Prévia do material em texto
PRÉ-NATAL DE BAIXO RISCO Renata D’Onofrio Moraes 1. Pré-Natal; · Introdução; · O objetivo do acompanhamento pré-natal é assegurar o desenvolvimento da gestação, permitindo o parto de um recém-nascido saudável, sem impacto para a saúde materna, inclusive abordando aspectos psicossociais e as atividades educativas e preventivas. · Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o número adequado de consultas ≥ a 6. · Até 28ª semana: mensais. · Da 28ª a 36ª semana: quinzenais. · Da 36ª a 41ª semana: semanalmente. · Quando o parto não ocorre até a 41ª semana, é necessário encaminhar a gestante para a avaliação do bem-estar fetal, incluindo avaliação do índice do líquido amniótico e monitoramento cardíaco fetal. · A unidade básica de saúde (UBS) deve ser a porta de entrada preferencial da gestante no sistema de saúde. · É o ponto de atenção estratégico para melhor acolher suas necessidades, inclusive proporcionando um acompanhamento longitudinal e continuado, principalmente durante a gravidez. · O acompanhamento da mulher no ciclo grávido-puerperal deve ser iniciado o mais precocemente possível e só se encerra após o 42º dia de puerpério, período em que a consulta de puerpério deverá ter sido realizada. · Pré-Natal de Qualidade na AB; · Os 10 passos para um pré-natal de qualidade na Atenção Básica são: 1: Iniciar o pré-natal até a 12ª semana de gestação (captação precoce); 2: Garantir recursos humanos, físicos, materiais e técnicos necessários à atenção pré-natal; 3: Toda gestante deve ter assegurado a solicitação dos exames preconizados no atendimento pré-natal; 4: Promover a escuta ativa da gestante e de seus (suas) acompanhantes, considerando aspectos intelectuais, emocionais, sociais e culturais e não somente um cuidado biológico; 5: Garantir transporte público gratuito da gestante para o atendimento pré-natal quando necessário; 6: Realizar o pré-natal do parceiro – é direito do(a) parceiro(a) ser cuidado (realização de consultas, exames e ter acesso a informações) antes, durante e depois da gestação; 7: Garanti acesso à unidade de referência especializada, se necessário; 8: Estimular e informar sobre os benefícios do parto fisiológico e elaborar o plano de parto; 9: Conhecer previamente o local onde o parto será realizado (vinculação); 10: Conhecer e exercer os direitos garantidos por lei no período gravídico-puerperal. · Diagnóstico da Gravidez; · Para ampliar a captação precoce das gestantes, o Ministério da Saúde incluiu o Teste Rápido de Gravidez nos exames de rotina do pré-natal, que pode ser realizado na própria UBS, o que acelera o processo necessário para a confirmação da gravidez e o início do pré-natal. · Toda mulher com história de atraso menstrual > 15 dias deverá ser orientada a realizar o teste imunológico da gravidez (B-HCG). · Considerando-se que 11% a 42% das IG estimadas pela data da última menstruação são incorretas, pode-se oferecer à gestante, a USG, que, além de melhor determinar a IG, auxilia na detecção precoce de gestações múltiplas e de malformações fetais clinicamente não suspeitas. · Idealmente, deve ser realizado entre 10ª e 13ª semanas. · Se o atraso menstrual for superior a 12 semanas, o diagnóstico de gravidez poderá ser feito pelo exame clínico e torna-se desnecessária a solicitação do TIG. · O diagnóstico da gravidez pode ser efetuado em 90% das pacientes por intermédio dos sinais clínicos, dos sintomas e do exame físico em gestações mais avançadas. · As principais queixas são: atraso menstrual, fadiga, poliúria e enjoos/vômitos matinais. · Avaliam-se os sinais de presunção, probabilidade e certeza. Sinais de Presunção Sinais de Probabilidade Sinais de Certeza 1. Atraso menstrual; 2. Manifestações clínicas: - Náuseas e vômitos; - Tonturas; -Mudança de apetite; - Poliúria; - Sonolência. 