E a vida continua

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA 
HACA10 – Introdução ao Campo da Saúde 
Professora: Vânia Sampaio Alves 
Turma: 05 
Estudante: Maria Antônia Santos, Letícia Dias e Isadora Rodrigues 
 
Comentário sobre o filme “E a vida continua” 
A partir do estudo sobre o campo científico, elabore um comentário sobre o filme 
‘E a Vida Continua’. 
 Dirigido por Spottiswoode, “E a vida continua” é um longa de 1993 e traz o 
roteiro baseado no livro de não-ficção "And the Band Played On: Politics, People, 
and the AIDS Epidemic", de Randy Shilts. 
 O filme trata de uma doença misteriosa que está acarretando pneumonia em 
homossexuais e o início do estudo conjunto por meio de recolhimento de dados 
como taxa de mortalidade, índice de infecção, controle de casos em determinado 
período e em determinada região. Esses dados são de extrema importância para 
entender a doença e fica evidente, portanto, os efeitos do campo, em que é 
impossível compreender uma obra sem conhecer a história do campo. Nessa 
perspectiva, a descoberta do HIV veio coberta de preconceitos através de termos 
como ‘’câncer gay’’. Entretanto, com o aumento do número de casos entre 
haitianos héteros, eles percebem que não se trata de uma doença 
exclusivamente gay. 
 Paralelo a isso, através de estudo comparado de casos, eles percebem que 
se trata de uma doença sexualmente transmissível, também propagada pela 
transfusão de sangue. E mediante pesquisas e discussões é possível concluir 
que uma ordem cientifica é estabelecida em que ocorre uma heterogeneidade 
entre os laboratórios e institutos que estudavam a AIDS. Para isso, o filme 
aborda aspectos políticos, econômicos e sociais, que acompanham as grandes 
epidemias. Assim, ao mostrar insuficiência de recursos para investigação, 
podemos fazer uma reflexão sobre o campo científico onde existem categorias 
de interesses específicos que são irredutíveis aos objetivos de disputa e aos 
interesses próprios. 
 A curiosidade de Don Francis, um médico do Centro de Controle de Doenças 
de Atlanta, serve como o fio condutor da trama, pois através de seu trabalho ao 
investigar a AIDS se observa o peso do papel do cientista na sociedade. Como 
descrito por Pierre Bourdieu, cabe ao cientista destruir as pré-noções e o senso 
comum, buscando elaborar novas maneiras de compreender suas instituições e 
sua sociedade. 
 No filme também se discute o comportamento do personagem Robert Gallo, 
medico famoso por seus trabalhos com retrovírus e que tem interesse de ganhar 
os créditos e a patente da descoberta do vírus HIV. Ao longo do filme, Gallo que 
 
coordenava um grupo de pesquisa norte-americano com mais recursos, 
demonstra uma conduta individualista ao se apropriar de uma credibilidade que 
pertencia ao grupo francês. E é desse exemplo se constata o “campo cientifico” 
de Bourdieu e sua lógica, onde a luta ocorre em função do jogo de força na 
ciência. No longa, o poder econômico e político de Gallo se sobrepõe ao grupo 
francês e por isso, surge uma disputa científica pelos créditos da descoberta do 
novo vírus, indicando como nem sempre a ética acompanha a ciência e como o 
capital cientifico confere ao pesquisador o reconhecimento necessário para “ditar 
as regras do jogo”. Isso evidencia que os campos são locais simbólicos nos quais 
tendências são lançadas e refutadas, em um jogo de força.