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Seminário VII - ITCMD e ITBI - IBET - TSJ

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Módulo Tributo e Segurança Jurídica 
SEMINÁRIO VII - ITCMD E ITBI 
Larissa Yuki Ichimura G. Barbosa 
Questões 
1. Construa a regra-matriz de incidência tributária do ITCMD. 
 
A regra matriz de incidência tributária (RMIT), contemplada por Geraldo 
Ataliba, nas palavras de Paulo de Barros Carvalho: 
[...] Geraldo Ataliba propôs a adoção de hipótese de incidência para 
denominar a descrição abstrata, contida na lei, e fato imponível para 
representar a ocorrência no mundo dos fenômenos físicos, que satisfaz os 
antessupostos requeridos pela norma jurídica1 
O antecedente é composto pelos critérios material, temporal e espacial enquanto 
o consequente contempla os critérios pessoal e quantitativo. 
 
• Material: transmissão causa mortis de bens imóveis e móveis, a transmissão por 
doação, por ato entre vivos de bens móveis e imóveis. 
• Temporal: marco temporal para a incidência do ITCMD. Transmissão causa 
mortis será da data da abertura da sucessão. No caso da transmissão por doação 
inter vivos, será a data de transmissão do bem. Nesta, depende de registro (bem 
imóvel) ou tradição (bem móvel). 
• Espacial: doação inter vivos: estado de domicílio do doador ou o estado da 
situação do bem na hipótese de corresponder a bem imóvel. Se o bem for móvel, 
o critério espacial corresponderá ao estado onde se processar o inventário, ou, 
ainda, o Estado do domicilio civil do de cujus (art. 155, §1º, II). 
 
• Pessoal: o sujeito ativo enquanto credor da obrigação tributária é o Estado ou 
Distrito Federal e o sujeito passivo, isto é, a quem se dirirge o dever jurídico de 
 
1 CARVALHO, Paulo de Barros. Curso de Direito Tributário. São Paulo: Noeses, 2022, p. 282. 
Módulo Tributo e Segurança Jurídica 
cumprir a obrigação tributária é o herdeiro, o legatário, o doador ou o donatário. 
• Quantitativo: a base de cálculo é o valor venal do imóvel ou o valor do bem móvel 
e a alíquota será a porcentagem fixada pela legislação estadual (art. 155, I CF). O 
estabelecimento de alíquotas maximas cabe ao Senado Federal (art. 155, §1ª, IV 
CF). Por meio da Resolução 09/1992 o Senado fixou a alíquota máxima em 8%. 
 
2. O que é transmissão “causa mortis” e o que é doação? Fundamente sua 
resposta no que dispõe a legislação do código civil, artigo 1784, e no art. 110 do Código 
Tributário Nacional. 
 
Ainda que o Código Civil traga impresso o princípio da liberdade das formas 
(art. 421 CC2), da autonomia da vontade privada, inclusive pela admissão de contratos 
atípicos (art. 425 CC3), alguns institutos foram pormenorizados e definidos em lei a fim 
de que serem estabelecidos pressupostos mínimos. 
O Código Civil apresenta definição do conceito de doação, contendo dois 
elementos: a) animus donandi (elemento subjetivo), intenção de praticar a liberalidade 
(caracteristica principal do instituto); b) transferência de bens (elemento objetivo)4. 
Art. 538. Considera-se doação o contrato em que uma pessoa, por 
liberalidade, transfere do seu patrimônio bens ou vantagens para o de outra. 
A transmissão “causa mortis” corresponde ao recebimento de bens ou direitos 
de forma não onerosa por doação ou sucessão patrimonial causa mortis5. 
Art. 1.784. Aberta a sucessão, a herança transmite-se, desde logo, aos 
herdeiros legítimos e testamentários. 
Ainda assim, houve a preocupação do legislador pátrio em dispor no art. 426 
 
