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1 ENFERMAGEM MATERIAL INSTRUCIONAL ESPECÍFICO - 02 Material Específico – Enfermagem – Tomo 3 – CQA/UNIP 2 CQA - COMISSÃO DE QUALIFICAÇÃO E AVALIAÇÃO ENFERMAGEM MATERIAL INSTRUCIONAL ESPECÍFICO Tomo 3 Material instrucional específico, cujo conteúdo integral ou parcial não pode ser reproduzido ou utilizado sem autorização expressa, por escrito, da CQA/UNIP – Comissão de Qualificação e Avaliação da UNIP - UNIVERSIDADE PAULISTA. Material Específico – Enfermagem – Tomo 3 – CQA/UNIP 3 Questão 1 Questão 1.1 Um paciente com infarto agudo do miocárdio, também portador de DPOC, foi internado em clínica médica com história de pneumonia, apresentando hipertermia (38°C), taquipneico e sinais de insuficiência respiratória. Considerando esse caso, avalie os procedimentos listados a seguir. I. A remoção de secreção das vias aéreas é importante, pois secreções retidas interferem com a troca gasosa. II. A frequência cardíaca do paciente com pneumonia diminui devido à sobrecarga imposta pelo trabalho ventilatório e pela hipertermia. III. A umidificação e a fluidificação da árvore brônquica ajudam a liquefazer as secreções e aliviam a irritação traqueobrônquica. IV. Se o paciente com pneumonia não conseguir tossir para eliminar secreções, ele deve ser encorajado a repousar, até que se sinta em condições de mudar de decúbito e tossir. V. A oxigenioterapia em baixo fluxo é fundamental para o paciente com DPOC, pois aumenta o nível de PO2. São cuidados de enfermagem adequados ao caso apresentado apenas os descritos em A. II e V. B. I, II e V. C. I, III e IV. D. II, III e IV. E. I, III, IV e V. 1. Introdução teórica 1.1. Infarto Agudo do Miocárdio (IAM) O infarto do miocárdio (IM), também chamado de infarto agudo do miocárdio (IAM) e popularmente conhecido como “ataque cardíaco”, consiste na morte do músculo cardíaco resultante de isquemia. A presença de uma obstrução arterial coronariana ocasiona a perda do suprimento sanguíneo crucial para o funcionamento cardíaco, provocando o IAM (KUMAR, ABBAS e FAUSTO, 2005). 1Questão 11 – Enade 2010. Material Específico – Enfermagem – Tomo 3 – CQA/UNIP 4 Os principais fatores desencadeantes da redução no fluxo sanguíneo em uma artéria coronariana são a aterosclerose e a oclusão completa de uma artéria por um êmbolo ou por um trombo. O vasoespasmo (constrição ou estreitamento súbito) de uma artéria coronariana, a diminuição do suprimento de oxigênio para o músculo cardíaco em função da perda sanguínea aguda, da anemia ou da redução da pressão arterial e a demanda aumentada de oxigênio para o coração também são causas do IAM (SMELTZER et al., 2011). O diagnóstico clássico do IAM é realizado por meio da avaliação clínica dos sinais e sintomas típicos da doença, da análise das evidências bioquímicas laboratoriais e do padrão eletrocardiográfico (ECG) do indivíduo. O principal sintoma do IAM é a dor torácica, que surge subitamente e persiste mesmo durante o repouso e após a medicação. No entanto, os pacientes podem apresentar uma combinação de sinais e sintomas, que incluem, além da dor torácica, pulso rápido e fraco, transpiração profusa, dispneia, ansiedade, pirose, indigestão e pele fria, úmida e pegajosa (SMELTZER et al., 2011). As evidências bioquímicas laboratoriais são obtidas pela quantificação de macromoléculas intracelulares, liberadas pelas células miocárdicas lesionadas. Esses biomarcadores são a mioglobina, as troponinas cardíacas T e I (TnT e TnI) e a creatinina- cinase (CK). O principal biomarcador do IAM é a creatinina-cinase MB (CK-MB), pois constitui uma isoenzima específica das células cardíacas que tem sua concentração sanguínea aumentada somente quando há lesão miocárdica. O eletrocardiograma é um dos exames mais precisos para o diagnóstico de IAM. O aparelho mede os impulsos elétricos do músculo cardíaco, fornecendo um traçado característico, que permite a identificação das alterações cardíacas. Entretanto, sua interpretação depende de especialistas (MANSUR et al., 2006). O tratamento clínico dos indivíduos com IAM envolve cuidados para minimizar a lesão miocárdica, preservar a função cardíaca e evitar as complicações decorrentes da doença. No que tange à sistematização da assistência de enfermagem aos indivíduos que sofreram IAM, segundo Smeltzer et al. (2011), os principais diagnósticos de enfermagem para esses casos são: • perfusão ineficaz do tecido cardíaco relacionada com a redução do fluxo sanguíneo coronário; • risco de desequilíbrio do volume de líquidos; Material Específico – Enfermagem – Tomo 3 – CQA/UNIP 5 • risco de perfusão ineficaz do tecido periférico relacionado com o débito cardíaco diminuído devido à disfunção ventricular esquerda; • ansiedade de morte relacionada com o evento cardíaco; • déficit de conhecimento sobre o autocuidado após o IAM. As metas do planejamento da assistência de enfermagem para os indivíduos que sofreram IAM incluem: o alívio da dor e de outros sinais e sintomas de isquemia; a melhora da função respiratória; a promoção da perfusão tecidual adequada; a redução da ansiedade; o monitoramento e o tratamento das complicações potenciais; e a promoção do cuidado domiciliar e comunitário (SMELTZER et al., 2011). Após um IAM, o prognóstico, em longo prazo, depende de múltiplos fatores, entretanto a mortalidade total global no primeiro ano é de cerca de 30% (KUMAR, ABBAS e FAUSTO, 2005). 1.2. Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) A doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) é definida como um estado em que existe uma obstrução do fluxo de ar nas vias aéreas, geralmente, progressiva e irreversível (SMELTZER et al., 2011). De acordo com a Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT, 2004), essa obstrução está associada a uma resposta inflamatória anormal dos pulmões à inalação de partículas ou gases tóxicos, causada primariamente pelo tabagismo. O processo inflamatório pulmonar crônico pode desencadear modificações dos brônquios (bronquite crônica), dos bronquíolos (bronquiolite obstrutiva) e do parênquima pulmonar (enfisema pulmonar). Na bronquite crônica, o acúmulo excessivo de muco e a presença de exsudato nas vias aéreas são responsáveis pela obstrução do fluxo de ar. No enfisema pulmonar, a destruição das paredes dos alvéolos superdistendidos provoca o comprometimento da troca de oxigênio e dióxido de carbono (SMELTZER et al., 2011). A exposição à fumaça de tabaco é responsável por 80% a 90% dos casos de DPOC, constituindo o principal fator de risco para o desenvolvimento da doença. O tabagismo passivo, a exposição ocupacional, a poluição do ar ambiente, a fumaça de lenha, as infecções respiratórias graves na infância e as anormalidades genéticas também são classificadas como fatores de risco para o desenvolvimento da DPOC. A DPOC é caracterizada clinicamente pela dispneia, pela tosse e pelo aumento no trabalho respiratório. A dispneia é o principal sintoma da doença, que, no início, aparece somente em situação de esforço físico e, posteriormente, progride para dispneia em Material Específico – Enfermagem – Tomo 3 – CQA/UNIP 6 repouso. Em função da dispneia, o desenvolvimento das atividades diárias do indivíduo com DPOC fica comprometido, por isso esse sintoma está associado à incapacidade física, à diminuição da qualidade de vida e aos piores prognósticos (SBPT, 2004; SMELTZER et al., 2011). A insuficiência e a falência respiratórias são as principais complicações fatais da DPOC. Outras complicações da doença são a atelectasia, a pneumonia, o pneumotórax, o enfisema mediastinal ou subcutâneo e a hipertensão pulmonar (cor pulmonale). Para o tratamento da DPOC, são indicadas (SMELTZER et al., 2011): • a administração de broncodilatadores para melhoraro fluxo de ar nas vias aéreas; • a oxigenoterapia para a manutenção da saturação adequada de oxigênio; • a reabilitação pulmonar para melhorar a qualidade de vida do indivíduo. A assistência de enfermagem para o indivíduo com DPOC pode ter como principais metas: • a cessação do tabagismo; • a melhora da troca gasosa; • a desobstrução das vias aéreas; • a melhora no padrão respiratório; • o autotratamento máximo; • a melhora na tolerância às atividades; • a prevenção de infecções broncopulmonares; • a ausência de complicações. 1.3. Pneumonia A pneumonia é uma inflamação do parênquima pulmonar que pode ser causada por diferentes micro-organismos, incluindo bactérias, micobactérias, clamídia, micoplasmas, fungos, parasitas e vírus. A doença pode ser classificada em quatro diferentes categorias: pneumonia adquirida na comunidade (PAC), pneumonia adquirida no hospital (PAH), pneumonia no hospedeiro imunossuprimido e pneumonia por aspiração (SMELTZER et al., 2011). A pneumonia adquirida na comunidade (PAC) é aquela que ocorre no ambiente comunitário ou nas primeiras 48 horas de hospitalização ou institucionalização. Material Específico – Enfermagem – Tomo 3 – CQA/UNIP 7 A pneumonia adquirida no hospital (PAH), também conhecida como pneumonia nosocomial, ocorre quando os sintomas iniciais da doença surgem em período superior a 48 horas após a admissão hospitalar. A pneumonia no hospedeiro imunossuprimido acontece em indivíduos em uso prolongado de corticoides, de outros agentes imunossupressores ou de antimicrobianos de amplo espectro, em indivíduos submetidos à quimioterapia, em indivíduos com depressão nutricional, AIDS ou distúrbios imunogenéticos e em indivíduos que utilizam equipamentos de tecnologia avançada de suporte à vida por período prolongado (ventilação mecânica). A pneumonia por aspiração é resultante da entrada de substâncias endógenas ou exógenas nas vias aéreas inferiores. A pneumonia pode acometer a região dos alvéolos pulmonares e, às vezes, os interstícios pulmonares (espaço entre um alvéolo e outro). Em um indivíduo sadio, a região alveolar e os espaços alveolares devem estar livres de quaisquer substâncias que possam impedir o contato do ar com o sangue, para que a troca gasosa ocorra adequadamente (BRASIL, 2011). A pneumonia pode desencadear uma reação inflamatória nos alvéolos, produzindo um exsudato que interfere na difusão do oxigênio e do dióxido de carbono, o que dificulta a troca gasosa. Os leucócitos migram para dentro dos alvéolos e preenchem os espaços em que normalmente há ar. Como consequência, as áreas do pulmão deixam de ser adequadamente ventiladas, o que provoca oclusão parcial do brônquio ou dos alvéolos, com resultante redução da tensão alveolar de oxigênio. Em decorrência da hipoventilação, acontece desequilíbrio na ventilação-perfusão na área afetada do pulmão. As manifestações clínicas da pneumonia podem variar conforme o agente etiológico e a presença de doença subjacente do paciente. Frequentemente, a doença manifesta-se por febre alta, tosse exsudativa purulenta, dispneia, ortopneia, dor torácica, alterações na pressão arterial e na frequência cardíaca, mal-estar generalizado e prostração (BRASIL, 2011; SMELTZER et al., 2011). O diagnóstico da doença é realizado por meio do histórico, da avaliação clínica, sobretudo da ausculta pulmonar, da radiografia de tórax e do exame de escarro. O tratamento da pneumonia bacteriana inclui a administração do antibiótico adequado, determinado pelos resultados dos exames laboratoriais. Na pneumonia viral, os antibióticos são ineficazes, por isso a antibioticoterapia não está indicada. Recomendam-se, nesses casos, a hidratação, o uso de antipiréticos, inalações úmidas e aquecidas e a administração de anti-histamínicos e descongestionantes nasais (SMELTZER et al., 2011). Material Específico – Enfermagem – Tomo 3 – CQA/UNIP 8 2. Análise das afirmativas I – Afirmativa correta. JUSTIFICATIVA. A presença de exsudato nas vias aéreas interfere na difusão do oxigênio e do dióxido de carbono e dificulta a troca gasosa, por isso se recomenda a remoção das secreções presentes nas vias aéreas. II – Afirmativa incorreta. JUSTIFICATIVA. A frequência cardíaca do indivíduo com pneumonia eleva-se em função da dispneia e da febre. De acordo com Smeltzer et al. (2011), o pulso aumenta em torno de 10 batimentos por minuto para cada grau de elevação da temperatura. III – Afirmativa correta. JUSTIFICATIVA. As inalações úmidas e aquecidas são úteis para liquefazer o exsudato presente nas vias aéreas, o que auxilia sua remoção e alivia a irritação traqueobrônquica. IV – Afirmativa correta. JUSTIFICATIVA. De acordo com Smeltzer et al. (2011), o paciente com pneumonia deve ser mantido em repouso no leito até que a infecção mostre sinais de melhora. A tosse é um mecanismo de defesa que auxilia na remoção do exsudato presente nas vias aéreas, por isso o paciente deve ser encorajado a tossir. Se o doente não conseguir tossir, ele deve permanecer em repouso até que se sinta em condições de mudar de decúbito e tossir. V – Afirmativa correta. JUSTIFICATIVA. A oxigenoterapia é importante para a manutenção da saturação adequada de oxigênio no sangue, ou seja, melhora o nível de PO2 dos pacientes com DPOC (SMELTZER et al., 2011). Alternativa correta: E. 3. Indicações bibliográficas • BRASIL. Ministério da Saúde. Biblioteca Virtual de Saúde. Dicas em Saúde: Pneumonia. Disponível em Material Específico – Enfermagem – Tomo 3 – CQA/UNIP 9 <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/dicas/233_pneumonia.html>. Acesso em 30 nov. 2011. • CARPENITO-MOYET, L. J. Planos de cuidados de enfermagem e documentação: diagnósticos de enfermagem e problemas colaborativos. 5. ed. Porto Alegre: Artmed, 2011. • KUMAR, V; ABBAS, A. K.; FAUSTO, N. Robbins e Cotran: Patologia – bases patológicas das doenças. 7. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2005. • MANSUR, P. H. G.; CURY, L. K. P.; DESTRO-FILHO, J. B.; RESENDE, E. S.; DESTRO, J. P. B.; OLIVEIRA, L. M. et al. Análise de registros eletrocardiográficos associados ao Infarto Agudo do Miocárdio. Arquivos Brasileiros de Cardiologia 87(2): 106-114; 2006. • SMELTZER, S. C.; HINKLE, J. L.; BARE, B. G.; CHEEVER K. H. Brunner e Suddarth: tratado de enfermagem médico-cirúrgico. 12. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2011. • SOCIEDADE BRASILEIRA DE PNEUMOLOGIA E TISIOLOGIA (SBPT). II Consenso Brasileiro sobre Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica. Caracterização da Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC): definição, epidemiologia, diagnóstico e estadiamento. Jornal Brasileiro de Pneumologia 30(5): 10-14; 2004. 4. Texto complementar – Questão 1 Processo de enfermagem Ao elaborar o processo de enfermagem direcionado aos indivíduos com diagnóstico médico de pneumonia, o enfermeiro deve considerar dois principais diagnósticos de enfermagem encontrados em 75% a 100% dos casos da doença: a intolerância à atividade e a desobstrução ineficaz de vias aéreas. O quadro 1 a seguir apresenta a Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) para um indivíduo com pneumonia, conforme descrito por Carpenito-Moyet (2011). Quadro 1. SAE para o indivíduo com pneumonia. Diagnóstico 1. Intolerância à atividade, relacionada à oxigenação insuficiente para as atividades da vida diária. Meta 1. O cliente progredirá nas atividades até XX (especificar o nível da atividade). As intervenções de enfermagem são as que seguem. • Explicar as atividades e os fatores que aumentam a demanda de oxigênio, como tabagismo, extremos de temperatura, peso excessivo e estresse. • Proporcionar ao cliente ideias para a conservação de energia, como sentar sempre que possível ao realizar as atividades de vida diária, distribuir as atividades ao longo do dia, programar períodos de repouso adequados e alternar as tarefasfáceis e difíceis durante o dia. Material Específico – Enfermagem – Tomo 3 – CQA/UNIP 10 • Aumentar gradualmente as atividades diárias em função do crescimento da tolerância. • Ensinar ao cliente as técnicas respiratórias eficazes, como a diafragmática e a respiração com os lábios comprimidos. • Ensinar ao cliente a importância de apoiar o peso dos braços. • Ensinar ao cliente como melhorar a resistência dos braços sem apoio com exercícios das extremidades inferiores realizados durante a expiração. Diagnóstico 2. Desobstrução ineficaz de vias aéreas, relacionada à dor, ao aumento das secreções traqueobrônquicas e à fadiga. Meta 2. O cliente não apresentará aspiração. As intervenções de enfermagem são as que seguem. • Orientar o cliente sobre o método apropriado de tosse controlada: respirar profunda e lentamente enquanto sentado, usar a respiração diafragmática, segurar a respiração de 3 a 5 segundos, depois exalar lentamente, tanto quanto possível, pela boca. • Ensinar ao cliente as medidas para redução da viscosidade das secreções, como manter a hidratação adequada (ingesta líquida de 2 a 3 litros diários, se não houver contraindicação) e manter a umidade do ar inspirado. • Auscultar os pulmões antes e depois de o paciente tossir. • Encorajar ou proporcionar uma boa higiene oral após a tosse. Fonte. CARPENITO-MOYET, 2011. De acordo com Carpenito-Moyet (2011), os diagnósticos de risco citados a seguir também são comumente detectados nos casos de pneumonia (50 a 74% dos casos). • Alto risco de mucosa oral prejudicada, relacionado à respiração pela boca, à expectoração frequente e à diminuição da ingestão de líquido secundária ao mal-estar. • Alto risco de nutrição desequilibrada (menos do que as necessidades corporais), relacionado à anorexia, à dispneia e à distensão abdominal secundária à deglutição de ar. • Alto risco de controle ineficaz do regime terapêutico, relacionado à falta de conhecimento sobre as condições, a transmissão da infecção, a prevenção da recorrência, a dieta, os sinais e sintomas de recorrência e o atendimento de acompanhamento. Compete ao enfermeiro proceder à avaliação individual dos clientes para a determinação dos diagnósticos de enfermagem e do plano de cuidados específicos, conforme as necessidades individuais. Material Específico – Enfermagem – Tomo 3 – CQA/UNIP 11 Questão 2 Questão 2.2 Um paciente internado na clínica médica há 12 dias, com história de fratura de fêmur esquerdo, faz uso de anticoagulante. Estão prescritos 12 000 UI de heparina IV de 12/12 horas. No posto da unidade de internação, há um frasco de heparina de 5 ml, contendo 5 000 UI/ml. Quantos mililitros de heparina o enfermeiro deve ministrar ao paciente em cada horário? A. 1,8. B. 2,0. C. 2,2. D. 2,4. E. 3,5. 1. Introdução teórica Heparina A heparina, conhecida comercialmente como Heparin®, Liquemine® e Actparin®, é um anticoagulante utilizado na profilaxia e no tratamento de diversos distúrbios tromboembolíticos, como tromboembolismo venoso e arterial, embolia pulmonar e coagulopatias (AME, 2009). O medicamento é apresentado em ampolas com 0,25 ml (5.000 Unidades) e em frasco-ampola com 5 ml (25.000 Unidades) de solução injetável para aplicação sistêmica e, para aplicação tópica, é apresentado na forma de creme, gel e pomada. A prescrição de heparina é de responsabilidade médica, cabendo ao enfermeiro a administração adequada do medicamento, respeitando os preceitos científicos do funcionamento do organismo humano e da ação medicamentosa. A heparina é uma das drogas cuja utilização está associada a elevados índices de complicações e, por isso, ao administrar a medicação, o enfermeiro deve ter os cuidados descritos a seguir (AME, 2009). • Administrar a medicação exatamente conforme prescrição médica. • Informar a toda equipe de saúde e aos familiares que o paciente está recebendo terapia anticoagulante. 2Questão 12 – Enade 2010. Material Específico – Enfermagem – Tomo 3 – CQA/UNIP 12 • Informar aos pacientes as reações adversas mais frequentes da medicação, comunicando a equipe de saúde caso haja reação incomum. • Recomendar ao paciente a utilização de escovas de dente macias e de barbeador elétrico, para evitar o risco de sangramento durante a terapia. • Recomendar ao paciente que informe ao médico o esquema de medicação anterior ao tratamento ou à cirurgia. • Recomendar ao paciente que, durante a terapia, evite o uso concomitante de ácido acetilsalicílico (AAS) e anti-inflamatórios não esteroidais (AINEs), aplicações de injeções IM e de qualquer outra droga sem o conhecimento do médico. • Monitorar o paciente durante a terapia, observando sinais de sangramento ou hemorragia (sangramento de gengivas ou nasal, equimose incomum, fezes de coloração negra, hematúria, diminuição do hematócrito ou da pressão arterial, sangue oculto nas fezes) e reações de hipersensibilidade (calafrios, febre e urticária). Comunicar imediatamente ao médico se houver qualquer uma dessas intercorrências. • Monitorar os exames laboratoriais antes do início e periodicamente durante a terapia, observando tempo de coagulação (TTPa), hematócrito e contagem de plaquetas (a cada 2 ou 3 dias). • Administrar a medicação só por via subcutânea (SC) ou endovenosa (EV) e nunca por via intramuscular (IM). • Verificar a coloração da solução de heparina. Se houver alteração de cor ou a presença de precipitados, não realizar a injeção da solução. As aplicações de heparina por via subcutânea requerem que o enfermeiro administre- a profundamente no tecido e alterne diariamente os locais de aplicação. Deve-se introduzir todo o comprimento da agulha em uma prega feita entre os dedos polegar e indicador, mantendo a dobra cutânea até o final da injeção. Não se deve aspirar ou massagear o local de aplicação. Os locais de aplicação devem ser avaliados para detecção de hematoma, equimose ou inflamação. No caso de aplicações de heparina por via endovenosa, a dose de ataque geralmente precede a dose contínua. Em situações de aplicação direta, não é necessário diluir a droga, e a infusão deve ocorrer em tempo superior a 60 segundos. Em situações de aplicação intermitente/contínua, deve-se diluir a heparina em soro fisiológico 0,9% ou glicosado 5% e utilizar bomba de infusão. A mistura adequada de heparina na solução deve ser assegurada pela inversão do recipiente pelo menos 6 vezes no início da terapia e, periodicamente, durante a infusão. O intervalo entre as infusões varia de 4 a 24 horas. Material Específico – Enfermagem – Tomo 3 – CQA/UNIP 13 É importante que o enfermeiro tome os cuidados na administração de quaisquer medicamentos, considerando os efeitos indesejados, as interações medicamentosas e as reações adversas de cada fármaco, para que possa atuar de modo efetivo na resolução dos problemas de saúde apresentados pelos indivíduos. 2. Resolução da questão A resolução da questão é feita, basicamente, pelo uso da “regra de três”, uma operação matemática muito utilizada pelo enfermeiro e por sua equipe para o cálculo da dose correta de medicamentos. Trata-se da relação entre grandezas proporcionais que permite estruturar o problema e resolvê-lo. No enunciado, afirma-se que estão prescritas 12.000 Unidades (UI) de heparina e que, no posto de internação, existe somente o frasco de heparina de 5 ml, contendo 5.000 UI/ml. Logo, o profissional deve proceder ao seguinte cálculo (regra de três): 1 ml -------------------- 5.000 UI X ml -------------------- 12.000 UI Em cada 1 ml da solução existem 5.000 UI de heparina. Para se obterem 12.000 UI de heparina, necessitaríamos de quantos ml? Pelos cálculos abaixo, verificaremos que são necessários 2,4 ml. 1x12.000 = 5.000X 12.000 = 5.000X 12.000/5.000 = X X = 2,4ml Assim, para obtermos 12.000 UI deheparina, teremos de aspirar 2,4ml da solução. Alternativa correta: D. 3. Indicações bibliográficas • AME. Dicionário de administração de medicamentos na enfermagem: 2009/2010. Rio de Janeiro: EPUB, 2009. Material Específico – Enfermagem – Tomo 3 – CQA/UNIP 14 • BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. MEDEIROS, Carlos Augusto de. Estatística aplicada à educação. Brasília (DF): Universidade de Brasília, 2007. • RODRIGUES, A. B.; SILVA, M. R.; OLIVEIRA, P. P.; CHAGAS, S. S. M. O Guia da enfermagem: fundamentos para assistência. São Paulo: Iátria, 2008. • SMELTZER, S. C.; HINKLE, J. L.; BARE, B. G.; CHEEVER K. H. Brunner e Suddarth: Tratado de Enfermagem Médico-Cirúrgico. 12. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2011. 4. Texto complementar – Questão 2 Noções elementares para o cálculo de medicação Para a realização do cálculo de medicação, é primordial que o enfermeiro tenha conhecimento das noções elementares descritas abaixo. • Solução: mistura homogênea composta de duas partes. • Suspensão: mistura heterogênea composta de duas partes. • Concentração: quantidade de soluto em uma proporção definida de solvente. Pode ser expressa em porcentagem (%) ou em g/L. • Um mililitro (1 ml) corresponde a 20 gotas e uma gota corresponde a três microgotas. Assim, 1 ml corresponde a 60 microgotas. • Fórmula para cálculo de gotejamento de medicações endovenosas: Nº de gotas = (Volume)/(Tempo x 3) Material Específico – Enfermagem – Tomo 3 – CQA/UNIP 15 Questão 3 Questão 3.3 Avalie as asserções a seguir. As parasitoses intestinais provocadas por protozoários e helmintos são infestações que podem desencadear alterações no estado físico, psicossomático e social, interferindo diretamente na qualidade de vida de seus portadores, principalmente em crianças. PORQUE A disseminação das parasitoses também pode ocorrer por meio do contato interpessoal com pessoas infectadas que habitam a mesma residência, principalmente em moradias menores que favorecem o confinamento, reforçando a importância da investigação parasitária na população materno-infantil. Analisando a relação proposta entre as duas asserções acima, assinale a opção correta. A. As duas asserções são proposições verdadeiras, e a segunda é uma justificativa correta da primeira. B. As duas asserções são proposições verdadeiras, e a segunda não é uma justificativa correta da primeira. C. A primeira asserção é uma proposição verdadeira, e a segunda é uma proposição falsa. D. A primeira asserção é uma proposição falsa, e a segunda é uma proposição verdadeira. E. As duas asserções são proposições falsas. 1. Introdução teórica Parasitoses A Parasitologia é uma ciência que estuda os organismos que vivem em íntima e duradoura dependência de outros seres vivos, extraindo do seu hospedeiro o suprimento necessário para a sua sobrevivência (FIRMO et al., 2011; REY, 2011). O termo parasitismo, cujo significado literal é alimentar-se ao lado de, refere-se à relação em que um dos organismos (o parasito) obtém benefício em detrimento do outro organismo, o hospedeiro (FERREIRA et al., 2003). Essa relação cria uma associação de dependência metabólica de grau variável, na qual o metabolismo do parasito fica vinculado ao de seu hospedeiro (REY, 2011). 3Questão 13 – Enade 2010. Material Específico – Enfermagem – Tomo 3 – CQA/UNIP 16 Os parasitas são tradicionalmente distinguidos entre endoparasitas, quando habitam células e tecidos (parasitas teciduais) ou vísceras ocas (parasitas cavitários) dos hospedeiros, e ectoparasitas, artrópodes que se alimentam sobre o hospedeiro, sem penetrar no organismo, como pulgas e piolhos (FERREIRA et al., 2003). O homem constitui um hospedeiro de diversos parasitas, como os protozoários, os platelmintos, os nematelmintos e os artrópodes. Os protozoários são responsáveis pelo desenvolvimento da doença de Chagas, da leishimaniose, da amebíase, da toxoplasmose e da malária, enquanto os platelmintos causam doenças como a esquistossomose, a cisticercose e a teníase. Existem cerca de 50 espécies de nematelmintos registrados como parasitas humanos, dos quais alguns merecem destaque por serem importantes agentes causadores de doenças, como a estrongiloidíase, a ancilostomíase, a ascaridíase e a enterobíase ou oxiurose. São exemplos de artrópodes parasitas e vetores de doença os insetos, as moscas, as pulgas, os ácaros e os carrapatos (REY, 2011). A transmissibilidade das doenças parasitárias para o homem está vinculada à precariedade das condições de higiene e sanitárias do habitat do ser humano (FIRMO et al., 2011). As parasitoses intestinais humanas, denominadas de enteroparasitoses, podem ser desencadeadas por macroparasitas (helmintos) ou microparasitas (vírus, bactérias e protozoários). Acometem, principalmente, pessoas que residem em locais cuja condição sanitária é deficiente. No Brasil, a prevalência de parasitoses intestinais é elevada em decorrência das más condições de vida das camadas populacionais mais carentes, o que representa um grave problema de saúde pública no país (FERRARI e RODRIGUES, 2004; FIRMO et al. 2011). De acordo com Zaiden et al. (2008), as parasitoses intestinais provocadas por protozoários e helmintos são infestações que podem desencadear alterações no estado físico, psicossomático e social do ser humano, interferindo diretamente na qualidade de vida de seus portadores, principalmente em crianças de classes sociais mais baixas, com precárias condições sanitárias, maus hábitos de higiene, em situação de desnutrição e em locais de aglomerações tais como escolas, creches, asilos e orfanatos, pela facilidade de contaminação e disseminação. A disseminação das parasitoses pode acontecer em função do contato interpessoal com indivíduos infectados que co-habitam o domicílio, sobretudo em residências menores, Material Específico – Enfermagem – Tomo 3 – CQA/UNIP 17 que favorecem o confinamento, o que reforça a necessidade da investigação parasitária na população materno-infantil (ZAIDEN et al., 2008). Desse modo, as condições higiênico-sanitárias do domicílio, das pessoas e do ambiente aos quais os indivíduos, sobretudo as crianças, estão submetidos podem favorecer substancialmente maior prevalência de parasitoses intestinais. Para prevenir esses problemas, os programas de promoção da saúde para a população devem contemplar o desenvolvimento de melhores condições sanitárias e de saneamento básico, assim como a melhoria das condições socioeconômicas da população (ZAIDEN et al., 2008). 2. Análise das asserções As duas asserções foram extraídas do estudo de Zaiden et al. (2008), em que os autores afirmam que “as parasitoses intestinais provocadas por protozoários e helmintos são infestações que podem desencadear alterações no estado físico, psicossomático e social do ser humano, interferindo diretamente na qualidade de vida de seus portadores, principalmente em crianças” . No mesmo trabalho, os autores afirmam ainda que “a disseminação das parasitoses também pode ocorrer através do contato interpessoal com pessoas infectadas que habitam na mesma residência, principalmente em moradias menores que favorecem o confinamento, reforçando a importância da investigação parasitária na população materno-infantil”. Desse modo, as duas asserções são corretas. No entanto, a palavra PORQUE entre as duas asserções indica que a segunda afirmativa é uma justificativa da primeira, o que não está correto. Na verdade, a segunda assertiva é apenas complementar à primeira. Alternativa correta: B. 3. Indicações bibliográficas • BRASIL. Ministério da Saúde. Plano Nacional de Vigilância e Controle das Enteroparasitoses. Brasília (DF): Ministério da Saúde, 2005. Disponível em <http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/Enteroparasitoses_Pano_nacional_%2006%2007%202005.pdf>. Acesso em 29 out. 2012. Material Específico – Enfermagem – Tomo 3 – CQA/UNIP 18 • FERRARI, M.B.G.; RODRIGUES, R. Prevalência de helmintíases em apêndices cecais. Rev. Col. Bras. 2004; 31(2): 77-82. • FERREIRA, M. U.; FORONDA, A. S.; SCHUMAKER, T. S. Fundamentos biológicos da parasitologia humana. Barueri (SP): Manole, 2003. • FIRMO, W. C. A.; MARTINS, N.B.; SOUSA, A.C.; COELHO, L. S.; FREITAS, M. S. Estudo comparativo da ocorrência de parasitos intestinais no serviço de saúde pública e privado de Estreito - MA. Revista de Biologia e Farmácia 2011; 6(1): 85-93. • REY, L. Bases da parasitologia médica. 3. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2011. • ZAIDEN, M. F.; SANTOS, B. M. O.; CANO, M. A.T.; NASCIFJÚNIOR, I. A. Epidemiologia das parasitoses intestinais em crianças de creches de Rio Verde-GO. Medicina (Ribeirão Preto) 2008; 41(2): 182-7. 4. Texto complementar – Questão 3 Enteroparasitoses As parasitoses intestinais representam um importante problema de saúde pública, principalmente nos países em desenvolvimento. As condições precárias de higiene e de saneamento básico e os níveis socioeconômicos e de escolaridade desfavoráveis são determinantes dessas doenças (BRASIL, 2005). Os parasitas intestinais estão entre os patógenos encontrados com mais frequência em seres humanos, sobretudo nas idades pré-escolar e escolar. Dentre os parasitas mais comuns, destaca-se o grupo dos helmintos, em que os mais frequentes são os parasitas do filo nematelmintos, como Ascaris lumbricoides e Trichuris trichiura, e os ancilostomídeos, como Ancylostoma duodenalis. Os protozoários também são frequentes causadores de parasitoses intestinais, destacando-se a Entamoeba histolytica e Giardia lamblia (BRASIL, 2005; AMB E CFM, 2009). Nas crianças em idades pré-escolares e escolares, os enteroparasitas mais comumente encontrados são a Giardia lamblia (giardíase), o Ascaris lumbricoides (popularmente conhecido como ‘lombriga’), o Trichuris trichiura e o Ancylostoma duodenalis (ancilostomíase) (AMB E CFM, 2009). Os danos causados pelos enteroparasitas variam conforme o agente etiológico, podendo incluir, entre outros agravos, a obstrução intestinal (A. lumbricoides), a desnutrição (A. lumbricoides e T. trichiura), a anemia por deficiência de ferro (ancilostomídeos) e Material Específico – Enfermagem – Tomo 3 – CQA/UNIP 19 quadros de diarreia e de má absorção (E. histolytica e G. lamblia). As manifestações clínicas são usualmente proporcionais à carga parasitária albergada pelo indivíduo (BRASIL, 2005). Considerando a elevada prevalência das enteroparasitoses no Brasil e as suas implicações na saúde, o Ministério da Saúde desenvolveu, em 2005, o Plano Nacional de Vigilância e Controle das Enteroparasitoses, com o objetivo de reduzir a prevalência e a morbi-mortalidade por parasitoses intestinais no País. O Plano descreve as atribuições de cada nível do governo para o controle dessas doenças, a operacionalização do Plano e como devem atuar o sistema de vigilância epidemiológica e sanitária, a assistência e a educação em saúde para garantir que o objetivo proposto seja alcançado (BRASIL, 2005). Recomenda-se a leitura dos itens relacionados à assistência à saúde e à educação em saúde para o esclarecimento da atuação da enfermagem nessas situações. O Plano Nacional de Vigilância e Controle das Enteroparasitoses está disponível em <http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/Enteroparasitoses_Pano_nacional_%2006% 2007%202005.pdf>. Material Específico – Enfermagem – Tomo 3 – CQA/UNIP 20 Questão 4 Questão 4.4 A dengue é uma doença febril aguda, de etiologia viral, de evolução benigna na forma clássica e grave quando se apresenta na forma hemorrágica. Trata-se de uma importante arbovirose (doença transmitida por artrópodes) que afeta o homem e constitui sério problema de saúde pública, especialmente nos países tropicais, inclusive no Brasil. O principal vetor da dengue é o mosquito Aedes aegypti. No que tange à suscetibilidade e imunidade à dengue, assinale a opção incorreta. A. A suscetibilidade ao vírus da dengue é universal. B. A imunidade não é permanente para um mesmo sorotipo. C. A resposta primária se dá em pessoas não expostas anteriormente ao flavivírus, e o título de anticorpos se eleva lentamente. D. A resposta secundária se dá em pessoas com infecção aguda por dengue, mas que tiveram infecção prévia por flavivírus, e o título de anticorpos se eleva rapidamente em níveis altos. E. A suscetibilidade à febre hemorrágica da dengue não está totalmente esclarecida. 1. Introdução teórica Dengue A dengue é uma doença infecciosa febril aguda, de etiologia viral, que constitui sério problema de saúde pública no mundo, sobretudo nos países tropicais, onde as condições ambientais favorecem o desenvolvimento e a proliferação do mosquito vetor – o Aedes aegypti (BRASIL, 2002; BRASIL, 2008). O agente etiológico da dengue é um arbovírus (vírus transmitido por artrópodes) do gênero Flavivirus, pertencente à família Flavoviridae (BRASIL, 2008). A doença constitui a principal arbovirose que afeta o ser humano (BRASIL, 2002). A dengue é transmitida pela picada do mosquito Aedes aegypti, no ciclo: Ao se alimentar de sangue infectado (homem infectado), o mosquito pode transmitir o vírus, depois de 8 a 12 dias de incubação. A transmissão da doença não acontece por 4Questão 14 – Enade 2010. Material Específico – Enfermagem – Tomo 3 – CQA/UNIP 21 contato direto de um doente ou de suas secreções com uma pessoa sadia, nem pela ingestão de alimentos ou fontes de água. O período de viremia (presença do vírus no sangue humano) começa um dia antes do aparecimento da febre e estende-se até o 6º dia da doença, período considerado de transmissibilidade da dengue (BRASIL, 2002). De acordo com o Ministério da Saúde do Brasil (2002), a suscetibilidade ao vírus causador da dengue é universal e a imunidade é permanente para um mesmo sorotipo (homóloga). No entanto, a imunidade cruzada (heteróloga) existe temporariamente. A resposta imunológica à infecção aguda por dengue pode ser classificada em primária ou secundária. A resposta primária acontece em indivíduos não expostos anteriormente ao flavivírus e o título de anticorpos aumenta lentamente. A resposta secundária ocorre em pessoas com infecção aguda por dengue que tiveram infecção prévia por flavivírus e o título de anticorpos eleva-se rapidamente a patamares muito altos. A suscetibilidade em relação à febre hemorrágica da dengue não está totalmente esclarecida (BRASIL, 2002). A infecção pelo vírus da dengue causa uma doença de amplo espectro clínico, envolvendo desde formas inaparentes até quadros clínicos graves, que podem evoluir para óbito. Dependendo da forma como se apresenta, a dengue pode ser classificada em: infecção inaparente, dengue clássica (DC), febre hemorrágica da dengue (FHD) ou síndrome do choque da dengue (SCD). A dengue pode ter evolução benigna, quando se apresenta na forma clássica, e grave, quando se apresenta na forma hemorrágica. O quadro clínico da dengue clássica (DC) é muito variável. A primeira manifestação é a febre, geralmente alta (39° a 40°C), de início abrupto, acompanhada de cefaleia, artralgia, mialgia, adinamia, dor retro-orbital, náuseas, vômitos, diarreia, com presença ou não de exantema e/ou prurido. As crianças podem apresentar dor abdominal generalizada e, os adultos, pequenas manifestações hemorrágicas, como petéquias, epistaxe, gengivorragia, sangramento gastrointestinal, hematúria e metrorragia. A dengue clássica dura de 5 a 7 dias e sua sintomatologia regride com o desaparecimento da febre (BRASIL, 2002). Os sintomas iniciais da febre hemorrágica da dengue (FHD) são semelhantes aos da dengue clássica. Entre o terceiro dia e o sétimodia do início da doença, quando acontece a redução da febre, aparecem sinais e sintomas importantes, como vômitos, dor abdominal intensa, hepatomegalia dolorosa, letargia, desconforto respiratório e derrames cavitários (pericárdico, pleural e ascite), que alertam para a possibilidade de evolução para dengue hemorrágica (BRASIL, 2002, 2007 e 2008). Material Específico – Enfermagem – Tomo 3 – CQA/UNIP 22 Em geral, os sinais de alarme precedem as manifestações hemorrágicas e os sinais de insuficiência circulatória que podem estar presentes na FHD, caracterizada pela instabilidade hemodinâmica, hipotensão arterial, taquisfigmia e choque (BRASIL, 2007 e 2008). Segundo o Ministério da Saúde (BRASIL, 2007), a prova do laço deve ser obrigatoriamente realizada em todos os casos suspeitos de dengue e deve seguir os procedimentos descritos a seguir. • Desenhar um quadrado de 2,5 cm de lado no antebraço da pessoa. • Verificar a pressão arterial do cliente em posição deitada e sentada. • Calcular o valor médio da pressão arterial (soma de pressão arterial sistólica e pressão arterial diastólica, dividida por dois). • Insuflar novamente o manguito até o valor médio e mantê-lo insuflado por 5 minutos em adultos e por 3 minutos em crianças até o aparecimento de petéquias ou equimoses; • Contar o número de petéquias no quadrado. Na prova do laço com resultado positivo, surgem petéquias sob o aparelho ou abaixo do manguito do esfigmomanômetro. Se o número de petéquias for superior a 20 no quadrado desenhado na pele do cliente, a prova do laço é considerada fortemente positiva (BRASIL, 2002 e 2007). Nos casos de FHD grave, o choque da dengue geralmente ocorre entre o 3º e 7º dia da doença. O choque é decorrente do aumento da permeabilidade vascular seguido de hemoconcentração e falência do aparelho circulatório. Nesses casos, é obrigatória a rápida hidratração venosa. O choque pode levar ao óbito no período de 12 a 24 horas (BRASIL, 2002). A dengue é uma doença de notificação compulsória, que deve ser comunicada ao Serviço de Vigilância Epidemiológica mais próximo. Os casos suspeitos da doença também devem ser notificados. A notificação dos casos suspeitos, a investigação do provável local de infecção, a busca ativa de casos e a educação em saúde constituem medidas importantes para o controle e a prevenção da doença (BRASIL, 2002 e 2008). 2. Análise das alternativas A – Alternativa correta. JUSTIFICATIVA. A suscetibilidade ao vírus causador da dengue é universal (BRASIL, 2002). Material Específico – Enfermagem – Tomo 3 – CQA/UNIP 23 B – Alternativa incorreta. JUSTIFICATIVA. A imunidade é permanente para um mesmo sorotipo (homóloga), ao contrário do que se afirma na alternativa (BRASIL, 2002). C – Alternativa correta. JUSTIFICATIVA. A resposta primária acontece em indivíduos não expostos anteriormente ao flavivírus e o título de anticorpos aumenta lentamente (BRASIL, 2002). D – Alternativa correta. JUSTIFICATIVA. A resposta secundária ocorre em pessoas com infecção aguda por dengue que tiveram infecção prévia por flavivírus e o título de anticorpos eleva-se rapidamente a patamares muito altos (BRASIL, 2002). E – Alternativa correta. JUSTIFICATIVA. A suscetibilidade em relação à febre hemorrágica da dengue não está totalmente esclarecida (BRASIL, 2002). 3. Indicações bibliográficas • BRASIL. Ministério da Saúde. Fundação Nacional de Saúde. Dengue: aspectos epidemiológicos, diagnóstico e tratamento. Brasília: Fundação Nacional de Saúde, 2002. • BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Diretoria Técnica de Gestão. Dengue: diagnóstico e manejo clínico – adulto e criança. Brasília: Ministério da Saúde, 2007. • BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Diretoria Técnica de Gestão. Dengue: manual de enfermagem – adulto e criança. Brasília: Ministério da Saúde, 2008. • BRASIL. Ministério da Saúde. Alerta que tipo 4 não é mais grave que as outras formas da doença. Disponível em <http://www.brasil.gov.br/noticias/arquivos/2011/03/24/saude- alerta-que-dengue-tipo-4-nao-e-mais-grave-que-as-outras-formas-da-doenca>. Acesso em 03 set. 2012. Material Específico – Enfermagem – Tomo 3 – CQA/UNIP 24 4. Texto complementar – Questão 4 Sorotipos da dengue Existem quatro tipos de sorotipos do vírus que causam a dengue, todos com casos já registrados no Brasil: DEN-1, DEN-2, DEN-3 e DEN-4. A dengue tipo 4 (DEN-4) não era registrada no país há cerca de 30 anos, mas circula há vários anos em países do Caribe e da América Latina, como a Venezuela (BRASIL, 2011). O Ministério da Saúde do Brasil (2011) informa que os sintomas de uma pessoa infectada por qualquer sorotipo da dengue são iguais e a imunidade é permanente para um mesmo sorotipo. Dessa forma, uma pessoa que contraiu um tipo de sorotipo da dengue ficará imunizada somente contra esse tipo de vírus, ou seja, o indivíduo que teve dengue tipo 1 (DEN-1) nunca mais será infectado pelo vírus DEN-1, mas poderá contrair os outros três sorotipos. Assim, uma mesma pessoa pode contrair até quatro tipos de dengue se for picada pelo mosquito infectado (BRASIL, 2011). O Ministério da Saúde recomenda que qualquer indivíduo com suspeita de dengue tome água em maior quantidade, evite o uso de medicamentos à base de ácido acetilsalicílico, como a Aspirina®, e procure a Unidade Básica de Saúde mais próxima de sua residência (BRASIL, 2011). Material Específico – Enfermagem – Tomo 3 – CQA/UNIP 25 Questão 5 Questão 5.5 A esclerose múltipla é uma doença autoimune, crônica, que afeta o sistema nervoso central provocando dificuldades motoras e sensitivas, comprometendo a qualidade de vida de seus portadores. Os sintomas caracterizam-se por distúrbios visuais, perda de sensibilidade dos membros inferiores, fadiga, disfunções motoras e dor. A patologia é um processo inflamatório que causa uma lesão nos axônios neuronais e produz uma esclerose em vários locais do sistema nervoso central, conforme ilustra a figura abaixo. Nesse contexto, qual a importância da bainha de mielina na função neurológica? A. Proteger as fibras nervosas contra agressões físicas, químicas e biológicas. B. Retardar a propagação dos impulsos através dos neurônios cerebrais motores. C. Dar consistência à fibra nervosa para que não seja comprimida por músculos. D. Isolar a fibra nervosa e permitir a condução saltatória dos potenciais de ação. E. Promover o transporte axonal que ocorre em vários pontos do sistema nervoso central. 1. Introdução teórica Esclerose múltipla Para entender melhor a esclerose múltipla e sua fisiopatologia, é importante realizar uma prévia revisão da fisiologia humana, sobretudo da fisiologia dos nervos e da transmissão nervosa no corpo humano, como descrito a seguir. 5Questão 15 – Enade 2010. Material Específico – Enfermagem – Tomo 3 – CQA/UNIP 26 No ser humano, todos os sinais nervosos são transmitidos por fibras nervosas presentes no cérebro, na medula espinhal e nos nervos periféricos. Todos os músculos esqueléticos são controlados por fibras nervosas que têm origem na medula espinhal. A fibra nervosa motora (periférica) é formada por duas camadas: uma central, denominada de axônio (fibra nervosa), e um envoltório isolante, chamado de bainha de Schwann ou bainha de mielina, conforme representado na figura 1 (GUYTON, 2008). Figura 1. Célula nervosa com seu axônio e a bainha de mielina. Disponível em <http://ap_mentehumana.blogs.sapo.pt/2338.html>. Acesso em 16 mai. 2013. A bainha de mielina, ou bainha de Schwann, é uma substância de natureza lipídica e proteica formada pelas células de Schwann, que está presente ao longo de todos os nervos periféricos e é responsável pelo isolamento elétrico do axônio. Assim,a bainha de mielina reveste o axônio e é um excelente isolante elétrico para ele (GUYTON, 2008). Cada célula de mielina (Schwann) estende-se em torno de um axônio por cerca de 1 mm (a bainha de mielina possui cerca de 1 mm de comprimento). Em seguida, uma nova bainha de mielina reveste o mesmo axônio. A junção entre duas células de Schwann consecutivas é chamada de nodo de Ranvier (ou nódulo de Ranvier). O nodo de Ranvier é essencial para a transmissão dos impulsos nervosos pelas fibras mielínicas, mostrada na figura 2 (GUYTON, 2008). Material Específico – Enfermagem – Tomo 3 – CQA/UNIP 27 Figura 2. Células de Schwann, nodos de Ranvier, despolarização e condução saltatória. Fonte. AMABIS, J. M.; MARTHO, G. R. Conceitos de Biologia. São Paulo: Moderna, 2001. v. 2. Disponível em <http://www.afh.bio.br/nervoso/nervoso1.asp>. Acesso em 16 mai. 2013. Os nodos de Ranvier permitem uma típica despolarização da membrana, promovendo a transmissão dos impulsos nervosos. Os impulsos são transmitidos ao longo de uma fibra mielínica pelo processo da condução saltatória, que pode ser explicado da seguinte maneira: ocorre a despolarização do primeiro nodo de Ranvier, que, por sua vez, provoca a passagem de corrente elétrica por fora da bainha de mielina (que é isolante elétrico) e ao longo da parte central da fibra, até o nodo de Ranvier seguinte, fazendo com que este se despolarize. A corrente elétrica gerada por esse nodo produz o mesmo efeito no próximo; desse modo, o impulso nervoso “salta” de nodo a nodo, caracterizando a condução saltatória, esquematizada na figura 3 (GUYTON, 2008). Figura 3. Condução saltatória em axônio mielinizado. Disponível em <http://imunes.no.sapo.pt/esclerose_multipla.htm>. Acesso em 16 mai. 2013. Quanto mais calibrosas forem as fibras nervosas e quanto mais espessas forem as bainhas de mielina, mais rapidamente a fibra nervosa conduzirá um impulso elétrico. As fibras de maior diâmetro (cerca de 20 micrômetros) conduzem com velocidade de 100 metros por segundo, enquanto as fibras de menor diâmetro (cerca de 0,5 micrômetro) conduzem com velocidade da ordem de 0,5 metros por segundo (GUYTON, 2008). Material Específico – Enfermagem – Tomo 3 – CQA/UNIP 28 A esclerose múltipla (EM) é uma doença degenerativa, progressiva e crônica do sistema nervoso central (SNC), caracterizada pelo processo de desmielinização da fibra nervosa no cérebro e na medula espinhal. A desmielinização refere-se à destruição da bainha de mielina, material proteico e adiposo que circunda determinadas fibras nervosas no cérebro e na medula espinhal, resultando no comprometimento da transmissão dos impulsos nervosos, conforme representado na figura 4 (SMELTZER et al., 2011). Figura 4. Bainha de mielina danificada. Disponível em <http://educaofsicaadaptadaeeducaoespecial.blogspot.htm>. Acesso em 16 mai. 2013. A etiologia da EM é desconhecida. Nas teorias mais aceitas, as explicações envolvem fatores imunológicos, ambientais, virais e genéticos. As evidências dos trabalhos científicos sugerem que o evento primário é a lesão da bainha de mielina, resultado de infecção viral em uma fase inicial da vida, a qual se torna aparente em um período mais tardio. Apesar de o mecanismo iniciador da doença ser uma infecção viral, acredita-se que uma resposta imunológica defeituosa tenha uma função importante na patogenia da EM (SMELTZER et al., 2011). Na EM, o processo de desmielinização é irregularmente disseminado por todo o SNC. A mielina é perdida e os axônios degeneram-se, interrompendo o fluxo dos impulsos nervosos. As manifestações clínicas da doença são diversas, dependendo dos nervos afetados pela EM. As áreas comumente afetadas são os nervos (quiasma e tratos ópticos), o cérebro (tronco cerebral e cerebelo) e a medula espinhal. Os sinais e sintomas da EM variam de acordo com a localização da lesão ou da combinação de lesões. Os sintomas primários mais comumente relatados são: fadiga, dormência, fraqueza, dificuldade na coordenação e perda do equilíbrio. O distúrbio visual originado pela lesão nos nervos ópticos pode incluir visão turva, diplopia, cegueira em placa (escotoma) e cegueira total. Material Específico – Enfermagem – Tomo 3 – CQA/UNIP 29 A espasticidade dos membros e a perda dos reflexos abdominais são provocadas pelo envolvimento das principais vias motoras da medula espinhal. A ruptura dos axônios sensoriais pode produzir disfunção sensorial (parestesias e dor). Problemas cognitivos e psicossociais, como a depressão, podem refletir o envolvimento do lobo frontal ou parietal do SNC. É rara a ocorrência de demência. A ataxia (coordenação defeituosa dos movimentos) e o tremor são desencadeados pelo envolvimento do cerebelo ou dos gânglios da base. São comuns as disfunções vesicais, intestinais e sexuais (SMELTZER et al., 2011). O Ministério da Saúde do Brasil (2010) informa que o quadro clínico da EM manifesta- se, na maioria das vezes, por ataques agudos ou surtos, podendo entrar em remissão de forma espontânea ou com o uso de corticosteroides. Acrescenta que os sintomas mais comuns são: neurite óptica, paresia ou parestesia de membros, disfunções de coordenação e equilíbrio, mielites, disfunções esfincterianas e disfunções cognitivo-comportamentais, de modo isolado ou em combinação (BRASIL, 2010). Não há cura para a EM e ainda não foi descoberta uma forma de restaurar a mielina danificada ou as funções perdidas do organismo. O tratamento da EM está focado no controle da sintomatologia (BRASIL, 2010). Segundo Smeltzer et al. (2011), é indicado um programa de tratamento individualizado, organizado e racional para aliviar os sintomas do paciente e fornecer suporte contínuo. O tratamento clínico da doença tem como metas retardar a sua progressão, controlar os seus sintomas crônicos e tratar as exacerbações agudas. A enfermagem deve estar preparada para a detecção precoce das alterações provocadas pela EM e promover o planejamento dos cuidados às pessoas com a doença de modo individualizado. 2. Análise das alternativas A – Alternativa incorreta. JUSTIFICATIVA. A bainha de mielina é responsável pelo isolamento elétrico do axônio e promove a transmissão dos impulsos nervosos pelo processo da condução saltatória. Essa bainha não é responsável pela proteção das fibras nervosas contra agressões físicas, químicas e biológicas. Material Específico – Enfermagem – Tomo 3 – CQA/UNIP 30 B – Alternativa incorreta. JUSTIFICATIVA. A bainha de mielina promove a transmissão dos impulsos nervosos pelo processo da condução saltatória e estimula a propagação dos impulsos através dos neurônios cerebrais motores e não retarda essa propagação. C – Alternativa incorreta. JUSTIFICATIVA. As funções da bainha de mielina são o isolamento elétrico do axônio e a transmissão dos impulsos nervosos. A bainha não oferece proteção contra a compressão muscular. D – Alternativa correta. JUSTIFICATIVA. A bainha de mielina é responsável pelo isolamento elétrico do axônio (fibra nervosa) e promove a transmissão dos impulsos nervosos (potencial de ação) pelo processo da condução saltatória. E – Alternativa incorreta. JUSTIFICATIVA. As funções da bainha de mielina são o isolamento elétrico do axônio e a transmissão dos impulsos nervosos por condução saltatória. 3. Indicações bibliográficas • BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Portaria Nº. 493, de 23 de setembro de 2010. Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas: Esclerose Múltipla. Brasília (DF): Ministério da Saúde, 2010. Disponível em:<http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/pcdt_esclerose_multipla.pdf>. Acesso em: 10 set. 2012. • GUYTON, A. C. Fisiologia Humana. 6. ed. [reimpr]. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2008. • SMELTZER, S. C.; HINKLE, J. L.; BARE, B. G.; CHEEVER K. H.Brunner e Suddarth: Tratado de Enfermagem Médico-Cirúrgico. 12. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2011. Material Específico – Enfermagem – Tomo 3 – CQA/UNIP 31 4. Texto complementar – Questão 5 Esclerose múltipla: protocolos clínicos e diretrizes terapêuticas A Esclerose Múltipla (EM) afeta frequentemente indivíduos adultos na faixa entre 18 a 55 anos de idade. No Brasil, a taxa de prevalência da doença é de aproximadamente 15 casos a cada 100.000 habitantes (BRASIL, 2010). Considerando a prevalência da doença e a necessidade de se estabelecerem parâmetros nacionais sobre a esclerose múltipla no Brasil, o Ministério da Saúde definiu, por meio da Portaria Nº 493, de 23 de setembro de 2010, os Protocolos Clínicos e as Diretrizes Terapêuticas (PCDT) para o diagnóstico, o tratamento e o acompanhamento de indivíduos com esta doença (BRASIL, 2010). De acordo com o PCDT relativo à esclerose múltipla, o diagnóstico deve ser clínico com base nos critérios revisados de MacDonald. Os exames de Ressonância magnética (RM) do encéfalo e os exames laboratoriais (anti-HIV, VDRL e dosagem sérica de vitamina B12) devem ser solicitados para a exclusão de outras doenças com manifestações semelhantes à EM (BRASIL, 2010). O exame de líquor cefalorraquidiano (LCR) e o Potencial Evocado Visual deverão ser realizados apenas para descartar outras enfermidades quando houver dúvida diagnóstica. A avaliação clínica e os exames diagnósticos (RM, LCR e potencial evocado) permitem o diagnóstico mais seguro de EM. O tratamento da EM está focado no controle da sua sintomatologia. Sugere-se a leitura do PCDT para maiores esclarecimentos sobre a doença. O conteúdo está disponível no sítio: <http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/pcdt_esclerose_multipla.pdf>. Material Específico – Enfermagem – Tomo 3 – CQA/UNIP 32 Questão 6 Questão 6.6 A paciente R.G., com 35 anos de idade, do sexo feminino, com IMC = 32,120 kg, será submetida à gastroplastia por videocirurgia, admitida na unidade de CMC. Durante a aplicação do histórico de enfermagem, o enfermeiro responsável pela admissão levantou os seguintes problemas: assadura na região suprapúbica, devido à prega formada pela barriga; abertura pequena de boca; pescoço curto; sudorese intensa em mãos e região axilar; uso de piercing em narina direita; uso de prótese dentária na arcada superior; limitação com relação à flexão de joelhos. Nessa situação, avalie os seguintes procedimentos. I. Comunicar ao enfermeiro do CC a respeito da sudorese intensa. II. Solicitar visita pré-operatória do anestesista. III. Retirar o piercing da narina direita. IV. Encaminhar a paciente para o CC, sem retirar a prótese dentária. V. Comunicar ao enfermeiro do CC acerca da limitação de flexão nos joelhos. VI. Realizar higiene íntima devido à assadura. São procedimentos adequados em um plano de cuidado pré-operatório apenas os descritos em: A. I, IV e VI. B. II, III e V. C. I, II, III e V. D. I, IV, V e VI. E. II, III, IV e VI. 1. Introdução teórica Cuidados de enfermagem no pré-operatório O termo cirurgia provém do latim, chirurgia, que etimologicamente significa trabalho manual, e é definido como a área da medicina dedicada ao tratamento de doenças, lesões ou deformidades, por meio de processos manuais chamados de operações ou de intervenções cirúrgicas (REZENDE, 2005). 6Questão 16 – Enade 2010. Material Específico – Enfermagem – Tomo 3 – CQA/UNIP 33 A cirurgia, eletiva ou emergencial, é um evento estressante e complexo que requer especial atenção da equipe de saúde, sobretudo da enfermagem para garantir a qualidade da assistência. A menção ao período que envolve o momento da cirurgia apresenta terminologias específicas. O período perioperatório compreende três fases distintas (SMELTZER et al. 2011), descritas a seguir. • Fase pré-operatória: começa quando a decisão para proceder à intervenção cirúrgica é tomada e termina com a transferência do paciente para a mesa da sala de cirurgia. • Fase intraoperatória: começa quando o paciente é transferido para a mesa da sala de cirurgia e termina com sua admissão na unidade de cuidados pós-anestésicos. • Fase pós-operatória: inicia com a admissão do paciente na unidade de cuidados pós- anestésicos e termina com a avaliação de acompanhamento no ambiente clínico ou domiciliar. Cada período perioperatório engloba um amplo espectro de atividades que a enfermagem deve exercer. A assistência de enfermagem no período pré-operatório visa a proporcionar rápida recuperação pós-operatória, reduzir complicações e minimizar o custo hospitalar e o período de hospitalização, devolvendo o paciente ao meio familiar o mais rapidamente possível (GALAN e ODA, 1995). Na fase pré-cirúrgica, a equipe de enfermagem é responsável pelo preparo do paciente para o ato cirúrgico, estabelecendo e desenvolvendo cuidados conforme a especificidade cirúrgica, como a orientação, o preparo físico e emocional, a avaliação e o encaminhamento ao centro cirúrgico, a promoção da recuperação e a prevenção de complicações no período pós-operatório (CHRISTÓFORO e CARVALHO, 2009). No período pré-operatório, o enfermeiro deve detectar os fatores de risco que podem acarretar complicações pós-operatórias, que englobam, entre outros, o déficit nutricional, os extremos de peso (magreza e obesidade), presença de infecção e de distúrbio hidroeletrolítico e histórico de doenças (pulmonar, renal, cardiovascular, endócrina e hepática, entre outras). Nessa fase, o enfermeiro deve proceder à anamnese e ao exame físico minucioso do paciente a fim de estabelecer uma base de dados para futuras comparações (SMELTZER et al. 2011). A avaliação do paciente deve considerar os itens citados a seguir (SMELTZER et al. 2011). • Estados nutricional e hídrico: importantes na promoção da recuperação e na resistência à infecção. Material Específico – Enfermagem – Tomo 3 – CQA/UNIP 34 • Cavidade oral: dentaduras e próteses dentárias podem ser deslocadas durante a intubação e ocluir as vias respiratórias, por isso devem ser retiradas antes do procedimento cirúrgico. • Uso de drogas e álcool: pessoas com intoxicação são suscetíveis a complicações, por isso se deve adiar a cirurgia, se possível. • Estado respiratório: deve-se atentar para a presença de doença respiratória subjacente, como doença pulmonar obstrutiva crônica e asma. • Estado cardiovascular: deve-se atentar para a presença de hipertensão arterial. • Função hepática: como o fígado é importante na biotransformação dos compostos anestésicos, distúrbios hepáticos podem ter efeitos sobre os agentes anestésicos. • Função renal: os rins são responsáveis pela excreção de medicamentos anestésicos e seus metabólitos, por isso qualquer distúrbio renal tem efeito sobre os agentes anestésicos. • Função endócrina: pacientes com diabetes apresentam riscos de hipoglicemia e de hiperglicemia, o que pode acarretar aumento no risco de infecção da ferida cirúrgica. • Função imunológica: deve-se detectar a presença de alergias. Devem-se identificar e registrar sensibilidades a medicamentos e reações adversas pregressas a esses agentes. Deve-se observar, também, a presença de imunossupressão, que torna o paciente mais suscetível à infecção. • Uso prévio de medicamentos: devido às possíveis interações medicamentosas, o enfermeiro deve avaliar e registrar o uso de medicamentos e de fitoterápicos, bem como a frequência em que são utilizados. • Fatores psicossociais: a maioria dos pacientes apresenta algum tipo de reação emocional antes de procedimentos cirúrgicos. Os temores podem estar relacionados ao medo do desconhecido, da morte, da anestesia, da dor e das complicações. A ansiedade pré- operatória é uma condição frequente e sua presença pode influenciar diretamente o funcionamento do organismo.