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1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ENFERMAGEM 
 
 
 
MATERIAL INSTRUCIONAL ESPECÍFICO - 01 
Material Específico – Enfermagem – Tomo 1 – CQA/UNIP 
2 
 
 
CQA - COMISSÃO DE QUALIFICAÇÃO E AVALIAÇÃO 
 
 
 
ENFERMAGEM 
 
 
 
MATERIAL INSTRUCIONAL ESPECÍFICO 
 
 
 
 
 
 
Tomo 1 
 
 
Material instrucional específico, cujo conteúdo integral ou parcial 
não pode ser reproduzido ou utilizado sem autorização expressa, 
por escrito, da CQA/UNIP – Comissão de Qualificação e Avaliação 
da UNIP - UNIVERSIDADE PAULISTA. 
 
 
 
Material Específico – Enfermagem – Tomo 1 – CQA/UNIP 
3 
Questão 1 
Questão 1.1 
Considere o gráfico, a tabela e as afirmativas. 
 
No período, o percentual da população com acesso a rede geral de abastecimento de água 
I. melhorou em todas as regiões do país. O acesso da população a esse serviço traduz-se 
na redução da incidência de doenças de transmissão hídrica e, consequentemente, em 
menor número de óbitos no componente tardio do CMI, que diminuiu de uma maneira 
geral em todo o país. 
II. aumentou 7% e 18%, respectivamente, nas regiões Norte e Sudeste. Na região Sudeste, 
o CMI passou de 57,7 para 22,2. Os dados sugerem que o acesso da população a esse 
serviço é um dos fatores que pode ser associado à queda do Coeficiente de Mortalidade 
Infantil. 
III. foi semelhante nas regiões Centro-Oeste e Nordeste, porém a queda da mortalidade 
infantil foi mais acentuada na região Nordeste. Os dados indicam que o acesso da 
população a esse serviço não interfere na mortalidade infantil. 
IV. foi menor na região Sul e maior nas regiões Norte e Nordeste, comparado com as outras 
regiões. Os dados revelam que o CMI está diretamente relacionado com o acesso da 
população a esse serviço, porque o Coeficiente decresceu nas três regiões. 
 
1Questão 11 – Enade 2007. 
Material Específico – Enfermagem – Tomo 1 – CQA/UNIP 
4 
Com relação aos dados apresentados, está correto apenas o que se afirma em 
A. IV. B. III e IV. C. II. D. I e II. E. I. 
 
1. Introdução teórica 
 
Coeficiente de Mortalidade Infantil (CMI) 
 
O Coeficiente de Mortalidade Infantil (CMI) é epidemiologicamente conceituado como 
o número de óbitos de crianças menores de um ano de idade por mil nascidos vivos, na 
população residente em uma área geográfica específica, em determinado ano. O CMI 
permite diversas interpretações, dentre elas, a estimativa do risco de morte dos nascidos 
vivos durante o seu primeiro ano de vida, conforme definição, como também evidencia um 
conjunto de causas de óbito nessa faixa etária (PEREIRA, 1995). 
O CMI pode ser subdividido em três categorias, de acordo com a idade em que 
ocorreu o óbito da criança: mortalidade neonatal precoce, quando o óbito ocorre ao nascer 
até seis dias de vida; mortalidade neonatal tardia, quando a criança falece na faixa etária 
entre sete e 27 dias; e mortalidade pós-natal, considerada a morte da criança com 28 a 364 
dias de vida. Esse coeficiente é calculado pela seguinte fórmula: 
 
residentes mães de vivosnascidos de Número 
1.000 x idade de ano um de menos com residentes de óbitos de Número
=CMI 
 
De modo geral, o CMI é importante por refletir as condições de desenvolvimento 
socioeconômico e de infraestrutura ambiental, assim como o acesso e a qualidade dos 
recursos disponíveis para atenção à saúde materna e infantil de um determinado país 
(PEREIRA, 1995). 
Segundo o Ministério da Saúde (2009), o CMI do Brasil apresentou tendência de 
queda de 1990 a 2007, passando de 47,1/1000 nascidos vivos, em 1990, para 19,3/1000, 
em 2007. Diversos fatores contribuíram para essa redução, como o aumento do acesso ao 
saneamento básico, a queda da taxa de fecundidade, a melhoria das condições de vida da 
população, o maior acesso aos serviços de saúde, a ampliação da cobertura da Estratégia de 
Saúde da Família, os avanços tecnológicos da medicina e, principalmente, o aumento da 
prevalência do aleitamento materno, do número de crianças imunizadas e da utilização da 
terapia de reidratação oral. 
Material Específico – Enfermagem – Tomo 1 – CQA/UNIP 
5 
 Conforme apresentado pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF, 
2008), existe uma grande e preocupante diferença entre as taxas de mortalidade infantil nos 
diferentes grupos populacionais. As crianças pobres, quando comparadas às crianças ricas, 
têm maior probabilidade de morrer no primeiro ano de vida, como também as crianças 
negras e indígenas, quando comparadas às crianças da população branca. 
 No Brasil, as principais causas de óbitos em crianças menores de um ano, entre os 
anos de 1996 e 2007, foram as afecções perinatais, seguidas pelas anormalidades 
congênitas, pelas doenças infecciosas e parasitárias e pelas afecções do sistema respiratório 
(BRASIL, 2009). Nota-se que a mortalidade infantil está vinculada a causas que podem ser 
prevenidas, relacionadas ao acesso aos serviços de saúde, à qualidade da assistência pré-
natal, ao parto e ao recém-nascido e ao acesso aos serviços de saneamento básico. 
A mortalidade infantil é considerada um grande problema de saúde pública, cuja 
redução é um desafio para os serviços de saúde e para a sociedade como um todo. 
 
3. Análise das afirmativas 
 
Antes de analisarmos cada afirmativa, é importante frisar que, apesar de a questão solicitar 
a análise comparativa entre o gráfico e a tabela, ela está fundamentada no acesso à rede 
geral de abastecimento de água por região no Brasil. 
 
I – Afirmativa correta. 
JUSTIFICATIVA. Analisando o gráfico, pode-se perceber que, no período considerado, o 
acesso à rede geral de abastecimento de água melhorou em todas as regiões do país: 
Sudeste (18%), Sul (30%), Centro-oeste (33%), Nordeste (33%) e Norte (7%). Por meio da 
comparação com a tabela, que apresentou redução no coeficiente de mortalidade infantil em 
todas as regiões do país, pode-se inferir que o abastecimento de água nessas regiões foi 
importante para a redução de doenças transmitidas por meio hídrico. 
 
II – Afirmativa correta. 
JUSTIFICATIVA. O acesso à rede geral de abastecimento de água aumentou nas regiões 
Norte e Sudeste. Considerando que na região Norte, em 1980, 40% da população tinham 
rede de abastecimento de água e, em 2000, esse valor subiu para 47%, observa-se um 
aumento de 7% do abastecimento nessa região. Na região Sudeste, 70% da população 
tinham abastecimento de água no ano de 1980, saltando para 88% em 2000, evidenciando 
Material Específico – Enfermagem – Tomo 1 – CQA/UNIP 
6 
um aumento de 18%. Verifica-se, na tabela, que o CMI da região Sudeste realmente reduziu 
de 57,7 para 22,2. Como houve uma relação inversamente proporcional entre o 
abastecimento de água e o CMI, pode-se inferir que o aumento no abastecimento de água 
para a população dessas regiões está diretamente relacionado com a redução da 
mortalidade infantil. 
 
III – Afirmativa incorreta. 
JUSTIFICATIVA. Observa-se que, no período considerado, o aumento ao acesso à rede geral 
de abastecimento de água nas regiões Centro-oeste e Nordeste foi semelhante (aumento de 
33% em ambas). A queda do coeficiente de mortalidade infantil na região Centro-oeste foi 
de 24,6, enquanto na região Nordeste, de 51,9, demonstrando uma queda mais acentuada 
na região Nordeste, conforme aponta a afirmativa III. Entretanto, os dados indicam que o 
acesso da população a esse serviço interfere diretamente na mortalidade infantil, ao 
contrário do apresentado na afirmativa. 
 
IV – Afirmativa incorreta. 
JUSTIFICATIVA. Analisando o acesso ao abastecimento de água no período de 1980 a 2000, 
observa-se que na região Sul houve um aumento de 30% no serviço, enquanto nas regiões 
Norte e Nordeste houve elevação de 7% e de 33%, respectivamente. Evidencia-se, assim, 
que o acesso a tal recurso foi inferior na região Norte, e superior nas regiões Sul e Nordeste, 
ao contrário do afirmado na assertiva IV. 
 
Alternativa correta:D. 
 
3. Indicações bibliográficas 
 
• BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Secretaria de Atenção à 
Saúde. Manual de vigilância do óbito infantil e fetal e do Comitê de Prevenção do Óbito 
Infantil e Fetal. 2. ed. Brasília (DF): Ministério da Saúde, 2009. Disponível em 
<http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/manual_infantil_fetal03_fim2_1.pdf>. 
Acesso em 05/04/2010. 
• PEREIRA, M. G. Mortalidade. In: ____________. Epidemiologia: teoria e prática. Rio de 
Janeiro: Guanabara Koogan, 1995. p. 126. 
 
Material Específico – Enfermagem – Tomo 1 – CQA/UNIP 
7 
Questão 2 
Questão 2.2 
O gráfico apresenta a relação da variação do volume do parênquima pulmonar, segundo a 
variação da pressão transpulmonar, em dois grupos de pacientes, conforme descrito na 
legenda. 
 
 
 
Considerando o gráfico e a atual Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa, é correto 
afirmar que a alteração funcional e a porta de entrada da atenção à saúde do grupo de 
idosos são, respectivamente, 
A. elasticidade pulmonar diminuída e serviços especializados de média complexidade. 
B. fragilidade e serviços especializados de alta complexidade. 
C. fibrose pulmonar e atenção básica/Saúde da Família. 
D. atelectasia pulmonar e serviços especializados de alta complexidade. 
E. complacência pulmonar aumentada e atenção básica/Saúde da Família. 
 
1. Introdução teórica 
 
1.1. Respiração 
 
 A respiração é um processo fisiológico que consiste na inalação de oxigênio e 
liberação de dióxido de carbono pelo organismo. No ser humano, a troca de substâncias 
gasosas entre o ar e a corrente sanguínea é feita pelo sistema respiratório, composto pelo 
trato respiratório superior e inferior (GUYTON, 2008). 
 
2Questão 12 – Enade 2007. 
Material Específico – Enfermagem – Tomo 1 – CQA/UNIP 
8 
No movimento respiratório, o ar flui de uma região de maior pressão para outra de 
menor pressão. Na inspiração, o movimento do diafragma e de outros músculos alarga a 
cavidade torácica, diminuindo a pressão dentro do tórax até um nível abaixo da pressão 
atmosférica. Dessa forma, o ar é puxado para os pulmões. Durante a expiração, o diafragma 
relaxa e os pulmões retraem-se, resultando na redução do tamanho da cavidade torácica e, 
assim, no aumento da pressão intratorácica acima da pressão atmosférica, fazendo com que 
o ar flua dos pulmões para a atmosfera. Dessa forma, o gradiente de pressão entre a caixa 
torácica e a atmosfera faz o ar fluir para dentro e para fora dos pulmões, resultando na 
respiração (BRUNNER e SUDDARTH, 2005). 
Complacência pulmonar é a medida da elasticidade, expansibilidade e da 
distensibilidade dos pulmões e das estruturas torácicas. A complacência é determinada pela 
relação entre volume e pressão pulmonar e torácica. Na complacência normal, os pulmões e 
o tórax alongam-se e estendem-se facilmente quando a pressão é aplicada; os pulmões 
perdem sua elasticidade e o tórax fica superdistendido (como no enfisema pulmonar) 
quando a complacência está aumentada; enquanto na complacência diminuída os pulmões e 
o tórax estão “enrijecidos”. Os pulmões com complacência reduzida requerem maior gasto 
de energia do que o normal para atingir níveis adequados de ventilação (BRUNNER e 
SUDDARTH, 2005). 
As alterações fisiológicas no sistema respiratório associadas à idade afetam a 
capacidade e a função pulmonares e incluem a eficiência diminuída dos músculos 
respiratórios. Além disso, ocorrem também o aumento na rigidez pulmonar e a diminuição 
da área de superfície alveolar, resultando na redução da troca gasosa e da capacidade de 
difusão e, por sua vez, alterando a complacência pulmonar (BRUNNER e SUDDARTH, 2005; 
GUYTON, 2008). 
 
1.2. Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa 
 
 Fundamentado nos movimentos sociais ocorridos no Brasil e no mundo em prol da 
garantia dos direitos sociais e de saúde da pessoa idosa, o Ministério da Saúde do Brasil 
aprovou a Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa (PNSPI), por meio da Portaria N° 
2.528, de 19 de outubro de 2006. 
Segundo o Ministério da Saúde (2006), a finalidade do PNSPI é recuperar, manter e 
promover a autonomia e a independência dos indivíduos com idade superior a 65 anos. Para 
tanto, direcionam-se medidas coletivas e individuais de saúde, em consonância com os 
Material Específico – Enfermagem – Tomo 1 – CQA/UNIP 
9 
princípios e diretrizes do Sistema Único de Saúde (SUS), que garantem o acesso universal e 
equânime aos serviços de saúde e à integralidade da atenção. Essas medidas preveem as 
diferentes realidades e necessidades de saúde da população e dos indivíduos. 
As diretrizes do PNSPI são (BRASIL, 2006): 
• promoção do envelhecimento ativo e saudável; 
• atenção integral à saúde da pessoa idosa; 
• estímulo às ações intersetoriais, visando à integralidade da atenção; 
• provimento de recursos capazes de assegurar a qualidade da atenção à saúde da pessoa 
idosa; 
• estímulo à participação e fortalecimento do controle social; 
• formação e educação permanente dos profissionais de saúde do SUS na área da saúde 
da pessoa idosa; 
• divulgação e informação sobre a PNSPI para profissionais de saúde, gestores e usuários 
do SUS; 
• promoção e cooperação nacional e internacional das experiências na atenção à saúde da 
pessoa idosa e apoio ao desenvolvimento de estudos e pesquisas envolvendo essa 
população. 
O PNSPI define que a assistência à saúde da população idosa terá como porta de 
entrada a Atenção Básica/Saúde da Família, tendo como referência a rede de serviços 
especializada de média e de alta complexidade. O modelo de assistência à saúde 
preconizado pelo programa recomenda a incorporação, na atenção básica, de mecanismos 
que visem à melhoria da qualidade e ao aumento da resolutividade no atendimento à pessoa 
idosa, envolvendo os profissionais de saúde da atenção básica e das equipes de Saúde da 
Família, e incluindo a assistência no domicílio e no ambulatório (BRASIL, 2007). 
No atendimento especializado, o PNSPI recomenda a reestruturação dos serviços de 
saúde, para que promovam a integração efetiva da atenção básica com os demais níveis de 
assistência, por meio do estabelecimento de fluxo de referência e contrarreferência mais 
efetivo, com abordagem multiprofissional e interdisciplinar. 
O envelhecimento ativo e saudável e a preservação da autonomia das pessoas idosas 
são os principais objetivos do PNSPI. Estes devem ser de conhecimento dos profissionais de 
saúde, principalmente na rede básica de saúde, para que possam estimular a pessoa idosa a 
buscar sua qualidade de vida por meio da alimentação adequada, da prática regular de 
exercícios físicos, da convivência social, da realização de atividades prazerosas e/ou que 
atenuem o estresse e da diminuição significativa da automedicação (BRASIL, 2007). 
Material Específico – Enfermagem – Tomo 1 – CQA/UNIP 
10 
Cabe, portanto, aos profissionais de saúde e às equipes de Saúde da Família e de 
Atenção Básica, a organização para o desenvolvimento de ações que objetivem a construção 
de uma atenção integral à saúde da pessoa idosa. 
 
2. Análise das alternativas 
 
A – Alternativa incorreta. 
JUSTIFICATIVA. A elasticidade pulmonar é a capacidade de distensão da parede pulmonar, 
que não é medida pela relação volume-pressão nos pulmões e no tórax, como apresentado 
no gráfico. A porta de entrada do PNSPI é a Atenção Básica/Saúde da Família e não os 
serviços de média complexidade. 
 
B – Alternativa incorreta. 
JUSTIFICATIVA. Fragilidade pulmonar refere-se à suscetibilidade dos pulmões de sofrer 
qualquer tipo de dano, frequentemente provocado por doenças pulmonares. A porta de 
entrada do PNSPI é a Atenção Básica/Saúde da Família e não os serviços de alta 
complexidade. 
 
C – Alternativa incorreta. 
JUSTIFICATIVA. Fibrose pulmonar é a cicatrização do pulmão, uma condição patológica em 
que, gradualmente, os alvéolos pulmonaressão substituídos por tecido fibrótico. Quando a 
cicatriz se forma, os alvéolos são perdidos, levando a uma perda irreversível na capacidade 
dos pulmões em transferir oxigênio para a corrente sanguínea. 
 
D – Alternativa incorreta. 
JUSTIFICATIVA. Atelectasia pulmonar refere-se a uma condição patológica, caracterizada 
pelo fechamento ou colapso dos alvéolos pulmonares provocado por hipoventilação, por 
obstrução ou por compressão das vias aéreas. A porta de entrada do PNSPI é a Atenção 
Básica/Saúde da Família e não os serviços de alta complexidade. 
 
E – Alternativa correta. 
JUSTIFICATIVA. A complacência pulmonar é uma condição fisiológica determinada pela 
relação volume-pressão pulmonar e torácica que se encontra alterada durante a 
Material Específico – Enfermagem – Tomo 1 – CQA/UNIP 
11 
senescência. O PNSPI define que a atenção à saúde da população idosa terá como porta de 
entrada a Atenção Básica/Saúde da Família. 
 
3. Indicações bibliográficas 
 
• BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria N° 2.528, de 19 de outubro de 2006. Aprova a 
Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa. Brasília (DF): Ministério da Saúde, 2006. 
• BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção 
Básica. Envelhecimento e saúde da pessoa idosa. Brasília (DF): Ministério da Saúde, 
2007. 
• GUYTON, A. C. Fisiologia Humana. 6. ed. [reimpr]. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 
2008. 
• SMELTZER, S. C.; BARE, B. Brunner e Suddarth: tratado de enfermagem médico-
cirúrgica. 10. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Material Específico – Enfermagem – Tomo 1 – CQA/UNIP 
12 
Questão 3 
Questão 3.3 
Foi prescrita para uma criança 320 miligramas de Vancomicina®, via intravenosa, de 12/12 
horas. Cada frasco-ampola contém 0,5 grama. Quais são os cuidados de enfermagem que 
devem ser considerados para garantir a administração segura dessa droga? 
A. Reconstituir o medicamento em 5mL de SF a 0,9%, aspirar 3,2mL, rediluí-lo em 50mL de 
SG a 5%, infundi-lo a 50 mL/h. Não o associar com aminoglicosídeo. 
B. Reconstituir o medicamento em 5mL de água destilada, aspirar 3,2mL, rediluí-lo em 
80mL de SF a 0,9%, infundi-lo a 40mL/h. Associá-lo com anti-histamínico. 
C. Reconstituir o medicamento em 9mL de SF a 0,9%, aspirar 6,4 mL, rediluí-lo em 50mL 
de SF a 0,9%, infundi-lo a 25mL/h. Associá-lo com penicilina. 
D. Reconstituir o medicamento em 10mL de água destilada, aspirar 6,4mL, rediluí-lo em 
100ml de SG a 5%, infundi-lo a 100mL/h. Não o associar com aminoglicosídeo. 
E. Reconstituir o medicamento em 10mL de água destilada, aspirar 3,2mL, rediluí-lo em 100 
mL de SG a 5%, infundi-lo a 150mL/h. Não o associar com Anfotericina B®. 
 
1. Introdução teórica 
 
Medicamentos: Vancomicina 
 
Segundo o dicionário de administração de medicamentos na enfermagem (AME, 
2009/2010), a Vancomicina pode ser conhecida comercialmente como Celovan, Cloridrato de 
Vancomicina, Vancocid ou Vancoson. Trata-se de um antibiótico, glicopeptídeo, com ação 
bactericida, que possui espectro ativo contra patógenos Gram-positivos, como estafilococos 
(incluindo cepas meticilino-resistentes de Staphylococcus aureus), estreptococos beta-
hemolíticos do grupo A, Streptococcus pneumonae, Corynebacterium, Clostridium, 
Enterococcus faecalis e Enterococcus faecium. 
O antibiótico é indicado nas infecções estafilocócicas, como endocardite, osteomielite, 
pneumonia e septicemia, no tratamento de infecções dos tecidos moles em pacientes 
alérgicos à penicilina ou aos seus derivados ou quando o teste de sensibilidade demonstra 
resistência à meticilina (AME, 2009/2010). 
A via de administração da Vancomicina é endovenosa (EV) ou intravenosa (IV), com 
início da ação logo após o início da infusão, com duração de 12 a 24 horas e meia-vida de 
 
3Questão 13 – Enade 2007. 
Material Específico – Enfermagem – Tomo 1 – CQA/UNIP 
13 
seis horas. Em crianças com idade superior a um mês, a dose recomendada é 10 mg/kg a 
cada seis horas ou 20 mg/kg de 12 em 12 horas. 
A medicação possui diversas reações adversas como: hipotensão, rash cutâneo, 
náusea, vômito, flebite no local da aplicação, dor nas costas e pescoço, ototoxicidade, 
eosinofilia, leucopenia e nefrotoxicidade. Se houver interação medicamentosa com ácido 
acetilsalicílico, aminoglicosídeos, ciclosporinas, cisplatina e diuréticos de alça, poderão 
ocorrer ototoxicidade e nefrotoxicidade aditivas. 
Segundo AME (2009/2010) e Brunner e Suddarth (2005), os cuidados de enfermagem 
na administração da Vancomicina são os indicados a seguir. 
• Medicar exatamente conforme prescrito pelo médico. 
• Não interromper o tratamento sem indicação médica. 
• Recomendar ao paciente que evite o uso de qualquer outra droga ou medicação, sem o 
conhecimento do seu médico, durante a terapia. 
• Monitorar diariamente o balanço hídrico e o peso do paciente, pois urina turva ou rosa 
pode ser indicativa de nefrotoxicidade. 
• Observar rigorosamente o local de infusão (o extravasamento da droga pode provocar 
irritação, dor e necrose tecidual). 
• Alternar os locais da infusão EV. 
• Monitorar a pressão arterial do paciente durante a infusão. 
• Se o uso for intermitente, a Vancomicina em 500 mg deve ser diluída em 10 ml de água 
estéril para injeção. Posteriormente, diluir essa solução em 100 a 200 ml de soro 
fisiológico a 0,9%, ou glicosado a 5% ou solução de ringer lactato. 
• Não infundir rapidamente ou em bolus, infundir a solução em, pelo menos, 60 minutos 
para minimizar o risco de tromboflebite, hipotensão e síndrome do ‘pescoço vermelho’ 
(hipotensão súbita e grave, rubor e/ou rash maculo-papular). 
• Infusão contínua deve ser usada somente quando a infusão intermitente não for 
possível. 
• Não deve ser administrada com ácido acetilsalicílico, aminoglicosídeos, ciclosporinas, 
cisplatina e diuréticos de alça, pela ação nefrotóxica e ototóxica aditiva. 
É importante que o profissional de enfermagem, ao administrar quaisquer 
medicamentos, considere os efeitos desejados, as interações medicamentosas e as reações 
adversas de cada fármaco para que possa atuar de modo efetivo na resolução dos 
problemas de saúde apresentados por cada indivíduo. 
 
Material Específico – Enfermagem – Tomo 1 – CQA/UNIP 
14 
2. Análise das alternativas 
 
O frasco-ampola da Vancomicina® contém 0,5 grama, o equivalente a 500 
miligramas. Foi prescrito para a criança 320 miligramas de Vancomicina, via intravenosa, de 
12 em 12 horas. 
Os procedimentos de enfermagem a serem adotados estão descritos a seguir. 
Primeiramente, o enfermeiro deve proceder à reconstituição da medicação em 10ml 
de água estéril (água destilada). Para aspirar 320mg da medicação, o profissional deve 
proceder ao seguinte cálculo (regra de três): 
 
Assim, após a reconstituição, o enfermeiro deve aspirar 6,4ml da solução para obter 
320mg de Vancomicina. 
Posteriormente, o profissional deve proceder à rediluição da medicação com 100ml de 
soro fisiológico a 0,9% ou glicosado a 5%. Após tal procedimento, deve-se infundir a 
solução lentamente por, pelo menos, 60 minutos, conforme recomendação da AME 
(2009/2010) para evitar as reações adversas, principalmente a tromboflebite e a hipotensão. 
A velocidade de infusão é resultado do volume total da solução a ser infundida, em 
mililitros, dividido pelo tempo, em horas. Desse modo, o volume total da solução (100ml, 
aproximadamente) deve ser administrado em uma hora. Para tal, a medicação deve ser 
infundida em 100ml/hora. 
 
A – Alternativa incorreta. 
JUSTIFICATIVA. A Vancomicina deve ser reconstituída em 10ml de água destilada, e não em 
5 ml de soro fisiológico. Deve ser rediluída em 100ml de solução fisiológica a 0,9% ou 
glicosada a 5%, e não somente em 50ml. 
 
B – Alternativa incorreta. 
JUSTIFICATIVA. A Vancomicina deve ser reconstituída em 10ml de água destilada, e não em 
5ml de águaestéril. Deve ser rediluída em 100ml de solução fisiológica a 0,9% ou glicosada 
a 5%, e não somente em 80ml. 
Material Específico – Enfermagem – Tomo 1 – CQA/UNIP 
15 
C – Alternativa incorreta. 
JUSTIFICATIVA. A Vancomicina deve ser reconstituída em 10ml de água destilada, e não em 
9ml de soro fisiológico. Se fosse diluída em 9ml, o conteúdo aspirado seria 5,8ml. Deve ser 
rediluída em 100ml de solução fisiológica a 0,9% ou glicosada a 5%, e não somente em 
50ml. O antibiótico é utilizado em pacientes alérgicos à penicilina, para substituição da 
medicação, por isso não deve ser associado com a penicilina. 
 
D – Alternativa correta. 
JUSTIFICATIVA. A Vancomicina deve ser reconstituída em 10ml de água destilada, sendo 
necessário aspirar 6,4ml da solução para obter 320mg da medicação, conforme prescrição 
médica. Posteriormente, a solução deve ser rediluída em 100ml de solução fisiológica a 
0,9% ou glicosada a 5%. Como o medicamento deve ser administrado em, no mínimo, uma 
hora, deve ser infundido o volume total da medicação (100ml, aproximadamente) em uma 
hora, ou seja, 100ml/h. O antibiótico não deve ser associado com aminoglicosídeo pela ação 
nefrotóxica e ototóxica aditiva provocada por tal interação medicamentosa. 
 
E – Alternativa incorreta. 
JUSTIFICATIVA. A Vancomicina deve ser reconstituída em 10ml de água destilada, sendo 
necessário aspirar 6,4ml da solução, e não 3,2ml. Posteriormente, a solução deve ser 
rediluída em 100ml de solução fisiológica a 0,9% ou glicosada a 5%. Entretanto, a infusão 
deve ser o volume total da medicação dividida pelo tempo, ou seja, 100ml por hora, e não 
150ml. A anfotericina B é um antibiótico antifúngico indicado para tratamento de infecções 
fúngicas sistêmicas, também é nefrotóxica, e por isso, não deve ser associada à 
Vancomicina, pois pode potencializar a nefrotoxicidade. 
 
3. Indicações bibliográficas 
 
• AME. Dicionário de administração de medicamentos na enfermagem: 2009/2010. Rio de 
Janeiro: EPUB, 2009. 
• SMELTZER, S. C.; BARE, Brenda. Brunner e Suddarth: tratado de enfermagem médico-
cirúrgica. 10. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005 
 
 
 
http://pt.wikipedia.org/wiki/Antibi%C3%B3tico
Material Específico – Enfermagem – Tomo 1 – CQA/UNIP 
16 
Questão 4 
Questão 4.4 
Avalie as asserções e a relação proposta entre elas. 
I. A enfermeira Tulipa orienta os auxiliares de enfermagem que prestam assistência às 
gestantes de alto risco a verificar a pressão sanguínea braquial em posição sentada, 
considerando que a pressão é mais baixa quando a gestante está deitada. 
PORQUE 
II. Na posição supina, ocorre aumento do débito cardíaco, do fluxo sanguíneo útero-
placentário, do fluxo sanguíneo renal e da excreção de água e sódio pela urina. 
Assinale a alternativa correta. 
A. As duas asserções são verdadeiras, e a segunda asserção justifica a primeira. 
B. As duas asserções são verdadeiras, e a segunda asserção não justifica a primeira. 
C. A primeira asserção é verdadeira, e a segunda é falsa. 
D. A primeira asserção é falsa, e a segunda é verdadeira. 
E. As duas asserções são falsas. 
 
1. Introdução teórica 
 
Gestação 
 
A gravidez induz o organismo materno a uma série de adaptações fisiológicas, 
atribuídas aos hormônios gestacionais e à pressão mecânica decorrente do aumento do 
útero e de outros tecidos. Durante 42 semanas de gestação, o organismo feminino passa 
por profundas alterações anatômicas, fisiológicas e bioquímicas em quase todos os sistemas 
e órgãos, com a finalidade de permitir a adaptação, a manutenção e o desenvolvimento 
harmônico da gravidez (GOMES e MAMEDE, 2006). 
No sistema cardiovascular acontece um aumento de 30 a 50% no volume sanguíneo 
circulante e, consequentemente, ocorre aumento do volume sistólico, da capacidade, do 
débito, do ritmo e da frequência cardíaca, sendo que esta última se eleva cerca de 10 a 16 
batimentos por minuto (ZUGAIB, 1994). O débito cardíaco, definido como o volume de 
sangue bombeado pelo coração em um minuto (produto da frequência cardíaca multiplicada 
 
4Questão 22 – Enade 2007. 
Material Específico – Enfermagem – Tomo 1 – CQA/UNIP 
17 
pelo volume sistólico), aumenta entre 30 a 50%, com o objetivo de garantir um incremento 
no fluxo uteroplacentário (ZUGAIB, 1994; GOMES e MAMEDE, 2006). 
No período gestacional também pode ocorrer uma elevação da pressão venosa dos 
membros inferiores, em parte pela compressão parcial da veia cava, causada pelo útero 
aumentado de volume e pela elevação da resistência que o fluxo sanguíneo encontra nas 
extremidades inferiores ao juntar-se ao fluxo proveniente do útero. Para evitar a 
compressão da veia cava inferior e facilitar o retorno venoso, a gestante deve ser orientada 
a deitar em decúbito lateral esquerdo (ZIEGEL, 1985; ZUGAIB, 1994). 
Em razão do aumento uterino, quando a gestante permanece em decúbito dorsal ou 
em posição supina, a veia cava inferior é comprimida pelo útero gravídico, desencadeando a 
redução do retorno venoso e a diminuição da capacidade cardíaca. Em consequência da 
redução do volume sistólico e da redução na resistência vascular periférica, a pressão 
arterial (produto do débito cardíaco pela resistência periférica), diminui em média 30 mmHg, 
induzindo a uma leitura da pressão arterial inferior à apresentada pela mulher (GOMES e 
MAMEDE, 2006). 
 Em função dessa alteração, o Ministério da Saúde (2006) recomenda que o 
profissional de saúde proceda à aferição da pressão arterial com a gestante em posição 
sentada, após um período de repouso de, no mínimo, cinco minutos ou em decúbito lateral 
esquerdo, no braço direito, mas nunca em posição supina. 
 
2. Análise das asserções 
 
I – Asserção verdadeira. 
JUSTIFICATIVA. Quando a gestante permanece em decúbito dorsal (deitada), a veia cava 
inferior é comprimida pelo útero gravídico, gerando redução do retorno venoso, do débito 
cardíaco e da capacidade cardíaca, diminuindo, assim, a pressão arterial. 
 
II – Asserção falsa. 
JUSTIFICATIVA. Quando a gestante é colocada na posição supina, ocorre redução do débito 
cardíaco, do fluxo sanguíneo útero-placentário e do fluxo sanguíneo renal, e não aumento 
desses parâmetros, conforme indicado na justificativa. 
 
Alternativa correta: C. 
 
Material Específico – Enfermagem – Tomo 1 – CQA/UNIP 
18 
3. Indicações bibliográficas 
 
• BARROS, S. M. O. (org.). Enfermagem no ciclo gravídico-puerperal. Barueri (SP): Manole, 
2006. 
• BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações 
Programáticas Estratégicas. Área Técnica de Saúde da Mulher. Pré-natal e puerpério: 
atenção qualificada e humanizada – manual técnico. Brasília: Ministério da Saúde, 2006. 
• BARROS, S. M. O.; MARIN, H. F.; ABRÃO, A. C. F. V. Enfermagem obstétrica e 
ginecológica: guia para prática assistencial. São Paulo: Roca, 2002. 
• ZIEGEL, E. E.; CRANLEY, M. S. Enfermagem obstétrica. Rio de Janeiro: Guanabara 
Koogan, 1985. 
• ZUGAIB, M.; SANCOVSKI, M. O pré-natal. 2. ed. São Paulo: Atheneu, 1994. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Material Específico – Enfermagem – Tomo 1 – CQA/UNIP 
19 
Questão 5 
Questão 5.5 
Alice tem 28 anos e chegou ao Pronto Socorro com seu filho Mateus de um ano e três 
meses, com história de duas internações hospitalares por pneumonia. A criança frequenta 
uma creche municipal e há dois dias apresenta diarreia, febre intermitente, bradipneia, 
vômito e perda de peso. Foi encaminhada pela Unidade Básica de Saúde com tratamento do 
Plano C para desidratação, já tendo recebido uma dose de antitérmico e recebendo soro de 
re-hidratação oral 15 mL/kg/hora por sonda nasogástrica. Após alguns exames clínicos e 
laboratoriais, Alice foi informada de que Mateus está com tuberculose pulmonar. Ao ser 
esclarecida de que o diagnóstico havia sido confirmado pela identificação do Bacilo de Kock 
no lavado gástrico, Alice mostrou-se convencidade que Mateus contraiu tuberculose há uma 
semana, através do leite materno de uma conhecida que o amamentou uma única vez. Alice 
foi orientada sobre a fisiopatologia, o tratamento e a prevenção da doença de Mateus. 
Considere as ações a serem recomendadas pelas enfermeiras que atenderam Mateus no PS 
e na UBS mostradas abaixo. 
I. Puncionar veia periférica em Mateus para instalar a hidratação na fase de expansão, 
colocar coletor de urina, iniciar balanço hídrico e inserir a mãe como uma unidade de 
cuidado. 
II. Instalar cateter de oxigênio nasal FiO2 2 Litros/minuto, fazer controle da saturação de 
oxigênio, manter Mateus em quarto com pressão negativa e promover atividades para 
fortalecer vínculo mãe e criança. 
III. Notificar o caso à Vigilância Epidemiológica do município, identificar sintomáticos 
respiratórios entre os comunicantes adultos e verificar a situação vacinal das crianças da 
creche e da família de Mateus. 
IV. Realizar desinfecção da creche, manter o ambiente ventilado, restringir o uso dos 
brinquedos de pano e de pelúcia e realizar visita domiciliar supervisionando as condições 
de higiene e iluminação natural da casa de Mateus. 
São corretas apenas as ações apresentadas em 
A. I e III. B. I e II. C. II e III. D. II e IV. E. III e IV. 
 
 
 
 
 
5Questão 25 – Enade 2007. 
Material Específico – Enfermagem – Tomo 1 – CQA/UNIP 
20 
1. Introdução teórica 
 
1.1. Tuberculose 
 
A tuberculose é uma doença infectocontagiosa causada pelo Mycobacterium 
tuberculosis, denominado de bacilo de Koch (BK), que se propaga através do ar, por meio 
de gotículas contendo os bacilos, expelidos por um doente com tuberculose pulmonar ao 
tossir, espirrar ou falar em voz alta. Quando essas gotículas são inaladas por pessoas sadias, 
os bacilos se multiplicam nos alvéolos pulmonares, entrando em quantidade reduzida na 
corrente sanguínea e disseminando para todo o corpo. Entretanto, dentro de duas a três 
semanas, o sistema imune do indivíduo contaminado, controla a proliferação dos bacilos, 
impedindo o surgimento da doença (BRASIL, 2002). 
Uma vez infectado, o indivíduo pode desenvolver a tuberculose em qualquer fase da 
vida. Os principais sintomas da tuberculose são a tosse com expectoração por três semanas 
ou mais, a falta de apetite e o emagrecimento, a dispneia, a astenia, a dor torácica, a 
sudorese noturna e a febre. A sintomatologia que mais chama a atenção, na maioria dos 
casos, é a febre, habitualmente moderada, persistente por mais de 15 dias e vespertina. 
O histórico de contato, intradomiciliar ou não, com uma pessoa com tuberculose e a 
apresentação dos sinais e sintomas sugestivos da doença são os principais indícios para a 
investigação da tuberculose. O diagnóstico da doença é feito por meio da baciloscopia direta 
do escarro ou da cultura do Bacilo de Koch. O exame radiológico é um exame auxiliar. 
Segundo o Ministério da Saúde (2002), a história de contágio com adulto tuberculoso, 
bacilífero ou não, deve ser valorizada, principalmente nas crianças até a idade escolar. Em 
crianças internadas para investigação de tuberculose, pode ser realizada a cultura para a 
detecção do M. tuberculosis em espécime de lavado gástrico, não sendo um procedimento 
recomendado em unidades ambulatoriais. Dependendo do quadro clínico-radiológico 
apresentado pela criança, podem ser necessários outros métodos de diagnóstico, como a 
broncoscopia e as punções. 
A partir da confirmação do diagnóstico da tuberculose, os profissionais de saúde 
devem notificar o caso à Vigilância Epidemiológica do município, por se tratar de uma 
doença de notificação compulsória. A prevenção da disseminação da doença deve ser 
realizada por meio da investigação e do acompanhamento dos contatos dos doentes, 
especialmente os intradomiciliares, com a identificação dos sintomáticos respiratórios. A 
Material Específico – Enfermagem – Tomo 1 – CQA/UNIP 
21 
investigação da vacinação contra tuberculose, com a vacina BCG, também é uma importante 
estratégia para evitar a disseminação da doença (BRASIL, 2002). 
Para as mulheres com tuberculose que ainda não iniciaram o tratamento, ou as que 
começaram a se tratar em menos de duas semanas, denominadas bacilíferas, e que 
praticam o aleitamento materno, são recomendadas a utilização de máscaras protetoras 
faciais durante a amamentação e a restrição do contato próximo à criança, pelo potencial 
risco de transmissão por meio de gotículas do trato respiratório. 
A educação em saúde também é um forte recurso para a prevenção da disseminação 
da tuberculose, que deve ser amplamente empregada pelos profissionais de saúde e, 
especialmente, pelo enfermeiro. No entanto, programas mais efetivos para o controle da 
tuberculose ainda são necessários, assim como a melhoria nas condições de vida e de 
saneamento básico, medidas simples que poderiam auxiliar na redução dos casos da doença 
no Brasil e no mundo. 
 
1.2. Desidratação 
 
 Desidratação é a redução do líquido extracelular por perdas hidroeletrolíticas ou baixo 
aporte de líquidos. Vômito e diarreia são as causas mais comuns de desidratação. Os 
distúrbios renais e o aumento das perdas insensíveis, como queimaduras, exposição ao calor 
e fibrose cística também podem desencadear desidratação (PICCOLO, ROSSATO e 
KOMESSU, 2008). 
 De acordo com o nível sérico de sódio resultante das perdas, a desidratação pode ser 
classificada conforme segue (PICCOLO, ROSSATO e KOMESSU, 2008; WONG, 1999). 
• Desidratação hipertônica ou hipernatrêmica: quando a perda de água é 
proporcionalmente maior que a de sódio. A hipertonicidade intravascular movimenta a 
água da célula, preservando a volemia e causando desidratação celular. 
• Desidratação isotônica ou isonatrêmica: quando ocorrem perdas proporcionais de sódio e 
água. É a forma mais comum. O choque constitui a principal ameaça à vida, e a criança 
apresenta sintomas característicos de choque hipovolêmico. 
• Desidratação hipotônica ou hiponatrêmica: quando há perda proporcionalmente maior de 
sódio em relação à água. Acontece o movimento de água para o compartimento 
intracelular e a evolução dos sinais e sintomas de desidratação. 
Material Específico – Enfermagem – Tomo 1 – CQA/UNIP 
22 
 A desidratação também pode ser classificada em leve, moderada ou grave, em função 
da perda de peso corporal e dos sinais clínicos apresentados pelo paciente, conforme 
apresentado no quadro 1. 
 
Quadro 1. Classificação clínica do grau de desidratação em crianças. 
 Leve Moderada Grave 
Estado geral Irritada, com sede, sono 
ruim e leve 
Agitada, muita 
sede, raramente 
dorme 
Deprimida, comatosa, 
não chora mais 
Boca Seca, língua seca e 
saburrosa 
Muito seca, lábios 
cianóticos 
(frequente) 
Lábios cianóticos 
Olhos Normais Fundos Muito fundos 
Lágrimas Presentes Ausentes Ausentes 
Fontanela Normal Deprimida Muito deprimida 
Pele Quente, seca, 
elasticidade normal 
Extremidades 
frias, elasticidade 
diminuída 
Pele fria, acinzentada, 
elasticidade muito 
diminuída 
Pulso Normal Finos Muito finos 
Enchimento 
capilar 
Normal (até 3s) Lentificado (de 3 a 
10s) 
Muito lentificado (mais 
de 10 s) 
Perda de peso 2,5 a 5% 5 a 10% Acima de 10% 
Déficit 
estimado 
25 a 50mL/kg 50 a 100mL/kg > 100mL/Kg 
Fonte. Piccolo, Rossato e Komessu, 2008. p. 289. 
 
O tratamento a ser instituído deve considerar a gravidade ou o grau de perda de 
água, o nível de sódio e a correção dos déficits eletrolíticos e metabólicos associados. A 
desidratação leve pode ser tratada com a terapia de reposição oral (TRO) e, nos casos de 
comprometimento intravascular, é necessária a reposição volêmica via parenteral (WONG, 
1999; PICCOLO, 2008). 
O Ministério da Saúde (1993) descreve, no manual técnico para assistência e controle 
das doenças diarreicas, que a diarreia deve ser tratada de acordo com o protocolo que 
segue. 
Plano A: crianças com diarreia, mas sem sinal de desidratação. Aconduta terapêutica 
envolve a orientação dos familiares sobre a evolução natural da doença e o risco de 
complicações. A conduta a ser utilizada no domicílio é a recomendação do aumento da 
ingestão hídrica (soro caseiro, água, chás, sopas e sucos). 
Plano B: crianças com diarreia e sinais de desidratação. A conduta terapêutica envolve a 
reidratação com soro de reidratação oral (SRO), a amamentação dos lactentes e a 
orientação à família sobre como reconhecer os sinais de desidratação e piora do quadro 
clínico. A terapia intravenosa pode ser utilizada quando a criança não ganha ou perde peso 
Material Específico – Enfermagem – Tomo 1 – CQA/UNIP 
23 
após as primeiras horas de hidratação, quando a criança tem vômitos persistentes mesmo 
após o início do tratamento e em casos de crise convulsiva com alteração no nível de 
consciência. 
Plano C: crianças com diarreia e desidratação grave. Deve-se tratar rapidamente a 
desidratação grave, com a terapia de reidratação oral e a terapia parenteral. 
A hidratação venosa compreende as fases: de expansão (rápida), de manutenção e 
de reposição. A fase de expansão deve ser realizada com a administração de soro glicosado 
a 5% e soro fisiológico a 0,9%, administrado no volume de 100 ml/Kg, para infusão em 
duas horas. O objetivo dessa fase do tratamento é a rápida reversão da evolução do 
choque. Deve-se assegurar um acesso venoso adequado, utilizando agulhas calibrosas e 
dois acessos venosos simultâneos, realizando a reavaliação da criança a cada hora (BRASIL, 
1993). 
A fase de manutenção é feita para cobrir as perdas normais. A reposição objetiva 
compensar as perdas decorrentes da diarreia e dos vômitos. O volume a ser administrado 
nessa fase é resultante da soma dos volumes da manutenção e da reposição, devendo ser 
infundido no período de 24 horas. A criança deve ser alimentada normalmente e tomar o 
SRO, testando a aceitação e a tolerância de reposição oral. A quantidade de solução 
administrada por via venosa deve ser reduzida progressivamente, conforme ocorre o 
aumento da ingestão de alimento e SRO (BRASIL, 1993). Deve-se reavaliar constantemente 
o estado de hidratação da criança. 
Os profissionais de saúde devem utilizar soluções criativas para estimular a ingestão 
de líquidos. O controle hidroeletrolítico é fundamental para redução da mortalidade infantil 
em função da diarreia/desidratação. Devido ao potencial risco de ruptura da integridade da 
pele, medidas de prevenção e tratamento de lesões devem ser contempladas no plano de 
cuidados de enfermagem. 
 
2. Análise das afirmativas 
 
I – Afirmativa correta. 
JUSTIFICATIVA. O quadro clínico apresentado por Mateus é característico de desidratação 
grave (plano C de tratamento), provocada pela diarreia há dois dias e pelos vômitos. O 
tratamento da desidratação grave requer a reposição imediata de líquidos, por via 
endovenosa, na fase de expansão (rápida reposição – 100 ml/Kg em duas horas), controle 
Material Específico – Enfermagem – Tomo 1 – CQA/UNIP 
24 
rigoroso do balanço hídrico e reavaliação constante da criança a cada hora. É importante a 
orientação da mãe para que ela possa auxiliar no tratamento da desidratação. 
 
II – Afirmativa incorreta. 
JUSTIFICATIVA. O quadro clínico de Mateus não caracteriza insuficiência respiratória e, 
também, não evidencia fraco vínculo entre mãe e filho. 
 
III – Afirmativa correta. 
JUSTIFICATIVA. Por se tratar de uma doença de notificação compulsória obrigatória 
(tuberculose), a enfermeira deve notificar imediatamente o serviço de Vigilância 
Epidemiológica do município. Para a prevenção da disseminação da tuberculose, é 
importante que o profissional identifique os sintomáticos respiratórios, principalmente 
intradomiciliares, realizando uma avaliação dos comunicantes. Como a vacinação com BCG é 
determinante para prevenção da doença, a enfermeira deve promover um levantamento da 
situação vacinal das pessoas que poderiam entrar em contato com a criança, na creche e 
entre os familiares, para verificar a necessidade de vacinação nessa população. 
 
IV – Afirmativa incorreta. 
JUSTIFICATIVA. Não é necessária realizar a desinfecção na creche e isso também não é 
responsabilidade do enfermeiro do Pronto Socorro ou da UBS. Sua função nesse caso é, 
principalmente, investigar os comunicantes para identificação dos sintomáticos respiratórios. 
Também não existe necessidade de supervisionar as condições de higiene e de iluminação 
natural da casa de Mateus, a enfermeira poderia realizar somente a avaliação das condições 
de higiene no domicílio. 
 
Alternativa correta: A. 
 
3. Indicações bibliográficas 
 
• ALMEIDA, F. A.; SABATÉS, A. L. (org). Enfermagem pediátrica: a criança, o adolescente 
e sua família no hospital. Barueri (SP): Manole, 2008. p. 284-302. 
• BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Políticas de Saúde. Departamento de Atenção 
Básica. Manual técnico para o controle da tuberculose: cadernos de atenção básica. 6. 
ed. Brasília (DF): Ministério da Saúde, 2002. 
Material Específico – Enfermagem – Tomo 1 – CQA/UNIP 
25 
• BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Assistência à Saúde. Coordenação de Saúde 
Materno-Infantil. Assistência e controle das doenças diarréicas. Brasília (DF): Ministério 
da Saúde, 1993. 
• WONG, D. L. Enfermagem pediátrica: elementos essenciais à intervenção efetiva. 5. ed. 
Guanabara Koogan, 1999. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Material Específico – Enfermagem – Tomo 1 – CQA/UNIP 
26 
Questão 6 
Questão 6.6 
Senhora Josefina, 46 anos, operadora de telemarketing (renda familiar de R$1.500,00), 2º 
grau completo, mãe de dois filhos (Joana de 06 anos e Marcelo de 04 anos), menarca aos 
13 anos, ciclo menstrual regular, faz uso de contraceptivo injetável. Ela retornou à consulta 
de enfermagem de seguimento com a enfermeira Gláucia, de uma unidade de saúde, e 
relatou dificuldades na vida sexual com interferência no casamento e presença de um caroço 
na mama direita ao realizar o autoexame. 
Diante do caso, são possíveis fatores que aumentam o risco do câncer de mama e devem 
ser ampliados no histórico de enfermagem: 
I. primeira gestação tardia, menarca precoce, menopausa precoce, vida familiar; 
II. história familiar e saúde pregressa, tabagismo, doença mamária benigna e vida sexual; 
III. exposição à radiação, menopausa tardia, menarca precoce e vida social; 
IV. dieta rica em gorduras, etilismo, uso prolongado de anticoncepcionais, relação conjugal. 
São corretos apenas os fatores 
A. I e II. B. I e III. C. I e IV. D. II e III. E. II e IV. 
 
