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1 ENFERMAGEM MATERIAL INSTRUCIONAL ESPECÍFICO - 02 Material Específico – Enfermagem – Tomo 3 – CQA/UNIP 2 CQA - COMISSÃO DE QUALIFICAÇÃO E AVALIAÇÃO ENFERMAGEM MATERIAL INSTRUCIONAL ESPECÍFICO Tomo 3 Material instrucional específico, cujo conteúdo integral ou parcial não pode ser reproduzido ou utilizado sem autorização expressa, por escrito, da CQA/UNIP – Comissão de Qualificação e Avaliação da UNIP - UNIVERSIDADE PAULISTA. Material Específico – Enfermagem – Tomo 3 – CQA/UNIP 3 Questão 1 Questão 1.1 Um paciente com infarto agudo do miocárdio, também portador de DPOC, foi internado em clínica médica com história de pneumonia, apresentando hipertermia (38°C), taquipneico e sinais de insuficiência respiratória. Considerando esse caso, avalie os procedimentos listados a seguir. I. A remoção de secreção das vias aéreas é importante, pois secreções retidas interferem com a troca gasosa. II. A frequência cardíaca do paciente com pneumonia diminui devido à sobrecarga imposta pelo trabalho ventilatório e pela hipertermia. III. A umidificação e a fluidificação da árvore brônquica ajudam a liquefazer as secreções e aliviam a irritação traqueobrônquica. IV. Se o paciente com pneumonia não conseguir tossir para eliminar secreções, ele deve ser encorajado a repousar, até que se sinta em condições de mudar de decúbito e tossir. V. A oxigenioterapia em baixo fluxo é fundamental para o paciente com DPOC, pois aumenta o nível de PO2. São cuidados de enfermagem adequados ao caso apresentado apenas os descritos em A. II e V. B. I, II e V. C. I, III e IV. D. II, III e IV. E. I, III, IV e V. 1. Introdução teórica 1.1. Infarto Agudo do Miocárdio (IAM) O infarto do miocárdio (IM), também chamado de infarto agudo do miocárdio (IAM) e popularmente conhecido como “ataque cardíaco”, consiste na morte do músculo cardíaco resultante de isquemia. A presença de uma obstrução arterial coronariana ocasiona a perda do suprimento sanguíneo crucial para o funcionamento cardíaco, provocando o IAM (KUMAR, ABBAS e FAUSTO, 2005). 1Questão 11 – Enade 2010. Material Específico – Enfermagem – Tomo 3 – CQA/UNIP 4 Os principais fatores desencadeantes da redução no fluxo sanguíneo em uma artéria coronariana são a aterosclerose e a oclusão completa de uma artéria por um êmbolo ou por um trombo. O vasoespasmo (constrição ou estreitamento súbito) de uma artéria coronariana, a diminuição do suprimento de oxigênio para o músculo cardíaco em função da perda sanguínea aguda, da anemia ou da redução da pressão arterial e a demanda aumentada de oxigênio para o coração também são causas do IAM (SMELTZER et al., 2011). O diagnóstico clássico do IAM é realizado por meio da avaliação clínica dos sinais e sintomas típicos da doença, da análise das evidências bioquímicas laboratoriais e do padrão eletrocardiográfico (ECG) do indivíduo. O principal sintoma do IAM é a dor torácica, que surge subitamente e persiste mesmo durante o repouso e após a medicação. No entanto, os pacientes podem apresentar uma combinação de sinais e sintomas, que incluem, além da dor torácica, pulso rápido e fraco, transpiração profusa, dispneia, ansiedade, pirose, indigestão e pele fria, úmida e pegajosa (SMELTZER et al., 2011). As evidências bioquímicas laboratoriais são obtidas pela quantificação de macromoléculas intracelulares, liberadas pelas células miocárdicas lesionadas. Esses biomarcadores são a mioglobina, as troponinas cardíacas T e I (TnT e TnI) e a creatinina- cinase (CK). O principal biomarcador do IAM é a creatinina-cinase MB (CK-MB), pois constitui uma isoenzima específica das células cardíacas que tem sua concentração sanguínea aumentada somente quando há lesão miocárdica. O eletrocardiograma é um dos exames mais precisos para o diagnóstico de IAM. O aparelho mede os impulsos elétricos do músculo cardíaco, fornecendo um traçado característico, que permite a identificação das alterações cardíacas. Entretanto, sua interpretação depende de especialistas (MANSUR et al., 2006). O tratamento clínico dos indivíduos com IAM envolve cuidados para minimizar a lesão miocárdica, preservar a função cardíaca e evitar as complicações decorrentes da doença. No que tange à sistematização da assistência de enfermagem aos indivíduos que sofreram IAM, segundo Smeltzer et al. (2011), os principais diagnósticos de enfermagem para esses casos são: • perfusão ineficaz do tecido cardíaco relacionada com a redução do fluxo sanguíneo coronário; • risco de desequilíbrio do volume de líquidos; Material Específico – Enfermagem – Tomo 3 – CQA/UNIP 5 • risco de perfusão ineficaz do tecido periférico relacionado com o débito cardíaco diminuído devido à disfunção ventricular esquerda; • ansiedade de morte relacionada com o evento cardíaco; • déficit de conhecimento sobre o autocuidado após o IAM. As metas do planejamento da assistência de enfermagem para os indivíduos que sofreram IAM incluem: o alívio da dor e de outros sinais e sintomas de isquemia; a melhora da função respiratória; a promoção da perfusão tecidual adequada; a redução da ansiedade; o monitoramento e o tratamento das complicações potenciais; e a promoção do cuidado domiciliar e comunitário (SMELTZER et al., 2011). Após um IAM, o prognóstico, em longo prazo, depende de múltiplos fatores, entretanto a mortalidade total global no primeiro ano é de cerca de 30% (KUMAR, ABBAS e FAUSTO, 2005). 1.2. Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) A doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) é definida como um estado em que existe uma obstrução do fluxo de ar nas vias aéreas, geralmente, progressiva e irreversível (SMELTZER et al., 2011). De acordo com a Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT, 2004), essa obstrução está associada a uma resposta inflamatória anormal dos pulmões à inalação de partículas ou gases tóxicos, causada primariamente pelo tabagismo. O processo inflamatório pulmonar crônico pode desencadear modificações dos brônquios (bronquite crônica), dos bronquíolos (bronquiolite obstrutiva) e do parênquima pulmonar (enfisema pulmonar). Na bronquite crônica, o acúmulo excessivo de muco e a presença de exsudato nas vias aéreas são responsáveis pela obstrução do fluxo de ar. No enfisema pulmonar, a destruição das paredes dos alvéolos superdistendidos provoca o comprometimento da troca de oxigênio e dióxido de carbono (SMELTZER et al., 2011). A exposição à fumaça de tabaco é responsável por 80% a 90% dos casos de DPOC, constituindo o principal fator de risco para o desenvolvimento da doença. O tabagismo passivo, a exposição ocupacional, a poluição do ar ambiente, a fumaça de lenha, as infecções respiratórias graves na infância e as anormalidades genéticas também são classificadas como fatores de risco para o desenvolvimento da DPOC. A DPOC é caracterizada clinicamente pela dispneia, pela tosse e pelo aumento no trabalho respiratório. A dispneia é o principal sintoma da doença, que, no início, aparece somente em situação de esforço físico e, posteriormente, progride para dispneia em Material Específico – Enfermagem – Tomo 3 – CQA/UNIP 6 repouso. Em função da dispneia, o desenvolvimento das atividades diárias do indivíduo com DPOC fica comprometido, por isso esse sintoma está associado à incapacidade física, à diminuição da qualidade de vida e aos piores prognósticos (SBPT, 2004; SMELTZER et al., 2011). A insuficiência e a falência respiratórias são as principais complicações fatais da DPOC. Outras complicações da doença são a atelectasia, a pneumonia, o pneumotórax, o enfisema mediastinal ou subcutâneo e a hipertensão pulmonar (cor pulmonale). Para o tratamento da DPOC, são indicadas (SMELTZER et al., 2011): • a administração de broncodilatadores para melhoraro fluxo de ar nas vias aéreas; • a oxigenoterapia para a manutenção da saturação adequada de oxigênio; • a reabilitação pulmonar para melhorar a qualidade de vida do indivíduo. A assistência de enfermagem para o indivíduo com DPOC pode ter como principais metas: • a cessação do tabagismo; • a melhora da troca gasosa; • a desobstrução das vias aéreas; • a melhora no padrão respiratório; • o autotratamento máximo; • a melhora na tolerância às atividades; • a prevenção de infecções broncopulmonares; • a ausência de complicações. 