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TRANSPORTES E SEGUROS INTERNACIONAIS AULA 4 Prof.ª Rafaela Aparecida de Almeida 2 CONVERSA INICIAL Bem-vindo(a) a esta aula! Nela, vamos abordar um tema que faz parte do dia a dia das empresas que operam no comércio internacional, sejam elas atuantes nas exportações, importações ou ambas – hoje vamos falar dos Incoterms®. Os Incoterms® – International Commercial Terms (“Termos Internacionais de Comércio”) são estabelecidos pela ICC – International Chamber of Commerce (“Câmara Internacional do Comércio”). Esses termos são representados através de três letras e têm como objetivo padronizar, facilitar a comercialização e atribuir responsabilidades para compradores e vendedores. No âmbito das negociações internacionais, esses termos basicamente se referem à cadeia logística de entrega: transferência de risco, seguro, onde entregar ou retirar as mercadorias, qual modal de transporte será utilizado, quem será responsável pelo pagamento de taxas aeroportuárias e de fronteiras, custos com despachante aduaneiro e frete internacional. Os Incoterms® não estão relacionados a condições e formas de pagamento ou prazos – comprador e vendedor devem transacionar suas negociações através de contratos legítimos que ofereçam segurança para ambas as partes. A definição do Incoterm para uma negociação comercial deverá levar em consideração algumas questões muito ligadas aos custos logísticos que podem ter reflexos significativos, por exemplo: quem das partes – comprador x vendedor – tem maior capacidade de negociação com fornecedores devido ao volume de cargas que movimenta? Quem está disposto a pagar por todas as taxas portuárias e frete internacional antecipadamente em alguns casos, mesmo que esses valores estejam incluídos no valor da mercadoria? São questões importantes que devem ser analisadas, principalmente quando as relações comerciais são iniciais. Uma definição equivocada no Incoterm pode ocasionar uma série de problemas, principalmente quando não há expertise em um dos lados da negociação, porém a recíproca é verdadeira: uma definição correta permitirá fluidez de processos e de trâmites sem surpresas desagradáveis. Desta forma, nesta aula, iremos aprofundar nossos conhecimentos a respeito dos Incoterms®, tendo como temas: 3 • Incoterms® 2020; • Grupo E; • Grupo F; • Grupo C; • Grupo D. Desejo a todos vocês bons estudos! CONTEXTUALIZANDO Com o propósito de entendermos melhor a evolução dos Incoterms®, vamos traçar agora uma linha do tempo (ICC, 2020): Figura 1 – Linha do tempo Fonte: elaborado com base em ICC, 2020. 1923: O primeiro parecer da ICC sobre termos de comércio internacional. Após a criação da ICC, em 1919, uma de suas primeiras iniciativas foi facilitar o comércio internacional. No início dos anos 20, a organização mundial de negócios começou a entender os termos usados pelos comerciantes. Isso foi feito por meio de um estudo limitando a seis termos comumente usados em apenas 13 países. Os resultados foram publicados em 1923, destacando disparidades na interpretação. 1928: Clareza melhorada. Para examinar as discrepâncias identificadas na pesquisa inicial, foi realizado um segundo estudo. Dessa vez, o escopo foi 4 ampliado para a interpretação dos termos comerciais usados em mais de 30 países. 1936: Diretrizes globais para comerciantes. Com base nos resultados dos estudos, a primeira versão das regras do Incoterms® foi publicada. Os termos incluíam FAS, FOB, C&F, CIF, Ex Ship e Ex Quay. 1953: Ascensão do transporte ferroviário. Devido à Segunda Guerra Mundial, as revisões suplementares das regras dos Incoterms® foram suspensas e não foram retomadas até os anos 50. A primeira revisão das regras do Incoterms® foi publicada em 1953. Ele estreou três novos termos comerciais para o transporte não marítimo. As novas regras incluíam DCP (Delivered Cost Pagid), FOR (Free on Rail) e FOT (Free on Truck). 