• Crenças espirituais e culturais: importantes para a avaliação da maneira como as pessoas lidam com o medo e a ansiedade. O enfermeiro deve respeitar a crença de cada paciente. • Peso: a obesidade eleva o risco e a gravidade de complicações associadas à cirurgia. Durante o ato cirúrgico, os tecidos adiposos são mais suscetíveis a infecções, tornando a deiscência (separação) e a infecção da ferida cirúrgica problemas comuns nos indivíduos obesos. O paciente tende a apresentar respirações superficiais, quando em decúbito Material Específico – Enfermagem – Tomo 3 – CQA/UNIP 35 dorsal, aumentando o risco de hipoventilação e complicações pulmonares pós- operatórias. Além dos fatores citados, deve-se considerar que o pescoço curto e grosso, a língua grande e o tecido faríngeo abundante podem dificultar a intubação orotraqueal. O anestesiologista também deve avaliar a apneia obstrutiva do sono, geralmente diagnosticada e tratada com pressão positiva contínua nas vias respiratórias no período pré-operatório. A assistência de enfermagem no período pré-cirúrgico geral envolve a avaliação clínica do paciente e seu preparo social, psíquico, espiritual e físico (GALAN e ODA, 1995; SMELTZER et al. 2011). O preparo social, psíquico e espiritual inclui os procedimentos a seguir. • Providenciar assinatura do termo de consentimento informado ou autorização para a cirurgia. • Proporcionar ensino ao paciente e aos familiares. Explicar sobre a cirurgia proposta, o tipo de anestesia, os exames solicitados e a duração da cirurgia, entre outros. • Tranquilizar o paciente e os familiares, ouvir seu discurso e dar importância às suas queixas e aos seus relatos. • Esclarecer normas e rotinas hospitalares e proporcionar ambiente tranquilo e calmo. • Promover apoio emocional e espiritual. O preparo físico inclui os procedimentos a seguir. • Realizar consulta de enfermagem, atentando para condições que possam comprometer o estado de saúde do paciente. • Preparar o paciente para a coleta dos exames laboratoriais e de diagnóstico. • Verificar sinais vitais, anotá-los e comunicar ao médico se houver quaisquer alterações. • Promover higiene corporal do paciente. • Administrar medicação pré-anestésica, se prescrita. • Realizar tricotomia do local a ser operado, lavar com água e sabão e passar antisséptico local. • Remover próteses, joias, lentes de contato ou óculos. • Promover esvaziamento vesical. • Colocar roupa cirúrgica apropriada e transportar o paciente até o centro cirúrgico, juntamente com o prontuário e os exames realizados. Uma das habilidades mais valiosas do enfermeiro é ouvir cuidadosamente o paciente. Um enfermeiro atencioso, compreensivo e calmo promove a confiança do paciente, reduzindo as possibilidades de complicações pós-operatórias. O cuidado prestado ao Material Específico – Enfermagem – Tomo 3 – CQA/UNIP 36 indivíduo durante o período pré-operatório deve ser planejado conforme a especificidade de cada paciente e com base na evidência científica (CHRISTÓFORO e CARVALHO, 2009; SMELTZER et al. 2011). 2. Análise das afirmativas I – Afirmativa correta. JUSTIFICATIVA. A sudorese intensa pode ser resultante da ansiedade da paciente no momento que antecede a cirurgia, por isso é importante que o enfermeiro do centro cirúrgico seja informado acerca dessa condição, visto que sudorese e ansiedade podem desencadear complicações cirúrgicas. II – Afirmativa correta. JUSTIFICATIVA. O pescoço curto e grosso, a língua grande e o tecido faríngeo abundante podem dificultar a intubação orotraqueal. O anestesiologista deve realizar a avaliação das vias aéreas da paciente para garantir a oxigenação adequada da mulher e evitar complicações respiratórias durante a cirurgia. III – Afirmativa correta. JUSTIFICATIVA. No período pré-operatório, os profissionais da enfermagem devem remover próteses, joias, lentes de contato ou óculos dos pacientes para evitar possíveis complicações relacionadas ao deslocamento ou à presença desses objetos. IV – Afirmativa incorreta. JUSTIFICATIVA. No período pré-operatório, os profissionais da enfermagem devem remover a prótese dentária, pois ela pode deslocar-se durante a intubação e provocar a oclusão das vias respiratórias. V – Afirmativa correta. JUSTIFICATIVA. A limitação física do paciente constitui um fator de risco que pode influenciar diretamente na presença de complicações cirúrgicas, por isso o enfermeiro deve ser comunicado acerca do problema. Material Específico – Enfermagem – Tomo 3 – CQA/UNIP 37 VI – Afirmativa incorreta. JUSTIFICATIVA. A realização da higiene íntima não implicará a redução da lesão na região suprapúbica, por isso não é necessário realizá-la. Alternativa correta: C. 3. Indicações bibliográficas • CHRISTÓFORO, B. E. B.; CARVALHO, D. S. Cuidados de enfermagem realizados ao paciente cirúrgico no período pré-operatório. Rev. Esc. Enferm. USP. 2009 43(1):14-22. • GALAN, N. G. A.; ODA, R. M. Cuidados de enfermagem com o paciente cirúrgico. [online]. Disponível em <http://hansen.bvs.ilsl.br/textoc/revistas/intjlepr/1995/pdf/v63n1/v63n1a07.pdf>. Acesso em 14 jun. 2012. • REZENDE, J. M. Cirurgia e patologia. Acta Cir. Bras. [online]. 2005 20(5):346-346. ISSN 1678-2674. Disponível em <http://www.scielo.br/pdf/acb/v20n5/25789.pdf>. Acesso em 14 jun. 2012. • SMELTZER, S. C.; HINKLE, J. L.; BARE, B. G.; CHEEVER K. H. Brunner e Suddarth: tratado de enfermagem médico-cirúrgico. 12. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2011. • SOCIEDADE BRASILEIRA DE CIRURGIA BARIÁTRICA [Home Page]. Cirurgia bariátrica e metabólica. Cirurgia laparoscópica. Disponível em <http://www.sbcb.org.br/>. Acesso em 10 set. 2012. 4. Texto complementar – Questão 6 Cirurgia bariátrica A cirurgia bariátrica e metabólica, também chamada de gastroplastia, popularmente conhecida como cirurgia de redução de estômago ou da obesidade, reúne técnicas cirúrgicas cientificamente reconhecidas para o tratamento da obesidade e das doenças associadas ao excesso de gordura corporal. O termo metabólico foi recentemente incorporado pela importância que o procedimento cirúrgico adquiriu no tratamento de doenças relacionadas Material Específico – Enfermagem – Tomo 3 – CQA/UNIP 38 ao excesso de peso, como a hipertensão arterial sistêmica e a diabetes mellitus (SOCIEDADE BRASILEIRA DE CIRURGIA BARIÁTRICA, 2012). A cirurgia por videolaparoscopia (videocirurgia) representa uma das maiores evoluções tecnológicas da medicina no tratamento da obesidade, por ser minimamente invasiva e aplicável em todas as técnicas cirúrgicas. Enquanto na videolaparoscopia são realizadas de quatro a sete mini-incisões, cada uma com 0,5 a 1,2 centímetros, no abdômen do cliente (por onde passam as cânulas e a câmera de vídeo), na cirurgia aberta convencional o médico realiza um corte de 10 a 20 centímetros. Desse modo, o risco de complicações é maior na cirurgia convencional (SOCIEDADE BRASILEIRA DE CIRURGIA BARIÁTRICA, 2012). Em 2010, foram realizadas quase 60 mil cirurgias bariátricas no Brasil, das quais 35% foram por videolaparoscopia. A taxa de mortalidade média é de 0,23% nos casos da videocirurgia e de 0,8% a 1% na cirurgia aberta. Tempos menores de cirurgia e de recuperação do cliente também são apontados pela literatura como vantagens da cirurgia por videolaparoscopia (SOCIEDADE BRASILEIRA DE CIRURGIA BARIÁTRICA, 2012). Material Específico – Enfermagem – Tomo 3 – CQA/UNIP 39 Questão 7 Questão 7.7 A Estratégia Saúde da Família (ESF) vislumbra a transformação do modelo assistencial em curso no país. A política de Saúde Mental também objetiva a transformação do modelo, e uma de suas estratégias constitui-se nos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS). Os CAPS e a ESF são processos simultâneos, porémainda pouco articulados. As práticas de Saúde Mental e de ESF assemelham-se quando A. adotam abordagem individual. B. dão ênfase aos deveres dos usuários. C. reconhecem as pessoas por seus quadros patológicos. D. elegem o território como lócus de coprodução de saúde. E. visam a aumentar a autonomia do profissional frente às condições de trabalho. 1. Introdução teórica Estratégia Saúde da Família e Saúde Mental no Brasil A Reforma Sanitária no Brasil iniciou-se no final da década de 1970, como resultado dos movimentos sociais para a redemocratização do país e para a melhoria das condições de saúde da população. O movimento sanitarista, impulsionado pelos trabalhadores de saúde, pelos centros universitários e pelos setores organizados da sociedade, preconizou a mudança dos modelos de atenção e de gestão nas práticas de saúde, em prol da saúde coletiva, da equidade na oferta de serviços e do protagonismo dos usuários dos serviços de saúde (BRASIL, 2005). Uma das maiores conquistas consagradas pela Reforma Sanitária foi a criação do Sistema Único de Saúde (SUS), em 1988, com a finalidade de alterar a situação de desigualdade na assistência à saúde da população e de promover a equidade no atendimento às necessidades de saúde da população (BRASIL, 2004). Um dos pontos principais que fundamentou a criação do SUS foi a necessidade da mudança do paradigma assistencial brasileiro, centralizado na cura das doenças e caracterizado pelo intervencionismo, pelo atendimento centrado no ambiente hospitalar e pela medicalização. Desse modo, um dos objetivos primordiais do SUS foi a formulação de 7Questão 17 – Enade 2010. Material Específico – Enfermagem – Tomo 3 – CQA/UNIP 40 políticas de saúde destinadas ao atendimento à população por intermédio de ações de promoção, proteção e recuperação da saúde, com a realização de ações assistenciais integradas e de atividades preventivas (BRASIL, 1990). O Programa de Saúde da Família (PSF), posteriormente denominado de Estratégia Saúde da Família (ESF), constituiu importante estratégia de reorganização do modelo assistencial da atenção básica em saúde no Brasil. A ESF prioriza as ações de prevenção, promoção e recuperação da saúde da população, trabalhando com a perspectiva ampliada e integral de saúde, com equipes multiprofissionais que prestam atendimento à comunidade no seu território (BRASIL, 2006; DELFINI et al., 2009). Contemporânea da Reforma Sanitária, a Reforma Psiquiátrica foi um movimento formado por trabalhadores integrantes do movimento sanitário, associações familiares, profissionais de saúde e pessoas com longo histórico de internações psiquiátricas. O movimento foi iniciado com o objetivo de denunciar a violência dos manicômios, a mercantilização da loucura e a hegemonia de uma rede privada de assistência, construindo uma crítica coletiva ao modelo psquiátrico hospitalocêntrico, intervencionista e medicalocêntrico (BRASIL, 2005). Assim como a Reforma Sanitária, a Reforma Psiquiátrica parte de princípios e diretrizes que vislumbram a construção de novas propostas assistenciais, envolvendo formas mais acolhedoras e mais humanas de se promover saúde (SOUZA, 2006). De acordo com Souza (2006), o principal objetivo da reforma psiquiátrica foi transformar as relações que a sociedade estabeleceu com o doente mental, para promover a superação do estigma, da segregação e da desqualificação aos quais foi estabelecido o sujeito com doença mental. Essa reforma contribuiu para o progressivo deslocamento do centro de cuidado para fora do ambiente hospitalar, em direção à comunidade (BRASIL, 2004). Nesse contexto, é importante mencionar o surgimento do primeiro Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) no Brasil, em 1987, na cidade de São Paulo, que demonstrou de forma inequívoca a possibilidade da construção de uma rede de cuidados efetivamente substitutiva ao hospital psiquiátrico no país. A partir da criação do CAPS, iniciou-se o processo progressivo de substituição dos leitos psiquiátricos por outros tipos de atenção à saúde mental no Brasil (BRASIL, 2005). De acordo com o Ministério da Saúde (2005), é função dos CAPS prestar atendimento clínico em regime de atenção diária, evitando as internações hospitalares; promover a inserção social dos indivíduos com transtornos mentais por meio de ações intersetoriais; Material Específico – Enfermagem – Tomo 3 – CQA/UNIP 41 regular a porta de entrada da rede de assistência à saúde mental na sua área de atuação (território) e dar suporte à atenção à saúde mental na rede básica de saúde. O território é um dos conceitos fundamentais para a compreensão do papel estratégico dos CAPS e da rede básica de saúde no Brasil, constituída pelas unidades de saúde, pela Estratégia Saúde da Família e pelos Agentes Comunitários de Saúde. Segundo o Ministério da Saúde (2005), território é a designação não apenas de uma área geográfica, mas também das pessoas, das famílias, das instituições, das redes e dos cenários nos quais se dá a vida comunitária. Trabalhar no território significa resgatar os saberes e as potencialidades dos recursos da comunidade e construir soluções coletivas para os problemas identificados, considerando a multiplicidade de trocas entre pessoas e os cuidados em saúde. O território é um elemento norteador das estratégias e ações de atenção à saúde (BRASIL, 2005). Para Delfini et al. (2009), dentre os desafios e as iniciativas da reforma psiquiátrica, está a inserção da saúde mental na atenção básica de saúde, sobretudo nas equipes de saúde da família, que têm papel fundamental no acompanhamento, no cuidado e no apoio às famílias com pessoas com transtornos mentais de determinada região. O trabalho conjunto enriquece a prática assistencial e possibilita a ampliação dos cuidados no território. Portanto, a parceria entre CAPS e ESF é importante para garantir a integralidade e a universalidade da assistência à saúde da população. 2. Análise das alternativas A – Alternativa incorreta. JUSTIFICATIVA. As práticas de saúde mental e da ESF são direcionadas à abordagem coletiva, centrada na família e na comunidade, e não individual. B – Alternativa incorreta. JUSTIFICATIVA. As práticas de saúde mental e da ESF enfatizam a corresponsabilidade da atenção à saúde entre os profissionais e os usuários, convidando o usuário à responsabilização e ao protagonismo em toda a trajetória do seu tratamento. C – Alternativa incorreta. JUSTIFICATIVA. As práticas de saúde mental e da ESF reconhecem as pessoas como protagonistas do seu próprio processo de saúde, enfatizando a promoção da saúde e a Material Específico – Enfermagem – Tomo 3 – CQA/UNIP 42 prevenção de doenças, não assistindo o indivíduo ou a comunidade somente na presença de um quadro patológico. D – Alternativa correta. JUSTIFICATIVA. O território é um conceito fundamental para a compreensão do papel estratégico dos CAPS e da ESF, pois ambos estão pautados no desenvolvimento da assistência básica de saúde em determinado território. E – Alternativa incorreta. JUSTIFICATIVA. As práticas de saúde mental e da ESF enfatizam a corresponsabilidade da atenção à saúde entre os profissionais e os usuários, convidando o usuário à responsabilização e ao protagonismo em toda a trajetória do seu tratamento. 3. Indicações bibliográficas • BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Saúde mental no SUS: os centros de atenção psicossocial. Brasília (DF): Ministério da Saúde, 2004. Disponível em <http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/manual_caps.pdf>. Acesso em 13 jun. 2011. • BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. DAPE. Coordenação Geral de Saúde Mental. Reforma psiquiátrica e política de saúde mental no Brasil. Documento apresentado àConferência Regional de Reforma dos Serviços de Saúde Mental: 15 anos depois de Caracas. OPAS. Brasília (DF): Ministério da Saúde, 2005. Disponível em: <http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/relatorio_15_anos_caracas.pdf>. Acesso em 13 jun. 2011. • BRASIL. Portaria Nº 648, de 28 mar. 2006. Aprova a Política Nacional de Atenção Básica, estabelecendo a revisão de diretrizes e normas para a organização da Atenção Básica para o Programa Saúde da Família (PSF) e o Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS). Disponível em <http://dtr2004.saude.gov.br/dab/docs/legislacao/portaria_648_28_03_2006.pdf>. Acesso em 13 jun. 2011. • DELFINI, P. S. S.; SATO, M. T.; ANTONELI, P. P.; GUIMARÃES, P. O. S. Parceria entre CAPS e PSF: o desafio da construção de um novo saber. Ciência e Saúde Coletiva, http://portal.saude.gov.br/portal/ http://dtr2004.saude.gov.br/dab/docs/legislacao/portaria_648_28_03_2006.pdf Material Específico – Enfermagem – Tomo 3 – CQA/UNIP 43 14(1):1483-1492, 2009. Disponível em <http://www.scielo.br/pdf/csc/v14s1/a21v14s1.pdf>. Acesso em 10 set. 2012. • SOUZA, A. C. Ampliando o campo da atenção psicossocial: a articulação dos centros de atenção psicossocial com a saúde da família. Esc Anna Nery R Enferm 10(4): 703-710, 2006. 4. Texto complementar – Questão 7 Leitura complementar Sugerem-se a leitura e a discussão do artigo de Delfini et al. (2009), intitulado “Parceria entre CAPS e PSF: o desafio da construção de um novo saber”, publicado na Revista Ciência e Saúde Coletiva. O texto relata a experiência de parceria entre um CAPS e três equipes do PSF na região central da cidade de São Paulo (SP), conforme descrito no resumo do artigo, reproduzido a seguir. RESUMO O artigo tem como objetivo relatar uma experiência de parceria entre um Centro de Atenção Psicossocial e três equipes do Programa Saúde da Família na região central de São Paulo. Conceitos teóricos de território, sujeito, subjetividade/coletivo, acolhimento, vínculo e co-responsabilização, além dos pressupostos da reforma psiquiátrica e sanitária, embasam e norteiam o trabalho. A parceria visa à promoção de cuidados em saúde mental a partir de ações articuladas com diferentes serviços. Assim, tanto as equipes de Saúde da Família como a equipe de saúde mental são responsáveis pelas demandas de um território. As estratégias utilizadas são reuniões de equipe, nas quais há capacitação, discussão de casos, acolhimento e elaboração de projetos terapêuticos, e visitas domiciliares conjuntas. Ao longo do trabalho, algumas dificuldades foram encontradas: grande demanda por serviços de saúde e falta de diretrizes institucionais para a efetivação da parceria. Em relação às pessoas atendidas, o olhar voltado à família e ao contexto social aponta resultados positivos em relação aqueles cujo olhar é voltado somente à doença. O trabalho conjunto enriquece ainda mais a prática e possibilita uma rede maior de cuidados no território. É necessário, portanto, criar novas propostas e iniciativas inovadoras. Palavras-chave: Saúde da Família, Saúde mental, CAPS, Atenção básica, Parceria (DELFINI et al., 2009; p.1483) O artigo está integralmente disponível na internet no sítio <http://www.scielo.br/pdf/csc/v14s1/a21v14s1.pdf>. Acesso em 10 set. 2012. Material Específico – Enfermagem – Tomo 3 – CQA/UNIP 44 Questão 8 Questão 8.8 O paciente M. K., de 34 anos de idade, do sexo masculino, alérgico a dipirona e penicilina, encontra-se em primeiro pós-operatório de septoplastia, com tampão nasal limpo e seco e com queixa de cefaleia intensa durante o período da noite. Em sua prescrição médica, encontra-se receitada dipirona 1 g – EV S/N. O enfermeiro responsável pelo cuidado desse paciente, após avaliação da queixa, consultou o prontuário e, diante da prescrição, administrou a medicação. Considera-se que a segurança do paciente está em risco por erro de A. administração de medicamento não autorizado. B. administração pela via errada. C. prescrição. D. preparo. E. dose. 1. Introdução teórica Erros de medicação Com o avanço tecnológico da indústria farmacêutica e com a variedade de produtos no mercado, a administração de medicamentos tornou-se uma tarefa complexa, requerendo cada vez mais responsabilidades, habilidades técnicas e conhecimentos farmacológicos, anatômicos e fisiológicos dos profissionais de saúde (CARVALHO E CASSIANI, 2000). A grande variedade de medicamentos, a complexidade das ações farmacológicas e o despreparo dos profissionais de saúde na administração de medicamentos podem acarretar erros de medicação, que agravam o estado de saúde dos pacientes e apresentam relevantes repercussões econômicas e sociais (CARVALHO E CASSIANI, 2000; ANACLETO et al., 2010). Nos últimos anos, o aumento nos estudos relacionados à segurança do paciente confirmou que os erros de medicação devem ser considerados como um problema mundial de saúde pública, por se tratar de ocorrências comuns que podem assumir dimensões clinicamente significativas e impor custos relevantes ao sistema de saúde (ANACLETO et al., 2010). 8Questão 18 – Enade 2010. Material Específico – Enfermagem – Tomo 3 – CQA/UNIP 45 Carvalho e Cassiani (2002) confirmam essas informações ao apresentarem o resultado de uma pesquisa desenvolvida nos Estados Unidos da América que indicou que lesões não intencionais relacionadas à terapia medicamentosa afetam 1,3 milhão de indivíduos por ano no país, gerando custo anual de 76,6 milhões de dólares com a hospitalização desses pacientes. Em um ambiente hospitalar, o ciclo do medicamento envolve três diferentes etapas: a prescrição, a dispensação e a administração dos medicamentos. Cada uma dessas etapas do ciclo é passível de erros em função da complexidade das ações farmacológicas dos medicamentos e dos cuidados essenciais para a sua prescrição e administração. A prescrição, primeira etapa do ciclo de utilização do medicamento, de responsabilidade médica, tem grande influência no problema global de erros de medicação. Estudos científicos internacionais identificaram que a incidência de erros de prescrição varia de 3,13 a 29 erros por mil medicamentos prescritos, indicando, portanto, incidência relativamente elevada de erros nessa fase (NÉRI, 2004). A dispensação, segunda etapa do ciclo, frequentemente realizada por um farmacêutico, envolve a disponibilização do medicamento para as unidades de internação e também constitui uma etapa passível de erro. A administração do medicamento, terceira fase do ciclo, é de responsabilidade da equipe de enfermagem, que deve ter conhecimentos específicos para exercer com habilidade essa função (CARVALHO E CASSIANI, 2000; NÉRI, 2004). O Instituto para Práticas Seguras no uso de Medicamentos no Brasil (ISMP – Brasil) e a Organização Mundial de Saúde (OMS) adotam as definições citadas a seguir, relacionadas aos erros de medicação (ANACLETO et al., 2010). • Eventos adversos relacionados a medicamentos: quaisquer lesões ou danos provocados pelo uso ou pela falta do uso do medicamento, incluindo as reações adversas e os erros de medicação, explicados a seguir. o Reação adversa ao medicamento: qualquer resposta nociva ou indesejada ao medicamento, que ocorre na dose normalmente usada para profilaxia, diagnóstico ou tratamento de doença. o Erros de medicação: qualquer evento evitável que, de fato ou potencialmente, pode levar ao uso inadequado de medicamento. Envolvem os erros de prescrição, de dispensação e de administração do medicamento, descritos abaixo. Material Específico – Enfermagem – Tomo 3 – CQA/UNIP 46 ▪ Erro de prescrição: é o erro de decisão ou de redação, não intencional, que pode reduzir a probabilidade de o tratamento ser efetivo ou pode aumentar o risco de lesão no paciente. ▪ Erro de dispensação: corresponde à discrepância entre a ordem escrita naprescrição médica e o atendimento dessa ordem. São erros cometidos por funcionários da farmácia (farmacêuticos, inclusive) quando realizam a dispensação de medicamentos para as unidades de internação. ▪ Erro de administração: trata-se de qualquer desvio no preparo e na administração de medicamentos mediante prescrição médica, ou de qualquer não observância das recomendações ou guias do hospital ou das instruções técnicas do fabricante do produto. É importante mencionar que diversos aspectos podem desencadear o erro de medicação, entre eles citam-se (CARVALHO E CASSIANI, 2000): • fatores relacionados à organização do trabalho, como acúmulo de atividades, recursos humanos insuficientes e mal qualificados e locais desprovidos de materiais, aparelhos e recursos financeiros; • fatores relacionados ao ambiente, como planta física inadequada, frequentes interrupções de outros profissionais durante a preparação da medicação pelo profissional da enfermagem, presença de ruídos e luminosidade inadequada; • fatores relacionados ao trabalho, como sobrecarga de trabalho, fadiga, estresse e desatenção no ambiente de trabalho. O erro de medicação é um dos indicadores da qualidade da assistência prestada aos clientes hospitalizados que envolve a atuação de diversos profissionais de saúde e dos pacientes. Por isso, é necessário que a instituição de saúde propicie um ambiente seguro, com disponibilidade de recursos humanos, físicos e materiais, assim como investimentos em educação (com ênfase em farmacologia) dos profissionais e dos pacientes. O intuito dessas medidas é assegurar aos clientes o direito de que lhe seja prestada assistência livre de danos ou prejuízos decorrentes de erros de medicação e, assim, seja garantida sua segurança durante seu tratamento (FREITAS, 2005). 2. Análise das alternativas A questão foi anulada pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Anísio Teixeira (Inep) em função da falta de informações importantes para a identificação do tipo de erro de Material Específico – Enfermagem – Tomo 3 – CQA/UNIP 47 medicação cometido. As análises das afirmativas e os motivos de suas inadequações estão descritos a seguir. A – Alternativa inadequada. JUSTIFICATIVA. A administração do medicamento foi autorizada na prescrição médica que receitava a administração de dipirona 1 g (EV), se houvesse queixa dolorosa. B – Alternativa inadequada. JUSTIFICATIVA. A questão não descreve qual foi a via utilizada pelo enfermeiro para a administração do medicamento. C – Alternativa adequada. JUSTIFICATIVA. Conforme consta no histórico, o paciente M. K. é alérgico a dipirona. Se o médico prescreveu a dipirona 1 g endovenosa, houve um erro de prescrição, visto que tal medicamento não poderia ter sido receitado pelo médico em função da reação alérgica relatada pelo paciente. D – Alternativa inadequada. JUSTIFICATIVA. A questão não fornece nenhuma informação sobre o modo como o medicamento foi preparado, apenas cita que o fármaco foi administrado conforme prescrição. E – Alternativa inadequada. JUSTIFICATIVA. A questão apenas cita que o fármaco foi administrado conforme prescrição, mas não menciona a dose administrada. 3. Indicações bibliográficas • ANACLETO, T. A.; ROSA, M.B; NEIVA, H. M.; MARTINS, M. A. P. Farmácia Hospitalar: Erros de Medicação. [online]. Brasília: Conselho Federal de Farmácia - Pharmacia Brasileira, 2010; jan./fev. Disponível em <http://www.sbrafh.org.br/site/index/library/id/53>. Acesso em 17 set. 2012. • CARVALHO, V. T; CASSIANI, S. H. B. Erros na medicação: análise das situações relatadas pelos profissionais de enfermagem. Medicina, 2000, jul./set.; 33:322-330. Material Específico – Enfermagem – Tomo 3 – CQA/UNIP 48 • CARVALHO, V. T; CASSIANI, S. H. B. Erros na medicação e consequências para profissionais de enfermagem e clientes: um estudo exploratório. Rev. Latino-am. Enfermagem, 2002; 10(4):523-9. • FREITAS, G. F. A responsabilidade ético-legal do enfermeiro. In: OGUISSO, T. (org.). Trajetória histórica e legal da enfermagem. Barueri (SP): Manole; 2005. p.173-200. • INSTITUTO PARA PRÁTICAS SEGURAS NO USO DE MEDICAMENTOS DO BRASIL (ISMP - Brasil). [home Page]. Disponível em <http://www.ismp-brasil.org/>. Acesso em 17 set. 2012. • INSTITUTO PARA PRÁTICAS SEGURAS NO USO DE MEDICAMENTOS DO BRASIL (ISMP - Brasil). Medicamentos potencialmente perigosos. [home Page]. Disponível em <http://www.ismp-brasil.org/faq/medicamentos_potencialmente_perigosos.php>. Acesso em 17 set. 2012. • NÉRI, E. D. R. Determinação do perfil dos erros de prescrição de medicamentos em um hospital universitário. [dissertação]. Fortaleza: Universidade Federal do Ceará, Faculdade de Farmácia, Odontologia e Enfermagem, Departamento de Farmácia, 2004. 4. Texto complementar – Questão 8 Prevenção de erros de medicação As consequências clínicas e sociais dos erros de medicação podem ser significativas, por isso a introdução de medidas de prevenção desses erros deve abranger todas as etapas que compõem o ciclo do medicamento, que incluem a embalagem, a identificação, o armazenamento, a prescrição, a dispensação, a preparação e a administração (ANACLETO et al., 2010). As medidas de prevenção de erros de medicação devem ser desenvolvidas e implantadas pelas unidades de saúde, sobretudo para os medicamentos potencialmente perigosos, conceituados como os fármacos que aumentam o risco de provocar danos significativos aos clientes em decorrência de falha no processo de utilização (ANACLETO et al., 2010; ISMP, 2012). De acordo com o Instituto para Práticas Seguras no Uso de Medicamentos do Brasil (ISMP - Brasil), organização não governamental criada em 2009 com o objetivo de prevenir os erros de medicação, e conforme as normas adaptadas do programa do governo espanhol Material Específico – Enfermagem – Tomo 3 – CQA/UNIP 49 para a promoção de práticas seguras no uso de medicamentos de alto risco, a instituição de saúde deve adotar as ações que seguem (ANACLETO et al., 2010; ISMP, 2012). • Estabelecimento e divulgação de uma lista dos medicamentos potencialmente perigosos utilizados na instituição de saúde. • Padronização da prescrição, da dispensação, da preparação, da administração e do armazenamento das medicações. • Utilização de etiquetas auxiliares com cores ou sinais de alerta diferenciados nas embalagens. • Implantação de práticas de dupla checagem na dispensação, no preparo e na administração. • Limitação do número de apresentações e concentrações disponíveis, particularmente anticoagulantes, opiáceos e insulinas. • Retirada, das enfermarias e dos ambulatórios, de soluções concentradas de eletrólitos, particularmente cloreto de potássio injetável. • Estabelecimento e divulgação das doses máximas desses medicamentos a serem administradas. • Melhora no acesso à informação sobre os medicamentos. • Uso de indicadores para o gerenciamento dos erros de medicação. • Incorporação de alertas de segurança nos sistemas informatizados de prescrição e dispensação. Curiosidade. Segundo o Boletim ISMP do Brasil, publicado em agosto de 2012, a água estéril é considerada um medicamento potencialmente perigoso. A água estéril ou água para injeção é amplamente utilizada em pequenos volumes como solvente ou diluente de me- dicamentos compatíveis, ou, ainda, no preparo de soluções para administração intravenosa. Como se trata de uma substância fortemente hipotônica (0 mOsm/L), sua administração intravenosa pode causar hiper-hidratação, redução da concentração total sérica de sódio (hiponatremia), proteínas, hematócrito e hemoglobina, além de provocar hemólise. Por isso, a água estéril em embalagens com volume igual ou superior a 100 mL foi classificada como potencialmente perigosa e sua administração intravenosa deve ser feita com cautela e, exclusivamente, depoisda adição do soluto adequado, garantindo que a solução final esteja aproximadamente isotônica em relação ao plasma sanguíneo. Assim, o profissional de saúde deve estar atento à prescrição e administração endovenosa dessa substância (Boletim ISMP - Brasil, 2012 - vol. 1, nº 3). O referido texto está disponível no sítio <http://www.boletimismpbrasil.org/boletins/pdfs/boletim_ISMP_10.pdf>. Material Específico – Enfermagem – Tomo 3 – CQA/UNIP 50 Questão 9 Questão 9.9 O enfermeiro D. B., responsável pela Central de Material e Esterilização (CME), realizará um treinamento com sua equipe sobre biossegurança na CME. Quais os sete principais temas que ele deverá abordar com a equipe que atua nessa unidade? A. Ergonomia; Equipamento de proteção individual (EPI); Descarte de materiais; Laser; Riscos elétricos e de incêndio; Líquidos voláteis; Estresse e Burnout. B. Ergonomia; Equipamento de proteção individual (EPI); Descarte de materiais; Preparação para situação de emergências e catástrofes; Riscos elétricos e de incêndio; Líquidos voláteis; Estresse e Burnout. C. Ergonomia; Equipamento de proteção individual (EPI); Descarte de materiais; Preparação para situação de emergências e catástrofes; Riscos elétricos e de incêndio; Raios X; Estresse e Burnout. D. Quimioterápicos; Equipamento de proteção individual (EPI); Descarte de materiais; Preparação para situação de emergências e catástrofes; Riscos elétricos e de incêndio; Raios X; Estresse e Burnout. E. Quimioterápicos; Equipamento de proteção individual (EPI); Laser; Preparação para situação de emergências e catástrofes; Riscos elétricos e de incêndio; Raios X; Estresse e Burnout. 