1.3. Pneumonia A pneumonia é uma inflamação do parênquima pulmonar que pode ser causada por diferentes micro-organismos, incluindo bactérias, micobactérias, clamídia, micoplasmas, fungos, parasitas e vírus. A doença pode ser classificada em quatro diferentes categorias: pneumonia adquirida na comunidade (PAC), pneumonia adquirida no hospital (PAH), pneumonia no hospedeiro imunossuprimido e pneumonia por aspiração (SMELTZER et al., 2011). A pneumonia adquirida na comunidade (PAC) é aquela que ocorre no ambiente comunitário ou nas primeiras 48 horas de hospitalização ou institucionalização. Material Específico – Enfermagem – Tomo 3 – CQA/UNIP 7 A pneumonia adquirida no hospital (PAH), também conhecida como pneumonia nosocomial, ocorre quando os sintomas iniciais da doença surgem em período superior a 48 horas após a admissão hospitalar. A pneumonia no hospedeiro imunossuprimido acontece em indivíduos em uso prolongado de corticoides, de outros agentes imunossupressores ou de antimicrobianos de amplo espectro, em indivíduos submetidos à quimioterapia, em indivíduos com depressão nutricional, AIDS ou distúrbios imunogenéticos e em indivíduos que utilizam equipamentos de tecnologia avançada de suporte à vida por período prolongado (ventilação mecânica). A pneumonia por aspiração é resultante da entrada de substâncias endógenas ou exógenas nas vias aéreas inferiores. A pneumonia pode acometer a região dos alvéolos pulmonares e, às vezes, os interstícios pulmonares (espaço entre um alvéolo e outro). Em um indivíduo sadio, a região alveolar e os espaços alveolares devem estar livres de quaisquer substâncias que possam impedir o contato do ar com o sangue, para que a troca gasosa ocorra adequadamente (BRASIL, 2011). A pneumonia pode desencadear uma reação inflamatória nos alvéolos, produzindo um exsudato que interfere na difusão do oxigênio e do dióxido de carbono, o que dificulta a troca gasosa. Os leucócitos migram para dentro dos alvéolos e preenchem os espaços em que normalmente há ar. Como consequência, as áreas do pulmão deixam de ser adequadamente ventiladas, o que provoca oclusão parcial do brônquio ou dos alvéolos, com resultante redução da tensão alveolar de oxigênio. Em decorrência da hipoventilação, acontece desequilíbrio na ventilação-perfusão na área afetada do pulmão. As manifestações clínicas da pneumonia podem variar conforme o agente etiológico e a presença de doença subjacente do paciente. Frequentemente, a doença manifesta-se por febre alta, tosse exsudativa purulenta, dispneia, ortopneia, dor torácica, alterações na pressão arterial e na frequência cardíaca, mal-estar generalizado e prostração (BRASIL, 2011; SMELTZER et al., 2011). O diagnóstico da doença é realizado por meio do histórico, da avaliação clínica, sobretudo da ausculta pulmonar, da radiografia de tórax e do exame de escarro. O tratamento da pneumonia bacteriana inclui a administração do antibiótico adequado, determinado pelos resultados dos exames laboratoriais. Na pneumonia viral, os antibióticos são ineficazes, por isso a antibioticoterapia não está indicada. Recomendam-se, nesses casos, a hidratação, o uso de antipiréticos, inalações úmidas e aquecidas e a administração de anti-histamínicos e descongestionantes nasais (SMELTZER et al., 2011). Material Específico – Enfermagem – Tomo 3 – CQA/UNIP 8 2. Análise das afirmativas I – Afirmativa correta. JUSTIFICATIVA. A presença de exsudato nas vias aéreas interfere na difusão do oxigênio e do dióxido de carbono e dificulta a troca gasosa, por isso se recomenda a remoção das secreções presentes nas vias aéreas. II – Afirmativa incorreta. JUSTIFICATIVA. A frequência cardíaca do indivíduo com pneumonia eleva-se em função da dispneia e da febre. De acordo com Smeltzer et al. (2011), o pulso aumenta em torno de 10 batimentos por minuto para cada grau de elevação da temperatura. III – Afirmativa correta. JUSTIFICATIVA. As inalações úmidas e aquecidas são úteis para liquefazer o exsudato presente nas vias aéreas, o que auxilia sua remoção e alivia a irritação traqueobrônquica. IV – Afirmativa correta. JUSTIFICATIVA. De acordo com Smeltzer et al. (2011), o paciente com pneumonia deve ser mantido em repouso no leito até que a infecção mostre sinais de melhora. A tosse é um mecanismo de defesa que auxilia na remoção do exsudato presente nas vias aéreas, por isso o paciente deve ser encorajado a tossir. Se o doente não conseguir tossir, ele deve permanecer em repouso até que se sinta em condições de mudar de decúbito e tossir. V – Afirmativa correta. JUSTIFICATIVA. A oxigenoterapia é importante para a manutenção da saturação adequada de oxigênio no sangue, ou seja, melhora o nível de PO2 dos pacientes com DPOC (SMELTZER et al., 2011). Alternativa correta: E. 3. Indicações bibliográficas • BRASIL. Ministério da Saúde. Biblioteca Virtual de Saúde. Dicas em Saúde: Pneumonia. Disponível em Material Específico – Enfermagem – Tomo 3 – CQA/UNIP 9 <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/dicas/233_pneumonia.html>. Acesso em 30 nov. 2011. • CARPENITO-MOYET, L. J. Planos de cuidados de enfermagem e documentação: diagnósticos de enfermagem e problemas colaborativos. 5. ed. Porto Alegre: Artmed, 2011. • KUMAR, V; ABBAS, A. K.; FAUSTO, N. Robbins e Cotran: Patologia – bases patológicas das doenças. 7. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2005. • MANSUR, P. H. G.; CURY, L. K. P.; DESTRO-FILHO, J. B.; RESENDE, E. S.; DESTRO, J. P. B.; OLIVEIRA, L. M. et al. Análise de registros eletrocardiográficos associados ao Infarto Agudo do Miocárdio. Arquivos Brasileiros de Cardiologia 87(2): 106-114; 2006. • SMELTZER, S. C.; HINKLE, J. L.; BARE, B. G.; CHEEVER K. H. Brunner e Suddarth: tratado de enfermagem médico-cirúrgico. 12. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2011. • SOCIEDADE BRASILEIRA DE PNEUMOLOGIA E TISIOLOGIA (SBPT). II Consenso Brasileiro sobre Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica. Caracterização da Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC): definição, epidemiologia, diagnóstico e estadiamento. Jornal Brasileiro de Pneumologia 30(5): 10-14; 2004. 4. Texto complementar – Questão 1 Processo de enfermagem Ao elaborar o processo de enfermagem direcionado aos indivíduos com diagnóstico médico de pneumonia, o enfermeiro deve considerar dois principais diagnósticos de enfermagem encontrados em 75% a 100% dos casos da doença: a intolerância à atividade e a desobstrução ineficaz de vias aéreas. O quadro 1 a seguir apresenta a Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) para um indivíduo com pneumonia, conforme descrito por Carpenito-Moyet (2011). Quadro 1. SAE para o indivíduo com pneumonia. Diagnóstico 1. Intolerância à atividade, relacionada à oxigenação insuficiente para as atividades da vida diária. Meta 1. O cliente progredirá nas atividades até XX (especificar o nível da atividade). As intervenções de enfermagem são as que seguem. • Explicar as atividades e os fatores que aumentam a demanda de oxigênio, como tabagismo, extremos de temperatura, peso excessivo e estresse. • Proporcionar ao cliente ideias para a conservação de energia, como sentar sempre que possível ao realizar as atividades de vida diária, distribuir as atividades ao longo do dia, programar períodos de repouso adequados e alternar as tarefasfáceis e difíceis durante o dia. Material Específico – Enfermagem – Tomo 3 – CQA/UNIP 10 • Aumentar gradualmente as atividades diárias em função do crescimento da tolerância. • Ensinar ao cliente as técnicas respiratórias eficazes, como a diafragmática e a respiração com os lábios comprimidos. • Ensinar ao cliente a importância de apoiar o peso dos braços. • Ensinar ao cliente como melhorar a resistência dos braços sem apoio com exercícios das extremidades inferiores realizados durante a expiração. Diagnóstico 2. Desobstrução ineficaz de vias aéreas, relacionada à dor, ao aumento das secreções traqueobrônquicas e à fadiga. Meta 2. O cliente não apresentará aspiração. As intervenções de enfermagem são as que seguem. • Orientar o cliente sobre o método apropriado de tosse controlada: respirar profunda e lentamente enquanto sentado, usar a respiração diafragmática, segurar a respiração de 3 a 5 segundos, depois exalar lentamente, tanto quanto possível, pela boca. • Ensinar ao cliente as medidas para redução da viscosidade das secreções, como manter a hidratação adequada (ingesta líquida de 2 a 3 litros diários, se não houver contraindicação) e manter a umidade do ar inspirado. • Auscultar os pulmões antes e depois de o paciente tossir. • Encorajar ou proporcionar uma boa higiene oral após a tosse. Fonte. CARPENITO-MOYET, 2011. De acordo com Carpenito-Moyet (2011), os diagnósticos de risco citados a seguir também são comumente detectados nos casos de pneumonia (50 a 74% dos casos). • Alto risco de mucosa oral prejudicada, relacionado à respiração pela boca, à expectoração frequente e à diminuição da ingestão de líquido secundária ao mal-estar. • Alto risco de nutrição desequilibrada (menos do que as necessidades corporais), relacionado à anorexia, à dispneia e à distensão abdominal secundária à deglutição de ar. • Alto risco de controle ineficaz do regime terapêutico, relacionado à falta de conhecimento sobre as condições, a transmissão da infecção, a prevenção da recorrência, a dieta, os sinais e sintomas de recorrência e o atendimento de acompanhamento. Compete ao enfermeiro proceder à avaliação individual dos clientes para a determinação dos diagnósticos de enfermagem e do plano de cuidados específicos, conforme as necessidades individuais. Material Específico – Enfermagem – Tomo 3 – CQA/UNIP 11 Questão 2 Questão 2.2 Um paciente internado na clínica médica há 12 dias, com história de fratura de fêmur esquerdo, faz uso de anticoagulante. Estão prescritos 12 000 UI de heparina IV de 12/12 horas. No posto da unidade de internação, há um frasco de heparina de 5 ml, contendo 5 000 UI/ml. Quantos mililitros de heparina o enfermeiro deve ministrar ao paciente em cada horário? A. 1,8. B. 2,0. C. 2,2. D. 2,4. E. 3,5. 1. Introdução teórica Heparina A heparina, conhecida comercialmente como Heparin®, Liquemine® e Actparin®, é um anticoagulante utilizado na profilaxia e no tratamento de diversos distúrbios tromboembolíticos, como tromboembolismo venoso e arterial, embolia pulmonar e coagulopatias (AME, 2009). O medicamento é apresentado em ampolas com 0,25 ml (5.000 Unidades) e em frasco-ampola com 5 ml (25.000 Unidades) de solução injetável para aplicação sistêmica e, para aplicação tópica, é apresentado na forma de creme, gel e pomada. A prescrição de heparina é de responsabilidade médica, cabendo ao enfermeiro a administração adequada do medicamento, respeitando os preceitos científicos do funcionamento do organismo humano e da ação medicamentosa. A heparina é uma das drogas cuja utilização está associada a elevados índices de complicações e, por isso, ao administrar a medicação, o enfermeiro deve ter os cuidados descritos a seguir (AME, 2009). • Administrar a medicação exatamente conforme prescrição médica. • Informar a toda equipe de saúde e aos familiares que o paciente está recebendo terapia anticoagulante. 