1967: Interpretações incorretas corrigidas. A ICC lançou a terceira revisão das regras do Incoterms®, que tratava de interpretações incorretas da versão anterior. Dois termos comerciais foram adicionados para endereçar a entrega na fronteira (DAF) e a entrega no destino (DDP). 1974: Avanços nas viagens aéreas. O aumento do uso do transporte aéreo deu origem a outra versão dos termos comerciais populares. Essa edição incluiu o novo termo Aeroporto FOB (Free on Board Airport). Essa regra visava dissipar a confusão em torno do termo FOB (Free on Board), significando o “navio” exato usado. 1980: Proliferação do tráfego de contêineres. Com a expansão do transporte de mercadorias em contêineres e novos processos de documentação, surgiu a necessidade de outra revisão. Essa edição introduziu o termo comercial FRC (Free Carrier), Nomeado no Point, que previa mercadorias não recebidas de fato pelo lado do navio, mas em um ponto de recepção em terra, como um pátio de contêineres. 1990: Uma revisão completa. A quinta revisão simplificou o termo Free Carrier, excluindo regras para modos de transporte específicos (por exemplo, FOR; Free on Rail, FOT; Free on Truck e FOB Airport; Free on Board Airport). Foi considerado suficiente usar o termo geral FCA (Free Carrier... no Named Point). Outras provisões foram responsáveis pelo aumento do uso de mensagens eletrônicas. 2000: obrigações alteradas de desembaraço aduaneiro. A seção “Licença, autorizações e formalidades” das regras da FAS e DEQ Incoterms® foi 5 modificada para obedecer à maneira como a maioria das autoridades aduaneiras aborda as questões do exportador e importador registrado. 2010: Reflexões sobre o cenário comercial contemporâneo. O Incoterms® 2010 consolidou a família de regras D, removendo DAF (Delivered at Frontier), DES (Delivered Ex Ship), DEQ (Delivered Ex Quay) e DDU (Delivered Duty Quay) e DDU (Delivered Duty Unpaid) e adicionando DAT (Delivered at Terminal) e DAP (Delivered no lugar). Outras modificações incluíram uma maior obrigação do comprador e do vendedor de cooperar no compartilhamento de informações e alterações para acomodar as "vendas em cadeia". 2020: olhando para o futuro. Para acompanhar o cenário de comércio global em constante evolução, a atualização mais recente dos termos de comércio entrou em vigor no dia 1° de janeiro de 2020. Traz como principal alteração a substituição do termo por DPU. TEMA 1 – INTRODUÇÃO AOS INCOTERMS® 2020 Incoterms® é a abreviatura do inglês (International Commercial Terms), que em português significa “Termos Internacionais de Comércio”, que foram desenvolvidos pela primeira vez em 1936 pela Câmara de Comércio Internacional (ICC) na tentativa de simplificar os problemas de comunicação envolvidos nos negócios internacionais. Trata-se de normas padronizadas que regulam aspectos diversos do comércio internacional, tendo o papel de deixar clara a alocação de riscos, custos e obrigações entre o comprador e o vendedor em um contrato de compra e venda de mercadorias internacionais. Vale ressaltar que os Incoterms não são imposições e sim uma proposta para o melhor entendimento e maior segurança entre vendedor e comprador. Dentre as principais funções dos Incoterms®, destaca-se: • Local onde o exportador deve entregar a mercadoria; • Quem é responsável pelo pagamento do frete internacional; • Quem deve realizar e pagar as formalidades de exportação e importação; • Quem deve contratar e pagar do seguro da mercadoria; • Quais são os limites dos riscos de cada um (comprador e vendedor). Ainda de acordo com a ICC (2020), os Incoterms® 2020 definem: 6 • Obrigações: obrigações entre vendedor e comprador, por exemplo, quem organiza o transporte ou seguro das mercadorias, quem obtém os documentos de remessa e exportação ou quem solicita