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1 ENFERMAGEM MATERIAL INSTRUCIONAL ESPECÍFICO - 03 Material Específico – Enfermagem – Tomo 5 – CQA/UNIP 2 CQA - COMISSÃO DE QUALIFICAÇÃO E AVALIAÇÃO ENFERMAGEM MATERIAL INSTRUCIONAL ESPECÍFICO Tomo 5 Material instrucional específico, cujo conteúdo integral ou parcial não pode ser reproduzido ou utilizado sem autorização expressa, por escrito, da CQA/UNIP – Comissão de Qualificação e Avaliação da UNIP - UNIVERSIDADE PAULISTA. Material Específico – Enfermagem – Tomo 5 – CQA/UNIP 3 Questão 1 Questão 1.1 Pedro, com 45 anos de idade, pedreiro e hipertenso, nunca procurou tratamento clínico. Deu entrada na unidade de pronto atendimento em crise hipertensiva, com pressão arterial (PA) de 220 x 150 mmHg. Apresentava tontura, hemiplegia direita, agnosia, apraxia e afasia, sinais e sintomas característicos de acidente vascular cerebral (AVC). Após os procedimentos para a estabilidade do quadro clínico, os acadêmicos de enfermagem resolveram investigar o que está ocorrendo. Seria correto eles constatarem que A. a agnosia é ocasionada pela hiperfunção cerebral em virtude do AVC. B. a tontura é o resultado do fluxo excessivo de sangue associado à hipoventilação cerebral. C. a apraxia é a capacidade de executar movimentos propositais em áreas do corpo não afetadas, sendo de natureza transitória. D. a hemiplegia direita foi gerada em razão do comprometimento do lado direito do cérebro, isso porque fibras nervosas cruzam o trato piramidal quando elas passam do cérebro para a medula espinhal. E. a hipertensão arterial é um fator de risco para o AVC e que, associado às alterações degenerativas do sistema vascular de natureza aterosclerótica, ocasiona a isquemia ou a hemorragia cerebral. 1. Introdução teórica 1.1. Hipertensão arterial sistêmica A hipertensão arterial sistêmica (HAS) é um problema de saúde pública no mundo (BRASIL, 2006). Em 2001, houve cerca de 7,6 milhões de mortes em função dessa doença, sendo que 54% delas ocorreram por acidente vascular encefálico (AVE) e 47%, por doença cardíaca isquêmica. No Brasil, somente no ano de 2007, aconteceram 308.466 mortes por doenças do aparelho circulatório relacionadas à hipertensão arterial (SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA, 2010). Existem cerca de 17 milhões de pessoas com HAS. Dessas, 35% têm idade igual ou superior a 40 anos. A prevalência da doença na população urbana brasileira oscila de 22,3% 1Questão 31 – Enade 2010. Material Específico – Enfermagem – Tomo 5 – CQA/UNIP 4 a 43,9%, de acordo com a cidade onde o estudo é conduzido (BRASIL, 2006; SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA, 2010). A hipertensão arterial sistêmica é definida como uma pressão arterial sistólica igual ou superior a 140 mmHg e uma pressão arterial diastólica igual ou superior a 90 mmHg (BRASIL, 2006; SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA, 2010; SMELTZER et al., 2011). Para o diagnóstico da doença, recomenda-se fazer a aferição repetida da pressão arterial no consultório e fora dele, sempre que possível, para diminuir a probabilidade da ocorrência da “hipertensão do avental branco”, que consiste na elevação da pressão arterial em função da presença do profissional de saúde durante a aferição (BRASIL, 2006; SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA, 2010). A classificação dos valores da pressão arterial para adultos maiores de 18 anos, segundo o Ministério da Saúde do Brasil, está apresentada no quadro 1. Quadro 1. Classificação da pressão arterial em adultos. Classificação Pressão arterial sistólica (mmHg) Pressão arterial diastólica (mmHg) Normal <120 <80 Pré-hipertensão 120 – 139 80 – 89 Hipertensão Estágio 1 140 – 159 90 – 99 Estágio 2 ≥160 ≥100 Fonte. BRASIL. Ministério da Saúde, 2006. A hipertensão arterial sistêmica pode ser classificada em hipertensão primária ou essencial, que é responsável por 90 a 95% dos casos de óbito e ocorre quando a etiologia da doença não é identificada; e hipertensão secundária, que é responsável por 5 a 10% dos casos e ocorre quando as causas da doença são conhecidas. O estreitamento das artérias renais, a doença parenquimatosa renal, os distúrbios endócrinos, a hipertensão gestacional, o uso de determinados medicamentos e a coartação da aorta são as doenças identificadas na hipertensão secundária (BRASIL, 2006; SMELTZER et al., 2011). De acordo com a Sociedade Brasileira de Cardiologia (2010), a idade avançada, o excesso de peso, a ingestão excessiva de sódio (sal), a ingestão de álcool por períodos prolongados de tempo, o sedentarismo e a predisposição genética, entre outros, são considerados fatores de risco para o desenvolvimento da hipertensão arterial sistêmica. A HAS desencadeia diversas alterações nas paredes dos vasos sanguíneos, incluindo a aceleração da aterogênese, a aterosclerose acelerada nas artérias maiores, a arteriosclerose hialina nos vasos menores e, nos casos graves, alterações proliferativas e necrose das arteríolas. O comprometimento das paredes arteriolares resulta no enfraquecimento dos vasos sanguíneos, tornando-os mais vulneráveis às rupturas. Assim, as doenças Material Específico – Enfermagem – Tomo 5 – CQA/UNIP 5 degenerativas vasculares de natureza aterosclerótica são aceleradas e agravadas pela HAS (FROSCH et al., 2005). Em função de sua fisiopatologia, a hipertensão arterial é um dos principais fatores de risco para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares, renais e cérebro-vasculares. A HAS é responsável por, no mínimo, 40% das mortes por acidente vascular encefálico (AVE), 25% de óbitos por doença arterial coronariana e, quando associada ao diabetes mellitus, é responsável por 50% dos casos de insuficiência renal terminal (BRASIL, 2006). Para o Ministério da Saúde do Brasil (2006), a identificação e o controle da HAS são muito importantes para a redução de suas complicações, tais como a doença cérebro- vascular, a doença arterial coronariana, a insuficiência cardíaca, a doença renal crônica e a doença arterial periférica. Modificações no estilo de vida são essenciais para a prevenção da HAS e para o processo terapêutico da hipertensão. Por isso, é necessário o desenvolvimento de estratégias de saúde pública, individuais e coletivas, para a prevenção da hipertensão arterial e a redução da carga de doenças e complicações. 1.2. Acidente vascular cerebral As doenças cérebro-vasculares constituem quaisquer anormalidades do cérebro causadas por processos patológicos dos vasos sanguíneos, como a hipertensão arterial. O termo “acidente vascular” é a designação clínica que se aplica às doenças cérebro- vasculares (FROSCH et al., 2005). O acidente vascular cerebral (AVC) ou encefálico (AVE) é definido como a interrupção do fluxo sanguíneo cerebral e pode ser dividido em isquêmico (AVCI), que ocorre em 85% dos casos, e hemorrágico (AVCH), responsável por 15% dos casos da doença (DICCINI e SILVEIRA, 2007; CARPENITO-MOYET, 2011). O AVCI é resultante do comprometimento do suprimento sanguíneo e da oxigenação do tecido do sistema nervoso central, que pode ser causado pela aterosclerose de grandes artérias, pela embolia cardíaca, pelos infartos lacunares, por doenças de pequenas artérias, por etiologias menos frequentes e por causas desconhecidas (FROSCH et al., 2005; DICCINI e SILVEIRA, 2007). O AVC hemorrágico é resultante da ruptura de vasos sanguíneos no sistema nervoso central e a hipertensão arterial é a causa subjacente mais comum de hemorragia cerebral (AVCH) (FROSCH et al., 2005). Material Específico – Enfermagem – Tomo 5 – CQA/UNIP 6 As características clínicas do AVC dependem da região cerebral comprometida durante o episódio isquêmico ou hemorrágico. Na avaliação do paciente, quando detectado déficit neurológico, sobretudo focal, de início súbito oude rápida progressão, no período de minutos a horas, deve-se suspeitar imediatamente de AVC (DICCINI e SILVEIRA, 2007). Segundo Frosch et al. (2005), a área comprometida do cérebro em função do AVCI determina se o cliente vai permanecer assintomático ou vai desenvolver hemiplegia, deficiência sensitiva, anopsia (cegueira), afasia (perda da capacidade de comunicação verbal e escrita) ou alguma outra deficiência. O quadro clínico do AVCH depende da localização da área comprometida e caracteriza-se pelo déficit neurológico, acompanhado de cefaleia, náuseas, vômitos, rebaixamento do nível de consciência e déficit motor e sensitivo, podendo ocorrer crises convulsivas e até coma (DICCINI e SILVEIRA, 2007). A assistência de enfermagem a indivíduos com AVC requer conhecimento científico para a avaliação e a compreensão dos sinais e sintomas decorrentes do AVC. A equipe de saúde, sobretudo a de enfermagem, deve estar preparada e capacitada para realizar adequada assistência (rápida e ágil) ao paciente e, assim, reduzir o índice de mortalidade relacionado à doença (DICCINI e SILVEIRA, 2007). 2. Análise das alternativas A – Alternativa incorreta. JUSTIFICATIVA. A agnosia, ou seja, a incapacidade de reconhecer a recepção de impressões sensoriais, é ocasionada pela redução ou interrupção do fluxo sanguíneo cerebral e não pela hiperfunção cerebral. B – Alternativa incorreta. JUSTIFICATIVA. A tontura é resultado da redução da oxigenação no sistema nervoso central e não do excessivo fluxo de sangue cerebral. C – Alternativa incorreta. JUSTIFICATIVA. A apraxia é definida como a perda da capacidade de realizar movimentos propositais familiares, como a escrita e a marcha, na ausência de prejuízo sensorial ou motor, ao contrário da definição apresentada na alternativa. Material Específico – Enfermagem – Tomo 5 – CQA/UNIP 7 D – Alternativa incorreta. JUSTIFICATIVA. A hemiplegia direita foi gerada em razão do comprometimento do lado esquerdo do cérebro, e não do lado direito como apresenta a alternativa. Isso porque as fibras nervosas cruzam o trato piramidal quando passam do cérebro para a medula espinhal. E – Alternativa correta. JUSTIFICATIVA. A hipertensão arterial é um fator de risco para o AVC e, associada às alterações degenerativas do sistema vascular de natureza aterosclerótica, pode ocasionar a isquemia ou a hemorragia cerebral. 