1. Introdução teórica Biossegurança na Central de Material Esterilizado (CME) Os artigos médico-hospitalares utilizados em estabelecimentos de saúde para a realização de diagnósticos e de tratamentos ou para a efetuação de procedimentos de saúde, se não forem submetidos aos processos de descontaminação após cada uso, podem tornar-se veículos de transmissão de agentes infecciosos, disseminando infecções nas instituições de saúde (BRASIL, 1994; SOUZA e MOZACHI, 2005). A desinfecção e a esterilização dos artigos empregados na assistência à saúde são processos que podem interromper a cadeia de disseminação dos agentes infecciosos. A desinfecção é o método capaz de eliminar a maioria dos organismos patogênicos da 9Questão 19 - Enade 2010. Material Específico – Enfermagem – Tomo 3 – CQA/UNIP 51 superfície do artigo, com exceção dos esporos, enquanto a esterilização é o processo de destruição de todos os organismos vivos da superfície do material (BRASIL, 1994; SOUZA e MOZACHI, 2005). A Central de Material Esterilizado (CME) constitui a unidade de apoio técnico de um estabelecimento de saúde responsável pelo processamento dos artigos médico-hospitalares, fornecendo artigos livres de agentes contaminantes. A CME é destinada à recepção, ao expurgo, à limpeza, à descontaminação, ao preparo, à esterilização, à guarda e à distribuição dos materiais médico-hospitalares empregados por essas instituições (RDC Nº 50, ANVISA, 2002). O quadro de profissionais de saúde de uma CME deve ser composto por enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem e auxiliares administrativos (SOBECC, 2009). As atividades desenvolvidas diferem de acordo com a área da CME, conforme descrito a seguir (RDC Nº 50, ANVISA, 2002; LEITE, 2012). • Área de recepção, lavagem e descontaminação: • receber, conferir e anotar a quantidade e espécie do material e das roupas recebidos; • desinfetar e separar os materiais recebidos; • verificar o estado de conservação do material e das roupas; • realizar a limpeza dos materiais e das roupas; • encaminhar os materiais e as roupas para a área de preparo. • Área de preparo dos materiais: • verificar as condições de conservação e limpeza das roupas e dos materiais; • preparar, empacotar ou acondicionar os materiais e as roupas a serem esterilizados; • encaminhar o material preparado para a esterilização. • Área de esterilização: • efetuar o processo de esterilização das roupas e dos materiais; • esterilizar as roupas e os materiais por meio dos métodos físicos (calor úmido, calor seco e ionização) e/ou químico (líquido e gás), proporcionando condições de aeração dos produtos esterilizados a gás; • fazer o controle microbiológico e verificar o prazo de validade de esterilização dos produtos esterilizados. • Área de armazenagem e distribuição de materiais descartáveis: • armazenar e distribuir os materiais e as roupas esterilizadas. Material Específico – Enfermagem – Tomo 3 – CQA/UNIP 52 Uma das atividades comuns a todas as áreas da CME é zelar pela proteção e segurança dos trabalhadores (RDC Nº 50, ANVISA, 2002; LEITE, 2012). Em função das atividades exercidas na CME, os profissionais de saúde atuantes nessa unidade estão expostos a diversos riscos ocupacionais, como os citados a seguir (ANVISA, 2010). • Risco biológico: é a exposição aos microrganismos, geneticamente modificados ou não, às culturas de células, aos parasitos, ao sangue e aos fluidos corporais, aos meios de cultura e aos espécimes clínicos. • Risco químico: é relacionado às substâncias, aos compostos ou aos produtos que possam penetrar no organismo pela via respiratória, ou que, pela natureza da exposição, possam ter contato ou ser absorvido pelo organismo através da pele ou por ingestão. • Risco físico: é relacionado à exposição do trabalhador às diversas formas de energia, tais como ruído, calor, pressão, umidade e vibrações. • Risco físico-químico: é a capacidade de um produto reagir com outra substância, produzindo fenômenos físicos como calor, combustão ou explosão ou produzindo substância tóxica. • Risco tóxico: é o efeito nocivo que pode ser causado pela utilização de uma substância tóxica. Depende das propriedades físico-químicas, vias de penetração no organismo, dose, alvos biológicos, capacidade orgânica de eliminação e efeitos sinérgicos com outros agressores. • Risco ergonômico: qualquer fator que pode interferir nas características psicofisiológicas do trabalhador, afetando sua saúde ou causando desconforto. Exemplos: ritmo excessivo de trabalho, levantamento de peso, monotonia, repetitividade e postura inadequada no trabalho. Além das relações de trabalho, por vezes precárias e tensas, reduções contínuas do contingente de trabalhadores da enfermagem, associadas à exigência de maior produtividade, à pressão do tempo e ao aumento da complexidade das tarefas realizadas, constituem fatores psicossociais desencadeantes do estresse ocupacional, ou seja, do estresse relacionado ao trabalho (BRASIL, 2001). Uma das consequências da exposição crônica do profissional aos fatores estressantes nas relações de trabalho é a síndrome de Burnout. A sensação de estar acabado, ou síndrome do esgotamento profissional, está sendo descrita como resultante da vivência Material Específico – Enfermagem – Tomo 3 – CQA/UNIP 53 profissional em um contexto de relações complexas, no qual o trabalhador desgasta-se e, em dado momento, desiste, perde a energia ou “queima”-se completamente, desinteressando-se por sua atividade laboral (BRASIL, 2001). A síndrome de Burnout atinge, sobretudo, os profissionais de serviços ou cuidadores quando em contato direto com usuários e atinge trabalhadores da educação e da saúde, policiais, assistentes sociais e professores, entre outros (BRASIL, 2001). Desse modo, os profissionais atuantes nas instituições de saúde, assim como na CME, estão expostos aos diversos fatores estressantes no ambiente de trabalho, o que pode resultar em estresse ocupacional ou síndrome de Burnout. Em função dos riscos aos quais os trabalhadores de saúde estão expostos, o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) do Brasil estabeleceu, por meio da Norma RegulamentadoraNº 32, as medidas para proteção à segurança e à saúde dos profissionais atuantes nas Unidades de Saúde. Essa norma visa à prevenção de acidentes e de doenças causadas pelo trabalho dos profissionais de saúde, eliminando ou controlando as condições de risco presentes nos Serviços de Saúde, como os agentes de risco biológico, químico, físico e ergonômico (BRASIL, 2005). A NR-32 recomenda a adoção de medidas preventivas e a capacitação de todos os trabalhadores para o exercício do trabalho de modo seguro (BRASIL, 2005). Competem ao enfermeiro a preparação e a capacitação dos profissionais atuantes nas Unidades de Saúde, conforme as necessidades de cada setor específico, para evitar que os trabalhadores sejam acometidos pelas doenças ocupacionais ou pelos acidentes no ambiente de trabalho. 2. Análise das alternativas A – Alternativa incorreta. JUSTIFICATIVA. Os trabalhadores da CME não estão expostos à irradiação proveniente do laser. Esse equipamento é mais utilizado na prestação de atendimento de apoio ao diagnóstico e em terapia. B – Alternativa correta. JUSTIFICATIVA. Os profissionais que atuam na CME estão expostos a todos os riscos citados na alternativa. O uso de equipamentos de proteção individual constitui uma temática que deve ser abordada em todos os setores de qualquer estabelecimento de saúde. Material Específico – Enfermagem – Tomo 3 – CQA/UNIP 54 C – Alternativa incorreta. JUSTIFICATIVA. Os trabalhadores da CME não estão expostos à radiação proveniente dos raios X. Esse equipamento é mais utilizado na prestação de atendimento de apoio ao diagnóstico. D – Alternativa incorreta. JUSTIFICATIVA. Os profissionais que atuam na CME não estão expostos à radiação proveniente dos raios X nem aos agentes quimioterápicos. E – Alternativa incorreta. JUSTIFICATIVA. Os profissionais que atuam na CME não estão expostos à radiação proveniente do laser e dos raios X nem aos agentes quimioterápicos. 3. Indicações bibliográficas • BRASIL. Ministério da Saúde. Coordenação de Controle de Infecção Hospitalar. Processamento de artigos e superfícies em estabelecimentos de saúde. 2. ed. Brasília (DF): Ministério da Saúde, 1994. • BRASIL. Ministério da Saúde. Organização Pan-Americana de Saúde no Brasil. Doenças relacionadas ao trabalho: manual de procedimentos para os serviços de saúde. Organizado por Elisabeth Costa Dias e Idelberto Muniz Almeida et al. Brasília (DF): Ministério da Saúde, 2001. • BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). Resolução – RDC Nº 50, de 21 de fevereiro de 2002. Disponível em <http://www.fiocruz.br/redeblh/media/50_02rdc.pdf>. Acesso em 10 ago. 2012. • BRASIL. Ministério do Trabalho e Educação. Norma regulamentadora 32 (NR 32): segurança e saúde no trabalho em serviços de saúde. Brasília (DF): Ministério da Saúde, 2005. Disponível em <http://portal.mte.gov.br/data/files/8A7C816A350AC8820135161931EE29A3/NR- 32%20(atualizada%202011).pdf>. Acesso em 20 ago. 2012. • BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). Segurança do paciente em serviços de saúde: limpeza e desinfecção de superfícies. Brasília: Anvisa, 2010. Material Específico – Enfermagem – Tomo 3 – CQA/UNIP 55 • LEITE, F. B. Central de material esterilizado. Projeto de Reestruturação e ampliação do Hospital Regional de Francisco Sá [on line]. Disponível em <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/artigos/artigo_CME_flavia_leite.pdf>. Acesso em 10 ago. 2012. • Sociedade Brasileira de Enfermeiros de Centro Cirúrgico (SOBECC). Recuperação anestésica e central de material e esterilização: práticas recomendadas. 5. ed. São Paulo: SOBECC, 2009. • SOUZA, V. H. S.; MOZACHI, N. O hospital: manual do ambiente hospitalar. 2. ed. Curitiba: Manual Real, 2005. 4. Texto complementar – Questão 9 Normas Regulamentadoras As Normas Regulamentadoras (NR) foram publicadas pelo Ministério do Trabalho e Emprego com o objetivo de estabelecer os requisitos legais e técnicos sobre os aspectos mínimos de Segurança e Saúde Ocupacional (SSO). Atualmente, existem 35 Normas Regulamentadoras, das quais merecem destaques as normas que podem ser implementadas nos serviços de saúde, tais como: NR 5 - Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA) NR 7 - Programas de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO) NR 9 - Programas de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA) NR 17 - Ergonomia NR 32 - Segurança e Saúde no Trabalho em Estabelecimento de Saúde Todas as normas regulamentadoras supracitadas devem ser de conhecimento dos profissionais que atuam no setor de saúde, sobretudo a NR-32. Por isso, recomendam-se a leitura e a discussão dessa Norma. Todas as Normas estão disponíveis no sitio do Ministério do Trabalho e do Emprego do Brasil, pelo endereço <http://portal.mte.gov.br/legislacao/normas-regulamentadoras-1.htm>. Material Específico – Enfermagem – Tomo 3 – CQA/UNIP 56 Questão 10 Questão 10.10 BRASIL, Ministério da Saúde. Manual Técnico para controle da tuberculose: caderno de atenção básica. Brasília, 2002. O gráfico acima revela que a tuberculose continua sendo um preocupante problema de saúde no Brasil, exigindo o desenvolvimento de estratégias para o seu controle. Considerando que os casos bacilíferos são a principal fonte de disseminação da doença, para tentar interromper sua cadeia de transmissão, é fundamental a: A. realização de prova tuberculínica cutânea em todas as pessoas com casos suspeitos e em seus comunicantes. B. percepção de que existem pessoas expostas aos bacilos que não desenvolvem a doença, mas a transmitem por meio de materiais de uso comum. C. busca ativa de sintomático respiratório, isto é, de indivíduos com tosse por tempo igual ou superior a seis semanas. D. compreensão de que o conceito de contato abrange os familiares que convivem no mesmo ambiente domiciliar com o caso índice no momento do diagnóstico da tuberculose. E. descoberta precoce de caso novo por meio da busca ativa do sintomático respiratório na população com tosse há mais de três semanas. 10Questão 20 - Enade 2010. Material Específico – Enfermagem – Tomo 3 – CQA/UNIP 57 1. Introdução teórica Tuberculose A tuberculose é uma doença infectocontagiosa que atinge principalmente o pulmão, com maior predomínio nos indivíduos economicamente ativos (15 a 54 anos) e do gênero masculino (BRASIL, 2008). Segundo dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN/MS), no Brasil são notificados anualmente 85 mil casos novos da doença, correspondendo a um coeficiente de incidência de 47/100.000 habitantes, sendo verificados cerca de 6 mil óbitos por ano em decorrência da tuberculose (BRASIL, 2002). O agente etiológico da tuberculose é o Mycobacterium tuberculosis, também denominado de bacilo de Koch (BK), que se propaga pelo ar, por meio de gotículas contendo os bacilos expelidos pelo doente com tuberculose pulmonar ao tossir, espirrar ou falar em voz alta. Quando a pessoa sadia inala as gotículas contendo os bacilos, o sistema imunológico geralmente intervém, impedindo a multiplicação dos bacilos e o desenvolvimento da doença. As pessoas são consideradas infectadas, mas não estão doentes e não transmitem o bacilo (BRASIL, 2002). Uma vez infectada, a pessoa pode desenvolver a doença em qualquer momento de sua vida, quando o sistema imune não puder mais manter os bacilos “sob controle”. De acordo com o Ministério da Saúde (2002; 2008), apenas cerca de 10% das pessoas infectadas adoecem, metade delas durante os dois primeiros anos após a infecção e a outra metade ao longo de sua vida. Em 5% dos indivíduos infectados, ocorre a implantação dos bacilos no parênquima pulmonar ou nos linfonodos, iniciando-se o processo de multiplicação dos BK, o que origina o quadro da tuberculose (BRASIL, 2008). A transmissão do bacilo deKoch é plena quando o indivíduo infectado estiver doente, eliminando bacilos, e não tiver iniciado o tratamento. Com o início do esquema terapêutico recomendado, a transmissibilidade é reduzida, gradativamente, em 2 semanas (BRASIL, 2008). Os principais sintomas da tuberculose são a tosse com expectoração por três semanas ou mais, a falta de apetite e o emagrecimento, a dispneia, a astenia, a dor torácica, a sudorese noturna e a febre. A sintomatologia que mais chama a atenção, na maioria dos casos, é a febre, habitualmente moderada, persistente por mais de 15 dias e, frequentemente, vespertina (BRASIL, 2008; 2010). Material Específico – Enfermagem – Tomo 3 – CQA/UNIP 58 O histórico de contato, intradomiciliar ou não, com uma pessoa com tuberculose e a apresentação dos sinais e sintomas sugestivos da doença são os principais indícios para a investigação da enfermidade. O diagnóstico da doença é feito por meio do exame clínico, baseado na sintomatologia e na história epidemiológica, e da baciloscopia direta do escarro, indicada para os sintomáticos respiratórios (indivíduos com tosse com expectoração há três semanas ou mais) e contatos de doentes com tuberculose. A cultura do Bacilo de Koch é outro método indicado para o diagnóstico de pessoas suspeitas de tuberculose pulmonar com baciloscopia repetidamente negativa e para o diagnóstico de formas extrapulmonares da doença (BRASIL, 2002; 2008; 2010). O exame radiológico (raios X) é um método auxiliar para o diagnóstico da tuberculose que permite avaliar as lesões e a evolução clínica do doente. A prova tuberculínica (PT) também é um método auxiliar para o diagnóstico da doença, sobretudo da infecção latente (BRASIL, 2002; 2008; 2010). A partir da confirmação do diagnóstico da tuberculose, os profissionais de saúde devem notificar o caso à Vigilância Epidemiológica do município, por se tratar de uma doença de notificação compulsória. Apesar de ser uma doença grave, a tuberculose é curável em praticamente 100% dos casos novos (BRASIL, 2002; 2008; 2010). O tratamento dos bacilíferos é a atividade prioritária para o controle da tuberculose, permitindo anular rapidamente as maiores fontes de transmissão. Poucos dias após o início da quimioterapia correta (15 dias) e havendo melhora clínica, os bacilos praticamente perdem seu poder infectante e o paciente pode ser considerado não infectante (BRASIL, 2002; 2008; 2010). O tratamento dos casos novos de tuberculose pulmonar com baciloscopia positiva pode ser iniciado por um profissional capacitado, com prescrição médica prévia, na Unidade de Saúde mais próxima à residência do doente. A hospitalização é indicada somente nos casos graves ou nos casos de maior probabilidade de abandono do tratamento (BRASIL, 2008; 2010). O esquema de tratamento da tuberculose diferencia-se de acordo com a evolução e o tipo de tuberculose, conforme apresentado no quadro 1. Quadro 1. Esquemas preconizados segundo situação de tratamento do paciente e unidades de atendimento. Situação Esquema indicado Local de realização Caso novo Esquema básico Atenção básica Com tratamento anterior: Recidiva após cura Esquema básico até o resultado da cultura Atenção básica Material Específico – Enfermagem – Tomo 3 – CQA/UNIP 59 Retorno após abandono Referência terciária Tratamentos especiais: Hepatopatias, HIV/Aids, uso imunossupressores, grandes efeitos colaterais Esquemas especiais Referência secundária Tuberculose meningoencefálica Esquema para meningoencefalite Hospitais inicialmente Falência por multirresistência ao tratamento antituberculose Esquemas especiais para multirresistência Referência terciária Fonte. BRASIL. Ministério da Saúde; 2010. Em 2009, o sistema de tratamento da tuberculose no Brasil foi revisado pelo Programa Nacional de Controle da Tuberculose, juntamente com o seu Comitê Técnico Assessor. Em função do aumento da resistência primária à isoniazida (de 4,4 para 6,0%), o Etambutol foi introduzido como quarto fármaco na fase intensiva de tratamento (dois primeiros meses) do Esquema Básico (BRASIL, 2010). Atualmente, utiliza-se o Esquema Básico, com Rifampicina (R), Isoniazida (H), Pirazinamida (Z) e Etambutol (E), via oral, em regime diário, sob supervisão de um profissional de saúde durante seis meses para o tratamento de casos novos (2RHZE/4RH). Para todos os casos de retratamento, serão solicitados cultura, identificação e teste de sensibilidade, iniciando-se o tratamento com o Esquema Básico até o resultado desses. Os casos que evoluem para falência do tratamento devem ser criteriosamente avaliados quanto ao histórico terapêutico, à adesão aos tratamentos anteriores e à comprovação de resistência aos medicamentos. Esses casos receberão o Esquema Padronizado para Multirresistência ou Esquemas Especiais individualizados (BRASIL, 2010). A prevenção da disseminação da doença deve ser realizada por meio da investigação e do acompanhamento dos contatos dos doentes, especialmente os intradomiciliares, com a identificação dos sintomáticos respiratórios. As ações de diagnóstico e tratamento precoces e a busca ativa de bacilíferos na população de sintomáticos respiratórios e nos contatos dos doentes são as principais estratégias para reduzir a transmissão do bacilo da tuberculose. A investigação da vacinação contra tuberculose, pela vacina BCG, também é uma importante estratégia para evitar a disseminação da doença (BRASIL, 2002; 2008; 2010). A educação em saúde constitui um forte recurso para a prevenção da disseminação da tuberculose, que deve ser amplamente empregada pelos profissionais de saúde e, especialmente, pelo enfermeiro. O desconhecimento da população leva à discriminação do doente nos âmbitos familiar e profissional. No entanto, programas mais efetivos para o Material Específico – Enfermagem – Tomo 3 – CQA/UNIP 60 controle da tuberculose ainda são necessários, assim como melhorias nas condições de vida e de saneamento básico, medidas simples que poderiam auxiliar na redução dos casos da doença no Brasil e no mundo (BRASIL, 2002; 2008; 2010). 2. Análise das alternativas A – Alternativa incorreta. JUSTIFICATIVA. A prova tuberculínica é um método auxiliar para o diagnóstico da tuberculose, mas não é um recurso que interrompe a cadeia de transmissão da doença. B – Alternativa incorreta. JUSTIFICATIVA. Somente a percepção de que existem pessoas expostas ao bacilo não interrompe a cadeia de transmissão da doença. Além disso, o bacilo de Koch é transmitido quando o indivíduo infectado estiver doente. Desse modo, as pessoas expostas ao bacilo que não desenvolvem a doença não são fontes de transmissão e disseminação da tuberculose. C – Alternativa incorreta. JUSTIFICATIVA. A busca ativa para a identificação dos sintomáticos respiratórios é fundamental para evitar a disseminação da tuberculose, no entanto, é considerado sintomático respiratório o indivíduo com tosse por tempo superior a 3 semanas e não 6, conforme citado na alternativa. D – Alternativa incorreta. JUSTIFICATIVA. Apenas compreender que o contato abrange os familiares e as pessoas que convivem com o caso índice (doente) não é suficiente para impedir a transmissão do bacilo. Para isso, são fundamentais o diagnóstico e o tratamento precoce. E – Alternativa correta. JUSTIFICATIVA. Ações de diagnóstico e tratamento precoce de caso novo e a busca ativa dos bacilíferos na população com sintomáticos respiratórios (com tosse há mais de 3 semanas) e nos contatos dos doentes são as principais estratégias para evitar a transmissão do bacilo da tuberculose. Material Específico – Enfermagem – Tomo 3 – CQA/UNIP 61 3. Indicações bibliográficas • BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Políticas de Saúde. Departamento de Atenção Básica. Manual técnico para o controle da tuberculose:cadernos de atenção básica. 6. ed. Brasília (DF): Ministério da Saúde, 2002. • BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância Epidemiológica. Doenças infecciosas e parasitárias: guia de bolso. 7. ed. Brasília (DF): Ministério da Saúde, 2008. • BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Programa Nacional de Controle da Tuberculose. Manual de recomendações para o controle da tuberculose no Brasil. Brasília (DF): Ministério da Saúde, 2010. 4. Texto complementar – Questão 10 Diagnóstico da tuberculose O diagnóstico da tuberculose é definido, geralmente, por meio do exame clínico feito pelo profissional de saúde e da baciloscopia direta do escarro. No Brasil, a técnica mais utilizada para a baciloscopia do indivíduo com suspeita de tuberculose (com tosse e expectoração há 3 semanas ou mais) é a pesquisa do bacilo álcool-ácido resistente (BAAR) pelo método de Ziehl-Nielsen (BRASIL, 2002; 2008; 2010). A prova tuberculínica (PT), método auxiliar para o diagnóstico da tuberculose, consiste na inoculação intradérmica de um derivado proteico do M. tuberculosis para medir a resposta imune celular a estes antígenos. No Brasil, a tuberculina utilizada é o PPD RT23, por isso a denominação teste de PPD para a prova tuberculínica. Quando reatora, isoladamente, a PT indica apenas a presença de infecção e não é suficiente para o diagnóstico da doença. Reações falso-positivas da PT podem ocorrer em indivíduos infectados por outras micobactérias ou vacinados com a BCG, sobretudo se vacinados (ou re-vacinados) após o primeiro ano de vida (BRASIL, 2002; 2008; 2010). Material Específico – Enfermagem – Tomo 3 – CQA/UNIP 62 ÍNDICE REMISSIVO Questão 1 Infarto Agudo do Miocárdio (IAM). Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DOC). Pneumonia. Questão 2 Heparina. Questão 3 Parasitoses. Questão 4 Dengue. Questão 5 Esclerose múltipla. Questão 6 Cuidados de enfermagem no pré-operatório. Questão 7 Estratégia Saúde da Família e Saúde Mental no Brasil. Questão 8 Erros de medicação. Questão 9 Biossegurança na Central de Material Esterilizado (CME). Questão 10 Tuberculose. Material Específico – Enfermagem – Tomo 4 – CQA/UNIP 2 CQA - COMISSÃO DE QUALIFICAÇÃO E AVALIAÇÃO ENFERMAGEM MATERIAL INSTRUCIONAL ESPECÍFICO Tomo 4 Material instrucional específico, cujo conteúdo integral ou parcial não pode ser reproduzido ou utilizado sem autorização expressa, por escrito, da CQA/UNIP – Comissão de Qualificação e Avaliação da UNIP - UNIVERSIDADE PAULISTA. Material Específico – Enfermagem – Tomo 4 – CQA/UNIP 3 Questão 1 Questão 1.1 O conhecimento do enfermeiro com relação aos resíduos sólidos de saúde faz parte de sua atuação profissional. A Norma Regulamentadora Nº 32 (NR-32) dedicou especial atenção ao tratamento dos resíduos, por suas implicações na biossegurança pessoal e no meio ambiente. É importante ressaltar que a NR-32 não desobriga o cumprimento da Resolução ANVISA RDC Nº 306, de 7 de dezembro de 2004, e da Resolução CONAMA Nº 358, de 29 de abril de 2005. Essas resoluções dispõem acerca do Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde (PGRSS) e da necessidade da designação de profissional com registro ativo junto ao seu conselho de classe. Com base nessas legislações, qual das opções a seguir apresenta procedimento inadequado em relação aos resíduos? A. Os recipientes existentes em uma sala de cirurgia e de parto não necessitam de tampa de vedação. B. Para recipientes destinados à coleta de material perfurocortante, o limite máximo de enchimento deve estar localizado 5 cm abaixo do bocal. C. O recipiente para acondicionamento de perfurocortante deve ser mantido em suporte exclusivo e em altura que permita a visualização da abertura para descarte. D. O transporte manual do recipiente de segregação deve ser realizado de forma que não exista contato do mesmo com outras partes do corpo, sendo vedado o arrasto. E. Sempre que o transporte do recipiente de segregação possa comprometer a segurança e a saúde do trabalhador, devem ser improvisados por ele meios mais apropriados para não comprometer sua integridade física. 1. Introdução teórica Saúde do trabalhador: Norma Regulamentadora Nº 32 (NR-32) No Brasil, as Normas Regulamentadoras (NRs) relativas à Segurança e Medicina do Trabalho foram aprovadas pela Portaria Nº 3.214, de 08 de junho de 1978. Essa portaria regulamentou e forneceu orientações sobre os procedimentos obrigatórios relacionados à segurança e à medicina do trabalho no país (BRASIL, 1978). 1Questão 21 – Enade 2010. Material Específico – Enfermagem – Tomo 4 – CQA/UNIP 4 Atualmente, o Ministério do Trabalho e Emprego estabelece 35 Normas Regulamentadoras que devem ser de observância obrigatória pelas empresas privadas e públicas e pelos órgãos públicos da administração direta e indireta, bem como pelos órgãos dos Poderes Legislativo e Judiciário, que tenham empregados regidos pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) (BRASIL, 1978; 2012). A Norma Regulamentadora número 32 (NR-32) foi aprovada pela Portaria GM Nº 485, de 11 de novembro de 2005, pela Portaria GM Nº 939, de 18 de novembro de 2008, e pela Portaria GM Nº 1.748, de 30 de agosto de 2011. Essa NR estabelece as diretrizes básicas para a implementação de medidas de proteção à segurança e à saúde dos trabalhadores dos serviços de saúde, assim como dos profissionais que exercem atividades de promoção e assistência à saúde em geral (BRASIL, 2005). De acordo com a NR-32, qualquer edificação destinada à prestação de assistência à saúde da população e a todas as ações de promoção, recuperação, assistência, pesquisa e ensino em saúde humana em qualquer nível de complexidade é considerada um serviço de saúde (BRASIL, 2005). A definição de serviço de saúde incorpora o conceito de edificação. Desse modo, todos os profissionais que exerçam atividades nessas edificações, relacionadas ou não com a promoção e assistência à saúde, são abrangidos pela norma, incluindo os trabalhadores responsáveis pela higienização, reforma e manutenção da edificação e de seus recursos materiais (BRASIL, 2005). A NR-32 visa à prevenção de acidentes e de doenças causadas pelo trabalho dos profissionais que atuam na área da saúde, eliminando ou controlando as condições de risco presentes nos serviços de saúde, que incluem os riscos biológicos, químicos, físicos e ergonômicos, os resíduos de saúde, as lavanderias, a limpeza e conservação dos materiais e utensílios e a manutenção de máquinas e equipamentos (BRASIL, 2005). O item 32.5 da referida Norma aborda as disposições preventivas dos resíduos dos serviços de saúde e discorre sobre • a responsabilidade do empregador na capacitação continuada dos profissionais envolvidos nas atividades de segregação, acondicionamento e transporte dos resíduos; • as definições, a classificação e o potencial de risco dos resíduos; • o sistema de gerenciamento adotado internamente no estabelecimento; • as formas de redução da geração de resíduos; • o conhecimento das responsabilidades e tarefas; • o reconhecimento dos símbolos de identificação das classes de resíduos; Material Específico – Enfermagem – Tomo 4 – CQA/UNIP 5 • o conhecimento a respeito da utilização dos veículos de coleta e as orientações quanto ao uso de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs). O item 32.5.2 da NR-32 trata da utilização dos sacos plásticos usados no acondicionamento dos resíduos de saúde. Eles devem ser preenchidos até 2/3 de sua capacidade; fechados de tal forma que não se permita o seu derramamento, mesmo que virados com a abertura para baixo; retirados imediatamente do local de geração após o preenchimento e fechamento; e mantidos íntegros até o tratamento oua disposição final do resíduo (BRASIL, 2005). A NR-32 indica que a segregação dos resíduos deve ser realizada no local onde são gerados, com a utilização de recipientes que atendam às normas da ABNT. Os recipientes devem ser constituídos de material lavável, resistente à punctura, à ruptura e ao vazamento, com tampa provida de sistema de abertura sem contato manual, com cantos arredondados e resistentes ao tombamento. Devem estar localizados próximos da fonte geradora, devidamente identificados e sinalizados, segundo as normas da ABNT (BRASIL, 2005). Com relação ao controle do resíduo hospitalar, a NR-32 estabelece ainda que os recipientes existentes nas salas de cirurgia e de parto não necessitam de tampa para vedação. Para os recipientes destinados à coleta de material perfurocortante, o limite máximo de enchimento deve estar localizado 5 cm abaixo do bocal. O recipiente para acondicionamento dos perfurocortantes deve ser mantido em suporte exclusivo e em uma altura que permita a visualização da abertura para descarte. O transporte manual do recipiente de segregação deve ser realizado de forma que não exista o contato deste com outras partes do corpo, sendo vedado o arrasto. Sempre que o transporte do recipiente de segregação possa comprometer a segurança e a saúde do trabalhador, devem ser utilizados meios técnicos apropriados, de modo a preservar a sua saúde e integridade física (BRASIL, 2005). Além disso, a NR-32 estabelece as condições mínimas da sala de armazenamento temporário dos recipientes de transporte e os requisitos no transporte dos resíduos para a área de armazenamento externo. Torna obrigatória a existência de um local apropriado para o armazenamento externo dos resíduos até que sejam recolhidos pelo sistema de coleta externa (BRASIL, 2008). De modo geral, a NR-32 aborda a implementação de medidas de proteção à saúde e à segurança dos trabalhadores dos serviços de saúde. Por isso, para a atuação profissional, é importante que o enfermeiro tenha conhecimento acerca dessa norma. Material Específico – Enfermagem – Tomo 4 – CQA/UNIP 6 2. Análise das alternativas Para resolução dessa questão, é importante observar que o enunciado solicita que o aluno aponte apenas uma das opções: a que indica um procedimento considerado inadequado em relação aos resíduos. A – Alternativa correta. JUSTIFICATIVA. De acordo com a NR-32, os recipientes existentes nas salas de cirurgia e de parto não necessitam de tampa para vedação. Portanto, o procedimento está adequado em relação aos resíduos. B – Alternativa correta. JUSTIFICATIVA. De acordo com a NR-32, para recipientes destinados à coleta de material perfurocortante, o limite máximo de enchimento deve estar localizado a 5 cm abaixo do bocal. Portanto, o procedimento está adequado em relação aos resíduos. C – Alternativa correta. JUSTIFICATIVA. De acordo com a NR-32, o recipiente para acondicionamento de perfurocortante deve ser mantido em suporte exclusivo e em altura que permita a visualização da abertura para descarte. Portanto, o procedimento está adequado em relação aos resíduos. D – Alternativa correta. JUSTIFICATIVA. De acordo com a NR-32, o transporte manual do recipiente de segregação deve ser realizado de forma que não exista o contato dele com outras partes do corpo, sendo vedado o seu arrasto. Portanto, o procedimento está adequado em relação aos resíduos. E – Alternativa incorreta. JUSTIFICATIVA. De acordo com a NR-32, sempre que o transporte do recipiente de segregação possa comprometer a segurança e a saúde do trabalhador, devem ser utilizados meios técnicos apropriados, de modo a preservar a sua saúde e integridade física. Os meios devem ser técnicos e não devem ser improvisados pelo profissional de saúde. Portanto, o procedimento está inadequado em relação aos resíduos. Material Específico – Enfermagem – Tomo 4 – CQA/UNIP 7 3. Indicações bibliográficas • BRASIL. Ministério do Trabalho e do Emprego. Portaria GM Nº 3.214, de 08 de junho de 1978 – NR 1 – Disposições Gerais (DOU 06/07/78). Disponível em <http://www.mte.gov.br/legislacao/normas_regulamentadoras/default.asp>. Acesso em 18 abr. 2011. • BRASIL. Ministério do Trabalho e do Emprego. Portaria GM Nº 485, de 11 de novembro de 2005 – NR 32 – Disposições Gerais (DOU 16/11/05). Disponível em <http://www.mte.gov.br/legislacao/normas_regulamentadoras/default.asp>. Acesso em 18 abr. 2011. • BRASIL. Ministério do Trabalho e do Emprego. Riscos Biológicos: guia técnico. Os riscos biológicos no âmbito da Norma Regulamentadora Nº. 32. Brasília: Ministério da Saúde, 2008. Disponível em <http://www.mte.gov.br/seg_sau/guia_tecnico_cs3.pdf>. Acesso em 18 abr. 2011. 