as licenças de importação; • Risco: onde e quandoo vendedor "entrega" as mercadorias, ou seja, onde o risco é transferido do vendedor para o comprador; • Custos: qual parte é responsável por quais custos, por exemplo, custos de transporte, embalagem, carregamento ou descarregamento, e verificação ou custos relacionados à segurança. A partir de 1980, os Incoterms® passaram a ter revisões de 10 em 10 anos. A última revisão, 2020, foi lançada pela ICC, International Chamber of Commerce no dia 10/09/2020 e tendo seu lançamento oficial no Brasil em 21/10/2020, passando a vigorar a partir de 01 de janeiro de 2020. Nessa última revisão, os Incoterms® continuam a ser divididos em duas categorias: • Aplicáveis a qualquer modal de transporte – sete Incoterms®: EXW, FCA, CPT, CIP, DAP, DPU e DDP; • Aplicáveis apenas quando a transação envolve transporte marítimo ou por vias navegáveis – quatro Incoterms®: FAS, FOB, CFR e CIF. 1.1 Mudanças nos Incoterms® 2020 Segundo a ICC (2020), as principais mudanças que ocorreram na última revisão dos Incoterms® 2010 para o Incoterms® 2020 foram: • FCA: inclusão da possibilidade de escolha entre dois lugares de entrega: o estabelecimento do vendedor ou outro local (porto etc.) e também uma opção para as partes acordarem na emissão de um conhecimento de embarque a bordo, a fim de serem atendidas exigências comerciais de negociação com bancos, mesmo quando o vendedor não é o responsável pela carga on board; • CIP: Melhoria da cobertura securitária no CIP, pois o seguro tem que ser Institute Clauses A e não mais Institute Clauses B do Institute Cargo Clauses; • (LMA/IUA) – Abordaremos em detalhes esta cobertura na rota de Seguros; 7 • FCA, DAP, DDP e DPU: possibilita que uma das partes realize o transporte da carga com transporte próprio, sem contratar um transportador externo; • Alterações na redação dos trechos relativos à alocação de custos entre o vendedor e o comprador, o que tornou mais claro quem as responsabilidades de cada parte; • DAT foi alterado para DPU, pois o local de destino não precisa ser exatamente um terminal; • Detalhamento das obrigações relativas à segurança no transporte e aos custos a ela relacionados. A partir do próximo tema, iremos conhecer cada um dos quatro grupos de Incoterms®. Notem que, se analisarmos o Incoterms® sob a ótica da divisão em grupos para entrega, à medida que avançamos, iremos perceber passo a passo um aumento de responsabilidade de uma das partes em detrimento da redução de responsabilidade de outra parte. TEMA 2 – GRUPO E O grupo E é representado por um único Incoterm, o EXW – Ex Works, nesse grupo, os produtos adquiridos são disponibilizados nas instalações do fornecedor e o comprador é o responsável por organizar a logística de transporte. 2.1 EXW – Ex Works EXW – Ex Works – “Na Origem” (inserir o local de entrega) representa o termo de menor responsabilidade para o vendedor e o de maior responsabilidade para o comprador. 8 Modais de Transporte para o EXW: Todos os modais Figura 2 – Ex Works Fonte: elaborado com base em ICC, 2020 Neste Incoterm, o vendedor coloca a mercadoria à disposição do comprador no ponto e local estabelecidos (sem nomeação de um ponto, cabe ao vendedor escolher). Não há obrigação de carregamento no veículo transportador, mas caso o faça, será por conta e risco do comprador. Cabe ao comprador contratar e custear o transporte. Cabe ao comprador contratar e custear o seguro. O risco de extravio ou avaria da mercadoria é do comprador a partir do momento em que a carga é colocada à disposição no local e data combinados. As obrigações aduaneiras, quando aplicáveis, também são por conta do comprador (tanto no país do vendedor como no país do comprador ou terceiros países). TEMA 3 – GRUPO F No grupo F (FCA, FAS, FOB), o comprador determina como o transporte e a entrega dos produtos adquiridos serão realizados. Uma das mudanças realizadas nos Incoterms® 2020 em relação à última versão de 2010 foi o desdobramento do FCA em dois Incoterms®, uma vez que o termo era utilizado tanto quando o produto era disponibilizado na sede da empresa quanto quando esta realizava o transporte até o local apontado pelo importador. A mudança seria para dividir o Incoterm em dois modelos, permitindo ter 9 um FCA para entrega terrestre e outro para a entrega marítima. 