3. Texto complementar Processo de enfermagem Ao elaborar o processo de enfermagem direcionado aos indivíduos com diagnóstico médico de acidente vascular cerebral/encefálico, o enfermeiro deve considerar os principais diagnósticos de enfermagem monitorados em 75% a 100% dos casos da doença (CARPENITO-MOYET, 2011), descritos a seguir. a. Comunicação prejudicada, relacionada a efeitos de danos ao hemisfério (esquerdo ou direito) sobre a linguagem e a fala. b. Mobilidade física prejudicada, relacionada à função motora reduzida, secundária a danos aos neurônios motores superiores. c. Incontinência funcional, relacionada à incapacidade ou à dificuldade para chegar ao vaso sanitário, secundária à mobilidade ou à motivação diminuída. d. Deglutição prejudicada, relacionada à paralisia ou à paresia muscular, secundária a danos aos neurônios motores superiores. e. Déficit no autocuidado, relacionado à mobilidade física prejudicada ou à confusão. f. Alto risco de lesão, relacionado a déficits nos campos visual, motor e perceptivo. Compete ao enfermeiro proceder à avaliação individual dos clientes para a determinação dos diagnósticos de enfermagem e do plano de cuidados específicos, conforme as necessidades de cada paciente. Material Específico – Enfermagem – Tomo 5 – CQA/UNIP 8 4. Indicações bibliográficas • BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Hipertensão arterial sistêmica para o Sistema Único de Saúde: cadernos de atenção básica. Brasília: Ministério da Saúde, 2006. • CARPENITO-MOYET, L. J. Planos de cuidados de enfermagem e documentação: diagnósticos de enfermagem e problemas colaborativos. 5. ed. Porto Alegre: Artmed, 2011. • DICCINI, S.; SILVEIRA, D. A. Acidente Vascular Cerebral Isquêmico e Hemorrágico. In: CALIL, A. M.; PARANHOS, W. Y. O enfermeiro e as situações de emergência. São Paulo: Atheneu, 2007. • FROSH, M. P.; ANTHONY, D. C.; GIROLAMI, U. O sistema nervoso central. In: KUMAR, V.; ABBAS, A. K.; FAUSTO, N. Robbins e Cotran: Patologia - bases patológicas das doenças. Rio de Janeiro: Elsevier, 2005. • SMELTZER, S. C.; HINKLE, J. L.; BARE, B. G.; CHEEVER K. H. Brunner e Suddarth: Tratado de enfermagem médico-cirúrgico. 12. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2011. • SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA. Sociedade Brasileira de Hipertensão. Sociedade Brasileira de Nefrologia. VI Diretrizes Brasileiras de Hipertensão. Arq. Bras. Cardiol. 2010. Material Específico – Enfermagem – Tomo 5 – CQA/UNIP 9 Questão 2 Questão 2.2 Maria, enfermeira de hospital de grande porte, apoiada pela administração, entrou em contato com a coordenadora do curso de graduação em enfermagem e propôs que incentivassem os alunos a realizarem os trabalhos de conclusão de curso envolvendo o centro cirúrgico do hospital referido, uma vez que os índices de infecção hospitalar eram crescentes. Diante desse caso, avalie as asserções a seguir. A pesquisa pode ser um instrumento de gestão efetivo para subsidiar o planejamento, o monitoramento e a avaliação de processos e resultados de trabalho. PORQUE A pesquisa permite ao gestor o acesso a indicadores quantitativos suficientes à gestão do processo de trabalho dos profissionais. Analisando a relação proposta entre as duas asserções, assinale a opção correta. A. As duas asserções são proposições verdadeiras, e a segunda é uma justificativa correta da primeira. B. As duas asserções são proposições verdadeiras, e a segunda não é uma justificativa correta da primeira. C. A primeira asserção é uma proposição verdadeira, e a segunda é uma proposição falsa. D. A primeira asserção é uma proposição falsa, e a segunda é uma proposição verdadeira. E. As duas asserções são proposições falsas. 1. Introdução teórica Pesquisa em enfermagem A pesquisa científica é uma investigação sistemática que utiliza métodos para responder a questões ou resolver problemas. A pesquisa em enfermagem é importante para a construção do conhecimento sobre temas relevantes para a saúde (POLIT et al., 2011). A investigação científica tem subsidiado importantes transformações na enfermagem, que impactam na prática, nos aspectos de ensino-aprendizagem e no gerenciamento da assistência e dos serviços de enfermagem (KURCGANT e CIAMPONE, 2005). 2Questão 32 – Enade 2010. Material Específico – Enfermagem – Tomo 5 – CQA/UNIP 10 Para Polit et al. (2011), os profissionais da enfermagem devem embasar suas condutas e decisões nas evidências científicas que demonstram que suas ações são clinicamente apropriadas e trazem resultados positivos tanto para os clientes quanto para a instituição de saúde (POLIT et al., 2011). A pesquisa em enfermagem pode ser conduzida dentro de dois amplos paradigmas: o positivista e o naturalista. No positivista, presume-se que exista uma realidade objetiva e que os fenômenos naturais sejam regulares e ordenados. Esse paradigma está associado à abordagem científica tradicional e à pesquisa com abordagem quantitativa, que consiste em um processo sistemático e controlado que envolve fundamentalmente as análises estatísticas (LOBIONDO-WOOD e HABER, 2001; POLIT et al., 2011). O paradigma naturalista relaciona-se à pesquisa com abordagem qualitativa, em que a realidade não é uma entidade fixa, mas uma construção da mente humana, enfatizando-se a compreensão da experiência e da vivência humana (LOBIONDO-WOOD e HABER, 2001; POLIT et al.,2011). Diferentemente da abordagem quantitativa, a análise qualitativa envolve a interpretação e a compreensão de materiais narrativos, ou seja, o pesquisador analisa os dados subjetivos, provenientes das descrições narrativas do paciente/participante sobre determinado evento ou situação (POLIT et al., 2011). As duas perspectivas sobre a natureza da realidade têm implicações importantes para a prática da enfermagem e para o gerenciamento do serviço, pois apresentam as mesmas finalidades, como identificação, descrição, exploração, explicação, previsão e controle. Muitas questões podem ser elaboradas de forma apropriada à abordagem da pesquisa qualitativa ou quantitativa (POLIT et al., 2011). As pesquisas em gerenciamento, de cunho qualitativo ou quantitativo, permitem visualizar as práticas gerenciais e influenciam as transformações nos processos de trabalho, pois incitam a reflexão sobre os motivos que orientam o pensar, o sentir e o agir de uma equipe ou instituição de saúde em uma determinada direção (KURCGANT e CIAMPONE, 2005). A pesquisa em gerenciamento fornece dados relativos aos ambientes externo e interno do local de trabalho, permitindo analisar suas evidências relativas a oportunidades, ameaças, fraquezas e pontos fortes, que devem ser gerenciados e planejados a fim de promover a manutenção e melhorias dos processos de saúde. Desse modo, a pesquisa em enfermagem permite o aprimoramento da atenção à saúde e da qualidade da assistência. Material Específico – Enfermagem – Tomo 5 – CQA/UNIP 11 2. Análise das asserções A pesquisa científica é importante para subsidiar a prática da enfermagem, incluindo os aspectos de ensino-aprendizagem e o gerenciamento da assistência e dos serviços de enfermagem. Assim, a pesquisa pode configurar-se como instrumento de gestão efetivo para subsidiar o planejamento, o monitoramento e a avaliação de processos e de resultados de trabalho. A pesquisa permite aos profissionais e gestores o acesso aos indicadores quantitativos de saúde por meio de análises estatísticas, além de permitir o conhecimento de informações relativas aos aspectos qualitativos da assistência à saúde, como a experiência ou a vivência dos usuários, que são informações igualmente relevantes para a gestão e o gerenciamento da saúde. Desse modo, a primeira asserção é verdadeira, mas a segunda é falsa. Alternativa correta: C. 3. Texto complementar Enfermagem baseada em evidências Para exercer o ofício com competência e qualidade, os profissionais da saúde devem atualizar-se constantemente por meio do acompanhamento dos resultados das pesquisas científicas. Ao aplicarem esses resultados na prática clínica, os profissionais promovem a redução no distanciamento entre os avanços científicos e a prática assistencial (DOMENICO e IDE, 2003). Com o intuito de estabelecer um elo entre a pesquisa e a prática assistencial, surgiu a prática baseada em evidências (PBE), descrita primeiramente na medicina e, posteriormente, nas demais áreas, como na enfermagem. A Prática Baseada em Evidências (PBE) compreende “o uso consciente, explícito e judicioso da melhor evidência atual para a tomada de decisão sobre o cuidar individual do paciente” (ATALLAH E CASTRO, 1998, apud DOMENICO e IDE, 2003). Constitui um processo que integra a competência clínica individual com os achados clínicos gerados pelas pesquisas sistemáticas publicadas e os princípios da epidemiologia clínica (DOMENICO e IDE, 2003). Sua utilização na prestação de cuidados na enfermagem é primordial para o atendimento seguro e com qualidade. Material Específico – Enfermagem – Tomo 5 – CQA/UNIP 12 A Enfermagem Baseada em Evidências é definida como a aplicação de informações válidas e relevantes, fundamentadas em pesquisas científicas, na tomada de decisão do enfermeiro. As evidências científicas estão associadas ao conhecimento sobre o cliente (sinais, sintomas, diagnóstico e tratamento) e ao contexto em que a decisão está ocorrendo (ambiente do cuidado e recursos disponíveis). Por isso, segundo Cullum et al. (2010), para a tomada de decisão com base na evidência científica, o enfermeiro deve integrar os elementos descritos na figura 1. Figura 1. Elementos para a decisão clínica na enfermagem. Cullum et al. (2010) e Domenico e Ide (2003) referem que a assistência de enfermagem com base nas evidências científicas deve nortear todo o processo de graduação em enfermagem possibilitando ao aluno a oportunidade de questionar e investigar as ações que permeiam a prática clínica, estimulando-o a exercer a profissão sob um novo paradigma assistencial, que promove o pensamento crítico e o raciocínio lógico e garante a segurança e a qualidade da atenção à saúde da população. 