temos reservas de ferros HEMOSSIDERINA Resulta da degradação da hemoglobina, mas o elemento férrico é mantido (contém Fe+++ e ferritina) Relevância 1. Hemossiderose Focal: se machuca, rompe vasos pequenos, hemácia se extravasa e morre, na ruptura forma-se hemossiderina (equimose/roxão). Muda de cor ao longo dos dias, pois é endocitada e fagocitada ao longo dos dias. Exemplos: Roxão no olho, dermatite ocre Sistêmica: sangramento maior, onde hemácias estão circulando e consequentemente, a hemossiderina também (fígado, medula óssea, pâncreas). É sistêmica porque está circulando 2. Hemocromatose hemossiderose sistêmica, mas tem uma origem especial Doença genética rara, autossômica recessiva. É sistêmica e grave Mecanismo: aumento da absorção intestinal de ferro (em torno de 4x nossa capacidade) Esse excedente de ferro se acumula no citoplasma de células e oxida essas células, causando lesões nos órgãos em que se acumula Sequela nos órgãos: hipotrofia e fibrose parenquimatosa. Comum causar Artropatia (características mãos escuras e dedos fletidos) Consequências principais: · Cirrose Hepática* · Hipotrofia Pancreática (diabetes tipo II bronzeado) · Vertigem · Perda de memória · Queda capilar precoce · Arritmia cardíaca · Hepatopatia por alterações enzimáticas · Artroses · Atrofia gonadal Coloração de PERLS identifica ferro, torna-o azul escuro na microscopia · Possibilita o diagnóstico de hemocromatose Venóclise/sangria: Tratamento de tirar uma quantidade de sangue periodicamente Tira sangue tira hemácia hemácia tem ferro Assim, o corpo precisa usar as reservas de ferro para produzir mais hemácias HEMOZOÍNA Pigmento malárico = hemozoína = inerte e não tóxico Processo: plasmodium falciparum hemácia (lise) hemoglobina macrófago (fagocita) hemozoína · Hemozoína livre na circulação estimula a liberação de ocitocinas Biópsias hepáticas possibilitam ver hemozoínas dentro das células de Kupfer (testemunhas de que houve hemozoína circulante). Onde está depositado é porque tem Células de Kupfer no local Deposição: medula óssea, fígado e linfonodos Hipótese: induz a quimiotaxia e proliferação de monócitos/macrófagos Produção de pirógenos ↑ picos febris da malária Coloração de ovos pigmentos hemoglobínicos O que determina é a raça da ave que pôs aquele ovo, não diferem do ponto de vista nutricional MELANINA Melanina na pele, olhos, SNC, cabelo, intestino (onde há melanócitos) Melanina é injetada nos queratinócitos através do melanócito Biossíntese: fenilalanina (por meio da enzima tirosinase) tirosina melanina TIPOS: Eumelanina (escura) dominante no mundo animal, dá coloração escura aos tecidos Feomelanina (alaranjada) não é tão protetora como a outra RUIVOS Cor dos olhos capacidade dos genes de depositar ou não depositar melanina em uma camada Hiperpigmentações · Aumento da concentração dos melanócitos ex: cloasma gravídico (comum em gestantes) · Neoplasma dos melanócitos ex: nevos/melanoma · Aumento da melanogênese doença de Addison (↑ ACTH e MSH) Hipopigmentações · Migração errátil dos melanócitos · Diminuição da tirosinase ex: albinismo · Diminuição na transferência para os queratinócitos (cicatrizes epiteliais ficam brancas) · Destruição dos melanócitos ex: Parkinson (substância negra do SNC) e Vitiligo Melanismo: hiper expressão da atividade dos melanócitos Ex: galo 100% preto (até os ossos são pretos) Nevos melânicos: hiper expressão localizada dos melanócitos Melanoma: tumor agressivo, se difunde muito e frequentemente leva a patologia e morte Efélides: Sardas Pessoas suscetíveis a