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Estudo Dirigido - O Nascimento da Medicina Social e do Hospital

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA 
HACA10 – Introdução ao Campo da Saúde 
Professora: Vânia Sampaio Alves 
Turmas: 05 
Grupo: Maria Antônia Santos, Letícia Dias e Isadora Rodrigues 
 
Estudo Dirigido - O nascimento da medicina social e do hospital 
 
1. Foucault descreve três etapas na formação da medicina social: Medicina 
de Estado, Medicina Urbana e, finalmente, Medicina da força de trabalho. 
Caracterize cada uma delas, observando a problemática do Estado, os 
objetivos dessas etapas e as intervenções de saúde em cada uma delas. 
 A Medicina de Estado Foi iniciada na Alemanha, no começo do século XVIII. 
Nessa época, o país era fragmentado, formado por vários pseudo-estados, ou 
seja, de pequenas unidades muito pouco estatais. Assim, como esses estados 
eram pequenos e muito numerosos, o desequilíbrio entre as forças política, 
econômica e militar os levaram a se medirem uns contra os outros para mudar 
as relações de poder. 
 Além disso, a Alemanha passava nesse momento da história por um período 
de estagnação econômica e com isso a burguesia sentiu a necessidade de se 
unir aos soberanos para que organizassem melhor o Estado e a partir disso, 
surge a organização de um Estado moderno unificado e que como tal, 
necessitava de uma Ciência do Estado poderosa que abrangesse todos os 
aspectos científicos da época, incluindo a saúde. 
 Dessa medicina alemã se desenvolverá a Polícia Médica, cujo objetivo 
principal está na melhoria do nível de saúde da população, que ia muito além da 
contabilidade de mortalidade e natalidade da população. A Medicina de Estado 
alemã está voltada a cuidar dos indivíduos enquanto força de estado e para isso, 
as intervenções de saúde feitas pela polícia médica consistiam em: 
 Um modo mais avançado de observação de morbidade ao exigir que 
médicos e hospitais façam a contabilização. Era pedido também um 
registro dos diferentes fenômenos endêmicos e epidêmicos das diferentes 
cidades do país; 
 Normalização da profissão médica ao permitir que as Universidades e a 
própria corporação medica decidissem em como se dará o ensino dos 
profissionais da área e como será a atribuição de diplomas, estatizando e 
unificando o conhecimento médico; 
 Cria-se uma organização administrativa para controlar a atividade dos 
profissionais de saúde. O médico é subordinado a um administrativo 
superior, um Ministério que organiza e cataloga toda e qualquer 
informação repassada pela classe médica; 
 