2 Art. 421. A liberdade contratual será exercida nos limites da função social do contrato. (Redação dada 
pela Lei nº 13.874, de 2019) 
Parágrafo único. Nas relações contratuais privadas, prevalecerão o princípio da intervenção mínima e a 
excepcionalidade da revisão contratual. 
3 Art. 425. É lícito às partes estipular contratos atípicos, observadas as normas gerais fixadas neste Código. 
4 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro, vol. 3: Contratos e Atos Unilaterais, 2021, p. 
279. 
5 FREGONESI JUNIOR, Maucir. ITCMD: entenda o que é, como funciona e como é calculado. JOTA, 20 
ago. 2021. Disponível em: < https://www.jota.info/opiniao-e-analise/artigos/itcmd-entenda-o-que-como-
funciona-20082021> Acesso em 16 nov. 2023. 
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13874.htm#art7
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13874.htm#art7
Módulo Tributo e Segurança Jurídica 
CC6 sobre a impossibilidade de transmissão de herança de pessoa viva, em razão de 
impossibilidade jurídica do objeto. Essa definição importa na medida em que 
diferenciam-se a incidência do ITCMD e o ITBI, neste a transmissão do bem é onerosa. 
O art. 110 do CTN é fundamental para assegurar a coesão na cobrança dos 
tributos federais, estaduais e municipais considerando que veta a alteração do conceito 
dos institutos. Busca garantir, portanto, a prevalência da equidade e tratamento isonômico 
entre os contribuintes haja vista que o fato gerador será idêntico. 
Art. 110. A lei tributária não pode alterar a definição, o conteúdo e o 
alcance de institutos, conceitos e formas de direito privado, utilizados, 
expressa ou implicitamente, pela Constituição Federal, pelas Constituições 
dos Estados, ou pelas Leis Orgânicas do Distrito Federal ou dos Municípios, 
para definir ou limitar competências tributárias. 
 
3. “A”, domiciliado em Maracanaú/CE, doou a seu irmão “B”, domiciliado 
em Brasília/DF, pouco antes de morrer, a casa de sua propriedade, localizada em 
Mendoza, República Argentina, bem como o automóvel que se encontrava na garagem 
desse imóvel, e que foi licenciado naquele país. 
Por sua vez, “C”, domiciliado na República Italiana, deixou, em testamento, 
todos os bens móveis e imóveis de sua propriedade, localizados na Itália, para sua irmã 
“D”, domiciliada em Redenção/PA, que aceitou a herança transmitida. 
Com base apenas nas regras dos incisos I, II e III do § 1º do art. 155 da 
Constituição Federal, indaga-se: a qual Estado é devido o ITCMD eventualmente 
incidente sobre as transmissões ocorridas, considerando que todas elas ocorreram em 
julho de 2021? 
a) Doação de bem imóvel localizado em Mendoza: 
b) Doação de automóvel (bem imóvel) localizado em Mendoza: 
c) Transmissão “causa mortis” de bens móveis localizados na Itália: 
d) Transmissão “causa mortis” de bens imóveis localizados na Itália: 
 
 
6 Art. 426. Não pode ser objeto de contrato a herança de pessoa viva. 
Módulo Tributo e Segurança Jurídica 
O caso em questão apresenta as seguintes situações: I) Doação de bem móvel e 
imóvel no exterior de doador residente no Ceará a donatário residente em Brasília; II) 
Transmissão causa mortis de herdeiro residente no Pará e de cujus e bens na Itália. 
O art. 155, III, b CF estabelece que haverá incidência de ITCMD se o doador 
tiver domicílio ou residência no exterior na medida em que a regulação ocorra por Lei 
Complementar. O Tema 825 estabelece que: “É vedado aos estados e ao Distrito Federal 
instituir o ITCMD nas hipóteses referidas no art. 155, § 1º, III, da Constituição Federal 
sem a edição da lei complementar exigida pelo referido dispositivo constitucional”. 
Nesse sentido, considerando que ainda nao há lei complementar autorizando a 
cobrança, o imposto não é devido. A edição de lei estadual nesse sentido, é incontitucional 
pelos motivos acima. Entendo que, havendo o questionamento por meio de ADI o mais 
coerente seria a modulação de efeitos ex tunc justamente pela inconstitucionalidade 
embrionária da referida lei estadual. 
 