terem hiperprodução localizada dos melanócitos, ocorre geralmente por pegarem sol desprotegidos ACANTOSE NIGRICANS · Espessamento da pele muitas camadas· Nigricans hiper pigmentada É possível reverter, mas é um processo demorado Aparece geralmente no pescoço e nas axilas Pode ser familiar, pode ser por resistência à insulina Frequente em doenças endócrinas: hipotireoidismo, diabetes melito Quando for de repente e intensa pensar-se em câncer/malignidade Alguns tumores estimulam a melanogênese e o espessamento da pele DESPIGMENTAÇÃO PATOLÓGICA Íris rosinha (sem coloração) ALBINISMO · Reflexão de luz mostra-se como vermelha porque está refletindo os vasos Baixa acuidade visual, nistagmo, astigmatismo, fotofobia, mais propensos a lesões oculares Íris com cor, mas criança muito clara FENILCETONÚRIA Há deficiência, mas ainda há Tirosinase para converter a enzima Cuidado com a alimentação (não pode ingerir fenilalanina) VITILIGO Lesões focais As próprias células destroem os melanócitos da pessoa forma de defesa POLIOSE (piebalismo) Albinismo focal, muito localizado Ex: pedaço do cabelo branco, sem pigmentação Encanecer os cabelos = ficar branco os cabelos · Ocorre apoptose do melanócito daquele pelo Associado ao envelhecimento Esse processo pode ser mais acelerado devido a fatores genéticos ÁCIDO HOMOGENTÍSICO Pigmento granular vermelho-enegrecido Mecanismo: tirosina ácido homogentísico (por meio da enzima Homogentistato) succinilacetona Deficiência dessa enzima faz com que se acumule ácido homogentísico · Acontece após décadas de acúmulo Ocronose: doença genética rara, autossômica recessiva que afeta o metabolismo intermediário da tirosina. Resulta do defeito enzimático responsável pela degradação do ácido homogentísico É uma doença muito rara Alguns lugares ficam com coloração distinta da pele, cor mais ocre. Além de ocasionar Artropatia LIPOFUCSINA Sinônimos: lipocromo, cromolipídio, ceroide, pigmento de desgaste ou envelhecimento Definição: pigmento (fosfolipídios) constituído por grânulos delicados intracitoplasmáticos, pardo-amarelados, fluorescentes Uma vez precipitada, se acumula e não elimina mais, o máximo que pode ocorrer é retardar o processo, geralmente suplementa-se vitamina E Se acumula com frequência no fígado, coração, tecido nervoso, pele, retina (não mata a célula, mas bloqueia a luz doença macular relacionada a idade) Colorações: PAS, Sudan e Azul do Nilo Mecanismo: acumulam-se na ↓ de antioxidantes (ex: ↓ Vitamina E) Associação: típico da desnutrição e envelhecimento Depósitos: neurônios, miocárdio, fígado, retina PIGMENTOS EXÓGENOS O acúmulo excessivo costuma causar: · CARVÃO antracose (pulmões) · PRATA argiria (pessoa fica azul) · OURO crisíase (acumula-se através de medicamentos artrite reumatoide (medicamentos usam sais de ouro). Acumula-se na pele e na retina · CHUMBO saturnismo (Linhas de Burton) Sinal Patognomônico dessa doença · DIVERSOS tatuagem Palavra “Patognomônica”: significa que não tem outra causa Doença de Wilson Deficiência da Ceruloplasmina proteína que faz o transporte de cobre excesso de cobre no corpo Forma o Anel de Keyser-Fleischer é um Sinal Patognomônico anéis amarronzados · É diferente de anel de colesterol (halo senil) que se formam com a idade são brancos Excesso de caroteno mãos alaranjadas Comum também em bebês (ponta do nariz, bochechas) CALCIFICAÇÕES Processo de saturação tecidual com sais de carbonato de cálcio e hidroxiapatita Calcificação acontece onde o tecido não é osteogênico, em partes moles do corpo, processo patológico · 