4. Texto complementar – Questão 1 Leitura complementar Sugere-se a leitura e a discussão da Norma Regulamentadora Nº 32, encontrada na íntegra no endereço eletrônico <http://portal.mte.gov.br/legislacao/normas- regulamentadoras-1.htm>. Material Específico – Enfermagem – Tomo 4 – CQA/UNIP 8 Questão 2 Questão 2.2 Um paciente de 2 meses de idade nasceu pré-maturo em uma UTI neonatal e está sob cuidados – ligado a um cateter venoso central, com 1 via em jugular D e SNE para receber leite materno, sendo que as administrações estavam sendo realizadas por uma mesma bomba de infusão. Às 12 h, foi inserido o leite materno na bomba de infusão para administração pela SNE pelo enfermeiro do plantão da manhã e, às 13 h, o enfermeiro do plantão da tarde desligou o equipamento ao término da infusão e detectou que o leite materno havia sido conectado à via de infusão endovenosa. O equívoco na conexão pode ter sido ocasionado por fator I. técnico, pela semelhança e compatibilidade entre os conectores. II. organizacional, pela utilização de bombas de infusão diferentes para administração de soluções intravenosas e dietas enterais. III. humano, devido ao acúmulo de tarefas, levando à não interrupção de atividades, à desatenção e à falta de descanso. É correto o que se afirma em A. I, apenas. B. II, apenas. C. I e III, apenas. D. II e III, apenas. E. I, II e III. 1. Introdução teórica Erro profissional A Enfermagem é uma profissão comprometida com a saúde e com a qualidade de vida da pessoa, da família e da coletividade. O profissional de Enfermagem, seja o enfermeiro, o técnico ou o auxiliar, deve exercer suas atividades com competência para a promoção do ser humano em sua integralidade, respeitando a vida, a dignidade e os direitos humanos em todas as suas dimensões (COFEN, 2009). 2Questão 22 - Enade 2010. Material Específico – Enfermagem – Tomo 4 – CQA/UNIP 9 O exercício da Enfermagem está pautado nas normas do Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem (CEPE), que inclui princípios, direitos, responsabilidades, deveres e proibições pertinentes à conduta ética dos profissionais de Enfermagem. As normas do CEPE consideram a necessidade e o direito de assistência em Enfermagem da população, assim como os interesses dos profissionais e sua organização (CEPE, 2007 apud COFEN, 2009). De acordo com os artigos 12 e 21 do CEPE (2007), a Enfermagem é responsável pela proteção à pessoa, à família ou à comunidade, assegurando-lhe assistência livre de danos provocados por imperícia, negligência ou imprudência. Negligência significa a falta de cuidado ao exercer determinada ação, ou seja, é o desleixo, a preguiça ou o descuido, caracterizando-se como inércia, passividade, omissão e desatenção. Imperícia refere-se à falta de conhecimento para o exercício da ação, ou seja, é o desconhecimento ou a inabilidade técnico-científica. Imprudência é a prática de determinada ação mesmo com a consciência de que ela poderá causar dano ao outro, significa uma ação sem o cuidado necessário, ou seja, é atuar de modo precipitado ouimpulsivo (COIMBRA E CASSIANI, 2001; FONTANA E LAUTERT, 2008). A prática de ações danosas pela equipe de Enfermagem, decorrente de negligência, imperícia ou imprudência, mesmo que não haja intenção ou vontade deliberada, é considerada uma forma culposa de crime e o profissional pode responder a um processo civil e ético em função do erro cometido. São exemplos de práticas culposas de crime: a injeção de substâncias estranhas, a introdução inadvertida de ar por via endovenosa, a administração de doses ou medicamentos errados e a administração de medicamento pela via errada (COIMBRA e CASSIANI, 2001). Os erros na administração dos medicamentos, um dos indicadores da qualidade da assistência prestada aos clientes hospitalizados, podem ocorrer pela falta de atenção (negligência), pelo desconhecimento (imperícia) e pela atuação sem o cuidado necessário (imprudência) do profissional da Enfermagem (FREITAS, 2005). Esses erros podem agravar o estado de saúde dos pacientes e desencadear relevantes repercussões econômicas e sociais (CARVALHO e CASSIANI, 2000; ANACLETO et al., 2010). É importante mencionar que diversos aspectos podem desencadear o erro na administração de uma medicação, dentre eles, citam-se: • fatores relacionados à organização do trabalho, como o acúmulo de atividades, recursos humanos insuficientes e mal qualificados, locais desprovidos de materiais, aparelhos e recursos financeiros; Material Específico – Enfermagem – Tomo 4 – CQA/UNIP 10 • fatores relacionados ao ambiente, como planta física inadequada, frequentes interrupções de outros profissionais durante a preparação da medicação pelo profissional da Enfermagem, presença de ruídos e luminosidade; • fatores relacionados ao trabalho, como a sobrecarga de trabalho, a fadiga, o estresse e a desatenção no ambiente de trabalho (CARVALHO e CASSIANI, 2000). Conforme já referido, os profissionais de Enfermagem devem garantir assistência segura e eficaz, isenta de riscos e prejuízos ao cliente. Entretanto, a literatura reconhece que esses profissionais, assim como qualquer ser humano, são passíveis de cometer erros (CARVALHO e CASSIANI, 2000; COLI, ANJOS e PEREIRA, 2010). Na ocorrência de um erro, a instituição de saúde deve iniciar, imediatamente, uma investigação completa, identificando e documentando os detalhes exatos da natureza do evento, evitando que a culpa recaia apenas sobre o profissional de Enfermagem (CARVALHO e CASSIANI, 2000). Para assegurar aos clientes o direito de que lhes seja prestada assistência livre de danos ou prejuízos decorrentes de erros do profissional, é necessário que a instituição de saúde propicie um ambiente seguro, com disponibilidade de recursos humanos, físicos e materiais. O investimento na educação dos profissionais de saúde e dos pacientes também é um elemento essencial para garantir esse direito à clientela (FREITAS, 2005). Para Freitas (2005), fica incoerente a preocupação institucional apenas com os riscos aos quais os clientes estão expostos. Se não houver investimentos, não serão evitadas as principais causas de erro profissional, como o despreparo técnico, as más condições de trabalho e a remuneração insuficiente, que resultam da dupla ou tripla jornada de trabalho diário de muitos profissionais da Enfermagem. É um dever ético dos profissionais de Enfermagem evitar riscos desnecessários aos clientes, mas também é um dever da instituição de saúde propiciar as condições de trabalho seguras para a prática da Enfermagem (FREITAS, 2005). 2. Análise das afirmativas I – Afirmativa correta. JUSTIFICATIVA. O enfermeiro do plantão da manhã deveria ter infundido o leite materno na via correta, ou seja, pela SNE. Houve um erro técnico de administração da dieta, no caso, do leite materno, em função da semelhança entre os conectores. Material Específico – Enfermagem – Tomo 4 – CQA/UNIP 11 II – Afirmativa incorreta. JUSTIFICATIVA. Ambas as administrações foram realizadas pela mesma bomba de infusão. Não se considera erro organizacional porque uma mesma bomba de infusão pode ser utilizada para administração de soluções intravenosoas e dietas enterais, desde que em horários diferentes e com os cuidados devidos. III – Afirmativa correta. JUSTIFICATIVA. Pode-se considerar o erro como uma falha humana em função da sobrecarga de trabalho, que gera a desatenção no ambiente de trabalho e pode desencadear erros na administração de medicamentos/dieta. Alternativa correta: C. 3. Indicações bibliográficas • ANACLETO, T. A.; ROSA, M. B; NEIVA, H. M.; MARTINS, M. A. P. Erros de Medicação. Farmácia Hospitalar. Pharmacia Brasileira, 2010; jan./fev. • BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). Farmacovigilância. Erros de medicação. [home page]. Disponível em <http://www.anvisa.gov.br>. Acesso em 21 set. 2011. • CARVALHO, V. T; CASSIANI, S. H. B. Erros na medicação: análise das situações relatadas pelos profissionais de Enfermagem. Medicina, 2000, jul./set.; 33:322-330. • CARVALHO, V. T; CASSIANI, S. H. B. Erros na medicação e consequências para profissionais de Enfermagem e clientes: um estudo exploratório. Rev. Latino-am. Enfermagem, 2002; 10(4):523-9. • COIMBRA, J. A. H; CASSIANI, S. J. B. Responsabilidade da Enfermagem na administração de medicamentos: algumas reflexões para uma prática segura com qualidade de assistência. Rev. Latino-am. Enfermagem 2001; 9(2):56-60. • COLI, R. C. P.; ANJOS, M. F.; PEREIRA, L. L. Postura dos enfermeiros de uma unidade de terapia intensiva frente ao erro: uma abordagem à luz dos referenciais bioéticos. Rev. Latino-am. Enfermagem [internet]. mai-jun 2010; 18(3):07 telas. Disponível em <http://www.scielo.br/pdf/rlae/v18n3/pt_05.pdf>. Acesso em 21 set. 2011. • CONSELHO FEDERAL DE ENFERMAGEM. COFEN. Resolução No 311, de 9 de fevereiro de 2007, do Conselho Federal de Enfermagem. Código de Ética dos Profissionais de Material Específico – Enfermagem – Tomo 4 – CQA/UNIP 12 Enfermagem [online]. Disponível em <http://www.portalcofen.gov.br/2007/materias.asp?ArticleID=7323§ionID=37>. Acesso em 21 set. 2011. • FONTANA, T. T.; LAUTERT, L. Aspectos ético-legais do controle da infecção hospitalar: algumas reflexões relativas ao enfermeiro. Cienc. Cuid. Saúde, 2008, out/dez; 7(4): 546- 550. • FREITAS, G. F. A responsabilidade ético-legal do enfermeiro. In: OGUISSO, T. (org.). Trajetória histórica e legal da Enfermagem. Barueri (SP): Manole; 2005. p.173-200. • NÉRI, E. D. R. Determinação do perfil dos erros de prescrição de medicamentos em um hospital universitário. [dissertação]. Fortaleza: Universidade Federal do Ceará, Faculdade de Farmácia, Odontologia e Enfermagem, Departamento de Farmácia; 2004. 4. Texto complementar – Questão 2 Pesquisas científicas sobre erros de medicação Nos últimos anos, estudos relacionados à segurança do paciente observaram que os erros de medicação devem ser considerados um problema mundial de saúde pública, visto que são ocorrências comuns passíveis de assumir dimensões clinicamente significativas e impor custos relevantes ao sistema de saúde (ANACLETO et al., 2010). De acordo com a análise de Anacleto et al. (2010), anualmente, nos Estados Unidos da América, 44.000 a 98.000 indivíduos morrem devido a erros médicos e aproximadamente 7.000 somente por erros de medicação. Conforme citado no estudo, 39% dos erros ocorrem no ato da prescrição; 12%, na transcrição do médico; 11%, na dispensação; e 38%, na administração dos medicamentos (ANACLETO et al., 2010). No Brasil, pouco se sabe sobre os erros de medicação, o perfil dos erros e a segurança dos processos de prescrição medicamentosa. No entanto, o número de casos de erros de medicação está aumentando. Estudo desenvolvido em uma Unidade de Clínica Médica de um hospital universitário revelou que, em 75,3% dos medicamentos prescritos, foram omitidas informaçõesrelevantes para garantir a segurança da dispensação e da administração do medicamento. Em 98,4% dos itens medicamentosos prescritos foram utilizadas abreviaturas, o que aumenta a possibilidade da ocorrência de erros de medicação (NÉRI, 2004). http://www.portalcofen.gov.br/2007/materias.asp?ArticleID=7323§ionID=37 Material Específico – Enfermagem – Tomo 4 – CQA/UNIP 13 Mais recentemente, a área de Farmacovigilância da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) disponibilizou o formulário de "Erro de medicação" para que os profissionais de saúde possam notificar os casos de suspeita de erros de medicação. Tal iniciativa contribui para a pesquisa sobre a frequência de casos e, assim, para a prevenção dos erros de medicação no Brasil. As notificações são mantidas no anonimato (ANVISA, 2012). Material Específico – Enfermagem – Tomo 4 – CQA/UNIP 14 Questão 3 Questão 3.3 Avalie as asserções a seguir. O indicador que melhor retrata o que ocorre durante a fase fetal é o peso de nascimento da criança. PORQUE Pesos ao nascer menores do que 2.500g podem ser decorrentes de prematuridade e (ou) déficit de crescimento intrauterino. Recém-nascidos com menos de 2.500g são classificados, genericamente, como de baixo peso ao nascer. A. As duas asserções são proposições verdadeiras, e a segunda asserção justifica a primeira. B. As duas asserções são proposições verdadeiras, e a segunda asserção não justifica a primeira. C. A primeira asserção é uma proposição verdadeira, e a segunda é uma proposição falsa. D. A primeira asserção é uma proposição falsa, e a segunda é uma proposição verdadeira. E. As duas asserções são proposições falsas. 1. Introdução teórica Peso ao nascer O período de crescimento intrauterino é de vital importância para o ser humano. É nesse período que se observa maior velocidade de crescimento do corpo, caracterizado por uma sequência de crescimento, diferenciação e maturação de órgãos e tecidos que são determinados pela oferta materna de nutrientes, pela transferência placentária desses nutrientes e pelo potencial de crescimento determinado pelo genoma humano (BRASIL, 2002; RUDGE, 2005). A maior parte do conhecimento atual sobre o crescimento fetal normal ou anormal está fundamentada nos pesos padrões que constituem o ponto de referência para a avaliação do crescimento (RUDGE, 2005). A determinação do peso do feto, que pode ser estimado pela ultrassonografia, constitui um meio de avaliar o bem-estar fetal e a evolução do crescimento e desenvolvimento do feto no decorrer da gestação, sendo importante para 3Questão 23 - Enade 2010. Material Específico – Enfermagem – Tomo 4 – CQA/UNIP 15 a redução da morbimortalidade infantil associada à restrição do crescimento intrauterino (CECATTI et al., 2000). De acordo com o Ministério da Saúde (2002), o peso de nascimento da criança é o indicador que melhor retrata o que ocorreu durante a fase fetal. Bertagnon et al. (2008) complementam que, a partir do conhecimento do peso do recém-nascido (RN) para determinada idade gestacional, podem ser elaboradas curvas de percentil, que permitem a classificação das crianças em apropriadas, pequenas ou grandes para a idade gestacional, permitindo também a correlação do peso com a morbidade e mortalidade do RN (BERTAGNON et al., 2008). Correlacionando o peso do recém-nascido e a idade gestacional, os neonatos podem ser classificados conforme segue (RICCI, 2008). • Pequeno para a idade gestacional (PIG): recém-nascido que apresenta valor inferior ao percentil 10 de peso ao nascer, segundo a idade gestacional. Um recém-nascido a termo com menos de 2.500 g é considerado PIG. • Apropriado para idade gestacional (AIG): bebês com peso, altura, circunferência cefálica e índice da massa corporal (IMC) adequados à idade gestacional. • Grande para a idade gestacional (GIG): recém-nascido com peso acima do percentil 97 em um gráfico de crescimento. Frequente em mães diabéticas. De acordo com o Ministério da Saúde (2010), quando o peso do RN está abaixo do percentil 10 para a idade gestacional, a mortalidade perinatal pode ser oito vezes maior, enquanto para o RN cujo peso está abaixo do percentil 3, a mortalidade pode chegar a até 20 vezes mais. A morbidade em curto e longo prazo também está significativamente aumentada em um bebê com baixo peso ao nascer (BRASIL, 2010). Os recém-nascidos também podem ser classificados em função do seu peso independentemente da idade gestacional em baixo peso ao nascimento, quando pesam menos que 2.500g e peso elevado ou macrossomia fetal, quando o peso é igual ou superior a 4.000g. Os RN de baixo peso podem ser subdivididos: peso muito baixo ao nascer, quando o RN pesa menos que 1.500 g e peso extremamente baixo ao nascimento, nos casos do RN com peso inferior a 1.000g (RICCI, 2008; BRASIL, 2010). De acordo com a Organização Mundial de Saúde e o Ministério da Saúde, recém- nascidos com peso inferior a 2.500g são classificados, genericamente, como de baixo peso ao nascer, condição que pode ser decorrente de prematuridade e/ou déficit de crescimento intrauterino (BRASIL, 2002). Material Específico – Enfermagem – Tomo 4 – CQA/UNIP 16 As crianças com baixo peso ao nascer podem ser somente prematuras, ou seja, nasceram entre 22 e 36 semanas de idade gestacional e não completaram seu crescimento intrauterino, ou também podem ser recém-nascidos a termo, ou seja, que nasceram entre 37 a 41 semanas de idade gestacional, mas não tiveram crescimento uterino adequado para a idade gestacional, apresentando uma restrição do crescimento intrauterino (CIUR) (BRASIL, 2002; 2010). Diversos fatores maternos podem influenciar negativamente no crescimento intrauterino, como o tabagismo, o etilismo, o uso de drogas ilícitas, as doenças infecciosas crônicas, a hipertensão arterial, o estado nutricional da gestante, as infecções sexualmente transmissíveis, o intervalo interpartal menor do que dois anos, a elevada paridade, a idade materna menor de 19 anos e maior que 35 anos, a gestação múltipla e as anomalias congênitas (BRASIL, 2002). Mussi-Pinhata e Bissani (2011) afirmam que a incidência de recém-nascidos de baixo peso (RNBP) está diretamente relacionada às condições de saúde da população, que é influenciada por fatores como o estado nutricional, o saneamento básico, a habitação, os hábitos higiênicos e sexuais, as condições de trabalho e a assistência à saúde materna e perinatal, entre outros. Compete ao profissional de saúde que presta assistência materno-infantil a observância do peso do RN associado à idade gestacional, para a identificação de possíveis problemas relacionados à saúde e ao desenvolvimento da criança. Essa simples conduta contribui significativamente para a redução da morbimortalidade infantil em nosso país. 2. Análise das asserções Para a elaboração dessa questão, o autor utilizou como referência o manual intitulado “Saúde da criança: acompanhamento do crescimento e desenvolvimento infantil”, publicado em 2002 pelo Ministério da Saúde do Brasil. As duas asserções foram extraídas do conteúdo da página 19 desse manual. Primeira asserção: “o indicador que melhor retrata o que ocorre durante a fase fetal é o peso de nascimento da criança”. COMENTÁRIO. Conforme referido pelo Ministério da Saúde (2002), o peso do recém-nascido é o indicador que melhor retrata o que ocorre durante a fase fetal, pois indica se o desenvolvimento do bebê foi adequado. Desse modo, essa afirmativa está correta. Material Específico – Enfermagem – Tomo 4 – CQA/UNIP 17 Segunda asserção: “Pesos ao nascer menores do que 2.500 g podem ser decorrentes de prematuridade e/ou déficit de crescimento intrauterino. Recém-nascidos com menos de 2.500 g são classificados, genericamente, comode baixo peso ao nascer”. COMENTÁRIO. Um recém-nascido com peso inferior a 2.500 g é classificado pelo Ministério da Saúde como de baixo peso ao nascer, independentemente da idade gestacional. As causas de baixo peso podem ser a prematuridade gestacional ou o déficit do crescimento intrauterino. Assim, a segunda afirmativa também está correta. A palavra PORQUE entre as duas asserções indica a relação que deve ser estabelecida entre as frases, ou seja, que a segunda asserção (causa) justifica a primeira (consequência). Desse modo, entende-se que o peso do RN constitui o ponto de referência para a avaliação do crescimento e desenvolvimento do feto porque as alterações gestacionais, como a prematuridade e/ou o déficit de crescimento intrauterino, podem ser detectadas pelo baixo peso do RN. Alternativa correta: A. 3. Indicações bibliográficas • BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Políticas de Saúde. Departamento de Atenção Básica. Saúde da criança: acompanhamento do crescimento e desenvolvimento infantil. Brasília (DF): Ministério da Saúde, 2002. • BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Políticas de Saúde. Área de Saúde da Criança. Atenção humanizada ao recém-nascido de baixo peso: método mãe canguru – manual do curso. Brasília (DF): Ministério da Saúde, 2002. • BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Gestação de alto risco: manual técnico. Brasília (DF): Ministério da Saúde, 2010. • BERTAGNON, J. R. D.; RODRIGUES, C. L.; ARMAND, J. D. E.; SEGRE, C. A. M. Curva de crescimento intrauterino para recém-nascidos no município de São Paulo. Einstein. 6 (4):408-412, 2008. • CECATTI, J. G.; MACHADO, M. R. M.; SANTOS, F. F. A.; MARUSSI, E. F. Curva dos valores normais de peso fetal estimado por ultrassonografia segundo a idade gestacional. Cad. Saúde Pública. 16 (4):1083-1090, out-dez, 2000. Material Específico – Enfermagem – Tomo 4 – CQA/UNIP 18 • MUSSI-PINHATA, M.M; BISSANI, C. Recém-nascido de baixo peso. Ribeirão Preto (SP): Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo; 2011. Disponível em <http://www.fmrp.usp.br/rpp/downloads/rotinas/rn_baixo_peso.pdf>. Acesso em 16 fev. 2011. • RICCI, S. S. Enfermagem materno-neonatal e saúde da mulher. Rio de Janeiro (RJ): Guanabara Koogan, 2008. • RUDGE, M. V. C. Avaliação do peso dos recém-nascidos: o que é normal ou anormal. Rev. Bras. Ginecol. Obstet. 2005; 27(6) :299-300. 4. Texto complementar – Questão 3 Programa de Humanização do Pré-natal e Nascimento e o Programa de Atenção Humanizada do Recém-Nascido de Baixo Peso No Brasil, o elevado número de recém-nascidos com baixo peso constitui um problema de saúde pública, pois representa alto percentual na morbimortalidade neonatal no país (BRASIL, 2002). Iniciativas do Ministério da Saúde do Brasil, como a implantação do Programa de Humanização do Pré-natal e Nascimento e o Programa de Atenção Humanizada do Recém- Nascido de Baixo Peso, constituem estratégias governamentais para a redução da morbimortalidade materno-infantil. O Programa de Humanização do Pré-natal (PHPN) foi instituído pela Portaria/GM Nº 569, em 1 de junho de 2000, com o objetivo primordial de assegurar melhorias no acesso, na cobertura e na qualidade do acompanhamento pré-natal, da assistência à gestante, à parturiente, à puérpera e ao RN. O Programa promove atenção à saúde da mulher no ciclo gravídico-puerperal e prevenção de complicações relacionadas ao binômio mãe-filho, como o baixo peso ao nascer (BRASIL, 2002). O Programa de Atenção Humanizada do Recém-Nascido de Baixo Peso propôs a implantação do Método Canguru (MMC) nas Unidades de Saúde. O MMC constitui uma alternativa ao cuidado neonatal convencional para bebês de baixo peso ao nascer. Trata-se de um novo método de assistência que implica o contato precoce pele a pele entre a mãe e o recém-nascido de baixo peso (RNBP) de forma crescente e segura. As vantagens apresentadas pela literatura para aplicação do método são o aumento do vínculo mãe-filho; o menor tempo de separação mãe-filho, evitando longos períodos sem estimulação Material Específico – Enfermagem – Tomo 4 – CQA/UNIP 19 sensorial; o estímulo ao aleitamento materno; o desenvolvimento de maior competência e segurança dos pais no manuseio de seu filho de baixo peso; o melhor controle térmico do RNBP; o menor número de RN em unidades de cuidados intermediários; o melhor relacionamento da equipe de saúde com a família; a redução da infecção hospitalar e a diminuição no tempo de permanência hospitalar (BRASIL, 2002). Material Específico – Enfermagem – Tomo 4 – CQA/UNIP 20 Questão 4 Questão 4.4 BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Políticas de Saúde. Departamento de Atenção Básica. Saúde da Criança: acompanhamento do crescimento e desenvolvimento infantil. Brasília: Ministério da Saúde, 2002. André, com 10 meses de idade, é levado pelos pais à unidade de saúde para acompanhamento de puericultura. A criança nasceu a termo, parto vaginal, com 2.800g e medindo 49cm. Recebeu exclusivamente leite materno até o sexto mês de vida e continua em aleitamento. Atualmente, com as vacinas atualizadas e pesando 7.500g (o que localiza sua curva entre os percentuais 10 e 3), os pais informam que André ganhou menos peso depois que passou a frequentar a creche, onde está em período de adaptação. Diante dessa situação, qual das descrições a seguir reflete o comportamento mais adequado de uma enfermeira considerando a atenção à saúde da criança? A. André situa-se na faixa de normalidade nutricional (entre percentuais P97 e P3) na curva peso/idade. A enfermeira reforça orientações básicas e agenda retorno conforme o calendário mínimo de consulta ou de acordo com a rotina da unidade. 