2Questão 12 – Enade 2010. Material Específico – Enfermagem – Tomo 3 – CQA/UNIP 12 • Informar aos pacientes as reações adversas mais frequentes da medicação, comunicando a equipe de saúde caso haja reação incomum. • Recomendar ao paciente a utilização de escovas de dente macias e de barbeador elétrico, para evitar o risco de sangramento durante a terapia. • Recomendar ao paciente que informe ao médico o esquema de medicação anterior ao tratamento ou à cirurgia. • Recomendar ao paciente que, durante a terapia, evite o uso concomitante de ácido acetilsalicílico (AAS) e anti-inflamatórios não esteroidais (AINEs), aplicações de injeções IM e de qualquer outra droga sem o conhecimento do médico. • Monitorar o paciente durante a terapia, observando sinais de sangramento ou hemorragia (sangramento de gengivas ou nasal, equimose incomum, fezes de coloração negra, hematúria, diminuição do hematócrito ou da pressão arterial, sangue oculto nas fezes) e reações de hipersensibilidade (calafrios, febre e urticária). Comunicar imediatamente ao médico se houver qualquer uma dessas intercorrências. • Monitorar os exames laboratoriais antes do início e periodicamente durante a terapia, observando tempo de coagulação (TTPa), hematócrito e contagem de plaquetas (a cada 2 ou 3 dias). • Administrar a medicação só por via subcutânea (SC) ou endovenosa (EV) e nunca por via intramuscular (IM). • Verificar a coloração da solução de heparina. Se houver alteração de cor ou a presença de precipitados, não realizar a injeção da solução. As aplicações de heparina por via subcutânea requerem que o enfermeiro administre- a profundamente no tecido e alterne diariamente os locais de aplicação. Deve-se introduzir todo o comprimento da agulha em uma prega feita entre os dedos polegar e indicador, mantendo a dobra cutânea até o final da injeção. Não se deve aspirar ou massagear o local de aplicação. Os locais de aplicação devem ser avaliados para detecção de hematoma, equimose ou inflamação. No caso de aplicações de heparina por via endovenosa, a dose de ataque geralmente precede a dose contínua. Em situações de aplicação direta, não é necessário diluir a droga, e a infusão deve ocorrer em tempo superior a 60 segundos. Em situações de aplicação intermitente/contínua, deve-se diluir a heparina em soro fisiológico 0,9% ou glicosado 5% e utilizar bomba de infusão. A mistura adequada de heparina na solução deve ser assegurada pela inversão do recipiente pelo menos 6 vezes no início da terapia e, periodicamente, durante a infusão. O intervalo entre as infusões varia de 4 a 24 horas. Material Específico – Enfermagem – Tomo 3 – CQA/UNIP 13 É importante que o enfermeiro tome os cuidados na administração de quaisquer medicamentos, considerando os efeitos indesejados, as interações medicamentosas e as reações adversas de cada fármaco, para que possa atuar de modo efetivo na resolução dos problemas de saúde apresentados pelos indivíduos. 2. Resolução da questão A resolução da questão é feita, basicamente, pelo uso da “regra de três”, uma operação matemática muito utilizada pelo enfermeiro e por sua equipe para o cálculo da dose correta de medicamentos. Trata-se da relação entre grandezas proporcionais que permite estruturar o problema e resolvê-lo. No enunciado, afirma-se que estão prescritas 12.000 Unidades (UI) de heparina e que, no posto de internação, existe somente o frasco de heparina de 5 ml, contendo 5.000 UI/ml. Logo, o profissional deve proceder ao seguinte cálculo (regra de três): 1 ml -------------------- 5.000 UI X ml -------------------- 12.000 UI Em cada 1 ml da solução existem 5.000 UI de heparina. Para se obterem 12.000 UI de heparina, necessitaríamos de quantos ml? Pelos cálculos abaixo, verificaremos que são necessários 2,4 ml. 1x12.000 = 5.000X 12.000 = 5.000X 12.000/5.000 = X X = 2,4ml Assim, para obtermos 12.000 UI deheparina, teremos de aspirar 2,4ml da solução. Alternativa correta: D. 3. Indicações bibliográficas • AME. Dicionário de administração de medicamentos na enfermagem: 2009/2010. Rio de Janeiro: EPUB, 2009. Material Específico – Enfermagem – Tomo 3 – CQA/UNIP 14 • BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. MEDEIROS, Carlos Augusto de. Estatística aplicada à educação. Brasília (DF): Universidade de Brasília, 2007. • RODRIGUES, A. B.; SILVA, M. R.; OLIVEIRA, P. P.; CHAGAS, S. S. M. O Guia da enfermagem: fundamentos para assistência. São Paulo: Iátria, 2008. • SMELTZER, S. C.; HINKLE, J. L.; BARE, B. G.; CHEEVER K. H. Brunner e Suddarth: Tratado de Enfermagem Médico-Cirúrgico. 12. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2011. 4. Texto complementar – Questão 2 Noções elementares para o cálculo de medicação Para a realização do cálculo de medicação, é primordial que o enfermeiro tenha conhecimento das noções elementares descritas abaixo. • Solução: mistura homogênea composta de duas partes. • Suspensão: mistura heterogênea composta de duas partes. • Concentração: quantidade de soluto em uma proporção definida de solvente. Pode ser expressa em porcentagem (%) ou em g/L. • Um mililitro (1 ml) corresponde a 20 gotas e uma gota corresponde a três microgotas. Assim, 1 ml corresponde a 60 microgotas. • Fórmula para cálculo de gotejamento de medicações endovenosas: Nº de gotas = (Volume)/(Tempo x 3) Material Específico – Enfermagem – Tomo 3 – CQA/UNIP 15 Questão 3 Questão 3.3 Avalie as asserções a seguir. As parasitoses intestinais provocadas por protozoários e helmintos são infestações que podem desencadear alterações no estado físico, psicossomático e social, interferindo diretamente na qualidade de vida de seus portadores, principalmente em crianças. PORQUE A disseminação das parasitoses também pode ocorrer por meio do contato interpessoal com pessoas infectadas que habitam a mesma residência, principalmente em moradias menores que favorecem o confinamento, reforçando a importância da investigação parasitária na população materno-infantil. Analisando a relação proposta entre as duas asserções acima, assinale a opção correta. A. As duas asserções são proposições verdadeiras, e a segunda é uma justificativa correta da primeira. B. As duas asserções são proposições verdadeiras, e a segunda não é uma justificativa correta da primeira. C. A primeira asserção é uma proposição verdadeira, e a segunda é uma proposição falsa. D. A primeira asserção é uma proposição falsa, e a segunda é uma proposição verdadeira. E. As duas asserções são proposições falsas. 1. Introdução teórica Parasitoses A Parasitologia é uma ciência que estuda os organismos que vivem em íntima e duradoura dependência de outros seres vivos, extraindo do seu hospedeiro o suprimento necessário para a sua sobrevivência (FIRMO et al., 2011; REY, 2011). O termo parasitismo, cujo significado literal é alimentar-se ao lado de, refere-se à relação em que um dos organismos (o parasito) obtém benefício em detrimento do outro organismo, o hospedeiro (FERREIRA et al., 2003). Essa relação cria uma associação de dependência metabólica de grau variável, na qual o metabolismo do parasito fica vinculado ao de seu hospedeiro (REY, 2011). 3Questão 13 – Enade 2010. Material Específico – Enfermagem – Tomo 3 – CQA/UNIP 16 Os parasitas são tradicionalmente distinguidos entre endoparasitas, quando habitam células e tecidos (parasitas teciduais) ou vísceras ocas (parasitas cavitários) dos hospedeiros, e ectoparasitas, artrópodes que se alimentam sobre o hospedeiro, sem penetrar no organismo, como pulgas e piolhos (FERREIRA et al., 2003). O homem constitui um hospedeiro de diversos parasitas, como os protozoários, os platelmintos, os nematelmintos e os artrópodes. Os protozoários são responsáveis pelo desenvolvimento da doença de Chagas, da leishimaniose, da amebíase, da toxoplasmose e da malária, enquanto os platelmintos causam doenças como a esquistossomose, a cisticercose e a teníase. Existem cerca de 50 espécies de nematelmintos registrados como parasitas humanos, dos quais alguns merecem destaque por serem importantes agentes causadores de doenças, como a estrongiloidíase, a ancilostomíase, a ascaridíase e a enterobíase ou oxiurose. São exemplos de artrópodes parasitas e vetores de doença os insetos, as moscas, as pulgas, os ácaros e os carrapatos (REY, 2011). A transmissibilidade das doenças parasitárias para o homem está vinculada à precariedade das condições de higiene e sanitárias do habitat do ser humano (FIRMO et al., 2011). As parasitoses intestinais humanas, denominadas de enteroparasitoses, podem ser desencadeadas por macroparasitas (helmintos) ou microparasitas (vírus, bactérias e protozoários). Acometem, principalmente, pessoas que residem em locais cuja condição sanitária é deficiente. No Brasil, a prevalência de parasitoses intestinais é elevada em decorrência das más condições de vida das camadas populacionais mais carentes, o que representa um grave problema de saúde pública no país (FERRARI e RODRIGUES, 2004; FIRMO et al. 2011). De acordo com Zaiden et al. (2008), as parasitoses intestinais provocadas por protozoários e helmintos são infestações que podem desencadear alterações no estado físico, psicossomático e social do ser humano, interferindo diretamente na qualidade de vida de seus portadores, principalmente em crianças de classes sociais mais baixas, com precárias condições sanitárias, maus hábitos de higiene, em situação de desnutrição e em locais de aglomerações tais como escolas, creches, asilos e orfanatos, pela facilidade de contaminação e disseminação. A disseminação das parasitoses pode acontecer em função do contato interpessoal com indivíduos infectados que co-habitam o domicílio, sobretudo em residências menores, Material Específico – Enfermagem – Tomo 3 – CQA/UNIP 17 que favorecem o confinamento, o que reforça a necessidade da investigação parasitária na população materno-infantil (ZAIDEN et al., 2008). Desse modo, as condições higiênico-sanitárias do domicílio, das pessoas e do ambiente aos quais os indivíduos, sobretudo as crianças, estão submetidos podem favorecer substancialmente maior prevalência de parasitoses intestinais. Para prevenir esses problemas, os programas de promoção da saúde para a população devem contemplar o desenvolvimento de melhores condições sanitárias e de saneamento básico, assim como a melhoria das condições socioeconômicas da população (ZAIDEN et al., 2008). 