3. Modificações anatômicas: - Aumento do volume mamário; -Hipersensibilidade nos mamilos; - Tubérculos de Montgomery; - Saída do colostro; - Aumento da rede de Halle; - Coloração violácea vulvar; - Aumento do volume abdominal. 1. Amolecimento da cérvice uterina, com aumento posterior do volume; 2. Hipertrofia das paredes vaginais com aumento da vascularização; 3. B-HCG +: - Após o 8º ou 9º dia da fertilização. 1. Presença de BCF: - Sonar ≥ 12 semanas. - Pinard > 20 semanas. 2. Presença de movimentos fetais; - A partir da 18ª a 20 ª semana. 3. USG: - 4 a 5 semanas: saco gestacional, por via transvaginal; - 6 semanas: BCF, por via transvaginal. · Após a confirmação da gravidez, em consulta médica ou de enfermagem, dá-se início ao acompanhamento da gestante. · Os procedimentos e as condutas que se seguem devem ser realizados sistematicamente e avaliados em toda consulta de pré-natal. · As condutas e os achados diagnósticos sempre devem ser anotados na Ficha de Pré-Natal e no Cartão da Gestante. · A partir desse momento, a gestante deverá receber as orientações necessárias referentes ao acompanhamento de pré-natal: sequência de consultas (mensalmente, se possível), visitas domiciliares e grupos educativos. · Classificação de Risco Gestacional; · Com o objetivo de reduzir a morbimortalidade materno-infantil e ampliar o acesso com qualidade, é necessário que se identifiquem os fatores de risco gestacional o mais precocemente possível. · Fatores de Risco Manejados pela AB: são relacionados às características individuais e às condições sociodemográficas desfavoráveis; fatores relacionados à história reprodutiva anterior; e, fatores relacionados à gravidez atual. - Características individuais e condições sociodemográficas: · Idade < 15 anos e > 35 anos. · Ocupação: esforço físico excessivo, carga horária extensa, rotatividade de horário, exposição a agentes físicos, químicos e biológicos, e estresse. · Situação familiar insegura e não aceitação da gravidez. · Situação conjugal insegura, baixa escolaridade e condições ambientais desfavoráveis. · Altura < 1,45 m e/ou IMC: baixo peso, sobrepeso ou obesidade. - História Reprodutiva Anterior: · RN com RCI, pré-termo ou com malformação. · Macrossomia fetal. · Síndromes hemorrágicas ou hipertensivas; · Intervalo interpartal < 2 anos e > 5 anos. · Nuliparidade ou multiparidade (≥ 5 partos). · Cirurgia uterina anterior. · ≥ 3 cesarianas. - Gravidez Atual: · Ganho ponderal inadequado. · Infecção urinária. · Anemia. · Pré-Natal de Alto Risco: fatores relacionados a condições prévias, a gravidez anterior e a gestação atual. - Condições Prévias: · Cardiopatias, pneumopatias graves, nefropatias graves (DRC e transplantados), endocrinopatias (DM, hipotireoidismo e hipertireoidismo), doenças hematológicas (anemia falciforme e talassemia), doenças neurológicas (epilepsia), doenças psiquiátricas (psicoses, depressão grave etc.) e doenças autoimunes (lúpus). · HAS crônica; · Alterações genéticas maternas; · Antecedentes de TVP e/ou TEP; · Ginecopatias (miomatose e malformações uterinas); · Portadoras de doenças infecciosas (hepatites, toxoplasmose, HIV, sífilis terciária e outras IST); · Hanseníase; · Tuberculose; · Dependência química. - História Reprodutiva Anterior: · Morte intrauterina ou perinatal; · História prévia de doença hipertensiva gestacional com mau resultado obstétrico ou perinatal; · Abortamento habitual; · Esterilidade/Infertilidade. - Gestação Atual: · RCI; · Polidrâmnio ou