4Questão 24 - Enade 2010. Material Específico – Enfermagem – Tomo 4 – CQA/UNIP 21 B. A criança está em risco nutricional. A enfermeira investiga possíveis fatores relacionados à desaceleração do crescimento e orienta os pais no sentido de corrigi-los; orienta alimentação especial para ganho de peso e agenda retorno em 15 dias. C. Apesar do risco nutricional, a criança é eutrófica. A partir disso, a enfermeira investiga possíveis causas da desaceleração do crescimento e orienta os pais a respeito da alimentação complementar e manutenção do aleitamento materno, agendando retorno em 30 dias. D. A desaceleração do crescimento está relacionada à adaptação da criança à creche. A enfermeira reforça orientações a respeito da alimentação complementar e agenda o retorno de acordo com o calendário mínimo de consultas. E. A enfermeira encaminha André para consulta com o pediatra, pois a desaceleração do crescimento é acontecimento importante, que necessita de intervenção imediata, e agenda retorno para acompanhamento em 30 dias. 1. Introdução teórica 1.1. Crescimento e desenvolvimento da criança O crescimento e o desenvolvimento expressam o somatório de inúmeras alterações que acontecem durante a vida de um indivíduo. Embora sejam usualmente referidos como uma única unidade, conceitualmente, crescimento e desenvolvimento são unidades diferentes. Crescimento é definido como o aumento no número e no tamanho das células à medida que elas se dividem e sintetizam novas proteínas, refletindo no aumento físico do corpo como um todo ou em algumas de suas partes. Desenvolvimento é um processo amplo, que se refere a uma transformação complexa, contínua, dinâmica e progressiva do ser humano a partir de estágios mais inferiores para níveis mais avançados de complexidade, incluindo o crescimento, a maturação, a aprendizagem e os aspectos sociais e psíquicos (WONG, 1999; BRASIL, 2002). Crescimento é o aumento do tamanho corporal, um processo dinâmico econtínuo, que se inicia na concepção e cessa com o término do aumento em altura. É considerado um dos melhores indicadores de saúde da criança, por sua estreita dependência com fatores ambientais, como alimentação, ocorrência de doenças, cuidados gerais e condições de higiene, habitação, de saneamento básico e de acesso aos serviços de saúde (BRASIL, 2002). Material Específico – Enfermagem – Tomo 4 – CQA/UNIP 22 O crescimento linear (altura) acontece como consequência do crescimento esquelético e é considerado uma medida estável do crescimento geral. O peso corporal também é um importante indicador do crescimento de uma criança, pois a avaliação periódica do ganho de peso permite o acompanhamento do progresso individual de cada criança, identificando aquelas com maior risco de morbimortalidade e sinalizando alarme precoce para desnutrição infantil (WONG, 1999; BRASIL, 2002). Toda criança deve ser acompanhada sistematicamente por profissionais de saúde para avaliação do seu crescimento e desenvolvimento, constituindo o eixo central do atendimento a esta população para a caracterização dos fatores de risco e o diagnóstico de desnutrição infantil. Com o acompanhamento adequado de cada criança, torna-se possível o estabelecimento de (BRASIL, 2002): • condutas curativas frente aos processos patológicos presentes; • condutas preventivas e de promoção de saúde adequadas para cada indivíduo, como vacinação, alimentação, cuidados gerais e educação em saúde. Segundo o Ministério da Saúde, a forma mais adequada de realizar o acompanhamento de crescimento de uma criança nos serviços básicos de saúde é o registro periódico do peso e da altura de acordo com a idade. Para tal, em 1984, o Programa de Atenção Integral à Saúde da Criança (PAISC), implantado pelo próprio Ministério, elaborou o Cartão da Criança, instrumento que toda criança com até 6 anos deve possuir, no qual o profissional de saúde deve anotar as informações mais relevantes da história de saúde e de desenvolvimento da criança (BRASIL, 2002). O Cartão da Criança possui gráficos de avaliação do peso e da altura conforme a idade e o sexo. O gráfico Peso/Idade, mostrado na figura 1, apresenta dois eixos, um vertical e o outro horizontal. O eixo vertical corresponde ao peso (em quilogramas) e o horizontal à idade da criança (em meses) (BRASIL, 2002). Material Específico – Enfermagem – Tomo 4 – CQA/UNIP 23 Figura 1. Gráfico Peso/Idade do Cartão da Criança do Ministério da Saúde. Menino. Fonte. BRASIL. Ministério da Saúde, 2002. Com base no padrão internacional adotado pela Organização Mundial de Saúde, o Ministério da Saúde propõe um gráfico com quatro linhas nominadas de cima para baixo: linha superior (representa o percentil 97), linha pontilhada (representa o percentil 10), terceira linha (representa o percentil 3) e linha inferior, em vermelho (corresponde ao percentil 0,1) (BRASIL, 2002). Toda vez que a criança é pesada, esse peso deve ser marcado com um ponto no encontro da linha correspondente ao peso observado (eixo vertical) e da linha correspondente à idade da criança (eixo horizontal). Então, deve-se avaliar a posição do ponto do peso em relação às linhas do gráfico, procedendo à leitura que segue (BRASIL, 2002). • Acima do percentil 97: sobrepeso. • Entre percentis 97 e 3: faixa de normalidade nutricional. • Entre percentis 10 e 3: risco nutricional. • Entre percentis 3 e 0,1: peso baixo. • Abaixo do percentil 0,1: peso muito baixo. Em todas as medições, devem ser observados a posição e o sentido do traçado da curva de crescimento da criança (ascendente, horizontal ou descendente). A curva é desenhada em linha contínua a partir da ligação de dois ou mais pontos com intervalos não superiores a 2 meses. Intervalos maiores devem ser desenhados com linha pontilhada para Material Específico – Enfermagem – Tomo 4 – CQA/UNIP 24 chamar a atenção (BRASIL, 2002). Cada uma das condições observadas requer uma conduta específica, conforme quadro 1 a seguir. Quadro 1. Condutas recomendadas para algumas situações de crescimento da criança com até 6 anos de idade. BRASIL. Ministério da Saúde, 2002. Posição do peso Inclinação da curva Condição do crescimento Condutas Acima de P97 Ascendente Alerta: risco de sobrepeso e obesidade • Verificar a existência de erros alimentares. Orientar a mãe para uma alimentação mais adequada de acordo com as normas para alimentação da criança sadia, excetuando-se bebês em aleitamento materno exclusivo. Dietas com restrição calórica só são recomendadas para crianças a partir dos 4 anos com peso/altura > P97. • Orientar a mãe sobre a vacinação, cuidados gerais, higiene e estimulação de acordo com a idade da criança. • Verificar e estimular a atividade física regular, principalmente crianças acima de 4 anos. • Marcar retorno para 30 dias. Entre P97 e P10 Ascendente Satisfatório • Parabenizar a mãe sobre o crescimento satisfatório da criança. • Marcar retorno de acordo com o calendário mínimo de consultas. Entre P97 e P10 Horizontal ou descendente Alerta • Investigar possíveis intercorrências que possam justificar a diminuição da velocidade do crescimento e registrá-las no Cartão. • Tratar as intercorrências presentes. • Marcar retorno para 30 dias. Entre P10 e P3 Ascendente Alerta • Investigar possíveis causas, com atenção especial ao desmame, à dentição, a intercorrências infecciosas, às formas de cuidado com a criança e ao afeto. Além disso, dar informações à mãe. • Tratar intercorrências clínicas, registrando-as no Cartão. • Marcar retorno para 30 dias. Entre P10 e P3 Horizontal ou descendente Insatisfatório: classificar como risco nutricional • Investigar possíveis causas, com atenção especial ao desmame, à dentição, a intercorrências infecciosas, às formas de cuidado com a criança e ao afeto. Além disso, dar informações à mãe. • Tratar intercorrências clínicas, registrando-as no Cartão. • Orientar a mãe sobre alimentação especial visando ao ganho de peso. • Encaminhar para o serviço social, se disponível. • Realizar nova consulta em intervalo máximo de 15 dias. Entre P3 e P0,1 Ascendente horizontal ou descendente Peso baixo Para crianças menores de 2 anos: • Orientar a mãe sobre a alimentação complementar adequada para a idade. • Retornar no intervalo máximo de 15 dias. • Se a criança não ganhar peso, buscar serviços de recuperação nutricional ou tratar como peso abaixo do adequado. Abaixo de P0,1, sem presença de sinais clínicos de desnutrição Ascendente horizontal ou descendente Peso muito baixo • Investigar possíveis causas, com atenção especial ao desmame, à dentição, a intercorrências infecciosas, às formas de cuidado com a criança e ao afeto. Além disso, dar informações à mãe. • Tratar intercorrências clínicas. • Encaminhar para serviços de maior complexidade de cada localidade ou servições de referência. Material Específico – Enfermagem – Tomo 4 – CQA/UNIP 25 • Encaminhar para o serviço social, se disponível. • Ensinar a mãe a preparar e oferecer à criança uma dieta hipercalórica e hiperproteica. • Tratar a desnutrição em casa ou encaminhar à unidade de maior complexidade de cada localidade ou aos serviços de referência. • Realizar nova consulta com intervalo máximo de 15 dias. Abaixo de P0,1, com presença de sinais clínicos de formas graves de desnutrição Ascendente horizontal ou descendente Formas clínicas de desnutrição proteico- calóricas: marasmo, kwashiorkor ou misto • Buscar imediatamente os serviços de maior complexidade ou serviços de referência. Fonte. BRASIL. Ministério da Saúde, 2002. Para uma boa avaliação do crescimento da criança, são necessárias avaliações periódicas por meio de consultas médicas ou de Enfermagem paraaferição das medidas antropométricas (peso e altura) e avaliação das condições de saúde da criança (BRASIL, 2002). O calendário de consultas para a assistência à criança preconizado pelo Ministério da Saúde indica que devem ser realizadas, no mínimo, sete consultas no primeiro ano de vida (com 15 dias, um, dois, quatro, seis, nove e doze meses), duas no segundo ano (18 e 24 meses) e uma a cada ano até a criança completar 6 anos de vida. O acompanhamento sistemático e contínuo do crescimento e do desenvolvimento infantil é indicador da qualidade da atenção prestada à criança nos serviços de saúde (BRASIL, 2002). 1.2. Atualização: novas curvas para avaliação do crescimento da criança Em 2006, a Organização Mundial de Saúde (OMS) lançou as novas Curvas para Avaliação do Crescimento da Criança de 0 a 5 anos, com o objetivo de estabelecer um novo padrão internacional de avaliação, mediante a elaboração de um conjunto de curvas adequadas, para avaliar o crescimento e o estado nutricional de crianças até a idade pré- escolar (BRASIL, 2011). As novas curvas de crescimento infantil constituem um importante instrumento técnico para o monitoramento e a avaliação do crescimento das crianças de 0 a 5 anos, independentemente da origem étnica, da situação socioeconômica ou do tipo de alimentação. A utilização dessas novas curvas permitirá que pais, profissionais de saúde e gestores de políticas públicas adquiram conhecimento dos padrões que representam boas condições de saúde e de desenvolvimento infantil (BRASIL, 2011). Material Específico – Enfermagem – Tomo 4 – CQA/UNIP 26 As novas curvas de crescimento estão apresentadas nas figuras 1 e 2. Figura 1. Novas curvas de avaliação do crescimento e desenvolvimento para meninos, segundo a OMS, 2006. Fonte. BRASIL. Ministério da Saúde, 2011. Figura 2. Novas curvas de avaliação do crescimento e desenvolvimento para meninas, segundo a OMS, 2006. Fonte. BRASIL. Ministério da Saúde, 2011. Material Específico – Enfermagem – Tomo 4 – CQA/UNIP 27 O preenchimento dos novos gráficos é idêntico ao anterior. No entanto, a leitura e a avaliação do peso da criança devem seguir os parâmetros abaixo (BRASIL, 2013). • Escore Z > +2: peso elevado para a idade. • Escore Z ≥ -2 e ≤ +2: peso adequado para a idade. • Escore Z ≥ -3 e < -2: peso baixo para a idade. • Escore Z < -3: peso muito baixo para a idade. Segundo o Ministério da Saúde (2011), o conjunto das novas curvas da OMS é um instrumento robusto e representa a melhor descrição do crescimento físico para crianças menores de 5 anos de idade. No entanto, o referido órgão ainda não alterou o manual para os profissionais de saúde, publicado em 2002, sobre o acompanhamento do crescimento e desenvolvimento infantil. 2. Análise das alternativas A curva de crescimento de André localiza-se entre os percentuais 10 e 3, classificado pelo Ministério da Saúde como risco nutricional. Nesse caso, a enfermeira deve realizar os seguintes procedimentos. • Investigar possíveis causas da desaceleração no crescimento com atenção especial para o desmame, alimentação, intercorrências infecciosas, cuidados com a criança, afeto, higiene e informar a mãe. • Orientar a mãe sobre alimentação especial, visando ao ganho de peso. • Realizar nova consulta em intervalo máximo de 15 dias. A – Alternativa incorreta. JUSTIFICATIVA. A criança está em risco nutricional e, em função disso, o retorno da criança deve ser agendado em 15 dias. B – Alternativa correta. JUSTIFICATIVA. A criança está em risco nutricional, por isso, a enfermeira deve investigar possíveis causas da desaceleração no crescimento e corrigir os pais da criança; orientá-los sobre a alimentação especial para o ganho de peso e agendar retorno em 15 dias para melhor avaliação da criança. Material Específico – Enfermagem – Tomo 4 – CQA/UNIP 28 C – Alternativa incorreta. JUSTIFICATIVA. A criança está em risco nutricional. Os pais devem ser orientados a respeito da alimentação especial para ganho de peso. O aleitamento materno pode ser complementar. O retorno deve ser agendado em 15 dias para melhor acompanhamento da criança. D – Alternativa incorreta. JUSTIFICATIVA. Não se pode confirmar que a desaceleração no crescimento está relacionada à adaptação da criança à creche antes de se investigarem as possíveis causas dessa desaceleração. Em função da desaceleração no crescimento, o retorno deve ser agendado em 15 dias para melhor acompanhamento da criança. E – Alternativa incorreta. JUSTIFICATIVA. Como a criança está apenas em risco nutricional, não é necessário realizar consulta médica. Tal avaliação é necessária na presença de sinais clínicos de desnutrição. O retorno deve ser agendado em 15 dias para melhor acompanhamento da criança. 3. Indicações bibliográficas • BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Políticas de Saúde. Departamento de Atenção Básica. Saúde da criança: acompanhamento do crescimento e desenvolvimento infantil. Brasília (DF): Ministério da Saúde, 2002. • BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Saúde da criança: nutrição infantil: aleitamento materno e alimentação complementar. Brasília (DF): Ministério da Saúde, 2009. • BRASIL. Ministério da Saúde. Coordenação Geral de Alimentação e Nutrição (CGAN). Brasília (DF): Ministério da Saúde, 2011. Disponível em <http://nutricao.saude.gov.br/publicacoes.php>. Acesso em 30 mai. 2011. • BRASIL. Ministério da Saúde. Editora. Brasília (DF): Ministério da Saúde, 2013. Disponível em <http://dtr2001.saude.gov.br/editora/produtos/livros/genero/livros.htm#c>. Acesso em 24 abr. 2013. • MARCONDES, E. Pediatria básica. 9. ed. São Paulo: Savier, 2002. Material Específico – Enfermagem – Tomo 4 – CQA/UNIP 29 • WONG, D. L. Enfermagem pediátrica: elementos essenciais à intervenção efetiva. 5. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1999. 4. Texto complementar – Questão 4 Caderneta de Saúde da Criança O instrumento utilizado pelos profissionais de saúde para o acompanhamento da saúde e do crescimento e desenvolvimento da criança do nascimento até os 10 anos de idade é a Caderneta de Saúde da Criança. A caderneta, lançada pelo Ministério da Saúde do Brasil em 2006, é distribuída gratuitamente para todas as crianças nascidas a partir dessa data em todo o país. Atualmente, a caderneta está na sua 8ª edição (2013) e já contém as curvas de crescimento atualizadas segundo a OMS. Trata-se de um documento único para cada criança, de acordo com o sexo, que contém orientações para ajudar os pais a cuidarem melhor do filho e informações sobre os espaços destinados ao profissional de saúde para o registro de informações relativas à saúde da criança. Essa caderneta auxilia na vigilância do crescimento infantil, apresentando gráficos para a avaliação do perímetro cefálico, do peso, do comprimento/altura e do índice de massa corporal (IMC) de acordo com a idade. A figura 3 representa a nova curva de avaliação do peso da criança do sexo masculino com idades entre zero e dois anos, de acordo com sua inserção na Caderneta de Saúde da Criança. Material Específico – Enfermagem – Tomo 4 – CQA/UNIP 30 Figura 3. Curvas de peso por idade para meninos, segundo a OMS, 2006. Fonte. BRASIL. Ministério da Saúde, 2013. As novas Cadernetas de Saúde da Criança, menino e menina, estão disponíveis, respectivamente, em <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/caderneta_saude_crianca_menino.pdf> e <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/caderneta_saude_crianca_menina.pdf>. Material Específico – Enfermagem – Tomo 4 – CQA/UNIP 31 Questão 5 Questão 5.5 O acúmulo técnico-político dos três níveis de gestão do SUS na implantação do Programa de Agentes Comunitários deSaúde (PACS) e da Estratégia Saúde da Família (ESF), elementos essenciais para a reorientação do modelo de atenção, tem possibilitado a identificação de um conjunto de questões relativas às bases conceituais e operacionais do que se denomina atenção básica à saúde no Brasil e de suas relações com os demais níveis do sistema. Essa discussão fundamenta-se nos eixos transversais da universalidade, da integralidade e da equidade, em um contexto de descentralização e controle social da gestão, princípios assistenciais e organizativos do SUS, consignados na legislação constitucional e infraconstitucional. Considerando o texto como referência inicial, assinale a opção correta acerca da atenção básica em saúde. A. O Programa Saúde da Família é a estratégia prioritária para a reorganização da atenção básica, por ser um atendimento prestado por equipe de especialistas que se responsabilizam pelas famílias cadastradas em sua área. B. A equipe mínima para a ESF é composta por um médico de família, um enfermeiro, um auxiliar de Enfermagem, um dentista, agentes comunitários de saúde, um auxiliar e um técnico em higiene dental. C. A atenção básica em saúde é considerada a porta de entrada para o SUS por cuidar apenas da promoção da saúde e da prevenção primária. D. Cada equipe da ESF é responsável pelo acompanhamento de 3 mil pessoas ou 500 famílias de determinada área. E. O PACS substitui a ESF em municípios com menos de 50 mil habitantes. 1. Introdução teórica Atenção básica em saúde: Estratégia Saúde da Família (ESF) e Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS) A atenção básica em saúde caracteriza-se por um conjunto de ações de saúde, coletivas e individuais, que abrangem: 5Questão 25 - Enade 2010. Material Específico – Enfermagem – Tomo 4 – CQA/UNIP 32 • a promoção e a proteção da saúde; • a prevenção de agravos; • o diagnóstico e o tratamento de doenças; • a reabilitação e a manutenção da saúde. Essas ações são norteadas pelos princípios e pelas diretrizes do Sistema Único de Saúde (SUS), que abarcam a universalidade, a equidade, a integralidade, a descentralização, o controle e a participação social, a responsabilização, a acessibilidade, a humanização, o vínculo e a continuidade do cuidado (BRASIL, 2007). A atenção básica em saúde é desenvolvida por uma equipe multidisciplinar direcionada a populações de territórios bem delimitados, empregando tecnologias de elevada complexidade e baixa densidade, para resolução dos problemas de saúde de maior frequência e relevância em seu território (BRASIL, 2007). Conforme preconizado pelo Ministério da Saúde do Brasil, o nível básico de atendimento à população deve ser o contato preferencial dos usuários do SUS, que devem ser assistidos em sua integralidade, considerando sua singularidade e sua inserção sociocultural (BRASIL, 2007). Com o objetivo de operacionalizar a atenção básica em saúde, o Ministério da Saúde definiu áreas estratégicas para atuação da equipe de saúde e reorganizou os modelos de atenção à saúde. A institucionalização do Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS), em 1991, e do Programa de Saúde da Família (PSF), em 1994, ambos com foco na família inserida em uma base territorial definida, foram essenciais para a reorientação do modelo de atenção à saúde nos municípios brasileiros (BRASIL, 1997). O PACS representou uma inovação na assistência à saúde no Brasil por focalizar as ações de saúde à família, por trabalhar com o conceito de território e por atuar ativamente na identificação de problemas de saúde de um determinado grupo populacional (MOURA, 2009). As ações do PACS são desenvolvidas pelos agentes comunitários de saúde (ACS), considerados um elo entre a equipe de saúde e a população. Cada equipe do PACS pode ser constituída de, no máximo, 30 ACS escolhidos pela própria comunidade e recrutados por meio de processo seletivo desenvolvido pela Secretaria de Saúde do Município, com assessoria da Secretaria Estadual de Saúde (BRASIL, 1997). No PACS, o ACS deve trabalhar com famílias em determinada área geográfica (microárea), podendo assistir entre 400 e 750 indivíduos, sob a supervisão de um enfermeiro instrutor-supervisor, e deve ter seu horário de atendimento preenchido na Material Específico – Enfermagem – Tomo 4 – CQA/UNIP 33 Unidade Básica de Saúde da sua referência. Ele é responsável pelas atividades de prevenção de doenças e promoção de saúde, por meio de atividades educativas coletivas e individuais, desempenhadas na comunidade ou nos domicílios (BRASIL, 1997). A partir dos resultados obtidos com a expansão do PACS, o Ministério da Saúde identificou o seu potencial de modificar a atenção à saúde no Brasil, abrindo caminho para a elaboração e implantação do Programa de Saúde da Família, posteriormente denominado Estratégia Saúde da Família (MOURA, 2009). O Programa Saúde da Família (PSF) foi criado em 1994 para a reorganização do modelo assistencial da atenção básica à saúde do SUS, substituindo o modelo tradicional de assistência. O programa prioriza as ações de prevenção de doenças e agravos e as ações de promoção e recuperação da saúde das pessoas, de forma integral e contínua, operacionalizadas mediante a implantação de equipes multiprofissionais que prestam atendimento à comunidade nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) ou nos domicílios (BRASIL, 2007). O propósito do PSF é que os profissionais de saúde e a população acompanhada pela equipe criem vínculos de corresponsabilidade, facilitando a identificação e o atendimento aos problemas de saúde de determinada comunidade, propiciando o enfrentamento e a resolução dos problemas identificados (BRASIL, 2006). De acordo com a Portaria Nº 1.886, de 18 de dezembro de 1997, que estabeleceu as normas e as diretrizes para a organização do Programa de Saúde da Família e do Programa de Agentes Comunitários de Saúde, a equipe multiprofissional do PSF deve ser composta por, no mínimo, um médico de família, um enfermeiro, um auxiliar de Enfermagem e agentes comunitários de saúde, que devem ser responsáveis por, no máximo, mil famílias ou 4.500 habitantes, na proporção de um agente comunitário para, no máximo, 150 famílias ou 750 pessoas (BRASIL, 1997). A Portaria N° 648, de 28 de março de 2006, aprovou a Política Nacional de Atenção Básica e estabeleceu a revisão das normas e diretrizes para a organização da Atenção Básica do PSF, de 1997. O Ministério da Saúde refere que a equipe multiprofissional do PSF deve ser responsável por, no máximo, 4.000 habitantes, com média de 3.000 habitantes, de delimitada região geográfica, mantendo uma jornada de trabalho de 40 horas semanais. Estabelece, ainda, que cada equipe de Saúde da Família deve ter, no máximo, 750 pessoas por ACS e 12 ACS por equipe (BRASIL, 2006). De acordo com a Portaria N° 648/2006, as características do processo de trabalho da Saúde da Família são as descritas a seguir (BRASIL, 2006). Material Específico – Enfermagem – Tomo 4 – CQA/UNIP 34 • A manutenção de um cadastramento atualizado das famílias e dos indivíduos e a utilização, de forma sistemática, dos dados para a análise da situação de saúde, considerando-se as características sociais, econômicas, culturais, demográficas e epidemiológicas do território. • A definição precisa do território de atuação - mapeamento e reconhecimento da área adstrita - que compreenda o segmento populacional determinado, com atualização contínua. • O diagnóstico, a programação e a implementação das atividades segundo critérios de risco à saúde, priorizando solução dos problemas de saúde mais frequentes. • A prática do cuidado familiar ampliado, efetivada por meio do conhecimento da estrutura e da funcionalidade das famílias, que visa a propor intervenções que influenciem os processos de saúde, desde a identificação de doenças de um único indivíduo até dedoenças presentes em sua própria comunidade. • O trabalho interdisciplinar e em equipe, integrando áreas técnicas e profissionais de diferentes formações. • A promoção e o desenvolvimento de ações intersetoriais, buscando parcerias e integrando projetos sociais e setores afins, voltados para a promoção da saúde, de acordo com prioridades e sob a coordenação da gestão municipal. • A valorização dos diversos saberes e práticas na perspectiva de uma abordagem integral e resolutiva, possibilitando a criação de vínculos de confiança com ética, compromisso e respeito. • A promoção e o estímulo à participação da comunidade no controle social, no planejamento, na execução e na avaliação das ações. • O acompanhamento e a avaliação sistemática das ações implementadas, visando à readequação do processo de trabalho. Atualmente, os dois Programas de Atenção Básica à Saúde no Brasil com ênfase na família – Estratégia Saúde da Família (ESF) e PACS - persistem como importantes estratégias no aprimoramento e na consolidação do SUS. No entanto, para o Ministério da Saúde, o PACS é uma estratégia transitória para a ESF, e, por isso, prioriza a ampliação da cobertura assistencial da ESF para melhorar as condições de saúde e a qualidade de vida da população (BRASIL, 2006). Material Específico – Enfermagem – Tomo 4 – CQA/UNIP 35 2. Análise das alternativas A – Alternativa incorreta. JUSTIFICATIVA. O Programa Saúde da Família é considerado uma estratégia prioritária para a reorganização da atenção básica. No entanto, o atendimento à saúde da família deve ser prestado por equipe multiprofissional, sobretudo generalista. B – Alternativa incorreta. JUSTIFICATIVA. A equipe mínima para a ESF é composta por um médico, um enfermeiro, um auxiliar de Enfermagem e agentes comunitários de saúde. O dentista, o auxiliar e o técnico em higiene dental podem ser incluídos como equipe complementar, por isso não são considerados membros da equipe básica da ESF. C – Alternativa incorreta. JUSTIFICATIVA. A atenção básica em saúde é considerada a porta de entrada para o SUS, mas caracteriza-se por um conjunto de ações de saúde que abrangem: • a promoção e a proteção da saúde; • a prevenção de agravos; • o diagnóstico e o tratamento de doenças; • a reabilitação e a manutenção da saúde. Não se trata apenas da promoção de saúde e da prevenção de doenças, como mencionado na afirmativa. D – Alternativa incorreta. JUSTIFICATIVA. De acordo com a Portaria Nº 1886/1997, uma equipe da ESF deve ser responsável pelo acompanhamento de, no máximo, 4.000 habitantes de delimitada região geográfica. A proporção recomendada é de 150 famílias ou 750 pessoas para cada ACS. E – Alternativa correta. JUSTIFICATIVA. De acordo com o gabarito do Enade (2010), essa afirmativa está correta. Entretanto, na literatura e na legislação pesquisada, não foi encontrada a assertiva que menciona que o PACS substitui a ESF em municípios com menos de 50 mil habitantes. Material Específico – Enfermagem – Tomo 4 – CQA/UNIP 36 3. Indicações bibliográficas • BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Assistência à Saúde. Coordenação de Saúde da Comunidade. Saúde da Família: uma estratégia para a reorientação do modelo assistencial. Brasília. Ministério da Saúde, 1997. Disponível em <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/cd09_16. pdf>. Acesso em 15 ago. 2011. • BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria Nº 1886, de 18 dez. 1997. DO 247, de 22/12/97. Programa de Agentes Comunitários de Saúde e Saúde da Família: PACS/PSF. Disponível em <http://sna.saude.gov.br/legisla/legisla/prog_pacs_psf/>. Acesso em 15 ago. 2011. • BRASIL. Portaria Nº 648, de 28 mar. 2006. Aprova a Política Nacional de Atenção Básica, estabelecendo a revisão de diretrizes e normas para a organização da Atenção Básica para o Programa Saúde da Família (PSF) e o Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS). Disponível em <http://dtr2004.saude.gov.br/dab/docs/legislacao/portaria_648_28_03_2006.pdf>. Acesso em 15 ago. 2011. • BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Política Nacional de Atenção Básica. 4. ed. Brasília: Ministério da Saúde, 2007. Disponível em <http://dab.saude.gov.br/docs/publicacoes/pactos/pactos_vol4.pdf>. Acesso em 15 ago. 2011. • BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Saúde da família no Brasil: uma análise de indicadores selecionados: 1998- 2005/2006. Brasília (DF): Ministério da Saúde, 2008. • BRASIL. Portaria Nº 2.488, de 21 out. 2011. Aprova a Política Nacional de Atenção Básica, estabelecendo a revisão de diretrizes e normas para a organização da Atenção Básica para a Estratégia Saúde da Família (ESF) e o Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS). Disponível em <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2011/prt2488_21_10_2011.html>. Acesso em 26 out. 2012. • MOURA, R. C. S. O Programa de Agentes Comunitários de Saúde adaptado à cidade do Rio de Janeiro: uma análise das suas concepções. [dissertação]. Rio de Janeiro: Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Instituto de Medicina Social, 2009. Material Específico – Enfermagem – Tomo 4 – CQA/UNIP 37 4. Texto complementar – Questão 5 4.1. Funções do enfermeiro na Saúde da Família Ao atuar na Atenção Básica à Saúde, o enfermeiro deve estar preparado e capacitado a exercer uma diversidade de funções em programas estabelecidos pelo Ministério da Saúde. De acordo com a Portaria N° 648/2006, compete ao enfermeiro do Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS) as tarefas elencadas abaixo (BRASIL, 2006). • Planejamento, gerenciamento, coordenação e avaliação das atividades desenvolvidas pelos ACS. • Supervisão, coordenação e realização de ações de qualificação e educação permanente dos ACS. • Facilitação da relação entre os profissionais da UBS e ACS, contribuindo para a organização da demanda referenciada. • Realização de consultas e procedimentos de enfermagem na UBS e, quando necessário, no domicílio e na comunidade. • Solicitação de exames complementares e prescrição de medicações, conforme protocolos ou outras normativas técnicas estabelecidas pelo gestor municipal ou federal, observadas as disposições legais da profissão. • Organização e coordenação de grupos específicos de indivíduos e famílias em situação de risco da área adstrita. • Participação no gerenciamento dos insumos necessários para o adequado funcionamento da UBS. Segundo a mesma portaria, o enfermeiro da Estratégia de Saúde da Família (ESF) deve praticar as atividades que seguem (BRASIL, 2006). • Realização de assistência integral às pessoas e às famílias na Unidade Saúde da Família (USF) e, quando indicado ou necessário, no domicílio e/ou nos demais espaços comunitários. • Realização de consultas de enfermagem, solicitação de exames complementares e prescrição de medicamentos, observadas as disposições legais da profissão e conforme protocolos ou outras normativas técnicas estabelecidas pelo Ministério da Saúde, os gestores estaduais, os municipais ou os do Distrito Federal. • Supervisão, coordenação e avaliação das atividades desenvolvidas pelos ACS. Material Específico – Enfermagem – Tomo 4 – CQA/UNIP 38 • Supervisão, coordenação e realização de educação permanente dos ACS e da equipe de enfermagem. • Contribuição e participação nas atividades de Educação Permanente do Auxiliar de Enfermagem e do auxiliar de consultório dentário (ACD). • Participação no gerenciamento dos insumos necessários para o adequado funcionamento da USF. 4.2. Atualização Em 2011, o Ministério da Saúde do Brasil aprovou nova legislação sobre a Política Nacional de Atenção Básica em Saúde, em que revisou as normas e as diretrizes para a organização da Atenção Básica paraa ESF e o PACS, publicadas em 2006. Essa revisão encontra-se na Portaria Nº 2.488, de 21 de outubro de 2011 (BRASIL, 2011). Recomenda-se a leitura e discussão dessa Portaria, disponível no endereço eletrônico <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2011/prt2488_21_10_2011.html>. Material Específico – Enfermagem – Tomo 4 – CQA/UNIP 39 Questão 6 Questão 6.6 O território de Laranjeiras, situado em um município de pequeno porte, tem apresentado nos últimos anos alta incidência e prevalência de casos de violência. Estudos realizados pelo Núcleo de Prevenção às Violências e de Promoção da Saúde de uma instituição local revelam que 78% dos casos são registrados na faixa etária de 10 a 17 anos. A gestão municipal, em uma reunião colegiada, elaborou um plano de gestão integrada para enfrentamento da situação. A educação em saúde foi uma das estratégias apontadas para que a equipe de saúde da família enfrentasse o problema. Nessa situação, é incorreto a equipe de saúde da família considerar que a educação em saúde: A. é uma estratégia de promoção de saúde. B. relaciona-se à história, à cultura e aos costumes da comunidade. C. busca apoderar a comunidade para o processo de mudança. D. visa à participação ativa dos sujeitos, acontecendo em diversos espaços. E. objetiva transmitir conhecimentos universalmente aceitos por meio de palestras, vídeos, panfletos, entre outros meios. 1. Introdução teórica Educação em saúde Educação em saúde constitui um conjunto de saberes e práticas direcionados à promoção de saúde e à prevenção de doenças (ALVES, 2005; BRASIL, 2007). Trata-se de um recurso pelo qual o conhecimento científico, intermediado pelos profissionais de saúde, atinge a vida cotidiana dos indivíduos, das famílias e das comunidades, fornecendo subsídios para a adoção de diferentes hábitos e condutas de saúde (ALVES, 2005). O Ministério da Saúde e a Fundação Nacional de Saúde (FUNASA) afirmam que a educação em saúde é um processo sistemático, contínuo e permanente que objetiva a formação e o desenvolvimento da consciência crítica do cidadão, estimulando a busca de soluções coletivas para os problemas vivenciados e a sua participação real no exercício do controle social (BRASIL, 2007, p. 21). 