3.1 FCA – Free Carrier No Incoterm FCA – Free Carrier – “Livre no transportador” (local de entrega nomeado), o vendedor entrega a mercadoria ao transportador ou a quem o comprador indicar no local designado (armazém geral etc.). Além disso, faz o carregamento no veículo transportador. Com a alteração ocorrida nos INCOTERMS® 2020, houve o desmembramento em duas possibilidades. Na primeira, a mercadoria será considerada entregue quando carregada no meio de transporte providenciado pelo comprador, em um estabelecimento do próprio vendedor (Figura 3). Portanto, nessa opção, a mercadoria será considerada entregue quando estiver carregada no meio de transporte providenciado pelo comprador. Figura 3 – Free Carrier Fonte: elaborado com base em ICC, 2020. Na segunda opção (Figura 4), o local designado para a entrega não pertence ao vendedor (podendo ser o armazém de um consolidador, por exemplo). Dessa forma, a mercadoria será considerada entregue quando a carga for colocada à disposição do transportador ou de quem o comprador indicar, no meio de transporte do vendedor à disposição para ser descarregado. Esse formato permite que o conhecimento de transporte seja emitido antecipadamente pelo transportador, quando a mercadoria estiver a bordo do veículo, atestando que foi carregada. Esta mudança visou resolver o problema enfrentado pelo vendedor para 10 Modais de Transporte para o FCA: Todos os modais obter o pagamento nesta situação, uma vez que os bancos emitentes da carta de crédito exigem a apresentação de um conhecimento de embarque, mas anteriormente esse documento não era disponibilizado ao vendedor. Figura 4 – Free Carrier Fonte: elaborado com base em ICC, 2020. No que diz respeito ao Incoterm FCA, em ambas as situações cabe ao comprador contratar e custear o transporte. O vendedor assume os custos e riscos de extravio ou avaria da mercadoria até a entrega da mercadoria, o que inclui a responsabilidade e custos com trâmites aduaneiros na origem. 3.2 FAS – Free Alongside Ship Na modalidade FAS – Free Alongside Ship – “livre ao lado do navio” (inserir o porto de embarque), o vendedor encerra sua obrigação com a entrega da carga ao lado da embarcação designada pelo comprador, no cais ou numa embarcação, no porto de embarque indicado. 11 Modais de Transporte para o FAS: Somente modal aquaviário Figura 5 – Free Alongside Ship Fonte: elaborado com base em ICC, 2020. O risco de perdas ou danos à mercadoria é do comprador a partir da entrega da mercadoria. Cabe ao comprador a contratação e custos com transporte. Quanto ao seguro, cabe ao comprador contratar e custear o seguro, se assim o desejar. No que tange aos trâmites aduaneiros na exportação, estes são por conta do vendedor, não tendo o comprador obrigação quanto aos trâmites aduaneiros na importação e na passagem por terceiros países. 3.3 FOB – Free On Board No Incoterm FOB – Free On Board – “livre a bordo” (Inserir o porto de embarque), o vendedor entrega a mercadoria a bordo do navio do navio, no porto e local de embarque indicado pelo comprador. O custeio do carregamento é do vendedor. 