1. Introdução teórica 
 
1.1. Câncer de mama 
 
 O câncer de mama é provavelmente o mais temido pelas mulheres, em função de sua 
alta frequência e pelos efeitos psicológicos que influenciam na percepção da sexualidade e 
da autoimagem das mulheres (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2006). 
Segundo Rocha (2005), é o tumor maligno mais frequente entre as mulheres e uma 
das principais causas de óbito feminino no Brasil. A incidência por câncer de mama feminino 
apresentou um crescimento contínuo na última década, que pode ser atribuído às mudanças 
sociodemográficas e de acessibilidade aos serviços de saúde (BERGAMASCO e TSUNECHIRO, 
2007). Somente no Brasil, a estimativa para o ano de 2004 foi de 50 mil novos casos 
(ROCHA, 2005) e para o ano de 2010 é de 49.240 mil novos casos, com um risco estimado 
de 49 casos a cada 100 mil mulheres (INCA, 2009). Na região Sudeste, o câncer de mama é 
o mais incidente entre as mulheres (65/100.000), assim como nas regiões Sul (64/100.000), 
Centro-Oeste (38/100.000) e Nordeste (30/100.000) (INCA, 2009). Trata-se do segundo 
 
6Questão – Enade 2007 
Material Específico – Enfermagem – Tomo 1 – CQA/UNIP 
27 
mais frequente no Norte do país (17/100.000) (INCA, 2009). Tais dados permitem 
considerar que a doença representa um grave problema de saúde pública no Brasil.Fatores como o aumento da expectativa de vida, a industrialização, a urbanização, a 
mudança nos hábitos de vida e os avanços tecnológicos na área da saúde estão relacionados 
com o aumento no risco do desenvolvimento do câncer de mama (BERGAMASCO e 
TSUNECHIRO, 2007). Embora existam várias investigações científicas abordando a temática, 
sua etiologia ainda é incerta. 
De acordo com o Ministério da Saúde (2006) e o Instituto Nacional de Câncer (INCA), 
os fatores de risco para o desenvolvimento da doença relacionado à vida reprodutiva da 
mulher já são bem conhecidos, como a menarca precoce, a nuliparidade, a idade da 
primeira gestação a termo acima dos 30 anos, a menopausa tardia (após os 50 anos de 
idade) e a terapia de reposição hormonal já estão bem estabelecidos. 
Os fatores genéticos são considerados um dos principais fatores de risco para o 
desenvolvimento do câncer de mama. Mulheres com diagnóstico histopatológico de lesão 
mamária proliferativa com atipia ou neoplasia lobular in situ, ou ainda câncer de mama 
prévio, são definidas como grupo de risco elevado. O histórico familiar, especialmente se um 
ou mais parentes de primeiro grau (mãe ou irmã) foram acometidas antes dos 50 anos de 
idade, aumenta o risco em 2,5 vezes. O fato de ter parentes de segundo e terceiro graus 
com a doença eleva o risco em 1,5 a duas vezes (ROCHA, 2005; MINISTÉRIO DA SAÚDE, 
2006; INCA, 2009). 
A idade também constitui um importante fator de risco para o câncer de mama, 
havendo elevação rápida da incidência com o aumento da idade. A exposição à radiação 
ionizante e o consumo de bebida alcoólica igual ou superior a 1,5 por dia eleva o risco em 
1,5 vezes (ROCHA, 2005). 
A associação do uso de contraceptivos orais e das dietas ricas em gorduras com o 
aumento do risco para o desenvolvimento do câncer de mama ainda é controvertida. 
Contudo, a doença é mais comum nas mulheres obesas, nas que usaram contraceptivos 
orais de dosagem elevada, nas que fizeram uso da medicação por um longo período e nas 
que usaram anticoncepcional em idade precoce, antes da primeira gravidez (ROCHA, 2005; 
MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2006). 
Como a incidência da doença e a sua taxa de mortalidade são elevadas, as Unidades 
Básicas de Saúde (UBS) e os profissionais de saúde devem estar preparados e organizados 
para receber a mulher e realizar o atendimento direcionado para o rastreamento e o 
diagnóstico precoce do câncer de mama, por meio da investigação detalhada dos fatores de 
Material Específico – Enfermagem – Tomo 1 – CQA/UNIP 
28 
risco, do exame clínico das mamas, da solicitação de mamografias nas mulheres em situação 
de risco e do encaminhamento daquelas cujo resultado mamográfico ou exame clínico 
indiquem necessidade de maior investigação clínica. 
 
2. Análise das afirmativas 
 
I – Afirmativa incorreta. 
JUSTIFICATIVA. A primeira gestação tardia e a menarca precoce são consideradas fatores 
de risco reprodutivo para o câncer de mama, entretanto a menopausa precoce e a vida 
familiar não são fatores de risco. Seria correto afirmar que a menopausa tardia é um fator 
de risco e não a precoce. 
 
II – Afirmativa correta. 
JUSTIFICATIVA. Os fatores genéticos, como o histórico familiar, o histórico de saúde da 
mulher e a presença de doença mamária benigna são considerados importantes fatores de 
risco para o desenvolvimento do câncer de mama. O estilo e os hábitos de vida como o 
tabagismo e a vida sexual promíscua são apontados, em algumas pesquisas, como fatores 
de risco, embora ainda não sejam comprovados. 
 
III – Afirmativa incorreta. 
JUSTIFICATIVA. A exposição à radiação ionizante, a menopausa tardia e a menarca precoce 
são fatores de risco, contudo, a vida social não se relaciona à doença. 
 
IV – Afirmativa correta. 
JUSTIFICATIVA. Apesar de ainda serem controversas, a dieta rica em gorduras e o uso 
prolongado de anticoncepcionais são considerados fatores de risco para o desenvolvimento 
do câncer de mama, assim como o etilismo. 
 
Alternativa correta: E. 
 
 
 
 
Material Específico – Enfermagem – Tomo 1 – CQA/UNIP 
29 
3. Indicações bibliográficas 
 
• BERGAMASCO, R. B.; TSUNECHIRO, M. A. Câncer de mama e auto-exame. In: 
FERNANDES, R. A. Q.; NARCHI, N. Z. (orgs). Enfermagem e saúde da mulher. Barueri 
(SP): Manole, 2007. p. 116-26. 
• BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção 
Básica. Controle dos cânceres do colo do útero e da mama. Brasília (DF): Ministério da 
Saúde, 2006. 
• BRASIL. Ministério da Saúde. Instituto Nacional de Câncer. Estimativa 2010: incidência 
de câncer no Brasil. Rio de Janeiro: Instituto Nacional de Câncer, 2009. 
• ROCHA, A. C. P. Câncer de mama. In: CONCEIÇÃO, J. C. J. Ginecologia fundamental. São 
Paulo: Atheneu, 2005. p. 233-42. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Material Específico – Enfermagem – Tomo 1 – CQA/UNIP 
30 
Questão 7 
Questão 7. 7 
Noel, 17 anos, tem diabetes mellitus, asma brônquica com quadro de tosse, chiado no peito, 
taquicardia e taquipneia. Após consulta médica no ambulatório de adolescentes de um 
Hospital Universitário, é encaminhado, com seus pais, à sala de procedimentos de 
enfermagem com a seguinte prescrição médica: 
 
 
 
Metilprednisolona 250mg IV 8/8 horas. 
O que o enfermeiro Pedro, preocupado com os diagnósticos associados de Noel e com os 
efeitos dos medicamentos, deve incluir na prescrição de enfermagem? 
A. Controle da frequência respiratória, da cardíaca e da diurese. 
B. Aferição da pressão arterial, da frequência respiratória e da cardíaca. 
C. Investigação das condições nutricionais, sociais e econômicas. 
D. Avaliação da glicemia e do nível de conhecimento dos pais sobre a diabetes e a asma. 
E. Avaliação do nível de consciência, das condições econômicas e da escolaridade dos pais. 
 
1. Introdução teórica 
 
Medicamentos: fenoterol e metilprednisolona 
 
O fenoterol, conhecido comercialmente como Berotec, é um fármaco amplamente 
utilizado pela medicina para tratamento da asma brônquica, devido ao seu efeito 
broncodilatador. A ação da droga por inalação inicia-se poucos minutos após a 
administração e perdura durante oito horas (BOEHRINGER INGELHEIM, 2007). 
O fármaco é um agente simpaticomimético de ação direta, estimulando seletivamente 
os receptores beta-2 adrenérgicos. O fenoterol relaxa a musculatura lisa bronquial e vascular 
e previne os estímulos broncoconstritores, atuando como antiasmático. Os efeitos beta-
adrenérgicos no coração, tais como o aumento do ritmo cardíaco e da contratilidade, são 
causados pelos efeitos vasculares da droga, pela estimulação do receptor beta-2 cardíaco e, 
em doses elevadas, pelo estímulo do receptor beta-1 (BOEHRINGER INGELHEIM, 2007). 
 
7Questão 10 – Enade 2004. 
Material Específico – Enfermagem – Tomo 1 – CQA/UNIP 
31 
A medicação é indicada para o tratamento sintomático de crises asmáticas agudas, 
para profilaxia da asma induzida por exercício e para tratamento sintomático da asma 
brônquica e de outras doenças broncoconstritoras, como bronquite obstrutiva crônica. É 
contraindicado em indivíduos com hipersensibilidade à droga ou sensibilidade aos 
simpaticomiméticos, como cardiomiopatia obstrutiva hipertrófica e taquiarritmia (AME, 
2009/2010; BOEHRINGER INGELHEIM, 2007). 
 Os efeitos indesejáveis frequentemente atribuídos ao fenoterol são leves tremores da 
musculatura esquelética, nervosismo, tontura, cefaleia, taquicardia e palpitações. Podem 
ocorrer também náusea, vômito, sensação de “boca seca”, fadiga, sudorese, cãibras 
musculares e mialgia (AME, 2009/2010; BOEHRINGER INGELHEIM, 2007). 
De acordo com o Dicionário de Administração de Medicamentos na Enfermagem 
(2009/2010), alguns cuidados de enfermagem importantes na administração do fenoterol 
são os indicados a seguir. 
• Medicar exatamente conforme recomendação médica, verificar a via de administração, a 
posologia e o horáriocorreto da medicação. 
• Informar o paciente sobre as reações adversas mais frequentes relacionadas ao uso da 
medicação e na ocorrência de qualquer uma, comunicar ao profissional de saúde. 
• Recomendar ao paciente o aumento na ingestão de líquidos, para auxiliar na fluidificação 
das secreções broncopulmonares. 
• Orientar umidificação oral para aliviar a sensação de boca seca. 
• Se adulto, orientar que o paciente não deve dirigir ou realizar atividades que requerem 
estado de alerta durante a terapia, pelo fato de provocar frequente tontura. 
• Monitorar a pressão arterial e a frequência cardíaca durante a terapia. 
 A metilprednisolona é um corticosteroide com propriedade antiinflamatória 
(glicocorticoide) e retentora de sódio (mineralocorticoide). A medicação é indicada em uma 
ampla variedade de doenças - inflamatórias, alérgicas, hematológicas, neoplásicas e 
autoimunes. Pode ser utilizada para o tratamento de infecções, esclerose múltipla, 
pneumonia (terapia adjuntiva), insuficiência adrenocortical, doenças do colágeno (artrite 
reumatoide, lúpus eritematoso sistêmico), em manifestações dermatológicas agudas e 
crônicas (dermatite de contato e dermatite seborreica) e manifestações alérgicas (asma, 
rinite, reações a medicamentos), entre outras (AME, 2009/2010). 
 A posologia da metilprednisolona é variável e deve ser individualizada de acordo com 
a doença sob tratamento e a resposta do paciente. As reações adversas da droga são 
inúmeras, dentre elas, é importante citar a dificuldade na cicatrização de feridas, a retenção 
Material Específico – Enfermagem – Tomo 1 – CQA/UNIP 
32 
de sódio e de fluidos, a perda de potássio, a hipertensão, a redução da tolerância aos 
carboidratos, a manifestação do diabetes mellitus latente, o aumento nas exigências de 
insulina ou de hipoglicemiantes orais, podendo acontecer possível aumento da glicose 
urinária e do colesterol sérico, a úlcera péptica, a pancreatite, a fraqueza muscular, a perda 
de massa muscular, a osteoporose, o aumento da pressão intracraniana, a convulsão e a 
cefaleia. E, em pacientes diabéticos, o uso prolongado da medicação pode causar 
hiperglicemia (AME, 2009/2010). 
 Alguns cuidados de enfermagem importantes na administração da metilprednisolona, 
segundo a AME (2009/2010), são os indicados a seguir. 
• A medicação deve ser administrada exatamente conforme prescrição médica e o 
tratamento não deve ser interrompido. 
• O uso da medicação não deve ser suspenso subitamente ou sem o conhecimento do 
médico. As doses devem ser reduzidas lenta e gradualmente durante a terapia. 
• Não deve ser administrada durante a gestação. 
• O medicamento pode causar imunossupressão e pode mascarar os sintomas de infecção. 
• Durante o tratamento com corticoides por tempo prolongado, o paciente não deverá 
receber imunobiológicos. 
• Avaliar a mudança no nível de consciência e presença de cefaleia. 
• Pelo risco de reações anafiláticas, convulsões ou arritmias durante a administração da 
droga, é recomendável a monitorização da frequência cardíaca e eletrocardiográfica. 
• Manter disponíveis os equipamentos para reanimação cardiorrespiratória. 
• Monitorar diariamente o balanço hídrico e o peso, a presença de edema periférico e a 
presença de estertores ou dispneia durante a terapia. 
• Monitorar o nível de eletrólitos e de glicose no sangue, a função hematológica, a função 
imunológica e os níveis séricos de colesterol e lipídeos. 
É importante que o enfermeiro tenha conhecimento sobre as ações farmacológicas e 
os efeitos colaterais dessas medicações para a elaboração de uma prescrição adequada para 
cada caso clínico. 
 
 
 
 
 
 
Material Específico – Enfermagem – Tomo 1 – CQA/UNIP 
33 
2. Análise das alternativas 
 
A – Alternativa incorreta. 
JUSTIFICATIVA. O controle da diurese deve ser realizado primordialmente quando o 
indivíduo fizer uso da metilprednisolona por tempo prolongado ou estiver com a diabetes 
mellitus descompensada. 
 
B – Alternativa incorreta. 
JUSTIFICATIVA. De acordo com o gabarito do Enade 2004, a alternativa é incorreta. 
Entretanto, por se tratar de uma situação na qual o paciente apresenta quadro clínico de 
taquicardia, taquipneia, tosse e chiado no peito (alteração cardiorrespiratória), e observando 
que as medicações administradas, principalmente o fenoterol, podem desencadear um 
aumento no ritmo e na contratilidade cardíaca, como também alteração pressórica, 
considera-se prioritária a avaliação das frequências cardíaca e respiratória e da pressão 
arterial durante a administração das medicações, para o quadro do paciente evoluir 
adequadamente. O enfermeiro deve priorizar a avaliação dos sinais vitais. 
 
C – Alternativa incorreta. 
JUSTIFICATIVA. A investigação desses parâmetros não é relevante para a reversão do 
quadro clínico apresentado por Noel nesse momento. 
 
D – Alternativa correta. 
JUSTIFICATIVA. De acordo com o gabarito do Enade 2004, a alternativa é correta. A 
avaliação da glicemia e do nível de conhecimento dos pais é relevante, a partir do momento 
em que houver a estabilização do quadro clínico de Noel (da respiração e da circulação), ou 
seja, o enfermeiro deve prescrever essas condutas somente após a estabilização das 
condições vitais de Noel. Merece mencionar que o quadro clínico do paciente não é 
sugestivo de descompensação glicêmica, por isso essas condutas não são prioritárias. 
 
E – Alternativa incorreta. 
JUSTIFICATIVA. A avaliação das condições econômicas e do nível de escolaridade dos pais 
não é importante para a reversão do atual quadro clínico de Noel nesse momento. 
 
 
Material Específico – Enfermagem – Tomo 1 – CQA/UNIP 
34 
3. Indicações bibliográficas 
 
• AME. Dicionário de administração de medicamentos na enfermagem: 2009/2010. Rio de 
Janeiro: EPUB, 2009. 
• Boehringer Ingelheim do Brasil Química e Farmacêutica Ltda. Berotec®: bromidrato de 
fenoterol. Bula do medicamento. Itapecerica da Serra (SP): Boehringer Ingelheim, 2007. 
Disponível em <http://www.boehringer-
ingelheim.com.br/arquivos/Berotec_Sol_Xpe_medico.pdf>. Acesso em 15 de abril de 
2010. 
• SMELTZER, S. C.; BARE, B. Brunner e Suddarth: tratado de enfermagem médico-
cirúrgica. 10. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Material Específico – Enfermagem – Tomo 1 – CQA/UNIP 
35 
Questão 8 
Questão 8.8 
O Senhor Mário, 40 anos, solteiro, sem familiares próximos, trabalhador da construção civil, 
sofreu um acidente de trabalho que o levou a um quadro hemorrágico. Está internado em 
uma unidade de cuidados intermediários, com diagnóstico de choque hipovolêmico. Na 
prescrição de medicamento consta infusão contínua de noradrenalina. 
Diante do caso, devem ser consideradas as seguintes intervenções: 
I. controlar a infusão da droga, avaliar o acesso venoso e contatar o serviço social; 
II. monitorizar o padrão respiratório e o débito urinário e notificar o acidente de trabalho; 
III. monitorizar a frequência cardíaca e a pressão arterial e desenvolver a escuta 
terapêutica; 
IV. avaliar o nível de consciência e o padrão respiratório e solicitar reavaliação periódica. 
São corretas somente as intervenções 
A. I e II. B. I e III. C. I e IV. D. II e III. E. III e IV. 
 
1. Introdução teórica 
 
Choque hipovolêmico 
 
O choque é definido como a perfusão tissular inadequada, secundária ao desequilíbrio 
entre a oferta e a demanda de oxigênio (O2), ou a incapacidade de a célula utilizar o 
oxigênio, ocasionando o predomínio do metabolismo anaeróbio (BERNARDINA, 2007). 
 O estado de choque hipovolêmico é um distúrbio agudo da circulação, caracterizado 
pela queda de volume sanguíneo circulante, como a que resulta de um traumatismo com 
hemorragia ou de uma úlcera gástrica hemorrágica, ocasionando o desequilíbrio entre a 
oferta e o consumo de oxigênio para os tecidos (GUYTON, 2008). 
 A evolução do choqueé classificada em três estágios: compensatório, progressivo e 
irreversível. A fase compensatória é caracterizada pela estimulação do sistema nervoso 
simpático e pela liberação de catecolaminas (epinefrina e norepinefrina), da aldosterona e 
do hormônio antidiurético (ADH), resultando na vasoconstrição periférica, no aumento da 
frequência cardíaca e na contratilidade miocárdica, com a finalidade da manutenção do 
débito cardíaco. Na tentativa do organismo de adequar o aporte sanguíneo para os órgãos 
 
8Questão 11 – Enade 2004. 
Material Específico – Enfermagem – Tomo 1 – CQA/UNIP 
36 
vitais, principalmente o coração e o cérebro, acontece o desvio da circulação sanguínea de 
órgãos como a pele, os rins e o trato gastrointestinal. Tal desvio é responsável pelas 
características de pele fria, úmida e pegajosa e oligúria (BERNARDINA, 2007). 
No estágio progressivo, o mecanismo empregado pelo organismo para compensar a 
circulação para órgãos vitais ocasiona a sobrecarga cardíaca e a falha na função 
autorreguladora da microcirculação, ocasionando o aumento na permeabilidade dos 
capilares que, por sua vez, gera o extravasamento de líquido para o interstício (edema 
intersticial), contribuindo para a redução do retorno venoso, resultando na hipotensão 
arterial, principal característica do choque hipovolêmico (CALIL, 2007). 
À medida que persiste a perfusão tissular inadequada, os sistemas começam a 
descompensar devido à falta de suprimento sanguíneo e oxigenação. O terceiro estágio 
(irreversível) é caracterizado pela disfunção orgânica progressiva, metabolismo anaeróbio, 
reserva de adenosina trifosfato diminuída (ATP – molécula que armazena energia 
proveniente da respiração celular para posterior consumo), liberação de toxinas dos tecidos 
necrosados, contribuindo para piora da acidose metabólica. Nessa fase, existe 
impossibilidade de sobrevivência do organismo (GUYTON, 2008; CALIL, 2007). 
As características clínicas do choque hipovolêmico são: palidez cutâneo-mucosa, 
extremidades frias, enchimento capilar lentificado, sudorese, taquicardia, hipotensão arterial, 
alteração no nível de consciência e oligúria. Os achados clínicos do choque variam de acordo 
com o nível de sangue perdido, conforme apresentado no quadro 1. 
 
Quadro 1. Classificação clínica do choque hipovolêmico secundário à hemorragia. 
Perda Sanguínea Classe I Classe II Classe III Classe IV 
Em ml < 750 750 a 1.500 >1.500 a 
2.000 
> 2.000 
Em % < 15 15 a 30 > 30 a 40 > 40 
Frequência cardíaca (bpm) < 100 > 100 > 120 > 140 
PA sistólica Normal Normal Diminuída Diminuída 
Pressão de pulso Normal Diminuída Diminuída Diminuída 
Reenchimento capilar Demorado Demorado Demorado Demorado 
Frequência respiratória (rpm) 14 a 20 20 a 30 30 a 40 > 35 
Débito urinário > 30ml/h 20 a 30ml/h 5 a 15ml/h Mínimo 
Estado mental Ansiedade leve Ansiedade Confusão Confusão e letargia 
Fonte. Calil e Paranhos, 2007. 
 
O tratamento do choque hipovolêmico é o restabelecimento do volume intravascular, 
elevando o débito cardíaco e a melhora na perfusão tissular. A reposição volêmica pode ser 
realizada por meio da infusão de cristaloides, coloides ou hemocomponentes/hemoderivados 
que devem ser infundidos na quantidade e na velocidade suficientes para a correção rápida 
dos sinais e sintomas. A utilização de fármacos vasoativos após a adequada reposição 
Material Específico – Enfermagem – Tomo 1 – CQA/UNIP 
37 
volêmica é indicada para estimular os receptores adequados para o tratamento do choque e 
a manutenção dos parâmetros vitais (BRUNNER e SUDDARTH, 2005; CALIL, 2007). 
A noradrenalina é um agente simpaticomimético frequentemente utilizado em 
situações de emergência, sendo um potente vasoconstritor visceral e renal, com ação 
vasoconstritora sobre a rede vascular sistêmica e pulmonar. A medicação provoca 
essencialmente um aumento no volume sistólico, uma redução reflexa da frequência 
cardíaca e uma vasoconstrição periférica, resultando na elevação da pressão arterial. É 
indicada para elevação da pressão arterial em pacientes sépticos, hipotensos e que não 
respondem à administração de volume e pode ser utilizada em pacientes hipovolêmicos 
somente após a reposição de volume (FERREIRA e CALIL, 2007). 
Por ser uma droga vasoativa, a noradrenalina requer cuidados primordiais para sua 
administração, como os que seguem. 
• Não fazer diluição em solução alcalina (bicarbonato de sódio). 
• Deve ser utilizada somente para uso endovenoso, preferencialmente em via central, de 
grosso calibre. 
• Caso seja instalada em via periférica, atentar para que não haja extravasamento tissular, 
pois pode provocar necrose tecidual. 
• Diminuir lentamente o gotejamento até a suspensão do fármaco. 
• Infundir a medicação sempre em bomba de infusão. 
• Pode ser utilizada em pacientes hipovolêmicos, porém somente após a reposição de 
volume. 
• Controlar rigorosamente os parâmetros hemodinâmicos e circulatórios. 
• Evitar a administração da medicação em mulheres grávidas, devido ao efeito contrátil da 
musculatura uterina. 
O enfermeiro deve estar integrado e ter conhecimento da etiologia, da fisiopatologia e 
do tratamento das doenças para uma atuação eficiente, garantindo assim a qualidade da 
assistência ao paciente em estado de choque. 
 
2. Análise das afirmativas 
 
I – Afirmativa correta. 
JUSTIFICATIVA. O enfermeiro deve controlar rigorosamente a infusão da noradrenalina, pois 
se trata de uma medicação vasoativa, que deve ser administrada sob bomba de infusão para 
melhor controle do gotejamento. O extravasamento da noradrenalina pode provocar intensa 
Material Específico – Enfermagem – Tomo 1 – CQA/UNIP 
38 
vasoconstrição local, ocorrendo necrose tecidual, por isso é necessária a avaliação frequente 
e rigorosa do local de infusão da medicação. O serviço social é responsável pela intervenção 
direta na questão social, formulando e implementando propostas para o enfrentamento de 
problemas sociais e individuais. Por se tratar de um indivíduo solteiro, que sofreu um 
acidente de trabalho e que não possui familiares próximos, o enfermeiro deve contatar o 
serviço social para planejamento e implantação de ações direcionadas à saúde social do 
senhor Mário. 
 
II – Afirmativa incorreta. 
JUSTIFICATIVA. A monitorização do padrão respiratório e do débito urinário é uma conduta 
essencialmente importante durante o quadro emergencial do choque hipovolêmico, 
entretanto, como o senhor Mário encontra-se internado em uma unidade de cuidados 
intermediários, já com o quadro hemorrágico estabilizado, o controle desses parâmetros não 
é prioritário. 
 
III – Afirmativa correta. 
JUSTIFICATIVA. Como está sendo administrada uma medicação vasoativa com potente ação 
vasoconstritora, o enfermeiro deve controlar rigorosamente os parâmetros hemodinâmicos e 
circulatórios e, consequentemente, avaliar criteriosamente a frequência cardíaca e a pressão 
arterial. A escuta terapêutica deve ser estimulada porque, por meio da comunicação, o 
indivíduo pode escutar a si mesmo e assim ser capaz de identificar seus problemas e se 
preparar melhor para enfrentá-los. Também é benéfica para o profissional de saúde, pois 
permite a identificação das emoções, das necessidades e dos problemas da pessoa, 
valorizando o paciente e criando um impacto positivo na assistência que lhe é prestada. 
 
IV – Afirmativa incorreta. 
JUSTIFICATIVA. Se o enfermeiro realizar o controle rigoroso da administração da 
noradrenalina, não será necessária a solicitação de reavaliação médica periódica. Somente 
deve ser solicitada a avaliação médica caso haja intercorrência ou complicações relacionadas 
à medicação. 
 
Alternativa correta: B. 
 
 
Material Específico – Enfermagem – Tomo 1 – CQA/UNIP 
39 
3. Indicações bibliográficas 
 
• CALIL, A. M.; PARANHOS, W. Y. O enfermeiro e as situações de emergência. São Paulo: 
Atheneu, 2007. 
• HUDAK, C. M.; GALLO, B. M. Cuidadosintensivos de enfermagem: uma abordagem 
holística. 6. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1997. 
• SANTOS, N. C. M. Urgência e emergência para enfermagem: do atendimento pré-
hospitalar (APH) à sala de emergência. 4. ed. São Paulo: Iátria, 2007. 
• SMELTZER, S. C.; BARE, B. Brunner e Suddarth: tratado de enfermagem médico-
cirúrgica. 10. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Material Específico – Enfermagem – Tomo 1 – CQA/UNIP 
40 
Questão 9 
Questão 9.9 
Um rapaz de 28 anos, com HIV/AIDS, vítima de acidente automobilístico, encontra-se sob 
observação na unidade de emergência após avaliação e intervenção médica para fratura de 
fêmur direito (aparelho gessado), acompanhado de sua esposa. No registro de enfermagem 
consta: “10:00 – Pressão arterial 150x100mmHg, frequência respiratória 36ipm, frequência 
cardíaca 90bpm; apresenta-se lúcido, orientado no tempo e no espaço; suor profuso; rigidez 
corporal; pupilas dilatadas e esforço respiratório. Foi administrada a medicação prescrita 
(analgésico do tipo antiinflamatório não esteroidal e opióide). Relata dor persistente”. 
Diante do caso, devem ser consideradas as seguintes intervenções: 
I. solicitar reavaliação médica, pois apresenta midríase e aumento da tensão muscular, um 
sinal de dor aguda; 
II. reposicionar o paciente no leito em Posição de Fowler modificada, pois apresenta 
dispnéia, um sintoma de descompensação cardiorrespiratória; 
III. investigar a temperatura e coloração da extremidade do membro inferior direito, pois 
sinaliza compressão nervosa pelo aparelho gessado. 
A sequência correta das intervenções a serem adotadas é: 
A. I, II e III. 
B. I, III e II. 
C. II, I e III. 
D. II, III e I. 
E. III, I e II. 
 
1. Introdução teórica 
 
1.1. Assistência ao politraumatizado 
 
Por se tratar de uma vítima de acidente automobilístico, é pertinente apresentar uma 
introdução teórica a respeito da assistência ao politraumatizado. O politrauma é uma 
síndrome decorrente de múltiplas lesões, com reações sistêmicas sequênciais que podem 
levar à falha ou à disfunção de órgãos ou sistemas vitais não diretamente afetados pelo 
trauma (CAMARGO et al, 2004). 
 
9Questão 12 - Enade 2004. 
Material Específico – Enfermagem – Tomo 1 – CQA/UNIP 
41 
 O trauma representa, atualmente, uma das principais causas de óbito no mundo, 
acometendo sobretudo pessoas mais jovens e previamente sadias, resultando em perda 
potencial de trabalho e de produtividade (GONÇALVES, 2007). 
 O atendimento inicial aos pacientes politraumatizados em uma sala de emergência, 
preconizado pelo Colégio Americano de Cirurgiões e apresentado no curso Advanced Trauma 
Life Support (ATLS), envolve as etapas que seguem. 
1. Planejamento: aquisição e manutenção de materiais e equipamentos para o atendimento 
às vítimas de trauma. 
2. Triagem. 
3. Avaliação primária: exame sucinto e sistematizado da vítima e tratamento imediato dos 
problemas que coloquem o indivíduo em risco iminente de morte. Deve seguir a ordem 
de prioridades. 
4. Restabelecimento dos sinais vitais. 
5. Avaliação secundária (exame minucioso). 
6. Tratamento definitivo. 
A avaliação primária do trauma deve ser de conhecimento de todos os profissionais 
de saúde que trabalham em unidades de emergência. Deve seguir a ordem de prioridades 
de atendimento, conhecida como ABCDE (CALIL, 2007) e mostrada a seguir. 
A) Avaliação da permeabilidade das vias aéreas e controle da coluna cervical. A via aérea 
deve ser avaliada quanto à sua permeabilidade, devendo ser retirados corpos estranhos e 
secreções para permitir a ventilação da vítima. É a primeira prioridade no atendimento ao 
traumatizado. Deve-se manter a estabilidade da coluna cervical para evitar complicações. 
B) Respiração e Ventilação (Breathing). Todos os pacientes devem receber aporte de 
oxigênio. O enfermeiro deve ficar atento à presença ou ausência de movimentos 
respiratórios, à frequência respiratória, ao padrão respiratório (dispneia e assimetria), à 
presença de cianose nas extremidades, à presença de ruídos adventícios e instalar 
oximetria de pulso. 
C) Circulação. Avaliação do estado hemodinâmico por meio da frequência cardíaca, da 
pressão arterial, do tempo de enchimento capilar, entre outros. Deve haver o controle de 
hemorragia. 
D) Avaliação neurológica (Disability). Realizada após a estabilização da ventilação e 
circulação. Devem-se avaliar o nível de consciência da vítima, o tamanho e a reação 
pupilar. Pode ser obtida por meio do método mneumônico AVPU (A - alerta; V – resposta 
verbal; P (pain) – resposta aos estímulos dolorosos; U (unresponsive) – sem resposta). 
Material Específico – Enfermagem – Tomo 1 – CQA/UNIP 
42 
E) Exposição do paciente com prevenção de hipotermia. Exame global do politraumatizado. 
A avaliação secundária consiste no exame físico minucioso do traumatizado, que deve 
ser iniciado somente após a estabilização cardiorrespiratória do indivíduo e com tratamento 
das condições que colocam em risco a vida do paciente. 
O atendimento ao politraumatizado visa à diminuição ou abolição das sequelas do 
trauma e para evitar as complicações que podem levar ao óbito. Para isso, todos os 
profissionais atuantes em unidades de urgência e emergência (enfermeiro, auxiliares e 
técnicos de enfermagem, médicos, fisioterapeutas, psicólogos, entre outros) devem estar 
motivados e envolvidos no atendimento, bem como atualizados cientificamente para que 
seus conhecimentos favoreçam o resultado do tratamento (JACINTO, 2006). 
 
1.2. Disfunções musculoesqueléticas – fraturas 
 
Fratura é uma condição frequente em indivíduos politraumatizados, sendo definida 
como a ruptura na continuidade do osso. As fraturas podem ser causadas por um impacto 
direto, força de esmagamento, movimento súbito de torção e, até mesmo, contração 
muscular extrema. Quando o osso é quebrado, as estruturas adjacentes também são 
afetadas, resultando em edema de tecidos moles, hemorragia nos músculos e articulações, 
luxações articulares, ruptura de tendões, laceração de nervos e lesão de vasos sanguíneos 
(BRUNNER e SUDDARTH, 2005). 
As manifestações clínicas das fraturas são dor, perda da função, deformidade, 
encurtamento do membro, crepitação, edema e mudança de coloração no local do trauma. 
Choque hipovolêmico, síndrome da embolia gasosa e síndrome compartimental são 
complicações decorrentes das fraturas (BRUNNER e SUDDARTH, 2005; SANTOS, 2007). 
Os princípios do tratamento de fratura incluem redução, imobilização e recuperação 
da função e força normais do local afetado. A redução das fraturas consiste na restauração 
dos fragmentos da fratura, no alinhamento e rotação anatômicos. Depois dessa conduta, os 
fragmentos ósseos devem ser imobilizados ou mantidos na posição e alinhamento corretos 
até que ocorra a união óssea. Os métodos para imobilização externa incluem a bandagem, 
os aparelhos gessados, as talas, a tração contínua e os fixadores externos. 
O aparelho gessado é utilizado especificamente para imobilizar uma fratura reduzida, 
corrigir uma deformidade, aplicar pressão uniforme ao tecido mole subjacente ou apoiar e 
estabilizar articulações enfraquecidas. Após a instalação do gesso, o estado neurovascular 
Material Específico – Enfermagem – Tomo 1 – CQA/UNIP 
43 
(circulação, movimento, sensibilidade) deve ser sempre monitorado pelo profissional de 
saúde. 
Os achados normais da fratura com aplicação de aparelho gessado são: edema 
mínimo, desconforto mínimo, coloração rósea, calor ao toque, resposta rápida de 
enchimento capilar, sensações normais e capacidade de exercitar artelhos. Para detecção 
das complicações decorrentes do aparelho gessado, o enfermeiro deve observar a coloração, 
a temperatura, o enchimento capilar dos artelhos expostos, a capacidade de movimentação 
dos artelhos, a presença de dormência, o formigamento e a queimação no membroafetado. 
Se houver sinais de comprometimento neurovascular no membro afetado, o cirurgião 
ortopédico deve ser notificado imediatamente para reavaliação local. Quadros de agitação, 
ansiedade e desconforto devem ser controlados, com condutas terapêuticas como a 
tranquilização, a mudança na posição do cliente e as estratégias para alívio da dor, incluindo 
a administração de analgésicos. 
 
2. Análise da questão 
 
O atendimento em uma unidade de emergência deve seguir uma ordem de 
prioridades no atendimento (A, B, C, D, E). No caso específico, após o atendimento médico, 
o paciente apresenta um quadro de descompensação cardiorrespiratória, caracterizada pela 
dispneia e pelo esforço respiratório, por isso o enfermeiro deve priorizar a estabilização dos 
sinais vitais, melhorando a respiração por meio da mudança no posicionamento do paciente 
(afirmativa II). 
Na sequência, o enfermeiro deve avaliar a condição neurovascular do membro inferior 
direito, observando a coloração, a temperatura, o enchimento capilar dos artelhos expostos 
e a capacidade de movimentação dos artelhos, pois pode indicar alterações neurovasculares, 
como a compressão nervosa, que pode ocorrer em decorrência de um gesso 
demasiadamente apertado ou de uma postura incorreta (afirmativa III). 
A investigação da temperatura e da coloração da extremidade do membro inferior 
direito (membro gessado) também é importante para a avaliação da síndrome 
compartimental, uma complicação que se desenvolve nos músculos quando sua perfusão 
sanguínea é inadequada, frequentemente provocada pela constrição de membros por 
aparelho gessado. A síndrome é caracterizada pela parestesia, dor contínua, hipoestesia, 
edema, enrijecimento e cianose da região afetada. 
Material Específico – Enfermagem – Tomo 1 – CQA/UNIP 
44 
Somente após o estabelecimento da função respiratória e da avaliação das condições 
neurovasculares do membro gessado, o enfermeiro deve solicitar reavaliação médica 
(afirmativa I). 
 
Alternativa correta: D (sequência correta de intervenções: II, III e I). 
 
3. Indicações bibliográficas 
 
• BRASIL. Ministério da Saúde. Protocolos da unidade de emergência/Hospital São Rafael – 
Monte Tabor. Brasília (DF): Ministério da Saúde, 2002. Disponível em 
<http://dtr2001.saude.gov.br/editora/produtos/livros/popup/02_0656.htm>. Acesso em 
23 de abril de 2010. 
• CALIL, A. M.; PARANHOS, W. Y. O enfermeiro e as situações de emergência. São Paulo: 
Atheneu, 2007. 
• SANTOS, N. C. M. Urgência e emergência para enfermagem: do atendimento pré-
hospitalar (APH) à sala de emergência. 4. ed. São Paulo: Iátria, 2007. 
• SMELTZER, S. C., BARE, B. Brunner e Suddarth: tratado de enfermagem médico-
cirúrgica. 10. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Material Específico – Enfermagem – Tomo 1 – CQA/UNIP 
45 
Questão 10 
Questão 10.10 
A violência familiar infringe os direitos da criança e do adolescente, definidos pela 
Constituição Federal do Brasil (1988) e pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei 
8.069/1990). A esse respeito, que ações de interesse coletivo, relacionadas à prevenção da 
violência na infância e juventude, a enfermagem pode desenvolver? 
A. Realizar atividades de prevenção da violência contra a criança e adolescente e promover 
ações educativas. 
B. Identificar grupos em situação de vulnerabilidade aos maus tratos físicos e emocionais, 
através de investigações científicas interdisciplinares. 
C. Identificar crianças e adolescentes com sinais de maus tratos e intervir junto à mãe, 
orientando-a para formação de vínculos. 
D. Intervir sobre o despreparo dos pais para assumir a função materna e paterna, como 
fator desencadeador isolado da violência familiar. 
E. Desenvolver ações de promoção e consolidação de vínculos, intervindo junto à família e à 
escola. 
 
1. Introdução teórica 
 
Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e violência familiar 
 
A Constituição Federal do Brasil de 1988 e o Estatuto da Criança e do Adolescente 
(ECA), Lei N° 8.069, de 1990, deram os passos decisivos na garantia legal de crianças e 
adolescentes, reconhecendo-os como sujeitos de direito, de protagonismo e de proteção 
integral por parte da sociedade e do Estado. 
O ECA garante a todo menino e menina o direito à proteção à vida e à saúde, o 
direito à liberdade, ao respeito e à dignidade humana. O direito ao respeito consiste na 
inviolabilidade da integridade física, psíquica e moral da criança e do adolescente, 
abrangendo a preservação da identidade, da autonomia, dos valores e das crenças, dos 
espaços e objetos pessoais de cada uma delas (ECA, 1990). 
Segundo o ECA, é dever de todos velar pela dignidade da criança e do adolescente, 
pondo-os a salvo de qualquer tratamento desumano, violento, aterrorizante, vexatório ou 
 
10Questão 14 - Enade 2004. 
Material Específico – Enfermagem – Tomo 1 – CQA/UNIP 
46 
constrangedor (1990). No entanto, a força da lei não tem sido suficiente para reduzir os 
casos de violência familiar envolvendo crianças e adolescentes. 
De acordo com o Ministério da Saúde (2006), no período de 1990 a 2000, 211.918 
crianças e adolescentes morreram em virtude de acidentes e violências, dos quais 59.203 
tinham entre zero e nove anos de idade; 33.512 compreendiam a faixa etária dos 10 aos 14 
anos e 119.203 eram adolescentes de 15 a 19 anos. Comparando com os óbitos ocorridos 
nessa mesma faixa etária por doenças infecciosas e parasitárias (146.829), observa-se que 
os números são alarmantes. Os óbitos por violências e acidentes passaram a ocupar o 
primeiro lugar nas faixas etárias de cinco a 19 anos. 
Levantamentos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelam que 
cerca de 20% das crianças e dos adolescentes sofrem violência física e, em 80% dos casos, 
os agressores são seus próprios pais. As crianças são as maiores vítimas da violência, pois a 
raiva, os ressentimentos, as impaciências e as emoções negativas dos outros membros da 
família as atingem como se elas fossem uma válvula de escape. Sua fragilidade física e de 
personalidade as tornam alvos fáceis do poder dos adultos. 
As consequências da violência são diversas. Estudos mostram que crianças 
submetidas à violência doméstica, quando comparadas às que não sofreram violência, são 
mais agressivas, apresentam baixa autoestima, déficit de atenção, hiperatividade, 
dificuldade de relacionamento interpessoal, comportamento abusivo (também poderão ser 
abusadores), baixo rendimento escolar, delinquência, gravidez precoce, uso de drogas, 
capacidade cognitiva e de desenvolvimento da linguagem inferiores (PIRES e MIYAZAKI, 
2005). 
A prevenção da violência intrafamiliar deve ser inserida em ações que sejam capazes 
de gerar uma consciência coletiva, desconstruindo o conceito de que a violência é algo 
intrínseco à natureza humana e reforçando a ideia de que a violência é cultural e deve ser 
eliminada da convivência social (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2006). 
Reichenhein et al (1999) acrescentam que o desenvolvimento de investigações 
científicas para apropriação do conhecimento acerca da temática é fundamental para que 
ações coletivas de prevenção da violência intrafamiliar contra crianças e adolescentes sejam 
mais efetivas. Os autores sugerem a construção de estudos científicos interdisciplinares, 
focando diversos aspectos do tema, como a investigação teórico-conceitual da violência, os 
estudos de frequência, a avaliação do perfil das vítimas e dos agressores para identificação 
dos grupos mais suscetíveis e vulneráveis, os estudos sobre fatores determinantes ou de 
Material Específico – Enfermagem – Tomo 1 – CQA/UNIP 
47 
risco para a violência familiar, as pesquisas com objetivo de levantar propostas de ação para 
enfrentamento do problema e também visando à avaliação das ações desenvolvidas. 
A identificação de achados que podem sugerir a ocorrência de violência contraa 
criança ou o adolescente é essencial para a prevenção e manejo adequado em cada caso 
clínico. Para Pires e Miyazaki (2005), a habilidade para diferenciar indícios de maus-tratos de 
outras doenças é fundamental para os profissionais de saúde, que devem estar atentos aos 
problemas identificados, seja de ordem física, sexual ou emocional, procurando correlacionar 
o relato da vítima, dos familiares ou das pessoas que convivem com a criança sobre o fato 
ocorrido. 
Segundo o Ministério da Saúde (2006), a prevenção da violência intrafamiliar contra 
crianças e adolescentes é de extrema importância para a sociedade, cabendo à equipe de 
saúde: 
• informar pais, mães e comunidade sobre as necessidades das crianças e adolescentes, 
esclarecendo seus direitos e normas de proteção; 
• identificar pais e mães de alto risco nos períodos pré e perinatal; 
• desenvolver grupos de autoajuda para pais e mães de alto risco; 
• favorecer a vinculação das famílias com uma rede de apoio da comunidade (unidades de 
saúde, associação de bairros, grupos religiosos, clube de mães etc.); 
• incentivar o pai a acompanhar o pré-natal e o parto, para estreitar seu vínculo com o 
filho o mais precocemente possível; 
• incentivar o pai à participação nos cuidados com o bebê; 
• facilitar o acesso a serviços de educação e assistência; 
• contribuir para o fortalecimento dos laços do adolescente com a família e amigos; 
• contribuir para a expressão e desenvolvimento dos adolescentes, respeitando novos 
valores; 
• organizar grupos de debates com profissionais de outras áreas envolvidas; 
• considerar a possibilidade de depressão puerperal e encaminhar a família para serviços 
especializados. 
 Para enfrentar a questão da violência intrafamiliar é necessário que haja uma 
mobilização de toda a sociedade e dos profissionais de saúde para que ações de prevenção 
individual e coletiva sejam mais efetivas. 
 
 
 
Material Específico – Enfermagem – Tomo 1 – CQA/UNIP 
48 
2. Análise das alternativas 
 
A – Alternativa incorreta. 
JUSTIFICATIVA. De acordo com o gabarito do Enade 2004, a alternativa é incorreta. 
Entretanto, o artigo 14 do ECA (p.6) refere que o SUS deve promover programas de 
assistência à saúde para prevenção das enfermidades que afetam a população infantil, e 
campanhas de educação sanitária para pais, educadores e alunos. Reichenhein et al. (1999; 
p.117) sugerem um modelo esquemático das ações relativas à violência familiar no âmbito 
da saúde coletiva e mencionam a incorporação de atividades de educação em saúde às 
rotinas dos serviços. Como o enfermeiro deve atuar com autonomia na promoção, 
prevenção, recuperação e reabilitação da saúde, também deve ser responsável pelo 
desenvolvimento de atividades educativas direcionadas à prevenção de maus-tratos a 
crianças e adolescentes. 
 
B – Alternativa correta. 
JUSTIFICATIVA. Para o interesse coletivo, é fundamental que o profissional de saúde realize 
investigações científicas interdisciplinares para apropriação do conhecimento acerca da 
temática, desenvolvendo estudos para avaliação da frequência de maus-tratos, do perfil das 
vítimas e dos agressores para identificação dos grupos mais suscetíveis e vulneráveis, dos 
fatores determinantes ou de risco para a violência familiar e as propostas de ação para 
enfrentamento do problema. Somente após a apropriação do conhecimento sobre violência 
é que os profissionais de saúde e a sociedade conseguirão desenvolver ações preventivas 
mais efetivas para combater a violência infantil e juvenil. 
 
C – Alternativa incorreta. 
JUSTIFICATIVA. O enfermeiro deve identificar as crianças e os jovens com indícios de 
violência, mas é extremamente importante que o profissional reúna evidências para a 
construção de uma história precisa sobre o ocorrido e, quando possível, colha informações 
na comunidade, na escola, com amigos e vizinhos para obter informações sobre o 
funcionamento do núcleo familiar. Assim, não se pode inferir que apenas a mãe é 
responsável pela violência, toda a família deve ser investigada. 
 
 
 
Material Específico – Enfermagem – Tomo 1 – CQA/UNIP 
49 
D – Alternativa incorreta. 
JUSTIFICATIVA. A violência intrafamiliar é um fenômeno complexo, que envolve aspectos 
sociais, econômicos, familiares, políticos e biológicos, de modo que não podemos inferir que 
a violência foi desencadeada somente pelo despreparo dos pais para maternidade ou 
paternidade. 
 
E – Alternativa incorreta. 
JUSTIFICATIVA. O enfermeiro deve favorecer e estimular a formação de vínculo entre a 
família e a criança e/ou adolescente, contribuindo para o fortalecimento de laços afetivos 
entre estes e também com a comunidade. A consolidação dos vínculos propriamente dita é 
um evento que independe do profissional de saúde, ademais seria uma intervenção para 
resolução de um problema individual e não coletivo. 
 
2. Indicações bibliográficas 
 
• BRASIL. Lei N° 8069 de 13 de julho de 1990. Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do 
Adolescente e dá outras providências. Diário Oficial da União, 1990. 
• BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Políticas de Saúde. Violência intrafamiliar: 
orientações para prática em serviço. Brasília (DF): Ministério da Saúde, 2002. 
• BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações 
Programáticas Estratégicas. Violência faz mal à saúde. Brasília (DF): Ministério da Saúde, 
2006. 
• PIRES, A. L. D.; MIYAZAKI, M. C. O. S. Maus tratos contra crianças e adolescentes: 
revisão de literatura para profissionais de saúde. Arq Ciênc Saúde 2005, 12(1):42-9. 
• REICHENHEIN, M. E.; HASSELMANN, M. H.; MORAES, C. L. Consequências da violência 
familiar na saúde da criança e do adolescente: contribuições para a elaboração e 
propostas de ação. Ciência e Saúde Coletiva 1999, 4(1):109-121. 
 