90% do osso é hidroxiapatita e parte é carbonato de cálcio Absorvemos cálcio no duodeno, em decorrência da vitamina D Calcificações ou mineralizações patológicas Tecidos frouxos impregnados por cálcio - Lesão de um tecido - Excesso de cálcio (deposita-se onde pode, pois está sobrando) - Ocorrem em áreas de necroses e degenerações CALCIFICAÇÃO DISTRÓFICA: afeta tecidos previamente lesados, independente dos níveis séricos de cálcio Sítios usuais: · Tecido conjuntivo hialinizado de lesões antigas (cicatrizes) · Paredes de vasos (aterosclerose) · Tendões, valvas cardíacas (conjunto inteiro, válvula é só a unidade) · Tumores (câncer mamário o que aparece na mamografia são as calcificações) · Infartos antigos · Trombos venosos crônicos, necrose enzimática no pâncreas, órgãos tubulares CALCIFICAÇÃO METASTÁTICA: afeta os tecidos por precipitação resultante da hipercalcemia. Chama-se Calcinose a calcificação metastática extensão Exige hipercalcemia 1. Absorção ↑ cálcio no tubo digestivo por excesso de vitamina D 2. Mobilização ↑ cálcio dos ossos por imobilização prolongada 3. Osteólise (quebra do osso) (mieloma/metástases ósseas) 4. Hiperparatireoidismo primário 5. Insuficiência renal crônica (retém PO4 aumenta PTH aumenta cálcio no plasma HEMORRAGIA (WLADIMIR) Hemorragia: qualquer saída de sangue do espaço vascular para o compartimento extravascular (cavidade ou interstício) ou para fora do organismo Se há uma comunicação (como o caso de uma úlcera sangrando no estômago, é hemorragia externa) Classificação 1. Topográfica 2. Etiológica 3. Morfológica 4. Unitermos: petéquia, púrpura, equimose, hematoma Consequências · Choque · Anemia · Asfixia · Tamponamento HIPEREMIA: aumento do volume de sangue no interior dos vasos. Não é aumento de sangue e sim uma concentração da localização do sangue · Hiperemia ativa: consecutiva à dilatação arteriolar machucado/tapa fica avermelhado, os capilares ficam mais permeáveis e o sangue arterial se concentra naquele local, sistema arterial se dilatando por conta de uma reação inflamatória tênue, mas logo passa (rubefação). Não é uma hemorragia, é um fenômeno vasoespástico · Hiperemia passiva (congestão): redução da drenagem venosa aumento da concentração de sangue dentro do sistema venoso, ocorre por exemplo quando ficamos muito tempo sentados, fica com uma coloração violácea CLASSIFICAÇÃO TOPOGRÁFICA Externa: saída de sangue para o meio externo (vias aéreas), pode ser por via indireta (sistema digestório) Interna: sangramento para o interstício ou cavidades CLASSIFICAÇÃO ETIOLÓGICA REXE: consecutiva à ruptura da parede vascular Causas: traumas, enfraquecimento da parede Fisiopatogenia - Lesão do próprio vaso ex: vasculites - Lesão de estruturas adjacentes tuberculose, úlcera, neoplasias malignas - Aumento da pressão sanguínea HAS Hemorragia por DIAPEDESE: sangramento sem ou com diminuta solução de continuidade vascular, diapedese pelo endotélio Causas: hipóxia, embolia gordurosa, septicemia por meningococos, alergia a drogas CLASSIFICAÇÃO (MORFOLÓGICA) Equimoses: sangramento no interstício que vemos por transparência através da nossa pele · Petéquia (<2mm) · Púrpura (2mm-2cm) Hematoma: forma uma cavidade nova em decorrência do tanto de sangue que se acumula e afasta os tecidos lago hemático · São mais raros que as equimoses, surgem com grandes lesões Tatuagens traumáticas lesões com bastões, com elos de corrente Víbice: equimose lineal Hemácias fora dos vasos se degradam a equimose vai sumindo ao longo do tempo Sofre um processo de hipooxidação e vai