12 Modais de Transporte para o FOB: Somente modal aquaviário Figura 6 – Free on Board Fonte: elaborado com base em ICC, 2020. O risco de extravio ou dano da mercadoria é do comprador a partir da entrega da mercadoria a bordo do navio. Quanto ao transporte, o comprador devecontratá-lo e custeá-lo a partir do porto de embarque. Cabe ao comprador contratar e custear o seguro, se assim o desejar (sendo do comprador a partir do momento em que a carga passa a amurada do navio). Nos trâmites aduaneiros, o vendedor providencia e custeia a exportação; o vendedor presta assistência ao comprador com a importação; o comprador presta assistência ao vendedor na exportação; o comprador providencia e custeia a importação. TEMA 4 – GRUPO C No grupo C (CPT, CIP, CIF, CFR), o fornecedor se compromete a entregar os produtos adquiridos, porém não se responsabiliza por danos, extravios, perdas, taxações ou demais despesas que incorram depois da conferência e embarque para o importador. 4.1 CPT – Carriage Paid To CPT – Carriage Paid To – “transporte pago até” (inserir local de destino). Nesta modalidade, cabe ao vendedor entregar a carga ao transportador, no local 13 Modais de Transporte para o CPT: Todos os modais acordado em seu país, e com transporte contratado e pago por ele para levar a mercadoria até o local de destino nomeado no exterior. Os custos de carregamento são por conta do vendedor. Figura 7 – Carriage Paid To Fonte: elaborado com base em ICC, 2020. O vendedor se responsabiliza pelos riscos até o momento da entrega da carga ao transportador, e o comprador assume os riscos a partir do momento em que a carga foi entregue ao transportador. Vale ressaltar que, no termo CPT, há dois pontos críticos diferentes: o de risco e o de custo, que são transferidos em locais diferentes, cabendo ao comprador contratar e custear o seguro, caso decida contratá-lo. No que tange aos trâmites aduaneiros, na exportação incorrem por conta do vendedor, quando aplicável, enquanto os trâmites e direitos aduaneiros na importação e na passagem por terceiros países não são por conta do importador. 4.2 CIP – Carriage and Insurance paid to No termo CIP – Carriage And Insurance Paid To – “transporte e seguro pagos até” (Inserir local de destino), o vendedor entrega a mercadoria ao transportador no local acordado em seu país, ou entregue e com transporte contratado e pago por ele para levar a mercadoria até o local de destino 14 Modais de Transporte para o CIP: Todos os modais nomeado no exterior. Nesse caso, o vendedor assume o risco até o momento da entrega da carga ao transportador. Figura 8 – Carriage and Insurence paid to Fonte: elaborado com base em ICC, 2020. Vale ressaltar que o CIP tem dois pontos críticos diferentes: o de risco e o de custo, sendo estes transferidos em locais diferentes. O vendedor é responsável pela contratação do seguro para a mercadoria, cumprindo a cláusula A) do Institute Cargo Clauses, que equivale ao seguro contra todos os riscos. Os trâmites aduaneiros na exportação são por conta do vendedor, quando aplicável, no entanto sem obrigação quanto aos trâmites na importação ou passagem por terceiros países. 4.3 CFR – Cost and Freight CFR – Cost and Freight – “custo e frete” (inserir porto de destino). Neste termo, o vendedor entrega a mercadoria ao transportador a bordo do navio indicado pelo comprador, no porto de embarque. O vendedor deve contratar e pagar os custos e frete necessários para levar a carga ao porto de destino designado. O risco de extravio incorre ao vendedor até o momento da entrega da 15 Modais de Transporte para o CFR: Somente modal aquaviário mercadoria ao transportador, passando para o comprador a partir do momento em que a carga ultrapassa a murada do navio. O vendedor contrata e paga o transporte da carga do local de origem até ao local de destino, sendo o contrato de transporte realizado nos termos usuais e pela rota usual para o tipo de carga. Esse termo apresenta dois pontos críticos: riscos e custos que são transferidos em locais diferentes, conforme representado na figura a seguir. Figura 9 – Cost and Freight Fonte: elaborado com base em ICC, 2020. O Seguro passa a correr por conta do comprador a partir do momento em que a carga é embarcada no navio. Quanto aos trâmites aduaneiros, o vendedor providencia e custeia a exportação; o vendedor presta assistência ao comprador com a importação; o comprador presta assistência ao vendedor na exportação; o comprador providencia e custeia a importação. 