 
 
 
 
 
 
Material Específico – Enfermagem – Tomo 1 – CQA/UNIP 
50 
Questão 11 
Questão 11.11 
Dona Amélia, 72 anos, disse para o enfermeiro Luís que a sua hipertensão arterial foi 
“castigo divino” (sic), mas que tem esperança de ficar curada. O enfermeiro a esclareceu 
sobre as formas de surgimento dessa condição e as possibilidades de tratamento terapêutico 
que, de acordo com avaliação médica, o serviço de saúde tem a oferecer. Reconhecendo 
que D. Amélia possui conhecimentos limitados sobre essa condição, que características das 
doenças crônicas devem fundamentar a abordagem do enfermeiro? 
A. Longo curso clínico, degeneração tissular, cura e reabilitação, transmissibilidade em 
alguns casos. 
B. Presença de determinados microorganismos, transmissibilidade, curto curso clínico e 
irreversibilidade. 
C. Presença de determinados microorganismos, transmissibilidade, longo curso clínico e 
irreversibilidade. 
D. Ausência de microorganismos no modelo epidemiológico, não-transmissibilidade, longo 
curso clínico e irreversibilidade. 
E. Ausência de microorganismos no modelo epidemiológico, transmissibilidade em alguns 
casos, longo curso clínico e irreversibilidade. 
 
1. Introdução teórica 
 
Condições crônicas 
 
As condições crônicas são definidas como as situações médicas ou problemas de 
saúde com sintomas e incapacidades associadas que exigem controle em longo prazo, no 
período mínimo de três meses (BRUNNER e SUDDARTH, 2005). Segundo a Organização 
Mundial de Saúde (OMS), as condições ou doenças crônicas são as principais causas de 
mortalidade no mundo, representando o total de 60% de mortes. Em 2005, cerca de 35 
milhões de pessoas morreram por doenças crônicas, metade das quais com idade inferior a 
70 anos e metade era mulheres (OMS, 2005). 
Os problemas crônicos de saúde afetam pessoas de todas as idades e níveis 
socioeconômicos e culturais. Diversas condições impulsionam o surgimento das doenças 
crônicas, como o aumento na expectativa de vida, a redução nas taxas de mortalidade por 
 
11Questão 18 – Enade 2004. 
Material Específico– Enfermagem – Tomo 1 – CQA/UNIP 
51 
doenças infecciosas, a tendência de a pessoa idosa desenvolver uma ou múltiplas doenças, 
os avanços tecnológicos ocorridos na medicina para triagem, diagnóstico e tratamento 
precoce de determinadas doenças e as mudanças no hábito de vida, como o fumo e o álcool 
(BRUNNER e SUDDARTH, 2005). 
A Organização Mundial de Saúde (2005) considera como crônicas as doenças 
cardiovasculares (cerebrovasculares, isquêmicas), as neoplasias, as doenças respiratórias 
crônicas e a diabetes mellitus. Também classifica as desordens mentais e neurológicas, as 
doenças bucais, ósseas e articulares, as desordens genéticas e as doenças oftalmológicas e 
auditivas como condições crônicas que requerem contínua atenção. 
As doenças crônicas não-transmissíveis (DCNT), tais como hipertensão arterial, 
doença isquêmica do coração, acidente vascular cerebral, diabetes mellitus e câncer são 
consideradas uma epidemia, constituindo um sério problema de saúde pública nos países 
desenvolvidos e em desenvolvimento. As DCNTs são caracterizadas por sua múltipla 
etiologia, pelos diversos fatores de risco, por longos períodos de latência, pelo curso clínico 
prolongado e por sua origem não infecciosa (BRASIL, 2008). 
As investigações científicas acerca das DCNTs não são claras com relação a sua 
etiologia, mas apresentam importantes fatores de risco para o seu desenvolvimento, 
classificados em “não modificáveis” que englobam o gênero, a idade e a herança genética, e 
em “comportamentais”, envolvendo o sedentarismo, a alimentação com excesso de 
gorduras, açúcares e sal, o consumo de tabaco, o uso abusivo de álcool e outras drogas e as 
atitudes violentas na mediação de conflitos (BRASIL, 2008). 
A Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) é uma DCNT considerada um grande problema 
de saúde pública, pois é responsável por pelo menos 40% das mortes por acidente vascular 
cerebral, 25% dos óbitos por doença arterial coronariana e, associada à diabete mellitus, é 
responsável por 50% dos casos de insuficiência renal terminal (BRASIL, 2006). Por se tratar 
de uma doença crônica, incurável e altamente prevalente, é de fundamental importância a 
implementação de modelos de atenção à saúde que incorporem estratégias diversas, 
individuais e coletivas, a fim de melhorar a qualidade da atenção prestada e minimizar o 
risco de complicações relacionadas à doença. 
 
 
 
 
 
Material Específico – Enfermagem – Tomo 1 – CQA/UNIP 
52 
2. Análise das alternativas 
 
A e C – Alternativas incorretas. 
JUSTIFICATIVA. A hipertensão arterial é uma doença crônica não transmissível, irreversível, 
de origem não infecciosa, com longo curso clínico e incurável, existindo somente tratamento 
(medicamentoso e não medicamentoso) para a manutenção dos níveis pressóricos 
adequados. 
 
B – Alternativa incorreta. 
JUSTIFICATIVA. Apesar de a HAS ser uma doença irreversível, ela tem um longo curso 
clínico e não possui origem infecciosa, sendo classificada como DCNT. 
 
D – Alternativa correta. 
JUSTIFICATIVA. A HAS é uma doença crônica não transmissível, irreversível, com um longo 
curso clínico e com ausência de micro-organismos no modelo epidemiológico. 
 
E – Alternativa incorreta. 
JUSTIFICATIVA. Apesar de ser uma doença irreversível, com longo curso clínico e com 
ausência de micro-organismos no modelo epidemiológico, a hipertensão arterial não é uma 
doença transmissível. 
 
3. Indicações bibliográficas 
 
• BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância à Saúde. Secretaria de Atenção à 
Saúde. Diretrizes e recomendações para o cuidado integral de doenças crônicas não-
transmissíveis: promoção, vigilância, prevenção e assistência. Brasília (DF): Ministério da 
Saúde, 2008. 
• BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção 
Básica. Hipertensão arterial sistêmica para o Sistema Único de Saúde. Brasília (DF): 
Ministério da Saúde, 2006. 
• SMELTZER, S. C.; BARE, B. Brunner e Suddarth: tratado de enfermagem médico-
cirúrgica. 10. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005. 
 
 
Material Específico – Enfermagem – Tomo 1 – CQA/UNIP 
53 
Questão 12 
Questão 12.12 
Dona Marta, casada, 30 anos, em tratamento de tuberculose, descobre que está grávida. Na 
consulta de enfermagem no pré-natal, relata ao enfermeiro sua preocupação com a 
medicação e a gravidez, pensando que o remédio pode causar problema para o bebê. Diante 
disso, que intervenção de enfermagem é adequada à situação? 
A. Encaminhar ao médico para avaliar a medicação e o risco gestacional. 
B. Proporcionar apoio emocional e monitorar o uso da medicação pelo menos nos 3 
primeiros meses. 
C. Substituir o esquema de tratamento por outro mais apropriado à gestação e à 
amamentação. 
D. Orientar para observar possíveis reações e providenciar a busca ativa. 
E. Orientar sobre a medicação, pois não existe contra-indicação na gravidez, e providenciar 
a busca ativa. 
 
1. Introdução teórica 
 
Tuberculose 
 
A tuberculose é uma doença infecciosa e contagiosa, considerada um problema de 
saúde pública no Brasil que, por sua vez, ocupa o 15º lugar entre os 22 países responsáveis 
por 80% do total de casos de tuberculose no mundo. Segundo dados do Sistema de 
Informação de Agravos de Notificação (SINAN/MS), são notificados anualmente, no Brasil. 
85 mil casos novos da doença (correspondendo a um coeficiente de incidência de 
47/100.000 habitantes). São verificados cerca de 6 mil óbitos por ano em decorrência da 
doença (BRASIL, 2002). 
O agente etiológico da tuberculose é o Mycobacterium tuberculosis, também 
denominado de bacilo de Koch, que se propaga através do ar, por meio de gotículas 
contendo os bacilos expelidos por um doente com tuberculose pulmonar, ao tossir, espirrar 
ou falar em voz alta. Quando a pessoa sadia inala as gotículas contendo os bacilos de Koch, 
o sistema imunológico geralmente intervém, impedindo a multiplicação dos bacilos, e o 
desenvolvimento da doença. As pessoas são consideradas infectadas, mas não estão 
doentes, e estas não transmitem o bacilo (BRASIL, 2002). 
 
12Questão 19 - Enade 2004. 
Material Específico – Enfermagem – Tomo 1 – CQA/UNIP 
54 
Uma vez infectada, a pessoa pode desenvolver a doença em qualquer momento de 
sua vida, quando o sistema imune não puder mais manter os bacilos “sob controle”. De 
acordo com o Ministério da Saúde (2002), apenas cerca de 10% das pessoas infectadas 
adoecem, metade delas durante os dois primeiros anos após a infecção e a outra metade ao 
longo de sua vida. A transmissão do bacilo de Koch é plena quando o indivíduo infectado 
estiver doente, eliminando bacilos, e não tiver iniciado o tratamento. 
Apesar de ser uma doença grave e de notificação compulsória, a tuberculose é 
curável em praticamente 100% dos casos novos da doença. O tratamento dos bacilíferos é a 
atividade prioritária para o controle da tuberculose, permitindo anular rapidamente as 
maiores fontes de transmissão. Poucos dias após o início da quimioterapia correta, os bacilos 
praticamente perdem seu poder infectante (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2002). 
O tratamento dos casos novos de tuberculose pulmonar com baciloscopia positiva 
pode ser iniciado por um profissional capacitado, com prescrição médica prévia, na Unidade 
de Saúde mais próxima à residência do doente. Utiliza-se o esquema I (básico), com 
rifampicina, isoniazida e pirazinamida, via oral, em regime diário, sob supervisão de um 
profissional de saúde durante seis meses para o tratamento de casos novos. Indivíduos com 
tratamento anterior em que houve recidiva após a cura com esquema básico ou retorno 
após abandono do esquema básico devem ser tratados com rifampicina, isoniazida, 
pirazinamida e etambutol (esquema IR), também em regime diário durante seis meses 
(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2005). 
Segundo o Ministério da Saúde (2005), o esquema básico associado ao etambutol 
(esquema IR) pode ser usado pelasgestantes em qualquer período da gravidez, não 
oferecendo risco para o desenvolvimento fetal. 
O enfermeiro é responsável pela identificação, diagnóstico, supervisão e 
acompanhamento do tratamento dos indivíduos infectados e dos doentes com tuberculose 
pulmonar em uma Unidade de Saúde. São atribuições do enfermeiro, entre outras: 
• identificar os sintomáticos respiratórios; 
• solicitar exames diagnósticos (baciloscopia); 
• realizar consulta de enfermagem mensalmente; 
• notificar os casos de tuberculose que vão iniciar o tratamento; 
• convocar comunicantes para investigação; 
• dispensar os medicamentos para o doente, orientando como usar a medicação e 
esclarecendo dúvidas sobre o tratamento e a doença; 
• identificar reações adversas dos medicamentos e interações medicamentosas; 
Material Específico – Enfermagem – Tomo 1 – CQA/UNIP 
55 
• encaminhar o paciente para uma unidade de saúde de referência, se houver 
necessidade; 
• fazer busca ativa dos contatos de casos de tuberculose; 
• realizar ações educativas junto à clientela. 
 Além das medidas descritas acima, faz-se necessário esclarecer a comunidade quanto 
aos aspectos importantes da tuberculose, sua transmissão, prevenção e tratamento. O 
desconhecimento leva à discriminação do doente nos âmbitos familiar e profissional. 
 
2. Análise das alternativas 
 
A – Alternativa incorreta. 
JUSTIFICATIVA. Como as medicações utilizadas para os esquemas I e IR de tratamento da 
tuberculose não geram risco para o desenvolvimento gestacional, não é necessário que o 
enfermeiro encaminhe Marta para consulta médica. 
 
B – Alternativa incorreta. 
JUSTIFICATIVA. O enfermeiro é um profissional capacitado que pode realizar a consulta de 
enfermagem mensal para acompanhamento e supervisão do tratamento da tuberculose, 
devendo ser realizado até o término do esquema quimioterápico. 
 
C – Alternativa incorreta. 
JUSTIFICATIVA. As medicações utilizadas para os esquemas I e IR de tratamento da 
tuberculose não geram risco para o desenvolvimento gestacional, não sendo necessária sua 
substituição. 
 
D – Alternativa incorreta. 
JUSTIFICATIVA. Segundo o Ministério da Saúde (2005), a maioria dos pacientes submetidos 
ao tratamento consegue completar o esquema terapêutico sem sentir qualquer efeito 
colateral relevante. É importante que o enfermeiro esclareça, para maior tranquilidade da 
gestante, que as medicações não comprometem a gestação e o feto. 
 
E – Alternativa correta. 
JUSTIFICATIVA. O enfermeiro deve orientar como a medicação deve ser usada pela 
gestante, e que não oferece risco para o desenvolvimento fetal. Deve ainda esclarecer 
Material Específico – Enfermagem – Tomo 1 – CQA/UNIP 
56 
dúvidas sobre o tratamento e a doença, além de realizar a busca ativa dos contatos de casos 
de tuberculose para impedir a disseminação da doença. 
 
3. Indicações bibliográficas 
 
• BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Políticas de Saúde. Departamento de Atenção 
Básica. Manual técnico para o controle da tuberculose: cadernos de atenção básica. 6. 
ed. Brasília (DF): Ministério da Saúde, 2002. 
• BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Guia de vigilância 
epidemiológica. 6. ed. Brasília (DF): Ministério da Saúde, 2005. 
• SMELTZER, S. C.; BARE, B. Brunner e Suddarth: tratado de enfermagem médico-
cirúrgica. 10. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Material Específico – Enfermagem – Tomo 1 – CQA/UNIP 
57 
Questão 13 
Questão 13.13 
Para cuidar de paciente com transtorno de humor na fase depressiva, o enfermeiro deve 
possuir conhecimentos para fundamentar sua tomada de decisão de modo a ajudá-lo na 
recuperação. Que intervenções de enfermagem se destinam a um paciente nessa condição? 
A. Estabelecer uma relação de amizade e de respeito à cultura do paciente. 
B. Administrar ansiolíticos, quando necessário. 
C. Estimular o paciente a verbalizar e elaborar seus sentimentos. 
D. Deixá-lo à vontade com seus sentimentos. 
E. Avaliar se está se alimentando adequadamente. 
 
1. Introdução teórica 
 
Transtornos do humor (TH) 
 
Os transtornos do humor (TH), também conhecidos como transtornos afetivos, são 
caracterizados pelas alterações patológicas que levam o indivíduo a perder o controle sobre 
seu humor e seus afetos. Tais transtornos englobam uma gama de outros transtornos, como 
o episódio maníaco, o transtorno afetivo bipolar, o episódio depressivo, o transtorno 
depressivo recorrente e os transtornos persistentes no humor (afetivos), entre outros 
(STEFANELLI et al, 2008). 
 Os TH estão ficando cada vez mais comuns no mundo. Segundo a Organização 
Mundial de Saúde, em âmbito mundial, entre as dez maiores causas de anos vividos com 
incapacidade (AVI), cinco ocorrem em função dos transtornos psiquiátricos, sendo o episódio 
depressivo (ou depressão) o mais frequente (10,7%). Townsend (2002) afirma que, 
aproximadamente, 20% da população desenvolverão episódio de doença depressiva pelo 
menos uma vez em sua vida. 
 Os TH são considerados doenças fásicas que se manifestam com episódios súbitos, 
únicos ou repetidos, tendo remissão espontânea ou caminhando para a cronicidade. A 
etiologia é desconhecida, mas se acredita que a interação entre fatores biológicos, 
genéticos, psicossociais e ambientais são relevantes para o desenvolvimento dos transtornos 
(TOWNSEND, 2002; STEFANELLI et al, 2008). 
 
13Questão 20 - Enade 2004. 
Material Específico – Enfermagem – Tomo 1 – CQA/UNIP 
58 
 A característica principal dos transtornos de humor são as variações extremas, que 
podem oscilar de manifestações de comportamento deprimido e eufórico. As manifestações 
de comportamento agitado, eufórico ou agressivo são frequentemente apresentadas por 
pessoas com episódio maníaco em vários níveis, enquanto o comportamento deprimido 
ocorre em decorrência da tristeza profunda, incapacidade de sentir prazer e alegria e fadiga, 
entre outros (FUKUDA et al, 2008). O quadro 1 apresenta características dos episódios 
depressivos. 
 
Quadro 1. Caracterização do episódio depressivo (CID-10). 
Critérios gerais Episódio deve ter duração de pelo menos duas semanas. 
Não haver sintomas maníacos ou hipomaníacos em qualquer época da 
vida. 
O episódio não deve estar relacionado ao uso de substâncias psicoativas. 
Critérios principais 
(2 ou mais devem estar 
presentes) 
Humor depressivo, tristeza profunda. 
Inibição ou ausência de capacidade de sentir alegria ou prazer 
(anedonia). 
Redução da energia e fatigabilidade aumentada. 
Sintomas adicionais para 
episódios depressivos 
Perda de confiança, da autoestima e da esperança (ideias pessimistas 
em relação ao futuro). 
Sentimentos irracionais de autorreprovação ou culpa excessiva. 
Pensamentos recorrentes de morte ou manifestação da ideia ou 
comportamento suicida. 
Queixas ou evidências da diminuição da capacidade de pensar 
(bradipsiquia) e de concentrar (hipoprosexia). 
Lentificação ou agitação motora. 
Qualquer tipo de perturbação do sono (insônia ou hipersonia). 
Fonte. Fukuda, Arantes e Stefanelli, 2008 (com adaptações). 
 
Segundo o CID-10, o episódio depressivo pode ser leve, moderado ou grave, com ou 
sem sintomas psicóticos. Conforme relatam Townsend (2002) e Stefanelli et al (2008), 
quando o episódio é leve o indivíduo apresenta dois ou três sintomas descritos acima e 
consegue manter sua vida diária. No episódio moderado, a pessoa apresenta quatro ou mais 
sintomas e tem dificuldade de manter suas atividades cotidianas e, por fim, quando o 
episódio é grave, são descritos vários sintomas depressivos desencadeantes de intenso 
sofrimento e o cliente não consegue desempenhar suas atividades diárias. 
O tratamento para os episódios depressivos é feito com a administração de 
antidepressivos, podendo ser associado com terapias complementares, como as 
psicoterapias, a terapia ocupacional,a psicoeducacional, a terapia cognitivo-comportamental 
e o relacionamento terapêutico (STUART e LARAIA, 2001). 
A assistência de enfermagem ao indivíduo com transtorno de humor e episódio 
depressivo deve ser realizada a partir dos dados da avaliação, considerando que os 
diagnósticos de enfermagem, os resultados esperados e as intervenções de enfermagem 
Material Específico – Enfermagem – Tomo 1 – CQA/UNIP 
59 
devem estar de acordo com o quadro clínico apresentado pelo cliente. São possíveis os 
diagnósticos de enfermagem citados a seguir (STEFANELLI et al, 2008). 
• Risco de violência direcionada a si mesmo. 
• Risco de suicídio. 
• Angústia espiritual. 
• Desesperança. 
• Baixa autoestima. 
• Processo de pensamento perturbado. 
• Percepção sensorial perturbada. 
• Risco de sentimento de impotência. 
• Sentimento de pesar disfuncional. 
• Comunicação verbal prejudicada. 
• Interações sociais e familiares prejudicada. 
A assistência de enfermagem deve estar focada na proteção da vida do cliente em 
decorrência de ideias de morte e tentativa de suicídio. Desse modo, o enfermeiro deve 
manter a observação constante do cliente pelo potencial risco de violência contra si mesmo; 
utilizar estratégias de comunicação terapêutica para ajudar o cliente a verbalizar suas ideias 
e seus sentimentos, mantendo-se atento ao conteúdo expresso para avaliar o potencial 
suicida; estar atento para perceber e valorizar os esforços para mudança de 
comportamento; estimular o desenvolvimento da autoestima; observar cuidados 
relacionados à medicação; ressaltar a importância do tratamento e da sua continuidade; 
estimular o cliente a desempenhar as atividades de autocuidado e da vida diária; estimular e 
orientar sobre a utilização dos sistemas de apoio familiar e comunitário (STEFANELLI et al, 
2008). 
Também requer atenção especial do enfermeiro o desenvolvimento da autoestima do 
indivíduo com transtornos de humor e o atendimento à família e aos amigos. O 
relacionamento terapêutico é uma das principais estratégias para o cuidado em saúde 
mental e psiquiátrica, pois visa ao desenvolvimento do potencial e da capacidade do cliente, 
com foco no crescimento individual para ajudá-lo a enfrentar os desafios que ele vivencia. A 
atuação de uma equipe multiprofissional para o atendimento integral e global da pessoa 
com TH também é primordial para o sucesso do tratamento e para a aceitação e 
aprendizado do cliente (MANZOLI, 1996; STEFANELLI et al, 2008). 
 
 
Material Específico – Enfermagem – Tomo 1 – CQA/UNIP 
60 
2. Análise das alternativas 
 
A – Alternativa incorreta. 
JUSTIFICATIVA. O enfermeiro deve estabelecer uma relação terapêutica com o indivíduo 
com transtornos mentais. 
 
B – Alternativa incorreta. 
JUSTIFICATIVA. Tal prescrição deve ser realizada pelo médico, e o tratamento geralmente é 
feito com antidepressivos. 
 
C – Alternativa correta. 
JUSTIFICATIVA. A empatia e o envolvimento emocional são fundamentais para que o 
enfermeiro compreenda o mundo do indivíduo com TH. Ao estimular o cliente a verbalizar 
seus sentimentos, o enfermeiro realiza um diagnóstico adequado e, assim, pode lhe oferecer 
uma assistência individualizada. 
O enfermeiro deve utilizar estratégias de comunicação terapêutica para ajudar o cliente a 
verbalizar suas ideias e seus sentimentos, auxiliando-o a realizar uma autoavaliação. 
 
D – Alternativa incorreta. 
JUSTIFICATIVA. O indivíduo deve ser estimulado a verbalizar seus sentimentos. Se o 
profissional deixar o paciente à vontade sobre seus sentimentos, ele pode não querer 
verbalizá-los, podendo agravar seu quadro clínico e dificultar a atuação do enfermeiro. 
 
E – Alternativa incorreta. 
JUSTIFICATIVA. A depressão pode desencadear uma alteração na nutrição, constituindo um 
diagnóstico de enfermagem frequente, entretanto, o enfermeiro deve priorizar o 
relacionamento terapêutico e a escuta para solucionar o principal problema do cliente, o 
quadro depressivo. 
 
3. Indicações bibliográficas 
 
• MANZOLI, M. C. (org). Enfermagem psiquiátrica da enfermagem psiquiátrica à saúde 
mental. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1996. 
Material Específico – Enfermagem – Tomo 1 – CQA/UNIP 
61 
• STEFANELLI, M. C.; FUKUDA, I. M. K.; ARANTES, E. C. (orgs.). Enfermagem Psiquiátrica: 
em suas dimensões assistenciais. Barueri (SP): Manole, 2008. 
• STUART, G. W.; LARAIA, M. T. Enfermagem Psiquiátrica: princípios e prática. Trad. de 
Dayse Batista. 6. ed. Porto Alegre: Artmed, 2001. 
• TOWNSEND, M. C. Enfermagem Psiquiátrica: conceitos de cuidados. 3. ed. Rio de 
Janeiro: Guanabara Koogan, 2002. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Material Específico – Enfermagem – Tomo 1 – CQA/UNIP 
62 
Questão 14 
Questão 14.14 
Uma senhora de 65 anos, vida sexual ativa, com antecedentes familiares de câncer de colo 
de útero (mãe faleceu devido a complicações metastásicas), nunca realizou o Exame de 
Papanicolau. Sabendo-se que tal neoplasia é uma doença de ação gradativa que se inicia 
com alterações neoplásicas intraepiteliais (NIC), as quais podem evoluir para um processo 
invasivo em um período médio de 10 a 20 anos, a orientação quanto à periodicidade do 
exame deve ser: 
A. sempre que surgir sintomalogia ginecológica. 
B. semestral, independente de sintomatologia ginecológica. 
C. em 1 ano, após 2 exames semestrais com resultados negativos. 
D. em 2 anos, após 2 exames anuais com resultados negativos. 
E. em 3 anos, após 2 exames anuais consecutivos com resultados negativos. 
 
1. Introdução teórica 
 
Câncer cérvico-uterino 
 
O câncer cérvico-uterino ocupa posição de destaque pelas elevadas taxas de 
morbidade e mortalidade na população feminina, sendo o segundo mais comum entre as 
mulheres no mundo, registrando-se, anualmente, cerca de 500 mil novos casos da doença. 
Esse tipo de câncer é responsável pelo óbito de cerca de 230 mil mulheres ao ano. No Brasil, 
para o ano de 2010, foram estimados em torno de 18 mil casos novos de câncer do colo do 
útero, com um risco estimado de 18 casos a cada 100 mil mulheres (INCA, 2009). 
O câncer do colo do útero é uma afecção progressiva iniciada com transformações 
intra-epiteliais progressivas que podem evoluir para um processo invasor em um período 
que varia de 10 a 20 anos. Durante a evolução da doença, o câncer passa por fases pré-
clínicas detectáveis e curáveis, o que lhe confere um dos mais altos potenciais de prevenção 
e de cura (NARCHI, JANICAS e FERNANDES, 2007; MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2006). 
Estudos epidemiológicos recentes relacionam o câncer do colo uterino com 
determinados fatores de risco, como fatores genéticos, a infecção pelo Papiloma Vírus 
Humano (HPV) - sendo o principal fator de risco, o início precoce da atividade sexual, a 
multiplicidade de parceiros sexuais, a multiparidade, o tabagismo (diretamente relacionado à 
 
14Questão 22 - Enade 2004. 
Material Específico – Enfermagem – Tomo 1 – CQA/UNIP 
63 
quantidade de cigarros fumados), a baixa condição socioeconômica, a imunossupressão, o 
uso prolongado de contraceptivos orais e a higiene íntima inadequada (MINISTÉRIO DA 
SAÚDE, 2006; INCA, 2009). 
No Brasil, a principal estratégia utilizada para detecção precoce/rastreamento do 
câncer do colo do útero é a realização da coleta de material para exames citopatológicos 
cervico-vaginal e microflora, conhecido popularmente como exame preventivo do colo do 
útero ou exame de Papanicolaou ou citologia oncótica ou mesmo PapTest (MINISTÉRIO DA 
SAÚDE, 2006). 
A periodicidade de realização do exame citopatológico cervical, estabelecida pelo 
Ministério da Saúde do Brasil, em 1988, permanece atual e está concernente com as 
recomendações dos principais programas internacionais. O exame citopatológico deve ser 
realizado em mulheres de 25 a 60 anos de idade, uma vez por ano e, após dois exames 
anuais consecutivos negativos, a cada três anos. Essa recomendaçãoapoia-se na 
observação da história natural do câncer do colo do útero, que permite a detecção precoce 
de lesões pré-malignas ou malignas e o seu tratamento oportuno, graças à lenta progressão 
que apresenta para doença mais grave (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2006). 
Segundo a Organização Mundial de Saúde, estudos quantitativos têm demonstrado 
que, nas mulheres com idade entre 35 a 64 anos, após um exame citopatológico do colo do 
útero com resultado negativo, um exame subsequente pode ser realizado a cada três anos, 
com a mesma eficácia da realização anual, visto que a expectativa de redução percentual no 
risco cumulativo de desenvolver o câncer após um resultado negativo é praticamente a 
mesma quando o exame é realizado anualmente (redução de 93% do risco) ou quando ele é 
realizado a cada 3 anos (redução de 91% do risco) (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2006). 
 
2. Análise da questão 
 
Apesar de a senhora nunca ter realizado o exame de Papanicolau e apresentar fatores 
de risco para o desenvolvimento desse tipo de câncer, como idade superior a 60 anos e 
antecedentes familiares de câncer de colo de útero, o Ministério da Saúde do Brasil (2006) 
recomenda que o exame seja realizado uma vez por ano e, após dois exames anuais 
consecutivos negativos, este deve ser efetuado a cada três anos. Tal recomendação apoia-
se na observação da história natural do câncer do colo do útero, que permite a detecção 
precoce de lesões pré-malignas ou malignas e o seu tratamento oportuno, graças à lenta 
progressão que apresenta para doença mais grave. 
Material Específico – Enfermagem – Tomo 1 – CQA/UNIP 
64 
Alternativa correta: E. 
 
3. Indicações bibliográficas 
 
• BARROS, S. M. O.; MARIN, H. F.; ABRÃO, A. C. F. V. Enfermagem obstétrica e 
ginecológica: guia para prática assistencial. São Paulo: Roca, 2002. 
• BRASIL. Ministério da Saúde. Instituto Nacional de Câncer. Estimativa 2010: incidência 
de câncer no Brasil. Rio de Janeiro: INCA, 2009. 
• BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção 
Básica. Controle dos cânceres do colo do útero e da mama. Brasília (DF): Ministério da 
Saúde, 2006. 
• FERNANDES, R. A. Q.; NARCHI, N. Z. Enfermagem e saúde da mulher. Barueri (SP): 
Manole, 2007. 
• RICCI, S. S. Enfermagem materno-neonatal e saúde da mulher. Rio de Janeiro: 
Guanabara Koogan, 2008. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Material Específico – Enfermagem – Tomo 1 – CQA/UNIP 
65 
Questão 15 
Questão 15.15 
O enfermeiro Maurício, chefe do serviço de emergência, foi chamado por José Augusto 
(técnico de enfermagem) que atendeu uma cliente adulta com cefaléia, vômitos, febre alta, 
confusão mental e suspeita de meningite meningocócica, e se recusava a receber a 
medicação prescrita, ameaçando deixar o serviço, para se tratar em casa. Na situação de 
conflito, Maurício fundamentou sua tomada de decisão em dois princípios dos cuidados em 
saúde (beneficência e não maleficência). Sendo assim, que ações foram executadas? 
A. Atender a vontade da cliente, liberando-a para retornar ao seu domicílio, após orientação 
e localização da família. 
B. Aplicar a medicação prescrita, explicando à cliente a necessidade de aliviar seu 
sofrimento e recuperar sua saúde. 
C. Chamar o médico para explicar à cliente a necessidade de ela aceitar a medicação para 
recuperar a saúde. 
D. Solicitar auxílio do psicólogo para acalmar a cliente, de modo a permitir a administração 
da medicação prescrita. 
E. Conter a cliente no leito para impedi-la de sair do Serviço de Saúde à revelia da equipe, 
registrando o ocorrido. 
 
1. Introdução teórica 
 
Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem (CEPE) 
 
O Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem (CEPE), reformulado e aprovado 
pelo Conselho Federal de Enfermagem (COFEN) por meio da Resolução 311, de 9 de 
fevereiro de 2007, ilustra que a enfermagem é uma profissão comprometida com a saúde e 
com a qualidade de vida da pessoa, da família e da coletividade. O profissional de 
enfermagem, seja o enfermeiro, o técnico ou o auxiliar, deve atuar na promoção, 
prevenção, recuperação e reabilitação de saúde, com autonomia e em consonância com os 
preceitos éticos e legais da profissão (COFEN, 2009). 
 De acordo com os princípios da ética e da bioética, o profissional de enfermagem 
deve respeitar a vida, a dignidade e os direitos humanos em todas as dimensões, exercendo 
 
15Questão 24 - Enade 2004. 
Material Específico – Enfermagem – Tomo 1 – CQA/UNIP 
66 
suas atividades com competência para a promoção do ser humano na sua integralidade 
(COFEN, 2009). 
 Os princípios bioéticos constituem as diretrizes gerais que devem subsidiar o 
julgamento de casos específicos e que devem compor o dia a dia do cuidado em saúde do 
profissional de enfermagem. Os princípios bioéticos da autonomia, da beneficência, da não-
maleficência e da justiça devem ser considerados pelos profissionais no exercício da 
profissão (OGUISSO e ZOBOLI, 2006). 
 O princípio da autonomia, conhecido como o respeito à dignidade humana, significa 
que o profissional deve conferir valor à vontade da pessoa envolvida no cuidado de 
enfermagem, por meio do qual o paciente deixa de ser objeto do cuidado e passa a 
constituir um ser humano dotado de razão e vontade própria, decidindo, conscientemente, a 
respeito dos procedimentos que lhe dizem respeito. Para que o indivíduo possa exercer sua 
autonomia, são necessárias duas condições fundamentais (OGUISSO e ZOBOLI, 2006): 
• capacidade para agir intencionalmente, o que pressupõe compreensão, razão e 
deliberação para decidir coerentemente entre as alternativas apresentadas; 
• liberdade, no sentido de estar livre de qualquer influência controladora para essa tomada 
de posição. 
O respeito à autonomia significa ter consciência do direito da pessoa de possuir um 
projeto de vida próprio, de ter seus pontos de vista e opiniões, de fazer escolhas 
autônomas, de agir segundo seus valores e suas convicções. Respeitar a autonomia é, em 
última análise, preservar os direitos fundamentais do homem (LOCH, 2009). 
O princípio da beneficência significa que as atividades de enfermagem devem ser 
realizadas para o benefício do paciente. Esse conceito traduz que todos os conhecimentos e 
habilidades dos profissionais devem ser realizados considerando, na tomada de decisão, a 
minimização dos riscos e a maximização dos benefícios do procedimento a realizar. Assim, a 
atuação profissional de enfermagem deve ser direcionada para atender às necessidades dos 
pacientes, no sentido de lhes fazer o bem. 
O princípio da não maleficência define que o profissional de saúde tem o dever de, 
intencionalmente, não causar riscos e/ou danos ao paciente. Se não for possível excluírem-
se os riscos, deve-se optar por aquele que acarrete menos sofrimento ao paciente. 
O princípio de justiça fundamenta-se na premissa de que as pessoas têm direito a um 
mínimo decente de cuidados com sua saúde. Isso inclui garantias de igualdade de direitos, 
equidade na distribuição de bens, riscos e benefícios, respeito às diferenças individuais e à 
Material Específico – Enfermagem – Tomo 1 – CQA/UNIP 
67 
busca de alternativas para atendê-las, liberdade de expressão e igual consideração dos 
interesses envolvidos nas relações do sistema de saúde, dos profissionais e dos usuários. 
As ações do profissional de enfermagem devem ser regidas pelos princípios éticos e 
bioéticos de modo a garantir a universalidade do acesso aos serviços de saúde, à 
integralidade e à equidade da assistência, à resolutividade e à preservação da autonomia 
das pessoas (COFEN, 2007). 
Vale destacar que o CEPE foi revisado e atualizado em 2017. 
 
2. Análise das alternativas 
 
A – Alternativa incorreta. 
JUSTIFICATIVA. Essa conduta desrespeita os princípios de beneficência e não-maleficência, 
pois a liberação da cliente para retornar ao seu domicílio demonstra que o profissionalnão a 
assistiu adequadamente, podendo gerar malefícios (complicações) para a cliente. 
 
B – Alternativa correta. 
JUSTIFICATIVA. Ao explicar à cliente a necessidade e os benefícios da administração dos 
medicamentos prescritos, o enfermeiro fundamenta sua conduta e respeita os princípios de 
beneficência e não maleficência. 
 
C – Alternativa incorreta. 
JUSTIFICATIVA. O profissional de enfermagem, como membro da equipe de saúde, deve ser 
capaz de orientar a paciente sobre a importância e a necessidade da aplicação da medicação 
para recuperação de sua saúde, não havendo necessidade de solicitar intervenção médica. 
 
D – Alternativa incorreta. 
JUSTIFICATIVA. O profissional de enfermagem, como membro da equipe de saúde, deve ser 
capaz de orientar a paciente sobre a importância e a necessidade da aplicação da medicação 
para recuperação de sua saúde, não havendo necessidade de solicitar intervenção de um 
psicólogo. 
 
E – Alternativa incorreta. 
JUSTIFICATIVA. Essa conduta também desrespeita os princípios de beneficência e não-
maleficência, pois ao impedir a saída da cliente por meio da contenção, o profissional de 
Material Específico – Enfermagem – Tomo 1 – CQA/UNIP 
68 
saúde não estará promovendo o bem-estar da paciente, podendo gerar malefícios em 
virtude dessa conduta e, ainda, desrespeitar o princípio da dignidade humana. 
 
3. Indicações bibliográficas 
 
• CONSELHO FEDERAL DE ENFERMAGEM. COFEN. Resolução 311, de 9 de fevereiro de 
2007, do Conselho Federal de Enfermagem. Código de Ética dos Profissionais de 
Enfermagem. [documento online]. Disponível em 
<http://www.portalcofen.gov.br/2007/materias.asp?ArticleID=7323&sectionID=37>. 
Acesso em 22 fev. 2009. 
• FONTINELLI, K. Ética e bioética em Enfermagem. 3. ed. Goiânia: AB, 2007. 
• OGUISSO, T.; ZOBOLI, E. Ética e bioética: desafios para a enfermagem e a saúde. São 
Paulo: Manole, 2006. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Material Específico – Enfermagem – Tomo 1 – CQA/UNIP 
69 
Questão 16 
Questão 16.16 
A pessoa idosa com hipóxia vive com inadequada oxigenação das células devido à 
deficiência no fornecimento ou no uso de oxigênio a nível celular, representando uma 
ameaça à vida. Sempre que diante de uma pessoa nesta situação, que sinais e sintomas 
o(a) enfermeiro(a) deve identificar prontamente? 
I. Apreensão, aumento da pressão arterial e da frequência cardíaca. 
II. Dor torácica, zumbido, diminuição da capacidade de concentração. 
III. Cianose, aumento da frequência e da profundidade dos movimentos respiratórios. 
IV. Desequilíbrio eletrolítico, crises convulsivas, diminuição do nível de consciência. 
São corretos apenas os sinais e sintomas 
A. I e II. B. I e III. C. III e IV. D. I, II e IV. E. I, III e IV. 
 
1. Introdução teórica 
 
Pessoa idosa - hipóxia 
 
A pessoa idosa apresenta fisiologicamente um declínio gradual da função respiratória. 
As alterações acontecem nos alvéolos, reduzindo a área de superfície disponível para a troca 
de oxigênio e dióxido de carbono. Por volta dos 50 anos de idade, os alvéolos começam a 
perder sua elasticidade, ocorre uma diminuição na capacidade vital pela perda da mobilidade 
da parede torácica, restringindo assim o fluxo de ar. Essas alterações resultam na 
diminuição da ventilação, produzindo menores níveis de oxigênio na circulação arterial 
(BRUNNER e SUDDARTH, 2005). 
Hipóxia significa deficiência de oxigênio, que pode causar lesão celular pela redução 
da respiração aeróbica oxidativa (KUMAR et al, 2005). A pessoa idosa com hipóxia vive com 
inadequada oxigenação das células do organismo devido à deficiência no fornecimento ou 
no uso de oxigênio em nível celular, representando uma ameaça à vida. Segundo Brunner e 
Suddarth (2005), os sinais e sintomas de deficiência de oxigenação são os que seguem. 
• Alteração no nível de consciência: ocorre o rebaixamento do nível de consciência devido 
à diminuição da oferta de oxigênio. Quadro inicial de agitação, apreensão, evoluindo para 
sonolência, torpor e coma. 
 
16Questão 27 - Enade 2004. 
 
Material Específico – Enfermagem – Tomo 1 – CQA/UNIP 
70 
• Alterações respiratórias: ocorre a taquipneia (frequência respiratória maior que 35 
incursões por minuto) e o aumento da profundidade respiratória, como mecanismo 
compensatório, na tentativa de aumentar a oferta de oxigênio e melhorar as trocas 
gasosas. 
• Alterações cardiovasculares: ocorre o aumento da pressão arterial e da frequência 
cardíaca, como mecanismo compensatório para aumentar o aporte de oxigênio aos 
órgãos vitais. 
• Cianose: uma coloração azulada da pele, devido à baixa saturação de oxigênio na 
hemoglobina. É um indicador tardio da hipóxia. 
O enfermeiro que realiza cuidado à pessoa idosa deve estar sempre atento aos sinais 
e sintomas de hipóxia, para pronta identificação da situação e imediata intervenção, por 
meio da promoção de um suporte ventilatório adequado, garantindo, assim, a sobrevida da 
pessoa idosa. 
 
2. Análise das afirmativas 
 
I – Afirmativa correta. 
JUSTIFICATIVA. O rebaixamento do nível de consciência é um dos primeiros sinais de 
hipóxia, que pode ser caracterizado pela agitação e apreensão. O aumento da pressão 
arterial e da frequência cardíaca ocorrem para compensar a oferta de oxigênio para os 
órgãos vitais do organismo. 
 
II – Afirmativa incorreta. 
JUSTIFICATIVA. Essas alterações não são características de hipóxia. 
 
III – Afirmativa correta. 
JUSTIFICATIVA. O aumento na frequência e na profundidade dos movimentos respiratórios 
ocorre para aumentar a oferta de oxigênio e melhorar as trocas gasosas. Cianose é um sinal 
característico da deficiência na oxigenação tecidual. 
 
IV – Afirmativa incorreta. 
JUSTIFICATIVA. Somente a diminuição do nível de consciência é característica de hipóxia. 
 
Alternativa correta: B. 
Material Específico – Enfermagem – Tomo 1 – CQA/UNIP 
71 
3. Indicações bibliográficas 
 
• CALIL, A. M.; PARANHOS, W. Y. O enfermeiro e as situações de emergência. São Paulo: 
Atheneu, 2007. 
• KUMAR, V.; ABBAS, A. K.; FAUSTO, N. Robbins e Cotran: patologia: bases patológicas 
para as doenças. 7. ed. 5. tiragem. Rio de Janeiro: Elsevier, 2005. 
• SMELTZER, S. C.; BARE, B. G. Brunner e Suddarth: tratado de enfermagem médico-
cirúrgica. 10. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Material Específico – Enfermagem – Tomo 1 – CQA/UNIP 
72 
Questões 17, 18, 19, 20 e 21 
CONSIDERE AS INFORMAÇÕES ABAIXO PARA RESPONDER ÀS QUESTÕES DE 17 A 21. 
Tamires, 18 meses de idade, filha de Maria e Jonas, foi levada por seus pais à consulta de 
enfermagem com a enfermeira Angélica no serviço de puericultura. Nasceu com 38 semanas 
de gestação, de parto normal, peso 3.200g, estatura 46 cm; Apgar 9 e 10. O calendário 
vacinal está em dia. Foi amamentada exclusivamente até os 6 meses e continua em 
aleitamento materno complementar. Faz a refeição junto com a família. Mantém indicadores 
de desenvolvimento compatíveis com a idade. É desejo da família manter o aleitamento até 
os 2 anos. O gráfico peso-idade do Cartão da Criança é apresentado a seguir. 
 
 
 
Questão 17.17 
I. A enfermeira deve elogiar os pais, tendo em vista o bom ganho de peso nos cinco 
primeiros meses. 
PORQUE 
II. O gráfico apresenta um traçado ascendente predominante. 
A esse respeito, pode-se concluir que 
A. as duas afirmações são corretas, e a segunda justifica a primeira. 
 
17Questão 28 - Enade 2004. 
Material Específico – Enfermagem – Tomo 1 – CQA/UNIP 
73 
B. as duas afirmações são corretas, e a segunda não justifica a primeira. 
C. as duas afirmações são incorretas. 
D. a primeira afirmação é correta, e a segunda é incorreta. 
E. a primeira afirmação é incorreta, e a segunda é correta. 
 
Questão 18.18 
I. A estabilização do peso entre cinco e seis meses, embora represente perigo, não afetou o 
ganhoponderal global do primeiro ano. 
PORQUE 
II. A interrupção da amamentação exclusiva e o início do desmame se deram aos cinco 
meses, portanto, dentro do período indicado. 
A esse respeito, pode-se concluir que 
A. as duas afirmações são corretas, e a segunda justifica a primeira. 
B. as duas afirmações são corretas, e a segunda não justifica a primeira. 
C. as duas afirmações são incorretas. 
D. a primeira afirmação é correta, e a segunda é incorreta. 
E. a primeira afirmação é incorreta, e a segunda é correta. 
 
Questão 19.19 
I. A enfermeira deve advertir os pais de que o peso não evoluiu adequadamente, como 
esperado para o sexo e faixa etária, entre os percentis 10 e 97 (P10 e P97). 
PORQUE 
II. O gráfico apresenta traçado estável entre cinco e seis meses (perigo), e traçado 
descendente entre 14 e 16 meses (grande perigo). 
A esse respeito, pode-se concluir que 
A. as duas afirmações são corretas, e a segunda justifica a primeira. 
B. as duas afirmações são corretas, e a segunda não justifica a primeira. 
C. as duas afirmações são incorretas. 
D. a primeira afirmação é correta, e a segunda é incorreta. 
E. a primeira afirmação é incorreta, e a segunda é correta. 
 
 
 
18Questão 29 - Enade 2004. 
19Questão 30 - Enade 2004. 
Material Específico – Enfermagem – Tomo 1 – CQA/UNIP 
74 
Questão 20.20 
I. A enfermeira deve perguntar aos pais a que se deve a variação no peso da criança entre 
cinco e sete meses. 
PORQUE 
a introdução de novos alimentos no período de desmame a partir do 5o mês provocou 
desaceleração no ganho ponderal da criança. 
A esse respeito, pode-se concluir que 
A. as duas afirmações são corretas, e a segunda justifica a primeira. 
B. as duas afirmações são corretas, e a segunda não justifica a primeira. 
C. as duas afirmações são incorretas. 
D. a primeira afirmação é correta, e a segunda é incorreta. 
E. a primeira afirmação é incorreta, e a segunda é correta. 
 
Questão 21.21 
I. Até os seis meses de idade, período da amamentação exclusiva, a criança apresentou 
somente um problema de saúde. 
PORQUE 
II. A família compareceu com assiduidade às consultas de puericultura programadas pela 
unidade, o que é digno de elogio. 
A esse respeito, pode-se concluir que 
A. as duas afirmações são corretas, e a segunda justifica a primeira. 
B. as duas afirmações são correta,s e a segunda não justifica a primeira. 
C. as duas afirmações são incorretas. 
D. a primeira afirmação é correta, e a segunda é incorreta. 
E. a primeira afirmação é incorreta, e a segunda é correta. 
 
1. Introdução teórica 
 
1.1. Crescimento e desenvolvimento da criança 
 
 O crescimento e o desenvolvimento expressam o somatório de inúmeras alterações 
que acontecem durante a vida de um indivíduo. Embora sejam usualmente referidos com 
 
20Questão 31 - Enade 2004. 
21Questão 32 - Enade 2004. 
Material Específico – Enfermagem – Tomo 1 – CQA/UNIP 
75 
uma única unidade, conceitualmente crescimento e desenvolvimento são unidades 
diferentes. Crescimento é definido como o aumento no número e no tamanho das células à 
medida que elas se dividem e sintetizam novas proteínas, refletindo no aumento físico do 
corpo, como um todo ou em suas partes. Desenvolvimento é um processo amplo que se 
refere a uma transformação complexa, contínua, dinâmica e progressiva do ser humano a 
partir de estágios mais inferiores para níveis mais avançados de complexidade, incluindo o 
crescimento, a maturação, a aprendizagem e os aspectos sociais e psíquicos (WONG, 1999; 
BRASIL, 2002). 
 Crescimento é o aumento do tamanho corporal, um processo dinâmico e contínuo que 
se inicia na concepção e cessa com o término do aumento em altura. É o aspecto mais 
proeminente da infância e da adolescência, considerado como um dos melhores indicadores 
de saúde da criança, por sua estreita dependência de fatores ambientais, tais como 
alimentação, ocorrência de doenças, cuidados gerais e de higiene, condições de habitação e 
saneamento básico e de acesso aos serviços de saúde (BRASIL, 2002). 
O crescimento linear (altura) acontece como consequência do crescimento esquelético 
e é considerado uma medida estável do crescimento geral. O peso corporal também é um 
importante indicador do crescimento de uma criança, pois a avaliação periódica do ganho de 
peso permite o acompanhamento do progresso individual de cada criança, identificando 
aquelas com maior risco de morbi/mortalidade, sinalizando alarme precoce para desnutrição 
infantil (WONG, 1999; BRASIL, 2002). 
Toda criança deve ser acompanhada sistematicamente por profissionais de saúde 
para avaliação do seu crescimento e desenvolvimento, constituindo o eixo central do 
atendimento a esta população para a caracterização dos fatores de risco e o diagnóstico de 
desnutrição infantil. Com o acompanhamento adequado de cada criança, torna-se possível o 
estabelecimento de condutas curativas frente aos processos patológicos presentes e o 
estabelecimento de condutas preventivas e de promoção de saúde adequadas para cada 
indivíduo, como vacinação, alimentação, cuidados gerais e educação em saúde (BRASIL, 
2002). 
Segundo o Ministério da Saúde, a forma mais adequada de realizar o 
acompanhamento de crescimento de uma criança nos serviços básicos de saúde é o registro 
periódico do peso e da altura de acordo com a idade. Para tal, em 1984, o Programa de 
Atenção Integral à Saúde da Criança (PAISC), implantado pelo próprio Ministério, elaborou o 
Cartão da Criança, instrumento que toda criança com até 6 anos deve possuir, no qual o 
Material Específico – Enfermagem – Tomo 1 – CQA/UNIP 
76 
profissional de saúde deve anotar as informações mais relevantes da história de saúde e de 
desenvolvimento da criança (BRASIL, 2002). 
 O Cartão da Criança possui gráficos de avaliação do peso e da altura conforme a 
idade e o sexo da criança. O gráfico Peso/Idade, mostrado na figura 1, possui dois eixos, um 
vertical e o outro horizontal. O eixo vertical corresponde ao peso (em quilogramas) e o 
horizontal à idade da criança (em meses) até 72 meses ou quatro anos de idade. 
 