6Questão 26 - Enade 2010. Material Específico – Enfermagem – Tomo 4 – CQA/UNIP 40 Candeiras (1997) enfatiza que existem confusões entre os termos promoção e educação em saúde. Segundo a autora, o termo educação em saúde refere-se a quaisquer combinações de experiências de aprendizagem delineadas com o objetivo de facilitar ações voluntárias referentes à saúde. Promoção da saúde é uma combinação de apoios educacionais e ambientais que objetivam atingir ações e condições de vida condizentes com a saúde. Desse modo, a educação em saúde constitui uma parte das atividades técnicas direcionadas à promoção da saúde (CANDEIRAS, 1997). A educação em saúde pode ser delineada com base em dois modelos: o modelo tradicional e o dialógico. Historicamente hegemônico, o modelo tradicional enfatiza a doença e o intervencionismo, com vistas ao curativismo, e está fundamentado no paradigma biologicista do processo saúde-doença. Nesse modelo, os usuários do sistema de saúde são considerados pessoas carentes de informação em saúde, que necessitam apenas receber esse conhecimento (ALVES, 2005). O modelo pedagógico tradicional dicotomiza o sujeito narrativo (o educador) e os objetos ouvintes (os educandos), refletindo uma relação de verticalidade, completamente alheia à experiência existencial dos educandos (FREIRE, 1987; CABRAL, 2005). Desta maneira, o modelo tradicional estabelece uma relação assimétrica entre profissionais de saúde e usuários do sistema, uma vez que um detém o conhecimento científico, ditando comportamentos a serem adotados para a saúde, enquanto o outro necessita ser adequadamente informado (ALVES, 2005). Nos dias atuais, esse modelo vem sendo duramente criticado, pois retrata a concepção positivista da educação, cujas práticas são consideradas reducionistas, impositivas, prescritivas de comportamento, desvinculadas da realidade e afastadas dos sujeitos sociais, que são vistos como objetos passivos de intervenções (ALVES, 2005; BRASIL, 2007). Para o Ministério da Saúde, a simples informação ou a transmissão do conhecimento relativo à saúde não contribui para a qualidade de vida da população. Por isso, não é recomendável a aplicação do modelo educacional tradicional nas atividades educativas em saúde (BRASIL, 2007). A proposição de práticas educativas em saúde sensíveis às necessidades dos usuários insere-se no modelo de educação preconizado por Paulo Freire – o modelo dialógico. O conhecimento sistemático da realidade em que vivem os sujeitos, que são convidados a compartilhar suas experiências de vida, é considerado elemento primordial desse modelo pedagógico. Fundamenta-se no diálogo como uma condição essencial à Material Específico – Enfermagem – Tomo 4 – CQA/UNIP 41 prática educativa, no qual os sujeitos são reconhecidos como portadores de saber. Assim, esse modelo educacional proporciona a democratização do saber científico e, por consequência, o desenvolvimento da autonomia dos indivíduos no cuidado à sua própria saúde (GÓES e LA CAVA, 2009). De acordo com Alves (2005), o modelo dialógico tem como objetivo a construção de um saber sobre o processo saúde-doença-cuidado, que culmina no empoderamento do usuário, tornando-o capaz de decidir sobre as estratégias mais adequadas para a prevenção de doenças e para a promoção, manutenção e recuperação da saúde. Esse modelo afirma a educação na área da saúde como uma prática fundamentada na participação ativa do usuário, proporcionando o desenvolvimento de sua autonomia e a responsabilidade no cuidado à saúde (ALVES, 2005; BRASIL, 2007). O modelo dialógico de educação em saúde promove o desenvolvimento e a formação da consciência crítica do usuário, estimulando-o a encontrar soluções individuais e/ou coletivas para os problemas vivenciados, conforme o conceito de educação em saúde definido pelo Ministério da Saúde (BRASIL, 2007). Desse modo, educar para a saúde significa promover a participação dos sujeitos sociais, incentivando a reflexão e o diálogo, para que haja mudança de comportamentos indispensáveis para a vida. Como o modelo dialógico está associado a mudanças duradouras nos hábitos de vida e no comportamento para a saúde (ALVES, 2005), esse modelo educacional é o preconizado pelo Ministério da Saúde (BRASIL, 2007). 2. Análise das alternativas A questão solicita a marcação da alternativa incorreta, ou seja, que não corresponde ao modelo de educação em saúde recomendado pelo Ministério da Saúde. A – Alternativa correta. JUSTIFICATIVA. A educação em saúde constitui um conjunto de saberes e práticas direcionados à promoção de saúde e à prevenção de doenças. B – Alternativa correta. JUSTIFICATIVA. O modelo educacional preconizado pelo Ministério da Saúde considera os educandos como portadores de saber e estimula-os a compartilharem suas experiências de Material Específico – Enfermagem – Tomo 4 – CQA/UNIP 42 vida. Desse modo, a educação em saúde está relacionada à história, à cultura e aos costumes da comunidade na qual o sujeito está inserido. C – Alternativa correta. JUSTIFICATIVA. O modelo educacional preconizado pelo Ministério da Saúde enfatiza o empoderamento do usuário ou da comunidade, o que significa a promoção da participação dos sujeitos sociais no processo de saúde. D – Alternativa correta. JUSTIFICATIVA. Educar para a saúde é promover a participação ativa dos sujeitos sociais. As práticas educativas em saúde ocorrem em diversos espaços, mas o importante é valorizar o relacionamento interpessoal entre o usuário e o profissionalde saúde e não o local onde a atividade acontece. E – Alternativa incorreta. JUSTIFICATIVA. A educação em saúde deve auxiliar a construção do saber e promover a participação dos sujeitos sociais. As palestras, os vídeos e os panfletos não permitem o diálogo entre o educador e o educando, refletindo apenas o modelo tradicional de educação, o que não é o preconizado pelo Ministério da Saúde. 3. Indicações bibliográficas • ALVES, V. S. Um modelo de educação em saúde para o Programa Saúde da Família: pela integralidade da atenção e reorientação do modelo assistencial. Interface. 9(16): 39-52, 2005. • BRASIL. Fundação Nacional de Saúde. Ministério da Saúde. Diretrizes de educação em saúde visando à promoção de saúde: documento base. Brasília (DF): Funasa, 2007. • BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa. Departamento de Apoio à Gestão Participativa. Caderno de educação popular em saúde. Brasília (DF): Ministério da Saúde, 2007. • CABRAL, A. Pedagogia do Oprimido. Rev. Lusófona de Educação. [online]. 2005, Nº 5 [citado 28 mai. 2010], p.200-204. Disponível em <http://www.scielo.oces.mctes.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1645- 72502005000100014&lng=es&nrm=iso>. Acesso em 24 fev. 2012. Material Específico – Enfermagem – Tomo 4 – CQA/UNIP 43 • CANDEIRAS, N. M. F. Conceitos de educação e de promoção de saúde: mudanças individuais e mudanças organizacionais. Rev. Saúde Pública, 31(2): 209-213, 1997. • FREIRE, P. R. N. Pedagogia do oprimido. 17. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987. • GÓES, F. G.; LA CAVA, M. A concepção de educação em saúde do enfermeiro no cuidado à criança hospitalizada. Rev. Eletr. Enf. 2009; 11(4): 932-941. Disponível em <http://www.fen.ufg.br/revista/v11/n4/v11n4a18.htm>. Acesso em 29 jun. 2010. 4. Texto complementar – Questão 6 Educação popular em saúde Para o Ministério da Saúde, a Educação em Saúde constitui uma prática inerente a todas as atividades desenvolvidas no Sistema Único de Saúde (SUS) e que deve ser valorizada e qualificada pelo setor para a afirmação do SUS como uma política pública que proporciona inclusão social e promoção da cidadania (BRASIL, 2007). A integralidade, um dos princípios doutrinários que regem o SUS, remete à concepção da atenção integral em todos os níveis do sistema, mas também à integralidade de saberes, práticas, vivências e espaços de cuidado. Desse modo, para que haja a integralidade da atenção à saúde no Brasil, é necessário o desenvolvimento de ações de educação em saúde em perspectiva dialógica, participativa e criativa, que contribua para a autonomia do usuário (BRASIL, 2007). Nesse sentido, o Ministério da Saúde recomenda a Educação Popular em Saúde como uma das principais estratégias para a promoção da qualidade de vida da população. Para melhor entendimento dessa estratégia, sugere-se a leitura do Caderno de Educação Popular e Saúde do Ministério da Saúde, publicado em 2007, que expõe as experiências de educação vivenciadas por diferentes atores sociais e está disponível em <http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/caderno_de_educacao_popular_e_saude.pdf>. Material Específico – Enfermagem – Tomo 4 – CQA/UNIP 44 Questão 7 Questão 7.7 O Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO) é uma diretriz para orientar o empresariado no estabelecimento de um plano de saúde ocupacional para o trabalhador. Em muitas atividades, há risco aumentado de aquisição e de transmissão de doenças infecciosas no ambiente de trabalho. É importante a educação em relação ao emprego correto das técnicas de proteção individual, assim como a indicação correta da vacinação adequada, preferencialmente ao ingresso do profissional em sua atividade. BALLALAI, I; MIGOWSKI, E. Imunização e Prevenção nas empresas: um guia de orientação para a saúde dos negócios e do trabalhador. Rio de Janeiro, 2006. São vacinas recomendadas para os profissionais de saúde pelo calendário de vacinação ocupacional da Sociedade Brasileira de Imunizações: A. pneumocócica, meningocócica C conjugada e tríplice viral. B. tríplice viral, hepatite A e B e cólera (oral). C. febre amarela, meningocócica C conjugada e difteria, coqueluche e tétano. D. hepatite A e B, meningocócica C conjugada e tríplice viral. E. raiva, meningocócica C conjugada e tríplice viral. 1. Introdução teórica Saúde do trabalhador: imunização No Brasil, as Normas Regulamentadoras (NRs) relativas à Segurança e Medicina do Trabalho foram aprovadas pela Portaria Nº 3.214, de 08 de junho de 1978. Essa Portaria regulamentou e forneceu orientações sobre os procedimentos obrigatórios relacionados à segurança e à medicina do trabalho no País (BRASIL, 1978). Atualmente, o Ministério do Trabalho e Emprego estabelece 34 Normas Regulamentadoras que devem ser de observância obrigatória pelas empresas privadas e públicas e pelos órgãos públicos da administração direta e indireta, bem como pelos órgãos dos Poderes Legislativo e Judiciário, que possuam empregados regidos pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) (BRASIL, 1978). A Norma Regulamentadora Nº 07, aprovada pela Portaria GM Nº 3.214, de 08 de junho de 1978, estabelece a obrigatoriedade da elaboração e implementação, por parte de 7Questão 27 - Enade 2010. Material Específico – Enfermagem – Tomo 4 – CQA/UNIP 45 todos os empregadores e das instituições que admitam trabalhadores como empregados, do Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO), com o objetivo de promoção e preservação da saúde dos trabalhadores. De acordo com a NR Nº 07, o PCMSO deve estar articulado com o disposto nas demais NRs, com o foco assistencial de prevenção, rastreamento e diagnóstico precoce dos agravos à saúde relacionados ao trabalho, incluindo os de natureza subclínica, além da constatação da existência de casos de doenças profissionais ou danos irreversíveis à saúde dos trabalhadores. A presença de agentes biológicos transmissores de doenças nos serviços de saúde obriga o empregador a prover os meios de proteção para que o trabalhador não se acidente. Caso se acidente, os serviços de saúde devem prover meios para que o trabalhador não sofra as consequências de uma possível contaminação por microrganismos que provoquem doenças comprovadamente evitáveis pelos imunobiológicos (SBIm e ANAMT, 2011). Por isso, um importante recurso para a prevenção de doenças transmissíveis nos serviços de saúde é a vacinação ou a imunização dos trabalhadores, pois diminui o risco de absenteísmo. Esse recurso constitui um dos principais aliados do Serviço de Saúde Ocupacional. A Norma Regulamentadora Nº 32, que estabelece as diretrizes básicas para a implementação de medidas de proteção à segurança e à saúde dos trabalhadores dos serviços de saúde, identificou a obrigatoriedade do empregador de disponibilizar todas as vacinas registradas no país que possam, segundo os critérios de exposição a riscos, estar indicadas para o trabalhador de saúde e estabelecidas no PCMSO, conforme descrito a seguir. 32.4.22.6 Sempre que houver vacinas eficazes contra os agentes biológicos a que os trabalhadores estão ou podem estar expostos, o empregador deve disponibilizá-las gratuitamente aos trabalhadores não imunizados (BRASIL, 2005; NR 32). São considerados trabalhadores da saúde: médicos, enfermeiros e técnicos e auxiliares de Enfermagem, patologistas e técnicos de patologia, dentistas, fonoaudiólogos, fisioterapeutas, pessoal de apoio, manutenção e limpeza de ambientes hospitalares, maqueiros, motoristas de ambulância, técnicos de RX e outros profissionais que frequentam assiduamente os serviços de saúde, tais como representantes da indústria farmacêutica (SBIm e ANAMT, 2011). Material Específico – Enfermagem – Tomo 4 – CQA/UNIP 46 A vacinação desses trabalhadores previne certas doençasinfecciosas de possível transmissão no serviço de saúde, como hepatite A e B, varicela, sarampo, influenza (gripe), caxumba, rubéola, doença pneumocócica e doença meningocócica. O calendário de vacinação ocupacional estipulado pela Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) e pela Associação Nacional de Medicina do Trabalho (ANAMT) recomenda que os profissionais da área da saúde sejam vacinados conforme descrito no quadro 1. Quadro 1. Calendário de Vacinação Ocupacional – SBIm. Profissionais de saúde. Vacina Esquema Tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola) Dose única Hepatite A e B Hepatite A – duas doses, com intervalo de seis meses Hepatite B – três doses, com intervalo de um mês entre a primeira e a segunda, e de cinco entre a segunda e a terceira dose Dupla adulto (tétano e difteria) Com esquema vacinal completo – reforço de dupla adulto a cada dez anos Com esquema vacinal incompleto – completar o esquema de três doses e reforço de dupla adulto a cada dez anos Varicela A partir de 13 anos de idade: duas doses com intervalo de dois meses Influenza (gripe) Dose única anual Antimeningocócica C conjugada Dose única Fonte. Sociedade Brasileira de Imunizações e Associação Nacional de Medicina do Trabalho. A SBIm e a ANAMT recomendam que o médico coordenador do PCMSO deve complementar o programa de vacinação do trabalhador de acordo com a avaliação dos riscos de contaminação determinados pelo Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA). Segundo a NR Nº 32, o empregador deve assegurar que os trabalhadores sejam informados sobre as vantagens e os efeitos colaterais da vacinação e os riscos aos quais os trabalhadores ficarão expostos por falta ou recusa de vacinação. A imunização deve ser registrada no prontuário clínico individual do profissional de saúde, conforme previsto na NR Nº 07, devendo ser fornecido ao trabalhador o comprovante das vacinas recebidas (BRASIL, 2005). O trabalhador da saúde deve estar sensibilizado, informado, conscientizado e convencido de que a vacinação é um importante meio para a prevenção de doenças Material Específico – Enfermagem – Tomo 4 – CQA/UNIP 47 transmissíveis no ambiente de trabalho, sendo, assim, primordial para a manutenção de sua saúde. A responsabilidade pela proteção à segurança e à saúde dos trabalhadores deve ser solidária entre contratantes e contratados, e ambos devem zelar pela qualidade de vida do trabalhador e pela qualidade do serviço prestado. 2. Análise das alternativas São vacinas recomendadas para os profissionais de saúde pelo calendário de vacinação ocupacional da Sociedade Brasileira de Imunizações: tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola), hepatite A e B, dupla adulto (tétano e difteria), varicela, influenza e antimeningocócica C conjugada. A – Alternativa incorreta. JUSTIFICATIVA. A vacina pneumocócica não é recomendada pela SBIm para os profissionais de saúde. B – Alternativa incorreta. JUSTIFICATIVA. A vacina contra cólera (oral) não é recomendada pela SBIm para os profissionais de saúde. C – Alternativa incorreta. JUSTIFICATIVA. A vacina contra febre amarela não é recomendada pela SBIm para os profissionais de saúde. D – Alternativa correta. JUSTIFICATIVA. Todas as vacinas citadas são recomendadas pela SBIm para os profissionais de saúde. E – Alternativa incorreta. JUSTIFICATIVA. A vacina contra raiva não é recomendada pela SBIm para os profissionais de saúde. Material Específico – Enfermagem – Tomo 4 – CQA/UNIP 48 3. Indicações bibliográficas • BRASIL. Ministério do Trabalho e do Emprego. Portaria GM Nº 3.214, de 08 de junho de 1978 – NR 07 – Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (DOU 06/07/78). Disponível em <http://www.mte.gov.br/legislacao/normas_regulamentadoras/default.asp>. Acesso em 18 abr. 2011. • BRASIL. Ministério do Trabalho e do Emprego. Portaria GM Nº 485, de 11 de novembro de 2005 – NR 32 – Disposições Gerais (DOU 16/11/05). Disponível em <http://www.mte.gov.br/legislacao/normas_regulamentadoras/default.asp>. Acesso em 18 abr. 2011. • BRASIL. Ministério da Saúde. Vacinação. Disponível em <http://portal.saude.gov.br/portal/saude/profissional/area.cfm?id_area=1448>. Acesso em 03 dez. 2012. • SOCIEDADE BRASILEIRA DE IMUNIZAÇÕES – SBIm. ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE MEDICINA DO TRABALHO – ANAMT. Atualização em vacinação ocupacional: guia prático. Disponível em <http://www.sbim.org.br/sbim_guia_ocupacional.pdf>. Acesso em 19 abr. 2011. 4. Texto complementar – Questão 7 Programa Nacional de Imunização (PNI) Em 1973, o Ministério da Saúde criou o Programa Nacional de Imunização (PNI) com o objetivo de erradicar, eliminar e controlar as doenças infecto-contagiosas e imunopreveníveis no território brasileiro. Desde então, o PNI coordena as atividades relacionadas à imunização da população brasileira, preconiza normas específicas de vacinação no Brasil e adota quatro calendários básicos de vacinação: para a criança, o adolescente, o adulto, a pessoa idosa e da população indígena (BRASIL, 2012). As práticas de imunização em adultos e pessoas idosas também são impactantes na redução da morbimortalidade por doenças infectocontagiosas, no entanto, são pouco discutidas e difundidas entre a população. Por isso, considera-se importante a divulgação do calendário vacinal das pessoas com idade igual ou superior a 20 anos para toda a população Material Específico – Enfermagem – Tomo 4 – CQA/UNIP 49 e, também, o domínio técnico-científico dos profissionais de saúde sobre a imunização nessa faixa etária. De acordo com o PNI, os adultos e as pessoas idosas devem ser vacinados contra hepatite B, tétano, difteria, febre amarela, sarampo, caxumba, rubéola, gripe sazonal e infecções causadas pelo pneumococo, conforme apresentado no quadro 2 (BRASIL, 2012). Quadro 2. Calendário de vacinação do adulto e da pessoa idosa. IDADE VACINA DOSE DOENÇAS EVITADAS 20 a 59 anos Hepatite B1 3 doses Hepatite B Dupla tipo adulto 1 dose a cada 10 anos Difteria e tétano Febre amarela2 1 dose a cada 10 anos Febre amarela Tríplice viral (SCR)3 Dose única Sarampo, caxumba e rubéola 60 anos ou mais Hepatite B1 3 doses Hepatite B Febre amarela2 1 dose a cada 10 anos Febre amarela Influenza sazonal Dose anual Influenza sazonal ou gripe Pneumocócica 23-valente (Pn23)4 Dose única Infecções causadas pelo pneumococo Dupla tipo adulto 1 dose a cada 10 anos Difteria e tétano Fonte. BRASIL. Ministério da Saúde; 2012. 1Vacina hepatite B (recombinante): deve ser oferecida aos grupos vulneráveis não vacinados ou sem comprovação de vacinação anterior. Grupos vulneráveis: gestantes, após o primeiro trimestre de gestação; trabalhadores de saúde; bombeiros; policiais militares, civis e rodoviários; caminhoneiros; carcereiros de delegacia e de penitenciárias; coletores de lixo hospitalar e domiciliar; agentes funerários comunicantes sexuais de pessoas portadoras de VHB; doadores de sangue; homens e mulheres que mantêm relações sexuais com pessoas do mesmo sexo; lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais; pessoas reclusas (presídios, hospitais psiquiátricos, instituições de menores, forças armadas, dentre outras); manicures, pedicures e podólogos; populações de assentamentos e acampamentos; potenciais receptores de múltiplas transfusões de sangue ou politransfundido; profissionais do sexo/prostitutas; usuários de drogas injetáveis, inaláveis e pipadas (aspiradas pelo nariz); portadores de DST (BRASIL, 2012). 2 Vacina contra Febre amarela (atenuada): indicada aos residentes ou viajantes para as seguintes áreas com recomendação da vacina: estados do Acre, Amazonas, Amapá, Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Distrito Federal e Minas Gerais e alguns municípios dos estados do Piauí, Bahia, São Paulo,Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. A vacina deve ser administrada 10 (dez) dias antes da data da viagem. Administrar dose de reforço, a cada dez anos após a data da última dose. Precaução: a vacina é contra-indicada para gestantes e mulheres que estejam amamentando (BRASIL, 2012). 3 Vacina contra sarampo, caxumba e rubéola (SCR): deve ser administrada uma dose em mulheres de 20 a 49 anos de idade e em homens de 20 a 39 anos de idade que não apresentarem comprovação vacinal. Precaução: a vacina é contraindicada para gestantes (BRASIL, 2012). 4 Vacina pneumocócica 23-valente (polissacarídica): administrar uma dose durante a Campanha Nacional de Vacinação da Pessoa Idosa, nos indivíduos de 60 anos e mais que vivem em instituições fechadas como: casas geriátricas, hospitais, asilos, casas de repouso, com apenas 1 (um) reforço cinco anos após a dose inicial. O Enfermeiro atuante na atenção primária em saúde deve apresentar adequado conhecimento científico acerca das especificidades da imunização no indivíduo adulto e na pessoa idosa, a fim de conscientizar e estimular essa população a manter a carteira de vacinação sempre atualizada, reduzindo, assim, a morbimortalidade pelas doenças infectocontagiosas imunopreveníveis. Material Específico – Enfermagem – Tomo 4 – CQA/UNIP 50 Questão 8 Questão 8.8 A Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem, aprovada em 2009, tem como objetivo a promoção da melhoria das condições de saúde da população masculina brasileira, “contribuindo para a redução das causas de morbidade e mortalidade através do enfrentamento racional dos fatores de risco e facilitando o acesso às ações e aos serviços de atenção integral à saúde” (BRASIL, 2010). Hoje, no Brasil, duas a cada três mortes de adultos são de homens, o que reforça a necessidade de uma política específica de atenção a essa parcela da população. O gráfico abaixo apresenta as principais causas de mortalidade na população masculina brasileira de 20 a 59 anos de idade. Com base no gráfico, conclui-se que A. há relação inversa entre a mortalidade por causas externas e a mortalidade devido a doenças do aparelho circulatório nos extremos de idade: 20-29 anos e 50-59 anos de idade. B. as curvas de mortalidade por neoplasias, doenças do aparelho digestivo e do aparelho respiratório têm pouca variação entre si na vida adulta. C. a mortalidade por neoplasias entra em ascensão a partir dos 39 anos de idade e estabiliza na faixa etária de 50 a 59 anos de idade. 8Questão 28 - Enade 2010. Material Específico – Enfermagem – Tomo 4 – CQA/UNIP 51 D. as doenças do aparelho circulatório são responsáveis por grande parte da mortalidade durante toda a vida adulta. E. causas externas e doenças do aparelho circulatório assumem curvas semelhantes após os 40 anos de idade. 1. Introdução teórica Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem A Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem foi instituída pelo Ministério da Saúde do Brasil, por meio da Portaria GM 1944, de 27 de agosto de 2009. Esta política foi implementada no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS) com o objetivo primordial de promover melhores condições de saúde da população masculina no Brasil, contribuindo efetivamente para a redução dos altos índices de morbimortalidade dessa população (BRASIL, 2009). A iniciativa do Ministério da Saúde surgiu em função da observação e da comprovação de que os homens, apesar de serem mais vulneráveis às doenças do que as mulheres, sobretudo às enfermidades crônicas e graves, procuram com menor frequência a assistência primária à saúde (BRASIL, 2008). Segundo o Ministério da Saúde, a cada três mortes de pessoas em idade adulta, duas são do gênero masculino. Os homens vivem, em média, sete anos a menos do que as mulheres e desenvolvem com maior frequência doenças cardiovasculares, como a hipertensão arterial, a dislipidemia, o diabetes mellitus e o câncer (BRASIL, 2008). Laurenti et al. (2005) acrescentam que os coeficientes de mortalidade por causas básicas de morte são maiores entre os homens quando comparados aos das mulheres, destacando-se as causas externas como a violência (homicídio e acidentes de transporte), os transtornos mentais e comportamentais (uso de álcool e substâncias psicoativas) e as doenças do aparelho digestivo (cirrose hepática, associada ao alcoolismo). A literatura aponta que muitas doenças e agravos à saúde e muitos óbitos de homens poderiam ser evitados se eles realizassem, com regularidade, os cuidados à sua saúde e promovessem medidas de prevenção primária, com foco na atenção primária à saúde. Por isso, a necessidade da instituição de uma Política de Saúde direcionada apenas para essa população (LAURENTI et al., 2005; GOMES et al., 2007; BRASIL, 2008). Material Específico – Enfermagem – Tomo 4 – CQA/UNIP 52 De acordo com o Ministério da Saúde, a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem está fundamentada nos princípios e diretrizes do SUS e apresenta, dentre outros, os objetivos citados a seguir (BRASIL, 2009). • Promover a mudança de paradigma sobre a percepção da população masculina acerca do autocuidado e do cuidado à sua família. • Captar precocemente a população masculina nas atividades de prevenção de doenças cardiovasculares e cânceres. • Organizar, implantar, qualificar e humanizar a atenção integral à saúde do homem no Brasil. • Fortalecer a assistência básica no cuidado ao homem, promovendo a facilitação e a garantia do acesso aos serviços de saúde, e a qualidade da atenção necessária ao enfrentamento dos fatores de risco das doenças e agravos à saúde da população masculina. • Capacitar e qualificar os profissionais da rede básica de saúde para o atendimento adequado à saúde do homem. • Implantar, implementar, ampliar e qualificar a atenção à saúde sexual e reprodutiva dos homens, com inclusão do homem na questão do planejamento reprodutivo. • Promover a prevenção e o controle das infecções sexualmente transmissíveis. • Ampliar o acesso às informações sobre medidas preventivas contra os agravos e as doenças que atingem a população masculina, incluindo o enfoque de gênero nas ações educativas. Além de evidenciar os principais fatores de morbidade e mortalidade do homem, a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem explicita o reconhecimento de determinantes sociais que resultam na maior vulnerabilidade da população masculina aos agravos à saúde e pretende mobilizar os homens brasileiros pela luta e garantia do direito à saúde, já consolidado pela Constituição Federal do Brasil (BRASIL, 2008). 2. Análise das alternativas O gráfico apresentado no enunciado da questão indica as principais causas de mortalidade na população masculina, com idade entre 20 e 59 anos, no ano de 2007. Entre elas, citam-se as neoplasias, doenças dos aparelhos digestivo, circulatório e respiratório e as causas externas. Material Específico – Enfermagem – Tomo 4 – CQA/UNIP 53 Analisando o gráfico, observa-se que o número de óbitos por neoplasias e por doenças dos aparelhos cardiorrespiratório e digestivo aumenta conforme o avanço da idade dos homens, havendo uma relação diretamente proporcional entre as mortes por essas causas e a idade desses indivíduos. Entretanto, observa-se que existe queda no número de óbitos por causas externas conforme o avanço da idade, demonstrando uma relação inversamente proporcional entre essas duas variáveis. A – Alternativa correta. JUSTIFICATIVA. Observa-se no gráfico que o número de óbitos por causas externas na idade entre 20 e 29 anos foi quase 35 mil, enquanto o de doenças circulatórias foi menos de 5 mil óbitos. Na faixa etária entre 50 e 59 anos, nota-se que houve aproximadamente 10 mil óbitos por causas externas e cerca de 25 mil óbitos por doenças circulatórias. Assim,observa-se que existe uma relação inversa entre a mortalidade por causas externas e por doenças circulatórias nos extremos de idade: as causas externas matam mais jovens, enquanto as doenças circulatórias causam mais óbito de pessoas com idade entre 50 e 59 anos. B – Alternativa incorreta. JUSTIFICATIVA. As curvas dos aparelhos digestivo e respiratório apresentam menor variação na vida adulta. No entanto, nota-se que a curva de mortalidade por neoplasia varia consideravelmente entre os 20 e 59 anos de idade, passando de menos de 5 mil para mais de 15 mil óbitos no ano de 2007, ou seja, 3 vezes mais. C – Alternativa incorreta. JUSTIFICATIVA. O número de óbitos por neoplasias entra em ascensão na faixa etária de 30 a 39 anos de idade e continua em ascensão até a faixa dos 50 aos 59 anos de idade. D – Alternativa incorreta. JUSTIFICATIVA. As causas externas são as principais causas de óbito entre os homens na faixa etária entre 40 e 49 anos. Após essa fase, as doenças do aparelho circulatório são as principais responsáveis pelos óbitos na população masculina. Sendo assim, as doenças do aparelho circulatório não são responsáveis por grande parte dos óbitos durante toda a vida adulta do homem. Material Específico – Enfermagem – Tomo 4 – CQA/UNIP 54 E – Alternativa incorreta. JUSTIFICATIVA. As curvas do número de óbitos por causas externas e por doenças do aparelho digestivo assumem traçados inversos, e não semelhantes, em toda a vida do homem adulto. 3. Indicações bibliográficas • BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria GM Nº 1.944, de 27 de agosto de 2009 – Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem. Disponível em <http://www.saude.rr.gov.br/legislacao/federal/politicanacionalatencaointegralsaudehom em_0001.PDF>. Acesso em 06 jun. 2011. • BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem – Princípios e Diretrizes. Brasília (DF): Ministério da Saúde, 2008. • FIGUEIREDO, W. Assistência à saúde dos homens: um desafio para os serviços de atenção primária. Ciência e Saúde Coletiva, 10(1): 105-96, 2005. • GOMES, R.; NASCIMENTO, E. F.; ARAÚJO, F. C. Por que os homens buscam menos os serviços de saúde do que as mulheres? As explicações de homens com baixa escolaridade e homens com ensino superior. Cad. Saúde Pública (RJ): 23(3):565-74, 2007. • LAURENTI, R.; JORGE MELLO, M. H. P.; GOTLIEB, S.L.D. Perfil Epidemiológico da morbimortalidade masculina. Ciência e Saúde Coletiva, 10(1): 35-46, 2005. 