4.3 CIF – Cost Insurance and Freight No termo CIF – Cost Insurance and Freight – “custo, seguro e frete” (inserir porto de destino), o vendedor entrega a carga ao transportador a bordo do navio indicado pelo comprador, sendo responsável pela contratação e pagamento dos custos e frete necessários, desde o ponto de entrega até o ponto no porto de destino designado. 16 O vendedor é responsável pelo risco do extravio ou avaria da carga até o momento da entrega ao transportador e passa ao comprador a partir do momento em que a carga ultrapassa a murada do navio. Esse termo apresenta dois pontos críticos, considerando que os riscos e custos são transferidos em locais diferentes, conforme demonstrado na figura a seguir. Figura 10 – Cost, insurance and freight Fonte: elaborado com base em ICC, 2020. Cabe ao vendedor a contratação e custas do seguro, até o porto de destino, com a obrigatoriedade de cobertura mínima, salvo se o contrário for acordado indicando o comprador como beneficiário. Na exportação, os trâmites aduaneiros são por conta do vendedor, quando aplicável, não tendo ele obrigação na importação e trânsito por terceiros países. TEMA 5 – GRUPO D Na modalidade do grupo D (DAP, DPU, DDP), todas as etapas do processo de transporte e entrega são de responsabilidade da parte vendedora, inclusive situações que ocorram depois do embarque. Modais de Transporte para o CIF: Somente modal aquaviário 17 Modais de Transporte para o DAP: Todos os modais 5.1 DAP – Delivered At Place No termo DAP – Delivered At Place – “entregue no local” (inserir local de destino), o vendedor entrega a carga colocando-a à disposição do comprador, no local de destino designado, no meio de transporte, pronta para ser desembarcada. O vendedor assume todos os riscos e custos para esta entrega. Figura 11 – Delivery at place Fonte: elaborado com base em ICC, 2020. O vendedor assume o risco de extravio ou avaria da mercadoria até ao momento da entrega da carga. No que diz respeito ao transporte da carga, a contratação e pagamento cabe ao vendedor do local de origem até ao local de destino. Neste termo, o vendedor não tem obrigação de fazer seguro da carga. Os trâmites aduaneiros na exportação são por conta do vendedor, que não tem obrigação na importação ou trânsito por terceiros países. 5.2 DPU – Delivered at Place Unloaded DPU – Delivered At Place Unloaded – “entregue no local desembarcado” (inserir local de destino). Esse Incoterm substitui o DAT 2010 (Delivery at Terminal), suprimido na versão 2020. Nele, o vendedor entrega a carga colocando-a à disposição do comprador, no local de destino nomeado, descarregada do meio de transporte, 18 Modais de Transporte para o DPU: Todos os modais assumindo todos os riscos e custos envolvidos durante o processo, sendo este o único termo em que o vendedor tem a obrigação de desembarcar a mercadoria na entrega. Figura 12 – Delivered at place unloaded Fonte: elaborado com base em ICC, 2020. Ao contrário do que direcionava o DAT, no DPU o destino pode ser qualquer lugar (incluindo as instalações do comprador), e não apenas um terminal em sentido estrito. No DPU, a mercadoria só é considerada entregue depois de descarregada pelo vendedor no local de destino. Dessa forma, o risco é do vendedor até o local e momento em que a mercadoria é colocada à disposição do comprador, descarregada no local de destino, sendo as operações de descarga por conta e risco do vendedor. Nestetermo, o vendedor contrata e paga o transporte da carga do local de origem até o local de destino, não tendo obrigação de segurar a carga. Os trâmites aduaneiros na exportação são por conta do vendedor, quando aplicável, mas não nos países de importação e de trânsito por terceiros países. 