mudando de coloração, em geral, some em 3 semanas Hemorragia interna intracavitária no tórax hemotórax · Não é hematoma porque não abriu uma nova cavidade, a cavidade já existia CONSEQUÊNCIAS DA HEMORRAGIA Choque hipovolêmico: perda de > 20% do volume total do sangue (corresponde a pressão arterial média menor do que 80mmHg) Anemia: sangramento crônico/repetido (hipoxemia crônica) Asfixia: sangramento pulmonar intralveolar Tamponamento cardíaco choque cardiogênico Síndrome compartimental: hemorragia intracraniana DIÁTESE HEMORRÁGICA CHOQUE (WLADIMIR) Hipoperfusão sistêmica secundária a perda de volume sanguíneo/débito cardíaco hipotensão hipoperfusão de células/tecidos ↓ O₂ Hipotensão hipoperfusão hipóxia PA < 100/60mmHg ou PAM < 80mmHg CLASSIFICAÇÃO ETIOLOGIA Cardiogênico (coração entra em choque) Hipovolêmico (volume de sangue inadequado) Séptico (infecção/toxinas fazem vasodilatação) Neurogênico (sistema nervoso autônomo desregulado promove vasodilatação) Anafilático (vasodilatação periféricapor processo alérgico grave) Repercussões em órgão alvo · Intestino · Rins · Fígado · Suprarrenal e hipófise · Pulmões CHOQUE CARDIOGÊNICO Falha da bomba miocárdica. Coração não consegue gerar pressão suficiente para que o sangue avance. Falha da bomba miocárdica por motivo intrínseco ou compressão extrínseca (tamponamento cardíaco) Causas: · Infarto miocárdio · Ruptura cardíaca · Arritmias · Tamponamento cardíaco CHOQUE HIPOVOLÊMICO Mecanismo: volume insuficiente de sangue ou plasma Causas: · Hemorragias · Desidratação (vômitos, diarreia, queimaduras extensas) CHOQUE SÉPTICO Mecanismo: vasodilatação periférica Causas: infecções bacterianas disseminadas (septicemias) CHOQUE NEUROGÊNICO Mecanismo: vasodilatação periférica por perda do tônus vascular Causas: · Traumatismo crânio encefálico (T.C.E) · Anestesia geral · Lesão medular CHOQUE ANAFILÁTICO Mecanismo: hipersensibilidade por IgE Causas: alergias ESTÁGIOS DO CHOQUE · 1º precoce (compensado) · 2º progressivo (descompensado) · 3º irreversível (com lesões teciduais francas) CHOQUE E CONSEQUÊNCIAS Intestinos: necrose da mucosa, podendo atingir a camada muscular (Enterocolopatia hemorrágica por hipoperfusão esplâncnica) Sítios: mais comum no cólon esquerdo e ângulo esplênico Rins: podem resultar em necrose tubular aguda Evolução Fase de oligúria (necrose) Fase diurética (regeneração do epitélio tubular) Hipófise: necrose isquêmica da adenohipófise Consequência: insuficiência hipofisária (Síndrome de Sheehan gestação) Coração: Hemorragias subendocárdicas e subepicárdicas Necroses focais de fibras Cérebro: encefalopatia isquêmica (hipóxica) INFARTO E INFARTAMENTO (WLADIMIR) Isquemia: Disfunção celular em decorrência de ↓ O₂, causa déficit circulatório Fisiopatogenia: glicólise aeróbia baixa O₂ glicólise anaeróbia aumenta ácido lático e outros catabólitos (espécies reativas do metabolismo do oxigênio) dor e desiquilíbrio celular Três lesões relevantes para o dano celular por radicais livres: · Peroxidação lipídica das membranas · Modificação oxidativa das proteínas · Lesão do DNA INFARTO: encher de sangue Área de necrose isquêmica em um órgão/tecido, resultante da interrupção de seu suprimento arterial ou drenagem venosa insuficiente Causas: · Oclusão Arterial · Oclusão Venosa Observação: a oclusão vascular é geralmente causada por importante trombose e/ou embolia TIPOS DE INFARTO: Brancos (anêmicos) oclusão arterial, tecidos densos, palidez da lesão (miocárdio) Vermelhos (hemorrágicos) oclusões arteriais ou venosas, tecidos pouco densos