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PROCESSUAL DE PATOLOGIA 1 ROBERTA ARAUJO – XXIII – 2019.2 AULA 1 - INTRODUÇÃO À PATOLOGIA GERAL OU PROCESSOS PATOLÓGICOS O que é patologia? • É o estudo das doenças; • Através dessa ciência estudamos como os órgãos e tecido de um organismo saudável, sob o ponto de vista anatômico e fisiológico, modificam-se em uma pessoa doente; • É ciência que estuda as causas das doenças, os mecanismos que as produzem, as sedes e as alterações morfológicas e funcionais que apresentam; • É apenas uma parte de um todo que é a medicina; • O diagnostico terapêutico clínico, a prevenção, e a terapêutica das doenças não são objetos de estudo da patologia. Saúde e doença • Saúde é um estado de adaptação do organismo ao ambiente físico, psíquico e social em que vive, em que o indivíduo se sente bem (saúde subjetiva) e não apresenta sinais ou alterações orgânicas evidentes (saúde objetiva); • Saúde é diferente de normalidade. • Doença é um estado de falta de adaptação ao ambiente físico, psíquico e social, no qual o indivíduo sente-se mal (sintomas) e/ou apresenta alterações orgânicas evidenciáveis (sinais). Adaptação dos organismos as variações do meio ambiente • Provocam estímulos que geram respostas adaptativas • Quando os estímulos ultrapassam a capacidade adaptativa... eles passam a representar agressões ou causas externas de doenças Agentes causais das doenças Causas naturais • Biológicos: parasitas... • Químicos: medicação... • Alimentação: fast food, camarão... • Físicos: barulho, luz... Causas psicossociais • Medo: luta ou fuga • Ansiedade • Stress Causas sobrenaturais • Atuação de forças desconhecidas • Energia positiva • Curandeiros • Feiticeiros Elementos de uma doença ETIOLOGIA - causa PATOGÊNESE - mecanismos ANATOMIA PATOLÓGICA - lesões FISIOPATOLOGIA - alterações funcionais PROPEDEUTICA - sinais e sintomas - diagnóstico, prognóstico, terapêutica e prevenção AULA 2 - ADAPTAÇÃO CELULAR Quando o equilíbrio homeostático da célula é rompida por algum trauma ou agressão, a célula pode: 1. Se adaptar 2. Sofrer um processo agressivo 3. Morrer Adaptação É de caráter fisiológico como, por exemplo, resposta a estímulos hormonais normais vistos na gravidez e com possibilidade de retorno ao cessarem estímulos. Não adaptação Quando o metabolismo é reduzido assim como sua função também é diminuída a célula. Fatores que podem gerar a mesma lesão • Diminuição do fluxo sanguíneo gerando redução de O2 • Inibição das enzimas da cadeia respiratória • Aumento da exigência de ATP sem oferecimento de O2 • Impedimento da produção de ADP Estímulos • Privação de oxigênio • Agentes químicos • Agentes infecciosos • Agentes físicos • Reações imunológicas • Desequilíbrio nutricional • Defeito genético O que os estímulos alteram • Permeabilidade da membrana • Equilíbrio homeostático • Integridade da enzima/cofator • Síntese de proteínas Causas Fisiológica Respostas celulares ao estímulo hormonal de hormônios ou mediadores químicos endógenos, ou exigências de estresse mecânico PROCESSUAL DE PATOLOGIA 2 ROBERTA ARAUJO – XXIII – 2019.2 Patológica Resposta ao estresse que permite às células modularem sua estrutura e função e, assim, escapar da lesão, mas as custas da função normal Tipos Hipertrofia Aumento do tamanho das células com consequente aumento dos órgãos, proteínas estruturais e de organelas impossibilitando as células de se dividirem. Limita: vascularização adequada para suprir as células que aumentaram, a mitocôndria para suprir o ATP e a maquinaria biossintética para produzir as proteínas contráteis/elementos do citoesqueleto. Causas Fisiológica Durante a gravidez, o aumento fisiológico maciço do útero ocorre como consequência da hipertrofia e hiperplasia do músculo liso estimulado pelo estrogênio Ao contrário, as células musculares estriadas da musculatura esquelética e do coração podem sofrer apenas hipertrofia em resposta ao aumento da demanda porque, no adulto, elas possuem capacidade limitada de divisão. Portanto, os levantadores de peso podem desenvolver um físico aumentado apenas por hipertrofia de células musculares esqueléticas individuais. Patológica Um exemplo de hipertrofia celular patológica é o aumento cardíaco que ocorre com hipertensão ou doença de valva aórtica. Atrofia Diminuição do tamanho da célula pela perda de substância celular com consequente diminuição do órgão. Resulta da diminuição da síntese proteica e aumento da degradação proteica. Como efeito temos a redução da síntese proteica, degradação de proteínas celular e autofagia. Causas Diminuição do suprimento sanguíneo Redução da carga de trabalho Perda da inervação Nutrição inadequada Estimulação endócrina Menopausa Envelhecimento Hiperplasia Aumento do número de células, aumento do volume do órgão e as células são capazes de se dividirem. O processo permanece controlado; se os sinais que a iniciam cessam, a hiperplasia desaparece. Para que ocorra precisa que o sanguíneo seja suficiente, que haja integridade morfofuncional das células e que a inervação esteja adequada. Ocorre simultânea à hipertrofia e derivam do mesmo estímulo. Causas Fisiológica Hormonal Proliferação do epitélio glandular da mama feminina na puberdade e durante a gravidez. PROCESSUAL DE PATOLOGIA 3 ROBERTA ARAUJO – XXIII – 2019.2 Compensatória Quando a porção de um tecido é removido ou lesado. Quando o paciente passa por uma nefrectomia Patológica Estimulação hormonal excessiva Fatores de crescimento Lesões potencialmente neoplásicas Quando há liberação excessiva de fatores de crescimento e consequente proliferação celular exagerada do epitélio e tecido conjuntivo. Metaplasia É uma alteração na qual um tipo de célula adulta (epitelial ou mesenquimal) é substituído por outro tipo de célula adulta mais capaz de suportar o ambiente hostil. Surge a partir de uma reprogramação de