5.3 DDP – Delivered Duty Paid No Incoterm DDP – Delivered Duty Paid – “entregue com direitos pagos” (inserir local de destino), o vendedor entrega a carga colocando-a à disposição do comprador, no local de destino designado, no meio de transporte, pronta para ser desembarcada. 19 Modais de Transporte para o DDP: Todos os modais Figura 13 – Delivered Duty Paid Fonte: elaborado com base em ICC, 2020. Neste termo, o vendedor assume todos os custos e riscos para essa entrega da carga. O transporte da carga é contratado e pago pelo vendedor do local de origem até o local de destino, não tendo obrigação de segurar a carga. Quanto às obrigações aduaneiras, o vendedor providencia os documentos e paga o desembaraço aduaneiro de exportação, de trânsito e de importação, bem como quaisquer outros tributos ou despesas que possam ocorrer durante o processo. TROCANDO IDEIAS Agora que você já está atualizado a respeito dos Incoterms® 2020, troque ideias com seus colegas a respeito das mudanças mais significativas ocorridas na última revisão desses termos. Para quem já trabalha na área de Comércio Exterior, poderá trocar informações com seus colegas sobre os termos mais utilizados em seu trabalho. NA PRÁTICA Orientações para realizar a atividade: 1. Leia o texto a seguir e a atividade proposta. 20 2. Realize a tarefa solicitada. 3. Bons estudos e bom trabalho. Os chamados Incoterms® (International Commercial Terms / Termos Internacionais de Comércio) servem para definir, dentro da estrutura de um contrato de compra e venda internacional, os direitos e obrigações recíprocos do exportador e do importador, estabelecendo um conjunto padronizado de definições e determinando regras e práticas neutras, como por exemplo: onde o exportador deve entregar a mercadoria, quem paga o frete, quem é o responsável pela contratação do seguro. Enfim, os Incoterms® têm esse objetivo, uma vez que se trata de regras internacionais, imparciais, de caráter uniformizador, que constituem toda a base dos negócios internacionais e objetivam promover sua harmonia. Na realidade, não impõem e sim propõem o entendimento entre vendedor e comprador, quanto às tarefas necessárias para deslocamento da mercadoria do local onde é elaborada até o local de destino final (zona de consumo): embalagem, transportes internos, licenças de exportação e de importação, movimentação em terminais, transporte e seguro internacionais etc. Fonte: <http://www.aprendendoaexportar.gov.br/index.php/62- negociando-com-o-importador/832-incoterms-2>. Um bom domínio dos Incoterms® é indispensável para que o negociador possa incluir todos os seus gastos nas transações internacionais e definir as responsabilidades de cada parte envolvida. Com base nas regras de compra e venda de mercadoria estabelecida pelos Incoterms® para operações de comércio internacional, assinale a alternativa correta acerca da interpretação do Incoterm FCA (Free Carrier) na versão 2020. a) O vendedor encerra sua obrigação com a entrega da carga ao lado da embarcação designada pelo comprador, no cais ou numa embarcação, no porto de embarque indicado. b) O vendedor entrega a mercadoria a bordo do navio, no porto e local de embarque indicado pelo comprador. O custeio do carregamento é do vendedor. Realização das tarefas Após realizar a leitura, resolva a atividade a proposta a seguir. http://www.aprendendoaexportar.gov.br/index.php/62- 21 c) O vendedor entrega a mercadoria ao transportador ou a quem o comprador indicar no local designado (armazém geral etc.). Além disso, faz o carregamento no veículo transportador. Cabe ao comprador contratar e custear o transporte. d) O vendedor entrega a