3. Texto complementar – Questão 8 Desafios para a assistência à saúde dos homens Pesquisas científicas constatam que os homens morrem mais e sofrem mais por doenças crônicas e graves quando comparados à população feminina. No entanto, apesar de as taxas masculinas assumirem peso significativo nos perfis de morbimortalidade, a presença de homens nos serviços de saúde do Brasil é menor do que a das mulheres (GOMES et al., 2007). Estudo desenvolvido por Gomes, Nascimento e Araújo (2007) para investigar as explicações masculinas a respeito da pouca procura pelo serviço de saúde indicou as Material Específico – Enfermagem – Tomo 4 – CQA/UNIP 55 seguintes razões: representação do cuidar como uma tarefa feminina, questões relacionadas ao trabalho, dificuldade de acesso aos serviços de saúde e falta de unidades direcionadas ao cuidado à saúde do homem. Ao atuar na atenção primária em saúde, o profissional deve compreender as dificuldades dos homens na procura de uma unidade de saúde e a pouca interação entre a organização das práticas de saúde e as necessidades de saúde dos homens. Para promover a assistência à saúde dos homens, os profissionais de saúde devem discutir estratégias que considerem as dificuldades para melhor acolhimento e atendimento dessa população nos serviços de saúde (FIGUEIREDO, 2005). Sugere-se a leitura e a discussão do artigo de Figueiredo (2005) intitulado “Assistência à saúde dos homens: um desafio para os serviços de atenção primária”, publicado na Revista Ciência e Saúde Coletiva e disponível em <http://www.scielosp.org/pdf/csc/v10n1/a11v10n1.pdf>. O artigo, cujo resumo encontra-se reproduzido a seguir, discute como os serviços de atenção primária em saúde podem contribuir para a atenção à saúde dos homens. Resumo O texto discute como os serviços de atenção primária podem contribuir para uma prática saudável por parte da população masculina. Tal objetivo implica a discussão de estratégias que envolvem os homens como sujeitos confrontados com as diferentes dimensões da vida; os serviços na maneira como eles se organizam para atender os usuários considerando suas particularidades; e os vínculos estabelecidos entre os homens e os serviços e vice-versa. Como fundamentação teórica, prevalecem os conceitos de gênero e de necessidade em saúde. Esses conceitos são relacionados à experiência prática desenvolvida no Centro de Saúde Escola Samuel B. Pessoa, localizado no bairro do Butantã, na cidade de São Paulo. Material Específico – Enfermagem – Tomo 4 – CQA/UNIP 56 Questão 9 Questão 9.9 Margarida tem 75 anos de idade, mora sozinha, é portadora de hipertensão arterial e, diariamente, faz uso de anti-hipertensivo às 22 horas. Relata levantar várias vezes durante a noite para urinar, e que, às vezes, ao se levantar da cama, sente tonturas. Nega limitações ou dificuldades na marcha. Após coletar esses dados durante a consulta de Enfermagem, realizada na visita domiciliar, e objetivando minimizar riscos de queda e injúrias, o enfermeiro deve orientar a idosa ao que segue. I. Contratar um acompanhante/cuidador, usar fraldas durante a noite, diminuir ingesta hídrica após as 18 horas, manter uma luz acesa durante a noite, usar uma bengala para apoio ao levantar-se, ir ao banheiro antes de dormir e evitar micções durante a noite. Se for necessário levantar-se, solicitar ajuda do acompanhante/cuidador. II. Manter durante a noite iluminação suficiente para orientar o trajeto ao banheiro e, se possível, ter a cama próxima ao interruptor de luz. Restringir o uso de tapetes, permanecer sentada por alguns minutos antes de levantar-se da cama, usar calçado antiderrapante e não permitir animais domésticos dentro de casa, principalmente durante a noite. III. Evitar levantar-se durante a noite para urinar, ir ao banheiro antes de se deitar, não usar chinelos para caminhar até o banheiro, ingerir líquidos até, no máximo, as 18 horas, identificar alguém de seu convívio social para dormir em sua casa, restringir o uso de medicamentos diuréticos, solicitando ao médico a troca do anti-hipertensivo diurético para inibidor da ECA. IV. Usar anti-hipertensivo diurético pela manhã, instalar barras de apoio nas paredes próximas à cama, no trajeto até o banheiro, próximo ao vaso sanitário e chuveiro, ter interruptor de luz próximo à cabeceira da cama, fazer caminhadas diárias para fortalecer a musculatura dos membros inferiores, observar sempre as condições das calçadas e usar sapatos com solado antiderrapante. V. Providenciar bengala e solicitar orientação do seu uso a um fisioterapeuta, adquirir sapatos com alça de fixação no calcanhar, iniciar atividade para fortalecimento muscular, interromper uso de anti-hipertensivo diurético, providenciar um 9Questão 29 - Enade 2010. Material Específico – Enfermagem – Tomo 4 – CQA/UNIP 57 acompanhante/cuidador para período noturno, procurar médico e solicitar exame de densitometria óssea e providenciar uma campainha no quarto. É correto apenas o que se afirma em A. I e II. B. I e III. C. II e IV. D. III e V. E. IV e V. 1. Introdução teórica Hipertensão arterial sistêmica e saúde da pessoa idosa A Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) é um importante problemade saúde pública no Brasil e no mundo (BRASIL, 2006). No Brasil, cerca de 17 milhões de pessoas são diagnosticadas com a doença e, somente no ano de 2007, foram registrados 308.466 óbitos por doenças do aparelho circulatório relacionadas à hipertensão arterial no país (BRASIL, 2006; SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA, 2010). A HAS é definida como uma pressão arterial sistólica igual ou superior a 140 mmHg e uma pressão arterial diastólica igual ou superior a 90 mmHg (BRASIL, 2006; SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA, 2010; SMELTZER et al., 2011). A idade avançada, o excesso de peso, a ingestão excessiva de sódio (sal), a ingestão de álcool por períodos prolongados, o sedentarismo e a predisposição genética, entre outros, são considerados fatores de risco para o desenvolvimento da HAS, de acordo com a Sociedade Brasileira de Cardiologia (2010). A HAS é uma doença que acomete de 50% a 70% das pessoas idosas no Brasil (BRASIL, 2006). As alterações estruturais e funcionais nos vasos sanguíneos e no coração contribuem para o aumento dos níveis pressóricos nas pessoas idosas. Essas modificações incluem o acúmulo de placa aterosclerótica, a fragmentação das elastinas arteriais, o aumento do depósito de colágeno e o comprometimento da vasodilatação. O desfecho dessas alterações é na redução da elasticidade dos principais vasos sanguíneos, que, por sua vez, resulta na elevação da pressão arterial (SMELTZER et al., 2011). A doença é um fator determinante de morbidade e mortalidade entre as pessoas idosas, mas, quando controlada de modo adequado, reduz substancialmente as limitações Material Específico – Enfermagem – Tomo 4 – CQA/UNIP 58 funcionais e a incapacidade (BRASIL, 2006). A meta do tratamento da hipertensão, sobretudo na terceira idade, consiste em evitar as complicações e a morte, por meio da manutenção da pressão arterial em valores iguais ou inferiores a 140/90 mmHg (BRASIL, 2006; SMELTZER et al., 2011). O tratamento da doença inclui medidas não farmacológicas isoladas e a associação desses métodos com os fármacos anti-hipertensivos. O controle do excesso de peso, a adoção de hábitos alimentares saudáveis, a redução do consumo de bebidas alcoólicas, o abandono do tabagismo e a realização de uma atividade física regular constituem meios não farmacológicos para o tratamento da HAS, que devem ser constantemente estimulados pelos profissionais de saúde (BRASIL, 2006; SMELTZER et al., 2011). Os diuréticos são os fármacos que mostraram melhores resultados na redução dos eventos cardiovasculares, renais e cerebrovasculares e por isso são recomendados como primeira opção para o tratamento anti-hipertensivo. Entretanto, essa terapia é eficaz em cerca de 40% a 50% dos casos. Quando existe uma resposta inadequada à monoterapia medicamentosa (tratamento com um único agente), é necessária a associação do diurético com outros medicamentos anti-hipertensivos, como os inibidores da ECA, os betabloqueadores e os antagonistas do cálcio para o tratamento da HAS (BRASIL, 2006). Para as pessoas idosas, o tratamento deve ser iniciado com as modificações no estilo de vida, ou seja, com a terapia não farmacológica. Se a resposta for inadequada, pode haver necessidade da inclusão dos medicamentos à terapêutica. Nesses casos, a dose inicial do fármaco deve ser mais baixa do que as preconizadas pelo Ministério da Saúde (BRASIL, 2006; SMELTZER et al., 2011). Contudo, os indivíduos com hipertensão, principalmente as pessoas idosas, e seus cuidadores devem ser alertados pelos profissionais de saúde de que os medicamentos anti- hipertensivos podem provocar hipotensão arterial. Como as pessoas idosas apresentam reflexos cardiovasculares comprometidos e, portanto, demonstram maior sensibilidade à depleção do volume extracelular causado pelos diuréticos e à inibição simpática provocada pelos antagonistas adrenérgicos, essa população apresenta maior probabilidade do aparecimento do quadro clínico de hipotensão arterial. Em função dessas condições, as pessoas idosas e os cuidadores devem relatar imediatamente ao profissional de saúde os problemas relacionados aos medicamentos, como a pressão arterial baixa ou a hipotensão postural (ortostática), manifestada como tonturas ou vertigem na posição ortostática (SMELTZER et al., 2011). Material Específico – Enfermagem – Tomo 4 – CQA/UNIP 59 Para minimizar o risco de hipotensão arterial, o enfermeiro deve orientar os pacientes a se moverem lentamente quando passam de uma posição deitada ou sentada para uma posição em pé. Também deve aconselhar os indivíduos a utilizarem dispositivos de suporte à movimentação quando houver necessidade, como corrimãos e andadores, para evitar quedas que poderiam ocorrer em função das tonturas decorrentes do referido quadro clínico (SMELTZER et al., 2011). O enfermeiro deve promover cuidados especiais às pessoas idosas hipertensas para assegurar que eles compreendam o esquema terapêutico, garantindo, assim, a realização de um tratamento adequado para a doença. Para isso, o enfermeiro deve apoiar a pessoa idosa e ensiná-la a aderir ao esquema de tratamento, implementando as mudanças necessárias para a manutenção de um estilo de vida saudável, fazendo com que esse paciente tome os medicamentos conforme prescrição médica e agende consultas médicas periódicas para o acompanhamento de sua saúde (SMELTZER et al., 2011). O enfermeiro também deve incluir a família e os cuidadores da pessoa idosa no programa de ensino para o planejamento de cuidados, para que compreendam as necessidades do paciente, incentivem a adesão ao plano de tratamento e identifiquem possíveis complicações relacionadas à hipertensão (SMELTZER et al., 2011). O adequado planejamento dos cuidados à pessoa idosa com hipertensão arterial sistêmica, incluindo os familiares e os cuidadores, é primordial para a redução da morbimortalidade em função da hipertensão arterial sistêmica nessa população. 2. Análise das afirmativas I – Afirmativa incorreta. JUSTIFICATIVA. O enfermeiro deve orientar sobre a importância da presença de um acompanhante e não solicitar sua contratação. Evitar micções durante o período noturno aumenta a possibilidade do desenvolvimento de infecção no trato urinário. Para evitar quedas em função da hipotensão postural, o enfermeiro deve orientar os pacientes a mudarem vagarosamente de posição quando passam da posição deitada para a posição em pé e, se possível, devem chamar o cuidador antes de se levantar. II – Afirmativa correta. JUSTIFICATIVA. A iluminação do trajeto ao banheiro ajuda a evitar quedas, assim como a restrição de tapetes na residência. A mudança de posição lenta e gradual é uma orientação Material Específico – Enfermagem – Tomo 4 – CQA/UNIP 60 essencial para evitar quedas, assim como o uso de calçados antiderrapantes. Evitar a permanência de animais domésticos dentro de casa minimiza a possibilidade de quedas, sobretudo durante a noite. III – Afirmativa incorreta. JUSTIFICATIVA. Se Dona Margarida não urinar durante o período noturno, aumenta a possibilidade do desenvolvimento de infecção no trato urinário; caso haja vontade de urinar nesse período, ela deve ser orientada a levantar-se calmamente, permanecendo sentada algum tempo antes de levantar-se. Para evitar lesões e acidentes, a mulher também deve ser orientada a usar calçados antiderrapantes. Além disso, não é necessária a restrição de ingestão hídrica após as 18 horas. O diurético anti-hipertensivo é a medicação de primeira escolha no tratamento da HAS: só deve ser trocado caso não haja um resultado adequado, o que não é o caso. IV – Afirmativa correta. JUSTIFICATIVA. O medicamento diurético deve ser administrado no horário solicitado pelo médico, conforme prescrição. Por isso, o enfermeiro somente deve modificar o horário da administração do fármaco se a prescrição permitir,mas essa constitui uma possibilidade que o enfermeiro pode considerar para minimizar o risco de quedas durante a noite. Conforme já referenciado, a instalação de barras de apoio nas paredes do quarto e do banheiro e a presença de interruptor próximo à cama e o uso de calçados antiderrapantes são mecanismos que podem evitar quedas. V – Afirmativa incorreta. JUSTIFICATIVA. O enfermeiro deve orientar o uso de calçados antiderrapantes, não havendo necessidade somente de sapatos com alça de fixação no calcanhar. O profissional não deve solicitar a interrupção do uso de medicamento sem avaliação médica prévia. Alternativa correta: C. 3. Indicações bibliográficas Material Específico – Enfermagem – Tomo 4 – CQA/UNIP 61 • BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Envelhecimento e saúde da pessoa idosa. Brasília (DF): Ministério da Saúde, 2006. • BRASIL. Ministério da Saúde. Biblioteca Virtual em Saúde. Quedas de idosos. Brasília (DF): Ministério da Saúde, 2009. • SMELTZER, S. C.; HINKLE, J. L.; BARE, B. G.; CHEEVER K. H. Brunner e Suddarth: Tratado de Enfermagem Médico-Cirúrgico. 12. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2011. • SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA. Sociedade Brasileira de Hipertensão. Sociedade Brasileira de Nefrologia. VI Diretrizes Brasileiras de Hipertensão. Arq. Bras. Cardiol. 2010; 95(1):1-51. • WORLD HEALTH ORGANIZATION (WHO). WHO Global report on falls prevention in older age. Genebra: WHO, 2007. In: SÃO PAULO. Secretaria do Estado da Saúde de São Paulo. Relatório global da Organização Mundial de Saúde sobre prevenção de quedas na velhice. [tradução]. São Paulo (SP): Secretaria do Estado da Saúde, 2010. 4. Texto complementar – Questão 9 Quedas e pessoas idosas A queda é um evento comum entre as pessoas idosas e sua frequência aumenta progressivamente com a idade, em ambos os gêneros (BRASIL, 2009). Os acidentes por quedas podem provocar fraturas, traumatismos cranianos e morte e afetam a qualidade de vida da pessoa idosa em função de consequências psicossociais, como o medo e a falta de confiança. Além de problemas médicos, as quedas provocam elevados custos sociais e econômicos, aumentando a dependência e a institucionalização das pessoas idosas (BRASIL, 2009). Cuidados simples e adaptações podem reduzir o risco de quedas das pessoas idosas. De acordo com o Ministério da Saúde (2009), o profissional de saúde deve recomendar as orientações gerais citadas a seguir para prevenir quedas nessa população. • Realizar exames oftalmológicos e físicos anualmente, sobretudo para detectar problemas cardíacos e de pressão arterial. • Promover a ingestão adequada de cálcio e vitamina D. • Realizar banhos de sol diariamente. Material Específico – Enfermagem – Tomo 4 – CQA/UNIP 62 • Praticar atividade física que vise ao desenvolvimento de agilidade, força, equilíbrio e coordenação, ao ganho de força do quadríceps e à mobilidade do tornozelo. Eliminar, do ambiente domiciliar, objetos que possam provocar escorregões. • Instalar suportes, corrimão e outros acessórios de segurança. • Utilizar sapatos com sola antiderrapante. • Amarrar o cadarço do calçado. • Substituir chinelos deformados ou frouxos. • Utilizar calçadeira ou sentar-se para colocar o sapato. • Evitar sapatos altos e com sola lisa. • Evitar a ingestão excessiva de bebidas alcoólicas. • Manter lista atualizada de todos os medicamentos em uso e levá-la às consultas médicas ou de enfermagem. • Conhecer os efeitos colaterais dos remédios em uso. • Certificar-se de que todos os medicamentos utilizados estão claramente rotulados e guardados em um local adequado, respeitando as instruções de armazenamento. • Tomar os medicamentos nos horários corretos e da forma que foi receitada pelo médico. • Evitar andar somente de meias. Com relação às adaptações do ambiente físico domiciliar, o Ministério da Saúde referencia a necessidade de promover mudanças e cuidados em diferentes locais, como no quarto, na sala, no corredor, na cozinha, na escada e no banheiro (BRASIL, 2009). Essas orientações estão disponíveis em <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/dicas/184queda_idosos.html>. Material Específico – Enfermagem – Tomo 4 – CQA/UNIP 63 Questão 10 Questão 10.10 Uma criança de um ano e meio de idade é levada pela mãe ao Centro de Saúde da Família com sintomas de gripe. A mãe relata que a criança vem há dois dias com esse quadro e não está aceitando a alimentação. Após avaliação clínica, é levantada uma forte hipótese diagnóstica de síndrome respiratória secundária à infecção pelo vírus Influenza A (H1N1). Nesse caso, uma conduta imediata seria A. iniciar medicação após prescrição, identificar comunicantes e referenciar a criança a uma unidade hospitalar. B. aguardar confirmação laboratorial da presença do vírus Influenza A e, então, notificar o caso. C. orientar a mãe a administrar soro oral para que a criança não se desidrate e solicitar que retorne em menos de 24 horas para reavaliação do caso. D. coletar material já na unidade do primeiro atendimento e encaminhá-lo para o laboratório mais próximo para garantir agilidade no diagnóstico. E. garantir acompanhamento da criança na atenção básica, responsável por acompanhar casos de baixa complexidade, por meio da visita diária do agente comunitário de saúde. 1. Introdução teórica Infecção pelo vírus Influenza A (H1N1) A Influenza A (H1N1) é uma doença respiratória provocada pelo vírus do tipo A, que frequentemente provoca surtos de gripe entre os suínos (BRASIL, 2009). A identificação de um novo subtipo do vírus de influenza A (H1N1) entre os seres humanos, ocorrida em 24 de abril de 2009, no México e nos Estados Unidos da América, deu início à primeira pandemia do século 21 (BRASIL, 2009). A Organização Mundial de Saúde oficializou o início da pandemia à comunidade internacional no dia 25 de abril do mesmo ano, resultando em um processo de trabalho 10Questão 30 - Enade 2010. Material Específico – Enfermagem – Tomo 4 – CQA/UNIP 64 articulado na área da Saúde Pública de vários países para a redução da morbimortalidade relacionada à doença (BRASIL, 2009). Em 15 de julho de 2009, o Ministério da Saúde do Brasil publicou o Protocolo de Manejo Clínico e Vigilância Epidemiológica da Influenza, com os objetivos de monitorar a situação epidemiológica da doença, realizar o diagnóstico precoce, promover o acompanhamento dos casos leves e moderados e priorizar a assistência aos indivíduos mais graves (BRASIL, 2009). Em 27 de agosto do mesmo ano, o referido Ministério também elaborou as Diretrizes para o Enfrentamento à Pandemia de Influenza A (H1N1) na Atenção Primária à Saúde, visando à adaptação e à padronização das principais ações para o enfrentamento da pandemia e preparar os profissionais de saúde para o atendimento primário à população (BRASIL, 2009). Essas condutas do Governo Federal foram primordiais para o controle da pandemia no País. De acordo com os protocolos elaborados pelo Ministério da Saúde (2009), o subtipo do vírus da influenza A (H1N1) é transmitido de pessoa a pessoa, principalmente por meio da tosse ou do espirro e de secreções respiratórias de pessoas infectadas. Os sintomas podem iniciar no período de três a sete dias após o contato com o agente infeccioso e a transmissão ocorre, sobretudo, em lugares fechados. Em adultos, o período de transmissibilidade da doença é de um dia antes até o sétimo dia após o início dos sintomas, enquanto nas crianças menores de 12 anos, esse período equivale ao prazo de um dia antes até 14 dias após o início dos sintomas (BRASIL, 2009). O quadro clínico inicial da infecção por influenza A (H1N1) é caracterizado como uma síndrome gripal (SG), definida pelo Ministério da Saúde como “uma doençaaguda com duração máxima de cinco dias, apresentando febre acompanhada de tosse ou dor de garganta, na ausência de outros diagnósticos” (BRASIL, 2009, p. 5). Para o diagnóstico da síndrome gripal é primordial que haja uma avaliação clínica do profissional de saúde, não sendo indicada a confirmação laboratorial da presença do vírus da influenza A (H1N1). Conforme referido pelo Ministério da Saúde, o exame laboratorial é indicado apenas para acompanhar os casos de doença respiratória aguda grave e, em casos de surtos de síndrome gripal em comunidades fechadas, segundo orientação da vigilância epidemiológica. As condutas clínicas para o tratamento da síndrome independem do resultado do exame laboratorial específico para influenza A (H1N1) (BRASIL, 2009). De acordo com as diretrizes para o enfrentamento à pandemia de influenza A (H1N1) nas ações da atenção primária à saúde, o indivíduo que entrar em uma Unidade Básica de Material Específico – Enfermagem – Tomo 4 – CQA/UNIP 65 Saúde referindo sintomas gripais deve ser direcionado ao serviço de acolhimento ou atendimento de demanda espontânea. Nesse momento, é recomendado que o profissional de saúde e o indivíduo sob suspeita de influenza A utilizem máscara cirúrgica. A equipe de saúde deve avaliar os casos suspeitos e confirmar ou afastar o diagnóstico de síndrome gripal por meio da avaliação dos fatores de risco e dos sinais de alerta para a doença (BRASIL, 2009). Ao realizar a avaliação inicial de um indivíduo com quadro gripal, o profissional de saúde deve observar fatores de risco que podem contribuir para o agravamento da situação clínica do paciente. Devem receber cuidados especiais os pacientes com idades inferiores a dois anos e superiores a 60 anos de idade bem como os diabéticos. Deve ser verificado se há gestação, obesidade, imunodepressão e doenças crônicas de ordem pulmonar, cardiovascular, hepática, hematológica, renal, neurológica, neuromuscular e metabólica (BRASIL, 2009). Considera-se sinal de alerta para influenza H1N1 a presença de pelo menos um dos seguintes itens (BRASIL, 2009): • agravamento dos sinais e sintomas iniciais, como febre, mialgia, tosse e dispneia; • desidratação; • alterações no estado de consciência; • crises convulsivas; • taquipneia (frequência respiratória superior a 25 rpm); • utilização da musculatura acessória da respiração (batimento de asas de nariz, tiragem intercostal e cornagem); • alterações dos níveis pressóricos (hipotensão arterial – pressão arterial diastólica menor do que 60 mmHg ou pressão arterial sistólica maior do que 90 mmHg); • alterações da frequência cardíaca (frequência cardíaca maior do que 120 bpm); • febre persistente por mais de cinco dias (temperatura corporal superior a 38°C); • saturação de oxigênio inferior a 94%. Em crianças, a presença de cianose, incapacidade de ingerir líquidos ou a presença de qualquer um dos sinais e sintomas citados anteriormente constitui sinal de alerta para a doença (BRASIL, 2009). A figura 1 apresenta o fluxograma de atendimento de um paciente com suspeita de Influenza A (H1N1) na atenção primária à saúde, segundo as diretrizes para o enfrentamento à pandemia estabelecida pelo Ministério da Saúde em 2009. Material Específico – Enfermagem – Tomo 4 – CQA/UNIP 66 Figura 1. Fluxograma de atendimento de um paciente com suspeita de Influenza A (H1N1) na atenção primária à saúde. Fonte. BRASIL. Ministério da Saúde, 2009. A presença de pelo menos um desses sinais deve alertar o médico para o encaminhamento do paciente ao hospital. Casos com sintomas graves devem ser imediatamente encaminhados para o hospital ou serviço indicado pela Secretaria Estadual e/ou Municipal de Saúde. Previamente ao encaminhamento à unidade hospitalar de referência, a equipe de saúde deve estabilizar o paciente e identificar os comunicantes para promover orientações gerais para os contatos, além de notificar o caso de síndrome respiratória aguda grave (BRASIL, 2009). Segundo o mesmo protocolo do Ministério da Saúde (2009), a orientação domiciliar para as pessoas com suspeita de contaminação (contatos) por influenza A (H1N1) deve incluir: Material Específico – Enfermagem – Tomo 4 – CQA/UNIP 67 • a higienização das mãos com água e sabonete (ou, se possível, álcool em gel 70%) após tossir, espirrar, usar o banheiro e antes das refeições; • o não compartilhamento de objetos de uso pessoal e de alimentos; • a permanência, sempre que possível, em repouso na sua residência; • a alimentação balanceada e saudável; • o aumento na ingestão de líquidos. Para os familiares e os cuidadores, as orientações domiciliares do Ministério da Saúde envolvem (2009): • evitar aglomerações e ambientes fechados (manter os ambientes ventilados); • higienizar as mãos com frequência; • evitar tocar os olhos, nariz ou boca após contato com superfícies potencialmente contaminadas. Conforme referido anteriormente, as ações implementadas pelo Governo Federal por meio do Ministério da Saúde, a partir da Declaração da Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional (ESPII), ocorrida em 25 de abril de 2009, foram essenciais para o controle da doença no país. Atualmente, o Brasil conta com uma rede de vigilância para monitorar a circulação dos vírus respiratórios, além de um plano para o enfrentamento de uma possível pandemia de influenza no país (BRASIL, 2009). 2. Análise das alternativas A – Alternativa correta. JUSTIFICATIVA. Conforme indicado no fluxograma de atendimento, em indivíduos com fatores de risco para o agravamento da doença e com a presença de sinais de alerta (síndrome gripal), como é o caso dessa criança, a equipe de saúde deve estabilizar o indivíduo, iniciando a administração dos medicamentos, conforme prescrição médica, identificar os comunicantes (contatos) e encaminhar a criança a uma unidade hospitalar. B – Alternativa incorreta. JUSTIFICATIVA. De acordo com as Diretrizes do Ministério da Saúde (2009), não é necessário aguardar a confirmação laboratorial da presença do vírus Influenza A. As condutas clínicas para o tratamento da síndrome gripal independem do resultado do exame laboratorial específico para a doença. Material Específico – Enfermagem – Tomo 4 – CQA/UNIP 68 C – Alternativa incorreta. JUSTIFICATIVA. Se existe uma forte suspeita de síndrome respiratória secundária à infecção pelo vírus Influenza A (H1N1), a criança deve ser encaminhada a uma unidade hospitalar de saúde para atendimento. D – Alternativa incorreta. JUSTIFICATIVA. Se existe uma forte suspeita de síndrome respiratória secundária à infecção pelo vírus Influenza A (H1N1), não é necessário aguardar a confirmação laboratorial da presença do vírus. Por isso, não é primordial coletar material na unidade de atendimento e encaminhá-lo para o laboratório mais próximo, visto que a conduta independe do teste laboratorial. E – Alternativa incorreta. JUSTIFICATIVA. Se existe uma forte suspeita de síndrome respiratória secundária à infecção pelo vírus Influenza A (H1N1), a criança deve ser encaminhada a uma unidade hospitalar de saúde para atendimento. 3. Indicações bibliográficas • BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Gabinete Permanente de Emergências de Saúde Pública. Protocolo de manejo clínico e vigilância epidemiológica da influenza: versão III. Brasília: Ministério da Saúde, 2009. • BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção a Saúde. Departamento de Atenção Básica. Diretrizes para o enfrentamento à pandemia de influenza A (H1N1): ações da atenção primária à saúde. Brasília: Ministério da Saúde, 2009. • BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância Epidemiológica. Programa Nacional de Imunizações. Estratégia nacional de vacinação contra o vírus Influenza pandêmico(H1N1) 2009. Informe Técnico Operacional. Brasília: Ministério da Saúde, 2010. • BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção a Saúde. Informe Técnico. Campanha Nacional de Vacinação contra a Influenza 2012. Brasília: Ministério da Saúde, 2012. Material Específico – Enfermagem – Tomo 4 – CQA/UNIP 69 4. Texto complementar – Questão 10 Vírus Influenza A (H1N1) e estratégias de enfrentamento da doença A influenza (ou gripe) é uma infecção viral aguda do sistema respiratório, de alta transmissibilidade e com distribuição global (BRASIL, 2010; 2012). Os vírus influenza são compostos por RNA de hélice única, da família dos Ortomixovírus, e subdividem-se nos tipos A, B e C. Os tipos A e B têm maior poder de causar a doença (morbidade) e a morte (mortalidade) se comparados ao tipo C. As epidemias e pandemias da gripe geralmente estão associadas ao vírus influenza A (BRASIL, 2010; 2012). As principais características do processo de transmissão dos vírus influenza são a alta transmissibilidade, sobretudo em relação ao tipo A; a maior gravidade entre as pessoas idosas, as crianças, os imunodeprimidos, os cardiopatas e os pneumopatas; a rápida variação antigênica do vírus influenza pandêmica, aumentando a suscetibilidade da população; e a circulação dos vírus entre aves selvagens e domésticas, suínos, focas e equinos, que se tornam reservatórios dos vírus, constituindo-se, assim, em uma zoonose (BRASIL, 2010). De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), mais de 212 países confirmaram casos de influenza (H1N1) em 2009, sendo relatados, no mínimo, 15.921 óbitos (BRASIL, 2010). A pandemia de influenza ocorrida no referido ano foi um grande desafio para a saúde pública no mundo. Com a intenção de preparar as nações para enfrentarem novas pandemias, os países membros da OMS e da Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) acordaram a realização da imunização da população. No Brasil, a Estratégia Nacional de Vacinação contra o vírus da Influenza Pandêmica (H1N1) foi realizada pelo Ministério da Saúde no período de 8 de março a 21 de maio de 2010. Essa ação contribuiu para a redução da morbimortalidade pelo referido vírus e para a manutenção de infraestrutura dos serviços de saúde para o atendimento à população (BRASIL, 2010). Atualmente, o Ministério da Saúde mantém o controle do vírus da influenza por meio de vigilância qualificada e da manutenção da estratégia de vacinação anual da população, sobretudo dos grupos com maior vulnerabilidade, que incluem as pessoas idosas, as crianças, os povos indígenas, os trabalhadores de saúde, as gestantes e a população presidiária. Apenas na Campanha Nacional de Vacinação contra a gripe ocorrida em 2012, Material Específico – Enfermagem – Tomo 4 – CQA/UNIP 70 foram vacinadas 25.636.529 pessoas do público-alvo, o equivalente a 85% dessa população, alcançando níveis de cobertura acima da meta nacional estipulada de 80% (BRASIL, 2012). A atuação das instituições e dos profissionais de saúde com foco na prevenção da doença, por meio da imunização e da realização de atividades educativas, constitui uma das principais estratégias para a redução da morbimortalidade pela influenza A (H1N1). Nesse sentido, o desempenho da equipe de enfermagem e do enfermeiro é primordial para evitar o surgimento de uma nova pandemia da doença. Material Específico – Enfermagem – Tomo 4 – CQA/UNIP 71 ÍNDICE REMISSIVO Questão 1 Saúde do trabalhador. Norma Regulamentadora Nº 32 (NR-32). Questão 2 Erro profissional. Questão 3 Peso ao nascer. Questão 4 Crescimento e desenvolvimento da criança. Atualização: novas curvas para avaliação do crescimento da criança. Questão 5 Atenção básica em saúde. Estratégia Saúde da Família (ESF) e Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS). Questão 6 Educação em saúde. Questão 7 Saúde do trabalhador. Imunização. Questão 8 Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem. Questão 9 Hipertensão arterial sistêmica e saúde das pessoas idosas. Questão 10 Infecção pelo vírus Influenza A (H1N1).