Responda à questão anterior, levando em conta, apenas, as normas da Lei 
Estadual nº 10.705/2000, do Estado de São Paulo. 
a) Doação de bem imóvel localizado em Mendoza: 
b) Doação de automóvel (bem imóvel) localizado em Mendoza: 
c) Transmissão “causa mortis” de bens móveis localizados na Itália: 
d) Transmissão “causa mortis” de bens imóveis localizados na Itália: 
 
A Lei Estadual n. 10.705/2000 possui a previsão de cobrança do ITCMD nos 
artigos 3º e 4º. Considerando apenas a lei estadual e desconsiderando a ConstituiçãoFederal, nas duas primeiras hipóteses o imposto seria devido em “a” e “b” pelo doador, 
no Ceará e “c” e “d” pelo herdeiro, no Pará. 
Entendo que, considerando a existência da Constituição Federal, o imposto não 
seria devido em nenhuma das hipóteses haja vista que não há lei complementar 
autorizativa da cobrança do imposto. Dessa forma, os estados, apesar da titularidade 
expressa no caput do art. 155, só possuirão competência para legislar nesse sentido a partir 
da atuação prévia do Congresso Nacional para instituir o imposto nessa hipótese. Acredito 
haver um viés meramente arrecadatório que dissoa com o disposto no art. 155, III, b CF. 
Módulo Tributo e Segurança Jurídica 
 
4. Em fevereiro de 2022, faleceu Caio, que, na data do óbito, mantinha domicílio 
em São Paulo/SP, tendo deixado como herdeiros dois filhos: Tício e Mévio. Tício, que 
não mantinha boas relações com o pai, renunciou à herança em favor de sua filha 
Lucrécia. Ao investigar o patrimônio do de cujus, foi possível constatar a existência dos 
seguintes bens, direitos e obrigações: 
i. Uma casa de veraneio em Paraty/RJ, com valor venal de R$ 100.000,00; 
ii. Cotas do Fundo de Investimento Imobiliário MXXX11, cujo valor de 
negociação, em Bolsa de Valores, na data de falecimento do de cujus, totalizava R$ 
100.000,00. Tais investimentos estavam declarados pelo de cujus, em sua DIRPF 
apresentada em 2021, pelo valor total de R$ 10.000,00; atualmente, são negociadas em 
Bolsa de Valores, pelo valor total de R$ 50.000,00; 
iii. Um VGBL7 em favor dos herdeiros, no valor total de R$ 100.000,00; 
iv. Débito de R$ 100.000,00 fixado em cumprimento de sentença de ação 
trabalhista movida pelo antigo caseiro de Paraty; 
 
A família do de cujus o(a) procura para solução das seguintes questões: 
 
a) Quais os valores das bases de cálculo do imposto causa mortis devido ao 
Estado de São Paulo na abertura da sucessão de Caio? Justifique, apontando cada um dos 
itens considerados ou excluídos, indicando as razões para tanto; 
 
A base de cálculo será o montante auferido na data de transmissão, isto é: 
Cota do Fundo de Investimento e VGBL: R$ 100.000,00 (Lei n.º 10.705/2000, 
art. 14), devidos ao estado onde se processar o inventário (art. 155, I CF). 
 