2. Análise das asserções As duas asserções foram extraídas do estudo de Zaiden et al. (2008), em que os autores afirmam que “as parasitoses intestinais provocadas por protozoários e helmintos são infestações que podem desencadear alterações no estado físico, psicossomático e social do ser humano, interferindo diretamente na qualidade de vida de seus portadores, principalmente em crianças” . No mesmo trabalho, os autores afirmam ainda que “a disseminação das parasitoses também pode ocorrer através do contato interpessoal com pessoas infectadas que habitam na mesma residência, principalmente em moradias menores que favorecem o confinamento, reforçando a importância da investigação parasitária na população materno-infantil”. Desse modo, as duas asserções são corretas. No entanto, a palavra PORQUE entre as duas asserções indica que a segunda afirmativa é uma justificativa da primeira, o que não está correto. Na verdade, a segunda assertiva é apenas complementar à primeira. Alternativa correta: B. 3. Indicações bibliográficas • BRASIL. Ministério da Saúde. Plano Nacional de Vigilância e Controle das Enteroparasitoses. Brasília (DF): Ministério da Saúde, 2005. Disponível em <http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/Enteroparasitoses_Pano_nacional_%2006%2007%202005.pdf>. Acesso em 29 out. 2012. Material Específico – Enfermagem – Tomo 3 – CQA/UNIP 18 • FERRARI, M.B.G.; RODRIGUES, R. Prevalência de helmintíases em apêndices cecais. Rev. Col. Bras. 2004; 31(2): 77-82. • FERREIRA, M. U.; FORONDA, A. S.; SCHUMAKER, T. S. Fundamentos biológicos da parasitologia humana. Barueri (SP): Manole, 2003. • FIRMO, W. C. A.; MARTINS, N.B.; SOUSA, A.C.; COELHO, L. S.; FREITAS, M. S. Estudo comparativo da ocorrência de parasitos intestinais no serviço de saúde pública e privado de Estreito - MA. Revista de Biologia e Farmácia 2011; 6(1): 85-93. • REY, L. Bases da parasitologia médica. 3. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2011. • ZAIDEN, M. F.; SANTOS, B. M. O.; CANO, M. A.T.; NASCIFJÚNIOR, I. A. Epidemiologia das parasitoses intestinais em crianças de creches de Rio Verde-GO. Medicina (Ribeirão Preto) 2008; 41(2): 182-7. 4. Texto complementar – Questão 3 Enteroparasitoses As parasitoses intestinais representam um importante problema de saúde pública, principalmente nos países em desenvolvimento. As condições precárias de higiene e de saneamento básico e os níveis socioeconômicos e de escolaridade desfavoráveis são determinantes dessas doenças (BRASIL, 2005). Os parasitas intestinais estão entre os patógenos encontrados com mais frequência em seres humanos, sobretudo nas idades pré-escolar e escolar. Dentre os parasitas mais comuns, destaca-se o grupo dos helmintos, em que os mais frequentes são os parasitas do filo nematelmintos, como Ascaris lumbricoides e Trichuris trichiura, e os ancilostomídeos, como Ancylostoma duodenalis. Os protozoários também são frequentes causadores de parasitoses intestinais, destacando-se a Entamoeba histolytica e Giardia lamblia (BRASIL, 2005; AMB E CFM, 2009). Nas crianças em idades pré-escolares e escolares, os enteroparasitas mais comumente encontrados são a Giardia lamblia (giardíase), o Ascaris lumbricoides (popularmente conhecido como ‘lombriga’), o Trichuris trichiura e o Ancylostoma duodenalis (ancilostomíase) (AMB E CFM, 2009). Os danos causados pelos enteroparasitas variam conforme o agente etiológico, podendo incluir, entre outros agravos, a obstrução intestinal (A. lumbricoides), a desnutrição (A. lumbricoides e T. trichiura), a anemia por deficiência de ferro (ancilostomídeos) e Material Específico – Enfermagem – Tomo 3 – CQA/UNIP 19 quadros de diarreia e de má absorção (E. histolytica e G. lamblia). As manifestações clínicas são usualmente proporcionais à carga parasitária albergada pelo indivíduo (BRASIL, 2005). Considerando a elevada prevalência das enteroparasitoses no Brasil e as suas implicações na saúde, o Ministério da Saúde desenvolveu, em 2005, o Plano Nacional de Vigilância e Controle das Enteroparasitoses, com o objetivo de reduzir a prevalência e a morbi-mortalidade por parasitoses intestinais no País. O Plano descreve as atribuições de cada nível do governo para o controle dessas doenças, a operacionalização do Plano e como devem atuar o sistema de vigilância epidemiológica e sanitária, a assistência e a educação em saúde para garantir que o objetivo proposto seja alcançado (BRASIL, 2005). Recomenda-se a leitura dos itens relacionados à assistência à saúde e à educação em saúde para o esclarecimento da atuação da enfermagem nessas situações. O Plano Nacional de Vigilância e Controle das Enteroparasitoses está disponível em <http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/Enteroparasitoses_Pano_nacional_%2006% 2007%202005.pdf>. Material Específico – Enfermagem – Tomo 3 – CQA/UNIP 20 Questão 4 Questão 4.4 A dengue é uma doença febril aguda, de etiologia viral, de evolução benigna na forma clássica e grave quando se apresenta na forma hemorrágica. Trata-se de uma importante arbovirose (doença transmitida por artrópodes) que afeta o homem e constitui sério problema de saúde pública, especialmente nos países tropicais, inclusive no Brasil. O principal vetor da dengue é o mosquito Aedes aegypti. No que tange à suscetibilidade e imunidade à dengue, assinale a opção incorreta. A. A suscetibilidade ao vírus da dengue é universal. B. A imunidade não é permanente para um mesmo sorotipo. C. A resposta primária se dá em pessoas não expostas anteriormente ao flavivírus, e o título de anticorpos se eleva lentamente. D. A resposta secundária se dá em pessoas com infecção aguda por dengue, mas que tiveram infecção prévia por flavivírus, e o título de anticorpos se eleva rapidamente em níveis altos. E. A suscetibilidade à febre hemorrágica da dengue não está totalmente esclarecida. 1. Introdução teórica Dengue A dengue é uma doença infecciosa febril aguda, de etiologia viral, que constitui sério problema de saúde pública no mundo, sobretudo nos países tropicais, onde as condições ambientais favorecem o desenvolvimento e a proliferação do mosquito vetor – o Aedes aegypti (BRASIL, 2002; BRASIL, 2008). O agente etiológico da dengue é um arbovírus (vírus transmitido por artrópodes) do gênero Flavivirus, pertencente à família Flavoviridae (BRASIL, 2008). A doença constitui a principal arbovirose que afeta o ser humano (BRASIL, 2002). A dengue é transmitida pela picada do mosquito Aedes aegypti, no ciclo: Ao se alimentar de sangue infectado (homem infectado), o mosquito pode transmitir o vírus, depois de 8 a 12 dias de incubação. A transmissão da doença não acontece por 4Questão 14 – Enade 2010. Material Específico – Enfermagem – Tomo 3 – CQA/UNIP 21 contato direto de um doente ou de suas secreções com uma pessoa sadia, nem pela ingestão de alimentos ou fontes de água. O período de viremia (presença do vírus no sangue humano) começa um dia antes do aparecimento da febre e estende-se até o 6º dia da doença, período considerado de transmissibilidade da dengue (BRASIL, 2002). De acordo com o Ministério da Saúde do Brasil (2002), a suscetibilidade ao vírus causador da dengue é universal e a imunidade é permanente para um mesmo sorotipo (homóloga). No entanto, a imunidade cruzada (heteróloga) existe temporariamente. A resposta imunológica à infecção aguda por dengue pode ser classificada em primária ou secundária. A resposta primária acontece em indivíduos não expostos anteriormente ao flavivírus e o título de anticorpos aumenta lentamente. A resposta secundária ocorre em pessoas com infecção aguda por dengue que tiveram infecção prévia por flavivírus e o título de anticorpos eleva-se rapidamente a patamares muito altos. A suscetibilidade em relação à febre hemorrágica da dengue não está totalmente esclarecida (BRASIL, 2002). A infecção pelo vírus da dengue causa uma doença de amplo espectro clínico, envolvendo desde formas inaparentes até quadros clínicos graves, que podem evoluir para óbito. Dependendo da forma como se apresenta, a dengue pode ser classificada em: infecção inaparente, dengue clássica (DC), febre hemorrágica da dengue (FHD) ou síndrome do choque da dengue (SCD). A dengue pode ter evolução benigna, quando se apresenta na forma clássica, e grave, quando se apresenta na forma hemorrágica. O quadro clínico da dengue clássica (DC) é muito variável. A primeira manifestação é a febre, geralmente alta (39° a 40°C), de início abrupto, acompanhada de cefaleia, artralgia, mialgia, adinamia, dor retro-orbital, náuseas, vômitos, diarreia, com presença ou não de exantema e/ou prurido. As crianças podem apresentar dor abdominal generalizada e, os adultos, pequenas manifestações hemorrágicas, como petéquias, epistaxe, gengivorragia, sangramento gastrointestinal, hematúria e metrorragia. A dengue clássica dura de 5 a 7 dias e sua sintomatologia regride com o desaparecimento da febre (BRASIL, 2002). Os sintomas iniciais da febre hemorrágica da