células tronco para se diferenciar ao longo de uma nova via, ao invés e uma alteração fenotípica (transdiferenciação - quando uma célula já diferenciada sofre uma transgressão dessa diferenciação e torna-se um outro tipo de célula) de células já diferenciadas. Mais frequentes: • Ceratinização do epitélio • Estratificação do epitélio • Tecido conjuntivo e cartilaginoso ou ósseo • Tecido cartilaginoso em ósseo • Proteses dentárias mal adaptadas • Irritação por calor prolongado (alimentos quentes) • Irritação química persistente (fumo) • Inflamação crônica (brônquica e gástrica) Metaplasia – epitelial Onde perde-se a secreção de muco, a capacidade de remoção de partículas e predispõe à transfomação maligna do epitélio. Ex: tabagismo e deficiência de vitamina A Hiperqueratose Quando ocorre o aumento de espessura da camada Ortoqueratina/queratina - queratina de aspecto homogêneo, hialino e acelular Hiperparaqueratinose Quando ocorre o aumento da paraqueratina. ↓ a queratina tem uma maturação menos completa, com presença de núcleos na camada córnea. Disqueratose Quando ocorre uma queratinização precoce e atípica das células. Espongiose Quando ocorre um edema intercelular. Acantose Quando ocorre um aumento da camada espinhosa do epitélio. Acantólise Quando ocorre a perda de adesão das células do epitélio Coilocitose São células epiteliais vacuolizadas, com núcleo picnótico, hipercromático, citoplasma ligeiramente hialino devido a infecção viral. Metaplasia mesenquimal É uma reação a uma alteração patológica e não uma resposta adaptativa ao estresse. Osso é ocasionalmente formado nos tecidos moles, particularmente no foco de lesão. RESUMINDO Hipertrofia - Aumento do tamanho e da atividade metabólica Hiperplasia- Aumento do número de células e da atividade metabólica Atrofia - Diminuição do tamanho e da atividade metabólica Metaplasia - Reprogramação da célula ̸Mudança do fenótipo AULA 3 - LESÕES CELULARES REVERSÍVEIS Nas lesões celulares reversíveis (degenerações), a célula agredida não está adaptada: • Metabolismo reduzido • Função diminuída (alteração progressiva) • Morfologia alterada • Apresenta acúmulo de substâncias (- produtos de um metabolismo perturbado em seu interior ou mesmo fora dela) PROCESSUAL DE PATOLOGIA 4 ROBERTA ARAUJO – XXIII – 2019.2 Ex: • Água – Degeneração hidrópica Inchação Turva (ou Edema Celular) e Degeneração vacuolar; • Lipídios – Degeneração Gordurosa (Esteatoses, Lipidoses); • Proteínas – Degeneração hialina (hialinoses); • Carboidratos – Degeneração glicogênica (glicogenoses); • Muco – Degeneração Mucóides (Mucopolissacaridoses); Degeneração Hidrópica (edema celular) Geralmente, é a primeira manifestação de um processo regressivo apresentado pela célula agredida. E, por definição, é uma alteração que se caracteriza pelo acúmulo de água no citoplasma, que se torna volumoso e pálido. Etiologia Anóxia ou hipóxia - falta de oxigênio que altera a respiração celular e leva queda de ATP e de todos os processos que necessitam dele Agressões à membrana celular - vírus, toxinas Soluções hipertônicas - sacarose, glicose, manitol Hipertermia – febre Patogenia Queda dos níveis de ATP Comprometimento do sistema de respiração celular Contribui para o agravamento do quadro de edema celular Mau funcionamento da bomba de Na+ e K+ causando um desequilíbrio iônico entre os ânions. Degeneração Gordurosa É a alteração que se caracteriza pelo acúmulo de lipídios no interior de células parenquimatosas. Ex: fígado, que fica com maior peso e volume, cor amarelada e consistência amolecida Etiopatologia Tóxica: substância tóxica que provoque diminuição do metabolismo celular. Ex: álcool – que impede a união adequada dos lipídios às proteínas para exportação a outros órgãos Nutricional: uma dieta rica em gorduras pode orginar a esteatose - absorçao direta desses lipídios pela célula provoca o acúmulo gorduroso no citoplasma. Anóxia: falta de oxigênio devido à insuficiência cardíaca ou a anemia crônica que leva à queda de ATP, diminuindo assim, a síntese de fosfolipídios pela redução metabólica. Degeneração Glicogênica É o depósito de glicogênio intracelular. Causas Diminuição intracelular → indivíduos caquéticos; desnutridos Alteração na utilização → leva a hiperglicemia (obesidade, DM) Glicogenoses – Doença de Armazenamento de Glicogênio - DAGs São síndromes genéticas com erros enzimáticos que interferem no metabolismo. E, dependendo do tipo de síndrome, pode ocorrer acúmulo de glicogênio no fígado, rins e coração. TIPO I - DOENÇA DEVON GIERKE Ocorre pela falta da enzima glicose-6-fosfatase que converte glicose e glicose-6-fosfato. Pode causar complicações como hepatomegalia, nefromegalia e hipoglicemia. TIPO II – DOENÇA DE POMPE Ocorre pela falta da enzima maltase ácida ou alfa- glicose-ácida. Causa acúmulo de glicogênio nos músculos estriados cardíaco e esquelético. Podendo causa, ainda, complicações como cardiomegalia, hipotonia muscular e insuficiência cardíaca. TIPO V - SÍNDROME DE MAC ARDLE Ocorre pela falta da enzima fosforilase muscular. Essa falta, não permite a conversão de glicogênio em glicose causando câimbras dolorosas que limitam o exercício físico e acúmulo de glicogênio. Degeneração Hialina É o depósito de proteínas dentro da célula que confere a ela um aspecto róseo. O material hialino é constituído, predominantemente, por proteínas - fibras como a colágena - e uma pequena quantidade de carboidrato. O aparecimento do material hialino intra ou extracelularmente pode ser atribuído a alterações celulares no mecanismo de metabolização proteica. Cicatrização Hipertrófica x Queloide Queloide é uma cicatriz agudamente elevada, de formato irregular, que se amplia progressivamente, resultante da formação de quantidades excessivas de colágeno na derme durante o reparo do tecido conjuntivo. É diferente de uma cicatriz hipertrófica, que não