7 VGBL (Vida Gerador de Benefícios Livres) e PGBL (Plano Gerador de Benefícios Livres) são planos por 
sobrevivência (de seguro de pessoas e de previdência complementar aberta, respectivamente) que, após um 
período de acumulação de recursos (período de diferimento), proporcionam aos investidores (segurados e 
participantes) uma renda mensal - que poderá ser vitalícia ou por período determinado - ou um pagamento 
único. O primeiro (VGBL) é classificado como seguro de pessoa, enquanto o segundo (PGBL) é um plano 
de previdência complementar. Definições fornecidas pela SUSEP em http://www.susep.gov.br/setores-
susep/seger/coate/perguntas-mais-frequentes-sobre-planos-por-sobrevivencia-pgbl-e-vgbl 
 
 
http://www.susep.gov.br/setores-susep/seger/coate/perguntas-mais-frequentes-sobre-planos-por-sobrevivencia-pgbl-e-vgbl
http://www.susep.gov.br/setores-susep/seger/coate/perguntas-mais-frequentes-sobre-planos-por-sobrevivencia-pgbl-e-vgbl
Módulo Tributo e Segurança Jurídica 
Casa de veraneio em Paraty/RJ: R$ 100.000,00, devida ao estado do Rio de 
Janeiro, onde está situado o imóvel. 
No que tange ao débito trabalhista, a obrigação será transmitida aos herdeiros no 
limite do patrimônio da herança. 
 
b) Considerando a renúncia de Tício, esclareça como fica a questão da 
incidência do ITCMD neste caso. 
 
A cobrança do ITCMD não será alterada, apenas a contribuinte que passará a ser 
Lucrécia em razão da transmissão (Lei n.º 10.705/2000, art. 7º, IV). 
 
4. Vinícius, domiciliado em Volta Redonda/RJ, é proprietário de 1.000.000 de ações 
da empresa Gama (localizada em Salvador/BA), no valor de R$ 10,00 cada ação. 
“A”, em 2021, instituiu seu irmão Victor, domiciliado em Curitiba/PR, 
usufrutuário vitalício dessas ações, por meio de ato “inter vivos” não-oneroso. Há 
incidência do ITCMD sobre a instituição desse usufruto? Em caso afirmativo, qual 
Estado é o titular desse imposto? 
 
Ainda que reste presente o ususfruto vitalício, este instituto não se confunde nem 
com doação, nem com transmissão causa mortis, apesar do caráter não oneroso. O 
usufruto não implica em transmissão, é compreendido como ônus real sobre a coisa8. Nao 
implica em perda da posse por Vinícius. Sendo assim, nao há incidência do ITCMD. Vale 
ressaltar, conforme visto acima que em decorrência do art. 110 do CTN, o estado não 
pode modificar o entendimento consolidado no Código Civil para ampliar sua 
competência tributária. 
 
5. Construa a regra-matriz de incidência tributária do ITBI. 
 
O antecedente é composto pelos critérios material, temporal e espacial enquanto 
o consequente contempla os critérios pessoal e quantitativo. Sendo assim: 
 
8 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro, vol. 5. Direito das coisas. São Paulo: SaraivaJur, 
2021, p.164. 
Módulo Tributo e Segurança Jurídica 
• Material: se dará com a transmissão inter vivos, a qualquer título, por ato oneroso, 
de bens imóveis, por natureza ou acessão física, e de direitos reais sobre imóveis, 
salvo os de garantia, bem como cessão de direitos a sua aquisição. 
• Espacial: será o município onde está localizado o bem imóvel. 
• Temporal: momento da transmissão da titularidade do bem imóvel, que ocorre a 
partir do Registro de Imóveis. 
 
• Pessoal: sujeito ativo será o Município ou Distrito Federal, enquanto o sujeito 
passivo será o contribuinte que se relaciona com o bem imóvel, de modo que 
poderá ser pessoa física ou jurídica. 
• Quantitativo: A base de cálculo será o valor venal dos bens ou dos direitos 
transmitidos (art. 38 CTN). A alíquota depende do fixado pela Lei Ordinária do 
Município ou DF. Ainda assim, vale mencionar que há controvérsia, 
pormenorizada na questão a seguir. 
 