4. Indicações bibliográficas • CULLUM, N.; CILISKA, D.; MARKS, S.; HAYNES, R. B. Enfermagem baseada em evidências: uma introdução. Porto Alegre: Artmed, 2010. • DOMENICO, E. B. L. D.; IDE, C. A. C. Enfermagem baseada em evidências: princípios e aplicabilidades. Rev Latino-Am Enfermagem. 2003. • ERDMANN, A. L.; MELLO, A. L. F.; ANDRADE, S. R.; KLOCK, P. Funcionalidade dos grupos de pesquisa de administração/gestão/gerência de enfermagem. Rev. Rene. Fortaleza, 2010. Material Específico – Enfermagem – Tomo 5 – CQA/UNIP 13 • KURCGANT, P.; CIAMPONE, M. H. T. A pesquisa na área de gerenciamento em enfermagem no Brasil. Rev. Bras. Enferm. 2005. • LOBIONDO-WOOD, G.; HABER, J. Pesquisa em enfermagem: métodos, avaliação crítica e utilização. 4. ed. Rio de Janeiro: Guanabara-Koogan, 2001. • POLIT, D. F.; BECK, C. T.; HUNGLER, B. P. Fundamentos de Pesquisa em enfermagem: avaliação de evidências para a prática de enfermagem. 6. ed. Porto Alegre: Artmed, 2011. Material Específico – Enfermagem – Tomo 5 – CQA/UNIP 14 Questão 3 Questão 3.3 O gráfico a seguir apresenta evolução anual do número de centros de atenção psicossocial (CAPS) no Brasil. Considerando a expansão da rede de serviços substitutivos no Brasil, conclui-se que A. a expansão do número de CAPS foi importante para a reforma psiquiátrica, mas ainda há dificuldades nos fluxos de usuários entre atenção básica e atenção especializada. B. o aumento do número de CAPS é importante para que as famílias sem condições de cuidar dos usuários com transtornos mentais possam ter uma instituição responsável por eles. C. os CAPS, como porta de entrada dos usuários com transtornos mentais para o sistema de saúde, devem atuar na lógica de reinserção social e no cuidado interdisciplinar. D. o aumento do número de CAPS no país é incoerente em relação aos princípios da reforma psiquiátrica, que visa a diminuir o número de instituições que cuidam das pessoas com transtornos mentais. E. a inserção social dos usuários dos CAPS se dá no interior do próprio sistema de saúde, por meio de atividades educativas e lúdicas. 3Questão 33 – Enade 2010. Material Específico – Enfermagem – Tomo 5 – CQA/UNIP 15 1. Introdução teórica Reforma psiquiátrica no Brasil e os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) No final da década de 1970, iniciou-se a Reforma Psiquiátrica no Brasil, concomitantemente ao movimento sanitário. Esse processo objetivou a transição de um modelo de assistência psiquiátrica centrado no hospital para um modelo de atenção com base territorial comunitária, contribuindo para o progressivo deslocamento do centro de cuidado para fora do ambiente hospitalar, em direção à comunidade (BRASIL, 2004). A reforma psiquiátrica propôs a mudança no modelo assistencial pautada na construção de uma rede de atenção psicossocial, com base comunitária, capaz de garantir a resolutividade e a promoção de autonomia e cidadania aos indivíduos com transtornos mentais (FACUNDES et al., 2010). Os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) têm valor para a ReformaPsiquiátrica Brasileira e constituem um importante dispositivo estratégico desse movimento, pois possibilitam a organização de uma rede substitutiva ao Hospital Psiquiátrico no país (BRASIL, 2005). O primeiro CAPS surgiu no Brasil em 1987, na cidade de São Paulo. Esse centro demonstrou efetivamente a possibilidade da construção de uma rede de cuidados substitutiva ao hospital psiquiátrico, com repercussão nacional (BRASIL, 2005). A proclamação da Constituição, em 1988, criou o Sistema Único de Saúde (SUS), que tem como diretrizes os princípios da reforma psiquiátrica, incorporando o processo de desinstitucionalização e a garantia dos direitos dos doentes mentais (BRASIL, 2009; FACUNDES et al., 2010). Em 2001, foi sancionada no Brasil a Lei Federal Nº 10.216, que dispõe sobre a proteção e os direitos das pessoas portadoras de transtornos mentais e o redirecionamento da assistência em saúde mental para serviços comunitários (BRASIL, 2005). É a partir desse período que a Reforma Psiquiátrica no país se consolida como política oficial do governo federal, nomeada de Política Nacional de Saúde Mental no Brasil. Amparada na Lei Nº 10.216 (2001), essa política visa a consolidar um modelo de atenção à saúde mental, com base comunitária, que propõe a criação de redes de serviços locais, extra-hospitalares, como os CAPS, os Serviços Residenciais Terapêuticos (SRT), os Centros de Convivência e Cultura e os leitos de atenção integral (BRASIL, 2009; FACUNDES et al., 2010). Material Específico – Enfermagem – Tomo 5 – CQA/UNIP 16 Como consequência, houve o estímulo à expansão e à implantação do CAPS no país, que, por meio da Portaria Nº 336/GM, de 2002 (BRASIL, 2002), passou a receber direcionamento financeiro específico do Ministério da Saúde. A Portaria estabeleceu algumas regras básicas de funcionamento dos CAPS, delineando as modalidades de serviços: CAPS I, II e III, definidos por ordem crescente de porte/complexidade e abrangência populacional (BRASIL, 2002). De acordo com o Ministério da Saúde (2002), os CAPS constituem-se de serviço ambulatorial de atenção diária, com objetivo de realizar o acompanhamento clínico e a reinserção social dos seus usuários, priorizando o atendimento de pessoas com transtornos mentais graves e persistentes em sua área territorial. São considerados também como serviços estratégicos na organização da entrada dos indivíduos com transtornos mentais no SUS. Conforme disposto na Portaria Nº 336/GM, os CAPS são unidades que devem dar suporte, discutir e intervir conjuntamente, supervisionar e capacitar as unidades de atenção básica e da Estratégia da Saúde da Família no atendimento às suas necessidades e propiciar a corresponsabilização dos casos existentes, aumentando a capacidade resolutiva de problemas de saúde mental pelas equipes locais (BRASIL, 2002). São funções dos CAPS (BRASIL, 2005): • prestar atendimento clínico em regime de atenção diária, evitando as internações hospitalares; • promover a inserção social dos indivíduos com transtornos mentais por meio de ações intersetoriais; • regular a porta de entrada da rede de assistência à saúde mental na sua área de atuação (território) e dar suporte à atenção à saúde mental na rede básica de saúde. Chamma et al. (2008) acrescentam que, nos CAPS, são desenvolvidas atividades de promoção do trabalho e do lazer, e de fortalecimento de laços familiares e sociais, além do estímulo à prática dos direitos civis dos indivíduos com transtornos mentais. De acordo com o Ministério da Saúde (2005), a expansão da rede CAPS foi fundamental para as mudanças na assistência às pessoas com transtorno mental. Nos últimos anos, constatou-se importante ampliação da rede CAPS (visualizado no gráfico apresentado na questão), contribuindo substancialmente para a desinstitucionalização do atendimento psiquiátrico no país. No entanto, muitos desafios dessa política ainda serão enfrentados, como a acessibilidade, a qualidade de atendimento e a formação de recursos humanos capazes de Material Específico – Enfermagem – Tomo 5 – CQA/UNIP 17 superar o paradigma tutelar da loucura e do louco e o estigma social dos indivíduos com transtornos mentais, baseado no preconceito/rejeição em relação à loucura, à inclusão social e à superação do modelo hospitalocêntrico. 2. Análise das alternativas A – Alternativa correta. JUSTIFICATIVA. Conforme referenciado pelo Ministério da Saúde (2005), a expansão da rede CAPS foi fundamental para as mudanças na assistência às pessoas com transtorno mental, ou seja, para a reforma psiquiátrica. No entanto, é necessário estar atento ao fato de que a atenção básica é um nível de atenção complexo e que requer atuação marcante quanto à responsabilidade sanitária no território e deve estar apta a dar resolubilidade às questões que lhe são apresentadas, encaminhando usuários para atenção especializada, se necessário. Contudo, no Brasil, ainda existem dificuldades nos fluxos de usuários entre a atenção básica e a atenção especializada. B – Alternativa incorreta. JUSTIFICATIVA. Os CAPS constituem uma rede de cuidados em saúde mental, estruturados a partir da atenção básica de saúde, que visa ao estabelecimento de vínculos e ao acolhimento do indivíduo com transtornos mentais, por meio do acompanhamento clínico e da reinserção social dos seus usuários. Para alcançar esses objetivos, a participação da família e sua corresponsabilização pelos casos são fundamentais. C – Alternativa incorreta. JUSTIFICATIVA. O Ministério da Saúde do Brasil apresenta que a rede de saúde mental pode ser constituída por vários dispositivos assistenciais que possibilitem a atenção psicossocial aos pacientes com transtornos mentais, (...) que contam com ações de saúde mental na atenção básica, nos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), nos