ou de dupla circulação (pulmão, intestino, fígado, cérebro) Assépticos (sem microrganismos patogênicos) Sépticos (com agentes de microbiota, presença de infecção) + grave · Isquemia com rombo micótico (embolo infectado) ou infecção atinge a área necrótica por outras vias (sepse ou contiguidade) OBS: a infecção bacteriana secundária converte a necrose para a forma liquefativa ou gangrena Infartos podem ser: · Sólidos · Liquefeitos Infarto Venoso: Oclusão total da drenagem venosa São sempre do tipo hemorrágico Obstrução venosa faz com que ocorra aumento da pressão tissular, ocorre hemorragia por diapedese no interstício (coloração vermelho), a hemorragia aumenta a congestão do edema e consequentemente ocorre isquemia e infarto Formas especiais de infarto venoso: · Estrangulamento de vísceras (ex: hérnias) · Torção de pedículo de vísceras (ex: Volvo Sigmoide) CLASSIFICAÇÃO QUANTO A MORFOLOGIA DA ÁREA INFARTADA Cuneiformes: ápice voltado para a zona de oclusão vascular Fisiopatogenia: resulta da dicotomização (triângulo isósceles) dos vasos nesses órgãos Obs: no cérebro e miocárdio a forma usualmente é irregular, dada a complexa vascularização colateral muitas anastomoses e complexidade de vasos sanguíneos INFARTO: área visível macroscopicamente após algumas horas margem hiperêmica (após alguns dias) heterólise reparação fibroblástica organização (cicatriz) No Encéfalo: ocorre uma liquefação rápida área infartada é absorvida área cístificada gliose por astrócitos (reparação típica do SNC) · O tempo de organização de um infarto é de 6 a 12 semanas (se o indivíduo sobreviver) FATORES CONDICIONANTES DO GRAU DA LESÃO VASCULAR: 1. Estado geral do sangue e sistema cardiovascular (anemia, hipóxia, choque) 2. Padrão anatômico do suprimento arterial (suprimento único, duplo ou múltiplo) 3. Velocidade de desenvolvimento da oclusão 4. Vulnerabilidade do tecido à isquemia (cérebro e rim mais suscetíveis, ossos mais resistentes) MORTE CELULAR (VALÉRIA) Autólise: dissolução da célula a partir de enzimas da própria célula. Apodrecimento do tecido Heterólise: destruição por enzimas que não são daquela célula Morte celular refere-se a organismos vivos desencadeiam efeitos na circulação, o “corpo vivo” reconhece a parte morta como corpo estranho Morte celular reconhece o tecido morto como corpo estranho reação inflamatória · Isso ocorre em um organismo vivo HÁ 3 TIPOS DE MORTE CELULAR 1. Necrose 2. Apoptose 3. Necroptose 1. NECROSE Necrose significa morte celular em organismo vivo e seguida de autólise. Quando a agressão interrompe a produção de energia, os lisossomos perdem a capacidade de conter as hidrolases e estas saem para o citosol e iniciam a autólise; hidrolases lisossômicas digerem todos os substratos celulares. Além de autólise, quando há necrose são liberadas DAMP (HMGB1, uratos e fosfatos) que induzem reação inflamatória - Alterações citoplasmáticas - Alterações nucleares Alterações morfológicas do organismo morto no organismo vivo Morte regulada não tem o mesmo significado de morte programada: toda morte programada é regulada, mas nem toda morte regulada é programada · Ex: célula decidiu morrer por necrose para eliminar o vírus, já que a apoptose foi inibida pelo invasor Alterações Citoplasmáticas Eosinofilia ↑ (célula morte fica mais eosifílica) Perda da basofilia do RNA Aumento da ligação da eosina com proteínas desnaturadas Alterações Nucleares · Picnose (núcleo contraído) · Cariólise (núcleo sombreado) · Cariorréxis (fragmentação) Necrose de Coagulação Predomina desnaturação