 
Figura 1. Gráfico Peso/Idade do Cartão da Criança do Ministério da Saúde. 
Fonte, Ministério da Saúde, 2002. 
 
 Com base no padrão internacional adotado pela Organização Mundial de Saúde, o 
Ministério da Saúde propõe um gráfico com quatro linhas nominadas de cima para baixo: 
linha superior (representa o percentil 97), linha pontilhada (representa o percentil 10), 
terceira linha (representa o percentil 3) e linha inferior, em vermelho (corresponde ao 
percentil 0,1). 
Toda vez que a criança é pesada, esse peso deve ser marcado com um ponto no 
encontro da linha correspondente ao peso observado (eixo vertical) e da linha 
correspondente à idade da criança (eixo horizontal). Então, deve-se avaliar a posição do 
ponto do peso em relação às linhas do gráfico, procedendo à leitura que segue. 
• Acima do percentil 97: sobrepeso. 
• Entre percentis 97 e 3: faixa de normalidade nutricional. 
• Entre percentis 10 e 3: risco nutricional. 
• Entre percentis 3 e 0,1: peso baixo. 
• Abaixo do percentil 0,1: peso muito baixo. 
Material Específico – Enfermagem – Tomo 1 – CQA/UNIP 
77 
Em todas as medições, devem-se observar a posição e o sentido do traçado da curva 
de crescimento da criança (ascendente, horizontal ou descendente). A curva é desenhada 
em linha contínua a partir da ligação de dois ou mais pontos com intervalos não superiores a 
2 meses. Intervalos maiores devem ser desenhados com linha pontilhada para chamar a 
atenção. Cada uma das condições observadas requer uma conduta específica, conforme 
quadro 1. 
 
Quadro 1. Condutas recomendadas para algumas situações de crescimento da criança com até 6 anos de idade. Ministério 
da Saúde, 2002. 
Posição 
do peso 
Inclinação 
da curva 
Condição do 
crescimento 
Condutas 
Acima de 
P97 
Ascendente Alerta: risco de 
sobrepeso e 
obesidade 
• Verificar aexistência de erros alimentares, orientar a mãe para 
uma alimentação mais adequada de acordo com as normas para 
alimentação da criança sadia, excetuando-se bebês em aleitamento 
materno exclusivo. Dietas com restrição calórica só são 
recomendaddas para crianças a partir dos 4 anos com peso/altura 
> P97. 
• Orientar a mãe sobre a vacinação, cuidados gerais, higiene e 
estimulação de acordo com a idade da criança. 
• Verificar e estimular a atividade física regular, principalmente 
crianças acima de 4 anos. 
• Marcar retorno para 30 dias. 
 
Entre P97 e 
P10 
 
Ascendente 
 
Satisfatório 
• Parabenizar a mãe sobre o crescimento satisfatório da criança. 
• Marcar retorno de acordo com o calendário mínimo de 
consultas. 
 
Entre P97 e 
P10 
 
Horizontal 
ou 
descendente 
 
Alerta 
• Investigar possíveis intercorrências que possam justificar a 
diminuição da velocidade do crescimento e registrá-las no Cartão. 
• Tratar as intercorrências presentes. 
• Marcar retorno para 30 dias. 
 
Entre P10 e 
P3 
 
Ascendente 
 
Alerta 
• Investigar possíveis causas com atenção especial para o 
desmame, dentição, intercorrências infeccionsas, formas de cuidado 
com a criança e afeto, informar a mãe. 
• Tratar intercorrências clínicas, registrando-as no Cartão. 
• Marcar retorno para 30 dias. 
 
 
Entre P10 e 
P3 
 
Horizontal 
ou 
descendente 
 
Insatisfatório: 
classificar como risco 
nutricional 
• Investigar possíveis causas com atenção especial para o 
desmame, almentação, intercorrências infecciosas, cuidados com a 
criança, afeto, higiene e informar a mãe. 
• Tratar intercorrências clínicas, registrando-as no Cartão. 
• Orientar a mãe sobre alimentação especial visando ao ganho de 
peso. 
• Encaminhar para o serviço social, se disponível. 
• Realizar nova consulta em intervalo máximo de 15 dias. 
Entre P3 e 
P0,1 
Ascendente, 
horizontal 
ou 
descendente 
Peso baixo Para crianças menores de 2 anos: 
• Orientar a mãe sobre a alimentação complementar adequada 
para a idade. 
• Retornar no intervalo máximo de 15 dias. 
• Se a criança não ganhar peso, referir para serviços de 
recuperação nutricional ou tratar como peso muito baixo. 
Abaixo de 
P0, 1 sem 
presença de 
sinais 
clínicos de 
desnutrição 
Ascendente, 
horizontal 
ou 
descendente 
Peso muito baixo • Investigar possíveis causas com atenção especial para o 
desmame., alimentação, intercorrências infecciosas, cuidados com a 
criança, afeto, higiene, e informar a mãe. 
• Tratar intercorrências clínicas. 
• Encaminhar para serviços de maior complexidade de cada 
localidade ou serviçoes de referência. 
• Encaminhar para o serviço social, se disponível. 
Material Específico – Enfermagem – Tomo 1 – CQA/UNIP 
78 
• Ensinar a mãe a preparar e oferecer à criança uma dieta 
hipercalórica e hiperproteica. 
• Tratar a desnutrição em casa ou encaminhar à unidade de 
maior complexidade de cada localidade ou para serviços de 
referência. 
• Realizar nova consulta com intervalo máximo de 15 dias. 
Abaixo de 
P0,1 com 
presença de 
sinais 
clínicos de 
formas 
graves de 
desnutrição 
Ascendente, 
horizontal 
ou 
descendente 
Formas clínicas de 
desnutrição 
protéico-calóricas: 
marasmo, 
kwashiorkor ou 
misto 
• Referir imediatamente para serviços de maior complexidade ou 
serviços de referência. 
Fonte. Ministério da Saúde, 2002. 
 
Para uma boa avaliação do crescimento da criança, são necessárias avaliações 
periódicas por meio de consultas médicas ou de enfermagem para aferição das medidas 
antropométricas (peso e altura) e avaliação das condições de saúde da criança. O calendário 
de consultas para a assistência à criança, preconizado pelo Ministério da Saúde engloba que, 
no mínimo, devem ser realizadas sete consultas no primeiro ano de vida (com 15 dias, um, 
dois, quatro, seis, nove e doze meses), duas no segundo ano (18 e 24 meses) e uma a cada 
ano até a criança completar 6 anos de vida. O acompanhamento sistemático e contínuo do 
crescimento e desenvolvimento infantil são indicadores da qualidade da atenção prestada à 
criança nos serviços de saúde. 
 
1.2. Amamentação 
 
 O aleitamento materno é uma estratégia natural de vínculo, afeto, proteção e 
nutrição para a criança, constituindo-se na intervenção mais simples, sensível, econômica e 
eficaz para redução da morbimortalidade infantil, sendo de fundamental importância para a 
promoção da alimentação saudável e para prevenção de distúrbios nutricionais de grande 
impacto em Saúde Pública (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2009). 
 Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS, 2007), o aleitamento materno é 
fundamental para o crescimento normal das crianças, desde que seguido de acordo com as 
diretrizes sobre alimentação complementar – até os seis meses de vida, a criança só deve 
ser alimentada com leite materno e, depois, deve receber alimentos complementares 
suficientes e inócuos que não ofereçam risco à saúde, junto com o leite materno por até 
dois anos ou mais. 
 O aleitamento materno pode ser classificado em: a) aleitamento materno exclusivo – 
quando a criança recebe somente leite materno, direto da mama ou ordenhado, ou leite 
Material Específico – Enfermagem – Tomo 1 – CQA/UNIP 
79 
humano de outra fonte, sem a introdução de outro tipo de alimento; b) aleitamento materno 
predominante – quando a criança recebe, além do leite materno, água ou bebidas à base de 
água e sucos de fruta; c) aleitamento materno complementado – quando recebe, além de 
leite materno, qualquer alimento sólido ou semissólido, com o objetivo de complementá-lo e 
não susbtituí-lo; d) aleitamento materno misto ou parcial – quando a criança recebe leite 
materno e outros tipos de leite e; e) aleitamento materno – quando a criança recebe leite 
materno (direto da mama ou ordenhado), independentemente de receber ou não outros 
alimentos (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2009; ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE, 2007). 
 A Organização Mundial de Saúde e o Ministério da Saúde recomendam o aleitamento 
materno exclusivo por seis meses e complementado até os dois anos ou mais. A evidência 
científica comprovou que o aleitamento materno exclusivo evita mortes infantis, diarreia, 
infecções respiratórias; diminui o risco de alergias, de hipertensão, colesterol alto e 
diabetes; reduz a chance de obesidade e configura-se na melhor nutrição oferecida ao bebê 
(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2009; ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE, 2007). 
 O leite materno contém todos os nutrientes essenciais para o crescimento e 
desenvolvimento satisfatórios da criança, sendo capaz de suprir as suas necessidades 
nutricionais nos primeiros meses de vida, sem a necessidade da introdução de qualquer 
fonte de alimento ou mesmo água. Continua sendo importante fonte de proteínas, gorduras 
e vitaminas para nutrição da criança no segundo ano de vida (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 
2009). 
 
2. Análise das questões 
 
Questão 17. 
 
Observa-se pelo gráfico peso/idade de Tamires que houve presença constante dos 
pais às consultas de enfermagem para avaliação da criança no primeiro ano de vida. Nota-
se, pelo ponto de intersecção de peso e idade, que Tamires se manteve regularmente entre 
os percentis P10 e P97 em todas as avaliações, indicando que seu crescimento está normal. 
O traçado da curva de ganho de peso até o quinto mês de vida estava ascendente, que 
corresponde a um crescimento satisfatório. 
Vemos que as duas afirmativas são corretas. De acordo com o Ministério da Saúde, 
quando o peso permanece entre os percentis P97 e P10, com inclinação ascendente da 
curva, os pais devem ser parabenizados com relação ao crescimento satisfatório da criança, 
Material Específico – Enfermagem – Tomo 1 – CQA/UNIP 
80 
como é o caso de Tamires, nos primeiros cinco meses de vida. Assim, a segunda assertiva 
justifica a primeira. 
 
Alternativa correta: A. 
 
Questão 18. 
 
Observa-se pelo gráfico peso/idade que, entre o 5° e o 6° mês de vida, Tamires não 
obteve um ganhoponderal de peso satisfatório, visto que, unindo os pontos entre os 
referidos meses, nota-se que a linha se torna mais linear (reta), o que corresponde à zona 
de perigo, conforme é apresentado no próprio gráfico à esquerda. Contudo, no contexto 
geral, Tamires apresentou um ganho de peso satisfatório no primeiro ano de vida porque se 
manteve entre os percentis P97 e P10, com traçado da linha predominantemente 
ascendente. 
Por meio da análise do gráfico, vemos que Tamires foi amamentada até os seis meses 
de vida, pois logo acima do ponto de anotação do peso encontra-se a letra A, que significa 
aleitamento materno, conforme referido no lado esquerdo do gráfico. 
Tamires foi amamentada exclusivamente no seio materno até o sexto mês de vida. 
Pode-se observar também que o início da introdução de outros alimentos se deu no sétimo 
mês de vida e não no quinto como refere à assertiva II. Em segundo lugar, de acordo com a 
OMS e o Ministério da Saúde, o aleitamento materno deve ser exclusivo até os seis meses, 
corroborando a afirmação de que a assertiva está incorreta. 
 
Alternativa correta: D. 
 
Questão 19. 
 
Observa-se pelo gráfico peso/idade de Tamires que o ponto de intersecção entre peso 
e idade se manteve regularmente entre os percentis P10 e P97 em todas as avaliações, 
significando que seu crescimento está normal, ou seja, dentro da faixa de normalidade 
nutricional, como preconizado pelo Ministério da Saúde (2002). 
Vemos também, pelo gráfico peso/idade, que, unindo os pontos de intersecção entre 
peso/idade no 5° e 6° mês de vida, a linha torna-se mais linear (reta), o que corresponde à 
zona de perigo, conforme é apresentado no próprio gráfico à esquerda. Nota-se também 
Material Específico – Enfermagem – Tomo 1 – CQA/UNIP 
81 
que o traçado entre os meses 14 e 16 foi descendente, indicando grande perigo para déficit 
nutricional. 
 
Alternativa correta: E. 
 
Questão 20. 
 
Pelo traçado linear entre o quinto e o sexto mês de vida de Tamires pode-se afirmar 
que não houve um ganho de peso significativo nesse período, mas também não houve uma 
variação de peso importante, digna de investigação. Nota-se que entre o 6° e o 7° mês, 
Tamires manteve a curva ascendente de ganho de peso, o que é considerado normal. Se for 
traçada uma linha unindo o quinto e o sétimo mês, observa-se que o traçado também será 
ascendente, não sendo necessária nenhuma investigação com relação ao fato. Ressalta-se 
que, durante o referido período, o peso de Tamires permaneceu entre P97 e P10, que é 
considerado normal. 
Por meio da análise do gráfico pode-se afirmar que Tamires foi amamentada 
exclusivamente no seio materno até o sexto mês de vida, pois desde o nascimento até o 
sexto mês está escrito a letra A logo acima do ponto de anotação do peso, que significa 
aleitamento materno. Pode-se observar, também, que o início da introdução de outros 
alimentos em sua dieta se deu no sétimo mês de vida e não no quinto como refere à 
assertiva II. 
 
Alternativa correta: C. 
 
Questão 21. 
 
A análise do gráfico peso/idade de Tamires indica que a criança foi amamentada 
exclusivamente com leite materno até os seis meses de vida. Entretanto, é notório que a 
criança não apresentou qualquer problema de saúde durante esse período. 
Nota-se que, até o primeiro ano de vida, os pais de Tamires a encaminharam 
mensalmente à Unidade Básica de Saúde para realização das consultas de enfermagem. O 
Ministério da Saúde recomenda que sejam realizadas, no mínimo, sete consultas até 12 
meses de vida. Nota-se que Tamires realizou 13 consultas, o que é excelente. No segundo 
Material Específico – Enfermagem – Tomo 1 – CQA/UNIP 
82 
ano, é recomendado, no mínimo, duas consultas. Observa-se que Tamires, com 18 meses 
de vida, já realizou três consultas de enfermagem, o que realmente é digno de elogio. 
 
Alternativa correta: E. 
 
3. Indicações bibliográficas 
 
• ABRÃO, A. C. F. V. Aleitamento materno. In: BARROS, S.M.O. (org.). Enfermagem no 
ciclo gravídico-puerperal. Barueri (SP): Manole, 2006. p. 223-36. 
• BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Políticas de Saúde. Departamento de Atenção 
Básica. Saúde da criança: acompanhamento do crescimento e desenvolvimento infantil. 
Brasília (DF): Ministério da Saúde, 2002. 
• BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção 
Básica. Saúde da criança: nutrição infantil: aleitamento materno e alimentação 
complementar. Brasília (DF): Ministério da Saúde, 2009. 
• CARVALHO, M. R.; TAMEZ, R. N. Amamentação: bases científicas. Rio de Janeiro: 
Guanabara Koogan, 2005. 
• MARCONDES, E. Pediatria básica. 9. ed. São Paulo: Savier, 2002. 
• WONG, D. L. Enfermagem pediátrica: elementos essenciais à intervenção efetiva. 5. ed. 
Guanabara Koogan, 1999. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Material Específico – Enfermagem – Tomo 1 – CQA/UNIP 
83 
Questão 22 
Questão 22.22 
Mariana, 14 anos, vive em uma área sem risco para febre amarela. Foi com sua mãe à 
Unidade Básica de Saúde para vacinar-se, por recomendação da escola. Levou consigo o 
cartão de vacinação mostrado a seguir. 
 
 
 
Que esquema vacinal a enfermeira deve recomendar para ela? 
A. Aplicar a dose de reforço da DTa (difteria e tétano-duplo tipo adulto) e agendar a 
próxima para 10 anos; fazer o reforço da BCG; iniciar o esquema básico da Hep.b 
(proteção da hepatite B). 
B. Reiniciar o esquema básico DT (difteria e tétano-duplo tipo adulto) em dose única e 
agendar o reforço para 10 anos; iniciar o esquema básico da Hep.b (proteção da hepatite 
B) em três doses e não vacinar para BCG. 
C. Fazer o reforço de DTa (difteria e tétano-duplo tipo adulto) e da vacina de Hep.b 
(proteção da hepatite B) e iniciar o esquema de BCG. 
D. Fazer o reforço da DTa (difteria e tétano-duplo tipo adulto) em três doses e reforço do 
BCG; iniciar o esquema básico da Hep.b (proteção da hepatite B) em três doses. 
 
22Questão 33 - Enade 2004. 
 
Material Específico – Enfermagem – Tomo 1 – CQA/UNIP 
84 
E. Fazer a vacina da Hep.b (proteção da hepatite B) em dose única; agendar para 30 dias a 
vacinação de BCG e agendar o retorno para o reforço da DTa (difteria e tétano-duplo tipo 
adulto) para os 15 anos de idade. 
 
1. Introdução teórica 
 
Calendário básico de vacinação 
 
 O enfermeiro pode atuar em quatro grandes áreas de assistência à saúde: a 
promoção de saúde, a prevenção de doenças, o tratamento das doenças e a reabilitação. 
Um importante recurso para a prevenção de doenças transmissíveis é a vacinação ou a 
imunização. 
 Em 1973, o Ministério da Saúde do Brasil instituiu o Programa Nacional de Imunização 
(PNI), com o objetivo de erradicar ou manter sob controle as doenças infecto-contagiosas 
que podem ser controladas por meio da vacinação, reduzindo a morbimortalidade causada 
por essas doenças e afecções (Ministério da Saúde, 2003). Desde então, o PNI coordena as 
atividades relacionadas à imunização e preconiza normas específicas de imunização 
pautadas em conhecimento técnico-científico e na experiência prática que devem ser de 
conhecimento geral das instituições de saúde, públicas ou privadas, dos profissionais de 
saúde e da população em geral (CVE, 2008). 
 O calendário básico de vacinação, criado pelo PNI, constitui uma norma que define 
quais são as vacinas, as doses e o período de vacinação que pode ser administrada no 
indivíduo, devendo ser rigorosamente seguida por todas as instituições de saúde. Desde 
2004, o Ministério da Saúde adota diferentes calendários básicos de vacinação: para a 
criança, para o adolescente, para o adulto e para a pessoa idosa. 
 O calendário de vacinação da criança abrange a criança desde o nascimento até os 10 
anos de idade. Nessa norma, é preconizado que cada criança seja vacinada conforme 
apresentado no quadro 1. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Material Específico – Enfermagem – Tomo 1 – CQA/UNIP 
85 
Quadro 1. Vacinasque devem ser administradas na criança. 
Vacina Dose Doença evitada 
BCG Dose única Tuberculose 
Hepatite B 3 doses Hepatite B 
Tetravalente* (DPT + Hib) 3 doses Tétano, difteria, coqueluche e 
meningite (Haemophilus 
influenza tipo B). 
Tríplice bacteriana (DTP) 2 reforços Tétano, difteria, coqueluche. 
VOP (vacina oral contra 
poliomielite) 
3 doses + 1 reforço Poliomielite 
VORH (Vacina Oral de 
Rotavírus Humano) 
2 doses Rotavírus 
Febre amarela** 1 dose inicial e 1 
reforço cada 10 anos 
Febre amarela 
Tríplice viral (SCR) 1 dose inicial e 1 
reforço 
Sarampo, caxumba e rubéola 
* O esquema de vacinação atual é feito aos 2, 4 e 6 meses de idade com a vacina Tetravalente e dois reforços com a 
Tríplice Bacteriana (DTP). 
** A vacina contra febre amarela está indicada para crianças a partir dos 09 meses de idade que residam ou que irão viajar 
para área endêmica, área de transição e área de risco potencial. Se viajar para áreas de risco, vacinar contra a febre 
amarela 10 (dez) dias antes da viagem. 
Fonte. Ministério da Saúde, 2009. 
 
O calendário de vacinação do adolescente inclui indivíduos com idade entre 11 e 19 
anos. Nessa norma, é preconizado que cada adolescente seja vacinado considerando-se o 
esquema atual de vacinação, conforme doses registradas no cartão de vacinação. O 
adolescente que não tiver comprovação de vacina anterior deve ser vacinado com as 
seguintes vacinas: três doses da dupla adulto (dT), que protege contra tétano e difteria, 
sendo necessária uma dose de reforço a cada 10 anos; três doses de hepatite B; uma dose 
de febre amarela com reforço a cada 10 anos (se residir em região endêmica); e uma dose 
única da tríplice viral (SCR). Se o adolescente estiver com o esquema vacinal incompleto, o 
profissional deve completar o esquema iniciado (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2009). 
A pessoa idosa e o adulto com idade superior ou igual a 20 anos devem receber as 
vacinas conforme as doses registradas no cartão de vacinação. Um indivíduo que não 
apresente comprovação vacinal deve ser vacinado com três doses da dupla adulto (dT), com 
reforço a cada 10 anos; uma dose de febre amarela com reforço a cada 10 anos se residir 
em região endêmica; e uma única dose de SCR. Se o indivíduo estiver com o esquema 
vacinal incompleto, o profissional deve completar o esquema iniciado. Para a pessoa idosa 
com idade superior a 60 anos, o profissional deve administrar uma dose única da vacina 
contra influenza ou gripe e contra pneumonia causada pelo pneumococo (MINISTÉRIO DA 
SAÚDE, 2009). 
É importante mencionar que os calendários básicos de vacinação sofrem constantes 
atualizações. Nesse sentido, os calendários atuais para os diferentes grupos podem ser 
Material Específico – Enfermagem – Tomo 1 – CQA/UNIP 
86 
distintos do calendário apresentado. Por isso, recomenda-se a frequente verificação para se 
conhecer o calendário vacinal em vigor. 
 
2. Análise da questão 
 
A questão não apresenta alternativa correta. 
Existem dois tipos de vacinas contra a difteria e o tétano: a vacina dupla tipo infantil 
(DT) e a vacina dupla tipo adulto (dT). A vacina dupla tipo infantil (DT) contém a mesma 
quantidade de toxoides tetânico e diftérico que a tríplice (DPT), sendo indicada em crianças 
até seis anos e 11 meses de idade que tenham contraindicação médica formal de receber o 
componente pertusis da vacina tríplice (DPT). A dupla tipo adulto (dT) possui menor 
quantidade de toxoide diftérico, sendo indicada a partir de sete anos para pessoas que não 
tenham recebido a vacina tríplice (ou dupla tipo infantil), ou cujo estado imunitário seja 
desconhecido. (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2001; FARHAT et al, 2008). 
A vacina dupla adulta, mencionada em todas as alternativas, está escrita 
erroneamente, o correto seria chamá-la de dT (dupla adulto) porque a vacina contém menor 
quantidade de toxoide diftérico do que a vacina dupla infantil (DT). 
 
3. Indicações bibliográficas 
 
• BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Programa Nacional de 
Imunização: 30 anos. Projetos Programas e Relatórios. Brasília: Ministério da Saúde, 
2003. Disponível em <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/politicas/livro_30_anos_pni.pdf>. 
Acesso em 7 dez. 2009. 
• BRASIL. Ministério da Saúde. Programa Nacional de Imunização. Disponível em 
<http://portal.saude.gov.br/portal/saude/area.cfm?id_area=1448>. Acesso em 07 dez. 
2009. 
• BRASIL. Ministério da Saúde. Fundação Nacional de Saúde. Manual de normas de 
vacinação. 3. ed. Brasília: Ministério da Saúde, 2001. 
• GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO. Secretaria de Estado da Saúde. Coordenadoria 
de Controle de Doenças. Centro de Vigilância Epidemiológica Prof. Alexandre Vranjac. 
Norma técnica do programa de imunização. São Paulo: CVE, 2008. 
• FARHAT, C. K.; WECKX, L. Y.; CARVALHO, L. H. F. R.; MENEZES, R. C. Imunizações: 
fundamentos e prática. 5. ed. São Paulo: Atheneu, 2008. 
Material Específico – Enfermagem – Tomo 1 – CQA/UNIP 
87 
ÍNDICE REMISSIVO 
 
Questão 1 Coeficiente de Mortalidade Infantil (CMI). 
Questão 2 Respiração. Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa (PNSPI). 
Questão 3 Medicamentos: vancomicina. 
Questão 4 Alterações fisiológicas na gestação. 
Questão 5 Tuberculose. Desidratação. 
Questão 6 Câncer de mama. 
Questão 7 Medicamentos: fenoterol e metilprednisolona. 
Questão 8 Choque hipovolêmico. 
Questão 9 Assistência ao politraumatizado. Disfunções musculoesqueléticas – 
fraturas. 
Questão 10 Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e violência familiar. 
Questão 11 Condições crônicas. 
Questão 12 Tuberculose. 
Questão 13 Transtornos do humor (TH). 
Questão 14 Câncer cérvico-uterino. 
Questão 15 Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem (CEPE). 
Questão 16 Pessoa idosa – hipóxia. 
Questão 17 Crescimento e desenvolvimento da criança. Amamentação. 
Questão 18 Crescimento e desenvolvimento da criança. Amamentação. 
Questão 19 Crescimento e desenvolvimento da criança. Amamentação. 
Questão 20 Crescimento e desenvolvimento da criança. Amamentação. 
Questão 21 Crescimento e desenvolvimento da criança. Amamentação. 
Questão 22 Calendário básico de vacinação. 
 
 
 
 
 
 
Material Específico – Enfermagem – Tomo 2 – CQA/UNIP 
2 
 
CQA - COMISSÃO DE QUALIFICAÇÃO E AVALIAÇÃO 
 
 
 
 
ENFERMAGEM 
 
 
 
MATERIAL INSTRUCIONAL ESPECÍFICO 
 
 
 
 
 
 
Tomo 2 
 
 
Material instrucional específico, cujo conteúdo integral ou parcial 
não pode ser reproduzido ou utilizado sem autorização expressa, 
por escrito, da CQA/UNIP – Comissão de Qualificação e Avaliação 
da UNIP - UNIVERSIDADE PAULISTA. 
 
 
Material Específico – Enfermagem – Tomo 2 – CQA/UNIP 
3 
Questão 1 
Questão 1.1 
Sr. Roberto, 50 anos, pai de três rapazes, viúvo, servidor público, analista de sistemas, 
procurou o serviço de saúde do trabalho reclamando de “aperto no peito”. Na consulta de 
enfermagem, verificou-se que ele era fumante e sedentário, apresentava processos 
familiares alterados e estava insatisfeito com o seu salário e o excesso de peso. Diante 
desse diagnóstico, concluiu-se que o estilo de vida do cliente era de risco para sua saúde 
mental e então elaborou-se um plano de autocuidado. O que o(a) enfermeiro(a) deve incluir 
nesse plano? 
A. Prescrever orientações para evitar o fumo, encaminhar para a orientação nutricional e 
recomendar atividade física. 
B. Negociar com ele práticas de redução do fumo e estabelecimento de um programa de 
atividades físicas e recreativas e encaminhá-lo para a reeducação alimentar. 
C. Orientar para a busca do apoio dos filhos e de orientação sexual e recomendar que faça 
dieta sem sal e hipocalórica, deambule diariamente e reduza o tabagismo. 
D. Recomendar que realize atividades recreativas, observe dieta hipocalórica, evite o fumo e 
busque relacionamentos amorosos. 
E. Recomendar que realize atividades físicas e recreativas, observe dieta para reduzir 
hipertensão e obesidade e busquesatisfação sexual. 
 
1. Introdução teórica 
 
Cuidar em enfermagem e promoção de saúde 
 
Cuidar é um fenômeno universal que sempre esteve presente na história humana, 
como forma de viver e de se relacionar, acompanhando a evolução dos tempos e convivendo 
com as mais variadas formas de sociedade. As relações de cuidar se caracterizam por 
relações saudáveis em que pessoas exibem comportamentos de cuidar, ajudando umas às 
outras. Cuidar de alguém é ter estima e apreço pela pessoa, querendo seu bem-estar de 
forma integral (WALDOW, 2007; SILVA et al, 2009). 
Cuidado consiste em esforços transpessoais, de ser humano para ser humano, no 
sentido de proteger, promover e preservar a humanidade, ajudando as pessoas a 
encontrarem um significado para sua própria existência, para a doença, dor e sofrimento. É 
 
1Questão 15 - Enade 2004 
Material Específico – Enfermagem – Tomo 2 – CQA/UNIP 
4 
um modo de estar com o outro, em momentos especiais da vida, como na promoção e na 
recuperação da saúde, no nascimento e na morte (WALDOW, 2007; SILVA et al, 2009). 
Segundo Waldow (2007), o cuidado pode ser encarado como um processo que 
favorece o empoderamento, o crescimento e a realização da humanidade, permitindo uma 
concepção mais acurada da realidade. Cuidar é uma característica humana que foi adotada 
pela enfermagem tornando-se sua essência e o ideal moral da profissão (SILVA et al, 2009; 
WALDOW, 2007). 
De acordo com Santos (2009), cuidar do outro é, antes de tudo, cuidar de si, 
enquanto cuidado é um processo em que se ajuda o outro a crescer, por meio da confiança 
mútua e da construção de um relacionamento saudável. Pensando nesse contexto, Orem, 
em 1958, mencionou pela primeira vez o termo autocuidado, no campo da enfermagem, ao 
refletir acerca da necessidade do ser humano aprender a se cuidar para promover sua saúde 
e seu próprio bem-estar (SILVA et al, 2009), gerando, assim, a concepção de autocuidado. 
Para Silva et al (2009), o autocuidado é uma atividade do indivíduo apreendida por 
ele e orientada para um objetivo. É uma ação desenvolvida em situações concretas da vida, 
às quais o indivíduo dirige para si mesmo para regular os fatores que afetam seu próprio 
desenvolvimento. 
Autocuidado é um elemento essencial para o bem-estar e a chave para o sucesso da 
promoção de saúde. Esse conceito está embasado na premissa de que cada indivíduo, 
sozinho, pode fazer as escolhas que determinam o quanto o seu estilo de vida é saudável. À 
medida que as pessoas reconhecem o efeito significativo que o estilo de vida e o 
comportamento exercem sobre sua saúde, elas podem assumir responsabilidades no sentido 
de evitar comportamentos de alto risco, como o fumo, o uso de álcool e drogas, o consumo 
excessivo de alimentos e outras práticas não saudáveis (BRUNNER e SUDDARTH, 2005). 
Desse modo, com vista à promoção da saúde e ao bem-estar, o plano de cuidados de 
enfermagem deve englobar o autocuidado para o desenvolvimento da autonomia dos 
indivíduos no cuidado com a própria saúde, encorajando-os a promover comportamentos 
benéficos ao organismo. 
Segundo Brunner e Suddarth (2005), a nutrição é um componente essencial para a 
promoção da saúde e do bem-estar físico e emocional. Uma boa nutrição tem sido sugerida 
como o fator mais simples e significativo na determinação do status de saúde e de 
longevidade. A prática de exercícios físicos também está relacionada à promoção da saúde, 
porque melhora o funcionamento do sistema respiratório e circulatório, reduz o colesterol e o 
peso pelo aumento da queima de calorias e ainda retarda as mudanças degenerativas, 
Material Específico – Enfermagem – Tomo 2 – CQA/UNIP 
5 
aumentando a força muscular e a resistência física. Por isso, um programa apropriado de 
exercício pode ter efeito significativo na saúde física e mental de um indivíduo e deve ser 
praticado regularmente (BRUNNER e SUDDARTH, 2005). 
A administração do estresse e a sua redução também são fatores importantes da 
promoção de saúde. Um estressor pode ser definido como um evento ou situação, que cria 
um potencial para alterações fisiológicas, emocionais, cognitivas ou comportamentais em um 
indivíduo. O estresse deve ser combatido e minimizado pelo potencial risco à saúde, por 
meio de técnicas de relaxamento, pela prática de exercícios físicos e pelo enfrentamento das 
situações estressantes (BRUNNER e SUDDARTH, 2005). 
Conclui-se que a alimentação saudável, a prática de exercícios físicos, a redução do 
estresse e a eliminação ou redução de hábitos não saudáveis como o tabagismo e o etilismo 
constituem fatores importantes para a promoção de saúde que devem ser estimulados pelo 
profissional da área, por meio do encorajamento da prática do autocuidado. 
 
2. Análise das alternativas 
 
Questão 1. 
 
A – Alternativa incorreta. 
JUSTIFICATIVA. O enfermeiro deve estimular e negociar a redução do hábito de fumar e 
não prescrever orientações para evitar o fumo. Se assim o fizer, o profissional impõe sua 
conduta e desrespeita a autonomia e o poder de decisão do Sr. Roberto. 
 
B – Alternativa correta. 
JUSTIFICATIVA. O profissional deve respeitar o Sr. Roberto, negociando com ele estratégias 
para redução do tabagismo; deve estimular e estabelecer um programa de atividades físicas 
e recreativas para a promoção de sua saúde e minimizar risco de problemas relacionados à 
saúde mental; deve, ainda, encaminhá-lo para um programa de reeducação alimentar que, 
provavelmente, irá elaborar um cardápio ideal para o Sr. Roberto perder peso. 
 
C – Alternativa incorreta. 
JUSTIFICATIVA. O enunciado da questão não apresentou dados relacionados à falta de 
apoio familiar ou mesmo a problemas relacionados à orientação sexual do Sr. Roberto. Por 
isso, a alternativa não se relaciona à resolução dos problemas do cliente. 
Material Específico – Enfermagem – Tomo 2 – CQA/UNIP 
6 
D – Alternativa incorreta. 
JUSTIFICATIVA. A realização de atividades de recreação é positiva para o Sr. Roberto, mas a 
observação de uma dieta hipocalórica não é coerente. Faria mais sentido se a alternativa 
apresentasse um programa de reeducação alimentar, para que o paciente mude o seu 
hábito alimentar e, assim, consiga perder peso. Além do mais, a busca de relacionamentos 
amorosos pode não resolver os processos familiares alterados porque o enunciado não 
explicita detalhadamente quais são os problemas familiares enfrentados pelo cliente. 
 
E – Alternativa incorreta. 
JUSTIFICATIVA. O enunciado não mencionou que o Sr. Roberto tem hipertensão arterial ou 
mesmo problemas relacionados à sua sexualidade. 
 
3. Indicações bibliográficas 
 
• WALDOW, V. R. Cuidar: expressão humanizadora da enfermagem. 2. ed. Petrópolis (RJ): 
Vozes, 2007. 
• SILVA, I. J.; OLIVEIRA, M. F.; SILVA, S. E. D.; POLARO, S. H. I.; RADUNZ, V.; SANTOS, 
E. K. A.; SANTANA, M. E. Cuidado, autocuidado e cuidado de si: uma compreensão 
paradigmática para o cuidado em enfermagem. Rev Esc Enferm USP 2009; 43(3): 697-
703. 
• SMELTZER, S. C.; BARE, B. Brunner e Suddarth: tratado de enfermagem médico-
cirúrgica. 10. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005. 
• SANTOS, A. C. C. F. Referencial de cuidar em enfermagem psiquiátrica: um processo de 
reflexão de um grupo de enfermeiras. Esc Anna Nery Rev Enferm 2009 jan-mar; 
13(1):51-55. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Material Específico – Enfermagem – Tomo 2 – CQA/UNIP 
7 
Questão 2 
Questão 2.2 
A violência vem sendo abordada como um complexo fenômeno biopsicossocial e um 
problema de saúde pública. O crescente interesse em profissionais da área de saúde na 
investigação deste fenômeno está diretamente relacionado às sérias e profundas 
repercussões para a saúde, com destaques epidemiológicos para o aumento de casos 
envolvendo crianças, adolescentes, mulheres e idosos. 
Considerando os diferentes grupos humanos, como a violência pode ser classificada? 
A. Sexual, física e afetiva. 
B.Estrutural, afetiva e sexual. 
C. Estrutural, conjuntural e institucional. 
D. Física, institucional e policial. 
E. Social, policial e conjuntural. 
 
1. Introdução teórica 
 
Violência 
 
A violência é considerada um importante problema de saúde pública em todo o 
mundo, que afeta principalmente crianças, adolescentes, mulheres e pessoas idosas. Trata-
se de um fenômeno complexo e multicausal, que está enraizado nas estruturas sociais, 
econômicas e políticas, bem como nas consciências individuais. Nesse contexto, o Relatório 
Mundial da Organização Mundial da Saúde (OMS) categorizou a violência a partir das suas 
manifestações empíricas, como mostrado a seguir (OMS, 2002; MINAYO, 2004). 
• Violência autoinfligida – dirigida pela pessoa contra si mesma. Inclui os comportamentos 
suicidas e os autoabusos (agressão a si mesmo e automutilações). 
• Violência interpessoal – classificada em dois âmbitos – o intrafamiliar e o comunitário. 
• Violência intrafamiliar – ocorre entre os parceiros íntimos ou entre os membros da 
família, principalmente no ambiente domiciliar, mas pode acontecer fora dele. Inclui 
agressões contra crianças, mulheres e pessoas idosas. 
• Violência comunitária – ocorre em ambiente social em geral, entre conhecidos e 
desconhecidos. Inclui violência juvenil, agressões físicas, estupros, ataques sexuais e 
 
2Questão 16 - Enade 2004 
Material Específico – Enfermagem – Tomo 2 – CQA/UNIP 
8 
violência institucional, que é aquela que ocorre, por exemplo, em escolas, locais de trabalho, 
prisões e asilos. 
• Violência coletiva – ocorre nos âmbitos macrossociais, políticos e econômicos, 
caracterizando a dominação de grupos e do Estado. Nessa categoria, no âmbito social, 
incluem os crimes cometidos por grupos organizados, atos terroristas e de multidões. 
Abrange ainda ataques econômicos entre grupos e nações, geralmente motivados por 
intenções e por interesses de dominação. 
À classificação criada pelo Relatório da OMS, acrescenta-se outro tipo de violência, a 
estrutural. Essa categoria se refere aos processos sociais, políticos e econômicos que 
reproduzem e cronificam a fome, a miséria e as desigualdades sociais, de gênero, de etnia e 
mantêm o domínio adultocêntrico sobre as crianças e adolescentes. A violência estrutural é 
difícil de ser quantificada, perpetua-se nos processos históricos, repete-se e naturaliza-se na 
cultura, sendo responsável por privilégios e formas de dominação na sociedade. A maioria 
dos tipos de violência citados tem sua base na violência estrutural (MINAYO, 2004). 
Assim, considerando o momento ou o período em que a violência acontece, ela pode 
ser classificada do modo apresentado abaixo (BURKER, 1995; AZEVEDO, 2004). 
• Estrutural ou “endêmica” – congênere a uma doença crônica, pois é instalada numa 
parte da sociedade e vai criando metástases por toda a sociedade. Sua cura envolve um 
planejamento eficaz, coordenado pelas instituições para solucionar a problemática em 
questão. 
• Conjuntural ou “epidêmica” – registra-se em momentos ocasionais e, mesmo que não se 
vislumbre uma solução, com o passar do tempo é esmorecida. As manifestações populares 
para reivindicação de solução de problemas sociais, econômicos ou culturais são exemplos 
de violência conjuntural. 
Segundo a OMS (2002), a natureza dos atos violentos pode ser classificada nas 
quatro modalidades expostas a seguir. 
• Física – significa o uso da força para produzir traumatismos, feridas, dor ou incapacidade 
em outrem. 
• Psicológica – inclui as agressões verbais ou gestuais, com o objetivo de aterrorizar, 
rejeitar, humilhar a vítima, restringir a liberdade ou, ainda, isolá-la do convívio social. 
• Sexual – diz respeito ao ato ou ao jogo sexual que ocorre nas relações heterossexuais 
ou homossexuais e visa a estimular a vítima ou utilizá-la para obter excitação sexual e 
práticas eróticas, pornográficas e sexuais impostas por meio de aliciamento, violência física 
ou ameaças. 
Material Específico – Enfermagem – Tomo 2 – CQA/UNIP 
9 
• Privação ou descuido – envolve abandono, negligência ou privação de cuidados, 
definidos como a ausência, a recusa ou a deserção de cuidados necessários a alguém que 
deveria receber atenção e cuidados. 
Todas as tipologias descritas acima comportam as diferentes classificações da 
violência humana e evidenciam um fenômeno complexo e multifacetado, relacionado ao 
indivíduo e à sociedade. Como a violência é uma questão de práxis sociopolítica que pode 
gerar problemas sociais, emocionais, psicológicos e cognitivos durante toda a vida, é 
fundamental, no âmbito da saúde, o estabelecimento de um diálogo entre os serviços 
médicos, clínicos e de emergência e a saúde pública, para melhorar o atendimento das 
vítimas de violência e minimizar a frequência com que o evento ocorre (MINAYO, 2004). 
As ações coletivas para reduzir a violência demandam entendimento com a educação, 
os serviços sociais, a justiça, a segurança pública, o ministério público, o poder legislativo e, 
sempre, com os movimentos sociais, visando à promoção de uma sociedade cujo valor 
primordial seja a vida (e não a morte) e a convivência saudável de seus cidadãos (MINAYO, 
2004). 
 
2. Análise das alternativas 
 
A – Alternativa incorreta. 
JUSTIFICATIVA. Essas são classificações de acordo com a natureza dos atos violentos. 
 
B – Alternativa incorreta. 
JUSTIFICATIVA. A violência afetiva e sexual são classificações de acordo com a natureza dos 
atos violentos. 
 
C – Alternativa correta. 
JUSTIFICATIVA. Todas são formas de classificações da violência humana, referenciadas pela 
Organização Mundial da Saúde (OMS), conforme explicitado no texto sobre a temática. 
 
D – Alternativa incorreta. 
JUSTIFICATIVA. A violência física está relacionada à natureza do ato violento, não sendo a 
violência policial um tipo de classificação do fenômeno. 
 
 
Material Específico – Enfermagem – Tomo 2 – CQA/UNIP 
10 
E – Alternativa incorreta. 
JUSTIFICATIVA. Violência policial não é considerada uma classificação de violência, posto 
que ela deve ser classificada por outra nomenclatura, como por exemplo, física. 
 
3. Indicações bibliográficas 
 
• WORLD HEALTH ORGANIZATION. World report on violence and health. Geneve: WHO; 
2002. Disponível em 
<http://www.who.int/violence_injury_prevention/violence/world_report>. Acesso em 17 
jun. 2010. 
• MINAYO, M. C. S. Violência: um velho-novo desafio para a atenção à saúde. 2004. 
Disponível em <http://br.monografias.com/trabalhos901/violencia-desafio-atencao-
saud/violencia-desafio-atencao-saud2.shtml#_Toc171344603>. Acesso em 17 jun. 
2010. 
• BURKE, P. Violência social e civilização. São Paulo: Braudel Papers, 1995. p. 1-12. 
Disponível em <http://www.braudel.org.br/publicacoes/bp/bp12_pt.pdf>. Acesso em 
17 jun. 2010. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Material Específico – Enfermagem – Tomo 2 – CQA/UNIP 
11 
Questão 3 
Questão 3.3 
Mário, 40 anos, compareceu ao Pronto Socorro com queixa de cefaleia intensa e fotofobia. 
Na avaliação inicial, o enfermeiro mediu a pressão arterial utilizando um manguito com 
largura que correspondia a 40% da circunferência de seu braço e bolsa inflável de 
comprimento que envolvia 90% do braço. Durante a deflação do manguito o enfermeiro 
auscultou o primeiro som (Fase I de Korotkoff) no valor de 138 mmHg na escala do 
manômetro, porém os sons persistiram até o zero, com abafamento no valor de 88 mmHg. 
Considerando as circunstâncias descritas e as observações realizadas, qual o registro correto 
relacionado com os valores da pressão arterial? 
A. PA = 135/85 mmHg. 
B. PA = 138/88 mmHg (manguito estreito em relação à circunferência do braço). 
C. PA = 135/0 mmHg. 
D. PA = 135/85/0 mmHg (manguito estreito em relação à circunferência do braço). 
E. PA = 138/88/0 mmHg. 
 
1. Introdução teórica 
 
Pressão arterial (PA) 
 
O sistema circulatório, formado pelo coraçãoe pelos vasos sanguíneos, é responsável 
pela condução e distribuição de nutrientes para os tecidos e deles retira os produtos de 
excreção, por meio da circulação sanguínea. Esta é impulsionada pelo coração que, ao 
contrair, força o sangue para a artéria aorta, distendendo-a e criando uma pressão no seu 
interior. Essa pressão, por sua vez, empurra o sangue ao longo das artérias, das arteríolas, 
dos capilares, das vênulas, das veias e, finalmente, de volta para o coração, caracterizando 
o fluxo sanguíneo corporal (GUYTON, 2008). 
A pressão que o sangue exerce sobre as paredes das artérias, dependendo da força 
da contração do coração, da quantidade de sangue e da resistência das paredes dos vasos, 
é chamada de pressão arterial (GUYTON, 2008). Sintetizando, para que o sangue possa 
circular pelo corpo é necessário que o coração faça pressão para empurrá-lo para as 
artérias. Ao passar nas artérias, o sangue encontra uma resistência (pressão) provocada 
 
3 Questão 14 – Enade 2007 
Material Específico – Enfermagem – Tomo 2 – CQA/UNIP 
12 
pelo atrito com a parede do vaso, denominada de pressão arterial. Assim, essa pressão 
depende do calibre da artéria: quanto mais estreita é a artéria, maior a resistência à 
passagem do sangue e, por consequência, maior será a pressão arterial. 
A pressão arterial (PA) é produto da relação débito cardíaco (DC) que é a quantidade 
de sangue bombeado pelo coração em um minuto versus a resistência periférica total (RPT), 
que é a resistência dos vasos da circulação periférica, ou seja, PA = DC x RPT (GUYTON, 
2008). 
A força do coração para bombear o sangue é chamada de pressão máxima, ou 
sistólica. A resistência que a artéria oferece à passagem do sangue é chamada de pressão 
mínima, ou diastólica. Em geral, a pressão arterial é expressa como a proporção da pressão 
sistólica sobre a diastólica, com valores normais para o adulto variando de 100/60 até 
140/90 mmHg. Um aumento na PA acima do limite superior de normalidade é denominado 
hipertensão, enquanto uma diminuição abaixo do limite inferior é chamada hipotensão 
(BRUNNER e SUDDARTH, 2005). 
Segundo o Ministério da Saúde, o valor normal da pressão arterial para um adulto 
com idade superior a 18 anos deve ser menor que 120/80 mmHg, considerando estado pré-
hipertensivo o indivíduo com níveis pressóricos entre 120 e 139 (sistólica) e 80 e 89 
(diastólica) e hipertensão arterial com valores iguais ou superiores a 140/90 mmHg (BRASIL, 
2006). 
A medida indireta das pressões sistólica e diastólica, pelo método auscultatório, é o 
mais empregado na prática clínica, sendo um modo simples e fácil de aferição da PA, mas 
que deve ser realizada com critérios. 
Os instrumentos utilizados para aferir a PA são o esfigmomanômetro e o estetoscópio. 
Este é o instrumento que amplifica os sons e os transmite até os ouvidos do operador. 
Aquele, de coluna de mercúrio ou aneroide, possui um manguito inflável que deve ser 
apropriado para cada indivíduo, devendo ter uma largura de 40% e o comprimento de 80% 
da circunferência do membro (o manguito médio para adulto é de 12 a 14 cm de largura e 
30 cm de comprimento). Os sons provocados pela passagem do sangue nas artérias e 
ouvidos pelo profissional de saúde são chamados de sons de Korotkoff. O primeiro som claro 
é a pressão sistólica provocada pela contração do músculo cardíaco que impulsiona o 
sangue pela artéria e a pressão diastólica ocorre no ponto em que o som muda ou 
desaparece (BARROS, 2002; BRUNNER e SUDDARTH, 2005). 
É importante ressaltar que, para ter o valor diagnóstico necessário, a PA deve ser 
medida com técnica adequada, utilizando-se de aparelhos confiáveis e devidamente 
Material Específico – Enfermagem – Tomo 2 – CQA/UNIP 
13 
calibrados. As recomendações para o procedimento de medida da pressão arterial, 
referenciado pelo Ministério da Saúde (2006), também devem ser respeitadas. Segue a 
norma para aferição de PA, segundo o Ministério da Saúde: 
A posição recomendada para a medida da PA é a sentada. 
1) Explicar o procedimento ao paciente, orientando que não fale e descanse por 5 a 10 
minutos em ambiente calmo, com temperatura agradável. Promover relaxamento, para 
atenuar o efeito do avental branco (elevação da pressão arterial pela tensão provocada pela 
simples presença do profissional de saúde, particularmente do médico). 
2) Certificar-se de que o paciente não esteja com a bexiga cheia; não praticou exercícios 
físicos há 60-90 minutos; não ingeriu bebidas alcoólicas, café, alimentos ou fumou até 30 
minutos antes; e não esteja com as pernas cruzadas. 
3) Utilizar manguito de tamanho adequado ao braço do paciente, cerca de 2 a 3 cm acima 
da fossa antecubital, centralizando a bolsa de borracha sobre a artéria braquial. A largura da 
bolsa de borracha deve corresponder a 40% da circunferência do braço e o seu 
comprimento deve envolver pelo menos 80%. 
4) Manter o braço do paciente na altura do coração, livre de roupas, com a palma da mão 
voltada para cima e o cotovelo ligeiramente fletido. 
5) Posicionar os olhos no mesmo nível da coluna de mercúrio ou do mostrador do 
manômetro aneroide. 
6) Palpar o pulso radial e inflar o manguito até seu desaparecimento, para a estimativa do 
nível da pressão sistólica; desinflar rapidamente e aguardar um minuto antes de inflar 
novamente. 
7) Posicionar a campânula do estetoscópio suavemente sobre a artéria braquial, na fossa 
antecubital, evitando compressão excessiva. 
8) Inflar rapidamente, de 10 em 10 mmHg, até ultrapassar, de 20 a 30 mmHg, o nível 
estimado da pressão sistólica. Proceder a deflação, com velocidade constante inicial de 2 a 4 
mmHg por segundo. 
9) Após identificação do som que determinou a pressão sistólica, aumentar a velocidade 
para 5 a 6 mmHg para evitar congestão venosa e desconforto para o paciente. 
10) Determinar a pressão sistólica no momento do aparecimento do primeiro som (fase I de 
Korotkoff), seguido de batidas regulares que se intensificam com o aumento da velocidade 
de deflação. 
11) Determinar a pressão diastólica no desaparecimento do som (fase V de Korotkoff). 
Auscultar cerca de 20 a 30 mmHg abaixo do último som para confirmar seu 
Material Específico – Enfermagem – Tomo 2 – CQA/UNIP 
14 
desaparecimento e depois proceder à deflação rápida e completa. Quando os batimentos 
persistirem até o nível zero, determinar a pressão diastólica no abafamento dos sons (fase 
IV de Korotkoff). 
12) Registrar os valores das pressões sistólica e diastólica, complementando com a posição 
do paciente, o tamanho do manguito e o braço em que foi feita a medida. Não arredondar 
os valores de pressão arterial para dígitos terminados em zero ou cinco. 
13) Esperar 1 a 2 minutos antes de realizar novas medidas. 
14) O paciente deve ser informado sobre os valores obtidos da pressão arterial e a possível 
necessidade de acompanhamento. 
15) É fundamental que o profissional de saúde conheça e utilize as normas padronizadas 
para determinar corretamente o valor da pressão arterial. 
 