se alastra para tecidos subjacentes. PROCESSUAL DE PATOLOGIA 5 ROBERTA ARAUJO – XXIII – 2019.2 Cicatrização queloide Vê-se um fragmento de pele exibindo intensa fibrose, a qual clinicamente é denominada de queloide Arteriosclerose É o termo genérico para os fenômenos de espessamento da parede vascular de pequenos vasos, a qual pode ocorrer pelo aumento de células musculares lisas (arteriosclerose hiperplásica devido à hipertensão). Degeneração Mucoide Intracelular Ocorre quando há acúmulo de proteínas mucinas (muco) dentro das células mucosas que o produzem, principalmente, nas inflamações catarrais. Causas Câncer de estômago e ovário → células em anel de sinete, núcleo deslocado para a periferia e citoplasma róseo AULA 4 - LESÕES IRREVERSÍVEIS MORTE CELULAR Estímulos • Intensidade, duração e gravidade do estímulo • Consequências da lesão celular depende do tipo, adaptabilidade e fenótipo genético da célula danificada • Os alvos celulares mais importantes dos estímulos nocivos são: o Danos às mitocôndrias o Danos às membranas celulares o Danos ao DNA e dobramento das proteínas o Homeostasia do Ca+ Lesão mitocondrial Tipos Necrose - é o tipo mais comum de morte celular, associada à perda da integridade da membrana e extravasamento dos conteúdos celulares → patológica Apoptose - é quando uma célula morre através da ativação de um programa suicida interno para eliminação de células indesejadas. NECROSE "Conjunto de alterações morfológicas que ocorrem após a morte celular, resultando da degradação progressiva da célula por efeitos de enzimas intra e extracelulares." Digestão enzimática da célula é por autólise ou heterólise. Inflamação Características Morfológicas • Aumento do volume ceclular • Agregação da cromatina • Desorganização do citoplasma • Mitocôndrias ficam inchadas e com a matriz floculenta • Dissolução dos ribossomos PROCESSUAL DE PATOLOGIA 6 ROBERTA ARAUJO – XXIII – 2019.2 • Perda de continuidade da membrana celular • Vazamento de conteúdo citoplasmático • Reação inflamatória local Em microscopia de luz , as alterações histológicas que indicam a morte da célula são mais evidentes no núcleo que no citoplasma. Alterações nucleares: • Picnose • Cariorrexe • Cariólise Picnólise Caracterizada pela retração nuclear e aumento da basofilia. Cariorrexe O núcleo picnótico sofre fragemnação. É carcterizada pela presença de grumos (grânulos). Cariólise Basofilia é diminuida e ocorre dissolução da cromatina Fases Citoplasma • Aumento da eosinofilia • Granulações • Espaços • Aspecto opaco e grosseiro Padrões Tissulares • Necrose coagulativa • Necrose liquefativa • Necrose gangrenosa • Necrose caseosa • Necrose gordurosa • Necrose fibrinoide Necrose Coagulativa Há preservação da estrutura básica do tecido por alguns dias e desnaturação das proteínas estruturais e enzimáticas pela acidose intracelular, bloqueando a proteólise celular. Característica de INFARTO em órgãos sólidos (exceto o cérebro) Necrose isquêmica Característica: arquitetura dos tecidos mortos é preservada Célula com arcabouço acidófilo e opaco, e perda de núcleo. Necrose Liquefativa Há acúmulo de células inflamatórias e digestão do tecido por ação de enzimas hidrolíticas dos leucócito devido à ação bacterianas focais/fúngicas. Os tecidos afetados se transformam em uma massa viscosa/líquida. Quando iniciado por inflamação aguda → pus (leucócitos mortos) Características Microscópicas Destruição da arquitetura celular epresença de leucócitos e fragmentos celulares Necrose Gangrenosa Gangrena Seca - é uma necrose coagulativa de um membro que perdeu seu suprimento sanguíneo Gangrena Úmida - isquemia + infecção (bactérias anaeróbias) → necrose de coagulação + necrose de liquefação Necrose Caseosa A estrutura do tecido é completamente obliterada e os contornos celulares não podem ser distinguidos. Há coleção de células rompidas/fragmentadas, aparência granular amorfa. Tem aparência friável, sem brilho, branco-amarelada da área de necrose com consistência pastosa, friável e seca. Característica Microscópica Arquitetura tecidual completamente destruída e células fragmentadas com aparência granular amorfa rósea cercado por uma borda inflamatória distinta (granuloma). PROCESSUAL DE PATOLOGIA 7 ROBERTA ARAUJO – XXIII – 2019.2 Necrose Gordurosa ou Esteatonecrose Não identifica um padrão específico de necrose. Possui áreas focais de destruição gordurosa. Os focos de necrose têm contornos sombreados de adipócitos com depósitos de cálcio basofílicos, circundados por uma reação inflamatória. Necrose Fibrinoide São reações imunes que envolvem os vasos sanguíneos. Os complexos Ag-Ac ficam depositados nas paredes das artérias. Fibrina + imunocomplexos depositados → aparência amorfa e róseo-brilhante nos vasos Evolução Regeneração → cicatrização → encistamento → eliminação → calcificação APOPTOSE É uma morte celular coordenada por um programa intracelular altamente regulado, no qual as células destinadas a morrer ativam enzimas que degradam seu DNA nuclear e as proteínas citoplasmáticas. A membrana plasmática permanece intacta mas sua estrutura é alterada. A célula morta é eliminada rapidamente, já que é alvo primário da fagocitose Quando acontece? Condições Fisiológicas Eliminação de células indesejáveis; que não são amis úteis e potencialmente danosa (programada). • Durante embriogênese • Involução dos tecidos hormônio-dependentes • Perda celular em populações proliferativas • Células que já tinham cumprido seu papel • Eliminação de linfócitos autorreativos potencialmente nocivos • Morte celular induzida por linfócitos T citotóxicos Condições Patológicas Eliminação de células danificadas de modo irreparável (acidental). • Perda de adesão • Diminuição de tamanho • Condensação da cromatina • Colapso do citoesqueleto • Fragmentação em corpos apópticos • Alteração da membrana celular para facilitar o