6. Indique, com base na legislação, qual é a base de cálculo do ITBI e se esta fica, 
de alguma forma, vinculada à do IPTU. É legítima a adoção do valor da 
negociação do imóvel como base de cálculo do ITBI? 
 
Apesar de haver decisões atribuindo à base de cálculo o valor da transação 
imobiliária do imóvel e decisões utilizando o valor venal utilizado no IPTU, o art. 38 do 
CTN estabelece expressamente o critério da base de cálculo do ITBI. 
Entendo pertinente a decisão do juiz do 2º Juizado Especial da Fazenda Pública 
do Distrito Federal nos autos do processo n.º 0713133-48.2023.8.07.0016. O mesmo 
fundamentou que não é possível utilizar um valor que não tenha participação do sujeito 
passivo. É uma tese que julgo interessante por incluir o sujeito passivo na formação da 
base de cálculo apesar de convergir com as teses de valor do mercado do STJ, excluindo 
o valor atribuído pela Prefeitura no valor venal, portanto. 
Mesmo assim, entendo mais coerente com o disposto no art. 38 realizar a 
correção administrativo do valor de referência. Acredito que é problemático porque a 
Módulo Tributo e Segurança Jurídica 
flexibilização dessa medida se deve à mora dos serviços públicos municipais que 
acarretam por dar entendimento diverso à letra da lei. Também entendo problemática a 
presunção que o valor venal não goza de boa fé ou veracidade por parte do ente público. 
Nesse sentido, realizo a reflexão se o que se encontra deficitário é a prestação do 
serviço público ou o critério do art. 38 está ultrapassado. Entendo que na primeira 
hipótese, o método corretivo não seria na interpretação legislativa e na segunda, a 
ocorrência do “jeitinho brasileiro” que contribui ainda mais para o gargalo do montante 
de processos no Judiciário. 
 
7. Analise a legislação transcrita abaixo para, ao final, responder. 
 
Constituição Federal 
Art. 156. Compete aos Municípios instituir impostos sobre: [...] 
II - transmissão "inter vivos", a qualquer título,por ato oneroso, de bens imóveis, por 
natureza ou acessão física, e de direitos reais sobre imóveis, exceto os de garantia, bem como 
cessão de direitos a sua aquisição; 
 
Código Civil 
Art. 1.227. Os direitos reais sobre imóveis constituídos, ou transmitidos por atos entre 
vivos, só se adquirem com o registro no Cartório de Registro de Imóveis dos referidos títulos 
(arts. 1.245 a 1.247), salvo os casos expressos neste Código. 
Art. 1.245. Transfere-se entre vivos a propriedade mediante o registro do título 
translativo no Registro de Imóveis. 
§ 1 o Enquanto não se registrar o título translativo, o alienante continua a ser havido 
como dono do imóvel. 
§ 2 o Enquanto não se promover, por meio de ação própria, a decretação de invalidade 
do registro, e o respectivo cancelamento, o adquirente continua a ser havido como dono do 
imóvel. 
Art. 1.246. O registro é eficaz desde o momento em que se apresentar o título ao oficial 
do registro, e este o prenotar no protocolo. 
Art. 1.247. Se o teor do registro não exprimir a verdade, poderá o interessado reclamar 
Módulo Tributo e Segurança Jurídica 
que se retifique ou anule. 
Parágrafo único. Cancelado o registro, poderá o proprietário reivindicar o imóvel, 
independentemente da boa-fé ou do título do terceiro adquirente. 
 
Código Tributário Nacional 
Art. 110. A lei tributária não pode alterar a definição, o conteúdo e o alcance de 
institutos, conceitos e formas de direito privado, utilizados, expressa ou implicitamente, pela 
Constituição Federal, pelas Constituições dos Estados, ou pelas Leis Orgânicas do Distrito 
Federal ou dos Municípios, para definir ou limitar competências tributárias. 
 