proteica célula com o arcabouço preservado, mas com aspecto coagulado Infarto do miocárdio tem essa caracterização Necrose Liquefativa Tecido fica liquefeito processo de heterólise geralmente determinado por infecções purulentas de bactérias pirogênicas (ex: Streptococcus) Região adquire consistência mole, semifluida ou liquefeita, comum no tecido nervoso, na suprarrenal ou na mucosa gástrica Pus = material viscoso, liquefeito, amarelo esverdeado · Necrose isquêmica no cérebro, ao invés de ser necrose de coagulação, faz uma necrose liquefativa. Os mecanismos acerca disso ainda não são conhecidos Necrose Caseosa Causada por tuberculose, mas também pode ter outras causas Equilíbrio entre desnaturação proteica e destruição enzimática das proteínas Tecido seco, branco/amarelado, fosco semelhante a um queijo Esteatonecrose Necrose enzimática do tecido adiposo provocada por vazamento de lipases pancreáticas, que em contato com as células adiposas liberam ácidos graxos, que vão se ligar ao cálcio e se depositar na periferia esteatonecrose disseminada na parede peritoneal Aspecto amarelo dourado, placas parecidas com parafina de velas Ocorre em carcinomatoses, tuberculose miliar, esteatonecroses Evolução cronológica da necrose - Alteração bioquímica - Alterações morfológicas · 1º ultraestrutural (microscopia eletrônica) não é uma técnica rotineira · 2º microscopia ótica · 3º macroscópica LESÃO MIOCÁRDICA Lesão reversível: 0-30min Lesão irreversível: 20-60min Microscopia Eletrônica (ME): reconhecida após 30min ↑ das enzimas séricas: 2 horas Microscopia Ótica (MO): reconhecida após 4-12 horas Macroscopia: reconhecida após 12h-24 horas · Indicativos de infarto na necropsia: vasos interrompidos/obstruídos, pois dependendo do tempo de morte não há alterações macroscópicas visíveis EVOLUÇÃO DA NECROSE · Regeneração (nem todas as células conseguem se regenerar) Se a destruição épequena e o estroma é pouco alterado, há regeneração completa, como ocorre no fígado após hepatites discretas. Se a necrose é extensa, a trama reticular sofre colapso, e os hepatócitos não conseguem organizar-se no lóbulo hepático e formam nódulos. · Cicatrização Processo em que os tecidos destruídos são substituídos por tecido conjuntivo cicatricial. Ocorre quando a lesão é extensa e, sobretudo, se as células afetadas não têm capacidade regenerativa. Pela contração dos miofibroblastos, a cicatriz tende a se retrair e a reduzir o volume da área comprometida · Encistamento (transformação de tecido necrótico em cistos) Cisto = cavidade necrótica com líquido em seu interior · Eliminação (ex: furúnculo) Se a área de necrose alcança um canal que se comunica com o meio externo, o material necrosado é eliminado, originando uma cavidade. Na tuberculose pulmonar, em que o material caseoso é eliminado pelos brônquios, formando as cavernas tuberculosas · Calcificação (deposição de sais de cálcio no tecido necrosado) GANGRENA É uma forma de evolução da necrose resultante da ação de agentes externos sobre o tecido necrosado · Geralmente atinge as necroses isquêmicas Tecido morto pode ter contaminação por bactérias purulentas anaeróbios produtores de enzimas que liquefazem os tecidos mortos e produzem gases fétidos que se acumulam em bolhas juntamente com o material liquefeito liquefação do tecido já necrosado por isquemia gangrena úmida/pútrida Comum em necroses no trato digestivo, nos pulmões e na pele, nos quais a umidade a favorece Pode ocorrer também desidratação tecido desidratado/seco com aspecto de pergaminho gangrena seca