serviços residenciais terapêuticos (SRT), nos leitos em hospitais gerais, nos ambulatórios, bem como no Programa de Volta para Casa. Essa rede deve funcionar de forma articulada, tendo os CAPS como serviços estratégicos na organização de sua porta de entrada e de sua regulação. Disponível em <http://portal.saude.gov.br/portal/saude/cidadao/visualizar_texto.cfm?idtxt=24355&ja nela=1>. Acesso em 21 ago. 2011. Observação relativa à alternativa C. Segundo o Ministério da Saúde, os CAPS são unidades que devem dar suporte, discutir e intervir conjuntamente. Também devem Material Específico – Enfermagem – Tomo 5 – CQA/UNIP 18 supervisionar e capacitar as unidades de atenção básica e da Estratégia Saúde da Família no atendimento às necessidades em saúde mental, propiciando o acompanhamento clínico e a reinserção social dos seus usuários, com corresponsabilização dos casos existentes, e aumentando a capacidade resolutiva de problemas de saúde mental. Desse modo, entende- se que os CAPS são a porta de entrada dos usuários com transtornos mentais para o sistema de saúde, devendo agir de forma articulada com outras unidades de saúde e atuar na reinserção social e no cuidado interdisciplinar. Assim, apesar de a alternativa ser considerada incorreta pelo gabarito do ENADE (2010), acredita-se que essa assertiva esteja correta. D - Alternativa incorreta. JUSTIFICATIVA. O aumento do número de CAPS no país está em consonância com os princípios da reforma psiquiátrica e não é incoerente com essa reforma, conforme descrito na alternativa. Ademais, o CAPS não visa a reduzir o número de instituições que cuidam das pessoas com transtornos mentais e, sim, a ampliar o número de centros que atendem a essa população. E – Alternativa incorreta. JUSTIFICATIVA. A inserção social dos usuários dos CAPS ocorre por meio de Programas de Inclusão Social pelo Trabalho das pessoas com transtornos mentais e transtornos decorrentes do uso de álcool e de outras drogas, reinserindo-os na sociedade civil e não acontece no interiordo próprio sistema de saúde. 3. Texto complementar Leitura complementar Para melhor esclarecimento sobre os aspectos legais que envolvem os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), sugere-se a leitura da Portaria Nº 336/GM, de 2002. O texto está disponível na íntegra em <http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/Portaria%20GM%20336-002.pdf>. Material Específico – Enfermagem – Tomo 5 – CQA/UNIP 19 4. Indicações bibliográficas • BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. DAPE. Coordenação Geral de Saúde Mental. Reforma psiquiátrica e política de saúde mental no Brasil. Documento apresentado à Conferência Regional de Reforma dos Serviços de Saúde Mental: 15 anos depois de Caracas. OPAS. Brasília (DF): Ministério da Saúde, 2005. Disponível em <http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/relatorio_15_anos_caracas.pdf>. Acesso em 13 jun. 2011. • BRASIL. Ministério da Saúde. Política Nacional de Saúde Mental. Brasília (DF): Ministério da Saúde, 2009. Disponível em <http://portal.saude.gov.br/portal/saude/area.cfm?id_area=925>. Acesso em 31 ago. 2011. • BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Saúde mental no SUS: os centros de atenção psicossocial. Brasília (DF): Ministério da Saúde, 2004. Disponível em <http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/manual_caps.pdf>. Acesso em 13 jun. 2011. • CHAMMA, R. C.; STEFANELLI, M. C.; ARANTES, E. C.; FUKUDA, I. M. K. Serviços de atendimento em saúde mental e psiquiatria. In: STEFANELLI, M. C.; FUKUDA, I. M. K.; ARANTES, E. C. (org.) Enfermagem psiquiátrica: em suas dimensões assistenciais. Barueri (SP): Manole, 2008. • FACUNDES, V. L. D.; BASTOS, O.; VASCONCELOS, M. G. L.; LIMA FILHO, I. A. Atenção à saúde mental em Pernambuco: perspectiva histórica e atual. Neurobiologia, 2010. http://portal.saude.gov.br/portal/ Material Específico – Enfermagem – Tomo 5 – CQA/UNIP 20 Questão 4 Questão 4.4 A Sra. AMB tem 72 anos de idade, é viúva e aposentada e reside com o filho, a nora e dois netos adolescentes. Deambula com dificuldade devido à artrose nos joelhos e recusa uso de meio compensatório (bengala). Ela comparece sozinha ao Centro de Saúde da Família (CSF) para as consultas e outros procedimentos necessários à manutenção de sua saúde. Tem limitação cognitiva e visual para entender as condutas terapêuticas prescritas. A estrutura física da residência potencializa o risco de quedas e outros acidentes. Considerando que o Art 3º, inciso I, da Lei Nº 8.842/1994, determina que “a família, a sociedade e o Estado têm o dever de assegurar ao idoso todos os direitos da cidadania, garantindo sua participação na comunidade, defendendo sua dignidade, bem-estar e o direito à vida”, avalie as afirmativas abaixo. I. A Sra. AMB apresenta risco potencial de quedas em decorrência da limitação física e visual, agravado pelas barreiras arquitetônicas e por se deslocar sem acompanhante e sem bengala. II. Para a promoção da saúde e do bem-estar da Sra. AMB, o enfermeiro deve orientar a família acerca da aquisição de cadeiras de rodas e de dispositivos auditivos, além de evitar deslocamentos fora de sua residência. III. A Equipe de Saúde da Família do CSF deve solicitar o acompanhamento de familiares para a Sra. AMB quando há o deslocamento do domicílio, principalmente durante seu tratamento do CSF. IV. Na visita domiciliária, o enfermeiro deve capacitar a família da Sra. AMB para a promoção da segurança no domicílio, tendo em vista os fatores ambientais favoráveis à ocorrência de quedas e de outros acidentes. V. Para a promoção da segurança ambiental e atendimento adequado e seguro, a Sra. AMB deve residir em instituição asilar. É correto apenas o que se afirma em A. I, II e V. B. I, III e IV. C. I, III e V. D. II, III e IV. E. II, IV e V. 4Questão 34 – Enade 2010. Material Específico – Enfermagem – Tomo 5 – CQA/UNIP 21 1. Introdução teórica Envelhecimento e risco de quedas De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), o número de pessoas com idade igual ou superior a 60 anos cresce com mais rapidez do que qualquer outro grupo etário no mundo. Em 2006, o número estimado de pessoas nesse grupo etário foi de 688 milhões; em 2050, esse número será de quase 2 bilhões (OMS, 2007; BRASIL, 2010). De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), nos dias atuais, existem no Brasil cerca de 20 milhões de pessoas com idade igual ou superior a 60 anos, representando 10% da população brasileira (BRASIL, 2010). O aumento na expectativa de vida, associado à relativa melhoria no acesso da população aos serviços de saúde, às campanhas nacionais de vacinação, aos avanços tecnológicos da medicina, ao aumento do nível de escolaridade, aos investimentos na infraestrutura de saneamento básico e à percepção dos indivíduos com relação às doenças, contribuiu substancialmente para o envelhecimento populacional no Brasil (BRASIL, 2010). De acordo com a Organização Mundial de Saúde, o aumento no número de pessoas idosas está diretamente relacionado ao aumento no número de quedas. Aproximadamente 28% a 35% das pessoas com idade superior a 65 anos sofrem quedas a cada ano, aumentando para 32% a 42% para os indivíduos com mais de 70 anos (OMS, 2007). Para o Ministério da Saúde do Brasil e para a OMS, as quedas e os ferimentos subsequentes em pessoas idosas são importantes problemas de saúde pública (OMS, 2007; BRASIL, 2010). As quedas correspondem a mais de 50% das hospitalizações relacionadas a ferimentos ocorridas entre pessoas com mais de 65 anos; são as causas de 10% a 15% de todas as consultas aos serviços de emergência e respondem por 40% de todas as mortes relacionadas a ferimentos. Por isso, a prevenção das quedas é um desafio ao envelhecimento populacional (OMS, 2007). A OMS (2007) refere que as quedas ocorrem como resultado de complexa interação de fatores de risco, os quais afetam o bem-estar do indivíduo. Esses fatores podem ser categorizados em quatro dimensões: biológica, comportamental, ambiental e socioeconômica. A figura 1 apresenta os fatores de risco para quedas e suas interações. Material Específico – Enfermagem – Tomo 5 – CQA/UNIP 22 Figura 1. Modelos de fatores de risco para quedas na velhice. OMS, 2007. Fonte. Secretaria do Estado de São Paulo, 2010. Os fatores de risco biológicos são características relacionadas à idade, ao gênero e à etnia. Estão associados às mudanças ocorridas em função do envelhecimento, como o declínio das capacidades físicas, cognitivas e afetivas e a comorbidade associada às doenças crônicas (OMS, 2007). Os fatores de risco comportamentais são fatores potencialmente modificáveis, que abrangem as ações humanas, as emoções e as escolhas diárias. São considerados comportamentos de risco o uso de múltiplos medicamentos, o uso excessivo de álcool e o estilo de vida sedentário, entre outros (OMS, 2007). Os fatores de risco ambientais englobam a interação das condições físicas dos indivíduos e o ambiente que os cerca, somados a questões domésticas e aspectos problemáticos dos ambientes públicos. Constituem a causa mais comum das quedas em pessoas idosas, respondendo por cerca de 30% a 50% desses eventos. Os problemas domésticos incluem degraus estreitos, tapetes soltos, superfícies escorregadias e iluminação insuficiente, enquanto os pisos escorregadios, calçadas quebradas ou irregulares e iluminação insuficiente de locais públicos contribuem para quedas no ambiente público (OMS, 2007). Para a OMS (2007), a interação entre os fatores de risco biológicos, comportamentais e ambientais aumenta substancialmente o risco de quedas. Material Específico – Enfermagem – Tomo 5 – CQA/UNIP 23 Os fatores socioeconômicos