oligodrâmnio; · Gemeralidade; · Malformações fetais ou arritmia fetal; · Distúrbios hipertensivos da gestação; · Infecção urinária de repetição ou ≥ 2 episódios de pielonefrite; · Anemia grave ou não responsiva (30-60 dias de tratamento com sulfato ferroso); · Portadores de doenças infecciosas: hepatites, toxoplasmose, HIV, sífilis e outras IST; · Infecções como rubéola ou citomegalovírus adquiridas na gestação atual; · Proteinúria; · DMG; · Desnutrição materna severa; · Obesidade mórbida ou baixo peso; · NIC III; · Alta suspeita de CA de mama ou mamografia ≥ Bi-rads III; · Adolescentes com fatores de risco psicossocial. · Fatores de Risco que Indicam Encaminhamento à Urgência/Emergência Obstétrica: avaliar e determinar a conduta de cada caso. · Síndromeshemorrágicas, independentemente da dilatação cervical e da IG; · Suspeita de pré-eclâmpsia: PA > 140/90 mmHg após o mínimo de 5min de repouso. Pode ser feito o teste rápido de proteinúria; · Sinais premonitórios de eclâmpsia em gestantes hipertensas: escotomas cintilantes, cefaleia occipital, epigastralgia ou dor intensa em hipocôndrio direito; · Eclâmpsia; · Crise hipertensiva: PA > 160/110 mmHg; · Amniorrexe prematura; · Isoimunização Rh; · Anemia grave (Hb < 8 mg/dL); · Trabalho de parto prematuro (IG < 36 semanas); · IG > 41 semanas confirmada; · Hipertermia, na ausência de sinais e sintomas clínicos de IVAS; · Suspeita/diagnóstico de abdome agudo, pielonefrite, infecção ovular ou outra infecção que necessite de internação hospitalar; · Suspeita de TVP; · Investigação de prurido gestacional/icterícia; · Vômitos incoercíveis não responsivos ao tratamento: < 20 semanas; · Vômitos inexplicáveis no 3º trimestre; · RCI; · Oligodrâmnio; · Óbito fetal. · Uma vez encaminhada para acompanhamento em um serviço de referência especializado em pré-natal de alto risco, é importante que a gestante não perca o vínculo com a sua equipe de atenção básica onde iniciou o seu acompanhamento de pré-natal. · Primeira Consulta e Consultas Subsequentes; · Na primeira consulta, deve-se pesquisar os aspectos socioepidemiológicos, os antecedentes familiares, os antecedentes pessoais gerais, ginecológicos e obstétricos, além da situação da gestação atual. · Os principais componentes podem ser assim listados: a) data precisa da última menstruação; regularidade dos ciclos; uso de anticoncepcionais; paridade; atividade sexual; b) intercorrências clínicas, obstétricas e cirúrgicas; c) detalhes de gestações prévias; d) hospitalizações anteriores; e) uso de medicações; f) história prévia de doença sexualmente transmissível; g) exposição ambiental ou ocupacional de risco; h) reações alérgicas; i) história pessoal ou familiar de doenças hereditárias/malformações; j) gemeralidade anterior; k) fatores socioeconômicos; l) uso de tabaco, álcool ou outras drogas lícitas ou ilícitas; m) história infecciosa prévia; n) vacinações prévias; o) história de violências. · Em cada consulta, o risco obstétrico e perinatal deve ser reavaliado. · As ações da equipe devem contemplar as seguintes atividades: · Preenchimento do cartão da gestante; · Verificação da situação vacinal; · Solicitação de exames de rotina; · Realização dos testes rápidos; · Orientações sobre as próximas consultas. · No exame físico são indispensáveis: a avaliação nutricional, a medida da PA, a palpação abdominal e percepção dinâmica, a medida da altura uterina, ausculta dos BCFs, registro dos movimentos fetais e verificação da presença de edema. Ainda, o exame ginecológico e a coleta de material para a colpocitologia oncótica devem ser realizados. · No exame físico, os mais importantes componentes que precisam ser incluídos