2. Análise das alternativas 
 
A – Alternativa incorreta. 
JUSTIFICATIVA. O primeiro som auscultado foi no valor 138 mmHg, e não 135 mmHg. O 
abafamento do som ocorreu no valor 88 mmHg, e não 85 mmHg. Sendo assim, o correto 
seria 138/88 mmHg. 
 
B – Alternativa incorreta. 
JUSTIFICATIVA. O primeiro som auscultado foi no valor 138 mmHg, e o abafamento do som 
ocorreu no valor 88 mmHg, o que torna o valor 138/88 mmHg correto. Contudo, a largura 
do manguito correspondia a 40% da circunferência do braço do Mário, o que é considerado 
ideal e não estreito, conforme a alternativa menciona. 
 
C – Alternativa incorreta. 
JUSTIFICATIVA. O primeiro som auscultado (sístole) foi no valor 138 mmHg, e não 135 
mmHg. 
 
D – Alternativa incorreta. 
JUSTIFICATIVA. O primeiro som auscultado foi no valor 138 mmHg, e não 135 mmHg. O 
abafamento do som ocorreu no valor 88 mmHg e não 85. Sendo assim,o correto seria 
138/88 mmHg. 
 
Material Específico – Enfermagem – Tomo 2 – CQA/UNIP 
15 
E – Alternativa correta. 
Justificativa. O primeiro som auscultado foi no valor 138 mmHg, correspondendo à I fase de 
Korotkoff e ao valor da pressão sistólica. Houve, no entanto, a persistência dos batimentos 
até o nível zero. Quando isso ocorre, a pressão diastólica é determinada no abafamento dos 
sons (fase IV de Korotkoff), que incidiu no valor de 88 mmHg, e o momento em que houve 
o desaparecimento do som (fase V de Korotkoff) deve ser registrado. Assim, o registro 
correto da PA é 138/88/0 mmHg. 
 
3. Indicações bibliográficas 
 
• BARROS, A. L. B. L. (cols). Anamnese e exame físico: avaliação diagnóstica de 
enfermagem no adulto. Porto Alegre: Artmed, 2002. 
• BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção 
Básica. Hipertensão arterial sistêmica para o Sistema Único de Saúde. Brasília (DF): 
Ministério da Saúde, 2006. 
• GUYTON, A. C. Fisiologia Humana. 6. ed. [reimpr]. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 
2008. 
• SMELTZER, S. C.; BARE, B. G. Brunner e Suddarth: tratado de enfermagem médico-
cirúrgica. 10. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Material Específico – Enfermagem – Tomo 2 – CQA/UNIP 
16 
Questão 4 
Questão 4.4 
Ana, 55 anos, após herniorrafia inguinal, ficou cerca de 12 horas sem urinar e começou a 
apresentar eliminação frequente de pequena quantidade de urina, além de bexiga palpável e 
sensação de desconforto em abdome inferior. 
Considerando esse quadro clínico, a enfermeira da unidade cirúrgica prescreve o que segue. 
I. Favorecer a micção, permitindo a paciente urinar sentada. 
II. Estimular a micção por meio do barulho, visão da água corrente e irrigação do períneo 
com água morna. 
III. Realizar cateterização vesical de alívio. 
IV. Manter uso contínuo de fralda. 
No caso de Ana, a prescrição contida no item 
A. I é contraindicada no 1o pós-operatório. 
B. II não se aplica a esse quadro clínico. 
C. III deve ser precedida das prescrições contidas nos itens I e II. 
D. III deve ser realizada apenas por prescrição médica. 
E. IV deve ser precedida da prescrição contida no item I. 
 
1. Introdução teórica 
 
Cuidados de enfermagem no pós-operatório 
 
O período pós-operatório estende-se do momento em que o paciente deixa a mesa de 
cirurgia até o momento em que realiza a última consulta de acompanhamento com o 
cirurgião. Esse período pode ser tão breve quanto uma semana ou tão longo quanto vários 
meses. Durante o período pós-operatório, o cuidado de enfermagem é direcionado para o 
restabelecimento do equilíbrio fisiológico do paciente, para o alívio da dor, para a prevenção 
das complicações e para o ensino do autocuidado ao paciente (BRUNNER e SUDDARTH, 
2005). 
Os cuidados de enfermagem ao paciente no pós-operatório, desde as primeiras horas 
até 24 horas após a cirurgia, compreendem a ajuda continuada para a recuperação dos 
efeitos da anestesia, a frequente avaliação do estado fisiológico, a monitorização quanto às 
 
4Questão 15 – Enade 2007 
Material Específico – Enfermagem – Tomo 2 – CQA/UNIP 
17 
complicações, o tratamento da dor e a implementação de medidas para independência do 
paciente e sua plena recuperação. 
Nas horas iniciais à admissão na unidade clínica, a ventilação adequada, a 
estabilidade hemodinâmica, a dor incisional, a integridade do local cirúrgico, as náuseas e 
vômitos, a condição neurológica e a micção espontânea constituem preocupações básicas 
para o profissional de enfermagem (BRUNNER e SUDDARTH, 2005). 
A retenção urinária após a cirurgia é uma condição frequente, que pode acontecer 
por uma série de razões. A anestesia, os agentes anticolinérgicos e os opioides interferem 
na percepção da bexiga cheia e na urgência de urinar, além de inibir a capacidade de iniciar 
a micção e esvaziar completamente a bexiga. As cirurgias abdominal, pélvica e de quadril 
podem aumentar a probabilidade de retenção devido à dor. 
Para identificação da retenção urinária, a distensão da bexiga e a urgência para urinar 
devem ser avaliadas com frequência pela equipe de enfermagem, por meio da palpação da 
região suprapúbica para observação de distensão da bexiga (bexiga palpável) ou da 
sensibilidade local (sensação de desconforto) e da avaliação da frequência e do volume 
urinário (BRUNNER e SUDDARTH, 2005). 
Espera-se que o paciente urine dentro de oito horas após a cirurgia. Se houver 
distensão da bexiga ou se o paciente não conseguir urinar até esse período, os métodos não 
invasivos para encorajar a micção devem ser tentados, como deixar fluir água para que o 
paciente seja estimulado pelo barulho e pela observação do fluxo da água ou aplicar calor 
no períneo. A comadre deve estar aquecida para não causar desconforto ao paciente e inibir 
a micção. Quando o paciente relatar que não consegue utilizar a comadre ou o compadre, 
pode ser permitido utilizar a cadeira higiênica ou que o paciente se sente ou permaneça de 
pé, na lateral da cama para urinar, especialmente os homens, tomando as medidas de 
segurança para evitar a queda do paciente (BRUNNER e SUDDARTH, 2005). 
Caso o paciente não consiga urinar, mesmo após a realização das medidas não 
invasivas de estímulo à micção, a cateterização vesical deve ser efetivada, utilizando o 
cateter vesical de alívio, que deve ser removido após o esvaziamento da bexiga para 
minimizar o risco de infecção. A cateterização intermitente continua a cada quatro a seis 
horas, até que o paciente possa urinar espontaneamente e o resíduo pós-micção seja menor 
que 100 ml. Um histórico criterioso e uma intervenção de enfermagem imediata ajudam o 
paciente no retorno rápido a um ótimo funcionamento, com segurança e tão 
confortavelmente quanto possível (BRUNNER e SUDDARTH, 2005). 
 
Material Específico – Enfermagem – Tomo 2 – CQA/UNIP 
18 
2. Indicações bibliográficas 
 
• SMELTZER, S. C.; BARE, B. G. Brunner e Suddarth: tratado de enfermagem médico-
cirúrgica. 10. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005. 
• GOMES, A. M. Enfermagem na unidade de terapia intensiva. São Paulo: EPU, 2008. 
• GALLO, B. M. Cuidados Intensivos de Enfermagem: uma abordagem holística. 6. ed. São 
Paulo: Guananabara Koogan, 1997. 
• CARVALHO, R.; BIANCHI, E. R. F. Enfermagem em centro cirúrgico e recuperação. São 
Paulo: Manole, 2007. 
 
3. Análise das afirmativas 
 
JUSTIFICATIVA GERAL. Observa-se que Ana apresenta um quadro de distensão vesical, 
frequente em pós-operatórios de cirurgias abdominais e pélvicas. Nesse caso, as medidas 
não invasivas devem ser tentadas antes da técnica invasiva de cateterização vesical para 
evitar infecção. 
 
I – Afirmativa correta. 
JUSTIFICATIVA. Após a tentativa de estímulo visual e auditivo (fluxo de água), o profissional 
pode permitir que Ana se sente para urinar, tomando os devidos cuidados para evitar 
complicações. 
 
II – Afirmativa correta. 
JUSTIFICATIVA. A observação/escuta da água corrente e a aplicação de água morna no 
períneo são métodos não invasivos de primeira escolha para estimular a micção, que devem 
ser tentados pelo enfermeiro. 
 
III – Afirmativa correta. 
JUSTIFICATIVA. A cateterização vesical de alívio deve ser realizada somente após a 
realização de métodos não invasivos para estímulo à micção. 
 
IV – Afirmativa incorreta. 
JUSTIFICATIVA. A colocação de fralda geriátrica só é necessária em casos de incontinência 
urinária. Como o quadro clínico apresentado por Ana é característico de retenção urinária e 
Material Específico – Enfermagem – Tomo 2 – CQA/UNIP 
19 
não de incontinência, as técnicas não invasivas de estimulação da micção devem ser 
aplicadas primordialmente. 
 
Alternativa correta: C (a prescrição de enfermagem no caso de Ana deve ser a realização de 
cateterização vesical de alívio, que deve ser precedida das prescrições contidas nos itens I eII). 
 
3. Indicações bibliográficas 
 
• SMELTZER, S. C.; BARE, B. G. Brunner e Suddarth: tratado de enfermagem médico-
cirúrgica. 10. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005. 
• GOMES, A. M. Enfermagem na unidade de terapia intensiva. São Paulo: EPU, 2008. 
• GALLO, B. M. Cuidados Intensivos de Enfermagem: uma abordagem holística. 6. ed. São 
Paulo: Guananabara Koogan, 1997. 
• CARVALHO, R.; BIANCHI, E. R. F. Enfermagem em centro cirúrgico e recuperação. São 
Paulo: Manole, 2007. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Material Específico – Enfermagem – Tomo 2 – CQA/UNIP 
20 
Questão 5 
Questão 5.5 
Na reunião da Liga de Diabetes, a discussão deste mês foi sobre o caso de Paulo, de 18 
anos. Ele apresenta diabetes mellitus tipo 1 e faz tratamento com o esquema insulina NPH+ 
insulina ultrarrápida pré-prandial. Foi orientado a realizar a automonitorização da glicemia 
antes de cada refeição e ajustar a dose da insulina ultrarrápida, conforme o valor da 
glicemia observado. Em consulta de retorno, os resultados dos exames e as informações de 
Paulo indicaram que os objetivos do tratamento foram alcançados, porém ele se queixou 
que está "cansado da rigidez no controle da glicemia e de tantas picadas diárias". 
Frente ao relato, os alunos de graduação em enfermagem sugeriram as intervenções a 
seguir. 
I. Confrontar o resultado da hemoglobina glicada com os resultados da glicemia pré-
prandial a fim de certificar-se da adesão de Paulo ao controle orientado. 
II. Substituir a automonitorização da glicemia por testes de glicosúria antes das refeições. 
III. Manter a automonitorização domiciliar das glicemias como uma parte fundamental no 
tratamento. 
IV. Analisar, conjuntamente com Paulo, seu esquema de alimentação, exercícios e 
medicação, visando a estabelecer uma forma alternativa de automonitorização domiciliar das 
glicemias. 
São corretas apenas as intervenções 
A. I e II. B. I e III. C. II e III. D. II e IV. E. III e IV. 
 
1. Introdução teórica 
 
Diabetes Mellitus 
 
Segundo estimativas da Organização Mundial de Saúde (OMS), no ano de 2000 havia 
177 milhões de portadores da Diabetes Mellitus (DM) em todo o mundo, com expectativa de 
alcançar 350 milhões de pessoas em 2025. Atualmente, no Brasil, são cerca de seis milhões 
de pessoas com DM, podendo chegar a 10 milhões ainda no ano de 2010. Juntamente com 
a hipertensão arterial, o DM é a primeira causa de óbito e de hospitalizações, de 
amputações de membros inferiores e representa 62,1% dos diagnósticos primários em 
pacientes com insuficiência renal crônica e submetidos à diálise (BRASIL, 2006). 
 
5Questão 17 – Enade 2007 
Material Específico – Enfermagem – Tomo 2 – CQA/UNIP 
21 
O diabetes Mellitus é um conjunto de doenças metabólicas caracterizadas por níveis 
elevados de glicose no sangue (hiperglicemia) resultante de defeitos na secreção e/ou na 
ação da insulina, envolvendo processos patogênicos específicos. Tal distúrbio pode gerar 
disfunção ou complicação em vários órgãos, especialmente olhos, rins, nervos, cérebro, 
coração e vasos sanguíneos (BRUNNER e SUDDARTH, 2005; BRASIL, 2006). 
A insulina é um hormônio produzido e secretado pelas células beta das ilhotas de 
Langerhans do pâncreas, responsável por controlar o nível de glicose sanguínea ao regular a 
sua produção e o seu armazenamento. No estado diabético, as células podem parar de 
responder à insulina ou o pâncreas pode parar de produzi-la, desencadeando a hiperglicemia 
(BRUNNER e SUDDARTH, 2005). 
Os sintomas clássicos do DM são a poliúria (micção aumentada), a polidipsia (sede 
aumentada), a polifagia (aumento no apetite) e a perda involuntária de peso, conhecidos 
como os “4 Ps". A fadiga, a fraqueza, a letargia, o prurido cutâneo e vulvar, a balanopostite 
e as infecções de repetição são sintomas que levantam suspeita clínica para o diagnóstico da 
doença. 
A presença de níveis elevados de glicose sanguínea, anormalmente elevada, é o 
critério sobre o qual se fundamenta o diagnóstico de DM. A glicemia casual (realizada em 
qualquer hora do dia, independentemente do horário das refeições) igual ou superior a 
200mg/dl ou a glicemia de jejum maior ou igual a 126mg/dl e a glicemia de 2 horas no teste 
de tolerância à glicose igual ou superior a 200mg/dl são elementos primordiais para o 
diagnóstico clínico de DM, segundo o protocolo do Ministério da Saúde (BRASIL, 2006). 
Os tipos de diabetes mais frequentes são o diabetes tipo 1, anteriormente conhecido 
como diabetes juvenil ou DM insulino-dependente, que compreende cerca de 10% do total 
de casos, e o diabetes tipo 2, anteriormente conhecido como diabetes do adulto ou DM não 
insulino-dependente, que compreende cerca de 90% do total de casos. Outro tipo de 
diabetes encontrado com maior frequência e cuja etiologia ainda não está esclarecida é o 
diabetes gestacional, que, em geral, é um estágio pré-clínico de diabetes, detectado no 
rastreamento pré-natal (BRASIL, 2006). 
O DM tipo 1 caracteriza-se pela destruição das células beta pancreáticas por um 
processo autoimune, levando à deficiência absoluta da insulina, resultando em uma 
produção descontrolada de glicose pelo fígado e, assim, à hiperglicemia. Como 
consequência, as injeções de insulina são uma terapêutica necessária para controlar os 
níveis sanguíneos de glicose (BRUNNER e SUDDARTH, 2005). Segundo o Ministério da 
Saúde (2006), o desenvolvimento de DM tipo 1 pode ocorrer de forma rapidamente 
Material Específico – Enfermagem – Tomo 2 – CQA/UNIP 
22 
progressiva, principalmente, em crianças e adolescentes (pico de incidência entre 10 e 14 
anos) ou de forma lentamente progressiva, geralmente em adultos, com idade inferior a 30 
anos. 
O DM tipo 2 resulta de uma sensibilidade diminuída à insulina nos tecidos, 
denominada de resistência à insulina, sendo esse hormônio menos efetivo na estimulação da 
captação da glicose pelos tecidos ou por uma redução na produção de insulina pelas células 
pancreáticas. O DM tipo 2 ocorre com maior frequência nas pessoas com idade superior a 30 
anos e nos obesos e seu tratamento consiste na dieta adequada, na prática de exercícios 
físicos, no uso de hipoglicemiantes orais e na aplicação de insulinoterapia (BRUNNER e 
SUDDARTH, 2005; BRASIL, 2006). 
 Os portadores de DM tipo 1, pela maior complexidade do cuidado, devem ser 
acompanhados por um especialista em endocrinologia, conforme recomendado pelo 
Ministério da Saúde (2006). Os planos terapêuticos para tratamento do DM tipo 2 
fundamentam-se no controle glicêmico com a prevenção das complicações agudas por meio 
da mudança no estilo de vida e da farmacoterapia, e na prevenção de complicações crônicas 
por meio da identificação e do tratamento das complicações decorrentes da doença. 
 A aplicação de insulina exógena no tecido subcutâneo é uma necessidade para o 
indivíduo com DM tipo 1. As preparações de insulina variam de acordo com três 
características: o período de tempo de ação, a espécie (origem) e o fabricante, conforme 
apresentado no quadro 1. 
 
Quadro 1. Categorias de Insulina. 
Evolução da 
ação 
Agente Início Pico 
máximo 
Duração da 
ação 
Indicações 
Ação rápida Humalog 10 - 15 min 1 h 3 h Redução rápida 
do nível de 
glicose 
Ação curta Regular ½ - 1 h 2 - 3 h 4 – 6 h Administrada 20 a 
30 minutos antes 
da refeição. 
Ação 
intermediária 
NPH 
Lenta 
3 – 4 h 4 - 12 h 16 – 20 h Administrada 
depois das 
refeições 
Ação longa Ultralenta 6 – 8 h 12 – 16 h 20 – 30 h Controle da 
glicose em jejum 
Fonte. Brunner e Suddarth, 2005. 
 
 Os esquemas de insulina variam de uma a quatro injeções por dia e, geralmente, 
envolvem uma combinação de uma insulina de ação curta com uma de ação prolongada, 
conforme cada caso clínico. O monitoramento domiciliar da glicemia é um dos cuidados mais 
importantes no tratamento da DM. Sua finalidade é direcionar a terapêutica no sentido de 
Material Específico – Enfermagem – Tomo2 – CQA/UNIP 
23 
obter e manter a glicemia o mais próximo possível da normalidade e seus resultados 
permitem compreender a interação entre medicação, atividade física, alimentação e a 
variabilidade glicêmica decorrente delas (GROSSI e PASCALI, 2009). 
 Para que haja a aderência do paciente ao tratamento, é primordial que o enfermeiro 
desenvolva atividades de promoção de saúde com os indivíduos diabéticos, por meio de 
ações educativas individuais e/ou coletivas com uma abordagem motivacional e 
incentivadora, orientando sobre a automonitorização da glicemia capilar, a técnica de 
aplicação da insulina e as possíveis complicações decorrentes da terapêutica ou da doença 
para que haja o sucesso do tratamento. 
 
2. Análise das afirmativas 
 
I – Afirmativa incorreta. 
JUSTIFICATIVA. Os alunos de enfermagem devem analisar os exames já realizados pelo 
paciente na consulta de retorno, que, por sua vez, indicaram que os objetivos do tratamento 
foram alcançados, conforme referido no enunciado. Assim, não existe necessidade de nova 
solicitação de exames laboratoriais. 
 
II – Afirmativa incorreta. 
JUSTIFICATIVA. O monitoramento da glicemia domiciliar é um dos principais 
comportamentos para o autocuidado e um dos mais importantes dentro do tratamento para 
DM, não sendo recomendada sua substituição. 
 
III – Afirmativa correta. 
Justificativa. A equipe deve reconhecer e enfatizar a automonitorização da glicemia capilar 
como uma importante ferramenta para o paciente conhecer melhor o seu perfil glicêmico e o 
seu tratamento e para que os profissionais de saúde direcionem a terapêutica mais 
adequada para manter a glicemia o mais próximo possível da normalidade. 
 
IV – Afirmativa correta. 
JUSTIFICATIVA. Para que haja a aderência do paciente ao tratamento, é importante que 
Paulo esteja sempre envolvido nas decisões sobre sua terapêutica. Assim, frente ao relato 
do paciente de insatisfação com a rigidez no controle da glicemia e das constantes picadas 
diárias, a equipe de saúde deve promover uma nova avaliação de todos os métodos 
Material Específico – Enfermagem – Tomo 2 – CQA/UNIP 
24 
empregados para o seu tratamento, buscando alternativas para sanar ou minimizar o 
desconforto referido por Paulo, visto que a eficácia da terapêutica e da monitorização 
depende do paciente. 
 
Alternativa correta. E. 
 
3. Indicações bibliográficas 
 
• SMELTZER, S. C.; BARE, B. G. Brunner e Suddarth: tratado de enfermagem médico-
cirúrgica. 10. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005. 
• BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção 
Básica. Diabetes Mellitus: normas e manuais técnicos. Brasília (DF): Ministério da Saúde, 
2006. 
• GROSSI, S. A. A.; PASCALI, P. M. (org.) Departamento de Enfermagem da Sociedade 
Brasileira de Diabetes. Cuidados de Enfermagem em Diabetes Mellitus. São Paulo: 
Sociedade Brasileira de Diabetes, 2009. Disponível em 
<http://www.diabetes.org.br/attachments/1118_1324_manual_enfermagem.pdf>. 
Acesso em 22 mar. 2010. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Material Específico – Enfermagem – Tomo 2 – CQA/UNIP 
25 
Questão 6 
Questão 6.6 
Sara, 42 anos, foi submetida à craniotomia para clipagem de aneurisma cerebelar esquerdo. 
Após a cirurgia, os sinais vitais estavam estáveis e ela se recuperava bem da anestesia 
geral. No quarto dia, Sara apresentou um quadro de cefaléia, confusão e perda de força em 
mão direita. Seu nível de consciência deteriorou de forma acentuada e ela foi intubada e 
encaminhada à unidade de cuidados intensivos. No momento encontra-se em ventilação 
mecânica, em jejum, SNG aberta, sonda vesical e cateter central. Dentre as intervenções de 
enfermagem, qual é a indicada para Sara? 
A. Promover aspiração endotraqueal em horários fixos. 
B. Manter a cabeceira elevada a 30º e alinhamento mentoesternal. 
C. Fechar SNG, se apresentar desequilíbrio hidroeletrolítico. 
D. Manter decúbito lateral com flexão de quadril superior a 90º. 
E. Realizar limpeza da incisão cirúrgica com clorexidina. 
 
1. Introdução teórica 
 
Cirurgia intracraniana 
 
 A craniotomia envolve a abertura do crânio por meios cirúrgicos para ganhar acesso 
às estruturas intracranianas. Esse procedimento é realizado para remover tumores cerebrais, 
reduzir a pressão intracraniana, evacuar um coágulo sanguíneo e para controlar uma 
hemorragia cerebral (SMELTZER e BARE, 2005). 
 As complicações da cirurgia intracraniana incluem o aumento na pressão intracraniana 
(PIC), o choque hipovolêmico e o sangramento, a infecção e os déficits neurológicos. A 
elevação da PIC pode ocorrer em consequência de um edema ou tumefação cerebral, 
devendo ser tratada com um diurético osmótico, o manitol. O tratamento pós-operatório da 
cirurgia intracraniana inclui: 
a) a redução do edema cerebral, por meio da administração do manitol; 
b) o alívio da dor, porque é comum o paciente apresentar cefaleia pelo estiramento e 
irritação dos nervos do couro cabeludo durante a cirurgia; 
c) a prevenção de crises convulsivas, por causa do alto risco de epilepsia após 
procedimentos neurológicos supratentoriais; 
 
6Questão 18 – Enade 2007 
Material Específico – Enfermagem – Tomo 2 – CQA/UNIP 
26 
d) a monitorização da PIC. 
As principais metas de enfermagem para um paciente submetido à cirurgia intracraniana 
devem incluir a preparação adequada para a cirurgia, homeostase neurológica para 
melhorar a perfusão do tecido cerebral, regulação térmica, ventilação e troca de gases 
normais, capacidade de lidar com a privação sensorial, adaptação às alterações na imagem 
corporal e ausência de complicações (SMELTZER e BARE, 2005). 
Depois da cirurgia intracraniana, o profissional de enfermagem deve avaliar a função 
respiratória (padrão e frequência respiratória), porque um pequeno grau de hipóxia pode 
aumentar a isquemia cerebral, acrescendo a avaliação da gasometria arterial. As flutuações 
nos sinais vitais são cuidadosamente monitorizadas e documentadas porque indicam a PIC 
aumentada. A temperatura do paciente deve ser medida em intervalos para avaliar 
hipotermia secundária à lesão do hipotálamo. As verificações neurológicas devem ser 
realizadas frequentemente para detectar a PIC aumentada, resultante do edema ou 
sangramento cerebral. O enfermeiro deve estar alerta para o desenvolvimento de 
complicações relacionadas à cirurgia. 
 
2. Análise das alternativas 
 
JUSTIFICATIVA GERAL. O quadro clínico apresentado por Sara é sugestivo de hipertensão 
intracraniana, uma complicação frequente após cirurgias intracranianas. 
 
A – Alternativa incorreta. 
JUSTIFICATIVA. A aspiração endotraqueal em horários fixos pode aumentar a pressão 
intracraniana, devendo ser realizada, com cautela, somente quando houver necessidade. 
 
B – Alternativa correta. 
JUSTIFICATIVA. Elevar a cabeceira do leito auxilia na drenagem venosa do cérebro e reduz 
o edema cerebral. A estabilização/alinhamento mentoesternal é importante para manter o 
fluxo sanguíneo adequado para o cérebro. 
 
C – Alternativa incorreta. 
JUSTIFICATIVA. Não está relacionado com o aumento da PIC. 
 
 
Material Específico – Enfermagem – Tomo 2 – CQA/UNIP 
27 
D – Alternativa incorreta. 
JUSTIFICATIVA. Não está relacionado com o aumento da PIC. 
 
E – Alternativa incorreta. 
JUSTIFICATIVA. Não está relacionado com o aumento da PIC. 
 
3. Indicações bibliográficas 
 
• SMELTZER, S. C.; BARE, B. G. Brunner e Suddarth: tratado de enfermagem médico-
cirúrgica. 10. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005. 
• MEEKER, M. H.; ROTHROCK, J. C. Cuidados de enfermagem ao paciente cirúrgico. Rio de 
Janeiro: Guanabara Koogan, 1997. 
• HUDAK, C. M.; GALLO, B. M. Cuidados intensivos de enfermagem: uma abordagem 
holística. 6. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1997. 
• DIEPENBROCK, N. Cuidados Intensivos. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005.Material Específico – Enfermagem – Tomo 2 – CQA/UNIP 
28 
Questão 7 
Questão 7.7 
Paula, 16 anos, iniciou o atendimento pré-natal na Unidade Básica de Saúde (UBS) após 
teste de gravidez positivo. Depois de algum tempo, a agente comunitária, responsável pela 
área em que se situa a residência de Paula, procurou a enfermeira da UBS dizendo que a 
adolescente "não havia realizado nenhum dos exames solicitados; tinha tentado interromper 
a gestação e, apesar de não estar passando bem, não procurou o hospital por medo de ser 
presa." A enfermeira, então, decidiu realizar visita domiciliar, encontrando a gestante 
descorada, sem perdas vaginais, com epistaxe e sangramento gengival, ambos de moderada 
intensidade. Para a assistência à adolescente, a enfermeira corretamente suspeita de 
A. ameaça de abortamento, o que requer guia da UBS para o encaminhamento de Paula a 
ambulatório médico especializado de referência na área da saúde da mulher. 
B. infecção polimicrobiana associada a abortamento infectado, o que requer utilização do 
sistema regional de urgência e emergência para o encaminhamento de Paula a hospital 
de média complexidade. 
C. processo inflamatório decorrente de abortamento completo, o que requer o 
acompanhamento de Paula pela UBS e pelo serviço de referência para educação em 
saúde de adolescentes. 
D. processo infeccioso decorrente de abortamento incompleto e inevitável, o que requer 
guia da UBS para o encaminhamento de Paula a hospital de referência para 
procedimentos de baixa complexidade. 
E. distúrbio de coagulação associado a abortamento retido, o que requer utilização do 
sistema regional de urgência e emergência para o encaminhamento de Paula a hospital 
de média complexidade. 
 
1. Introdução teórica 
 
Abortamento 
 
O abortamento constitui grande problema de saúde pública no Brasil, representando 
uma das principais causas de óbito materno no país. O abortamento é definido como a 
interrupção da gravidez até a idade gestacional de 20ª a 22ª semana ou com produto da 
 
7Questão 20 – Enade 2007 
Material Específico – Enfermagem – Tomo 2 – CQA/UNIP 
29 
concepção pesando menos que 500 gramas, enquanto aborto é o produto da concepção 
eliminado no abortamento e não o ato propriamente dito (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2005). 
O abortamento pode ser classificado quanto à idade gestacional, ao tipo, ao grau de 
eliminação do concepto, à presença de complicações e à situação clínica. Apresenta-se a 
seguir um resumo da classificação dos abortamentos segundo a literatura (MINISTÉRIO DA 
SAÚDE, 2005; ROCHA E NETO, 2003). 
a) Quanto à idade gestacional – pode ser classificado como precoce (até a 12ª semana) 
e tardio (da 13ª semana até a 22ª semana). 
b) Quanto ao iipo – classifica-se em espontâneo ou natural, provocado ou induzido e 
habitual ou de repetição (quando ocorre dois ou mais abortamentos sequenciais). 
c) Quanto ao grau de eliminação – pode ser completo (quando todo o produto da 
concepção é eliminado), incompleto (quando a placenta permanece retida na cavidade 
uterina) e retido (quando todo produto da concepção fica retido na cavidade uterina). 
d) Quanto à presença de complicações – classificado em não infectado e abortamento 
infectado ou séptico, no qual ocorre a invasão bacteriana da cavidade uterina, provocando 
endometrite, caracterizado pela presença de dor abdominal, de eliminação de exsudato 
purulento e fétido através do colo uterino, febre e comprometimento do estado geral da 
mulher. 
e) Quanto à situação clínica – classificado em abortamento evitável, pode ocorrer dor do 
tipo cólica e sangramento discreto, mas o colo uterino permanece fechado, não havendo 
perda gestacional e nem indicação de internação hospitalar; e abortamento inevitável, 
quando a mulher apresenta cólica e sangramento vaginal moderado ou intenso e com 
dilatação do colo do útero, permitindo a eliminação parcial ou total do produto da 
concepção. 
Nos casos de abortamento, a conduta mais frequente é encaminhar a mulher para 
uma Unidade de Saúde Hospitalar que presta assistência de média ou de alta complexidade 
para realização dos procedimentos pós-abortamento. Segundo o Ministério da Saúde (2005), 
os sinais e sintomas que requerem atendimento de emergência são a presença de cólicas 
por tempo prolongado, sangramento prolongado (maior que duas semanas) e abundante, 
dor abdominal intensa ou prolongada, febre, calafrios ou mal-estar geral e desmaios. 
O conhecimento dos aspectos clínicos do abortamento e de suas classificações 
fornece subsídios para que o profissional de saúde exerça o cuidado imediato às mulheres 
nesta situação, na perspectiva da integralidade do atendimento. 
 
Material Específico – Enfermagem – Tomo 2 – CQA/UNIP 
30 
2. Análise das alternativas 
 
A – Alternativa incorreta. 
JUSTIFICATIVA. Paula estava grávida e já tinha tentado interromper a gestação. Não se 
pode confirmar o diagnóstico de ameaça de abortamento pelo quadro clínico que ela 
apresenta, visto que tal diagnóstico indicaria encaminhamento imediato para uma 
assistência hospitalar de urgência e emergência de média complexidade. 
 
B – Alternativa incorreta. 
JUSTIFICATIVA. Pelo quadro clínico descrito não existe evidência de abortamento infectado 
e nem de infecção, que são caracterizados principalmente pela presença de quadro febril e 
pela perda de exsudato transvaginal fétido, quadro que Paula não apresenta. 
 
C – Alternativa incorreta. 
JUSTIFICATIVA. O processo inflamatório é caracterizado pela presença da sintomatologia: 
dor, hipertermia, hiperemia, edema e perda de função. Estas não são características 
apresentadas por Paula. Como não houve perda vaginal, não se pode caracterizar o 
diagnóstico de abortamento completo, que ocorre quando existe perda total do concepto e 
dos órgãos anexos. Tal quadro clínico não requer somente atividades de educação em 
saúde, sendo necessário priorizar os sinais e sintomas que Paula apresenta no momento e 
encaminhá-la imediatamente a um hospital. 
 
D – Alternativa incorreta. 
JUSTIFICATIVA. O processo infeccioso é caracterizado pela presença de febre, o que não 
ocorre com Paula. O abortamento incompleto é conceituado quando existe perda do 
concepto, mas não ocorre a expulsão dos órgãos anexos, como a placenta. Como não houve 
perda vaginal, está descartada esta alternativa. Paula deve ser encaminhada a um serviço 
de média complexidade para realização da curetagem e correção do distúrbio de 
coagulação. 
 
E – Alternativa correta. 
JUSTIFICATIVA. O distúrbio de coagulação é evidenciado em Paula pela presença de pele e 
mucosas descoradas, epistaxe e sangramento gengival, demonstrando que está havendo 
perda sanguínea importante. Observa-se que houve abortamento retido porque Paula havia 
Material Específico – Enfermagem – Tomo 2 – CQA/UNIP 
31 
tentado interromper a gestação, mas não houve perda vaginal, indicando que o concepto e 
seus anexos ficaram retidos na cavidade uterina. Todo caso de abortamento deve ser 
encaminhado, em regime de urgência ou emergência, para uma Unidade de Saúde 
Hospitalar que realiza assistência de média ou de alta complexidade para que os 
procedimentos pós-abortamentos sejam realizados. 
 
3. Indicações bibliográficas 
 
• BRASIL. Ministério da Saúde. Parto, aborto e puerpério: assistência humanizada à 
mulher. Brasília: Ministério da Saúde, 2001. 
• BRASIL. Ministério da Saúde. Atenção Humanizada ao abortamento: norma técnica. 
Brasília: Ministério da Saúde, 2005. 
• REZENDE, J.; MONTENEGRO, C. A. B. Obstetrícia Fundamental. 11. ed. Rio de Janeiro: 
Guanabara Koogan, 2008. 
• ROCHA, M. I. B.; NETO ANDALAFT, J. A questão do aborto: aspectos clínicos, 
legislativos e políticos. In: BERQUÓ, E. (org.). Sexo e vida: panorama da saúde 
reprodutiva no Brasil. Campinas (SP): UNICAMP, 2003. p. 257-294. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Material Específico – Enfermagem – Tomo 2 – CQA/UNIP32 
Questão 8 
Questão 8.8 
Joana, terceira filha de mãe fumante crônica, nasceu de parto cesariana, com idade 
gestacional de 36 semanas, pesando 1800 gramas e com insuficiência respiratória 
moderada. Segundo a Norma de Atenção Humanizada do Recém-Nascido (RN) de baixo 
peso: Método Mãe-Canguru (Portaria Nº 693/2002), qual é a conduta correta da enfermeira 
no seu plano de assistência? 
A. Garantir a aplicação do método, após decisão consensual entre mãe, familiares e 
profissionais de saúde; e capacitar a família para reconhecer situações de risco do RN, 
nos primeiros 15 dias. 
B. Ensinar à mãe e à família os cuidados com o RN e assegurar à puérpera visita irrestrita 
no berçário; iniciar a segunda etapa do programa, caso a criança atinja ganho ponderal 
de 10 gramas/dia. 
C. Incentivar contato pele a pele entre a mãe e a criança, imediatamente após o parto, 
orientando a colocação do RN sobre o tórax da mãe para incentivar o aleitamento 
materno e estreitar o vínculo afetivo. 
D. Orientar a mãe e a família sobre as condições de saúde do RN, estimular livre e precoce 
acesso dos pais à Unidade Neonatal e propiciar o contato tátil sempre que possível, 
acompanhado pela equipe nos primeiros cinco dias. 
E. Iniciar as medidas para estímulo à amamentação, os cuidados com as mamas, a ordenha 
manual e a armazenagem e a administração do leite ao RN. 
 
1. Introdução teórica 
 
Atenção humanizada ao recém-nascido de baixo peso 
 
O Método Mãe-Canguru (MMC) tem sido proposto como uma alternativa ao cuidado 
neonatal convencional para bebês de baixo peso ao nascer. Trata-se de um novo método de 
assistência que implica no contato precoce pele a pele entre a mãe e o recém-nascido de 
baixo peso (RNBP) de forma crescente e segura. As vantagens apresentadas pela literatura 
para aplicação do método são: aumento do vínculo mãe-filho; menor tempo de separação 
mãe-filho evitando longos períodos sem estimulação sensorial; estímulo ao aleitamento 
materno; maior competência e segurança dos pais no manuseio de seu filho de baixo peso; 
 
8Questão 21 – Enade 2007 
Material Específico – Enfermagem – Tomo 2 – CQA/UNIP 
33 
melhor controle térmico do RNBP; menor número de RN em unidades de cuidados 
intermediários; melhor relacionamento da equipe de saúde com a família; redução da 
infecção hospitalar e diminuição no tempo de permanência hospitalar (MINISTÉRIO DA 
SAÚDE, 2002). 
O Ministério da Saúde do Brasil recomendou e definiu as diretrizes para a implantação 
do método nas unidades assistenciais integrantes do Sistema Único de Saúde (SUS) pela 
publicação do Manual de Atenção Humanizada ao Recém-Nascido de Baixo Peso, em 2002. 
Segundo Venâncio e Almeida (2004), a Norma do Ministério propõe a implantação do novo 
método em três etapas. Em princípio, nas unidades neonatais (unidades de terapia intensiva 
neonatal - UTIN), em sequência, nas unidades canguru ou alojamento conjunto canguru e, 
por fim, nos ambulatórios de seguimento (canguru domiciliar) após a alta hospitalar. 
Na primeira etapa, período após o nascimento de um RNBP que necessita de 
internação na UTIN, preconiza-se o acesso livre e precoce dos pais à unidade, o estímulo à 
amamentação e a participação da mãe nos cuidados do bebê, sendo um período de 
adaptação e treinamento. Os cuidados que devem ser prestados nesse período incluem 
(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2002): 
• a orientação da mãe e do familiar sobre as condições do RNBP; 
• o estímulo o livre e precoce acesso dos pais à UTIN, proporcionando o contato físico com 
a criança; 
• o acompanhamento e a oferta de orientações com relação ao cuidado com o bebê e às 
medidas para controle da infecção hospitalar; 
• o estímulo à amamentação, informando sobre os cuidados com as mamas, a ordenha e o 
armazenamento do leite materno e o estímulo ao contato precoce pele a pele entre pais 
e filho. 
Nos primeiros cinco dias após o parto os profissionais deverão prestar todos os 
ensinamentos para os pais e familiares e realizar o acompanhamento destes na UTIN 
(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2002). 
Na segunda etapa, mãe e filho permanecem internados em enfermaria conjunta, 
realizando a posição canguru o maior tempo possível, funcionando como “estágio” de pré-
alta hospitalar de mãe e filho. São critérios de elegibilidade para a permanência nessa 
enfermaria: disponibilidade materna; decisão em consenso de mãe, familiares e profissionais 
de saúde pelo método; capacidade materna de reconhecimento das situações de risco do RN 
e habilidade de colocar o bebê em posição mãe-canguru. O bebê deve ter alcançado a 
estabilidade clínica, nutrição enteral plena, peso mínimo de 1.250 gramas e ganho diário de 
Material Específico – Enfermagem – Tomo 2 – CQA/UNIP 
34 
peso maior que 15 gramas. A terceira etapa consiste no acompanhamento ambulatorial da 
criança após a alta hospitalar até o momento que o peso do bebê atinge 2.500 gramas 
(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2002). 
 
2. Análise das alternativas 
 
A – Alternativa incorreta. 
JUSTIFICATIVA. Na primeira etapa do MMC, preconiza-se o acesso livre e precoce dos pais à 
unidade, o estímulo à amamentação e a participação da mãe nos cuidados do bebê, sendo 
um período de adaptação e treinamento. Os profissionais de saúde deverão prestar todos os 
ensinamentos para os pais e familiares e realizar o acompanhamento destes na UTIN nos 
primeiros cinco dias após o parto e não 15 dias, conforme alternativa. 
 
B – Alternativa incorreta. 
JUSTIFICATIVA. A mãe deve ter acesso livre e precoce à UTIN e são critérios de 
elegibilidade para a inserção do bebê na segunda etapa do MMC (enfermaria conjunta) a 
estabilidade clínica, a nutrição enteral plena, o peso mínimo de 1.250 g e ganho diário de 
peso maior que 15 g (e não 10 g, como mencionado na alternativa). 
 
C – Alternativa incorreta. 
JUSTIFICATIVA. O RNPB apresenta quadro de insuficiência respiratória moderada, no qual 
não se recomenda contato pele a pele imediatamente após o parto, em função do risco de 
complicações respiratórias no bebê. Nesse caso, o RNPB deve ser encaminhado à Unidade 
Neonatal para que seja prestada uma assistência de alta complexidade. 
 
D – Alternativa correta. 
JUSTIFICATIVA. O RNPB com problemas respiratórios deve ser encaminhado para uma 
Unidade Neonatal para que seja mais bem assistido pela equipe de saúde. Nessa fase, que 
correspondente à primeira etapa do MMC, os cuidados que devem ser prestados incluem 
orientar a mãe e o familiar sobre as condições do bebê; estimular o livre e precoce acesso 
dos pais à UTIN, proporcionando o contato físico com a criança; acompanhar e oferecer 
orientações com relação ao cuidado com o bebê e às medidas para controle da infecção 
hospitalar; estimular a amamentação e oferecer os ensinamentos para os pais e familiares 
nos primeiros cinco dias após o parto. 
Material Específico – Enfermagem – Tomo 2 – CQA/UNIP 
35 
E – Alternativa incorreta. 
JUSTIFICATIVA. Apesar do MMC priorizar o contato pele a pele entre pais e filhos e o 
estímulo à amamentação, o enfermeiro deve informar a mulher sobre os cuidados com as 
mamas, a ordenha e o armazenamento do leite materno e não realizar esses cuidados como 
sugere a alternativa. 
 
3. Indicações bibliográficas 
 
• BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Políticas de Saúde. Área de Saúde da 
Criança. Atenção humanizada ao recém-nascido de baixo peso: método mãe-canguru: 
manual do curso. Brasília (DF): Ministério da Saúde, 2002. 
• VENANCIO, S. I.; ALMEIDA, H. Método mãe-canguru: aplicação no Brasil, evidências 
científicas e impacto sobre o aleitamento materno. Jornal de Pediatria, 2004, 80(5): 173-
80. 
• CARVALHO, M. R.; TAMEZ, R. N. Amamentação: bases científicas. Rio de Janeiro: 
Guanabara Koogan, 2005. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Material Específico – Enfermagem – Tomo 2 – CQA/UNIP 
36 
Questão 9 
Questão 9.9 
Avalie as afirmativas e a relação propostaentre elas. 
I. Lucas, quatro anos, foi admitido no Pronto Socorro Pediátrico apresentando frequência 
respiratória de 55 incursões por minuto, temperatura de 38,8ºC, tosse intermitente e queixa 
de dor torácica à direita agravada pela inspiração profunda e que irradia para o abdome. 
Entre os cuidados, a enfermeira colocou a criança em decúbito lateral direito e instalou uma 
tenda com oxigênio fria. 
PORQUE 
II. A imobilização do tórax afetado reduz o atrito pleural, minimizando o desconforto, e a 
umidificação hidrata as vias aéreas, criando uma atmosfera que impede a redução de 
temperatura. 
Assinale a alternativa correta. 
A. As duas afirmativas são verdadeiras, e a segunda justifica a primeira. 
B. As duas afirmativas são verdadeiras, e a segunda não justifica a primeira. 
C. A primeira afirmativa é verdadeira, e a segunda afirmação é falsa. 
D. A primeira afirmativa é falsa, e a segunda afirmação é verdadeira. 
E. As duas afirmativas são falsas. 
 
1. Introdução teórica 
 
Cuidados de enfermagem à criança com pneumonia 
 
 As infecções respiratórias são grandes responsáveis pelas doenças agudas na criança. 
A etiologia e a evolução das infecções são influenciadas por inúmeros fatores, inclusive pela 
idade da criança, pela estação do ano, pelas condições de habitação e por problemas 
médicos pré-existentes (WHALEY e WONG, 1999). 
 A pneumonia, inflamação do parênquima pulmonar, é comum durante toda a infância, 
ocorrendo com maior frequência no período de lactância e no início da infância. As 
pneumonias virais ocorrem mais comumente do que as bacterianas e são observadas em 
crianças em todos os grupos etários. As manifestações clínicas da doença e o tratamento 
variam conforme o agente etiológico (WHALEY e WONG, 1999). 
 