dengue (FHD) são semelhantes aos da dengue clássica. Entre o terceiro dia e o sétimodia do início da doença, quando acontece a redução da febre, aparecem sinais e sintomas importantes, como vômitos, dor abdominal intensa, hepatomegalia dolorosa, letargia, desconforto respiratório e derrames cavitários (pericárdico, pleural e ascite), que alertam para a possibilidade de evolução para dengue hemorrágica (BRASIL, 2002, 2007 e 2008). Material Específico – Enfermagem – Tomo 3 – CQA/UNIP 22 Em geral, os sinais de alarme precedem as manifestações hemorrágicas e os sinais de insuficiência circulatória que podem estar presentes na FHD, caracterizada pela instabilidade hemodinâmica, hipotensão arterial, taquisfigmia e choque (BRASIL, 2007 e 2008). Segundo o Ministério da Saúde (BRASIL, 2007), a prova do laço deve ser obrigatoriamente realizada em todos os casos suspeitos de dengue e deve seguir os procedimentos descritos a seguir. • Desenhar um quadrado de 2,5 cm de lado no antebraço da pessoa. • Verificar a pressão arterial do cliente em posição deitada e sentada. • Calcular o valor médio da pressão arterial (soma de pressão arterial sistólica e pressão arterial diastólica, dividida por dois). • Insuflar novamente o manguito até o valor médio e mantê-lo insuflado por 5 minutos em adultos e por 3 minutos em crianças até o aparecimento de petéquias ou equimoses; • Contar o número de petéquias no quadrado. Na prova do laço com resultado positivo, surgem petéquias sob o aparelho ou abaixo do manguito do esfigmomanômetro. Se o número de petéquias for superior a 20 no quadrado desenhado na pele do cliente, a prova do laço é considerada fortemente positiva (BRASIL, 2002 e 2007). Nos casos de FHD grave, o choque da dengue geralmente ocorre entre o 3º e 7º dia da doença. O choque é decorrente do aumento da permeabilidade vascular seguido de hemoconcentração e falência do aparelho circulatório. Nesses casos, é obrigatória a rápida hidratração venosa. O choque pode levar ao óbito no período de 12 a 24 horas (BRASIL, 2002). A dengue é uma doença de notificação compulsória, que deve ser comunicada ao Serviço de Vigilância Epidemiológica mais próximo. Os casos suspeitos da doença também devem ser notificados. A notificação dos casos suspeitos, a investigação do provável local de infecção, a busca ativa de casos e a educação em saúde constituem medidas importantes para o controle e a prevenção da doença (BRASIL, 2002 e 2008). 2. Análise das alternativas A – Alternativa correta. JUSTIFICATIVA. A suscetibilidade ao vírus causador da dengue é universal (BRASIL, 2002). Material Específico – Enfermagem – Tomo 3 – CQA/UNIP 23 B – Alternativa incorreta. JUSTIFICATIVA. A imunidade é permanente para um mesmo sorotipo (homóloga), ao contrário do que se afirma na alternativa (BRASIL, 2002). C – Alternativa correta. JUSTIFICATIVA. A resposta primária acontece em indivíduos não expostos anteriormente ao flavivírus e o título de anticorpos aumenta lentamente (BRASIL, 2002). D – Alternativa correta. JUSTIFICATIVA. A resposta secundária ocorre em pessoas com infecção aguda por dengue que tiveram infecção prévia por flavivírus e o título de anticorpos eleva-se rapidamente a patamares muito altos (BRASIL, 2002). E – Alternativa correta. JUSTIFICATIVA. A suscetibilidade em relação à febre hemorrágica da dengue não está totalmente esclarecida (BRASIL, 2002). 3. Indicações bibliográficas • BRASIL. Ministério da Saúde. Fundação Nacional de Saúde. Dengue: aspectos epidemiológicos, diagnóstico e tratamento. Brasília: Fundação Nacional de Saúde, 2002. • BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Diretoria Técnica de Gestão. Dengue: diagnóstico e manejo clínico – adulto e criança. Brasília: Ministério da Saúde, 2007. • BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Diretoria Técnica de Gestão. Dengue: manual de enfermagem – adulto e criança. Brasília: Ministério da Saúde, 2008. • BRASIL. Ministério da Saúde. Alerta que tipo 4 não é mais grave que as outras formas da doença. Disponível em <http://www.brasil.gov.br/noticias/arquivos/2011/03/24/saude- alerta-que-dengue-tipo-4-nao-e-mais-grave-que-as-outras-formas-da-doenca>. Acesso em 03 set. 2012. Material Específico – Enfermagem – Tomo 3 – CQA/UNIP 24 4. Texto complementar – Questão 4 Sorotipos da dengue Existem quatro tipos de sorotipos do vírus que causam a dengue, todos com casos já registrados no Brasil: DEN-1, DEN-2, DEN-3 e DEN-4. A dengue tipo 4 (DEN-4) não era registrada no país há cerca de 30 anos, mas circula há vários anos em países do Caribe e da América Latina, como a Venezuela (BRASIL, 2011). O Ministério da Saúde do Brasil (2011) informa que os sintomas de uma pessoa infectada por qualquer sorotipo da dengue são iguais e a imunidade é permanente para um mesmo sorotipo. Dessa forma, uma pessoa que contraiu um tipo de sorotipo da dengue ficará imunizada somente contra esse tipo de vírus, ou seja, o indivíduo que teve dengue tipo 1 (DEN-1) nunca mais será infectado pelo vírus DEN-1, mas poderá contrair os outros três sorotipos. Assim, uma mesma pessoa pode contrair até quatro tipos de dengue se for picada pelo mosquito infectado (BRASIL, 2011). O Ministério da Saúde recomenda que qualquer indivíduo com suspeita de dengue tome água em maior quantidade, evite o uso de medicamentos à base de ácido acetilsalicílico, como a Aspirina®, e procure a Unidade Básica de Saúde mais próxima de sua residência (BRASIL, 2011). Material Específico – Enfermagem – Tomo 3 – CQA/UNIP 25 Questão 5 Questão 5.5 A esclerose múltipla é uma doença autoimune, crônica, que afeta o sistema nervoso central provocando dificuldades motoras e sensitivas, comprometendo a qualidade de vida de seus portadores. Os sintomas caracterizam-se por distúrbios visuais, perda de sensibilidade dos membros inferiores, fadiga, disfunções motoras e dor. A patologia é um processo inflamatório que causa uma lesão nos axônios neuronais e produz uma esclerose em vários locais do sistema nervoso central, conforme ilustra a figura abaixo. Nesse contexto, qual a importância da bainha de mielina na função neurológica? A. Proteger as fibras nervosas contra agressões físicas, químicas e biológicas. B. Retardar a propagação dos impulsos através dos neurônios cerebrais motores. C. Dar consistência à fibra nervosa para que não seja comprimida por músculos. D. Isolar a fibra nervosa e permitir a condução saltatória dos potenciais de ação. E. Promover o transporte axonal que ocorre em vários pontos do sistema nervoso central. 1. Introdução teórica Esclerose múltipla Para entender melhor a esclerose múltipla e sua fisiopatologia, é importante realizar uma prévia revisão da fisiologia humana, sobretudo da fisiologia dos nervos e da transmissão nervosa no corpo humano, como descrito a seguir. 5Questão 15 – Enade 2010. Material Específico – Enfermagem – Tomo 3 – CQA/UNIP 26 No ser humano, todos os sinais nervosos são transmitidos por fibras nervosas presentes no cérebro, na medula espinhal e nos nervos periféricos. Todos os músculos esqueléticos são controlados por fibras nervosas que têm origem na medula espinhal. A fibra nervosa motora (periférica) é formada por duas camadas: uma central, denominada de axônio (fibra nervosa), e um envoltório isolante, chamado de bainha de Schwann ou bainha de mielina, conforme representado na figura 1 (GUYTON, 2008). Figura 1. Célula nervosa com seu axônio e a bainha de mielina. Disponível em <http://ap_mentehumana.blogs.sapo.pt/2338.html>. Acesso em 16 mai. 2013. A bainha de mielina, ou bainha de Schwann, é uma substância de natureza lipídica e proteica formada pelas células de Schwann, que está presente ao longo de todos os nervos periféricos e é responsável pelo isolamento elétrico do axônio. Assim,a bainha de mielina reveste o axônio e é um excelente isolante elétrico para ele (GUYTON, 2008). Cada célula de mielina (Schwann) estende-se em torno de um axônio por cerca de 1 mm (a bainha de mielina possui cerca de 1 mm de comprimento). Em seguida, uma nova bainha de mielina reveste o mesmo axônio. A junção entre duas células de Schwann consecutivas é chamada de nodo de Ranvier (ou nódulo de Ranvier). O nodo de Ranvier é essencial para a transmissão dos impulsos nervosos pelas fibras mielínicas, mostrada na figura 2 (GUYTON, 2008). Material Específico – Enfermagem – Tomo 3 – CQA/UNIP 27 Figura 2. Células de Schwann, nodos de Ranvier, despolarização e condução saltatória. Fonte. AMABIS, J. M.; MARTHO, G. R. Conceitos de Biologia. São Paulo: Moderna, 2001. v. 2. Disponível em <http://www.afh.bio.br/nervoso/nervoso1.asp>. Acesso em 16 mai. 2013. Os nodos de Ranvier permitem uma típica despolarização da membrana, promovendo a transmissão dos impulsos nervosos. Os impulsos são transmitidos ao longo de uma fibra mielínica pelo processo da condução saltatória, que pode ser explicado da seguinte maneira: ocorre a despolarização do primeiro nodo de Ranvier, que, por sua vez, provoca a passagem de corrente elétrica por fora da bainha de mielina (que é isolante elétrico) e ao longo da parte central da fibra, até o nodo de Ranvier seguinte, fazendo com que este se despolarize. A corrente elétrica gerada por esse nodo produz o mesmo efeito no próximo; desse modo, o impulso nervoso “salta” de nodo a nodo, caracterizando a condução saltatória, esquematizada na figura 3 (GUYTON, 2008). Figura 3. Condução saltatória em axônio mielinizado. Disponível em <http://imunes.no.sapo.pt/esclerose_multipla.htm>. Acesso em 16 mai. 2013. Quanto mais calibrosas forem as fibras nervosas e quanto mais espessas forem as bainhas de mielina, mais rapidamente a fibra nervosa conduzirá um impulso elétrico. As fibras de maior diâmetro (cerca de 20 