extremidades de dedos, de artelhos e da ponta do nariz, geralmente por lesões vasculares como as que ocorrem no diabetes melito Pode ocorrer também gangrena gasosa forma um tecido fétido, com bolhas. É secundária à contaminação com microrganismos do gênero Clostridium que liberam enzimas proteolíticas e lipolíticas e grande quantidade de gás, formando bolhas É comum em feridas infectadas e foi muito frequente na Primeira Guerra Mundial, quando, geralmente, era fatal 2. APOPTOSE Morte celular programada. Diferentemente da necrose, a célula em apoptose não sofre autólise nem ruptura da membrana citoplasmática É um fenômeno em que a célula é estimulada a acionar mecanismos que culminem com sua morte Função de tentar manter a homeostase (como na ativação de linfócitos) ou para favorecer a diferenciação (como na embriogênese) Apoptose fisiológica · Embriogênese · Involução do hormônio dependente (gestação, aborto, útero, mamas) · Deleção em populações (células sanguíneas, células com epitélio de descamação) · Resposta inflamatória · Resposta imune Apoptose patológica · Estímulos lesivos variados (traumas) · Vírus · Atrofia patológica · Mortes celulares em tumores · Acompanhando a necrose Morfologia da Apoptose Celular · Encolhimento celular · Condensação da cromatina · Formação de corpos apoptóicos · Fagocitose Vias de ativação Via mitocondrial (intrínseca) ativação das caspases Via receptor de morte (extrínseca) ativação das caspases DANOS AO DNA: radiação ou quimioterápicos induz apoptose por estímulo genotóxico que envolve o gene TP53 (gene supressor de tumor). A proteína P53 acumula-se quando o DNA é lesado e interrompe o ciclo celular. Se o dano ao DNA não for reparado, a P53 desencadeia apoptose Quando o TP53 estiver ausente ou mutado, as células do DNA danificado não sofrem apoptose. Neste caso, as mutações do DNA levam a transformação neoplásica PROTEÍNAS MAL DOBRADAS: quando há incapacidade da célula em eliminar as proteínas mal dobradas, a célula ativa as caspases e induz a apoptose (estresse do RE). Relacionado com doenças degenerativas como Alzheimer e Parkinson, privação de glicose e oxigênio e calor · Apoptose diminuída e aumento da sobrevida celular: câncer e doenças autoimunes Apoptose aumenta com morte celular excessiva: doenças neurodegenerativas, lesão isquêmica, acidente vascular encefálico, morte de células infectadas por vírus 3. NECROPTOSE Morte celular programadas independente de caspases · Morfologicamente e bioquimicamente semelhante a necrose, mas não se associa à ativação de caspases e pode ser bloqueada por fármacos ou por inibição gênica Patogeneticamente é desencadeada por esteato-hepatites, pancreatite aguda, doenças neurodegenerativas, em certas infecções virais, por ativação de receptores com domínio da morte, após agressão por radicais livres, substâncias tóxicas, hipóxia ou por sobrecarga de Ca++. Ligação a um receptor de superfície (FNTR1) Mecanismo não bem conhecido induz o aumento da permeabilidade lisossomal, aumento dos ERO, danos mitocondriais, depleção de ATP, alteração das organelas NECROSE NECROPTOSE APOPTOSE TAMANHO CELULAR Aumentado Aumentado Reduzido NÚCLEO Picnose-carirrexíscariólise Picnose-carirrexíscariólise Fragmentação (cariorrexe) MEMBRANA CITOPLASMÁTICA Ruptura Ruptura Intacta - alteração estrutural CONTEÚDOS CELULARES Digestão enzimática Digestão enzimática Intacta INFLAMAÇÃO Frequente Frequente Ausente OCORRÊNCIA Patológica Fisiológica e patológica Fisiológica e patológica
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