na primeira visita pré-natal são os seguintes: peso, altura, pressão arterial, avaliação de mucosas, da tireoide, das mamas, dos pulmões, do coração, do abdome e das extremidades. · Após a 12ª semana, deve-se medir a altura do fundo uterino no abdome. A ausculta fetal será possível após a 10ª-12ª semana, com o sonar-doppler. · Nas visitas subsequentes, torna-se obrigatório medir a altura uterina, pesar a paciente, mensurar a PA, verificar a presença de anemia de mucosas, a existência de edemas e auscultar os batimentos cardíacos fetais. · Manobras de Leopold: a partir do 2º trimestre. · 1ª fundo uterino, 2ª situação, 3ª posição e 4ª apresentação. · Vacinação na gestação: · As vacinas recomendadas incluem: antitetânica, hepatite B, influenza e covid-19. Vacina Esquema Antitetânica - Não vacinada ou desconhece passado vacinal: aplicar 3 doses da vacina, com intervalo de 8 semanas entre as doses. · Duas dT e a última dose dTpa a partir da 20ª semana. - Vacinação incompleta: · Completar o esquema, sendo a última dose de dTpa a partir da 20ª semana. - Esquema completo: · Administrar uma dose de dTpa a partir da 20ª semana. Hepatite B - Não vacinada ou desconhece passado vacinal: aplicar 3 doses da vacina, com intervalo de 30 dias entre 1ª e 2ª dose e 6 meses entre a 1ª e a 3ª dose. - Vacinação incompleta: · Completar o esquema com a quantidade de doses que faltam para completar 3 doses. - Esquema completo: · Gestante imunizada. Influenza Dose única, até 42 dias após o parto. Covid-19 Reforço, até 42 dias após o parto. · Exames Complementares: 1º Trimestre 2º Trimestre 3º Trimestre OBRIGATÓRIOS: Hemograma Tipagem sanguínea e fator Rh Glicemia de jejum Toxoplasmose IgG e IgM HbsAg (Hepatite B) Anti-HIV EAS e Urocultura Testes rápidos: sífilis, hepatite B, hepatite C e HIV OBRIGATÓRIOS: TOTG com 75g de glicose (entre 24ª e 28ª semana) OBRIGATÓRIOS: Hemograma Glicemia de jejum VDRL HIV HbsAg (Hepatite B) EAS e Urocultura Bacterioscopia de secreção vaginal (> 37 semanas) USG Cardiotocografia OUTROS: Coombs indireto (se Rh -) USG obstétrica Citopatológico de colo do útero Exame de secreção vaginal Parasitológico de fezes Eletroforese de hemoglobina (investigar anemia falciforme). OUTROS: Coombs indireto (se Rh -) Hemograma (se anemia) OUTROS: Coombs indireto (se Rh -) Toxoplasmose IgM e IgG (se o IgG não for reagente) · Condutas diante dos resultados dos exames complementares: Exame Resultado Conduta Tipagem Sanguínea Rh – e parceiro Rh + ou fator Rh desconhecido Solicitar Coombs indireto: se for negativo, repetir a cada 4 semanas a partir da 24ª semana se for positivo, referenciar a gestante para pré-natal de alto risco. Teste Rápido para Sífilis TR + TR - +: coletar amostra sanguínea para VDRL e testar os parceiros - : realizar sorologia no 3º trimestre, no momento do parto e em caso de abortamento Sorologia para Sífilis VDRL + VDRL - +: tratar a gestante e o parceiro com penicilina benzatina 2.400.00 UI, 3 aplicações com intervalos de 1 semana. - : repetir o exame no 3º trimestre, no momento do parto e em caso de abortamento. EAS Proteinúria Piúria/Bacteriúria/Leucocitúria/Cultura + Hematúria Cilindrúria Outros Elementos Proteinúria: - Traços: repetir em 15 dias, se mantiver, mandar para pré-natal de alto risco. ITU: tratar gestante empiricamente, até resultado de antibiograma Hematúria: se associada a ITU, tratar. Se isolada, investigar causa. Cilindrúria: pré-natal de alto risco. Hemoglobina > 11 g/dL Entre 11 e 8 g/Dl < 8 g/dL > 11 g/dl: reposição de ferro (40 mg de ferro elementar) a partir da 20ª semana. Entre 11 e 8 g/dL: solicitar p. fezes e tratar parasitoses, se presentes; tratar anemia