estão diretamente relacionadosao risco de quedas. Pessoas idosas que moram sozinhas ou em áreas rurais, com renda incerta e insuficiente, defrontam-se com maior risco de sofrer quedas, porque essa situação aumenta a probabilidade de viverem em um ambiente desfavorável e prejudicial, de manterem uma dieta pobre e de apresentarem maior dificuldade em acessar os serviços de saúde (OMS, 2007). Os fatores de proteção de quedas na idade madura estão relacionados à mudança comportamental e às modificações ambientais. Não fumar, consumir álcool com moderação, manter o peso em níveis normais na meia idade e na velhice e realizar um nível aceitável de atividade física são considerados importantes fatores comportamentais que protegem as pessoas idosas das quedas. No domicílio, as modificações ambientais que reduzem o risco de quedas incluem a instalação de artefatos protetores em escadas, como corrimão, barras de apoio e superfícies não escorregadias no banheiro, além de iluminação adequada e barras de apoio nos demais ambientes (OMS, 2007). De acordo com a OMS (2007), a natureza complexa e multifatorial das quedas na população idosa exige uma abordagem proativa e sistemática de prevenção, que integre as políticas públicas de saúde, oferecendo a infraestrutura e o apoio necessários para uma abordagem abrangente e integrada à prevenção de quedas, às medidas preventivas de quedas e às práticas de saúde, que devem seguir os padrões e protocolos estabelecidos pelas políticas de saúde. 2. Análise das afirmativas I – Afirmativa correta. JUSTIFICATIVA. A situação da Sra. AMB é um exemplo típico de potencial de risco para quedas em função dos fatores biológicos (limitação física e visual) decorrentes do envelhecimento e dos fatores ambientais (ambiente domiciliar inadequado e deambulação sem apoio). II – Afirmativa incorreta. JUSTIFICATIVA. O enfermeiro não deve orientar que a Sra. AMB evite deslocamentos fora de sua residência, pois isso estimularia o isolamento social, que pode resultar em depressão. Material Específico – Enfermagem – Tomo 5 – CQA/UNIP 24 O enfermeiro deve estimular o acompanhamento de familiares para a Sra. AMB quando houver o deslocamento para fora do domicílio. III – Afirmativa correta. JUSTIFICATIVA. Para evitar quedas, é importante que a Equipe de Saúde da Família do CSF solicite o acompanhamento de familiares para a Sra. AMB quando houver o deslocamento para fora do domicílio. IV – Afirmativa correta. JUSTIFICATIVA. O papel do enfermeiro e da equipe de saúde, tanto no domicílio quanto na própria instituição de saúde, é estimular a mudança comportamental e ambiental. Por isso, o enfermeiro deve capacitar a família da sra. AMB para a promoção de mudanças ambientais domiciliares que evitem a queda da paciente. V – Afirmativa incorreta. JUSTIFICATIVA. A recomendação da Organização Mundial de Saúde é que os profissionais de saúde promovam ações de treinamento da marcha do indivíduo e aconselhamento para a utilização de artefatos de apoio. Esses profissionais também devem estimular a modificação do ambiente domiciliar, com estratégias mais efetivas de prevenção de quedas em ambientes residenciais. Desse modo, o risco de queda da Sra. AMB será minimizado com a mudança do ambiente residencial e não com a sua transferência para uma instituição asilar. Alternativa correta: B. 3. Texto complementar Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa (PNSPI) No Brasil, considera-se pessoa idosa o indivíduo com idade igual ou superior a 60 anos; em alguns países, pessoa idosa é aquele indivíduo com, no mínimo, 65 anos de idade (BRASIL, 2010). Em função do contínuo e intenso processo de envelhecimento populacional brasileiro, o Ministério da Saúde do Brasil implantou a Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa (PNSPI) por meio da Portaria Nº 2.528, de 19 de outubro de 2006. O principal objetivo dessa política é a recuperação, a manutenção e a promoção da autonomia e da Material Específico – Enfermagem – Tomo 5 – CQA/UNIP 25 independência da pessoa idosa, direcionando ações individuais e coletivas de saúde para esse fim, em consonância com os princípios e as diretrizes do Sistema Único de Saúde (BRASIL, 2010). De acordo com o Ministério da Saúde (2010), os fundamentos da PNSPI são os seguintes: (a) participação ativa das pessoas idosas na sociedade, no desenvolvimento e na luta contra a pobreza; (b) fomento à saúde e ao bem-estar na velhice, promoção do envelhecimento saudável; (c) criação de um ambiente propício e favorável ao envelhecimento; e (d) fomento a recursos socioeducativos e de saúde direcionados ao atendimento à pessoa idosa. Uma das ferramentas importantes para a efetivação do PNSPI foi a implantação da Caderneta de Saúde da Pessoa Idosa, distribuída em 2007, que possibilita aos profissionais de saúde a identificação de situações de risco potencial para a pessoa idosa. Trata-se de um recurso para o planejamento e a organização das atividades de promoção de saúde, prevenção de doenças e agravos e recuperação, com vistas à manutenção da capacidade funcional das pessoas idosas assistidas pelas equipes de saúde (BRASIL, 2010). Um modelo dessa caderneta está disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/caderneta_saude_pessoa_idosa.pdf>. 4. Indicações bibliográficas • BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas e Estratégicas. Atenção à saúde da pessoa idosa e ao envelhecimento. Brasília (DF): Ministério da Saúde, 2010. • WORLD HEALTH ORGANIZATION (WHO). WHO Global report on falls prevention in older age. Genebra: WHO, 2007. In: SÃO PAULO. Secretaria do Estado da Saúde de São Paulo. Relatório global da Organização Mundial de Saúde sobre prevenção de quedas na velhice. [tradução]. São Paulo (SP): Secretaria do Estado da Saúde, 2010. Material Específico – Enfermagem – Tomo 5 – CQA/UNIP 26 Questão 5 Questão 5.5 O processo de acreditação hospitalar propõe a participação voluntária das instituições envolvidas com a saúde, estimulando-as a procurar a melhoria contínua da qualidade da assistência prestada. O enfermeiro, ao administrar os serviços de saúde, deve ter a clareza e a compreensão do significado das organizações, refletindo acerca da sua prática na busca da excelência do atendimento a ser prestado ao cliente. PORQUE A organização de saúde que detém o status de “Acreditado” demonstra credibilidade perante seus usuários e a comunidade em geral, já que a acreditação hospitalar é um método de avaliação de todos os recursos disponíveis da organização de saúde. É um processo voluntário, periódico e reservado, que tem por objetivo garantir a qualidade da assistência por meio de padrões definidos. Avalie a relação proposta entre as duas asserções acima e assinale a opção correta. A. As duas asserções são proposições verdadeiras, e a segunda asserção justifica a primeira. B. As duas asserções são proposições verdadeiras, e a segunda asserção não justifica a primeira. C. A primeira asserção é uma proposição verdadeira, e a segunda é uma proposição falsa. D. A primeira asserção é uma proposição falsa, e a segunda é uma proposição verdadeira. E. As duas asserções são proposições falsas. 1. Introdução teórica Acreditação hospitalar No contexto atual, a sobrevivência no mercado de trabalho cada vez mais competitivo e globalizado é um dos maiores desafios da saúde. Para adequar às mudanças da sociedade contemporânea e atender às demandas de uma clientela cada vez mais exigente, as instituições de saúde têm sofrido rápidas e profundas transformações organizacionais com o objetivo de melhorar o nível da qualidade da assistência prestada à população (MANZO et al., 2011). 5Questão 35 – Enade 2010. Material Específico – Enfermagem – Tomo 5 – CQA/UNIP 27 A insatisfação do usuário,atrelada à deficiência na qualidade da assistência à saúde, impulsionou a criação de um padrão de qualidade do atendimento prestado. Esse processo é definido como o conjunto de atributos que engloba o nível de excelência profissional, o mínimo de risco à saúde do usuário, o uso eficiente de recursos, o grau de aceitação dos clientes e o efeito favorável à saúde (MANZO et al., 2011). Na perspectiva de alcançar os mais elevados padrões assistenciais, as instituições de saúde adotam iniciativas direcionadas ao processo de acreditação hospitalar (MANZO et al., 2011). A acreditação hospitalar é um método desenvolvido para a avaliação da qualidade da assistência médico-hospitalar em todos os serviços de um hospital (LIMA e ERDMANN, 2006). Desde 1995, o Ministério da Saúde do Brasil está investindo no desenvolvimento do Programa Brasileiro de Acreditação Hospitalar (PBAH) para incentivar o aprimoramento da assistência hospitalar à população e a melhoria na gestão das instituições de saúde (BRASIL, 2002). A viabilização do programa ocorre de acordo com o Manual Brasileiro de Acreditação Hospitalar (MBAH) e com as normas da Organização Nacional de Acreditação (ONA) (LIMA e ERDMANN, 2006). O processo de acreditação hospitalar é um procedimento de avaliação periódico dos recursos da instituição que ocorre de modo voluntário, reservado, sigiloso, racionalizado e ordenado e que engloba fundamentalmente a educação continuada dos profissionais de saúde no intuito de garantir a qualidade da assistência por meio de padrões previamente definidos. Desse modo, a acreditação hospitalar deve ser entendida em duas dimensões: como processo educacional e de avaliação e como certificação da qualidade dos serviços (FELDMAN et al., 2005; MANZO et al., 2011). LIMA et al. (2012) referem em seu estudo que o processo de Acreditação Hospitalar propõe a participação voluntária das instituições envolvidas com a saúde, estimulando-as a procurar a melhoria contínua da qualidade da assistência prestada. O enfermeiro, ao administrar os serviços de saúde, deve ter a clareza e a compreensão sobre o significado das organizações, refletindo sobre a sua prática, na busca da excelência do atendimento a ser prestado ao cliente. Para os autores, a instituição de saúde que detém o status de acreditado demonstra credibilidade perante os seus usuários e a comunidade, visto que a acreditação hospitalar é um método de avaliação de todos os recursos disponíveis da organização de saúde (LIMA et al., 2012). O processo de acreditação hospitalar traduz segurança dos processos técnicos e administrativos perante os usuários, os fornecedores e os clientes, permitindo clareza, Material Específico – Enfermagem – Tomo 5 – CQA/UNIP 28 otimização e resolubilidade dos serviços de modo sistêmico e integrado. Permite também o desenvolvimento da instituição de saúde e intensifica sua visibilidade perante usuários e concorrentes (MANZO et al., 2011; LIMA et al., 2012). Em suma, o sistema brasileiro de acreditação, operacionalizado pela ONA, visa à promoção do desenvolvimento e à implantação de um processo permanente de avaliação e de certificação da qualidade dos serviços de saúde, de modo a garantir o cuidado humanizado e a qualidade da assistência prestada à população (MANZO et al., 2011). 