micrômetros) conduzem com velocidade de 100 metros por segundo, enquanto as fibras de menor diâmetro (cerca de 0,5 micrômetro) conduzem com velocidade da ordem de 0,5 metros por segundo (GUYTON, 2008). Material Específico – Enfermagem – Tomo 3 – CQA/UNIP 28 A esclerose múltipla (EM) é uma doença degenerativa, progressiva e crônica do sistema nervoso central (SNC), caracterizada pelo processo de desmielinização da fibra nervosa no cérebro e na medula espinhal. A desmielinização refere-se à destruição da bainha de mielina, material proteico e adiposo que circunda determinadas fibras nervosas no cérebro e na medula espinhal, resultando no comprometimento da transmissão dos impulsos nervosos, conforme representado na figura 4 (SMELTZER et al., 2011). Figura 4. Bainha de mielina danificada. Disponível em <http://educaofsicaadaptadaeeducaoespecial.blogspot.htm>. Acesso em 16 mai. 2013. A etiologia da EM é desconhecida. Nas teorias mais aceitas, as explicações envolvem fatores imunológicos, ambientais, virais e genéticos. As evidências dos trabalhos científicos sugerem que o evento primário é a lesão da bainha de mielina, resultado de infecção viral em uma fase inicial da vida, a qual se torna aparente em um período mais tardio. Apesar de o mecanismo iniciador da doença ser uma infecção viral, acredita-se que uma resposta imunológica defeituosa tenha uma função importante na patogenia da EM (SMELTZER et al., 2011). Na EM, o processo de desmielinização é irregularmente disseminado por todo o SNC. A mielina é perdida e os axônios degeneram-se, interrompendo o fluxo dos impulsos nervosos. As manifestações clínicas da doença são diversas, dependendo dos nervos afetados pela EM. As áreas comumente afetadas são os nervos (quiasma e tratos ópticos), o cérebro (tronco cerebral e cerebelo) e a medula espinhal. Os sinais e sintomas da EM variam de acordo com a localização da lesão ou da combinação de lesões. Os sintomas primários mais comumente relatados são: fadiga, dormência, fraqueza, dificuldade na coordenação e perda do equilíbrio. O distúrbio visual originado pela lesão nos nervos ópticos pode incluir visão turva, diplopia, cegueira em placa (escotoma) e cegueira total. Material Específico – Enfermagem – Tomo 3 – CQA/UNIP 29 A espasticidade dos membros e a perda dos reflexos abdominais são provocadas pelo envolvimento das principais vias motoras da medula espinhal. A ruptura dos axônios sensoriais pode produzir disfunção sensorial (parestesias e dor). Problemas cognitivos e psicossociais, como a depressão, podem refletir o envolvimento do lobo frontal ou parietal do SNC. É rara a ocorrência de demência. A ataxia (coordenação defeituosa dos movimentos) e o tremor são desencadeados pelo envolvimento do cerebelo ou dos gânglios da base. São comuns as disfunções vesicais, intestinais e sexuais (SMELTZER et al., 2011). O Ministério da Saúde do Brasil (2010) informa que o quadro clínico da EM manifesta- se, na maioria das vezes, por ataques agudos ou surtos, podendo entrar em remissão de forma espontânea ou com o uso de corticosteroides. Acrescenta que os sintomas mais comuns são: neurite óptica, paresia ou parestesia de membros, disfunções de coordenação e equilíbrio, mielites, disfunções esfincterianas e disfunções cognitivo-comportamentais, de modo isolado ou em combinação (BRASIL, 2010). Não há cura para a EM e ainda não foi descoberta uma forma de restaurar a mielina danificada ou as funções perdidas do organismo. O tratamento da EM está focado no controle da sintomatologia (BRASIL, 2010). Segundo Smeltzer et al. (2011), é indicado um programa de tratamento individualizado, organizado e racional para aliviar os sintomas do paciente e fornecer suporte contínuo. O tratamento clínico da doença tem como metas retardar a sua progressão, controlar os seus sintomas crônicos e tratar as exacerbações agudas. A enfermagem deve estar preparada para a detecção precoce das alterações provocadas pela EM e promover o planejamento dos cuidados às pessoas com a doença de modo individualizado. 2. Análise das alternativas A – Alternativa incorreta. JUSTIFICATIVA. A bainha de mielina é responsável pelo isolamento elétrico do axônio e promove a transmissão dos impulsos nervosos pelo processo da condução saltatória. Essa bainha não é responsável pela proteção das fibras nervosas contra agressões físicas, químicas e biológicas. Material Específico – Enfermagem – Tomo 3 – CQA/UNIP 30 B – Alternativa incorreta. JUSTIFICATIVA. A bainha de mielina promove a transmissão dos impulsos nervosos pelo processo da condução saltatória e estimula a propagação dos impulsos através dos neurônios cerebrais motores e não retarda essa propagação. C – Alternativa incorreta. JUSTIFICATIVA. As funções da bainha de mielina são o isolamento elétrico do axônio e a transmissão dos impulsos nervosos. A bainha não oferece proteção contra a compressão muscular. D – Alternativa correta. JUSTIFICATIVA. A bainha de mielina é responsável pelo isolamento elétrico do axônio (fibra nervosa) e promove a transmissão dos impulsos nervosos (potencial de ação) pelo processo da condução saltatória. E – Alternativa incorreta. JUSTIFICATIVA. As funções da bainha de mielina são o isolamento elétrico do axônio e a transmissão dos impulsos nervosos por condução saltatória. 3. Indicações bibliográficas • BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Portaria Nº. 493, de 23 de setembro de 2010. Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas: Esclerose Múltipla. Brasília (DF): Ministério da Saúde, 2010. Disponível em:<http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/pcdt_esclerose_multipla.pdf>. Acesso em: 10 set. 2012. • GUYTON, A. C. Fisiologia Humana. 6. ed. [reimpr]. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2008. • SMELTZER, S. C.; HINKLE, J. L.; BARE, B. G.; CHEEVER K. H.Brunner e Suddarth: Tratado de Enfermagem Médico-Cirúrgico. 12. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2011. Material Específico – Enfermagem – Tomo 3 – CQA/UNIP 31 4. Texto complementar – Questão 5 Esclerose múltipla: protocolos clínicos e diretrizes terapêuticas A Esclerose Múltipla (EM) afeta frequentemente indivíduos adultos na faixa entre 18 a 55 anos de idade. No Brasil, a taxa de prevalência da doença é de aproximadamente 15 casos a cada 100.000 habitantes (BRASIL, 2010). Considerando a prevalência da doença e a necessidade de se estabelecerem parâmetros nacionais sobre a esclerose múltipla no Brasil, o Ministério da Saúde definiu, por meio da Portaria Nº 493, de 23 de setembro de 2010, os Protocolos Clínicos e as Diretrizes Terapêuticas (PCDT) para o diagnóstico, o tratamento e o acompanhamento de indivíduos com esta doença (BRASIL, 2010). De acordo com o PCDT relativo à esclerose múltipla, o diagnóstico deve ser clínico com base nos critérios revisados de MacDonald. Os exames de Ressonância magnética (RM) do encéfalo e os exames laboratoriais (anti-HIV, VDRL e dosagem sérica de vitamina B12) devem ser solicitados para a exclusão de outras doenças com manifestações semelhantes à EM (BRASIL, 2010). O exame de líquor cefalorraquidiano (LCR) e o Potencial Evocado Visual deverão ser realizados apenas para descartar outras enfermidades quando houver dúvida diagnóstica. A avaliação clínica e os exames diagnósticos (RM, LCR e potencial evocado) permitem o diagnóstico mais seguro de EM. O tratamento da EM está focado no controle da sua sintomatologia. Sugere-se a leitura do PCDT para maiores esclarecimentos sobre a doença. O conteúdo está disponível no sítio: <http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/pcdt_esclerose_multipla.pdf>. Material Específico – Enfermagem – Tomo 3 – CQA/UNIP 32 Questão 6 Questão 6.6 A paciente R.G., com 35 anos de idade, do sexo feminino, com IMC = 32,120 kg, será submetida à gastroplastia por videocirurgia, admitida na unidade de CMC. Durante a aplicação do histórico de enfermagem, o enfermeiro responsável pela admissão levantou os seguintes problemas: assadura na região suprapúbica, devido à prega formada pela barriga; abertura pequena de boca; pescoço curto; sudorese intensa em mãos e região axilar; uso de piercing em narina direita; uso de prótese dentária na arcada superior; limitação com relação à flexão de joelhos. Nessa situação, avalie os seguintes procedimentos. I. Comunicar ao enfermeiro do CC a respeito da sudorese intensa. II. Solicitar visita pré-operatória do anestesista. III. Retirar o piercing da narina direita. IV. Encaminhar a paciente para o CC, sem retirar a prótese dentária. V. Comunicar ao enfermeiro do CC acerca da limitação de flexão nos joelhos. VI. Realizar higiene íntima devido à assadura. São procedimentos adequados em um plano de cuidado pré-operatório apenas os descritos em: A. I, IV e VI. B. II, III e V. C. I, II, III e V. D. I, IV, V e VI. E. II, III, IV e VI. 1. Introdução teórica Cuidados de enfermagem no pré-operatório O termo cirurgia provém do latim, chirurgia, que etimologicamente significa trabalho manual, e é definido como a área da medicina dedicada ao tratamento de doenças, lesões ou deformidades, por meio de processos manuais chamados de operações ou de intervenções cirúrgicas (REZENDE, 2005). 