com 120 – 240 mg de ferro elementar (02 - 02 - 01), uma hora antes das refeições; e, repetir hemograma em 30 a 60 dias, se Hb baixa, encaminhar para pré-natal de alto risco. < 8 g/dL: encaminhar para pré-natal de alto risco. Glicemia de Jejum < 92 mg/dL Entre 92 mg/dL e 126 mg/dL > 126 mg/dL < 92 mg/dL: realizar TOTG entre 24ª e 28ª semana. Entre 92 mg/dL e 126 mg/Dl: DMG > 126 mg/dL: DM TOTG 75g (2h) Jejum: 92 – 125 mg/dL; 1h ≥ 180 mg/dL; e, 2h 153 – 199 mg/dL Jejum: ≥ 126 mg/dL; e, 2h ≥ 200 mg/dL Jejum: 92 – 125 mg/dL; 1h ≥ 180 mg/dL; e, 2h 153 – 199 mg/dL: DMG Jejum: ≥ 126 mg/dL; e, 2h ≥ 200 mg/dL: DM Testes Rápidos HIV e Hepatite B TR + TR - +: encaminhar para pré-natal de alto risco - : repetir no 3º trimestre · Deve-se prescrever suplementação de sulfato ferroso e ácido fólico. · Sulfato Ferroso (40 mg de ferro elementar): 01 cp., VO, 1x ao dia, antes refeição. · A partir da 16ª/20ª semana até o 3º mês pós-parto. · Ácido Fólico (5 mg): 01 cp., VO, 1x ao dia. · Pode ser iniciado no período pré-concepcional: até 3 meses antes. · Deve ser utilizado até a 12ª semana. · Diabetes Mellitus Gestacional; · O Diabetes Mellitus representa um conjunto de distúrbios metabólicos caracterizados por hiperglicemia consequente à deficiência insulínica que pode ser decorrente da produção pancreática reduzida, da liberação inadequada e/ou da resistência periférica ao hormônio. · DiabetesMellitus Gestacional (DMG): mulher com hiperglicemia detectada pela primeira vez durante a gravidez, com níveis glicêmicos sanguíneos que não atingem os critérios diagnósticos para DM. · Diabetes Mellitus Diagnosticado na Gestação: mulher sem diagnóstico prévio de DM, com hiperglicemia detectada na gravidez e com níveis glicêmicos sanguíneos que atingem os critérios da OMS para a DM na ausência de gestação. · Fatores de Risco: idade (o risco aumenta com a idade), sobrepeso/obesidade (IMC ≥ 25 Kg/m²), antecedentes familiares de DM (1º grau), antecedentes pessoais de alterações metabólicas (HAS, hipertrigliceridemia, SOP etc.) e antecedentes obstétricos (DMG em gestação prévia, polidrâmnio, macrossomia – RN com peso > 4kg etc.). · Fisiopatologia: a gestação é caracterizada por um estado de resistência à insulina. · Essa condição, aliada à intensa mudança nos mecanismos de controle da glicemia, em função do consumo de glicose pelo embrião e feto, pode contribuir para ocorrência de alterações glicêmicas favorecendo o desenvolvimento de DMG. · Ainda, alguns hormônios produzidos pela placenta e outros aumentados pela gestação, tais como lactogênio placentário, cortisol e prolactina, podem promover redução da atuação da insulina em seus receptores. · Diagnóstico: pode ser diagnosticada em qualquer fase do pré-natal. · Tratamento: pode ser farmacológico e não farmacológico. · Não Farmacológico: inclui a terapia nutricional, a atividade física e a monitorização da glicemia capilar. · Terapia nutricional: de acordo com a OMS, deve-se orientar a adoção de uma alimentação saudável, suja base é composta por alimentos in natura ou minimamente processados. · Atividade física: devem ser realizadas atividades de baixo impacto, como uma caminhada com 20 aa 30 min diários. · Monitorização da glicemia: deve ser realizada a partir do diagnóstico até o pós-parto. · Tratamento Medicamentoso: a insulina é a primeira escolha no tratamento medicamentoso para o controle da hiperglicemia na gestação. · Deve ser indicada se as mudanças no estilo de vida não forem suficientes para atingir as metas glicêmicas. · A Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD) recomenda o cálculo da dose inicial de 0,5 UI/Kg/dia. · A insulina Regular deve