2. Análise das asserções As asserções foram extraídas na íntegra do estudo desenvolvido por LIMA et al. (2012), que discutem a participação voluntária das organizações de saúde como proposta do processo de acreditação hospitalar e a importância da atuação do enfermeiro nesse processo. Se a instituição e o enfermeiro viabilizarem a acreditação, o hospital demonstra credibilidade perante os usuários. Desse modo, a qualidade da assistência prestada estará garantida. Por isso, as duas asserções são verdadeiras, e a segunda asserção justifica a primeira. Alternativa correta: A. 3. Texto complementar Atuação do enfermeiro do processo de acreditação hospitalar A deficiência de qualidade nos serviços de saúde acarreta graves problemas para a sociedade e para os sistemas de saúde, manifestando-se de muitas maneiras, como, por exemplo, em serviços ineficazes, ineficientes e inacessíveis, e gerando insatisfação dos usuários e dos profissionais de saúde. Com o intuito de superar esse panorama, a Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda a adoção de programas de acreditação, que classificam as instituições em níveis de qualidade e promovem a aprendizagem consubstanciada no valor que se dá a uma realidade em face de uma referência ou padrão (MANZO et al., 2012). Para conhecer a atuação e as influências da enfermagem no processo de acreditação hospitalar, Manzo et al. (2012) desenvolveram um estudo científico que demonstrou que a Material Específico – Enfermagem – Tomo 5 – CQA/UNIP 29 enfermagem está diretamente envolvida nas questões assistenciais, administrativas, educacionais e de pesquisa, destacando os aspectos positivos e negativos da participação desses profissionais no processo de acreditação hospitalar. Sugerem-se a leitura e a discussão do artigo de Manzo et al. (2012), intitulado “A Enfermagem no processo de acreditação hospitalar: atuação e implicações no cotidiano de trabalho”, publicado na Revista Latino-Americana de Enfermagem. O resumo do referido artigo está citado abaixo. Os objetivos neste estudo foram conhecer a atuação e as influências da enfermagem no processo de acreditação hospitalar. Trata-se de pesquisa qualitativa, realizada em um hospital privado de Belo Horizonte, MG. Esta pesquisa ficou composta por nove enfermeiros e quinze técnicos de enfermagem. Os dados foram coletados por meio de entrevistas com roteiro semiestruturado, submetidas à análise de conteúdo. Os resultados mostraram que a atuação da enfermagem na acreditação envolve questões assistenciais, administrativas, educativas e de pesquisa. Os sujeitos da pesquisa apresentaram percepções diversas sobre a influência do processo de acreditação no seu trabalho. Foram destacados aspectos positivos como crescimento pessoal e valorização do currículo e aspectos negativos como estresse e pouca valorização profissional. Assim, é necessário que os profissionais entendam a lógica do processo, atuem com vistas à interdisciplinaridade e superação da fragmentação da assistência, alcançando assim o cuidado integral e a qualidade assistencial desejada. Disponível em <http://www.scielo.br/pdf/rlae/v20n1/pt_20.pdf>. Acesso em 13 jul. 2013. 4. Indicações bibliográficas • BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Assistência à Saúde. Manual Brasileiro de Acreditação Hospitalar. 3. ed. Brasília (DF): Ministério da Saúde, 2002. • FELDMAN, L. B.; GATO, M. A. F.; CUNHA, I. C. K. O. História da evolução da qualidade hospitalar: dos padrões a acreditação. Acta Paul. Enferm. 2005. • LIMA, S. B. S.; LIMA, A. C. S.; RODRIGUES JORGE, A. C.; MEDINA JÚNIOR, R. B. O processo de acreditação hospitalar e a enfermagem. Associação Brasileira de Enfermagem (ABEN) Nacional [online]. Disponível em <http://www.abennacional.org.br/2SITEn/Arquivos/N.068.pdf>. Acesso em 03 mai. 2012. • LIMA, S. B. S; ERDMANN, A. L. A enfermagem no processo de acreditação hospitalar em um serviço de urgência e emergência. Acta Paul Enferm. 2006. • MANZO, B. F.; BRITO, M. J. M.; CORRÊA, A. R. Acreditação hospitalar: aspectos dificultadores na perspectiva de profissionais de saúde de um hospital privado. Rev. Min. Enferm. 2011. Material Específico – Enfermagem – Tomo 5 – CQA/UNIP 30 • MANZO, B. F.; RIBEIRO, H. C. T. C.; BRITO, M. J. M.; ALVES, M. A Enfermagem no processo de acreditação hospitalar: atuação e implicações no cotidiano de trabalho. Rev. Latino-Am. Enfermagem. 2012. Disponível em <http://www.scielo.br/pdf/rlae/v20n1/pt_20.pdf>. Acesso em 10 dez. 2012. Material Específico – Enfermagem – Tomo 5 – CQA/UNIP 31Questão 6 Questão 6.6 O gráfico a seguir apresenta o histórico da quantidade de leitos psquiátricos/SUS em Pernambuco, no período de 1991 a junho de 2009. O período que vai da independência do país ao começo do século XX é conhecido como a primeira etapa da psiquiatria asilar do Brasil, marcada, de início, pela ocupação de enfermarias das Santas Casas pelos doentes mentais. (...) Assim como aconteceu nos outros hospícios, o Hospital da Tamarineira [em Pernambuco] (...) em pouco tempo excedeu sua capacidade de internos numa clara demonstração de falta de eficácia dos métodos de tratamento utilizados. Num cenário de mudanças políticas, a partir dos anos 30, foi iniciada a redução do número de internos. FACUNDES, V. L. D., BASTOS, O., VASCONCELOS, M. G. L e LIMA FILHOS, I. de A. Atenção à Saúde Mental em Pernambuco: perspectiva histórica e atual. In: Neurobiologia, 73 (1) jan./mar. 2010 (com adaptações). Considerando as informações apresentadas e a operacionalização da Política Nacional de Saúde Mental, conclui-se que A. a redução do número de leitos psiquiátricos ocorreu porque só era possível ofertar uma assistência de qualidade ao usuário caso fosse emitida autorização de internamento hospitalar (AIH). B. a redução do número de leitos psiquiátricos no Brasil é, atualmente, um grande problema que dificulta o atendimento aos usuários de acordo com os princípios da Reforma Psiquiátrica. C. o internamento psiquiátrico involuntário deve ser realizado como forma de assegurar o tratamento adequado ao usuário com transtorno mental, já que ele não pode tomar decisões. D. a criação de uma rede substitutiva de serviços de saúde mental acompanhou a desinstitucionalização dos pacientes com transtornos mentais no Brasil. E. a redução de leitos psiquiátricos foi considerada positiva pela sociedade, porque foi acompanhada da expansão de vagas para pacientes portadores de patologias de maior gravidade no Brasil. 6Questão 36 – Enade 2010. Material Específico – Enfermagem – Tomo 5 – CQA/UNIP 32 1. Introdução teórica Reforma psiquiátrica no Brasil Em 1978, com o Movimento dos Trabalhadores em Saúde Mental no Brasil, iniciaram as críticas desse modelo assistencial, que se configurou como um local de exclusão social, aniquilando as subjetividades e os direitos humanos e gerando situações de violência (BRASIL, 2005; FACUNDES et al., 2010). Esse movimento denunciou a violência dos manicômios, a mercantilização da loucura e a hegemonia da assistência privada, iniciando a Reforma Psiquiátrica no Brasil (BRASIL, 2005). Contemporânea à Reforma Sanitária, a Reforma Psiquiátrica no Brasil objetivou a transição de um modelo de assistência psiquiátrica, centrado no hospital, para um modelo de atenção com base territorial comunitária, contribuindo para o progressivo deslocamento do centro de cuidado para fora do ambiente hospitalar, em direção à comunidade (BRASIL, 2004). A reforma psiquiátrica propôs a mudança no modelo assistencial pautada na construção de uma rede de atenção psicossocial, com base comunitária, capaz de garantir a resolutividade e a promoção de autonomia e cidadania aos indivíduos com transtornos mentais (FACUNDES et al., 2010). A proclamação da Constituição, em 1988, criou o Sistema Único de Saúde (SUS), que contemplou, em suas diretrizes, os princípios da reforma psiquiátrica, incorporando o processo de desinstitucionalização e a garantia dos direitos dos doentes mentais (BRASIL, 2009; FACUNDES et al., 2010). A partir do ano de 1992, os movimentos sociais conseguiram aprovar as primeiras leis que determinaram a progressiva substituição dos leitos psiquiátricos por uma rede integrada de atenção à saúde mental. Passaram a vigorar no país as primeiras normas federais que regulamentaram a implantação de serviços de atenção diária e que fiscalizaram e classificaram os