9Questão 23 – Enade 2007 
Material Específico – Enfermagem – Tomo 2 – CQA/UNIP 
37 
 As pneumonias bacterianas demonstram padrões clínicos distintos, os quais facilitam 
sua diferenciação de outras formas de pneumonia. Seu estabelecimento é abrupto e, em 
geral, precedido por uma infecção viral. Os sinais e sintomas são febre, indisposição, 
respirações rápidas e superficiais, tosse e dor torácica, a qual é frequentemente exacerbada 
pela respiração profunda. Sintomas meníngeos são comuns e os calafrios acontecem com 
frequência (WHALEY e WONG, 1999). 
Segundo Whaley e Wong (1999), a maioria das crianças com maior idade que 
apresenta pneumonia pneumocócica pode ser tratada em casa, aplicando as devidas 
medidas terapêuticas, como a administração de antibioticoterapia, o repouso no leito, a 
ingesta liberal de líquidos por via oral e a administração de antitérmicos para febre, bem 
como de um sedativo para a tosse. Por outro lado, a pneumonia no lactente ou na criança 
jovem deve ser tratada no ambiente hospitalar, pois a evolução da doença é mais variável e 
as complicações são bem mais comuns. 
 Os cuidados de enfermagem à criança com pneumonia são principalmente de suporte 
e sintomáticos, mas exigem a avaliação respiratória completa e a administração de oxigênio 
e de antibióticos. A frequência e o estado respiratório, a disposição geral e o nível de 
atividade da criança devem ser constantemente avaliados. O repouso, a conservação de 
energia e o sono devem ser encorajados. Para evitar a desidratação, os líquidos devem ser 
administrados por via endovenosa durante a fase aguda (tosse) e a ingesta hídrica deve ser 
estimulada, mas de maneira cautelosa para prevenir contra a aspiração e para reduzir a 
possibilidade de agravar a tosse fatigante. 
 As crianças podem ser colocadas em uma tenda umidificada com oxigênio com vapor 
frio para umidificar as vias aéreas e propiciar uma atmosfera fria, que auxilia na redução da 
temperatura. Frequentemente, é necessária a troca de vestimenta das crianças e das roupas 
de cama, de modo a evitar o resfriamento na atmosfera úmida. Geralmente, as crianças 
devem ficar em posição semiereta, podendo, todavia, determinar a posição mais confortável. 
Deitar sobre o lado afetado imobiliza o tórax naquele lado e reduz o atrito pleural, reduzindo 
o desconforto da criança. A febre é controlada por meio da administração de antitérmicos, 
prescritos pelo médico, sendo necessário o controle regular da temperatura corpórea. O 
controle dos sinais vitais deve ser rigoroso (WHALEY e WONG, 1999). 
 A criança hospitalizada mostra-se apreensiva e ansiosa, de modo que a diminuição da 
ansiedade e da apreensão reduz a angústia psicológica e provoca o relaxamento na criança, 
que, por sua vez, diminui os esforços respiratórios contribuindo para melhora no seu quadro 
Material Específico – Enfermagem – Tomo 2 – CQA/UNIP 
38 
clínico. Encorajar a presença de uma pessoa que cuide da criança oferece uma fonte de 
conforto e apoio a ela, contribuindo na redução dos agentes estressores. 
 A família também merece suporte e apoio emocional. Os pais devem ser mantidos 
informados sobre a evolução do quadro clínico da criança durante o período de 
hospitalização e orientados quanto aos cuidados domiciliares apropriados para o tratamento 
domiciliar da pneumonia. 
 De acordo com Whaley e Wong (1999), a eficácia da prescrição de enfermagem é 
determinada pela reavaliação contínua e pela avaliação dos cuidados com base nas 
seguintes diretrizes de observação e resultados esperados: 
• Observar os movimentos e o esforço respiratório da criança. 
• Observar os sinais e sintomas de progressão no sentido do estado de saúde antes da 
doença. 
• Observar o comportamento e a atividade da criança. 
• Observar outros membros da família e os contatos para evidência de infecção. 
• Medir a temperatura. 
• Observar sinais de hidratação adequada. 
• Observar comportamento alimentar. 
• Avaliar a criança para evidências de complicação, como desidratação, perda de peso ou 
disseminação da infecção para outras áreas do corpo. 
• Observar o comportamento da família e entrevistar os membros da família em relação 
aos seus sentimentos e preocupações. 
Por meio da realização de cuidados de enfermagem eficientes e adequados para cada 
criança com pneumonia, o profissional promove o restabelecimento de sua condição de 
saúde de um modo mais rápido e menos traumático e, assim, melhora o prognóstico da 
doença. 
 
3. Análise da questão 
 
Observa-se que o quadro clínico apresentado por Lucas é sugestivo de pneumonia 
bacteriana, doença frequente em crianças nessa faixa etária. A enfermeira, ao suspeitar de 
pneumonia, com presença de dor torácica à direita, resolveu colocar a criança em decúbito 
lateral direito porque deitar sobre o lado afetado imobiliza o tórax naquele lado e reduz o 
atrito pleural, reduzindo o desconforto da criança. Constitui uma ação eficaz, além da 
explicitada, instalar uma tenda com oxigênio fria porque a terapêutica umidifica as vias 
Material Específico – Enfermagem – Tomo 2 – CQA/UNIP 
39 
aéreas e propicia uma atmosfera fria, que auxilia na redução da temperatura. Assim, a 
primeira e a segunda afirmativas estão corretas e a segunda afirmação justifica a primeira. 
Alternativa correta. A. 
 
3. Indicações bibliográficas 
 
• WONG, D. L. Enfermagem pediátrica: elementos essenciais à intervenção efetiva. 5. ed. 
Guanabara Koogan, 1999. 
• ALMEIDA, F. A.; SABATÉS, A. L. (org). Enfermagem pediátrica: a criança, o adolescente 
e sua família no hospital. Barueri (SP): Manole, 2008. p. 284-302. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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40 
Questão 10 
Questão 10.10 
Antonio de Pádua, 25 anos de idade, foi levado à Unidade Básica de Saúde por um colega. 
Antonio trabalha há 90 dias em uma construção civil, apresenta-se hoje com febre e 
exantema maculopapular, acompanhado de linfadenopatia retroauricular, não relata história 
de vacinação contra rubeola. Reside em alojamento da empresa com outros 10 
trabalhadores, visitou a esposa e as filhasno município vizinho há 30 dias. O caso foi 
notificado como suspeita de rubeola. A enfermeira da UBS fez algumas considerações para 
orientar as medidas de controle e prevenção. Qual a alternativa que apresenta a justificativa 
e a decisão corretas? 
 
 
1. Introdução teórica 
 
Rubeola 
 
A rubeola é uma doença exantemática aguda, altamente contagiosa, cujo agente 
etiológico é um vírus do gênero Rubivirus, da família Togaviridae. Trata-se de uma doença 
de curso benigno, cuja importância epidemiológica está associada ao risco de abortamentos, 
de natimortos e de malformações congênitas, desencadeados pela transmissão do vírus de 
mãe para filho durante o período gestacional, denominada Síndrome da Rubeola Congênita 
(SRC). 
A rubeola é caracterizada pelo exantema maculopapular e puntiforme difuso, que se 
inicia na face, couro cabeludo e pescoço, espalhando-se posteriormente para tronco e 
membros. O exantema é precedido, em 5 a 10 dias, por linfadenopatia generalizada, 
 
10Questão 31 – Enade 2007 
Material Específico – Enfermagem – Tomo 2 – CQA/UNIP 
41 
principalmente, subocipital, pós-auricular e cervical posterior. Pessoas jovens e adolescentes 
podem apresentar o período prodrômico, caracterizado pela febre baixa, cefaleia, dores 
generalizadas, tosse, coriza e conjuntivite. 
O período de incubação do vírus acontece de 14 a 21 dias, com duração média de 17 
dias, enquanto sua transmissibilidade ocorre de 5 a 7 dias antes do início do exantema e de 
5 a 7 dias após o sintoma. A transmissão do vírus da rubeola acontece pelo contato direto 
com as secreções nasofaríngeas de pessoas infectadas, por meio da aspiração de gotículas 
pelas vias respiratórias. A transmissão indireta, embora seja pouco frequente, ocorre 
mediante contato direto com as secreções nasofaríngeas, sangue e urina de um indivíduo 
infectado. 
Todo caso suspeito de rubeola deve ser avaliado e diagnosticado corretamente. O 
Ministério da Saúde (2008) define caso suspeito como todo o paciente que apresenta febre e 
exantema maculopapular, acompanhado de linfoadenopatia, independentemente da idade e 
situação vacinal. O diagnóstico da doença é realizado pela avaliação clínica, laboratorial e 
epidemiológica. Para diagnóstico clínico o profissional de saúde deve realizar um exame 
físico minucioso para caracterização da doença, e considerando que cerca de 20 a 50% das 
infecções pelo vírus da rubeola são subclínicas. O diagnóstico laboratorial é realizado por 
meio da detecção de anticorpos específicos IgM no sangue, na fase aguda da doença - 
desde os primeiros dias até quatro semanas após o aparecimento do exantema, enquanto os 
anticorpos específicos da classe IgG são geralmente detectados anos depois da infecção 
(BRASIL, 2008). 
A recomendação do Ministério da Saúde é que todo caso suspeito de rubeola deve ser 
notificado imediatamente pelo nível local à Secretaria Municipal de Saúde, seguindo o fluxo 
apresentado na figura 1. 
 
 
 
Figura 1. Conduta frente a um caso suspeito de rubeola. 
Fonte: Ministério Da Saúde, 2008. 
 
Material Específico – Enfermagem – Tomo 2 – CQA/UNIP 
42 
A imunização e as ações de educação em saúde são consideradas as principais 
estratégias para controle da circulação do vírus da rubeola e prevenção da doença e da SRC. 
Recomenda-se a vacinação de rotina das crianças com 12 meses, para manter alta 
imunidade do grupo, realizada constantemente nas Unidades Básicas de Saúde, conforme 
calendário básico vacinal. A vacinação de bloqueio específica para os contatos com um 
indivíduo com suspeita de rubeola é primordial para evitar a disseminação do vírus. A vacina 
deve ser administrada, de preferência, dentro de 72 horas após a exposição, abrangendo 
pessoas do mesmo domicílio do caso suspeito, vizinhos próximos, creches, indivíduos que 
dividem o mesmo alojamento ou sala de trabalho, entre outros espaços comuns. 
A investigação epidemiológica para obter informações detalhadas e uniformes para 
todos os casos suspeitos consiste em outra estratégia de controle da doença. Tal ação é 
importante para a detecção de outros possíveis casos suspeitos e permite classificar o caso 
conforme os critérios de risco. A partir da investigação epidemiológica, é possível 
desencadear as ações de controle mais específicas, como 
• bloqueio vacinal: realizado a partir de todo caso suspeito, com imediata vacinação das 
pessoas suscetíveis; 
• operação limpeza: realizada a partir de todo caso confirmado, com vacinação mais 
abrangente (vizinhança, bairro ou até município); 
• isolamento dos casos: crianças e adultos acometidos de rubeola devem ser afastados da 
escola, da creche ou do local de trabalho, durante o período de transmissibilidade. 
A rubeola é uma doença de notificação compulsória desde a segunda metade da 
década de 1990. Segundo o Ministério da Saúde, somente no ano de 1997 foram notificados 
cerca de 30.000 casos de rubeola no país, demonstrando um número elevado de pessoas 
infectadas pelo vírus na época. A partir da implementação do Plano de Erradicação do 
Sarampo, ocorrido em 1999, houve maior vigilância e controle da doença no país, havendo, 
coerentemente, um decréscimo significativo no número de casos de rubeola no Brasil, sendo 
notificados 1.480 casos em 2002, evidenciando uma queda de 95% nos casos confirmados. 
No ano de 2003, durante a 44ª Reunião do Conselho Diretor da Organização Pan-
Americana de Saúde (OPAS), o Brasil assumiu o compromisso de eliminar a rubeola e a 
síndrome da rubeola congênita até o ano de 2010. Desde então, em virtude da 
implementação de políticas de saúde mais rigorosas para o controle e erradicação da 
doença, o número de casos confirmados da doença diminuiu substancial e 
progressivamente, chegando a 233 casos no ano de 2005 (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2008). 
Material Específico – Enfermagem – Tomo 2 – CQA/UNIP 
43 
 No ano de 2008, como estratégia para a erradicação da rubeola, o Brasil realizou a 
maior campanha de vacinação dessa doença no mundo. Foram vacinadas 65,9 milhões de 
pessoas na faixa etária de 19 a 39 anos, no Rio de Janeiro, Minas Gerais, Rio Grande do 
Norte, Mato Grosso e Maranhão, enquanto nos demais estados, a faixa etária de 
abrangência foi de 20 a 39 anos. A orientação do Ministério para garantir uma maior 
cobertura vacinal era que a vacina dupla (sarampo e rubeola) ou a tríplice viral (sarampo, 
caxumba e rubeola) deveria ser aplicada indiscriminadamente, independentemente do 
antecedente de vacinação ou doença. 
 O aumento da cobertura vacinal da população com idade inferior a um ano associado 
à implementação e aprimoramento dos serviços de atenção básica contribuiu para uma 
significativa redução da mortalidade infantil e do número de pessoas com doenças 
imunopreveníveis, dentre elas a rubeola, melhorando a qualidade de vida e de assistência à 
saúde da população brasileira (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2008). 
 
2. Análise das alternativas 
 
A – Alternativa incorreta. 
JUSTIFICATIVA. Conforme referido pelo Ministério da Saúde, 25 a 50% dos casos são 
subclínicos, o que não corresponde à maioria dos casos. É muito importante a busca da 
fonte de infecção e a avaliação dos contatos para evitar a disseminação da rubeola, ao 
contrário do mencionado na justificativa. 
 
B – Alternativa incorreta. 
JUSTIFICATIVA. As medidas de controle da doença devem ser providenciadas a partir da 
notificação de um caso suspeito, independentemente da intensidade dos sintomas 
apresentados. 
DECISÃO. Afirmativa incorreta. 
JUSTIFICATIVA. Mediante um caso suspeito, a Unidade de Saúde do município deve notificar 
imediatamente a Secretaria Municipal de Saúde para providenciar as medidas de controle da 
doença, incluindo ações de vigilância epidemiológica locais. 
 
C – Alternativa incorreta. 
JUSTIFICATIVA. No ano de 2003, durante a 44ª Reunião do Conselho Diretor da 
Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), o Brasil assumiu o compromissode eliminar a 
Material Específico – Enfermagem – Tomo 2 – CQA/UNIP 
44 
rubeola e a síndrome da rubeola congênita até o ano de 2010. Como estratégia, o Brasil 
planejou, para o ano de 2008, uma grande campanha de vacinação contra a doença. 
DECISÃO. Afirmativa incorreta. 
JUSTIFICATIVA. A campanha educativa da população é essencial para evitar a disseminação 
do vírus e assim controlar a doença. Contudo, na presença de um caso suspeito é 
recomendável a vacinação de bloqueio com a vacina tríplice viral para a faixa etária de 6 
meses a 39 anos de idade, de forma seletiva e não indiscriminada. 
 
D – Alternativa correta. 
JUSTIFICATIVA. O vírus é transmitido por via respiratória e sua transmissibilidade ocorre de 
5 a 7 dias antes do início do exantema e de 5 a 7 dias após o sintoma. 
DECISÃO. Afirmativa correta. 
JUSTIFICATIVA. Sabendo-se que o isolamento dos casos pode diminuir o risco de 
transmissão viral, e que o período de transmissibilidade acontece de 5 a 7 dias antes do 
início do exantema e de 5 a 7 dias após o exantema, pode-se considerar uma decisão 
correta o isolamento de Antônio por 7 dias, visto que, o paciente apresenta as lesões 
exantemáticas no momento, ou seja, encontra-se no período de transmissibilidade da 
doença. As ações de vigilância epidemiológica são importantes para obter informações 
detalhadas e uniformes para o caso e assim controlar melhor a doença. Entretanto, deve-se 
desconsiderar a família de Antônio como fonte de infecção porque, provavelmente, o 
contágio aconteceu depois da visita de Antônio. Considerando-se que o período de 
incubação do vírus é de 14 a 21 dias, presume-se que sua contaminação aconteceu cerca de 
14 a 21 dias antes do surgimento dos sintomas, período posterior à visita. 
 
E – Alternativa incorreta. 
JUSTIFICATIVA. A rubeola é uma doença de curso benigno para homens e mulheres, sendo 
essencialmente relevante a SRC. E, devido à eliminação da circulação do vírus da rubeola no 
país, um caso confirmado dessa doença, independentemente da localidade ou período de 
ocorrência, é considerado como surto pelo Ministério da Saúde. 
DECISÃO. Afirmativa incorreta. 
JUSTIFICATIVA. A partir de um caso suspeito já é recomendado o bloqueio vacinal 
imediato (até 72 horas após a exposição), devendo abranger as pessoas do mesmo 
domicílio, independentemente do gênero ou idade, e os indivíduos que dividem o mesmo 
ambiente de trabalho ou alojamento. 
Material Específico – Enfermagem – Tomo 2 – CQA/UNIP 
45 
3. Indicações bibliográficas 
 
• BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de 
Vigilância Epidemiológica. Doenças Infecciosas e Parasitárias: guia de bolso. 7. ed. 
Revisada. Brasília (DF): Ministério da Saúde, 2008. 
• BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de 
Vigilância Epidemiológica. Plano de ação: campanha nacional de vacinação para 
eliminação da rubéola no Brasil. Brasília (DF): Ministério da Saúde, 2008. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Material Específico – Enfermagem – Tomo 2 – CQA/UNIP 
46 
Questão 11 
Questão 11.11 
Considere os fragmentos do discurso de um paciente: 
 
...a caminho do centro cirúrgico, a maca atravessa corredores gelados, 
porém o frio dentro de mim não tem a ver com a temperatura do dia. Entre 
o apartamento e a mesa de operação tenho um longo caminho... Luto 
contra cada instante, tenho que chegar intacto à mesa. Preciso vencer 
alguns metros de corredores. Conto a possibilidade de vida por metros. Não 
sinto dor, indisposição, náuseas, eu poderia ter caminhado, ir batendo um 
papo... 
Brandão apud Jouclas et al, 1998, p. 46. 
 
Essa narrativa revela a assistência em grande parte dos hospitais no país. Mas, existem 
iniciativas no âmbito da assistência humanizada que preconizam: 
I. práticas mais flexíveis que atendam às necessidades dos pacientes, possibilitando, por 
exemplo, que caminhem até o centro cirúrgico; 
II. valorização da dimensão subjetiva da assistência, como o conforto, o acolhimento e a 
escuta empática, possibilitando, por exemplo, várias opções de transporte; 
III. priorização do cuidado interativo, da energia criativa, emocional e intuitiva, envolvendo, 
por exemplo, a inclusão da família no acompanhamento até a sala cirúrgica, 
desconsiderando aspectos técnicos e científicos; 
IV. articulação do cuidado técnico e científico, constituído pela enfermagem, com o cuidado 
ético e relacional efetivo, explicando ao paciente os motivos da obrigatoriedade desse tipo 
de transporte. 
Considerando a assistência humanizada, está correto apenas o que se afirma em 
A. I e II. B. I e III. C. II e III. D. II e IV. E. III e IV. 
 
1. Introdução teórica 
 
Humanização da assistência hospitalar 
 
Os inúmeros avanços no campo da saúde pública brasileira, como a descentralização 
e a regionalização da atenção e da gestão da saúde, a ampliação dos níveis de 
universalidade, de equidade, de integralidade e de controle social convivem, de modo 
 
11Questão 16 – Enade 2007 
Material Específico – Enfermagem – Tomo 2 – CQA/UNIP 
47 
contraditório, com problemas de diversas ordens no panorama nacional da saúde (BRASIL, 
2004). 
A fragmentação e a verticalização dos processos de trabalho e o despreparo da 
equipe de saúde em lidar com as dimensões sociais e subjetivas traduzem uma assistência 
impessoal e fragmentada, com fracos vínculos entre os profissionais de saúde e a 
comunidade, e entre os próprios profissionais. A organização burocrática, autoritária e 
centralizadora das instituições de saúde brasileiras, principalmente no âmbito hospitalar, 
condiciona a baixa responsabilização, o descompromisso, a fragmentação do trabalho e a 
insatisfação dos trabalhadores e usuários (PASCHE, 2009). Esses problemas comprometem 
diretamente a qualidade da assistência à saúde no Brasil e, por sua vez, as condições sociais 
e de saúde da população. 
Para minimizar ou sanar esses problemas, o Ministério da Saúde do Brasil propôs uma 
reformulação nos modelos de gestão de saúde e na formação dos profissionais da área, por 
meio da instituição da Política Nacional de Humanização da Atenção e da Gestão da Saúde, 
para garantir o direito constitucional de “saúde para todos”. 
Para o Ministério da Saúde (BRASIL, 2004), humanizar é ofertar atendimento de 
qualidade, articulando os avanços tecnológicos com acolhimento, com melhoria dos 
ambientes de cuidado e das condições de trabalho dos profissionais. Também deve traduzir 
princípios e modos de operar no conjunto das relações entre profissionais de saúde e 
usuários, entre diferentes profissionais, entre as diversas unidades e serviços de saúde, e 
entre as instâncias que constituem o Sistema Único de Saúde (SUS). 
Humanizar é tomar a saúde como valor de uso, é ter como padrão na atenção o 
vínculo com os usuários, é garantir os direitos dos usuários e seus familiares, é estimular 
para que eles se coloquem como atores do sistema de saúde, mas é também ter melhores 
condições para que os profissionais efetuem seu trabalho de modo digno e criador de novas 
ações e que possam participar como co-gestores de seu processo de trabalho (BRASIL, 
2009). 
A humanização supõe troca de saberes (incluindo os dos pacientes e familiares), 
diálogo entre os profissionais e modos de trabalhar em equipe. Deve, também, levar em 
conta as necessidades sociais, os desejos e os interesses dos diferentes atores envolvidos no 
campo da saúde. Trata-se, então, da produção de um novo tipo de interação entre os 
sujeitos que constituem os sistemas de saúde e deles usufruem, acolhendo tais atores e 
fomentando seu protagonismo (BRASIL, 2004). 
Material Específico – Enfermagem – Tomo 2 – CQA/UNIP 
48 
A humanização estabelece-se, portanto, como a construção/ativação de atitudes 
ético-estético-políticas em sintonia com um projeto de corresponsabilidade e qualificação dos 
vínculosinterprofissionais e entre estes e os usuários na produção de saúde. Éticas porque 
tomam a defesa da vida como eixo de suas ações. Estéticas porque estão voltadas para a 
invenção das normas que regulam a vida, para os processos de criação que constituem o 
mais específico do homem em relação aos demais seres vivos. Políticas porque é na relação 
entre os homens que as relações sociais e de poder se operam, que o mundo se faz 
(BRASIL, 2004). 
Desse modo, a política de humanização deve ser tratada como um elemento de 
transversalidade para o SUS, estando presente desde a recepção e acolhimento do usuário 
no sistema de saúde, até o planejamento e a gestão das ações e estratégias de saúde, 
sejam elas de promoção, prevenção e/ou reabilitação. Sendo assim, quando se considera o 
cenário hospitalar, é necessário entender que a humanização precisa estar voltada não só ao 
paciente internado e aos seus familiares, mas também à própria equipe de saúde, uma vez 
que será pela inter-relação efetiva e afetiva existente entre eles que o cuidado poderá ser 
desenvolvido de maneira mais humana, ética e solidária (COSTA et al, 2009). 
A aposta da Política de Humanização é na superação do atual cenário da gestão e da 
assistência hospitalar, sendo necessário incluir os sujeitos de suas práticas em todos os 
processos de decisão. Assim, um hospital humanizado é aquele cuja estrutura física, 
tecnológica, humana e administrativa valoriza e respeita a pessoa, colocando-se a serviço 
dela, garantindo-lhe um atendimento de elevada qualidade. 
É, portanto, da convergência de vários aspectos presentes nos contextos hospitalares 
que se conseguirá implantar e implementar a política de humanização como estratégia eficaz 
para um atendimento resolutivo e acolhedor ao usuário, e garantir educação permanente 
aos profissionais, bem como sua participação nos modelos de gestão, para alcançar 
melhorias na produção de cuidados de saúde (BRASIL, 2004). 
 
2. Análise das afirmativas 
 
I – Afirmativa correta. 
JUSTIFICATIVA. A humanização do atendimento pressupõe a valorização e o respeito ao 
indivíduo, garantindo-lhe um atendimento individualizado e de qualidade, de acordo com as 
necessidades de cada um. Isso permite ao profissional de saúde maior flexibilidade nas 
Material Específico – Enfermagem – Tomo 2 – CQA/UNIP 
49 
práticas de saúde, inclusive possibilitando que os usuários caminhem até o centro cirúrgico, 
desde que em boas condições para tal. 
 
II – Afirmativa correta. 
JUSTIFICATIVA. Humanizar é também valorizar as dimensões subjetivas e sociais de cada 
indivíduo, acolhendo-o e mantendo uma postura de escuta e compromisso em dar respostas 
às necessidades de saúde de cada usuário. No referido caso, a dimensão subjetiva poderia 
ter sido respeitada por meio da permissão da escolha do usuário sobre os possíveis meios de 
transporte para chegar ao centro cirúrgico. 
 
III – Afirmativa incorreta. 
JUSTIFICATIVA. Apesar de preconizar a assistência voltada ao paciente internado e aos seus 
familiares, pressupondo o respeito mútuo e o aumento no vínculo entre 
instituição/profissionais de saúde e usuários, a humanização deve garantir a qualidade da 
assistência, de modo que nunca será possível desconsiderar os aspectos técnicos e 
científicos do atendimento. 
 
IV – Afirmativa incorreta. 
JUSTIFICATIVA. A articulação do cuidado técnico e científico com o cuidado ético e 
relacional é um dos preceitos do cuidado humanizado. Entretanto, a obrigatoriedade da 
utilização de macas para transportar o paciente ao centro cirúrgico desrespeita o direito de 
participação do usuário no que tange ao cuidado à sua saúde. 
 
Alternativa correta: A. 
 
3. Indicações bibliográficas 
 
• COSTA, S. C.; FIGUEIREDO, M. R. B.; SCHAURICH, D. Humanização em Unidade de 
Terapia Intensiva Adulto (UTI): compreensões da equipe de enfermagem. Interface 
(Botucatu) [online] 2009; 13(1): 571-580. 
• PASCHE, D. F. Humanização nos hospitais: reforma na gestão e nas práticas de saúde 
no contexto de produção de novos sujeitos. Rev Med Minas Gerais 2009; 19 (4 Supl 2): 
33-4. Disponível em 
Material Específico – Enfermagem – Tomo 2 – CQA/UNIP 
50 
<http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/revista_medica_mg.pdf>. Acesso em 21 
mai. 2010. 
• BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria-Executiva. Núcleo Técnico da Política Nacional 
de Humanização. HumanizaSUS: Política Nacional de Humanização: a humanização 
como eixo norteador das práticas de atenção e gestão em todas as instâncias do SUS. 
Brasília: Ministério da Saúde, 2004. 
• BRASIL. Ministério da Saúde. Saúde. Secretaria de Assistência à Saúde. Programa 
Nacional de Humanização da Assistência Hospitalar. Brasília: Ministério da Saúde, 2001. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Material Específico – Enfermagem – Tomo 2 – CQA/UNIP 
51 
Questão 12 
Questão 12.12 
A Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher apresenta objetivos, metas, ações 
e estratégias para atingir os princípios de humanização e de qualidade da atenção. Dentre 
outros, pode-se citar: "a capacitação técnica dos profissionais de saúde e funcionários dos 
serviços envolvidos nas ações de saúde para uso da tecnologia adequada, acolhimento 
humanizado e práticas educativas voltadas à usuária e à comunidade" (Brasil, 2004). É 
relevante para essa capacitação considerar que: 
I. a redução da morbimortalidade pelo câncer de mama requer do enfermeiro domínio da 
técnica do exame clínico e conhecimentos para incentivar a realização do autoexame pelas 
mulheres; ação de eficácia cientificamente comprovada na prevenção primária da doença. 
II. a vulnerabilidade para o câncer de colo de útero pode ser representada pela falta de 
conhecimento, portanto, não basta ao enfermeiro incrementar a oferta de colpocitologia 
oncótica na rede básica, é preciso sensibilizar e mobilizar a população feminina para a 
prática do autocuidado e do sexo seguro. 
III. a assistência em planejamento familiar demanda fornecimento de anticoncepcionais e 
acompanhamento das usuárias, além de promoção de ações de educação em saúde e 
aconselhamento sobre concepção e anticoncepção, visando à escolha livre e informada das 
opções disponíveis tanto para os homens quanto para as mulheres. 
IV. a redução da vulnerabilidade aos agravos à saúde sexual e reprodutiva das adolescentes 
requer desenvolvimento de ações educativas que abordem a sexualidade na perspectiva de 
gênero, classe e diferença social, de modo que a informação resulte em comportamento 
adolescente socialmente desejável. 
É correto apenas o que se afirma em 
A. I e II. B. I e IV. C. II e III. D. II e IV. E. III e IV. 
 
1. Introdução teórica 
 
Política de atenção integral à saúde da mulher 
 
Atendendo às reivindicações do movimento de mulheres, o Ministério da Saúde do 
Brasil criou em 1984 o Programa de Assistência Integral à Saúde da Mulher (PAISM). O 
programa foi anunciado como uma nova e diferenciada abordagem da saúde da mulher com 
 
12Questão 19 – Enade 2007 
Material Específico – Enfermagem – Tomo 2 – CQA/UNIP 
52 
base no conceito de assistência integral à saúde, envolvendo a oferta de ações globalmente 
dirigidas à mulher (OSIS, 1998). 
Em 2004, foi lançada a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher, 
princípios e diretrizes, que apresentou propostas para promoção de saúde, ampliação do 
acesso aos serviços, humanização e melhoria da qualidade da atenção à saúde da mulher 
que deverá ser implementado pelas Secretarias Estaduais e Municipais de Saúde, com apoio 
técnico e financeiro do Ministério da Saúde (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2004). 
Os objetivos dessa Política são a promoção da melhoria das condições de vida e 
saúde das mulheres brasileiras, mediante a garantia de direitos legalmente constituídos; a 
ampliação do acesso aos meios e serviços de promoção, prevenção, assistência e 
recuperação dasaúde no Brasil; a contribuição para a redução da morbimortalidade 
feminina no país por causas preveníveis e evitáveis; a amplificação, a qualificação e a 
humanização da atenção integral à saúde da mulher atendida no SUS (MINISTÉRIO DA 
SAÚDE, 2004). 
Segundo o Ministério da Saúde (2006), essa política incorpora, num enfoque de 
gênero, a integralidade da assistência e a promoção da saúde como princípios norteadores. 
Procura consolidar os avanços no campo dos direitos reprodutivos e sexuais, com ênfase na 
melhoria da atenção obstétrica, no planejamento familiar, na atenção ao abortamento 
inseguro e no combate à violência doméstica e sexual, agregando também a prevenção e o 
tratamento de mulheres portadoras de doenças crônicas não transmissíveis e de câncer, 
assim como mulheres que vivem com HIV/Aids. 
 
2. Análise das afirmativas 
 
I – Afirmativa incorreta. 
JUSTIFICATIVA. Para que o enfermeiro consiga identificar alterações mamárias é 
importantíssimo que tenha domínio do exame físico das glândulas mamárias e estimule as 
mulheres a realizar o autoexame das mamas. Entretanto, o autoexame não é recomendado 
pelo Ministério da Saúde para o rastreamento e a detecção do câncer de mama. 
 
II – Afirmativa correta. 
JUSTIFICATIVA. A literatura apresenta diversos fatores de risco para o desenvolvimento do 
câncer de colo uterino, entre elas, está a pouca instrução justificada pelo pouco 
conhecimento das mulheres com relação à importância da prática do sexo seguro/protegido 
Material Específico – Enfermagem – Tomo 2 – CQA/UNIP 
53 
para prevenção da transmissão das doenças sexualmente transmitidas, como o HPV, um dos 
principais precursores do câncer de colo uterino. Assim, é primordial que o enfermeiro, além 
de realizar a consulta de enfermagem para coleta da colpocitologia oncótica, também realize 
atividades educativas para sensibilizar as mulheres para utilizarem preservativo em todas as 
relações sexuais. 
 
III – Afirmativa correta. 
JUSTIFICATIVA. Segundo o Ministério da Saúde, o programa nacional de atenção integral à 
saúde da mulher deve realizar ações de planejamento familiar, cuja assistência deve incluir o 
acesso à informação e aos métodos e técnicas para concepção e anticoncepção, aceitos 
cientificamente e que não coloquem em risco a vida e a saúde das pessoas, assegurando ao 
casal a decisão livre e consciente de ter ou de não ter filhos. 
 
IV – Afirmativa incorreta. 
JUSTIFICATIVA. A falta de informação sobre saúde sexual e reprodutiva é um dos fatores de 
risco para o desenvolvimento do câncer de colo de útero, que deve ser trabalhada pelo 
enfermeiro por meio de atividades educativas direcionadas à população. Entretanto, as 
ações educativas, individuais ou coletivas, devem enfatizar ações de prevenção da doença 
por meio da transmissão de informações relacionadas à prática do autocuidado e do sexo 
seguro e não definir como deverá ser o comportamento social de qualquer indivíduo, 
conforme referido na alternativa. 
 
Alternativa correta. C. 
 
3. Indicações bibliográficas 
 
• BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações 
Programáticas Estratégicas. Política nacional de atenção integral à saúde da mulher: 
plano de ação 2004-2007. Brasília (DF): Ministério da Saúde, 2004. 
• BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações 
Programáticas Estratégicas. Política nacional de atenção integral à saúde da mulher: 
princípios e diretrizes. Brasília (DF): Ministério da Saúde, 2009. 
Material Específico – Enfermagem – Tomo 2 – CQA/UNIP 
54 
• BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção 
Básica. Controle dos cânceres do colo do útero e da mama. Brasília (DF): Ministério da 
Saúde, 2006. 
• RICCI, S. S. Enfermagem materno-neonatal e saúde da mulher. Rio de Janeiro: 
Guanabara Koogan, 2008. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Material Específico – Enfermagem – Tomo 2 – CQA/UNIP 
55 
Questão 13 
Questão 13.13 
Após o cadastramento das famílias que compõem a área de abrangência de uma unidade de 
Saúde da Família, as equipes se reuniram para definir as estratégias de ação frente à 
problemática identificada: a elevada incidência de jovens usuários de drogas e de pessoas 
com transtorno mental e história de internação psiquiátrica. Diante dessa situação, a equipe 
decidiu realizar uma pesquisa para conhecer as dificuldades das famílias em cuidar dos 
indivíduos com transtorno mental. Do ponto de vista metodológico, o que deve ser 
considerado para a execução dessa pesquisa? 
A. Considerar o sexo e a idade dos sujeitos como variáveis dependentes do estudo. 
B. Enviar questionários às famílias para avaliar o grau de confiabilidade do teste de 
hipótese. 
C. Implantar, antes da coleta de dados, um programa de capacitação das famílias para que 
se instrumentalizem quanto às formas de atenção. 
D. Aplicar às pessoas com transtorno mental um teste que avalie o seu desempenho 
cognitivo e categorize o tipo de atenção requerida. 
E. Elaborar um projeto justificando o problema, determinando objetivos e a trajetória 
metodológica. 
 
1. Introdução teórica 
 
Pesquisa em enfermagem 
 
 A pesquisa científica é a investigação sistemática que utiliza métodos para responder 
às questões ou resolver os problemas. A pesquisa científica em enfermagem é destinada a 
desenvolver conhecimentos sobre temas importantes para os enfermeiros, incluindo a 
prática, o ensino e a administração (POLIT et al, 2004). 
 A pesquisa em enfermagem é conduzida dentro de dois amplos paradigmas: o 
positivista e o naturalista. No paradigma positivista, presume-se que exista uma realidade 
objetiva e que os fenômenos naturais sejam regulares e ordenados. Está associado com a 
abordagem científica tradicional, processo sistemático e controlado, e está relacionado à 
pesquisa quantitativa. No paradigma naturalista, é presumido que a realidade não seja uma 
entidade fixa, mas uma construção da mente humana, enfatizando a compreensão da 
 
13Questão 28 – Enade 2007 
Material Específico – Enfermagem – Tomo 2 – CQA/UNIP 
56 
experiência humana, e está relacionado à pesquisa qualitativa (POLIT et al, 2004; 
LOBIONDO-WOOD, 2001). 
 No estudo quantitativo, o pesquisador parte do ponto inicial de um estudo 
(elaboração de uma questão de pesquisa) para o ponto final (a resposta à sua questão), 
utilizando uma sequência lógica de fases e passos, descritos no quadro 1. 
 
Quadro 1. Sequência de fases e passos para o desenvolvimento de uma pesquisa quantitativa. 
Fase Passos 
 
 
 
 
Conceitual 
1. Formulação e delimitação do problema de pesquisa, considerando a 
relevância clínica ou teórica da questão. 
2. Revisão da literatura relacionada ao tema, para compreender o que 
já é conhecido sobre o tópico. 
3. Definição da estrutura teórica. 
4. Formulação de hipóteses, que é a previsão do pesquisador da 
relação que ele espera encontrar. A maioria dos estudos quantitativos é 
destinada a testar hipóteses de pesquisa. 
 
 
 
Delineamento e 
Planejamento 
5. Seleção do delineamento da pesquisa, que especifica qual 
abordagem de pesquisa será adotada (método de pesquisa). 
6. Identificação da população a ser estudada. 
7. Delineamento do plano de amostragem. 
8. Especificação dos métodos para medir as variáveis de pesquisa. 
9. Finalização e revisão do plano de pesquisa. 
10. Condução de um estudo piloto e realização de revisões. 
 
Empírica 
11. Coleta de dados. 
12. Preparação dos dados para análise. 
 
Analítica 
13. Análise dos dados. 
14. Interpretação dos resultados. 
 
Divulgação 
15. Comunicação e publicação dos resultados. 
16. Utilização dos resultados na prática clínica. 
Fonte: Lobiondo-Wood (2001) e Polit et al. (2004). 
 
A fase conceitual da pesquisa científica, correspondente aos passos de 1 a 4, é a 
etapa em que o pesquisadordesenvolve uma fundamentação teórica para o tema que 
pretende estudar. Os passos 5 a 10 correspondem à fase de delineamento e planejamento 
ou a segunda fase do trabalho, na qual o investigador toma decisões sobre os métodos a 
serem usados para abordar a questão a ser estudada e planeja a coleta de dados. Tais fases 
devem estar contempladas no projeto de pesquisa. 
 A terceira fase de uma pesquisa científica, denominada fase empírica, é a etapa em 
que o pesquisador realiza a coleta de dados para responder ao seu problema de pesquisa e 
os prepara para a análise. A fase seguinte – analítica, compreende a análise e a 
interpretação dos resultados obtidos na fase empírica. Por fim, a fase de divulgação 
corresponde à etapa em que o pesquisador divulga os resultados de sua pesquisa para que 
sejam incorporados à prática de enfermagem. 
 Os estudos qualitativos apresentam uma sistematização diferenciada quando 
comparados aos estudos quantitativos. Na pesquisa qualitativa, o pesquisador tem uma 
Material Específico – Enfermagem – Tomo 2 – CQA/UNIP 
57 
abordagem flexível à coleta e análise dos dados, sendo difícil definir, com precisão, o fluxo 
de atividades a serem desenvolvidas. Com frequência, as pesquisas com essa abordagem 
começam com uma questão ampla a ser respondida e apresentam as seguintes fases de 
desenvolvimento: conceitualização e planejamento, condução do estudo e divulgação 
(POLIT et al, 2004; LOBIONDO-WOOD, 2001). 
É imprescindível que o enfermeiro tenha conhecimento básico sobre a elaboração e o 
desenvolvimento de uma pesquisa científica para que possa fundamentar suas decisões, 
ações e interações com os clientes com base científica, permitindo assim o aprimoramento 
da assistência de enfermagem e o aperfeiçoamento da profissão (POLIT et al , 2004). 
 
3. Análise das alternativas 
 
A – Alternativa incorreta. 
JUSTIFICATIVA. Variáveis dependentes são usadas para designar os efeitos presumidos de 
uma pesquisa. Para o desenvolvimento do estudo, os pesquisadores podem até utilizar as 
variáveis sexo e idade, entretanto, tais informações não respondem ao objetivo de conhecer 
as dificuldades dos familiares no cuidado ao indivíduo com transtorno mental. 
 
B – Alternativa incorreta. 
JUSTIFICATIVA. O objetivo da pesquisa é o de conhecer as dificuldades das famílias em 
cuidar dos indivíduos com transtorno mental. Assim, a meta da pesquisa é levantar 
informações relacionadas à realidade vivenciada pelas famílias, que não pressupõe testar 
hipóteses. Além disso, é eticamente incorreto enviar questionários às famílias antes da 
aprovação do projeto de pesquisa pelo Comitê de Ética em Pesquisa. 
 
C – Alternativa incorreta. 
JUSTIFICATIVA. A coleta de dados sobre as dificuldades das famílias deve acontecer antes 
da aplicação dos resultados na prática clínica, ou seja, antes da implantação das 
intervenções de enfermagem. 
 
D – Alternativa incorreta. 
JUSTIFICATIVA. Como o objetivo do estudo é conhecer as dificuldades dos familiares no 
cuidado ao indivíduo com transtorno mental, os sujeitos da pesquisa devem ser os 
familiares. 
Material Específico – Enfermagem – Tomo 2 – CQA/UNIP 
58 
E – Alternativa correta. 
JUSTIFICATIVA. Seguindo a sequência metodológica para uma pesquisa científica, os 
profissionais de saúde devem elaborar um projeto de pesquisa que contemple as fases de 
conceitualização da temática, delineamento e planejamento da pesquisa (fases 1 e 2). 
Assim, o primeiro passo é a elaboração do projeto, na qual devem estar descritos a 
justificativa e a relevância do problema de pesquisa, os objetivos e a trajetória metodológica 
da pesquisa. 
 
3. Indicações bibliográficas 
 
• POLIT, D. F.; BECK, C. T.; HUNGLER, B. P. Fundamentos de Pesquisa em Enfermagem: 
métodos, avaliação e utilização. 5. ed. Porto Alegre: Artmed, 2004. 
• LOBIONDO-WOOD, G.; HABER, J. Pesquisa em enfermagem: métodos, avaliação crítica 
e utilização. 4. ed. Rio de Janeiro: Guanabara-Koogan, 2001. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Material Específico – Enfermagem – Tomo 2 – CQA/UNIP 
59 
Questão 14 
Questão 14.14 
João, dependente de drogas e contaminado pelo vírus HIV, é atendido pela enfermeira do 
ambulatório de saúde mental. Durante a consulta, revela que é enfermeiro da terapia 
intensiva da instituição e frequentemente injeta metade da droga prescrita aos pacientes 
(opiácio) em si próprio. Considerando a situação descrita e os aspectos éticos e legais, 
preconiza-se que a enfermeira 
I. esteja comprometida com a assistência de enfermagem a João, sem discriminação de 
qualquer natureza, abstendo-se de revelar esses informes confidenciais a pessoas que não 
estejam obrigadas ao sigilo. 
II. assuma a assistência a João, cidadão pleno de direitos e deveres, e reflita que ele está 
sendo atendido como paciente e, como tal, independentemente de sua patologia, tem 
direito ao sigilo de suas informações e de seu diagnóstico. 
III. garanta a assistência a João e comunique o caso à diretoria de enfermagem, 
considerando que ele pode cometer danos à própria vida, à de terceiros e ao patrimônio da 
empresa, por integrar o quadro funcional do hospital. 
IV. comprometa-se com a assistência a João, mesmo sendo dilemática a situação, porém o 
denuncie ao Conselho Regional de Enfermagem, visando a cumprir os preceitos éticos e 
legais da profissão. 
É correto apenas o que se afirma em 
A. III e IV. B. II e IV. C. II e III. D. I e II. E. I e III. 
 
1. Introdução teórica 
 
Aspectos éticos e legais na assistência de enfermagem em saúde mental 
 
 Os aspectos éticos e legais da atuação dos profissionais de enfermagem estão 
pautados no Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem (CEPE), reformulada pelo 
Conselho Federal de Enfermagem, em 2007, e na Lei do Exercício Profissional de 
Enfermagem. 
O CEPE (2007) leva em consideração a necessidade e o direito de assistência em 
enfermagem da população e os interesses dos profissionais e de sua organização. Está 
centrado na pessoa, na família e na coletividade, pressupondo que o profissional deva 
 
14Questão 29 – Enade 2007 
Material Específico – Enfermagem – Tomo 2 – CQA/UNIP 
60 
trabalhar em conjunto com os usuários para garantir uma assistência adequada e de 
qualidade. 
De acordo com o CEPE (2007), é responsabilidade dos profissionais de enfermagem o 
exercício da profissão com justiça, compromisso, equidade, resolutividade, dignidade, 
competência, responsabilidade e lealdade. O profissional deve assegurar à pessoa, à família 
e à coletividade uma assistência livre de danos decorrentes de imperícia, negligência ou 
imprudência (Art. 12), realizando o atendimento sem discriminação de qualquer natureza. 
O CEPE (2007) apresenta no capítulo II, relacionado ao sigilo profissional, que é 
direito dos profissionais de enfermagem abster-se de revelar informações confidenciais de 
que tenha conhecimento em razão do exercício profissional a pessoas ou entidades que não 
estejam obrigadas ao sigilo e é dever a manutenção de segredo sobre fato sigiloso obtido 
em razão de sua atividade profissional. 
Todo profissional de enfermagem, no exercício da profissão, deve conhecer e 
respeitar os princípios ético-legais da profissão para a promoção do ser humano na sua 
integralidade, respeitando a vida, a dignidade e os direitos humanos. 
Nesse contexto, faz-se prioritário o respeito ao indivíduo com transtorno mental, pois 
pode ser vítima dos mais variados abusos por parte da sociedade, dos familiares e até 
mesmo dos próprios profissionais de saúde. A reflexão acerca do frequente desrespeito 
sofrido pelo indivíduo com transtornos mentais, nas diversas dimensões, gerou um 
movimento nacional e internacional de combate à discriminação e ao preconceito à pessoa 
com doença mental. No Brasil, esse movimento culminou na elaboração da Lei Nº 10.216 de 
2001, que dispõe sobre os direitos da pessoa portadora de transtornomental, para sua 
proteção e para assegurar o respeito e o atendimento sem qualquer forma de discriminação 
(BRASIL, 2001). 
Desse modo, são direitos assegurados pela Lei Nº 10.216 à pessoa com transtorno 
mental (BRASIL, 2001): 
• Ter acesso ao melhor tratamento do sistema de saúde, conforme suas necessidades. 
• Ser tratada com humanidade e respeito e no interesse exclusivo de beneficiar sua 
saúde, visando alcançar sua recuperação pela inserção na família, no trabalho e na 
comunidade. 
• Ser protegida contra qualquer forma de abuso e exploração. 
• Ter garantia de sigilo nas informações prestadas. 
• Ter direito à presença médica, em qualquer tempo, para esclarecer a necessidade ou 
não de sua hospitalização involuntária. 
Material Específico – Enfermagem – Tomo 2 – CQA/UNIP 
61 
• Ter livre acesso aos meios de informações a respeito de sua doença e de seu 
tratamento. 
• Ser tratada em ambiente terapêutico pelos meios menos invasivos possíveis. 
• Ser tratada, preferencialmente, em serviços comunitários de saúde mental. 
A assistência de enfermagem em saúde mental exige que o enfermeiro conhecedor 
dos parâmetros éticos e legais da assistência à pessoa com transtorno mental assuma o 
compromisso com o trabalho interdisciplinar e que tenha conhecimento teórico-prático 
suficiente. Vale ressaltar que o trabalho do enfermeiro em saúde mental e psiquiátrica deve 
estar fundamentado na parceria com o cliente e a família para atender com qualidade e 
respeito às múltiplas facetas do transtorno mental. 
 
2. Análise das afirmativas 
 
I – Afirmativa correta. 
JUSTIFICATIVA. Segundo o Código de Ética em Enfermagem - artigo 15, é dever do 
enfermeiro prestar assistência de enfermagem sem discriminação de qualquer natureza. O 
artigo 81, do capítulo II do mesmo Código, aponta que é um direito do profissional abster-se 
de revelar informações confidenciais de que tenha conhecimento em razão do seu exercício 
profissional a pessoas ou entidades que não estejam obrigadas ao sigilo. Por isso, 
considerando os aspectos éticos e legais da profissão, a enfermeira deve continuar 
comprometida com a assistência a João e abster-se de revelar as informações confidenciais. 
 
II – Afirmativa correta. 
JUSTIFICATIVA. A enfermeira deve assumir a assistência de João sem discriminação de 
qualquer natureza, conforme recomendação do Código de Ética em Enfermagem. É 
importante esclarecer a João que, apesar de ser funcionário da instituição, ele está sendo 
atendido como paciente e como tal, tem direito ao sigilo profissional. 
 
III – Afirmativa incorreta. 
JUSTIFICATIVA. Como a informação foi transmitida durante a assistência de enfermagem, a 
enfermeira tem o dever de manter segredo sobre o fato. 
 
 
 
Material Específico – Enfermagem – Tomo 2 – CQA/UNIP 
62 
IV – Afirmativa incorreta. 
Justificativa. Como a informação foi transmitida durante a assistência de enfermagem, a 
enfermeira tem o dever de manter segredo sobre o fato. 
 
Alternativa correta. D. 
 
Comentário. É importante frisar que o CEPE foi revisado, atualizado e publicado em 2017 
pelo Conselho Federal de Enfermagem (COFEN), mantendo os mesmos direitos e deveres 
relacionados à profissão citados na questão. 
 