ser aplicada de 30 a 40 min antes a refeição. · Pré-Eclâmpsia; · É a identificação de hipertensão arterial, em gestante previamente normotensa, a partir da 20ª semana de gestação, associada à proteinúria significativa. · Na ausência de proteinúria, também se considera pré-eclâmpsia quando a hipertensão arterial for acompanhada de comprometimento sistêmico ou disfunção de órgãos-alvo (trombocitopenia, disfunção hepática, insuficiência renal, edema pulmonar e eclâmpsia) ou de sinais de comprometimento placentário (restrição de crescimento fetal e/ou alterações dopplervelocimétricas). · A proteinúria é caracterizada pela presença de pelo menos 300 mg em urina de 24 horas. · Fisiopatologia: a partir de problemas de adaptação imunológica ao trofoblasto, ocorreriam problemas na perfusão do trofoblasto, com hipóxia consequente. · Essas alterações primárias seriam o gatilho de uma série de fenômenos locais de hipóxia, e reoxigenarão poderia amplificar os efeitos locais, tais como a formação de espécies reativas de oxigênio, ativação do sistema inflamatório materno, aceleração de processos de apoptose celular que limitariam o estabelecimento da placentação normal e desequilíbrio entre fatores pró-angiogênicos e fatores solúveis antiangiogênicos, resultando em ativação generalizada do sistema inflamatório materno, disfunção endotelial universal e limitação na vascularização placentária. · Ocorre geralmente após a 2ª onda da invasão trofoblástica que se inicia entre a 14ª e 16ª semanas. · Prevenção: recomenda-se a utilização de cálcio e aspirina em baixa dose em gestantes de risco. · AAS: 50-150 mg, 1x ao dia, antes da 16ª semana até a 36ª semana. · Cálcio: 1g/dia, a partir da 12ª semana. · Exames Laboratoriais: hemograma, TGO, DHL, bilirrubinas totais e creatinina. Proteinúria, se não solicitada inicialmente. · Conduta: encaminhamento para unidade de referência para internação hospitalar. · Sulfato de Magnésio: terapia preventiva anticonvulsivante. Dose de Ataque: 4 g de MgSO4, IV em 5 a 10 min. Dose de Manutenção, IMVerificar diurese (> 25 mL/h) a cada 120 min. 10 mL a 50%, IM, na nádega, a cada 4h. Dose de Manutenção, IV 0,6 – 2 g/h, IV em BIC a 50 mL/h · Hipotensores: Nifedipino*, Hidralazina, Nitroprussiato. Agente Observações Hidralazina Ampola de 20 mg/mL - Melhor escolha IM/IV. A ampola de hidralazina contém 1 mL, na concentração de 20 mg/mL. Diluir uma ampola (1 mL) em 19 mL de água destilada, assim obtém-se a concentração de 1 mg/mL. Dose inicial: 5 mg, via intravenosa Repetir, se necessário: 5 mg a cada 20 minutos. Dose máxima: 30 mg. Nifedipino* Comprimido de 10 mg - 1ª escolha! Dose inicial: 10 mg, via oral. Repetir, se necessário: 10 mg a cada 20 a 30 minutos (via oral). Dose máxima: 30 mg. Nitroprussiato de Sódio Ampola 50 mg/2 mL - Usado em casos de encefalopatia hipertensiva ou crise hipertensiva não responsiva aos demais tratamentos. A ampola de NPS contém 2 mL, na concentração de 50 mg/2 mL. Diluir uma ampola (2 mL) em 248 mL de soro glicosado 5%, assim teremos a concentração de 200 mcg/mL. Dose inicial: 0,5 mcg a 10 mcg/kg/min, infusão intravenosa contínua. 2. Referências; 1. Associações de Ginecologia e Obstetrícia. Sociedade Brasileira de Diabetes Tratamento do diabetes mellitus gestacional no Brasil. Brasília, DF: OPAS, 2019. 2. Associações de Ginecologia e Obstetrícia. Sociedade Brasileira de Diabetes Rastreamento e diagnóstico de diabetes mellitus gestacional no Brasil. Brasília, DF: OPAS, 2016. 3. Atenção ao pré-natal de baixo risco [recurso eletrônico] / Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. – 1. ed. rev. – Brasília : Editora do Ministério da Saúde, 2013.