hospitais psiquiátricos (BRASIL, 2005). Em 2001, foi sancionada no país a Lei Federal Nº 10.216, que dispõe sobre a proteção e os direitos das pessoas portadoras de transtornos mentais e o redirecionamento da assistência em saúde mental, direcionando para serviços comunitários (BRASIL, 2005). É a partir desse período que a Reforma Psiquiátrica se consolida como política oficial do governo federal, sendo reconhecida como Política Nacional de Saúde Mental no Brasil. Material Específico – Enfermagem – Tomo 5 – CQA/UNIP 33 Amparada na Lei Nº 10.216/2001, a Política Nacional de Saúde Mental visa a consolidar um modelo de atenção à saúde mental aberto no território, com base comunitária, propondo a criação de redes de serviços locais, extra-hospitalares, como os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), os Serviços Residenciais Terapêuticos (SRT), os Centros de Convivência e Cultura e os leitos de atenção integral (BRASIL, 2009; FACUNDES et al., 2010). Linhas específicas de financiamento para os serviços abertos e substitutivos aos hospitais psiquiátricos foram criadas pelo Ministério da Saúde, assim como novos meios para a fiscalização, gestão e redução dos leitos psiquiátricos no Brasil. Os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) têm valor estratégico para a Reforma Psiquiátrica Brasileira, pois possibilitam a organização de uma rede substitutiva ao Hospital Psiquiátrico no país. A expansão da rede CAPS foi fundamental para as mudanças na assistência às pessoas com transtorno mental, o que contribui para a redução do número de leitos psiquiátricos, promovendo a desinstitucionalização do atendimento psiquiátrico no Brasil (BRASIL, 2005). Os CAPS estão centralizados na atenção integral ao indivíduo com transtorno mental, desenvolvendo atividades de promoção do trabalho e do lazer, de fortalecimento de laços familiares e sociais, além do estímulo à prática dos direitos civis (CHAMMA et al., 2008). Portanto, esses centros visam ao desenvolvimento de projetos de vida, de produção social, e à promoção da qualidade de vida dos indivíduos com transtornos mentais (SOUZA, 2006). No entanto, muitos desafios dessa política ainda serão enfrentados, como a acessibilidade, a qualidade de atendimento e a formação de recursos humanos capazes de superar o paradigma tutelar da loucura e do louco, o estigma social dos indivíduos com transtornos mentais, baseado no preconceito ou na rejeição em relação à loucura, à inclusão social e à superação do modelo hospitalocêntrico de atenção psiquiátrica (BRASIL, 2005; BRASIL, 2009). 2. Análise das alternativas A – Alternativa incorreta. JUSTIFICATIVA. A redução do número de leitos psiquiátricos ocorreu pela necessidade de minimizar a violência sofrida pelos indivíduos com transtornos mentais internados em hospitais psiquiátricos (manicômios) e, assim, promover a qualidade da assistência oferecida a essa população. Não existe correlação entre a redução desses leitos com a qualidade da Material Específico – Enfermagem – Tomo 5 – CQA/UNIP 34 assistência prestada ao usuário caso fosse emitida autorização de internamento hospitalar (AIH). B – Alternativa incorreta. JUSTIFICATIVA. Ao contrário do que se afirma na alternativa, a redução do número de leitos psiquiátricos no Brasil promove o atendimento às pessoas com transtorno mental em consonância com os princípios da Reforma Psiquiátrica, pois desloca o centro do cuidado para o ambiente extra-hospitalar, em direção à comunidade, promovendo a autonomia, a ressocialização e a cidadania dos seus usuários. C – Alternativa incorreta. JUSTIFICATIVA. Segundo a Lei Nº 10.216/2001, a internação voluntária, involuntária e compulsória para tratamento de pessoas com transtornos mentais só será indicada quando os recursos extra-hospitalares se mostrarem insuficientes. A internação psiquiátrica será realizada somente mediante laudo médico circunstanciado que caracterize os seus motivos (BRASIL, 2001). Assim, o internamento psiquiátrico involuntário nãodeve ser realizado como forma de assegurar o tratamento adequado ao usuário com transtorno mental, já que ele não pode tomar decisões. D – Alternativa correta. JUSTIFICATIVA. Conforme referenciado pelo Ministério da Saúde (2005), a criação dos CAPS possibilitou a organização de uma rede substitutiva ao Hospital Psiquiátrico no país, que contribuiu para a redução do número de leitos psiquiátricos e promoveu a desinstitucionalização do atendimento psiquiátrico no Brasil. E – Alternativa incorreta. JUSTIFICATIVA. A redução dos leitos psiquiátricos foi considerada positiva pela sociedade porque estimulou a assistência à saúde mental em unidades comunitárias extra-hospitalares, que visam à atenção integral à saúde e à promoção da qualidade de vida dos indivíduos com transtornos mentais, e não porque foi acompanhada da expansão de vagas para pacientes portadores de patologias de maior gravidade no Brasil. Não existe relação entre a redução no número de leitos psiquiátricos e o aumento da oferta de leitos hospitalares para a população com outras comorbidades. Material Específico – Enfermagem – Tomo 5 – CQA/UNIP 35 3. Texto complementar Política de Atenção Integral a Usuários de Álcool e outras Drogas O uso abusivo de álcool e de drogas é considerado, pelo Ministério da Saúde do Brasil, grave problema de saúde pública. Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) indicam que cerca de 10% das populações dos centros urbanos no mundo consomem substâncias psicoativas de modo abusivo, independentemente da idade, do sexo, do nível de instrução e do poder aquisitivo (BRASIL, 2004). A Reforma Psiquiátrica ratificou a necessidade de garantir aos usuários dos serviços de saúde mental, o que inclui os indivíduos que sofrem de transtornos decorrentes do consumo abusivo e/ou dependência de álcool e drogas, o direito à assistência à saúde de acordo com os princípios e diretrizes do SUS. Com a intenção de subsidiar a construção coletiva para o enfrentamento desse quadro, o Ministério da Saúde implantou a Política de Atenção Integral ao Uso de Álcool e outras Drogas. De acordo com essa política, a assistência à saúde desses usuários deve ser oferecida em todos os níveis de atenção, preferencialmente em serviços extra-hospitalares, como o CAPS para álcool e drogas (CAPS ad) (BRASIL, 2004). O CAPS ad constitui uma estratégia assistencial que contempla, em seus projetos terapêuticos, a oferta de atendimento ambulatorial diário e individualizado ao usuário nas modalidades intensiva, semi-intensiva e não intensiva (BRASIL, 2004). A assistência prestada ao usuário do CAPS ad inclui as seguintes atividades (BRASIL, 2002): • atendimento individual medicamentoso, psicoterápico e de orientação; • atendimento em grupos, como psicoterapia, grupo operativo e atividades de suporte social; • atendimento em oficinas terapêuticas; • visitas e atendimentos domiciliares; • atendimento à família; • atividades comunitárias para integração do dependente químico na comunidade e sua inserção familiar e social; • alimentação dos usuários que permanecem na instituição; • atendimento de desintoxicação. Material Específico – Enfermagem – Tomo 5 – CQA/UNIP 36 De modo geral, o CAPS ad objetiva promover a reabilitação psicossocial e a reinserção social dos usuários e a prevenção do uso abusivo de álcool e outras drogas, constituindo uma importante estratégia de atenção à saúde das pessoas nessas condições. 4. Indicações bibliográficas • BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Saúde mental no SUS: os centros de atenção psicossocial. Brasília (DF): Ministério da Saúde, 2004. Disponível em <http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/manual_caps.pdf>. Acesso em 13 jun. 2012. • BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. SVS/CN-DST/AIDS. A Política do Ministério da Saúde para atenção integral a usuários de álcool e outras drogas. Brasília (DF): Ministério da Saúde, 2004. Disponível em <http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/politica_de_ad.pdf>. Acesso em 13 jun. 2012. • BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. DAPE. Coordenação Geral de Saúde Mental. Reforma psiquiátrica e política de saúde mental no Brasil. Documento apresentado à Conferência Regional de Reforma dos Serviços de Saúde Mental: 15 anos depois de Caracas. OPAS. Brasília (DF): Ministério da Saúde, 2005. Disponível em <http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/relatorio_15_anos_caracas.pdf>. Acesso em 13 jun. 2012. • BRASIL. Ministério da Saúde. Política Nacional de Saúde Mental. Brasília (DF): Ministério da Saúde, 2009. Disponível em <http://portal.saude.gov.br/portal/saude/area.cfm?id_area=925>. Acesso em 31 ago. 2012. • CHAMMA, R. C.; STEFANELLI, M. C.; ARANTES, E. C.; FUKUDA, I. M. K. Serviços de atendimento em saúde mental e psiquiatria. In: STEFANELLI, M. C.; FUKUDA, I. M. K.; ARANTES, E. C. (orgs.) Enfermagem Psiquiátrica: em suas dimensões assistenciais. Barueri (SP): Manole, 2008. • FACUNDES, V. L. D.; BASTOS, O.; VASCONCELOS, M. G. L.; LIMA FILHO, I. A. Atenção à Saúde Mental em Pernambuco: perspectiva histórica e atual. Neurobiologia, 2010. • SOUZA, A. C. Ampliando o campo da atenção psicossocial: a articulação dos centros de atenção psicossocial com a saúde da família. Esc Anna Nery R. Enferm, 2006. Material Específico – Enfermagem – Tomo 5 – CQA/UNIP 37 Questão 7 Questão 7.7 Carolina, adolescente de 15 anos de idade, preocupada com atraso menstrual de sete dias, buscou atendimento em uma unidade de saúde. Na consulta de enfermagem, relatou atividade sexual nos dois últimos meses, com dois parceiros, sem uso de preservativo e de anticoncepcional. A conduta adequada do enfermeiro frente a essa situação é A. orientar Carolina para observar sinais de gravidez, sinais e sintomas de doenças sexualmente transmissíveis e agendar consulta pré-natal. B. encaminhar Carolina para exame laboratorial de gravidez, orientar acerca dos sinais e sintomas de doenças sexualmente transmissíveis e agendar consulta pré-natal. C. registrar a queixa de Carolina no prontuário, encaminhar para uma consulta pré-natal e para um grupo de gestantes adolescentes na unidade de saúde. D. investigar sinais de gravidez no exame físico, encaminhar Carolina para a realização do exame laboratorial para gravidez e orientar a respeito dos riscos de contaminação de doenças sexualmente transmissíveis. E. realizar exame físico em Carolina para investigar os sinais gravídicos, orientar a respeito dos riscos de doenças sexualmente transmissíveis e agendar consulta pré-natal. 