englobamento Características Microscópicas Envolve célula isolada ou em grupo. A célula apóptica apresenta: intensa eosinofiia citoplasmática, ausência de núcleos ou densos fragmentos de cromatina, massa arredondada ou ovalada. Mecanismo Maquinaria sempre presente - precisa de um gatilho para iniciar. Duas vias podem ativar as caspases: • Via intrínseca • Via extrínseca Caspases - enzimas que clivam proteínas/diferentes tipos iniciam e executam Alvos das executadoras: • Lâminas nucleares • Enzimas que impedem a degradação de DNA • Citoesqueleto Proteínas de adesão Via Intrínseca Gatilho: receptor morte → proteína transmembrana que contém o domínio receptor extracelular e o domínio morte intracelular pertencente à família de TNF. Controle é feito por proteínas pró e anti- apoptóticas Via Extrínseca Gatilho: citocromo C no citosol → proteína mitocondrial residente no espaço intermembranas PROCESSUAL DE PATOLOGIA 8 ROBERTA ARAUJO – XXIII – 2019.2 Remoção das células apoptóticas Sofrem várias alterações que permitem sua fagocitose: • A expressão de fosfatidilserina na camada externa da membrana celular • A secreção de fatores solúveis que recrutam macrófagos Necrose x Apoptose Estímulo Histologia Degradação do DNA Reação Tissular Necrose Hipóxia, toxinas Degenera- ção turva; Rompimen to de organelas Aleatório, depleção de ATP; Lesão membranosa; Danos por radicais livres Com inflama- ção Apopto- se Fisiológi- co e patológi- co Acomete células isoladas; Condensa- ção de cromatina; Corpos apoptóti- cos Internucleosso- mal; Ativação gênica; endonucleose Sem inflama- ção; fagocito- se de corpos apópti- cos Senescência O envelhecimento celular é resultado do declínio progressivo da função e viabilidade celulares Alterações que contribuem Diminuição da replicação celular Acúmulo de lesões genéticas e metabólicas Como evitar lesões oxidativas? Nutrição com elementos antioxidantes, como cenoura, uva, maçã. PROCESSUAL DE PATOLOGIA 9 ROBERTA ARAUJO – XXIII – 2019.2 AULA 5 - INFLAMAÇÃO É a reação de um tecido vivo vascularizado a uma reação local. O processo inflamatório está intimamente relacionado com o processo de reparo. A inflamação serve para destruir, diluir ou mobilizar o agressor e deflagra uma série de acontecimentos que procuram curar e reconstruir o tecido lesado; sem ela, as infecções ficariam sem controle e as feridas nunca cicatrizariam. Benefícios Proteção ao organismo Aumento da perfusão local - aumento do fluxo celular Exsudato: dilui ou inativa o imunogeno prejudicial Aumento da secreção glandular: limpeza do local Coágulo local evitando disseminação Cicatrização Malefícios Lesão temporária ou permanente dos tecidos acometidos Alergias Hipersensibilidades Doenças auto-imunologicas Características da Inflamação Reconhecimento do agente lesivo - Recrutamento de leucócitos - Remoção do agente - Regulação (controle) da resposta - Resolução (reparo) Manifestações externas da inflamação: pontos cardinais Calor, rubor, edema ou tumor, dor e perda de função Tipos de Inflamação Início Infiltrado Celular Lesão tecidual, fibrose Sinais locais e sistêmicos Aguda Rápido: minutos ou horas Neutrófilos Geralmente leve e autolimitada Proeminen tes Crônica Lenta: dias Monócitos/ macrófagos e linfócitos Frequentem ente acentuada e progressiva Menos proeminen tes; podem ser sutis Inflamação Aguda Reposta de curta duração rápida à lesão ou a micro- organismos e outras substâncias estranhas designada a levar leucócitos e proteínas plasmáticas para os locais da lesão. Características Principais Exsudação de líquidos e proteínas plasmáticas (edema) Emigração de leucócitos, predominantemente neutrófilos Eventos Vasculares • Alterações vasculares • Aumento do calibre vascular o Vaso constrição transitória o Vasodilatação das arteríolas (eritema e calor) • Aumento do fluxo sanguíneo (eritema e calor) • Extravasamento e depósito de líquido e proteínas plasmáticas=exsudato (edema) • Vasodilatação arteriolar → inicialmente por histamina e substância P liberadas em terminações nervosas e mantida por prostaglandinas, leucotrienos e PAF Tecido Inflamado PROCESSUAL DE PATOLOGIA 10 ROBERTA ARAUJO – XXIII – 2019.2 Extravasamento vascular Mecanismos de permeabilidade vascular 1- Contração das células endoteliais • Resposta transitória imediata o Histamina, bradicinina e leucotrienos o Curta duração (15 a 30 min) • Retração mais lenta e prolongada o Alterações do citoesqueleto o Citocinas → TNF e Interleucina 1 – IL1 o 4 a 6h após estimulo – duração 24h ou + • Queimadura solar 2- Lesão endotelial • Resposta continua imediata • Necrose ou desprendimento das células endoteliais • Extravasamento inicia após lesão e dura horas/dias, até o reparo do vaso • Extravasamento prolongado tardio • Inicio 2 – 12h → duração varias horas/dias • Queimadura solar 3- Lesão endotelial mediada por leucócitos • Acúmulo de leucócitos ao longo do vaso 4- Transitose aumentada de proteínas •Exposição ao VEGF • Fusão de vesículas intracelulares 5- Extravasamento de novos vasos sanguíneos • Angiogênese inicial Eventos Celulares Emigração dos leucócitos da microcirculação e acúmulo no foco da lesão; Recrutamento e ativação celulares, principalmente neutrófilos. Rolamento, adesão e migração Moléculas de adesão leucócitos-endotélio • Selectinas – rolamento • Receptores expressos nos leucócitos e endotélio o E-selectina - expressa em cels endoteliais o P-selectina - presente endotélio e plaquetas o L-selectina - superfície leucócitos Marginação e rolagem Moléculas de adesão leucócitos-endotélio • Integrinas – adesão • Glicoproteínas heterodimericas • Migração ou transmigração – diapedese • PECAM-1 molécula de aderência plaquetária (CD31) PROCESSUAL DE PATOLOGIA 11 ROBERTA ARAUJO – XXIII – 2019.2 • Colagenases – degradação focal da membrana basal Componentes celulares Mastócitos fonte de mediadores – histaminas