3. Indicações bibliográficas 
 
• STEFANELLI, M. C.; FUKUDA, I. M. K.; ARANTES, E. C. (org). Enfermagem psiquiátrica: 
em suas dimensões assistenciais. Barueri (SP): Manole, 2008. 
• TOWNSEND, M. C. Enfermagem psiquiátrica. 3. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 
2002. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Material Específico – Enfermagem – Tomo 2 – CQA/UNIP 
63 
Questão 15 
Questão 15.15 
Reginaldo, 46 anos, portador de doença renal crônica, vai iniciar hemodiálise três vezes por 
semana enquanto aguarda a chamada para se submeter a transplante renal. Ele foi 
encaminhado para receber o esquema de vacinação contra hepatite B, na Unidade Básica de 
Saúde próxima de sua residência, onde recebeu a primeira dose de 2 mL de vacina por via 
intramuscular profunda. A segunda dose foi administrada após intervalo de 30 dias, tendo 
sido agendada a terceira dose para 180 dias após a primeira, data em que Reginaldo se 
encontrava internado no hospital devido a uma intercorrência gastrintestinal. Sessenta dias 
após a data agendada compareceu à UBS e solicitou o reinício do esquema de vacinação 
porque havia ultrapassado os prazos estipulados no calendário. Qual a conduta e a 
orientação corretas a serem oferecidas a Reginaldo? 
A. Reiniciar o esquema de três doses conforme solicitado pelo cliente porque a interrupção 
do esquema anula os anticorpos anteriormente produzidos. 
B. Dar continuidade ao esquema administrando a terceira dose e agendando a quarta dose, 
prevista para pacientes de grupos de risco, porque os pacientes nesta condição têm 
menor produção de anticorpos. 
C. Reiniciar o esquema e acrescentar uma quarta dose, seis meses após a terceira, porque 
na repetição do esquema o organismo demora mais tempo para desenvolver a memória 
celular contra a hepatite. 
D. Encerrar o esquema de vacinação administrando a terceira dose porque a ampliação do 
intervalo entre as doses supre a necessidade da quarta dose, se cumpridos os prazos 
iniciais. 
E. Substituir a vacinação por imunoglobulina específica uma vez que o esquema não pode 
ser reiniciado nem completado porque o paciente não é mais virgem da estimulação pelo 
antígeno. 
 
1. Introdução teórica 
 
Imunização contra a hepatite B 
 
O Ministério da Saúde do Brasil instituiu o Programa Nacional de Imunizações (PNI) 
para o controle de importantes doenças transmissíveis como tuberculose, hepatite B, 
 
15Questão 30 – Enade 2007 
Material Específico – Enfermagem – Tomo 2 – CQA/UNIP 
64 
difteria, coqueluche, tétano, poliomielite, sarampo, caxumba e rubeola e, em algumas 
regiões, febre amarela. As orientações preconizadas pelo PNI devem ser de conhecimento 
geral, das instituições de saúde, públicas e privadas, dos profissionais de saúde e da 
população (BRASIL, 2008). 
 A imunização contra a hepatite B é preconizada pelo PNI desde 1998. As vacinas 
contra hepatite B são constituídas por produtos que contêm o antígeno de superfície do 
vírus (AgHBs) purificado. As comercializadas no Brasil são, unicamente, as produzidas por 
engenharia genética. As dosagens recomendadas (em microgramas ou mililitros) variam 
conforme o produto, devendo-se seguir as orientações das bulas e as normas atualizadas 
estabelecidas pelo PNI para cada situação específica (BRASIL, 1998; BRASIL, 2006). 
 A vacina é apresentada em unidades monodose ou em frascos de 10 ou 50 doses, 
isolada ou combinada com outros imunobiológicos. A composição varia conforme o 
laboratório produtor. Todas apresentam o hidróxido de alumínio como adjuvante e podem 
conter timerosal como conservante (BRASIL, 2006). 
A imunização contra a hepatite B deve ser administrada a partir do nascimento, 
preferencialmente nas primeiras 12 horas de vida, ainda na maternidade, por via 
intramuscular, no vasto lateral da coxa, em crianças menores de dois anos, ou na região 
deltoide, em pessoas acima dessa idade. O esquema vacinal é composto por três doses, 
para pessoas imunocompetentes, com intervalos de um mês entre a primeira e a segunda 
dose e seis meses entre a primeira e a terceira dose, seguindo um esquema de zero, um e 
seis meses (BRASIL, 2006; BRASIL, 2008). 
A vacina contra hepatite B pode ser aplicada simultaneamente com as outras vacinas 
do PNI, não havendo comprometimento da eficácia e nem aumento dos efeitos adversos. 
Intervalos maiores do que os recomendados proporcionam resultados equivalentes, não 
havendo necessidade de reiniciar o esquema vacinal (BRASIL, 2006; BRASIL, 2008). 
Prematuros menores de 33 semanas ou com peso inferior a 2.000 gramas 
apresentam menor produção de anticorpos em resposta à vacina e, por isso, devem receber 
uma dose extra com dois meses de idade.Para a prevenção da transmissão vertical da 
hepatite B, é fundamental a administração precoce da vacina, preferentemente nas 
primeiras 12 horas, bem como da imunoglobulina humana específica. Para pacientes 
imunodeprimidos, como os renais crônicos, a vacina deve ser administrada em dose dupla 
para a idade, conforme apresentado no quadro 1. 
 
 
Material Específico – Enfermagem – Tomo 2 – CQA/UNIP 
65 
Quadro 1. Vacinação contra hepatite B e seguimento recomendado para renais crônicos e hemodialisados. 
Grupos 
especiais 
Condição Dose/Esquema Seguimento 
 
 
 
 
 
 
 
Renais 
Crônicos 
 
 
 
Pré-diálise 
Dose dupla em relação 
à recomendada para a 
mesma idade, 
conforme o protocolo. 
Esquema de quatro 
doses: 0, 1, 2 e 6 
meses. 
 
Testar 1 a 2 
meses após a 
última dose. 
 
Repetir esquema uma 
vez para os sem 
resposta adequada. 
 
 
 
 
 
Hemodialisados 
 
 
 
 
Dose dupla em relação 
à recomendada para a 
mesma idade, 
conforme o protocolo. 
Esquema de quatro 
doses: 0, 1, 2 e 6 
meses. 
 
 
 
 
Testar 1 a 2 
meses após a 
última dose. 
Repetir esquema uma 
vez para os sem 
resposta adequada. 
 
Retestar anualmente os 
com resposta adequada 
e fazer reforço para os 
que apresentarem títulos 
menores que 10 UI/ml 
na retestagem. 
Fonte. Secretaria de Vigilância em Saúde/Ministério da Saúde, 2008. 
 
A vacina produz eventos locais de pequena intensidade, como dor e endurecimento 
local. Reações sistêmicas, como a febre, também são incomuns. Reações alérgicas 
(anafiláticas) à vacina são raras, mas constituem a única contraindicação para aplicação da 
dose subsequente (BRASIL, 2008). 
 
2. Análise das alternativas 
 
A – Alternativa incorreta. 
JUSTIFICATIVA. Não existe necessidade de reiniciar o esquema vacinal quando houver 
intervalos maiores do que os recomendados pelo Ministério da Saúde, pois proporcionam 
resultados equivalentes. 
 
B – Alternativa correta. 
JUSTIFICATIVA. Intervalos maiores do que os recomendados pelo Ministério da Saúde 
proporcionam resultados equivalentes, não havendo necessidade de reiniciar o esquema 
vacinal. Os pacientes renais crônicos devem receber o esquema de quatro doses (0, 1, 2 e 6 
meses) por apresentarem menor produção de anticorpos. 
 
 
Material Específico – Enfermagem – Tomo 2 – CQA/UNIP 
66 
C – Alternativa incorreta. 
JUSTIFICATIVA. Não existe necessidade de reiniciar o esquema vacinal quando houver 
intervalos maiores do que os recomendados pelo Ministério da Saúde, pois proporcionam 
resultados equivalentes. 
 
D – Alternativa incorreta. 
JUSTIFICATIVA. Os pacientes renais crônicos devem receber o esquema vacinal composto 
por quatro doses (0, 1, 2 e 6 meses) para garantir a eficácia da vacinação, de modo que a 
terceira dose não supra a necessidade da quarta dose, mesmo se os prazos de 
administração forem cumpridos. 
 
E – Alternativa incorreta. 
JUSTIFICATIVA. As doses já administradas produzem resultados equivalentes, mesmo 
quando ultrapassados os prazos determinados pelo Ministério da Saúde. Ou seja, o esquema 
vacinal contra hepatite B deve ser completado sempre que houver o início da aplicação do 
esquema vacinal, não havendo necessidade de reiniciar o esquema ou mesmo de 
administrar a imunoglobulina. 
 
3. Indicações bibliográficas 
 
• Governo do Estado de São Paulo. Secretaria de Estado da Saúde. Coordenadoria de 
Controle de Doenças. Centro de Vigilância Epidemiológica “Prof. Alexandre Vranjac”. 
Norma técnica do programa de imunização. São Paulo: CVE, 2008. 
• Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de 
Vigilância Epidemiológica. Manual dos centros de referência para imunobiológicos 
especiais. Brasília: Ministério da Saúde, 2006. 
• Governo do Estado de São Paulo. Secretaria de Estado da Saúde. Coordenadoria dos 
Institutos de Pesquisa. Centro de Vigilância Epidemiológica “Prof. Alexandre Vranjac”. 
Norma do programa de imunização. São Paulo: CVE, 1998. 
 
 
 
 
 
Material Específico – Enfermagem – Tomo 2 – CQA/UNIP 
67 
Questão 16 
Questão 16.16 
Nadir, enfermeira auditora da Secretaria Municipal de Saúde de Castro Alves, analisou o 
consumo de hipoclorito de sódio 1% utilizado na desinfecção de artigos de inaloterapia das 
Unidades Básicas de Saúde e apresentou em reunião técnica o gráfico abaixo. 
 
Considerando o gráfico e que não houve mudança na quantidade de inalações realizadas no 
período de análise, é correto afirmar: 
A. A média mensal de consumo foi inferior ao esperado, portanto, há risco de disseminação 
de microrganismos patogênicos entre os usuários do serviço. 
B. Os dados não podem ser utilizados isoladamente, sendo necessário verificar a ocorrência 
de casos de doença respiratória nos usuários para estabelecer o grau de risco decorrente 
da provável baixa concentração do cloro. 
C. A média mensal de consumo foi menor que o esperado, mas não oferece risco de 
infecção respiratória aos usuários das unidades, porque nelas não há circulação de 
microrganismos altamente patogênicos. 
D. Os traçados das duas médias de consumo de hipoclorito se mantêm paralelos sugerindo 
que o padrão de desinfecção vem se mantendo sem o comprometimento da 
biossegurança. 
E. O consumo médio mensal de hipoclorito está abaixo do esperado porque algumas 
unidades estariam utilizando concentrações de cloro menores, compensando com a 
imersão do material por mais tempo, sem oferecer, entretanto, risco aos usuários. 
 
 
 
16Questão 32 – Enade 2007 
Material Específico – Enfermagem – Tomo 2 – CQA/UNIP 
68 
1. Introdução teórica 
 
Desinfecção de artigos 
 
Os artigos utilizados em estabelecimentos de saúde para realização de diagnósticos e 
tratamentos ou para a efetuação de procedimentos de saúde podem se tornar veículos de 
agentes infecciosos, disseminando infecções, se não sofrerem processos de 
descontaminação após cada uso. Um processo que pode interromper essa cadeia é a 
esterilização de artigos. Outro processo é a desinfecção de artigos, utilizados conforme a 
área de contato e o tipo de artigo. A desinfecção é o método capaz de eliminar a maioria 
dos organismos patogênicos com exceção dos esporos e esterilização é o processo de 
destruição de todos os organismos vivos da superfície do material. 
Os artigos destinados à penetração através da pele e de mucosas adjacentes, nos 
tecidos subepiteliais e no sistema vascular, bem como todos os que estejam diretamente 
conectados com este sistema, são chamados de críticos. Estes requerem esterilização para 
evitar a disseminação de infecções. As agulhas, os materiais cirúrgicos e os cateteres são 
exemplos de artigos críticos (BRASIL, 1994; SOUZA e MOZACHI, 2005). 
Os artigos destinados ao contato com a pele não-íntegra ou com mucosas íntegras 
são chamados de semicríticos e requerem desinfecção de médio ou de alto nível, ou 
esterilização, para ter garantida a qualidade do múltiplo uso destes. São exemplos de artigos 
semicríticos os circuitos de terapia respiratória e endoscópios. 
Os artigos destinados ao contato com a pele íntegra do paciente são chamados de 
não-críticos e requerem limpeza ou desinfecção de baixo ou médio nível, dependendo do 
uso a que se destinam ou do último uso realizado. Materiais para inaloterapia, estetoscópio, 
otoscópio e termômetro são exemplos de artigos não-críticos. 
A esterilização de artigos médico-hospitalares pode ser feita por meio físico, químico 
ou físico-químico. Os esterilizantes físicos são as autoclaves, que utilizam o vapor saturado 
sob pressão (calor úmido) e as estufas, que esterilizam por meio do calor seco. O 
glutaraldeído e o formaldeído são os principais esterilizantes químicos. Os métodos físico-
químicos são realizados à baixa temperatura, utilizados em materiais sensíveis ao calor, 
umidade ou a ambos, sendo a esterilização a óxido de etileno uma das formas mais 
utilizadas (SOUZA e MOZACHI, 2005). 
A desinfecção podeser classificada em baixo, médio e alto nível. Na desinfecção de 
alto nível são destruídas as bactérias, fungos e alguns esporos, enquanto, no nível médio, 
Material Específico – Enfermagem – Tomo 2 – CQA/UNIP 
69 
destrói-se a maioria dos vírus e fungos e, por fim, a desinfecção de baixo nível destrói as 
bactérias em formas vegetativas e alguns vírus e fungos. Para a desinfecção, podem ser 
empregados os seguintes desinfetantes: álcool, hipoclorito de sódio, iodóforos, fenólicos, 
quaternários de amônia, formaldeído, glutaraldeído, peróxido de hidrogênio, ácido 
paracético, entre outros (BRASIL, 1994; SOUZA e MOZACHI, 2005). 
O hipoclorito de sódio é um desinfetante químico com um amplo espectro de ação, 
que dependendo da concentração, varia de desinfetante de baixo nível até o de alto nível. O 
real mecanismo de ação do produto ainda é desconhecido, mas se acredita que aconteça a 
inibição de reações enzimáticas dentro das células, desnaturação proteica e inativação do 
ácido nucleico. O hipoclorito a 1% é uma solução de baixo custo, baixa toxicidade e de ação 
rápida, indicado para desinfecção de nível médio, incluindo materiais de inaloterapia e 
oxigenoterapia não-metálicos. Seu uso é limitado pela presença de matéria orgânica e pela 
capacidade corrosiva e descolorante, podendo desencadear irritação na pele e nas vias 
respiratórias. 
Para assegurar a desinfecção dos artigos, é importante observar o registro do produto 
no Ministério da Saúde, na Divisão de Saneantes Domissanitários (DISAD) e as 
recomendações do Órgão para o processamento de artigos e superfícies em 
estabelecimentos de saúde, assim como as instruções contidas no rótulo sobre o uso, a 
diluição, o prazo, a validade e a toxicidade da solução. Os artigos médico-hospitalares 
necessitam de um apurado controle para não disseminar infecção e assim não comprometer 
a vida do paciente (BRASIL, 1994; SOUZA e MOZACHI, 2005). 
 
2. Análise das afirmativas 
 
A – Afirmativa correta. 
JUSTIFICATIVA. Observa-se por meio da análise do gráfico que a média mensal de consumo 
do hipoclorito de sódio a 1% para desinfecção dos materiais de inaloterapia foi inferior ao 
consumo mínimo mensal esperado. Isso indica que o processo de desinfecção está sendo 
realizado abaixo do necessário, havendo predisposição para a disseminação de 
microrganismos patogênicos entre os usuários das Unidades de Básicas de Saúde por via 
respiratória. 
 
 
 
Material Específico – Enfermagem – Tomo 2 – CQA/UNIP 
70 
B – Afirmativa incorreta. 
JUSTIFICATIVA. Os dados apresentados no gráfico podem ser utilizados isoladamente e 
indicam a pouca utilização do hipoclorito de sódio a 1%, evidenciando um processo de 
desinfecção deficitário. 
 
C – Afirmativa incorreta. 
JUSTIFICATIVA. Como a média mensal do consumo de hipoclorito de sódio a 1% foi menor 
do que o esperado, existe risco para disseminação de microrganismos por via respiratória, 
visto que os materiais de inaloterapia são considerados artigos não-críticos que podem 
disseminar microrganismos patogênicos e, por isso, é recomendável sua desinfecção. 
 
D – Afirmativa incorreta. 
JUSTIFICATIVA. Nota-se que os traçados das duas médias de consumo de hipoclorito 
realmente se mantêm paralelos. Isso sugere que o processo de desinfecção nas Unidades 
Básicas de Saúde está aquém do esperado. 
 
E – Afirmativa incorreta. 
JUSTIFICATIVA. Não se pode inferir, por meio da análise do gráfico, que determinadas 
unidades de saúde estão utilizando outras concentrações de hipoclorito, tampouco o tempo 
de imersão do material. O gráfico fornece apenas o consumo da solução comparado ao 
consumo esperado. 
 
3. Indicações bibliográficas 
 
• BRASIL. Ministério da Saúde. Coordenação de Controle de Infecção Hospitalar. 
Processamento de Artigos e Superfícies em Estabelecimentos de Saúde. 2. ed. Brasília 
(DF): Ministério da Saúde, 1994. 
• MOZACHI, N. O hospital: manual do ambiente hospitalar. 2. ed. Curitiba: Manual Real, 
2005. 
• SANTOS, N. M. C. Enfermagem na prevenção e controle da infecção hospitalar. 3. ed. 
São Paulo: Iátria, 2003. 
 
 
 
Material Específico – Enfermagem – Tomo 2 – CQA/UNIP 
71 
Questão 17 
Questão 17.17 
O enfermeiro tem um papel essencial na recuperação e reabilitação da saúde dos clientes 
com hanseníase. Assim sendo, que ações ele pode desenvolver no cuidado a essas pessoas? 
A. Realizar avaliação do cliente em seus aspectos biológicos, culturais e sociais; prescrever 
medicamentos normatizados e desenvolver atividades de educação em saúde. 
B. Estabelecer o diagnóstico da doença; promover a cidadania e prescrever medicamentos 
para essas manifestações de doença. 
C. Gerenciar as ações da assistência de enfermagem; promover a cidadania e prescrever 
medicamentos. 
D. Dar suporte psicossocial; trabalhar com os estigmas da doença e administrar 
medicamentos prescritos pelo médico. 
E. Dar suporte psicossocial, cultural e biológico; promover a cidadania e encaminhar ao 
médico para o tratamento medicamentoso. 
 
1. Introdução teórica 
 
Hanseníase 
 
 A Hanseníase é uma doença infectocontagiosa, de evolução lenta, transmitida pelo 
Mycobacterium leprae ou Bacilo de Hansen, que é um parasita intracelular obrigatório, com 
afinidade por células cutâneas e dos nervos periféricos. A doença é transmitida pelas vias 
respiratórias ou pelo contato direto com a pessoa doente não tratada e se manifesta 
principalmente por sinais e sintomas dermatológicos e neurológicos, como lesões na pele 
que apresentam alteração de sensibilidade e lesões dos nervos periféricos, cujo 
comprometimento pode acarretar incapacidades e deformidades. Tais incapacidades podem 
desencadear importantes problemas psicossociais, como a redução da capacidade de 
trabalho e a limitação social. 
A hanseníase constitui um sério problema de saúde pública no Brasil em virtude da 
significativa incidência da doença, apesar da redução drástica no número de casos no 
período de 1985 a 2000 (de 19 para 4,68 doentes em cada 10.000 habitantes). Segundo 
informações do Ministério da Saúde, o Brasil mantém uma média de 47 mil casos novos 
anuais de hanseníase no último quinquênio (BRASIL, 2002; 2004). 
 
17Questão 13 – Enade 2004 
Material Específico – Enfermagem – Tomo 2 – CQA/UNIP 
72 
 Dados epidemiológicos recentes revelam que, em 2007, os coeficientes de casos 
novos e a prevalência da doença no Brasil alcançaram valores aproximados de 21 e 22 casos 
para cada 100.000 habitantes, respectivamente. No período de 2001 a 2007 houve maior 
ocorrência de casos novos nas regiões Norte e Centro-Oeste, seguidas pelo Nordeste, 
Sudeste e, por fim, a região Sul (BRASIL, 2008). 
 Em virtude da situação epidemiológica no país, o Ministério da Saúde lançou, em 
novembro de 2002, o Plano Nacional de Mobilização e Intensificação das Ações para 
Eliminação da Hanseníase e Controle da Tuberculose. A principal meta do Plano é unir 
diversos segmentos sociais, profissionais de saúde e gestores do Sistema Único de Saúde 
para a eliminação da hanseníase no Brasil. 
Por se tratar de uma doença curável e de fácil diagnóstico, ações de prevenção da 
doença, recuperação e reabilitação da saúde devem ser realizadas pelos profissionais de 
saúde, principalmente os atuantes na atenção básica, como a Equipe de Saúde da Família. 
Assim, a Equipe deve estar comprometida na transmissão de informações relacionadas aos 
sinais e sintomas da doença, da garantia de acesso fácil ao serviço de saúde, ao diagnóstico 
e ao tratamento da hanseníase, e na orientação dos indivíduos com hanseníase e de sua 
família durante o processo de cura. 
De acordo com o Ministério da Saúde (2002), são atribuições do enfermeiro na 
recuperação e reabilitação em saúde: 
• solicitar exames para confirmação diagnóstica; 
• prescrever medicamentos, conforme normas estabelecidas; 
• executar tratamento não medicamentoso das reações hansênicas; 
• prestar cuidadosbásicos de saúde à clientela alvo dos programas institucionais; 
• desenvolver atividades de educação em saúde; 
• aplicar os procedimentos de intervenção, referência e acompanhamento, conforme as 
normas vigentes dos programas de saúde; 
• realizar visitas domiciliares; 
• efetuar a avaliação do desempenho do cliente com hanseníase na realização das 
atividades da vida diária; 
• prescrever técnicas simples de prevenção e tratamento das incapacidades físicas; 
• fazer avaliação clínica dermatoneurológica; 
• aplicar tratamento; 
• identificar e encaminhar pacientes com reações hansênicas; 
• identificar e encaminhar pacientes com reações medicamentosas; 
Material Específico – Enfermagem – Tomo 2 – CQA/UNIP 
73 
• identificar casos e encaminhar para confirmação diagnóstica; 
• fazer a dispensação de medicamentos; 
• gerenciar as ações da assistência de enfermagem; 
• fazer previsão e requisição de medicamentos, imunobiológicos e material de consumo. 
 O Programa Nacional de Controle da Hanseníase recomenda que as equipes de saúde 
da família somem esforços no sentido de levar a informação sobre a doença, a importância 
do diagnóstico precoce e do tratamento oportuno e eficaz para que o controle dessa 
endemia se torne factível e para alcançar o desafio da erradicação da doença no país. 
 
2. Análise das alternativas 
 
A – Alternativa correta. 
JUSTIFICATIVA. Segundo o Ministério da Saúde, são papéis do enfermeiro o 
desenvolvimento de atividades educativas, a prescrição de medicamentos, conforme normas 
estabelecidas e a avaliação sócio-biológico-cultural do paciente para o sucesso do 
tratamento. 
 
B – Alternativa incorreta. 
JUSTIFICATIVA. O estabelecimento de diagnóstico clínico e a classificação da doença, assim 
como a prescrição de medicamentos, incluindo as reações hansênicas, são de 
responsabilidade do médico e não do enfermeiro. 
 
C – Alternativa incorreta. 
JUSTIFICATIVA. O gerenciamento das ações de enfermagem e a promoção de cidadania são 
competências do enfermeiro, mas este não deve prescrever nenhum medicamento sem o 
prévio estabelecimento de normas para tal. 
 
D – Alternativa incorreta. 
JUSTIFICATIVA. O enfermeiro deve proceder a avaliação social, biológica e cultural para 
conhecer a situação do paciente e, por meio dessas informações, trabalhar para garantir o 
sucesso do tratamento. O profissional não deve estigmatizar a doença e sim desmitificá-la. 
Também cabem ao profissional a administração e a prescrição dos medicamentos, se forem 
estabelecidas normas para tal. 
 
Material Específico – Enfermagem – Tomo 2 – CQA/UNIP 
74 
E – Alternativa incorreta. 
JUSTIFICATIVA. O enfermeiro deve proceder a avaliação social, biológica e cultural para 
conhecer a situação do paciente e, por meio dessas informações, trabalhar para garantir o 
sucesso do tratamento. Não é responsabilidade do enfermeiro oferecer suporte cultural para 
o cliente. A prescrição medicamentosa é competência médica, mas o acompanhamento do 
tratamento deve ser realizado pelo enfermeiro. 
 
3. Indicações bibliográficas 
 
• BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Políticas de Saúde. Departamento de 
Atenção Básica. Guia para o controle da hanseníase. Brasília (DF): Ministério da Saúde, 
2002. Disponível em 
<http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/guia_de_hanseniase.pdf>. Acesso em 17 
mai. 2010. 
• BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de 
Vigilância Epidemiológica. Vigilância em Saúde: situação epidemiológica da hanseníase 
no Brasil. Brasília (DF): Ministério da Saúde, 2008. Disponível em 
<http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/boletim_novembro.pdf>. Acesso em 17 
mai. 2010. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/guia_de_hanseniase.pdf
http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/boletim_novembro.pdf
Material Específico – Enfermagem – Tomo 2 – CQA/UNIP 
75 
Questão 18 
Questão 18.18 
Maria, supervisora de enfermagem da clínica médica, notificou a chefe de unidade Alice de 
que, apesar de todos os seus esforços pessoais e profissionais, a equipe de enfermagem 
persistia desrespeitando a privacidade dos clientes nos procedimentos de higiene corporal, 
fazia os curativos com a mesma luva usada no banho e apresentava alto índice de 
absenteísmo. Diante dessa situação, Alice transferiu Maria para outro setor, e comunicou à 
equipe sua decisão de proceder a uma auditoria prospectiva para avaliar se a equipe 
aplicava corretamente os seguintes princípios de enfermagem: 
A. proteção de danos biológicos e pessoais do cliente, respeito à autoridade, organização do 
processo de trabalho e aplicação das normas de segurança. 
B. atendimento às necessidades individuais do cliente, aplicação de normas de 
biossegurança, prevenção de infecção hospitalar, reconhecimento da liderança. 
C. reconhecimento da liderança, organização do processo de trabalho, controle do 
absenteísmo e das normas de biossegurança. 
D. proteção de danos trabalhistas e pessoais, utilização de equipamentos de proteção 
individual e manutenção das funções fisiológicas do paciente. 
E. respeito aos direitos do paciente hospitalizado, controle rígido da frequência, organização 
do processo de trabalho. 
 
1. Introdução teórica 
 
Princípios de enfermagem 
 
A Enfermagem é uma profissão comprometida com a saúde e com a qualidade de 
vida da pessoa, da família e da coletividade. O profissional de enfermagem, seja enfermeiro, 
técnico ou auxiliar, deve exercer suas atividades com competência para a promoção do ser 
humano na sua integralidade, respeitando a vida, a dignidade e os direitos humanos em 
todas as suas dimensões (COFEN, 2009). 
O exercício da enfermagem está alicerçado na prestação de serviços ao indivíduo, à 
família e à coletividade, no seu contexto e circunstâncias de vida. Compreende um 
componente próprio de conhecimentos técnicos e científicos, construído e reproduzido por 
 
18Questão 17 - Enade 2004 
Material Específico – Enfermagem – Tomo 2 – CQA/UNIP 
76 
um conjunto de práticas sociais, políticas e éticas que se processa pelo ensino, pela pesquisa 
e pela assistência (CEPE, 2007). 
Todas as ações dos profissionais de enfermagem devem ser regidas pelos princípios 
éticos e bioéticos da saúde. Sabe-se que o aprimoramento do comportamento ético do 
profissional de enfermagem passa pelo processo de construção de uma consciência 
individual e coletiva e pelo compromisso social e profissional, configurados pela 
responsabilidade no plano das relações de trabalho, com reflexos no campo científico e 
político (CEPE, 2007). Contudo, os quatro princípios fundamentais da bioética descritos a 
seguir devem sempre ser respeitados pela equipe de enfermagem. 
Os princípios da Bioética estão elencados a seguir (KOERICH et al, 2005; CEPE, 
2007). 
• Beneficência – relaciona-se ao dever de ajudar aos outros. O profissional se 
compromete em avaliar os riscos e os benefícios potenciais e a buscar o máximo de 
benefícios, reduzindo ao mínimo os danos e riscos ao cliente. 
• Não-maleficência – implica no dever de se abster de fazer qualquer mal para os 
pacientes, de não causar danos ou colocá-los em risco. 
• Respeito à autonomia – refere-se à autodeterminação ou autogoverno, ao poder de 
decidir sobre si mesmo. Aos profissionais de enfermagem, cabe buscar essa autonomia 
no conhecimento, isto é, construir um corpo de conhecimento específico que possibilite 
uma maior autonomia no processo de cuidar, vinculando o pensar ao ato de fazer. 
• Justiça – relaciona-se à distribuição coerente e adequada de deveres e benefícios 
sociais. 
Como descrito anteriormente, a Enfermagem tem suas atividades orientadas pelos 
princípios bioéticos referidos acima, que devem ser utilizados como recurso para análise e 
compreensão das situações de conflito, sempre que estas se apresentarem, comparando 
com casos semelhantesque já tenham ocorrido e ponderando as consequências das 
condutas tomadas anteriormente sobre os clientes, familiares e a comunidade (KOERICH et 
al , 2005). 
O exercício da profissão também é orientado pelas normas contidas no Código de 
Ética dos Profissionais de Enfermagem (CEPE), que foi reformulado em 2007, sob a 
coordenação do Conselho Federal de Enfermagem (COFEN), com a participação dos 
Conselhos Regionais de Enfermagem (COREN) e dos profissionais de Enfermagem. O Código 
inclui princípios, direitos, responsabilidades, deveres e proibições pertinentes à conduta ética 
dos profissionais de enfermagem, considerando a necessidade e o direito de assistência em 
Material Específico – Enfermagem – Tomo 2 – CQA/UNIP 
77 
enfermagem da população e os interesses do profissional e de sua organização (CEPE, 
2007). 
De acordo com os artigos 12 e 21 do CEPE (2007), a enfermagem é responsável pela 
proteção do paciente, assegurando-lhe uma assistência livre de danos provocados por 
imperícia, negligência ou imprudência. Entende-se por negligência a falta de cuidado ao 
exercer determinada ação, ou seja, a desatenção; imperícia refere-se à falta de 
conhecimento para exercer a ação; e a imprudência implica em praticar determinada ação 
mesmo com a consciência de que poderá causar dano ao outro, ou seja, a precipitação 
(FONTANA E LAUTERT, 2008). 
Como exemplo de desrespeito aos princípios éticos e aos artigos 12 e 21 do CEPE 
(2007), podem-se citar as ações omissas ou incorretas, que certamente reverterão em 
prejuízo ao paciente e estão diretamente relacionadas à falta de ética e de respeito à pessoa 
humana. Nesse sentido, podem-se citar as técnicas de esterilização inadequadas, as falhas 
na higienização das mãos e a quebra técnica da cadeia asséptica em determinados 
procedimentos, como curativos, cirurgias, cateterismo vesical e outros. Tais ações 
caracterizam a falta de cuidado ou o cuidado incorreto da saúde do indivíduo, sendo 
considerados agravos que não devem ser realizados pelos profissionais da enfermagem 
(MONTEIRO et al , 2008). 
Do ponto de vista ético, é esperado que o enfermeiro utilize sua criatividade ao 
gerenciar as ações assistenciais, ao tomar decisões e ao adequar os recursos humanos e 
materiais de que dispõe, assegurando um atendimento das necessidades dos clientes com 
isenção de riscos (FREITAS e OGUISSO, 2008). Especialmente o enfermeiro com cargo 
administrativo, tendo responsabilidade sobre as decisões e intervenções de caráter 
institucional do serviço de enfermagem, necessita alicerçar suas decisões nos princípios 
éticos da profissão, como a justiça, o respeito às pessoas, a honestidade, a veracidade, o 
sigilo e a beneficência, a fim de se manter íntegro em seu posicionamento e para que suas 
decisões sejam respeitadas por todos por estarem fundamentadas em conhecimentos 
reconhecidos cientificamente. 
 Assim, o profissional da enfermagem deve atuar na promoção, prevenção, 
recuperação e reabilitação de saúde sempre amparado pelos princípios da bioética para 
garantir o respeito à dignidade humana e à qualidade de vida das pessoas. 
 
 
 
Material Específico – Enfermagem – Tomo 2 – CQA/UNIP 
78 
 
2. Análise das alternativas 
 
A – Alternativa correta. 
JUSTIFICATIVA. Ao desrespeitar a privacidade do cliente nos procedimentos de higiene 
corporal e ao realizar os curativos com a mesma luva utilizada no banho, os profissionais de 
enfermagem desrespeitaram os princípios contidos no Artigo 19 e 21 do CEPE. Evidencia-se 
o desrespeito à proteção do cliente contra danos biológicos e pessoais, como também a falta 
de organização no processo de trabalho e de aplicação das normas de biossegurança, 
demonstrando imprudência no exercício da profissão, que pode acarretar prejuízos aos 
clientes. Nota-se, também, que há um desrespeito à autoridade exercida pelo supervisor de 
enfermagem, que já aplicou medidas para modificar essa situação, e, no entanto, não foram 
seguidas pela equipe. 
 
B – Alternativa incorreta. 
JUSTIFICATIVA. Prevenção de infecção hospitalar e reconhecimento da liderança não são 
princípios de enfermagem. 
 
C – Alternativa incorreta. 
JUSTIFICATIVA. Reconhecimento da liderança e controle do absenteísmo não são princípios 
de enfermagem. 
 
D – Alternativa incorreta. 
JUSTIFICATIVA. Não são princípios de enfermagem. 
 
E – Alternativa incorreta. 
JUSTIFICATIVA. Todo paciente deve ter seus direitos respeitados, independentemente se 
está hospitalizado ou não. Com relação ao controle rígido da frequência, pode-se dizer que o 
modo como foi escrito não está claro (frequência do quê?) e assim, não se pode estabelecer 
relação com os princípios de enfermagem. 
 
3. Indicações bibliográficas 
 
Material Específico – Enfermagem – Tomo 2 – CQA/UNIP 
79 
• CONSELHO FEDERAL DE ENFERMAGEM. COFEN. Resolução 311, de 9 fev. 2007, do 
Conselho Federal de Enfermagem. Código de Ética dos Profissioinais de Enfermagem. 
[online]. Disponível em 
<http://www.portalcofen.gov.br/2007/materias.asp?ArticleID=7323&sectionID=37>. 
Acesso em 22 fev. 2010. 
• OGUISSO, T.; ZOBOLI, E. Ética e Bioética: desafios para a enfermagem e a saúde. São 
Paulo: Manole, 2006. 
• KOERICH, M. S.; MACHADO, R. R.; COSTA, E. Ética e bioética: para dar início à reflexão. 
Texto Contexto Enferm 2005 Jan-Mar; 14(1): 106-10. 
• FONTANA, T. T.; LAUTERT, L. Aspectos ético-legais do controle da infecção hospitalar: 
algumas reflexões relativas ao enfermeiro. Cienc Cuid Saude 2008 Out/Dez; 7(4): 546-
550. 
• MONTEIRO, M. A. A.; BARBOSA R. C. M.; BARROSO, M. G. T.; VIEIRA, N. F. C.; 
PINHEIRO, A. K. B. Dilemas éticos vivenciados por enfermeiros apresentados em 
publicações de enfermagem. Rev Latino-am Enfermagem 2008 Nov-Dez; 16(6). 
• FREITAS, G. F; OGUISSO, T. Ocorrências éticas com profissionais de enfermagem: um 
estudo quantitativo. Rev Esc Enferm USP 2008; 42(1): 34-40. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
http://www.portalcofen.gov.br/2007/materias.asp?ArticleID=7323&sectionID=37
Material Específico – Enfermagem – Tomo 2 – CQA/UNIP 
80 
Questão 19 
Questão 19.19 
O Programa Saúde da Família (PSF) requer um trabalho interdisciplinar para lidar com a 
complexidade da saúde. Partindo dessa premissa, a equipe básica do programa pode ser 
constituída por: 
I. enfermeiro; 
II. auxiliares de enfermagem; 
III. médico; 
IV. agentes comunitários; 
V. assistente social. 
Devem fazer parte efetivamente da equipe os profissionais indicados nos itens 
A. I e III, apenas. 
B. II e IV, apenas. 
C. I, II e III, apenas. 
D. I, II, III e IV, apenas. 
E. I, II, III, IV e V. 
 
1. Introdução teórica 
 
Programa de Saúde da Família (PSF) 
 
Em 1994, o Ministério da Saúde do Brasil criou o Programa Saúde da Família (PSF) 
para a reorganização do modelo assistencial da atenção básica à saúde do Sistema Único de 
Saúde (SUS), substituindo o modelo tradicional de assistência. O PSF prioriza as ações de 
prevenção de doenças e as ações de promoção e recuperação da saúde das pessoas, de 
forma integral e contínua, operacionalizada mediante a implantação de equipes 
multiprofissionais que prestam atendimento à comunidade nas unidades básicas de saúde 
ou no domicílio. Assim, esses profissionais e a população acompanhada criam vínculos de 
corresponsabilidade, o que facilita a identificação e o atendimento aos problemas de saúde 
de uma determinada comunidade. 
De acordo com a Portaria N° 648, de 28 de março de 2006, que aprovou a Política 
Nacional de Atenção Básica, estabelecendo normas e diretrizes para a organização da 
Atenção Básica do PSF, a equipe multiprofissional de saúde deve ser composta por, no 
 
19Questão 21 - Enade 2004 
Material Específico – Enfermagem – Tomo 2 – CQA/UNIP 
81 
mínimo, um médico de família, um enfermeiro, um auxiliar de enfermagem e agentes 
comunitários de saúde, que devem ser responsáveis por, no máximo 4.000 habitantes, com 
médiade 3.000 habitantes de uma delimitada região geográfica, mantendo uma jornada de 
trabalho de 40 horas semanais (BRASIL, 2006). 
Conforme a Portaria, devem ser características do processo de trabalho da Saúde da 
Família: 
1) a manutenção de cadastramento atualizado das famílias e dos indivíduos e a utilização, 
de forma sistemática, dos dados para a análise da situação de saúde considerando as 
características sociais, econômicas, culturais, demográficas e epidemiológicas do território; 
2) a definição precisa do território de atuação, o mapeamento e o reconhecimento da área 
adstrita, que compreenda o segmento populacional determinado, com atualização contínua; 
3) o diagnóstico, a programação e a implementação das atividades segundo critérios de 
risco à saúde, priorizando solução dos problemas de saúde mais frequentes; 
4) a prática do cuidado familiar ampliado, efetivada por meio do conhecimento da estrutura 
e da funcionalidade das famílias que visa propor intervenções que influenciem os processos 
de saúde doença dos indivíduos, das famílias e da própria comunidade; 
5) o trabalho interdisciplinar e em equipe, integrando áreas técnicas e profissionais de 
diferentes formações; 
6) a promoção e o desenvolvimento de ações intersetoriais, buscando parcerias e 
integrando projetos sociais e setores afins, voltados para a promoção da saúde, de acordo 
com prioridades e sob a coordenação da gestão municipal; 
7) a valorização dos diversos saberes e práticas na perspectiva de uma abordagem integral 
e resolutiva, possibilitando a criação de vínculos de confiança com ética, compromisso e 
respeito; 
8) a promoção e o estímulo à participação da comunidade no controle social, no 
planejamento, na execução e na avaliação das ações; e 
9) o acompanhamento e a avaliação sistemática das ações implementadas, visando à 
readequação do processo de trabalho. 
Mediante a adstrição dos usuários, as equipes do PSF podem estabelecer vínculo com 
a população possibilitando a corresponsabilidade com a saúde da comunidade, sendo 
compreendida como a principal estratégia de reorganização da atenção à saúde do SUS. 
 
 
 
 
Material Específico – Enfermagem – Tomo 2 – CQA/UNIP 
82 
2. Análise da questão 
 
De acordo com a Portaria N° 648, de 28 mar. 2006, que aprovou a Política Nacional 
de Atenção Básica, a equipe multiprofissional do PSF deve ser composta por, no mínimo, um 
médico, um enfermeiro, um auxiliar de enfermagem e agentes comunitários de saúde. 
 
Alternativa correta. D. 
 
3. Indicações bibliográficas 
 
• BRASIL. Portaria Nº 648, de 28 mar. 2006. Aprova a Política Nacional de Atenção Básica, 
estabelecendo a revisão de diretrizes e normas para a organização da Atenção Básica 
para o Programa Saúde da Família (PSF) e o Programa de Agentes Comunitários de 
Saúde (PACS). Disponível em 
<http://dtr2004.saude.gov.br/dab/docs/legislacao/portaria_648_28_03_2006.pdf>. 
Acesso em 15 dez. 2009. 
• BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção 
Básica. Saúde da família no Brasil: uma análise de indicadores selecionados: 1998-
2005/2006. Brasília (DF): Ministério da Saúde, 2008. 
• FIGUEIREDO, N. M. A. (org). Ensinando a cuidar em saúde pública. 2. ed. São Caetano 
do Sul (SP): Yendis, 2008. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
http://dtr2004.saude.gov.br/dab/docs/legislacao/portaria_648_28_03_2006.pdf
Material Específico – Enfermagem – Tomo 2 – CQA/UNIP 
83 
Questão 20 
Questão 20.20 
A violência contra a mulher se caracteriza, incontestavelmente, como uma violência de 
gênero, que se manifesta sob várias formas, trazendo: 
I. dores crônicas e distúrbios gastrointestinais; 
II. distúrbios emocionais e mentais; 
III. gravidez indesejada e aborto; 
IV. DSTs/HIV/AIDS e distúrbios sociais; 
V. doença inflamatória pélvica e abuso de drogas. 
Quais dessas consequências afetam a saúde da mulher? 
A. I e III, somente. 
B. I e V, somente. 
C. II e IV, somente. 
D. III e V, somente. 
E. I, II, III, IV e V. 
 
1. Introdução teórica 
 
Violência contra a mulher 
 
Gênero é conceituado como um elemento constitutivo das relações sociais fundadas 
sobre as diferenças percebidas entre os sexos. Em nossa sociedade, caracterizada 
principalmente pelo patriarcado, o gênero feminino remete à esfera familiar e à 
maternidade, enquanto o masculino remete à esfera pública, fazendo dele o provedor e 
protetor da família e, assim, hierarquicamente superior. 
A desigualdade estrutural entre homens e mulheres e os diferenciados papéis que 
ambos devem desempenhar na sociedade, na qual a virilidade está associada à dominação e 
a feminilidade está vinculada à submissão e à passividade, servem para fundamentar e 
consolidar a violência de gênero, que se baseia nas relações de poder e de dominação do 
masculino diante do feminino (GIFFIN, 1995). 
A violência contra a mulher, definida pela Convenção Interamericana para Prevenir, 
Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher – Convenção de Belém do Pará/ONU, como 
"todo ato baseado no gênero, que cause morte, dano ou sofrimento físico, sexual ou 
 
20Questão 23 - Enade 2004 
Material Específico – Enfermagem – Tomo 2 – CQA/UNIP 
84 
psicológico à mulher, tanto na esfera pública como privada" (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 
2005), é fenômeno complexo, multifatorial e universal que atinge todas as classes sociais, 
etnias, religiões e culturas, ocorrendo em populações de diferentes níveis de 
desenvolvimento social e econômico. 
A violência contra a mulher manifesta-se de diversas formas. São considerados atos e 
comportamentos violentos: agressões físicas ou ameaças, maus-tratos psicológicos, abusos 
ou assédios sexuais e desrespeito aos seus direitos na esfera da vida reprodutiva ou da 
cidadania social, como estupro, abuso sexual de meninas, assédio sexual no ambiente de 
trabalho, violência contra homossexualidade, tráfico de mulheres, turismo sexual, violência 
étnica e racial, mutilação genital, entre outros (PENNA e SANTOS, 2007). 
As consequências da violência de gênero são diversas e afetam a saúde da mulher, 
da comunidade e da sociedade. Heise (1994) classificou as consequências da violência de 
gênero como fatais, que englobam o suicídio e o homicídio, e não fatais constituídas pelas 
alterações na saúde física e mental da mulher. A depressão, a ansiedade, a disfunção 
sexual, as desordens da alimentação, o comportamento obsessivo/compulsivo e os 
problemas de personalidade são exemplos das doenças mentais que podem aparecer em 
função da violência de gênero, enquanto as doenças sexualmente transmissíveis, as lesões, 
os traumatismos, a doença inflamatória pélvica, a gravidez indesejada, o abortamento 
espontâneo, a dor pélvica crônica, a dor de cabeça, os problemas ginecológicos, o abuso de 
drogas, de álcool e de medicamentos são exemplos das manifestações físicas relacionadas à 
violência (GIFFIN, 1995). 
Os profissionais e os serviços de saúde devem estar preparados para identificar e 
atender as mulheres vítimas de violência, dirigindo sua assistência à reestruturação física, 
psicológica, social e moral destas, permitindo que os direitos humanos das mulheres sejam 
respeitados. 
 
2. Análise da questão 
 
A violência contra a mulher pode ser manifestada na saúde física e mental da vítima 
pela presença de dores crônicas, distúrbios gastrointestinais, gravidez indesejada e 
abortamento, presença de doenças sexualmente transmissíveis como HIV/Aids, doença 
inflamatória pélvica, distúrbios mentais e sociais como a depressão, a ansiedade, os 
transtornos obsessivos compulsivos, o isolamento social, os problemas de personalidade e as 
desordens da alimentação. 
Material Específico – Enfermagem – Tomo 2 – CQA/UNIP 
85 
Alternativa correta. E. 
 
3. Indicações bibliográficas 
 
• BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações 
Programáticas Estratégicas. Área Técnica de Saúdeda Mulher. Prevenção e Tratamento 
dos Agravos Resultantes da Violência Sexual contra Mulheres e Adolescentes: norma 
técnica. 2. ed. Brasília: Ministério da Saúde, 2005. 
• GIFFIN, K. Violência de gênero, sexualidade e saúde. Cad. Saúde Públ., 1994; 10(1): 
146-155. 
• PENNA, L. H. G.; SANTOS, N. C. Violência contra a mulher. In: FERNANDES, R. A. Q.; 
NARCHI, N. Z. Enfermagem e saúde da mulher. Barueri (SP): Manole; 2007. p. 171-89. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Material Específico – Enfermagem – Tomo 2 – CQA/UNIP 
86 
Questões 21 e 22 
Questão 21.21 
A reorganização do processo de trabalho em enfermagem passa pela qualificação da força 
de trabalho, pela integração dos profissionais e o resgate do sentido de trabalho na 
perspectiva interdisciplinar. Inclui, ainda, a abertura de espaços democráticos, de discussão 
e de decisão com o usuário, visando a ampliar escutas e trocas. 
Com que princípios definidos pelo Sistema Único de Saúde (Lei Nº 8.080/90) esse texto se 
relaciona? 
A. Garantia de acesso e acomodação do usuário. 
B. Integralidade na assistência e treinamento profissional em serviço. 
C. Participação de trabalhadores e usuários na gestão e integralidade da assistência. 
D. Acomodação do usuário e treinamento profissional em serviço. 
E. Gestão de qualidade total e garantia de acesso. 
 
Questão 22.22 
O diretor do Distrito de Saúde "Salveiros", após avaliar o Sistema Único de Saúde, concluiu 
que este não está atendendo satisfatoriamente o princípio básico da integralidade e solicitou 
que os enfermeiros gerentes das unidades de saúde da região apresentassem propostas 
para reversão dessa situação. Foram apresentadas as seguintes propostas: 
I. A enfermeira do Pronto Socorro sugeriu que o PS tenha vacinas disponíveis para atender 
vítimas de acidentes evitando, com isso, que esses pacientes sejam encaminhados a 
outro serviço para receber esses cuidados profiláticos. 
II. A enfermeira do Hospital Geral sugeriu a implantação da consulta de enfermagem na 
alta hospitalar com protocolos próprios que garantam ao paciente orientações sobre os 
cuidados necessários e a prevenção de novos agravos no período de convalescença. 
III. A enfermeira da Unidade de Saúde da Família propôs a ampliação das equipes do PSF 
com a inclusão de profissionais das especialidades médicas mais procuradas pela 
população. 
IV. A enfermeira da Unidade Básica de Saúde propôs a anulação da delimitação da área de 
abrangência, de modo que os pacientes procedentes de qualquer parte do município, e 
até fora dele, pudessem se vincular a qualquer unidade de sua escolha. 
São corretamente articuladas com o conceito de integralidade do SUS apenas as propostas 
 
21Questão 25 - Enade 2004 
22Questão 27 – Enade 2007 
Material Específico – Enfermagem – Tomo 2 – CQA/UNIP 
87 
A. I e II porque reduzem a dicotomia entre as ações curativas e preventivas nos serviços de 
saúde. 
B. III e IV porque oferecem mais serviços e a um maior número de pessoas. 
C. I e III porque os usuários atendidos por médicos especialistas na rede básica 
necessitarão, cada vez menos, de Pronto Socorro. 
D. III e IV porque prevêem o atendimento da população holisticamente. 
E. I e II porque não falam dos direitos do cidadão brasileiro e sim da ampliação de serviços. 
 