LEI Nº 9133, DE 18 DE DEZEMBRO DE 2006, do Município de Fortaleza/CE 
Altera a legislação tributária municipal relativamente ao Imposto sobre a Transmissão 
Onerosa de Bens Imóveis por Ato Inter Vivos (ITBI) e dá outras providências. 
FAÇO SABER QUE A CÂMARA MUNICIPAL DE FORTALEZA APROVOU E EU 
SANCIONO A SEGUINTE LEI: 
CAPÍTULO I 
Dos Elementos do Imposto sobre a Transmissão Onerosa de Bens Imóveis por Ato Inter 
Vivos (ITBI) 
Seção I 
Do Fato Gerador 
Art. 1º - Fica instituído o Imposto sobre a Transmissão Onerosa de Bens Imóveis por 
Ato Inter Vivos (ITBI), que tem como fato gerador: 
I - a transmissão, a qualquer título, por ato oneroso, da propriedade ou domínio 
útil de bens imóveis por natureza ou acessão física, como definidos na lei civil; II - a transmissão, 
a qualquer título, de direitos reais sobre imóveis, exceto os de garantia; 
Seção VII 
Do Pagamento do ITBI 
Art. 10 - O Imposto sobre a Transmissão Onerosa de Bens Imóveis por Ato Inter Vivos 
(ITBI) será pago: 
I - por antecipação, até a data da lavratura do instrumento que servir de base à 
transmissão da propriedade, do domínio útil ou da cessão de direitos relativos a bens imóveis, 
Módulo Tributo e Segurança Jurídica 
observado o art. 5o, § 2o, desta Lei; 
II - no prazo de 30 (trinta) dias, contados do trânsito em julgado, se o título de 
transmissão da propriedade, do domínio útil ou da cessão de direitos relativos a bens imóveis for 
decorrente de sentença judicial, observado o art. 5o, § 2o, desta Lei; 
III - no prazo de 30 (trinta) dias, contados da data da lavratura do instrumento que servir 
de base à transmissão da propriedade, do domínio útil ou da cessão de direitos relativos a bens 
imóveis, observado o art. 5o, inciso II, desta Lei. 
Art. 11 - O pagamento será efetuado através de documento próprio, como dispuser o regulamento. 
 
Considerando a legislação supra indicada, responda: 
a) Qual é o momento da incidência do ITBI? 
 
O momento de incidência do ITBI ocorre com a transferência da propriedade por 
meio do registro do título translativo no Registro de Imóveis (art. 1.245 CC). 
 
b) É possível que haja pagamento do imposto na forma em que determinado 
na legislação? Sob qual fundamento Constitucional? 
 
Ora, como será antecipado o imposto se o fato gerador ainda nem ocorreu? 
Entendo que o inciso I, do art. 10 da Lei n.º 9.133, do Município de Fortaleza é 
incompatível não só com o estabelecido no Código Civil, pela incoerência, mas também 
ao CTN, por desrespeitar o art. 110 e ostensivamente inovar no que se compreende por 
transmissão da propriedade. 
 
Referências Bibliográficas 
CARVALHO, Paulo de Barros. Curso de Direito Tributário. São Paulo: Noeses, 2022. 
 
FREGONESI JUNIOR, Maucir. ITCMD: entenda o que é, como funciona e como é 
calculado. JOTA, 20 ago. 2021. Disponível em: < https://www.jota.info/opiniao-e-
analise/artigos/itcmd-entenda-o-que-como-funciona-20082021> Acesso em 16 nov. 
2023. 
Módulo Tributo e Segurança Jurídica 
 
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro, vol. 3: Contratos e Atos 
Unilaterais. São Paulo: SaraivaJur, 2021. 
 
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro, vol. 5. Direito das coisas. São 
Paulo: SaraivaJur, 2021

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