Monócito/macrófago eliminação de microorganismos e tecido morto; Leucócitos polimorfonucleares eliminação de microorganismos e tecido morto; Linfócitos resposta imune; Neutrófilos eliminação de enzimas proteolíticas Neutrófilos • São polimorfonucleares (PMN) maduros medem 10 a 20 µm de diâmetro • Indivíduos com número de neutrófilos circulantes abaixo de 1.000 células/mm3 têm quadros graves de septicemia, que se desenvolve em poucas horas. • no citoplasma, possuem grânulos de dois tipos: o (1) grânulos azurófilos, que contêm mieloperoxidase, elastase, lisozima e defensinas; o (2) grânulos específicos, contendo gelatinase, lactoferrina, oxidase dependente de NADPH e lisozima. Mastócitos Fagocitose • Reconhecimento e adesão • Engolfamento • Destruição e degradação Reconhecimento de Patógenos Morte do patógeno • Nos leucócitos (principalmente neutrófilos e macrófagos), a enzima oxidase presente na membrana do fagossomo gera superóxido, que pode ser convertido a outros radicais livres. • A mieloperoxidase (MPO) dos fagossomos também gera hipoclorito a partir de espécies reativas de oxigênio (ERO). Morte e digestão da partícula englobada • Todos os fagócitos profissionais (macrófagos, PMN, células dendríticas e eosinófilos) possuem mecanismos microbicidas capazes de matar microrganismos ou metazoários. o Alguns deles são comuns a todos os fagócitos → geração de radicais derivados de O2 ; o Específicos de alguns fagócitos → MBP de eosinófilos, que mata helmintos. • Os mecanismos microbicidas mais importantes são: (1) radicais originados de O2 durante a explosão respiratória; (2) proteínas microbicidas dos grânulos; (3) óxido nítrico. • Tais ações microbicidas iniciam logo que o fagócito é estimulado e caracteriza-se por grande aumento no consumo de O2 . PROCESSUAL DE PATOLOGIA 12 ROBERTA ARAUJO – XXIII – 2019.2 Neutrófilos Aminas vasoativas: • Histamina: o amplamente distribuída pelos tecidos; o produzidas pelos mastócitos (também por basófilos e plaquetas). o Liberada em lesões físicas (trauma, frio, calor). o Reações imunológicas (ligação anticorpos- mastócitos). o Anafilaxia estimulada pelo sistema complemento (C3a e C5a). o Citocinas. o Neuropeptídeos (substância P). • A histamina causa vasodilatação das arteríolas e aumento da permeabilidade vascular das vênulas. • Serotonina (5-HT) - 5 hidróxi-triptamina: • Segundo mediador vasoativo semelhante à histamina. • Produzida e liberada por plaquetas. Metabolitos do Ácido Araquidônico (AA) • Prostaglandinas • Leucotrienos • Lipoxinas Mediadores derivados de proteínas plasmáticas • Proteínas do complemento: o geram vários produtos de degradação ativando a quimiotaxia dos leucócitos, opsonização e fagocitose e outras partículas e destruição celular. • Proteínas da coagulação: o O fator XII desencadeia a coagulação, as cininas e as cascatas do complemento e ativa o sistema fibrinolítico. • Cininas: produzidas por clivagem proteolítica dos precursores, modulam a reação vascular e a dor. Mediadores pro e anti-inflamatórios • Ácidos graxos têm papel importante na geração de mediadores tanto pró- como anti- inflamatórios. • Prostaglandinas e leucotrienos são produzidos e liberados em grande quantidade nas fases iniciais da inflamação, atuando nos fenômenos vasculares e na exsudação plasmática e celular. Nomenclatura | Classificação | Formas e tipos de inflamações • Nome do tecido ou do órgão acometido acrescido do sufixo ite: o apendicite, gastrite, meningite; • adjetivadas de acordo com alguma particularidade morfológica: o apendicite purulenta (formação de pus), pleurite fibrinosa (exsudação de muita fibrina) etc. PROCESSUAL DE PATOLOGIA 13 ROBERTA ARAUJO – XXIII – 2019.2 Padrão morfológicos das inflamações agudas Inflamação serosa • Bolha cutânea resultante de uma queimadura ou infecção viral é um bom exemplo do acúmulo de líquido seroso, dentro ou imediatamente embaixo da epiderme cutânea. • O líquido em uma cavidade serosa é chamado de efusão Inflamação fibrinosa • lesões mais graves → maior permeabilidade vascular que permite a moléculas grandes (como o fibrinogênio) • Um exsudato fibrinoso → revestimento de cavidades corporais, como meninges, pericárdio e pleura. • degradados por fibrinólise, restos são removidos por macrófagos → resolução. • Não degradados → fibrina não removida → crescimento de fibroblastos e vasos sanguíneos (organização) → cicatrização. • Por exemplo, pericárdico com denso tecido cicatricial fibroso restrição da função do miocárdio. Inflamação supurativa (purulenta) • formação de abscesso • grande quantidade de exsudato purulento (ou pus) consistindo em neutrófilos, células necróticas e líquido de edema. • Certos microrganismos (p. ex., estafilococos) induzem essa supuração localizada e, por isso, são chamados de piogênicos (formadores de pus). • Os abscessos são coleções localizadas de pus que podem ser causadas por organismos piogênicos contidos dentro de um tecido ou por infecções secundárias de focos necróticos. • Devido à destruição do tecido subjacente, geralmente o resultado do abscesso é a formação de cicatriz. Pústula • Inflamação purulenta aguda • Circunscrita → pele ou mucosas, o o pus se acumula entre o epitélio e o conjuntivo subjacente, formando uma pequena elevação, geralmente amarelada. o Piodermites por estafilococos ou estreptococos o Viroses exantemáticas, como varicela (catapora), complicações por colonização de bactérias. • A cura de pústulas se dá com restituição da integridade e por cicatrização nas necrótico- hemorrágicas. Abscesso • Inflamação purulenta circunscrita. • coleção de pus em cavidade neoformada, escavada nos tecidos pela própria inflamação e circundada por uma membrana ou cápsula de tecido inflamado (membrana piogênica), da qual o pus é gerado. • O abscesso é formado de: (1) cavidade central ocupada pelo pus; (2) camada interna ou membrana