mercadoria ao transportador ou a quem o comprador indicar no local designado (armazém geral etc.). Além disso, faz o carregamento no veículo transportador. Cabe ao vendedor contratar e custear o transporte. e) O vendedor entrega a carga ao transportador, no local acordado em seu país, e com transporte contratado e pago por ele para levar a mercadoria até o local de destino nomeado no exterior. Os custos de carregamento são por conta do vendedor. FINALIZANDO Estamos finalizando esta aula, na qual tratamos de um dos temas mais relevantes e que ao mesmo tempo causa tantas dúvidas nos profissionais de comércio exterior, os Incoterms. Nesta aula, você pôde conhecer um pouco da história dos Incoterms desde o seu surgimento até os dias atuais na versão 2020. Esta aula permitiu ainda entender as principais mudanças em relação à versão anterior de 2010. Por fim, aprofundamos nossos conhecimentos a respeito de cada um dos quatro grupos (E, F, C e D), entendendo que, à medida que avançamos do grupo E em direção ao grupo D, há um aumento de responsabilidade do exportador em relação ao importador. Vale ressaltar aqui a grande importante de se conhecer esses termos e saber utilizá-los corretamente em operações de comércio exterior, a fim de evitar desgastes entre as partes envolvidas. 22 REFERÊNCIAS ICC – International Chamber of Commerce. Incoterms rules history. Disponível em: <https://iccwbo.org/resources-for-business/incoterms-rules/incoterms-rules- history/>. Acesso em: 27 jun. 2020. . Incoterms 2020. Disponível em: <https://iccwbo.org/resources-for- business/incoterms-rules/incoterms-2020/>. Acesso em: 27 jun. 2020. FAZCOMEX. Incoterms 2020 lançamento global. Disponível em: <https://www.fazcomex.com.br/blog/incoterms-2020/>. Acesso em: 27 jun. 2020. https://www.fazcomex.com.br/blog/incoterms-2020/ 23 GABARITO a) O vendedor encerra sua obrigação com a entrega da carga ao lado da embarcação designada pelo comprador, no cais ou numa embarcação, no porto de embarque indicado – incorreta, pois trata-se do Incoterm FAS. b) O vendedor entrega a mercadoria a bordo do navio, no porto e local de embarque indicado pelo Comprador. O custeio do carregamento é do vendedor - incorreta, pois trata-se do Incoterm FOB. c) O vendedor entrega a mercadoria ao transportador ou a quem o comprador indicar no local designado (armazém geral etc.). Além disso, faz o carregamento no veículo transportador. Cabe ao comprador contratar e custear o transporte – Correta, Incoterm FCA. d) O vendedor entrega a mercadoria ao transportador ou a quem o comprador indicar no local designado (armazém geral, etc.). Além disso, faz o carregamento no veículo transportador. Cabe ao vendedor contratar e custear o transporte. Incorreta, embora a descrição inicial seja do Incoterm FCA, a contratação e custos com transporte não são responsabilidade do vendedor. e) O vendedor entrega a carga ao transportador, no local acordado em seu país, e com transporte contratado e pago por ele para levar a mercadoria até o local de destino nomeado no exterior. Os custos de carregamento são por conta do vendedor – Incorreta, trata-se do Incoterm CPT. CONVERSA INICIAL CONTEXTUALIZANDO TEMA 1 – INTRODUÇÃO AOS INCOTERMS® 2020 Aplicáveis apenas quando a transação envolve transporte marítimo 1.1 Mudanças nos Incoterms® 2020 TEMA 2 – GRUPO E 2.1 EXW – Ex Works TEMA 3 – GRUPO F 3.1 FCA – Free Carrier 3.2 FAS – Free Alongside Ship 3.3 FOB – Free On Board TEMA 4 – GRUPO C 4.1 CPT – Carriage Paid To 4.2 CIP – Carriage and Insurance paid to 4.3 CFR – Cost and Freight 4.3 CIF – Cost Insurance and Freight TEMA 5 – GRUPO D 5.1 DAP – Delivered At Place 5.2 DPU – Delivered at Place Unloaded 5.3 DDP – Delivered Duty Paid TROCANDO IDEIAS NA PRÁTICA Orientaçõespara realizar a atividade: FINALIZANDO REFERÊNCIAS GABARITO
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