6Questão 16 – Enade 2010. Material Específico – Enfermagem – Tomo 3 – CQA/UNIP 33 A cirurgia, eletiva ou emergencial, é um evento estressante e complexo que requer especial atenção da equipe de saúde, sobretudo da enfermagem para garantir a qualidade da assistência. A menção ao período que envolve o momento da cirurgia apresenta terminologias específicas. O período perioperatório compreende três fases distintas (SMELTZER et al. 2011), descritas a seguir. • Fase pré-operatória: começa quando a decisão para proceder à intervenção cirúrgica é tomada e termina com a transferência do paciente para a mesa da sala de cirurgia. • Fase intraoperatória: começa quando o paciente é transferido para a mesa da sala de cirurgia e termina com sua admissão na unidade de cuidados pós-anestésicos. • Fase pós-operatória: inicia com a admissão do paciente na unidade de cuidados pós- anestésicos e termina com a avaliação de acompanhamento no ambiente clínico ou domiciliar. Cada período perioperatório engloba um amplo espectro de atividades que a enfermagem deve exercer. A assistência de enfermagem no período pré-operatório visa a proporcionar rápida recuperação pós-operatória, reduzir complicações e minimizar o custo hospitalar e o período de hospitalização, devolvendo o paciente ao meio familiar o mais rapidamente possível (GALAN e ODA, 1995). Na fase pré-cirúrgica, a equipe de enfermagem é responsável pelo preparo do paciente para o ato cirúrgico, estabelecendo e desenvolvendo cuidados conforme a especificidade cirúrgica, como a orientação, o preparo físico e emocional, a avaliação e o encaminhamento ao centro cirúrgico, a promoção da recuperação e a prevenção de complicações no período pós-operatório (CHRISTÓFORO e CARVALHO, 2009). No período pré-operatório, o enfermeiro deve detectar os fatores de risco que podem acarretar complicações pós-operatórias, que englobam, entre outros, o déficit nutricional, os extremos de peso (magreza e obesidade), presença de infecção e de distúrbio hidroeletrolítico e histórico de doenças (pulmonar, renal, cardiovascular, endócrina e hepática, entre outras). Nessa fase, o enfermeiro deve proceder à anamnese e ao exame físico minucioso do paciente a fim de estabelecer uma base de dados para futuras comparações (SMELTZER et al. 2011). A avaliação do paciente deve considerar os itens citados a seguir (SMELTZER et al. 2011). • Estados nutricional e hídrico: importantes na promoção da recuperação e na resistência à infecção. Material Específico – Enfermagem – Tomo 3 – CQA/UNIP 34 • Cavidade oral: dentaduras e próteses dentárias podem ser deslocadas durante a intubação e ocluir as vias respiratórias, por isso devem ser retiradas antes do procedimento cirúrgico. • Uso de drogas e álcool: pessoas com intoxicação são suscetíveis a complicações, por isso se deve adiar a cirurgia, se possível. • Estado respiratório: deve-se atentar para a presença de doença respiratória subjacente, como doença pulmonar obstrutiva crônica e asma. • Estado cardiovascular: deve-se atentar para a presença de hipertensão arterial. • Função hepática: como o fígado é importante na biotransformação dos compostos anestésicos, distúrbios hepáticos podem ter efeitos sobre os agentes anestésicos. • Função renal: os rins são responsáveis pela excreção de medicamentos anestésicos e seus metabólitos, por isso qualquer distúrbio renal tem efeito sobre os agentes anestésicos. • Função endócrina: pacientes com diabetes apresentam riscos de hipoglicemia e de hiperglicemia, o que pode acarretar aumento no risco de infecção da ferida cirúrgica. • Função imunológica: deve-se detectar a presença de alergias. Devem-se identificar e registrar sensibilidades a medicamentos e reações adversas pregressas a esses agentes. Deve-se observar, também, a presença de imunossupressão, que torna o paciente mais suscetível à infecção. • Uso prévio de medicamentos: devido às possíveis interações medicamentosas, o enfermeiro deve avaliar e registrar o uso de medicamentos e de fitoterápicos, bem como a frequência em que são utilizados. • Fatores psicossociais: a maioria dos pacientes apresenta algum tipo de reação emocional antes de procedimentos cirúrgicos. Os temores podem estar relacionados ao medo do desconhecido, da morte, da anestesia, da dor e das complicações. A ansiedade pré- operatória é uma condição frequente e sua presença pode influenciar diretamente o funcionamento do organismo.• Crenças espirituais e culturais: importantes para a avaliação da maneira como as pessoas lidam com o medo e a ansiedade. O enfermeiro deve respeitar a crença de cada paciente. • Peso: a obesidade eleva o risco e a gravidade de complicações associadas à cirurgia. Durante o ato cirúrgico, os tecidos adiposos são mais suscetíveis a infecções, tornando a deiscência (separação) e a infecção da ferida cirúrgica problemas comuns nos indivíduos obesos. O paciente tende a apresentar respirações superficiais, quando em decúbito Material Específico – Enfermagem – Tomo 3 – CQA/UNIP 35 dorsal, aumentando o risco de hipoventilação e complicações pulmonares pós- operatórias. Além dos fatores citados, deve-se considerar que o pescoço curto e grosso, a língua grande e o tecido faríngeo abundante podem dificultar a intubação orotraqueal. O anestesiologista também deve avaliar a apneia obstrutiva do sono, geralmente diagnosticada e tratada com pressão positiva contínua nas vias respiratórias no período pré-operatório. A assistência de enfermagem no período pré-cirúrgico geral envolve a avaliação clínica do paciente e seu preparo social, psíquico, espiritual e físico (GALAN e ODA, 1995; SMELTZER et al. 2011). O preparo social, psíquico e espiritual inclui os procedimentos a seguir. • Providenciar assinatura do termo de consentimento informado ou autorização para a cirurgia. • Proporcionar ensino ao paciente e aos familiares. Explicar sobre a cirurgia proposta, o tipo de anestesia, os exames solicitados e a duração da cirurgia, entre outros. • Tranquilizar o paciente e os familiares, ouvir seu discurso e dar importância às suas queixas e aos seus relatos. • Esclarecer normas e rotinas hospitalares e proporcionar ambiente tranquilo e calmo. • Promover apoio emocional e espiritual. O preparo físico inclui os procedimentos a seguir. • Realizar consulta de enfermagem, atentando para condições que possam comprometer o estado de saúde do paciente. • Preparar o paciente para a coleta dos exames laboratoriais e de diagnóstico. • Verificar sinais vitais, anotá-los e comunicar ao médico se houver quaisquer alterações. • Promover higiene corporal do paciente. • Administrar medicação pré-anestésica, se prescrita. • Realizar tricotomia do local a ser operado, lavar com água e sabão e passar antisséptico local. • Remover próteses, joias, lentes de contato ou óculos. • Promover esvaziamento vesical. • Colocar roupa cirúrgica apropriada e transportar o paciente até o centro cirúrgico, juntamente com o prontuário e os exames realizados. Uma das habilidades mais valiosas do enfermeiro é ouvir cuidadosamente o paciente. Um enfermeiro atencioso, compreensivo e calmo promove a confiança do paciente, reduzindo as possibilidades de complicações pós-operatórias. O cuidado prestado ao Material Específico – Enfermagem – Tomo 3 – CQA/UNIP 36 indivíduo durante o período pré-operatório deve ser planejado conforme a especificidade de cada paciente e com base na evidência científica (CHRISTÓFORO e CARVALHO, 2009; SMELTZER et al. 2011). 2. Análise das afirmativas I – Afirmativa correta. JUSTIFICATIVA. A sudorese intensa pode ser resultante da ansiedade da paciente no momento que antecede a cirurgia, por isso é importante que o enfermeiro do centro cirúrgico seja informado acerca dessa condição, visto que sudorese e ansiedade podem desencadear complicações cirúrgicas. II – Afirmativa correta. JUSTIFICATIVA. O pescoço curto e grosso, a língua grande e o tecido faríngeo abundante podem dificultar a intubação orotraqueal. O anestesiologista deve realizar a avaliação das vias aéreas da paciente para garantir a oxigenação adequada da mulher e evitar complicações respiratórias durante a cirurgia. III – Afirmativa correta. JUSTIFICATIVA. No período pré-operatório, os profissionais da enfermagem devem remover próteses, joias, lentes de contato ou óculos dos pacientes para evitar possíveis complicações relacionadas ao deslocamento ou à presença desses objetos. IV – Afirmativa incorreta. JUSTIFICATIVA. No período pré-operatório, os profissionais da enfermagem devem remover a prótese dentária, pois ela pode deslocar-se durante a intubação e provocar a oclusão das vias respiratórias. V – Afirmativa correta. JUSTIFICATIVA. A limitação física do paciente constitui um fator de risco que pode influenciar diretamente na presença de complicações cirúrgicas, por isso o enfermeiro deve ser comunicado acerca do problema. Material Específico – Enfermagem – Tomo 3 – CQA/UNIP 37 VI – Afirmativa incorreta. JUSTIFICATIVA. A realização da higiene íntima não implicará a redução da lesão na região suprapúbica, por isso não é necessário realizá-la. Alternativa correta: C. 3. Indicações bibliográficas • CHRISTÓFORO, B. E. B.; CARVALHO, D. S. Cuidados de enfermagem realizados ao paciente cirúrgico no período pré-operatório. Rev. Esc. Enferm. USP. 2009 43(1):14-22. • GALAN, N. G. A.; ODA, R. M. Cuidados de enfermagem com o paciente cirúrgico. [online]. Disponível em <http://hansen.bvs.ilsl.br/textoc/revistas/intjlepr/1995/pdf/v63n1/v63n1a07.pdf>. Acesso em 14 jun. 2012. • REZENDE, J. M. Cirurgia e patologia. Acta Cir. Bras. [online]. 2005 20(5):346-346. ISSN 1678-2674. Disponível em <http://www.scielo.br/pdf/acb/v20n5/25789.pdf>. Acesso em 14 jun. 2012. • SMELTZER, S. C.; HINKLE, J. L.; BARE, B. G.; CHEEVER K. H. Brunner e Suddarth: tratado de enfermagem médico-cirúrgico. 12. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2011. • SOCIEDADE BRASILEIRA DE CIRURGIA BARIÁTRICA [Home Page]. Cirurgia bariátrica e metabólica. Cirurgia laparoscópica. Disponível em <http://www.sbcb.org.br/>. Acesso em 10 set. 2012. 