piogenica, constituída por tecido infiltrado por leucócitos e em processo de destruição. (3) camada externa, formada pelo tecido em que ocorrem os fenômenos vasculares e exsudativos. • Membrana piogênica, que deve ser eliminada para que possa ocorrer a cura do abscesso; • É da camada externa que partem os tecidos de granulação e de reparação que promovem a cura. Tipos de Resolução Resolução Cicatrização Formação de abscesso Progressão para inflamação crônica. Reparo, Regeneração e Cicatrização Um organismo vivo mantém a capacidade de reparar suas perdas. Angiogênese • Desenvolvimento de novos vasos a partir de vasospreexistentes. • Essencial para a cura nos locais de lesão, para o desenvolvimento de circulações colaterais em locais de isquemia • Permitir o aumento de tumores e sua disseminação. PROCESSUAL DE PATOLOGIA 14 ROBERTA ARAUJO – XXIII – 2019.2 Regeneração • Quando as células se multiplicam para repor perdas teciduais; A regeneração tecidual depende do tipo de célula afetada pela injuria; Ex: epitélio • Todo epitélio superficial está programado para se regenerar quando destruído (ulcera) Diferentes tipos celulares quanto ao poder de proliferação células lábeis → em constante proliferação e presença de células tronco; • célula epitelial superficial e mucoide; • epitélio estratificado escamoso da pele, cavidade oral, vagina e colo uterino; • o epitélio cúbico dos ductos das glândulas exócrinas (p. ex., glândulas salivares, pâncreas, vias biliares); • o epitélio colunar do trato gastrointestinal, útero e tubas uterinas; e o epitélio de transição do trato urinário. células estáveis; quiescentes → possuem baixa atividade replicativa. • Capazes de proliferar em resposta a lesão ou perda de massa tecidual. • parênquima da maioria dos tecidos sólidos, como fígado, rim e pâncreas. • células endoteliais, os fibroblastos e as células musculares lisas; • Com exceção do fígado, os tecidos estáveis possuem capacidade limitada de regeneração após a lesão. células permanentes → tecido nervoso periférico e tecido muscular; • terminalmente diferenciadas e não proliferativas • Maioria dos neurônios e as células musculares cardíacas • Nos tecidos permanentes, o reparo é tipicamente dominado por formação de cicatriz. Estímulos para regeneração 1- Fatores de crescimento que se difundem no microambiente: São substâncias que atuam nos receptores da membrana. Tem ação inibidora e também estimulante, exemplo: VEGF, P53 2- Correntes elétricas Correntes elétricas são geradas pela injúria. São usadas na cicatrização óssea Inflamação Crônica • Inflamação de duração prolongada • Soma das reações do organismo como consequência da persistência do agente agressor (biológico, físico, químico, imunológico), que não é eliminado pelos mecanismos da inflamação aguda. INFLAMAÇÃO AGUDA X CRÔNICA AGUDA CRÔNICA Exsudato rico em líquido, fibrina e neutrófilos Aumento na proporção de linfócitos, macrófagos, proliferação de vasos e de fibroblastos, com deposição de colágeno Macrófagos • Meia vida dos monócitos circulantes → 1 dia • Migração inflamação aguda→ 24 a 48hs • Após transformação em macrófagos → meia vida longa, maior capacidade de fagocitação • Macrófagos ativados = células epitelióide Agentes Inerte: algodão, suturas Piogênico: quando uma inflamação aguda se instala em um órgão sólido e o material purulento não pode ser eliminado com facilidade; Órgãos: ovário e fígado Antigênico: T. cruzi, M. tuberculosis As inflamações crônicas causadas por agentes antigênicos podem ser divididas: Inespecíficas inflamações crônicas específicas (granulomatosas) PROCESSUAL DE PATOLOGIA 15 ROBERTA ARAUJO – XXIII – 2019.2 Classificação Inflamação crônica inespecífica Quando a disposição dos elementos que o formam não sugerem a sua etiologia • Exsudato inflamatório • Rico em células linfomononucleares • Tecido conjuntivo fibroso Inflamações crônicas específicas: • Granulomas • Célula principal → Macrófagos ativados • Pouco vascularizados A morfologia e a disposição dos componentes são suficientes para sugerir a etiologia da lesão É necessário encontrar o agente para estabelecer o diagnóstico Inflamação Granulomatosa Agregados de macrófagos ativados com aparência epitelióide São uma resposta a certos estados patológicos específicos: As citosinas derivadas de células T exercem ativação crônica dos macrófagos Doenças com inflamação granulomatosa Célula gigante do tipo Langhans Núcleos se dispõem na periferia "em ferradura“ Ex: tuberculose Células gigantes do tipo corpo estranho Os núcleos podem ser vistos dispersos por toda a célula Outras células importantes na inflamação crônica Linfócitos - mobilizados em reações imunes (T e B) e não imunes. Interagem com os macrófagos. Eosinófilos – são particularmente abundantes nas reações imunes mediadas por IgE e nas parasitoses Mastócitos – são células abundantes no tecido conjuntivo e que podem liberar histamina, particularmente nas reações anafiláticas a drogas, venenos de insetos e reações a alimentos Leucócitos polimorfonucleares – embora sejam mais característicos das inflamações agudas, podem ser encontrados também nas inflamações crônicas. Reparo Tecidual Fatores que influenciam Reparo tecidual → pode ser alterado • Fatores extrínsecos (p. ex., infecção) ou intrínsecos ao tecido lesado. • A infecção → principal retardo da cura; ela prolonga a inflamação e aumenta a lesão local. • Nutrição → a deficiência proteica e de vitamina C, inibe a síntese de colágeno e retarda a cicatrização. • Glicocorticoides (esteroides) → efeitos antiinflamatórios; • sua administração pode resultar em cicatrização deficiente porque inibem a produção de TGF-b e diminuem a fibrose. • Fatores mecânicos → aumento da pressão ou torção local, podem causar separação ou deiscência da ferida. • Perfusão deficiente, devido a aterosclerose e diabetes ou obstrução de drenagem