1. Introdução teórica Adolescência e gravidez A Organização Mundial de Saúde (OMS) delimita cronologicamente a adolescência como o período dos 10 aos 19 anos de idade, enquanto o Estatuto da Criança e do Adolescente do Brasil (Lei Nº 8.069/1990) considera adolescente o indivíduo com a faixa etária de 12 a 18 anos (BRASIL, 1990; BRASIL, 2005). Na cultura ocidental contemporânea, há o consenso de que a puberdade marca o início do período da adolescência (BRASIL, 2005). A puberdade é o fenômeno biológico no qual ocorrem mudanças fisiológicas e morfológicas desencadeadas pela reativação de mecanismos neuro-hormonais do eixo hipotalâmico-hipofisário-gonadal. Essas modificações incluem o estirão puberal, as mudanças na estrutura corporal e o desenvolvimento das 7Questão 37 – Enade 2010. Material Específico – Enfermagem – Tomo 5 – CQA/UNIP 38 gônadas, dos órgãos reprodutores e das características sexuais secundárias (BRASIL, 2007). Com as alterações hormonais e o desenvolvimento do corpo e dos órgãos genitais, intensifica-se o interesse do adolescente pelo sexo. Há adolescentes que não dispõem de informações em relação à saúde sexual e reprodutiva e estão sujeitosa infecções sexualmente transmitidas e a gestações não planejadas (RICCI, 2008). Caso as adolescentes procurem os serviços de saúde com queixas típicas de gestação (náuseas, vômitos, sonolência e atraso menstrual) ou com referências a sintomas inespecíficos da gravidez (dor abdominal, irregularidade menstrual, leucorreias, pruridos, alterações do humor, dispareunia ou cefaleia), cabe ao profissional da área analisar as queixas e não descartar a hipótese de gravidez (BRASIL, 2008). O diagnóstico da gravidez está fundamentado no histórico da paciente, constituído pela realização da anamnese, do exame físico e dos exames laboratoriais. Na anamnese, é importante que o profissional de saúde questione a respeito do ciclo menstrual (intervalo, duração e quantidade), da data da última menstruação (DUM) e do histórico de atividade sexual. Se houver referência de amenorreia, atraso menstrual ou relação sexual, o profissional deve, antes de quaisquer condutas, considerar a possibilidade de gravidez (BRASIL, 2006). Sequencialmente, o profissional de saúde deve proceder ao exame físico para a identificação de sinais sugestivos de gravidez, como alterações anatômicas mamárias, com destaque para o aumento do volume mamário e a hiperpigmentação aréolomamilar, e modificações vulvovaginais, em especial a coloração violácea da mucosa vulvar, denominada sinal de Chadwick ou de Jacquemier (REZENDE, 2008). A confirmação do diagnóstico da gravidez deve ser feita na própria Unidade Básica de Saúde (UBS), por meio do teste imunológico para gravidez (TIG), conforme apresentado no fluxograma da figura 1, elaborado pelo Ministério da Saúde (BRASIL, 2006). Material Específico – Enfermagem – Tomo 5 – CQA/UNIP 39 Figura 1. Fluxograma para diagnóstico de gravidez. Fonte. BRASIL. Ministério da Saúde, 2006. O Ministério da Saúde (2006) recomenda a realização do teste laboratorial de urina para a confirmação da gravidez. Se o resultado do TIG for positivo, a adolescente deve ser encaminhada para a consulta pré-natal e o posterior acompanhamento da gravidez. Se o TIG for negativo, deve-se repetir o teste após 15 dias, visto que a identificação do hormônio gonadotrófico coriônico (HCG) na urina só é positiva depois de 10 a 14 dias de amenorreia ou atraso menstrual. Se o resultado do TIG continuar negativo e persistir a amenorreia, deve-se agendar uma consulta médico-ginecológica para melhor avaliação do quadro clínico (BRASIL, 2006; BRASIL, 2008). Mesmo na ausência de gravidez, o profissional deve agendar uma consulta para o planejamento reprodutivo e a promoção de ações educativas direcionadas à melhora do conhecimento acerca da anatomia e da fisiologia do corpo humano, sobretudo dos órgãos reprodutores feminino e masculino, dos aspectos da reprodução humana, dos métodos Material Específico – Enfermagem – Tomo 5 – CQA/UNIP 40 contraceptivos e da prevenção de infecções sexualmente transmissíveis (BRASIL, 2006; BRASIL, 2008). Segundo o Ministério da Saúde (BRASIL, 2008), todos os adolescentes devem receber informações a respeito do seu crescimento físico e desenvolvimento psicossocial e sexual, enfatizando-se a importância de se tornarem ativamente participantes das decisões pertinentes aos cuidados de sua saúde e das ações relacionadas ao seu próprio processo de saúde-doença. 2. Análise das alternativas A – Alternativa incorreta. JUSTIFICATIVA. O enfermeiro deve detectar os sinais e os sintomas sugestivos de gravidez ainda na consulta de enfermagem. Esse profissional não deve agendar consulta pré-natal sem antes fazer o teste imunológico para o diagnóstico da gravidez. B – Alternativa incorreta. JUSTIFICATIVA. Antes de encaminhar Carolina para o exame laboratorial de gravidez, o enfermeiro deve proceder ao exame físico da adolescente para a identificação dos sinais sugestivos de gestação. Após o exame físico, deve-se realizar o TIG. Se o teste for positivo, Carolina deve ser encaminhada para a consulta pré-natal. C – Alternativa incorreta. JUSTIFICATIVA. Após o registro da queixa de Carolina no prontuário, o enfermeiro deve realizar o exame físico e encaminhá-la para a realização do TIG. Somente após a confirmação da gravidez, Carolina deve ser levada para a consulta pré-natal e para o grupo de gestantes adolescentes na unidade de saúde. D – Alternativa correta. JUSTIFICATIVA. Após a anamnese, o enfermeiro deve investigar sinais de gravidez durante o exame físico de Carolina, encaminhar a adolescente para a realização do exame laboratorial para confirmação do diagnóstico de gravidez (TIG) e orientá-la a respeito dos riscos de contaminação de infecções sexualmente transmissíveis. Material Específico – Enfermagem – Tomo 5 – CQA/UNIP 41 E – Alternativa incorreta. JUSTIFICATIVA. Após a anamnese, o enfermeiro deve realizar o exame físico em Carolina para investigar os sinais gravídicos, orientando-a a respeito dos riscos de infecções sexualmente transmissíveis. O agendamento da consulta pré-natal só deve ser realizado após a confirmação da gestação por meio do TIG. 3. Texto complementar Consequências da gravidez na adolescência A gravidez na adolescência constitui um importante problema de saúde pública no Brasil. Há riscos para a mãe (desenvolvimento das síndromes hipertensivas gestacionais, trabalho de parto prematuro, anemia e comprometimento nutricional da gestante) e para o bebê (prematuridade e deficiências respiratórias). Na adolescência, há elevada probabilidade de morte em decorrência de complicações na gravidez ou no parto. Esse risco eleva-se cinco vezes quando se trata de adolescentes com idades inferiores a 15 anos. Apenas no ano de 2004, no Brasil, ocorreram 274 óbitos de adolescentes em consequência de causas relacionadas à gestação, ao parto e ao puerpério, o equivalente a 16,4% do total de óbitos por essas causas em todas as idades (CARNIEL et al., 2006; BRASIL, 2010). A gestação na adolescência, além de comprometer o estado de saúde dos adolescentes, interfere na socialização e na educação dessa população, dificulta a inserção no mercado de trabalho e perpetua a tendência à baixa renda, com consequentes riscos sociais para toda a família. Em função dos riscos biopsicossociais associados à gestação na adolescência, o profissional de saúde, sobretudo o enfermeiro, deve priorizar a atenção à saúde dessa população, com foco na promoção de atividades educativas individuais ou em grupo. 4. Indicações bibliográficas • BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Área de Saúde do Adolescente e do Jovem. Marco legal: saúde, um direito de adolescentes. Brasília (DF): Ministério da Saúde, 2005. Material Específico – Enfermagem – Tomo 5 – CQA/UNIP 42 • BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Área Técnica de Saúde da Mulher. Pré-natal e puerpério: atenção qualificada e humanizada – manual técnico. Brasília (DF): Ministério da Saúde, 2006. • BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. A saúde de adolescentes e jovens: uma metodologia de autoaprendizagem para equipes de atenção básica à saúde (módulo básico). Brasília (DF): Ministério da Saúde, 2007. • BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Saúde do adolescente: competências e habilidades. Brasília (DF): Ministério da Saúde, 2008. • BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção em Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Diretrizes nacionais para a atenção integral à saúde de adolescentes e jovens na promoção, proteção e recuperação da saúde. Brasília (DF): Ministério da Saúde, 2010. • CARNIEL, S. F.; ZANOLLI, M. L.; ALMEIDA, C. A. A.; MORCILLO, A. M. Características
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