4. Texto complementar – Questão 6 Cirurgia bariátrica A cirurgia bariátrica e metabólica, também chamada de gastroplastia, popularmente conhecida como cirurgia de redução de estômago ou da obesidade, reúne técnicas cirúrgicas cientificamente reconhecidas para o tratamento da obesidade e das doenças associadas ao excesso de gordura corporal. O termo metabólico foi recentemente incorporado pela importância que o procedimento cirúrgico adquiriu no tratamento de doenças relacionadas Material Específico – Enfermagem – Tomo 3 – CQA/UNIP 38 ao excesso de peso, como a hipertensão arterial sistêmica e a diabetes mellitus (SOCIEDADE BRASILEIRA DE CIRURGIA BARIÁTRICA, 2012). A cirurgia por videolaparoscopia (videocirurgia) representa uma das maiores evoluções tecnológicas da medicina no tratamento da obesidade, por ser minimamente invasiva e aplicável em todas as técnicas cirúrgicas. Enquanto na videolaparoscopia são realizadas de quatro a sete mini-incisões, cada uma com 0,5 a 1,2 centímetros, no abdômen do cliente (por onde passam as cânulas e a câmera de vídeo), na cirurgia aberta convencional o médico realiza um corte de 10 a 20 centímetros. Desse modo, o risco de complicações é maior na cirurgia convencional (SOCIEDADE BRASILEIRA DE CIRURGIA BARIÁTRICA, 2012). Em 2010, foram realizadas quase 60 mil cirurgias bariátricas no Brasil, das quais 35% foram por videolaparoscopia. A taxa de mortalidade média é de 0,23% nos casos da videocirurgia e de 0,8% a 1% na cirurgia aberta. Tempos menores de cirurgia e de recuperação do cliente também são apontados pela literatura como vantagens da cirurgia por videolaparoscopia (SOCIEDADE BRASILEIRA DE CIRURGIA BARIÁTRICA, 2012). Material Específico – Enfermagem – Tomo 3 – CQA/UNIP 39 Questão 7 Questão 7.7 A Estratégia Saúde da Família (ESF) vislumbra a transformação do modelo assistencial em curso no país. A política de Saúde Mental também objetiva a transformação do modelo, e uma de suas estratégias constitui-se nos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS). Os CAPS e a ESF são processos simultâneos, porémainda pouco articulados. As práticas de Saúde Mental e de ESF assemelham-se quando A. adotam abordagem individual. B. dão ênfase aos deveres dos usuários. C. reconhecem as pessoas por seus quadros patológicos. D. elegem o território como lócus de coprodução de saúde. E. visam a aumentar a autonomia do profissional frente às condições de trabalho. 1. Introdução teórica Estratégia Saúde da Família e Saúde Mental no Brasil A Reforma Sanitária no Brasil iniciou-se no final da década de 1970, como resultado dos movimentos sociais para a redemocratização do país e para a melhoria das condições de saúde da população. O movimento sanitarista, impulsionado pelos trabalhadores de saúde, pelos centros universitários e pelos setores organizados da sociedade, preconizou a mudança dos modelos de atenção e de gestão nas práticas de saúde, em prol da saúde coletiva, da equidade na oferta de serviços e do protagonismo dos usuários dos serviços de saúde (BRASIL, 2005). Uma das maiores conquistas consagradas pela Reforma Sanitária foi a criação do Sistema Único de Saúde (SUS), em 1988, com a finalidade de alterar a situação de desigualdade na assistência à saúde da população e de promover a equidade no atendimento às necessidades de saúde da população (BRASIL, 2004). Um dos pontos principais que fundamentou a criação do SUS foi a necessidade da mudança do paradigma assistencial brasileiro, centralizado na cura das doenças e caracterizado pelo intervencionismo, pelo atendimento centrado no ambiente hospitalar e pela medicalização. Desse modo, um dos objetivos primordiais do SUS foi a formulação de 7Questão 17 – Enade 2010. Material Específico – Enfermagem – Tomo 3 – CQA/UNIP 40 políticas de saúde destinadas ao atendimento à população por intermédio de ações de promoção, proteção e recuperação da saúde, com a realização de ações assistenciais integradas e de atividades preventivas (BRASIL, 1990). O Programa de Saúde da Família (PSF), posteriormente denominado de Estratégia Saúde da Família (ESF), constituiu importante estratégia de reorganização do modelo assistencial da atenção básica em saúde no Brasil. A ESF prioriza as ações de prevenção, promoção e recuperação da saúde da população, trabalhando com a perspectiva ampliada e integral de saúde, com equipes multiprofissionais que prestam atendimento à comunidade no seu território (BRASIL, 2006; DELFINI et al., 2009). Contemporânea da Reforma Sanitária, a Reforma Psiquiátrica foi um movimento formado por trabalhadores integrantes do movimento sanitário, associações familiares, profissionais de saúde e pessoas com longo histórico de internações psiquiátricas. O movimento foi iniciado com o objetivo de denunciar a violência dos manicômios, a mercantilização da loucura e a hegemonia de uma rede privada de assistência, construindo uma crítica coletiva ao modelo psquiátrico hospitalocêntrico, intervencionista e medicalocêntrico (BRASIL, 2005). Assim como a Reforma Sanitária, a Reforma Psiquiátrica parte de princípios e diretrizes que vislumbram a construção de novas propostas assistenciais, envolvendo formas mais acolhedoras e mais humanas de se promover saúde (SOUZA, 2006). De acordo com Souza (2006), o principal objetivo da reforma psiquiátrica foi transformar as relações que a sociedade estabeleceu com o doente mental, para promover a superação do estigma, da segregação e da desqualificação aos quais foi estabelecido o sujeito com doença mental. Essa reforma contribuiu para o progressivo deslocamento do centro de cuidado para fora do ambiente hospitalar, em direção à comunidade (BRASIL, 2004). Nesse contexto, é importante mencionar o surgimento do primeiro Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) no Brasil, em 1987, na cidade de São Paulo, que demonstrou de forma inequívoca a possibilidade da construção de uma rede de cuidados efetivamente substitutiva ao hospital psiquiátrico no país. A partir da criação do CAPS, iniciou-se o processo progressivo de substituição dos leitos psiquiátricos por outros tipos de atenção à saúde mental no Brasil (BRASIL, 2005). De acordo com o Ministério da Saúde (2005), é função dos CAPS prestar atendimento clínico em regime de atenção diária, evitando as internações hospitalares; promover a inserção social dos indivíduos com transtornos mentais por meio de ações intersetoriais; Material Específico – Enfermagem – Tomo 3 – CQA/UNIP 41 regular a porta de entrada da rede de assistência à saúde mental na sua área de atuação (território) e dar suporte à atenção à saúde mental na rede básica de saúde. O território é um dos conceitos fundamentais para a compreensão do papel estratégico dos CAPS e da rede básica de saúde no Brasil, constituída pelas unidades de saúde, pela Estratégia Saúde da Família e pelos Agentes Comunitários de Saúde. Segundo o Ministério da Saúde (2005), território é a designação não apenas de uma área geográfica, mas também das pessoas, das famílias, das instituições, das redes e dos cenários nos quais se dá a vida comunitária. Trabalhar no território significa resgatar os saberes e as potencialidades dos recursos da comunidade e construir soluções coletivas para os problemas identificados, considerando a multiplicidade de trocas entre pessoas e os cuidados em saúde. O território é um elemento norteador das estratégias e ações de atenção à saúde (BRASIL, 2005). Para Delfini et al. (2009), dentre os desafios e as iniciativas da reforma psiquiátrica, está a inserção da saúde mental na atenção básica de saúde, sobretudo nas equipes de saúde da família, que têm papel fundamental no acompanhamento, no cuidado e no apoio às famílias com pessoas com transtornos mentais de determinada região. O trabalho conjunto enriquece a prática assistencial e possibilita a ampliação dos cuidados no território. Portanto, a parceria entre CAPS e ESF é importante para garantir a integralidade e a universalidade da assistência à saúde da população. 2. Análise das alternativas A – Alternativa incorreta. JUSTIFICATIVA. As práticas de saúde mental e da ESF são direcionadas à abordagem coletiva, centrada na família e na comunidade, e não individual. B – Alternativa incorreta. JUSTIFICATIVA. As práticas de saúde mental e da ESF enfatizam a corresponsabilidade da atenção à saúde entre os profissionais e os usuários, convidando o usuário à responsabilização e ao protagonismo em toda a trajetória do seu tratamento. C – Alternativa incorreta. JUSTIFICATIVA. As práticas de saúde mental e da ESF reconhecem as pessoas como protagonistas do seu próprio processo de saúde, enfatizando a promoção da saúde e a Material Específico – Enfermagem – Tomo 3 – CQA/UNIP 42 prevenção de doenças, não assistindo o indivíduo ou a comunidade somente na presença de um quadro patológico. D – Alternativa correta. JUSTIFICATIVA. O território é um conceito fundamental para a compreensão do papel estratégico dos CAPS e da ESF, pois ambos estão pautados no desenvolvimento da assistência básica de saúde em determinado território. E – Alternativa incorreta. JUSTIFICATIVA. As práticas de saúde mental e da ESF enfatizam a corresponsabilidade da atenção à saúde entre os profissionais e os usuários, convidando o usuário à responsabilização e ao protagonismo em toda a trajetória do seu tratamento. 3. Indicações bibliográficas • BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Saúde mental no SUS: os centros de atenção psicossocial. Brasília (DF): Ministério da Saúde, 2004. Disponível em <http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/manual_caps.pdf>. Acesso em 13 jun. 2011. • BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. DAPE. Coordenação Geral de Saúde Mental. Reforma psiquiátrica e política de saúde mental no Brasil. Documento apresentado à
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