 Funcionários médicos são nomeados pelo governo como representantes 
de uma região e são responsáveis pela administração da saúde pública 
daquele lugar. 
 A medicina urbana aconteceu na França, no fim do século XVIII, através do 
desenvolvimento das estruturas urbanas. Esses avanços se deram 
principalmente em Paris, através da grande quantidade de fábricas sendo 
construídas e pelo aumento da população operaria. Esses habitantes viviam em 
pequenos espaços sob aglomerações e como consequência dos altos números 
de morte apresentados na cidade, os cemitérios também cresciam 
constantemente e iam invadindo o espaço urbano pouco a pouco. 
 Diante dessas mudanças radicais o aparecimento de epidemias urbanas se 
tornou cada vez mais frequente e isso levou a uma situação de medo das 
pessoas em relação à cidade. Assim, cada vez mais camponeses passaram a 
se revoltar com as péssimas condições sanitárias da área urbana e a burguesia 
então desenvolveu medidas para tentar controlar esse “pânico urbano”. 
 A medicina urbana, com seus métodos de vigilância, hospitalização, é um 
aperfeiçoamento de esquema político-médico da quarentena que tinha sido 
realizada no final da Idade Média. Nesse seguimento, a importância da medicina 
urbana se deve a inserção da medicina no funcionamento global do discurso e o 
saber cientifico, que se faz através da socialização da medicina, devido ao 
estabelecimento de uma medicina coletiva. Além disso, a medicina urbana não 
é verdadeiramente uma medicina dos homens, corpos e organismos, mas uma 
medicina das coisas: Ar, água, decomposição, fermentos, uma medicina das 
condições de vida, e do meio de existência. 
 Nessa perspectiva, a medicina urbana se dividia essencialmente em três 
grandes objetivos, o primeiro deles é analisar os lugares de acúmulo de 
amontoamento, de tudo que no espaço urbano pode provocar doenças, lugares 
de formação e difusão de fenômenos epidêmicos ou endêmicos. E neste caso, 
a intervenção de saúde nesse objetivo, foi o cemitério individualizado, o caixão 
individual para reduzir o perigo perpetuo que os mortos constituem, outra 
intervenção são os matadouros que também estavam situados no centro de 
Paris, e que foi deslocado para os arredores de Paris. 
 Nesse sentido, o segundo objetivo dessa etapa foi o controle da circulação 
das coisas ou dos elementos, essencialmente a água e o ar, e uma intervenção 
de saúde para este objetivo foi a destruição de casas que se encontravam nas 
pontes das cidades, pois considerou-se que essas casas impediam a circulação 
do ar em cima dos rios, retinham ar úmido entre suas margens e foram 
sistematicamente destruídas, e foi organizado, portanto, corredores de ar, como 
também corredores de água. 
 E o terceiro e último objetivo da medicina urbana é a organização de 
distribuição e sequência, como por exemplo, onde colocar os diferentes 
elementos necessários a vida comum da cidade, como a posição recíproca das 
fontes de água e dos esgotos ou dos barcos-bombeadores e dos barcos-
lavanderia, essas desordens foram consideradas responsável pelas principais 
doenças epidêmicas das cidades, e daí veio a terceira intervenção de saúde, 
que foi a elaboração do primeiro plano hidrográfico. 
 A medicina dos pobres, da força de trabalho, do operário, não foi o primeiro 
alvo da medicina social, mas o último, os pobres não eram vistos pelo estado 
como fonte de perigo médico, pois o amontoamento não era tão grande para que 
a pobreza aparecesse como perigo. Mas existia uma razão mais importante: o 
pobre funcionava no interior da cidade como uma condição da existência urbana, 
eles faziam parte da instrumentalização da vida urbana, e na medida que faziam 
parte da paisagem urbana, como esgotos e a canalização, os pobres não podiam 
ser postos em questão, não podiam ser vistos como perigo. No nível que se 
colocavam, eles eram bastante úteis. 
 Nessa perspectiva, o pobre começou a ser visto como perigo devido a razão 
política, pois a população pobre tornou-se uma força política capaz de revoltar, 
ou pelo menos participar de revoltas, outra problemática de suma importância do 
Estado, foi a cólera, que cristalizou em torno da população proletária ou plebeia 
uma série de medos políticos e sanitários. 
 A partir dessa época se decidiu dividir o espaço urbano em espaços pobres 
e ricos. A coabitação em um mesmo tecido urbano de pobres e ricos foi 
considerada um perigo sanitário e político para a cidade, o que ocasionou a 
organização de bairros pobres e ricos. Com isso, a Lei dos pobres aparece, com 
o objetivo de uma assistência controlada, de uma intervenção médica que é tanto 
uma maneira de satisfazer suas necessidades de saúde, quanto um controle 
pelo qual as classes ricas, ou seus representantes no governo assegurem a 
saúde da classe pobre, e por conseguinte, a proteção das classes ricas, dessa 
forma, foi criado uma intervenção por meio de um cordão sanitário autoritário no 
interior das cidades entre ricos e pobres, os pobres encontrando a possibilidade 
de se tratarem gratuitamente ou sem grandes despesas e os ricos garantindo 
não serem vítimas de fenômenos epidêmicos originários da classe pobre, logo, 
o objetivo das leis dos pobres era o controle médico da população. 
 A intervenção de saúde que o estado encontrou, foi o controle de vacinação, 
obrigando os diferentes elementos da população a se vacinarem, além da 
organização de registros das epidemias e doenças capazes de se tornarem 
epidêmicas, obrigandoas pessoas a declaração de doenças e perigosas, e por 
fim, a localização de lugares insalubres e eventual destruição desses focos de 
insalubridade. Assim, a intervenção nos locais insalubres, as verificações de 
vacina, os registros de doenças tinham de fato por objetivo o controle das classes 
mais pobres. Assim sendo, a medicina da força de trabalho, é uma medicina 
essencialmente um controle da saúde e do corpo das classes mais pobres para 
torna-la mais aptas ao trabalho e menos perigosas as classes mais ricas. 
2. A partir de que momento e em que circunstâncias históricas o hospital 
torna-se uma instituição médica, um espaço de tratamento e cura? 
 Antes do século XVIII, o hospital era essencialmente uma instituição de 
assistência aos pobres, local de suporte de separação e exclusão, o pobre como 
pobre tem necessidade de ser assistido, e como doente portador de 
comorbidades e de possível "castigo" dos deuses é perigoso por essa razão. 
 Sendo assim, o hospital esteve presente tanto para recolher esses enfermos 
como para proteger os outros do perigo que engana. A partir de então, dizia-se 
que nesta época o hospital era um morredouro, um lugar onde morrer e o pessoal 
hospitalar não era fundamentalmente destinado a realizar cura do doente, mas 
conseguir sua própria salvação, pessoas religiosas, leigas, que estava no 
hospital para fazer uma obra de caridade, que ele assegurasse salvação eterna. 
 Para tanto, é a introdução dos mecanismos disciplinares no espaço confuso 
do hospital que vai possibilitar sua medicalização. Assim, as razões econômicas, 
o preço atribuído ao indivíduo, o desejo de evitar que as epidemias se 
propaguem explicam o minucioso trabalho disciplinar que foram submetidos os 
hospitais. Entretanto, a formação de uma medicina hospitalar deve-se por um 
lado a disciplinarização do espaço hospitalar, e, por outro lado, a transformação, 
nesta época, do saber e da prática médica. Dessa forma, a disciplina dessa 
época implicava um registro continuo e rigoroso, com um conjunto de técnicas 
pelas quais os sistemas de poder vão ter que por alvo.

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