venosa (p. ex., em veias varicosas), também impede a cura. • Corpos estranhos, como fragmentos de aço, vidro ou mesmo osso, impedem a cura. • Localização da lesão e Natureza do tecido Ex: cavidades pleural, peritoneal e sinovial) desenvolve extensos exsudatos que serão absorvidos. • O tipo e extensão da lesão • células lábeis e estáveis; • células permanentes → cicatriz, Ex: infarto do miocárdio. • As aberrações do crescimento celular e da produção de MEC Ex: o acúmulo de quantidade excessiva de colágeno pode gerar uma cicatriz proeminente e elevada conhecida como queloide. Cicatrização Começa com tecido de granulação e termina com tecido fibroso; estimula o fibroblasto a produzir colágeno através de agentes fibrinógenos β- proteinase Epitelio é reposto rapidamente (fino) → reepitelização na região superficial e, mais interno, a cicatrização. Primeira intenção Quadro de uma cicatrização por primeira intenção numa ferida fechada, não infectada, como uma ferida cirúrgica incisional. As margens estão próximas e o processo de cicatrização evolui diretamente à produção de uma cicatriz. Segunda Intenção Cicatrização por segunda intenção numa ferida aberta não infectada. A fenda é primeiramente preenchida PROCESSUAL DE PATOLOGIA 16 ROBERTA ARAUJO – XXIII – 2019.2 por tecido de granulação, o qual se contrai e torna-se uma cicatriz. Terceira Intenção cicatrização por segunda intenção em uma ferida infectada (as setas vermelhas representam as bactérias). A ferida é preenchida com tecido de granulação, o qual produz pus até as bactérias serem eliminadas. Depois disso o tecido de granulação contrai e produz uma cicatriz. TATUAGEM Inflamação aguda clássica Lesão que não se pretende que saia Tinta resistente à destruição do macrófago, porém biológica, e que deve-se fixar; o que permite é associação do macrófago que vai tentar neutralizá-lo, prendendo naquele lugar → tem propriedades para se fixar Coloca plástico, pomada hidratante por um tempo para ajudar na cicatrização - geralmente é superficial Limites de fibra podem ser alterados dependendo de fatores da própria pessoa Mecanismo para retirar À laser: causa uma lesão → inflamação aguda para que o neutrófilo possa aparecer, destruir e fagocitar tudo que temdireito, fica mais claro e some. Outros exemplos Botox: ptn botulínica que ficará paralisado depois do retoque deve evitar inflamação aguda na região da face pois tira tudinho do botox → neutrófilo aparece, destroi e fagocita tudo. Depilação à laser: matar o bulbo; deixar comprometido; a inflamação ajuda mas não mata o pelo e sim as ondas de laser. Feridas Presentes na ferida: • Tecido necrótico • Processo inflamatório agudo • Tecido de granulação Bio filme → membrana bacteriana que dificulta o tecido de cicatrização Para tirar: agua com sabão - enfiar o pé do paciente na água → esfregar ferida para retirar → área vermelha apta para cicatrização AULA 6 - DISTÚRBIOS HEMODINÂMICOS Doenças cardiovasculares • Morbidade • Mortalidade Componentes do sistema cardiovascular • Coração • Vasos sanguíneos • Sangue 1. Água 2. Sais 3. Proteínas 4. Fatores de coagulação e plaquetas 5. Glóbulos brancos e vermelhos Edema Edema é um aumento anormal de líquido intersticial dentro dos tecidos 60% do peso corporal magro é água • 2/3 no espaço intracelular • 1/3 no espaço extracelular: interstício e plasma sanguíneo (5%) Fisiopatogênese • Aumento da pressão hidrostática: complicações que impedem o retorno venoso (ICC e TVP) • Diminuição da pressão osmótica: redução da albumina (doença hepática grave, síndrome nefrótica e desnutrição proteica) • Retenção de sódio e água: função renal comprometida (hipoperfusão renal) e eixo renina- angiotensina-aldosterona desequilibrado • Obstrução linfática: infecção parasitaria • Aumento da permeabilidade vascular: inflamação (edema sistêmico ou local) Consequências • Condição desagradável e/ou fatal • Sinaliza uma doença de base: cardíaca ou renal • Prejudica a cura de feridas e infecções Hiperemia e congestão Decorrem do aumento local de volume sanguíneo nos vasos Geram um aumento da pressão hidrostática: saída de líquidos para o interstício • Hiperemia: processo ativo resultante da dilatação arteriolar (aumento do fluxo sanguíneo), tonando o tecido avermelhado (eritema) • Congestão: processo passivo resultante da redução de fluxo sanguíneo em um tecido, podendo ser sistêmica ou local. O tecido afetado apresenta uma cor vermelho-escuro ao azul (cianose) – estase dos glóbulos vermelhos e acúmulo de hemoglobina desoxigenada PROCESSUAL DE PATOLOGIA 17 ROBERTA ARAUJO – XXIII – 2019.2 Hemostasia É o processo em que há coagulação sanguínea na presença da lesão endotelial. Hemostasia primaria • Vasoconstrição arteriolar • Liberação de endotelina • Recrutamento de plaquetas (fator de von Willebrand) • Adesão plaquetária • Ativação plaquetária • Liberação de grânulos ADP + TxA2 • Recrutamento e ativação de mais plaquetas • Tampão hemostático Hemostasia secundaria • Fator tecidual (VIIa) • Ativação da trombina • Polimerização da fibrina Estabilização do tampão • Contração do tampão permanente Cascata de coagulação • Ativação sequencial de proteínas; • Interconexões entre as duas vias; • Conversão da via para um fator comum. Anamnese • Ingestão de medicamentos inibidores da síntese de tromboxano A2 (AAS) • Exames completares: plaquetograma, tempo de protrombina e tempo de tromboplastina parcial Distúrbios relacionados a hemostasia • Hemorrágicos • Trombóticos Hemorragia É o extravasamento de sangue no espaço extravascular • Congestão crônica: aumenta tendência de hemorragia • Hemorragia grave: ruptura de uma grande artéria ou veia (trauma, aterosclerose, erosão da parede do vaso por inflamação ou neoplasia) Padrões da hemorragia tecidual • Petéquias: mancha de 1-2mm na pele ou mucosa • Púrpuras: machas de > ou = 3mm na pele ou mucosas • Hematoma: confinada em tecido (insignificante a fatal) • Equimoses: hematoma subcutâneo maiores (> 1- 2cm) • Hemotórax: grande acúmulo de sangue em cavidade corporal Trombose É a solidificação dos constituintes normais do sangue, dentro do sistema cardiovascular no organismo in vivo Trombo: coágulo de sangue no interior do sistema circulatório do indivíduo vivo Tríade de Virchow: • Lesão endotelial: traumas, agentes infecciosos, fluxo sanguíneo anormal, mediadores inflamatórios, anormalidades metabólicas, toxinas da fumaça do cigarro – ativação das plaquetas, e consequente trombose arterial e cardíaca • Alterações no fluxo normal Ex: Anemia falciforme: eritrócitos deformados, oclusão vascular, estase e trombose. • Hipercoagulabilidade do sangue: qualquer alteração das vias de coagulação que predispõe a trombose Lesão Endotelial Mecanismo 1. Exposição do fator de von Willebrand PROCESSUAL DE PATOLOGIA 18 ROBERTA ARAUJO – XXIII – 2019.2 2. Alteração no fluxo normal Situações clínicas Anemia falciforme: Eritrócito deformado Oclusão vascular Estase Trombose Hipercoagulabilidade Qualquer alteração das vias de coagulação que predispõe a trombose Tipos de trombo: • Murais: ocorrem nas câmaras cardíacas ou lúmen da aorta; 20% das tromboses humanas • Arteriais: frequentemente oclusivos; brancos • Venosos: invariavelmente oclusivos; vermelhos e firmes Características macroscópicas Linhas de Zahn: Camadas claras (plaquetas e fibrina) + Camadas escuras (células vermelhas) Destino do Trombo Embolia Conceito: massa intravascular solta que é carregada pelo sangue a um local distante de seu ponto de origem, detendo-se a um vaso de menor calibre Consequência: necrose isquêmica Tipos: • Tromboembolismo • Embolia gordurosa • Emolia gasosa • Embolia do líquido amniotico PROCESSUAL DE PATOLOGIA 19 ROBERTA ARAUJO – XXIII – 2019.2 Tromboembolismo pulmonar: • 95% se origina de trombos venosos profundos da perna (veias femorais) • Embolos pequenos: hemorragia ou infarto • Morte súbita: 60% ou mais da circulação obstruída Tromboembolismo sistêmico: • 80% surgem de trombos murais intracardíacos • Embolos artérias podem viajar para vários locais • Extremidade inferiores (75%) e cérebro (10%) • Em geral, causam infarto no órgão afetado Embolia gordurosa • Glóbulos gordurosos microscópios atingem os vasos sanguíneos • Causados por fraturas de ossos longos, traumas de tecido moles e queimaduras • Pode causar sintomas neurológicos, anemia, insuficiência pulmonar... Embolia gasosa • Bolhas gasosas podem coalescer e formar massas espumosas que obstruem os vasos sanguíneos, causando lesão isquêmica • Etiologicamente, vem de uma queda brusca na pressão atmosférica • Pode causas doença da descompressão e doença do caixão (múltiplos focos de necrose isquêmica) Embolia do líquido amniotico: • Baixa incidência • Mortalidade de 80% • Causado pela infusão de líquido amniotico na circulação materna devido a um rasgo na placenta ou ruptura de veias uterinas Infarto Área de necrose isquêmica causada pela oclusão do suprimento arterial ou drenagem venosa num tecido particular • Quase todos resultam da oclusão arterial trombótica ou embolia • Trombose venosa: comum em órgão com uma única veia aferente (testículos e ovários) • Caracteriza-se por uma necrose coagulativa isquêmica • Pacientes anêmicos ou cianóticos Fatores que influenciam no desenvolvimento: • Natureza da oferta vascular: disponibilidade de oferta sanguínea alternativa → dano • Taxa de desenvolvimento da oclusão Lenta → desenvolvimento de vias d perfusão alternativa • Vulnerabilidade do tecido a hipóxia •Cérebro: 3-4 minutos •Coração: 20-30 minutos • Conteúdo de oxigênio sanguíneo (tensão de O2 ): • Pacientes anêmicos ou cianóticos Classificação com base nas suas cores: • Vermelhos (hemorrágicos): pulmões, tecidos com circulação dupla, forma de cunha com o vaso ocluído no ápice e a periferia doórgão formando a base • Brancos (anêmicos): coração, pâncreas, rim, órgãos sólidos que sofrem oclusões arteriais e que possuem circulação arterial terminal • Sépticos: embolo formado pela fragmentação de uma vegetação bacteriana de uma valva cardíaca, semeação de microrganismos em área de tecido necrótico, abcesso Choque É caracterizado pela incapacidade do sistema circulatório de manter a pressão arterial em nível suficiente para garantir a perfusão sanguínea ao organismo, o que resulta em hipóxia generalizada Essa manutenção depende: • Bomba cardíaca • Volume de sangue circulante • Compartimento vascular É um estado de hipoperfusão tecidual sistêmico devido: • Redução do débito cardíaco • Redução do volume de sangue circulante Tipos • Cardiogênico: falência da bomba miocárdica (infarto do miocárdio, arritmias ventriculares...) • Hipovolêmico: perda do volume sanguíneo (inflamação sistêmica, hemorragia grave, queimaduras extensas e infecção microbiana) • Séptico: resulta da vasodilatação e do acúmulo sanguíneo periférico (reação imunológica sistêmica a uma infecção) • Neurogênico: perda de tônus vascular (acidente anestésico, lesão na medula espinal) • Anafilático: vasodilatação sistêmica (aumento da permeabilidade vascular, reação de hipersensibilidade mediada por IgE) Estágios • Fase não progressiva: mecanismos compensatórios são ativados e a perfusão para órgãos vitais e mantida (taquicardia, vasoconstrição periférica, conservação renal de líquidos) • Fase progressiva: caracterizado por hipoperfusão tecidual, início de piora circulatória e desequilíbrios metabólicos (acidose) PROCESSUAL DE PATOLOGIA 20 ROBERTA ARAUJO – XXIII – 2019.2 • Fase irreversível: lesão celular e tecidual tão grave que, mesmo se os defeitos hemodinâmicos fossem corrigidos, a sobrevivência não seria possível Consequências clínicas • Hipotensão • Pulso rápido e fraco • Taquipneia • Pele cianótica, fria e pegajosa
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