1. Introdução teórica 
 
Sistema Único de Saúde (Lei N° 8.080/90) 
 
A definição da Constituição Federal do Brasil, em 1988, foi a primeira e grande 
conquista do Movimento da Reforma Sanitária, ocorrido na década de 1970 e impulsionado 
pelos trabalhadores de saúde, por centros universitários e por setores organizados da 
sociedade, no contexto da democratização do país. A Constituição Federal (CF) destaca o 
direito à saúde por um cunho universalista e igualitário quando conceitua no artigo 196 que 
“a saúde é direito de todos e dever do Estado”, deixando explícita a importância da 
universalidade da assistência à saúde (BRASIL, 2002). 
O Sistema Único de Saúde (SUS) pode ser considerado uma das maiores conquistas 
consagradas pela CF, criado com a finalidade de alterar a situação de desigualdade na 
assistência à Saúde da população, tornando obrigatório o atendimento público a qualquer 
cidadão, sendo proibidas cobranças de dinheiro sob qualquer pretexto. A principal meta do 
SUS é tornar-se um importante mecanismo de promoção da equidade no atendimento às 
necessidades de saúde da população, por meio da qualidade no atendimento à saúde 
(BRASIL, 2002; FIGUEIREDO, 2008). 
O SUS foi criado pela Constituição Federal de 1988 e foi regulamentado pelas Leis 
Orgânicas de Saúde N° 8.080/90 e N° 8.142/90. A Lei N° 8.080, de 19 set. 1990, dispõe 
sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o 
funcionamento dos serviços de saúde. Também define o SUS como um conjunto de ações 
e serviços de saúde prestados por órgãos e instituições públicas federais, estaduais e 
municipais, com os objetivos de identificar e divulgar os fatores condicionantes e 
determinantes da saúde, formular políticas de saúde destinadas ao atendimento à 
população e assistir as pessoas por intermédio de ações de promoção, proteção e 
Material Específico – Enfermagem – Tomo 2 – CQA/UNIP 
88 
recuperação da saúde, com a realização integrada de ações assistenciais e de atividades 
preventivas (BRASIL, 1990). 
Os princípios e diretrizes do SUS foram estabelecidos no capítulo II da referida Lei 
Orgânica. A universalidade, a integralidade e a equidade da assistência à saúde constituem 
os princípios doutrinários do SUS (BRASIL, 2007), cujas conceituações estão mostradas a 
seguir. 
• Universalidade – compreendida como a garantia de acesso aos serviços de saúde para 
toda a população, em todos os níveis de assistência, sem preconceitos ou privilégios de 
qualquer espécie. 
• Integralidade – entendida como o conjunto articulado e contínuo de ações e serviços 
preventivos e curativos, individuais e coletivos, em todos os níveis de complexidade do 
sistema; também pode ser interpretado como as ações de promoção, proteção e 
recuperação à saúde de um indivíduo como um ser indivisível, o homem como um ser 
integral, biopsicossialmente e atendido em uma visão holística por um sistema também 
integral. 
• Equidade – compreendida como a promoção da igualdade com base com 
reconhecimento das desigualdades que atingem grupos e indivíduos e na implementação de 
ações estratégicas voltadas para sua superação. 
As principais diretrizes do SUS, definidas pela Lei Orgânica Nº 8.080/90, foram as 
indicadas a seguir. 
• Participação da Comunidade – estabelece o direito da população de participar das 
instâncias de gestão do SUS, por meio da gestão participativa, e dos conselhos de saúde, 
que são instâncias de controle social. Essa participação social significa a corresponsabilidade 
entre o Estado e a sociedade civil na produção da saúde. 
• Intersetorialidade – prescreve o comprometimento dos diversos setores do Estado com a 
produção da saúde e o bem-estar da população. 
• Descentralização político-administrativa com direção única em cada esfera de governo, 
com ênfase na descentralização dos serviços para os municípios – prevê, para cada esfera 
do governo, atribuições próprias e comando único. 
• Hierarquização e regionalização da rede dos serviços de saúde – organizam os serviços 
de saúde segundo os níveis de complexidade - básica, média e alta, oferecidos por área de 
abrangência territorial e populacional, conhecidas como regiões de saúde. Quanto mais bem 
estruturado for o fluxo de referência e contrarreferência entre os serviços de saúde, melhor 
a sua eficiência e eficácia. 
Material Específico – Enfermagem – Tomo 2 – CQA/UNIP 
89 
• Transversalidade – estabelece a necessidade de coerência, complementaridade e reforço 
recíproco entre órgãos, políticas, programas e ações de saúde. 
• Resolutividade – diz respeito à capacidade de resoluçãodos serviços em todos os níveis 
de assistência; 
• Preservação da autonomia das pessoas na defesa de sua integridade física e moral. 
Cabe ressaltar que todo profissional de saúde que atue nos serviços de saúde no 
Brasil deve conhecer as regras que estabelecem o sistema de saúde vigente no país, assim 
como os princípios e diretrizes que o norteiam e os direitos e deveres de cada cidadão. 
 
2. Análise das questões 
 
Questão 21. 
Quando o autor afirma que a reorganização do processo de trabalho em enfermagem 
consiste na qualificação da força de trabalho e na integração dos profissionais de saúde 
objetivando o cuidado na perspectiva interdisciplinar, ele infere que cada pessoa é um ser 
indivisível, que deve ser assistido globalmente, ou seja, que o homem é um ser integral e 
deve ser atendido com uma visão holística e por um sistema também integral, resgatando 
assim o princípio da integralidade. Ao mencionar a necessidade de abertura de espaços 
democráticos, de discussão e de decisão com o usuário, o autor fundamenta-se no princípio 
da participação da comunidade (trabalhadores e usuários) sobre a gestão de sua saúde. 
 
Alternativa correta. C. 
 
Questão 22. 
I – Afirmativa correta. 
JUSTIFICATIVA. A partir do momento em que o pronto-socorro oferece o serviço de 
imunização para as vítimas de acidentes, a unidade hospitalar associa a prática de uma 
assistência curativa e de alta complexidade com a prevenção de doenças, reduzindo a 
dicotomia entre o curativo e preventivo. Assim, proporciona ao paciente um atendimento em 
todos os níveis de complexidade, promovendo a integralidade da assistência. 
 
II – Afirmativa correta. 
JUSTIFICATIVA. A conduta está articulada ao conceito de integralidade porque a unidade 
hospitalar, que executa o atendimento de média ou de alta complexidade, ao realizar 
Material Específico – Enfermagem – Tomo 2 – CQA/UNIP 
90 
consulta de enfermagem na alta hospitalar para realização de práticas educativas, vincula a 
assistência curativa à promoção de saúde e à prevenção de doenças ou complicações. 
Assim, a proposta contempla um atendimento em todos os níveis de complexidade, 
reduzindo a dicotomia entre o curativo e o preventivo. 
 
III – Afirmativa incorreta. 
JUSTIFICATIVA. Essa conduta não contempla o conceito de integralidade, pois abrange 
somente a atenção básica de saúde, não representando o atendimento em todos os níveis 
de complexidade do sistema. 
 
IV – Afirmativa incorreta. 
JUSTIFICATIVA. Essa conduta não está fundamentada no conceito de integralidade, pois 
contempla somente a atenção básica de saúde, que está direcionada para a promoção de 
saúde e de prevenção de doenças. Sendo assim, não representa o atendimento em todos os 
níveis de complexidade do sistema. 
 
Alternativa correta. A. 
 
3. Indicações bibliográficas 
 
• BRASIL. Lei N° 8.080 de 19 set. 1990 – DOU de 20/09/90. Lei Orgânica de Saúde. 
Disponível em <https://www. planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8080.htm>. Acesso em 05 
fev. 2010. 
• BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria Executiva. Sistema Único de Saúde (SUS): 
princípios e conquistas. Brasília (DF): Ministério da Saúde, 2000. 
• SOUZA, R. R. Brasil. Ministério da Saúde. O Sistema público de saúde brasileiro. Brasília 
(DF): Ministério da Saúde, 2002. 
• FIGUEIREDO, N. M. A. Ensinando a cuidar em saúde pública. 2. ed. São Caetano do Sul 
(SP): Yendis, 2008. 
• BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa. 
Departamento de Apoio à Gestão Participativa. Caminhos do direito à saúde no Brasil. 
Brasília (DF): Ministério da Saúde, 2007. 
 
 
Material Específico – Enfermagem – Tomo 2 – CQA/UNIP 
91 
Questão 23 
Questão 23.23 
No Pronto Socorro Municipal, a população que aguardava atendimento revoltou-se ao 
perceber que um homem de 40 anos, casado e com quatro filhos, que estava na sala de 
espera, aproximadamente há 4 horas, faleceu antes de ser atendido. Este acontecimento foi 
noticiado pela mídia e mobilizou os trabalhadores e o gestor do Pronto Socorro a discutirem 
propostas de melhoria do atendimento. Considerando os princípios norteadores da Política 
Nacional de Humanização, estiveram em pauta as seguintes ações: 
I. Acolhimento da demanda por meio de critérios de avaliação de risco. 
II. Garantia do acesso referenciado aos demais níveis de assistência. 
III. Organização da fila de espera, considerando a idade do usuário. 
IV. Definição de protocolos clínicos adequados. 
São corretas apenas as ações propostas em 
A. I e IV. 
B. I, II e III. 
C. I, II e IV. 
D. II, III e IV. 
E. III e IV. 
 
1. Introdução teórica 
 
Política Nacional de Humanização (PNH) 
 
 A Política Nacional de Humanização (PNH) foi instituída pelo Ministério da Saúde em 
2003, atrelada a um compromisso de efetivação real do Sistema Único de Saúde (SUS), 
partindo do reconhecimento do “SUS que dá certo”. A PNH está fundamentada na premissa 
da necessidade de assegurar a atenção integral à população e na valorização dos 
trabalhadores de saúde, no avanço da democratização da gestão e do controle social 
participativo, propondo estratégias para ampliação da condição de direitos e de cidadania 
das pessoas (BRASIL, 2004). 
Segundo Santos-Filho (2007), a Política de Humanização parte de conceitos e 
dispositivos que visam à reorganização dos processos de trabalho em saúde, propondo 
transformações nas relações sociais que envolvem gestores e trabalhadores de saúde em 
 
23Questão 26 – Enade 2007 
Material Específico – Enfermagem – Tomo 2 – CQA/UNIP 
92 
sua experiência cotidiana de organização e condução dos serviços e, também, 
transformações nas formas de produzir e prestar serviços de saúde à população. 
 Para a construção de uma Política de Qualificação do SUS, a humanização deve ser 
entendida como uma política que opere transversalmente em toda a rede do SUS, que 
implica na elaboração de princípios e modos de operar no conjunto das relações entre 
profissionais de saúde e usuários, entre os diferentes profissionais e entre as instâncias que 
constituem o SUS (BRASIL, 2004). 
A humanização implica na troca de saberes e no diálogo entre os profissionais de 
saúde e a comunidade, assim como o diálogo entre os profissionais de saúde e o trabalho 
em equipe visando aumentar o grau de corresponsabilidade dos diferentes atores que 
constituem a rede SUS na produção de saúde. Assim, a humanização estabelece a 
construção de atitudes ético-estético-políticas em sintonia com um projeto de 
corresponsabilidade e qualificação dos vínculos interprofissionais e entre estes e os usuários 
na produção da saúde. 
De acordo com o Ministério da Saúde, os princípios norteadores da PNH são os 
indicados a seguir (BRASIL, 2004). 
• Valorização da dimensão subjetiva e social em todas as práticas de atenção e gestão em 
saúde, fortalecendo e estimulando processos integradores de compromissos e 
responsabilização. 
• Estímulo a processos comprometidos com a produção de saúde e com a produção de 
sujeitos. 
• Fortalecimento do trabalho em equipe multiprofissional, estimulando a 
transdisciplinaridade e a grupalidade. 
• Utilização da informação, da comunicação, da educação permanente dos espaços da 
gestão na construção da autonomia e do protagonismo de sujeitos coletivos, focando a 
aprendizagem significativa. 
As diretrizes do PNH, definidas pelo Ministério da Saúde, são mostradas a seguir 
(BRASIL, 2004). 
• Elaboração de projetos de saúde individuais e coletivos para usuários e sua rede social, 
considerando as políticas intersetoriais e as necessidades de saúde. 
• Incentivo às práticas de promoção de saúde. 
• Estabelecimento de acolhimento e de inclusão do usuário que promovam otimização dos 
serviços, fim das filas, hierarquização dos riscos e acesso aos demais níveis de atenção 
em saúde. 
Material Específico – Enfermagem – Tomo 2 – CQA/UNIP 
93 
• Comprometimento com o trabalho em equipe,visando ao aumento no grau de 
corresponsabilização. 
 As prioridades do PNH são a redução das filas e do tempo de espera com ampliação 
do acesso e atendimento acolhedor resolutivo com base nos critérios de risco; a garantia de 
informação aos usuários, do acompanhamento de pessoas de sua rede social, do respeito 
aos direitos contidos no código do usuário do SUS e da participação ativa dos trabalhadores 
e usuários na gestão de saúde, assim como a educação permanente. 
 
2. Análise das afirmativas 
 
I – Afirmativa correta. 
JUSTIFICATIVA. O acolhimento por meio da avaliação dos critérios de risco é um dos 
princípios do PNH que deve ser incorporado nas instituições de saúde para garantir uma 
assistência à saúde eficiente e com qualidade. Observa-se que, nesse caso específico, o 
senhor não foi atendido anteriormente porque não houve qualquer avaliação profissional 
sobre seu risco de morte, o que deve ser criteriosamente discutido pela equipe profissional e 
pelos gestores de saúde. 
 
II – Afirmativa correta. 
JUSTIFICATIVA. Uma estratégia que pode ser adotada pela equipe para favorecer a 
corresponsabilização e a resolutividade do atendimento, conforme referenciado pelo PNH, é 
o trabalho em articulação com outros níveis de atenção em saúde e a garantia do acesso 
aos demais níveis de saúde. 
 
III – Afirmativa incorreta. 
JUSTIFICATIVA. Ao organizar a fila de espera considerando somente a idade do usuário, a 
equipe de saúde não respeita o princípio de acolhimento resolutivo com base nos critérios de 
risco. 
 
IV – Afirmativa correta. 
JUSTIFICATIVA. Sabe-se que a PNH visa à reorganização dos processos de trabalho em 
saúde, propondo transformações nas relações sociais e nas formas de produzir e prestar 
serviços de saúde à população. Como o caso descrito evidenciou uma assistência 
inadequada da equipe de saúde do pronto-socorro, todos devem trabalhar em conjunto para 
Material Específico – Enfermagem – Tomo 2 – CQA/UNIP 
94 
elaboração e definição de protocolos de assistência clínica que sejam adequados e eficazes 
no atendimento à população, sem colocar em risco a vida dos indivíduos e garantindo o 
respeito aos direitos dos usuários. 
 
Alternativa correta. C. 
 
3. Indicações bibliográficas 
 
• BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria-Executiva. Núcleo Técnico da Política Nacional 
de Humanização. HumanizaSUS: Política Nacional de Humanização: a humanização 
como eixo norteador das práticas de atenção e gestão em todas as instâncias do SUS. 
Brasília (DF): Ministério da Saúde, 2004. 
• SANTOS-FILHO, S. B. Perspectivas da avaliação na Política Nacional de Humanização em 
Saúde: aspectos conceituais e metodológicos. Ciência e Saúde Coletiva, 2007; 12(4): 
999-1010. 
• BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde. 
Departamento de Gesto da Educação em Saúde. Política Nacional de Educação 
Permanente em Saúde. Brasília (DF): Ministério da Saúde; 2009. Disponível em 
<http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/politica_nacional_educacao_permanente_s
aude.pdf>. Acesso em 17 mai. 2010. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Material Específico – Enfermagem – Tomo 2 – CQA/UNIP 
95 
Questão 24 
Questão 24.24 
O enfermeiro da unidade de clínica médica do Hospital Cotinha necessita realizar a previsão 
mensal dos materiais utilizados em sua unidade. Considerando que o consumo de equipos 
de soro nos últimos 3 meses foi de 330 unidades e o estoque de segurança de 20%, qual é 
a cota mensal adequada de equipos de soro para prover essa demanda? 
A. 396 
B. 300 
C. 132 
D. 110 
E. 100 
 
1. Introdução teórica 
 
Previsão da demanda 
 
 As previsões sobre a demanda ou o consumo de materiais são fundamentais para a 
consecução dos objetivos da administração de materiais, que consistem em prover o usuário 
do material certo na quantidade solicitada e nas melhores condições operacionais e 
financeiras para a organização (BARBIERI e MACHLINE, 2006). 
 Previsão da demanda é um processo pelo qual se procura antever o que irá ocorrer 
no futuro para antecipar as providências necessárias para atender àqueles objetivos. Faz 
parte do planejamento da organização da gestão. Demanda é a quantidade de um bem ou 
serviço que as pessoas estariam dispostas a adquirir sob determinadas condições. Por 
exemplo, se foram solicitadas 200 unidades de um item num dado período, mas só foram 
entregues 180 unidades, por falta desse item no estoque, há uma demanda não atendida de 
20 unidades. Para efeito de previsão, devem-se considerar 200 unidades do produto e não 
180 para estimativa adequada da demanda (BARBIERI e MACHLINE, 2006). 
 A previsão da demanda para efeito das gestões de materiais em hospitais é 
tipicamente uma previsão de curto prazo, que pode variar desde o próximo mês até, no 
máximo, um ano à frente. Para a gestão de materiais, interessa saber a previsão de todos 
os itens individualizados, ou seja, na máxima degradação (BARBIERI e MACHLINE, 2006). 
 
24Questão 33 – Enade 2007 
Material Específico – Enfermagem – Tomo 2 – CQA/UNIP 
96 
O processo de previsão, para ter validade como instrumento de planejamento, deve 
ser realizado de modo consciente, utilizando-se um modelo de previsão. Qualquer modelo de 
previsão deve contemplar os seguintes componentes de modo inter-relacionado: 
informações, hipóteses sobre o futuro, método de previsão, interpretação, uso e avaliação, 
conforme figura 1. 
 
 
Figura 1. Previsão da demanda: modelo genérico. 
Fonte: Barbieri e Machline, 2006. p. 85. 
 
Segundo Barbieri e Machline (2006), há duas hipóteses importantes em relação à 
demanda futura: esta é função de uma demanda passada, por exemplo, se nos últimos três 
meses a demanda cresceu 10% ao ano, em média, projeta-se um crescimento de 10% para 
o próximo ano; a demanda futura não será uma função da demanda passada por motivos 
que estão fora do alcance da organização que faz a previsão. 
O método escolhido deve ser compatível com a hipótese utilizada e o tipo de 
informação disponível. Um modelo de previsão, genericamente considerado, envolve 
diversos procedimentos, tais como: 
a) especificar os objetivos da previsão (o quê e para quem prever); 
b) definir as dimensões temporais e espaciais; 
c) definir as hipóteses; 
d) definir as fontes de dados; 
e) selecionar métodos de previsão; 
f) interpretar e usar a previsão; 
g) acompanhar e avaliar a previsão. 
Um resumo dos métodos de previsão da demanda está apresentado no quadro 1. 
 
 
 
Material Específico – Enfermagem – Tomo 2 – CQA/UNIP 
97 
Quadro 1. Métodos de previsão da demanda. 
Método Descrição 
Ingênuo Previsão baseada na última demanda observada. 
 
Júri de opinião 
Método qualitativo baseado na experiência dos gestores, mediante um processo 
grupal, com votações quando as opiniões divergem. 
 
Delphi 
Método baseado em opiniões de especialistas mantido em anonimato entre si, com o 
objetivo de obter um consenso a respeito de algum assunto complexo. 
 
Analogia 
Previsão com base em comparação com itens similares ou que guardam algum aspecto 
comum. 
Taxas 
de 
Crescimento 
Calcula uma taxa (aritmética ou geométrica) que represente o crescimento ou declínio 
de uma dada série temporal e aplica ao último dado da série. 
Média móvel 
aritmética 
simples 
Considera como previsão da demanda a média aritmética de um número constante de 
períodos temporais. 
Suavização 
Exponencial 
Considera como previsão da demanda a média ponderada por meio de um sistema de 
pesos que decresce exponencialmente à medida que o período vai recuando no 
passado. 
Análise de 
regressão e 
correlação 
Método que procura identificar a relação de causalidade entre duas ou mais variáveis. 
Curva S 
Método baseado no modelo do ciclo de vida do produto, um modelo no qual os 
produtos passam por estágios diferentes ao longo do seu ciclo de vida. 
Fonte. Barbieri e Machline, 2006. p.87.2. Análise da alternativa correta 
 
 Considerando que o consumo de equipos de soro na clínica médica do Hospital 
Cotinha nos últimos 3 meses foi de 330 unidades, podemos calcular o consumo mensal de 
equipos utilizando a regra de três que segue. 
Leia-se: se em 3 meses foram consumidas 330 unidades, quanto se consume em um mês? 
 
3 meses ----------- 330 equipos 
1 mês ----------- X 
 
3X = 330 equipos 
 
X = 330 = 110 equipos em um mês 
 3 
 
Pode-se afirmar que, na respectiva unidade, o consumo de equipos é de 110 
unidades ao mês. 
Partindo da afirmativa que o estoque de segurança de equipos da unidade é de 20%, 
devemos acrescentar 20% no número total de equipos consumidos mensalmente (110 
Material Específico – Enfermagem – Tomo 2 – CQA/UNIP 
98 
unidades). Para tal, pode-se aplicar novamente a regra de três para calcular a cota mensal 
adequada de equipos para a unidade, considerando o estoque adicional, como segue. 
Leia-se: Em um mês consome-se 110 equipos, o equivalente a 100% do estoque, quanto 
deve ser acrescido no estoque para garantir 20% a mais de equipos? 
 
110 equipos/mês ----------- 100% do estoque 
X ----------- 120% do estoque 
 
100X = 110 x 120 
 
X = 13200 
 100 
 
X = 132 equipos/mês. 
 
Desse modo, pode-se afirmar que para prover a demanda adequada de equipos de soro e 
garantir a cota mensal adequada desse material, a unidade deve estocar 132 equipos ao 
mês. 
 
Alternativa correta: C. 132 equipos. 
 
3. Indicações bibliográficas 
 
• BARBIERI, J. C.; MACHLINE, C. Logística hospitalar: teoria e prática. São Paulo: Saraiva, 
2006. 
• KURCGANT, P. Administração em enfermagem. São Paulo: EPU, 1991. 
• DIAS, M. A. P. Administração de materiais: uma abordagem logística. São Paulo: Atlas, 
1998. 
• BORBA, V. R.; LISBOA, T. C. Teoria geral de administração hospitalar: estrutura e 
evolução do processo de gestão hospitalar. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2006. 
 
 
 
 
 
Material Específico – Enfermagem – Tomo 2 – CQA/UNIP 
99 
Questão 25 
Questão 25.25 
O Centro Dia de Convivência de Idosos Vida Feliz com capacidade para atender 20 idosos, 
em cada período, teve aumento de procura por parte dos familiares de idosos que 
apresentam sequelas de acidente vascular encefálico (AVE). A equipe de saúde do Vida Feliz 
reuniu-se para planejar as ações necessárias para acolher esta demanda e optou por utilizar 
como instrumento a metodologia do Planejamento Estratégico Situacional (PES). 
Considerando o PES, está corretamente correlacionado o momento com a respectiva ação a 
ser implementada pela equipe em: 
 
 
1. Introdução teórica 
 
Planejamento Estratégico Situacional (PES) 
 
Planejamento é uma ferramenta administrativa que possibilita a percepção de uma 
determinada realidade, a avaliação e a determinação dos caminhos a serem seguidos e a 
construção de um futuro referencial, estruturando um trâmite adequado para enfrentamento 
das situações. Segundo Melleiro et al (2005), planejar é um processo contínuo que engloba 
 
25Questão 35 – Enade 2007 
Material Específico – Enfermagem – Tomo 2 – CQA/UNIP 
100 
o exercício da razão, da sensibilidade e do conhecimento, envolvendo atividades de maior ou 
menor complexidade ocorridas no trabalho, propiciando a construção de planos para 
enfrentar as situações. 
No gerenciamento em Enfermagem, o planejamento é um exercício contínuo, definido 
como o conjunto de conhecimentos teóricos e práticos ordenados de modo a possibilitar a 
interação com a realidade, programar as estratégias e as ações necessárias para alcançar os 
objetivos e metas pré-estabelecidas. Planejamento é uma função privativa do enfermeiro, 
juntamente com a organização, coordenação, execução e avaliação dos serviços da 
assistência de enfermagem. 
 O Planejamento Estratégico Situacional (PES) foi concebido pelo economista chileno 
Carlos Matus Romo, a partir da rejeição da ideia de uma só racionalidade de planejar. Trata-
se de um método de planejamento por problemas, principalmente problemas mal 
estruturados e complexos, que são aqueles para os quais não existe uma solução normativa. 
Os problemas são abordados em suas múltiplas dimensões – política, social, econômica, 
cultural, entre outros, e as soluções dependem dos recursos disponíveis para solucioná-los e 
dos atores sociais envolvidos (TEIXEIRA E FERNANDES, 2003). 
O método possibilita a explicação de um problema a partir da visão do ator social que 
o declara. Permite-se, assim, a identificação de possíveis causas da situação problemática e 
a busca por diferentes modos de abordar e propor suas soluções, envolvendo assim a 
participação ativa dos atores sociais (MELLEIRO et al, 2005). 
 O PES é desenvolvido por meio de quatro momentos diferentes para o processamento 
técnico-científico do problema: o explicativo, o normativo, o estratégico e o tático-
operacional. 
No momento explicativo, a realidade é descrita mediante a seleção de problemas 
relevantes, buscando a compreensão ampla dos motivos pelos quais esses acontecem e 
identificando os centros práticos de ação. De um modo simples, é o momento em que se 
realiza a seleção, a compreensão e a análise do problema. Esse momento pode ser 
sintetizado por meio das seguintes etapas (TEIXEIRA E FERNANDES, 2003; MELLEIRO et al, 
2005): 
• Brainstorming (tempestade de ideias). 
• Limpeza e agrupamento dos problemas. 
• Seleção de problemas prioritários para ação. 
• Explicação ou análise dos problemas. 
Material Específico – Enfermagem – Tomo 2 – CQA/UNIP 
101 
 No momento normativo, ocorre a identificação dos atores que integram o problema e 
dos recursos disponíveis para solucioná-los, ou seja, desenha-se o plano de intervenção e 
são elaboradas propostas de ação, com a construção de planilhas de programação de ações. 
 No momento estratégico, a análise situacional está focada na construção da 
viabilidade do plano, mapeando todos os atores que possam cooperar ou se opor ao que 
está sendo proposto e avaliando o tipo de controle que cada um detém dos recursos 
essenciais para o êxito do plano. 
 O momento tático-operacional consiste na implementação das ações propostas e na 
adequação às situações apresentadas. É a fase de gestão do plano, que significa a criação 
de um sistema de alta responsabilidade, em que as pessoas assumem compromissos de 
executar as tarefas específicas, em tempos definidos. 
Segundo Melleiro et al (2005), o PES consiste em um potente instrumento do 
processo do trabalho gerencial cujo método permeia o permanente exercício de diálogo e de 
reflexão acerca dos problemas que incidem em uma determinada realidade, visando prever 
situações e alternativas, antecipar possibilidades de decisão e preparar estratégias para a 
obtenção de governabilidade sobre elas. 
 
2. Análise da questão 
 
Conforme já referenciado, o método PES prevê quatro momentos para o 
processamento dos problemas, mostrados a seguir. 
1. Momento Explicativo – realização da seleção, compreensão e análise do problema. 
2. Momento Normativo - desenha-se o plano de intervenção e elaboração das propostas de 
ação. 
3. Momento Estratégico - construção da viabilidade do plano, mapeando-se todos os atores 
que possam cooperar ou se opor ao que está sendo proposto e, 
4. Momento Tático-Operacional – implementação das ações. 
Constata-se que a única alternativa que apresenta o planejamento do cuidado da 
equipe de saúde do Vida Feliz correlacionando-o ao PES é a letra B. As demais alternativas 
não correspondem às etapas do PES. 
 
Alternativa correta. B. 
 
 
Material Específico – Enfermagem – Tomo 2 – CQA/UNIP 
102 
3. Indicações bibliográficas 
 
• MELLEIRO, M. M.; TRONCHIN, D. M.; CIAMPONE, M. H. T. O Planejamento estratégico 
situacional no ensino do gerenciamento em enfermagem. Acta Paul Enferm. 2005; 
18(2): 165-71. 
• TEIXEIRA, A. B.; FERNANDES, P. C. O Planejamento estratégico situacionale a gestão 
da atenção de um serviço hospitalar: o caso da Unidade de Cardiologia Intensiva do 
Hospital Geral de Bonsucesso – Ministério da Saúde (Rio de Janeiro). [monografia]. Rio 
de Janeiro: Fundação Oswaldo Cruz, Escola Nacional de Saúde Pública, 2003. Disponível 
em <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/ct/pdf/ALFREDO%20BRASIL_monografia.pDF>. 
Acesso em 08 mar. 2010. 
• ARTMANN, E. Planejamento Estratégico Situacional no nível local: um instrumento a 
favor da visão multissetorial. [online]. Disponível em 
<http//www.ensp.fiocruz.br/biblioteca/dados/OPESNIVELOCALJavier.rtf>. Acesso em 08 
mar. 2010. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/ct/pdf/ALFREDO%20BRASIL_monografia.pDF
Material Específico – Enfermagem – Tomo 2 – CQA/UNIP 
103 
Questão 26 
Questão 26.26 
A indústria automobilística Aston-Brasil, com 3000 funcionários, produz veículos automotores 
em quantidade para suprir o mercado crescente e com qualidade para diferenciá-lo de seus 
competidores. No último trimestre, apresentou alto índice de acidente de trabalho, 
acarretando preocupação à administração da indústria. A assistência à saúde dos 
trabalhadores sempre foi provida por uma equipe multiprofissional de saúde, que atua no 
ambulatório da indústria, cada profissional atendendo de forma independente em um 
consultório, sem interferências de uma área no trabalho da outra. O enfermeiro Nero foi 
designado, pela administração, para avaliar a situação. Solicitou à equipe uma reunião para 
propor a articulação das ações de saúde para os trabalhadores da indústria e a integração 
dos profissionais na construção de planos de ações preventivas em saúde, o que gerou 
muitos conflitos na equipe. A administração se dividiu discutindo duas propostas: a primeira, 
proibir Nero de reunir a equipe multiprofissional, pois cada profissional realiza de forma 
adequada seu trabalho individualmente, e a segunda, estimular Nero a realizar novas 
reuniões, entendendo que a manifestação de conflitos é saudável no trabalho em equipe. 
Quais teorias de administração embasam, respectivamente, as propostas discutidas? 
A. das Relações Humanas e Científica. 
B. dos Sistemas e Clássica. 
C. Clássica e Científica. 
D. Estruturalista e das Relações Humanas. 
E. Científica e Estruturalista. 
 
1. Introdução teórica 
 
Teorias de administração 
 
 Teoria é um conjunto coerente de ideias capazes de explicar as relações entre 
determinados fatos observáveis. As primeiras teorias de administração nasceram na Era 
Industrial Clássica. Cada teoria administrativa aborda com ênfase determinados aspectos da 
administração, marginalizando outros aspectos que não são preocupantes, conforme 
observado na figura 1 (Chiavenato, 2004). 
 
 
26Questão 36 – Enade 2007 
Material Específico – Enfermagem – Tomo 2 – CQA/UNIP 
104 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 1. Abordagens tradicionais da administração na Era Industrial Clássica. 
Fonte. Chiavenato, 2004 – p.37. 
 
 A Teoria da Administração Científica foi iniciada pelo engenheiro Frederick W. Taylor, 
no século XX, cuja essência é determinar o melhor método de trabalho do operário, 
enfatizando as tarefas desempenhadas pelos trabalhadores. Sua preocupação foi tentar 
eliminar o desperdício e as perdas sofridas pelas empresas e elevar os níveis de 
produtividade por meio da aplicação de métodos e técnicas da engenharia industrial. A 
Teoria Taylorista impõe sobre o trabalhador o seguimento de um método de trabalho que 
deve ser planejado e estruturado por um profissional especializado, suprimindo o direito de 
escolha do operário sobre seu próprio esquema de trabalho. 
 Sua teoria fundamenta-se na ideia de que a administração das tarefas está assentada 
na organização racional do trabalho para a definição do método pelo qual o operário poderia 
se tornar mais eficiente em suas atividades. A Teoria de Taylor abriu caminho para o 
surgimento da fragmentação e do mecanicismo das tarefas para permitir a especialização do 
operário, tornando o trabalho mais eficiente pela simplificação e padronização das 
atividades. Um exemplo típico dessa fragmentação e padronização é a linha de montagem, 
na qual o trabalhador executa tarefas simples e repetitivas ao longo de sua jornada diária de 
trabalho. Henry Ford teve a intuição de utilizá-la para produzir automóveis e reduzir os 
custos de produção, obtendo sucesso ao utilizar as ideias inovadoras de Taylor. 
 A Teoria Clássica da Administração foi iniciada pelo engenheiro francês Henri Fayol, 
por volta de 1916, com ênfase na estrutura organizacional e preocupação com as funções de 
Abordagens tradicionais 
da administração 
Ênfase na 
estrutura 
Ênfase nas 
tarefas 
Ênfase nas 
pessoas 
Administração 
Científica 
(1903) 
F. Taylor 
Teoria Clássica 
(1911) 
 
H. Fayol 
Organização 
Burocrática 
(1947) 
M. Weber 
Teoria das 
Relações 
Humanas 
(1932) 
E. Mayo 
K. Lewin 
Material Específico – Enfermagem – Tomo 2 – CQA/UNIP 
105 
gerência. Para Fayol, administrar é prever, comandar, controlar, coordenar e organizar. Sua 
ideia foi padronizar e proporcionar regras genéricas de aplicação, de caráter prescritivo e 
impositivo, como se fosse uma receita para lidar com todos os assuntos administrativos. 
 A Teoria Burocrática foi introduzida pelo sociólogo Max Weber, em 1947, embasado 
no pressuposto que para criar uma organização eficiente, com prevalência da ordem, da 
disciplina e da total previsibilidade do comportamento dos seus participantes, é necessário o 
seguimento de seis dimensões administrativas - divisão de trabalho, hierarquia de 
autoridade, regulamentação, comunicações formalizadas, impessoalidade e competência 
profissional. Nessa organização, impera a racionalidade, visando atingir a previsibilidade do 
comportamento das pessoas dentro da organização, que passa a ser conduzida por um 
administrador profissional. 
 A ênfase nas pessoas teve início com a Teoria das Relações Humanas, introduzida por 
George Elton Mayo, psicólogo social, na década de 1930, que enfatizava a importância do 
fator humano na organização e a necessidade de humanização e democratização das 
organizações, alicerçada nas obras de Taylor e Fayol e contrária à Teoria Clássica. Com essa 
teoria, os conceitos de organização formal, disciplina, departamentalização, centralização, 
mecanicismo, entre outros, cedem lugar aos novos conceitos como organização informal, 
liderança, comunicação, motivação, grupos sociais, recompensas simbólicas e sociais. A 
maior contribuição da Teoria das Relações Humanas foi ressaltar a necessidade de boas 
relações humanas no ambiente de trabalho, o tratamento mais humano às pessoas, a 
adoção de uma administração mais democrática e participativa, na qual as pessoas exerçam 
um papel mais ativo e dinâmico. 
 A Era Industrial Neoclássica trouxe uma profunda reformulação das tradicionais 
teorias administrativas, de abordagem predominantemente normativa e prescritiva, 
substituindo-as por teorias de cunho explicativo e descritivo, mais adequadas aos novos 
tempos (figura 2). 
 
Material Específico – Enfermagem – Tomo 2 – CQA/UNIP 
106 
 
Figura 2. Novas abordagens da administração na Era da Industrialização Neoclássica. 
Fonte. Chiavenato, 2004, p.45. 
 
 A Teoria Estruturalista surgiu em 1950 a partir da necessidade de visualizar a 
organização como unidade social grande e complexa, buscando compatibilizar ideias da 
Teoria Clássica e da Teoria das Relações Humanas. Preocupou-se com o estudo da 
organização formal (estabelecida pela organização, por meio do organograma e manuais) e 
da organização informal (comportamento de grupos sociais informais dentro da organização 
formal), ou seja, foi uma abordagem múltipla e compreensiva na análise das organizações, 
focalizando-as como complexos de estruturas formais e informais. 
 A Teoria Neoclássica, também denominada Escola do Processo Administrativo,surgiu 
em 1957 para redimensionar e atualizar os velhos conceitos clássicos de administração. A 
Teoria trabalha temas importantes como o tamanho organizacional, os tipos de organização 
e a departamentalização, tendo sempre por base o processo administrativo. 
 A Teoria Comportamental teve início após a década de 1950, como fruto do 
movimento humanista iniciado pela Teoria das Relações Humanas. O comportamento 
individual cedeu lugar ao comportamento grupal e, posteriormente, ao comportamento 
organizacional. 
 Por fim, com ênfase no ambiente e na tecnologia, as Teorias de Sistemas e da 
Contingência foram desenvolvidas. A Teoria de Sistemas apareceu na década de 1960, com 
base no pressuposto que nenhuma organização existe no vácuo e cada organização interage 
e se relaciona com seu ambiente (sociedade). Um sistema é definido como um conjunto 
integrado de partes, que são íntima e dinamicamente relacionadas. Todo sistema faz parte 
de um sistema maior (suprassistema), que forma seu ambiente, e é constituído de sistemas 
menores (subsistemas). Assim, as interações entre empresas e seus ambientes passaram a 
Material Específico – Enfermagem – Tomo 2 – CQA/UNIP 
107 
explicar com maior profundidade certos aspectos da estrutura organizacional e dos 
processos operacionais utilizados pelas empresas. 
 A Teoria da Contingência surgiu após a década de 1970, trazendo a concepção que 
não existe uma única melhor maneira de organizar as empresas, pelo contrário, as 
características estruturais das empresas dependem das características ambientais que as 
circundam. Segundo essa Teoria, as empresas bem-sucedidas são as que conseguem se 
adaptar e se ajustar adequadamente às demandas ambientais, nas quais estão os clientes, 
consumidores e usuários, sendo prioridade sua valorização. 
 
2. Análise da questão 
 
A primeira sugestão analisada pela equipe administrativa de “proibir Nero de reunir a 
equipe multiprofissional, porque cada profissional realiza de forma adequada seu trabalho 
individualmente”, está fundamentada na Teoria da Administração Científica. Tal teoria refere 
que cada trabalhador deve realizar sua atividade de modo individual e sistemático, de 
acordo com o que foi planejado pela gerência e conforme treinamento específico. Vale 
lembrar que a teoria é representada pela organização do tipo “linha de montagem”, na qual 
cada trabalhador realiza uma única atividade de modo repetitivo. 
A segunda sugestão “estimular Nero a realizar novas reuniões, entendendo que a 
manifestação de conflitos é saudável no trabalho em equipe”, está fundamentada na Teoria 
Estruturalista que se preocupa em estudar a organização formal e a informal, conciliando a 
teoria Clássica (impositiva) com a teoria das relações humanas (que enfatiza o papel das 
pessoas e grupos sociais na organização). A presença de fatores estressantes ou conflitos 
nas relações formais (impositivas) ou informais (grupos) de trabalho podem influenciar 
diretamente o trabalhador e sua produtividade, podendo gerar insatisfação e desestímulo 
para a execução de suas tarefas. Tal situação pode provocar, por exemplo, a falta de 
atenção na realização das tarefas que, por sua vez, pode desencadear um acidente de 
trabalho. Por isso, é importante que Nero levante com os funcionários da empresa Aston-
Brasil quais são os conflitos gerados pelas relações formais e informais do trabalho para 
conseguir levantar os problemas específicos e planejar a assistência de enfermagem mais 
adequada para a situação. 
 
Alternativa correta. E. 
 
Material Específico – Enfermagem – Tomo 2 – CQA/UNIP 
108 
3. Indicações bibliográficas 
 
• CHIAVENATO, I. Administração: teoria, processo e prática. 4. ed. Rio de Janeiro: 
Elsevier, 2007. 
• CHIAVENATO, I. Administração nos novos tempos. 2. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004. 
• BORBA, V. R.; LISBOA, T. C. Teoria geral de administração hospitalar: estrutura e 
evolução do processo de gestão hospitalar. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2006. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Material Específico – Enfermagem – Tomo 2 – CQA/UNIP 
109 
Questão 27 
Questão 27.27 
Alice tem 28 anos e chegou ao Pronto Socorro com seu filho Mateus de um ano e três 
meses, com história de duas internações hospitalares por pneumonia. A criança frequenta 
uma creche municipal e há dois dias apresenta diarreia, febre intermitente, bradipneia, 
vômito e perda de peso. Foi encaminhada pela Unidade Básica de Saúde com tratamento do 
Plano C para desidratação, já tendo recebido uma dose de antitérmico e recebendo soro de 
re-hidratação oral 15 mL/kg/hora por sonda nasogástrica. Após alguns exames clínicos e 
laboratoriais, Alice foi informada de que Mateus está com tuberculose pulmonar. Ao ser 
esclarecida de que o diagnóstico havia sido confirmado pela identificação do Bacilo de Kock 
no lavado gástrico, Alice mostrou-se convencida de que Mateus contraiu tuberculose há uma 
semana, através do leite materno de uma conhecida que o amamentou uma única vez. Alice 
foi orientada sobre a fisiopatologia, o tratamento e a prevenção da doença de Mateus. 
Considerando o pensamento do educador Paulo Freire, essa ação educativa teve qual 
abordagem e objetivo? 
A. Biologicista, com informações a respeito do modo de transmissão da doença para corrigir 
a convicção de Alice em relação ao meio pelo qual Mateus foi infectado. 
B. Dialógica, com a transformação dos saberes existentes, ajudando Alice a compreender 
por si mesma o modo de transmissão da tuberculose. 
C. Higienista, com a instituição de medidas de precaução para interromper a cadeia de 
transmissão da doença na família e na comunidade. 
D. Construtivista, com a demonstração à Alice de seu desconhecimento e a este atribuindo 
como uma das causas do adoecimento de Mateus, visando ao aprimoramento de sua 
conduta. 
E. Paternalista, com a inclusão de Alice num programa de apoio econômico, garantindo 
seus direitos e a construção de sua cidadania. 
1. Introdução teórica 
 
Pensamento educador de Paulo Freire 
 
 Paulo Reglus Neves Freire (1921-1997), conhecido como Paulo Freire, foi um 
educador e filósofo brasileiro que se destacou pelo seu trabalho na educação popular, 
 
27Questão 24 – Enade 2007 
Material Específico – Enfermagem – Tomo 2 – CQA/UNIP 
110 
alicerçado na escolarização e na formação da consciência humana. É considerado um dos 
pensadores mais notáveis na história da pedagogia mundial (GADOTTI, 1996). 
Sua principal obra, Pedagogia do Oprimido, publicada em 1970, é considerada a mais 
completa e importante literatura na educação. Traduzida em mais de 20 idiomas, tornou-se 
referência para o entendimento da prática de uma pedagogia libertadora e progressista 
(GADOTTI, 1996). 
Nesse livro, Paulo Freire propõe uma explicação da importância e da necessidade de 
uma pedagogia dialógica emancipatória do oprimido, em oposição à pedagogia da classe 
dominante. De acordo com esse modelo pedagógico, o educador, por meio da educação 
dialógica problematizante e participante, procura conscientizar e capacitar o povo para a 
transição da consciência ingênua à consciência crítica, com base nas fundamentações 
lógicas do oprimido. Caracteriza-se por um movimento de liberdade que surge a partir dos 
oprimidos, sendo a pedagogia realizada e concretizada com o povo na luta por sua 
humanidade (CABRAL, 2005). 
Na referida obra, Paulo Freire descreve que não deve haver uma relação de 
verticalidade entre educador e educando. Destaca a concepção bancária de educação, vista 
como um ato de depositar ou uma dádiva para com o povo, considerado como uma tábua 
rasa. Essa pedagogia dicotomiza o sujeito narrativo (o educador) e os objetos ouvintes (os 
educandos), evidenciando uma relação de verticalidade, completamente alheia à experiência 
existencial dos educandos. De acordo com essa visão, o saber é uma doação fundamentada 
na absolutizaçãoda ignorância, manifestação instrumental da ideologia da opressão, que 
visa transformar a mentalidade do oprimido e não a situação que o oprime (FREIRE, 1987; 
CABRAL, 2005). 
Segundo Paulo Freire, o respeito à autonomia e à dignidade de cada indivíduo é um 
imperativo ético e não um favor que podemos ou não conceder uns aos outros. É nesse 
sentido que o educador critica a educação vertical e defende o pensamento dialógico. 
Para o autor, os homens educam-se entre si mediatizados pelo mundo, pela educação 
problematizadora, que exige a superação da contradição educador-educando, e pelo 
diálogo, em que ambos se tornam sujeitos do processo e crescem juntos em liberdade, 
procurando o conhecimento verdadeiro e a cultura pela emersão das consciências para uma 
inserção crítica na realidade. A dialogicidade é a essência da educação e uma prática da 
liberdade (CABRAL, 2005). 
De acordo com Paulo Freire, o diálogo é atuar e pensar como sujeitos e permitir que 
as outras pessoas que nos rodeiam também sejam sujeitos críticos (GADOTTI, 1996). O 
Material Específico – Enfermagem – Tomo 2 – CQA/UNIP 
111 
diálogo se faz numa relação horizontal, baseada na confiança entre os sujeitos e na 
esperança transformada na concretização de uma procura eterna, fundamentada no 
pensamento crítico. Começa na busca do conteúdo programático que, para o educador-
educando, dialógico, problematizador, não é uma doação, mas uma devolução organizada, 
sistematizada e acrescentada ao povo dos elementos que foram entregues de uma forma 
desestruturada (FREIRE, 1987). 
Diálogo, conceito chave e prática essencial na concepção freireana, implica na 
observação simpática, em atitudes compreensivas e numa percepção crítica da realidade do 
povo, constituída pelo seu conjunto de dúvidas, anseios e esperanças, por parte do 
educador para que expresse uma ação cultural. A prática pedagógica passa a ser uma ação 
política de troca de concretudes e de transformação, na qual ambos são sujeitos do ato 
cognoscente (capaz de adquirir conhecimento), que desmistificam a realidade e criticam-na 
para conhecê-la recriando o conhecimento e descobrindo-se como refazedores permanentes. 
É o aprender ensinando e o ensinar aprendendo. Não é apenas um método, mas uma 
estratégia para respeitar o saber do educando (FREIRE, 1987; CABRAL, 2005). 
Destaca-se uma importante concepção do pensamento educador de Paulo Freire, 
reproduzida a seguir. 
 
Para colocar o diálogo em prática, o educador não pode se colocar na posição 
ingênua de quem se pretende detentor de todo o saber, deve, antes, colocar-se na 
posição humilde de quem sabe que não sabe tudo, reconhecendo que o analfabeto 
não é um homem perdido, fora da realidade, mas alguém que tem toda uma 
experiência de vida e, por isso, também é portador de um saber. 
PAULO FREIRE, IN MOACYR GADOTTI, PAULO FREIRE: UMA BIOBIBLIOGRAFIA, 
1996. 
 
Uma das interfaces do cuidado integral é a utilização de práticas educativas em 
saúde. No modelo assistencial tradicional, a prática educativa configura uma transmissão de 
informações, na maioria das vezes, descontextualizadas, de cunho moral e disciplinador, 
utilizando estratégias verticalizadas de educação, ditando comportamentos a serem 
adotados para a manutenção da saúde, em substituição aos saberes e práticas populares 
relativos aos processos de saúde-doença (GÓES e LA CAVA, 2009). 
A proposição de práticas educativas de saúde sensíveis às necessidades dos usuários 
insere-se no modelo de educação preconizado por Paulo Freire – o dialógico. A referida 
metodologia pedagógica tem como ponto de partida o conhecimento sistemático da 
realidade em que vivem os sujeitos, que são convidados a deixar o silêncio para 
compartilhar suas experiências de vida. Fundamenta-se no diálogo como uma condição 
Material Específico – Enfermagem – Tomo 2 – CQA/UNIP 
112 
essencial e necessária para a prática educativa. Assim, proporciona uma democratização do 
saber científico e, por consequência, o desenvolvimento da autonomia dos indivíduos no 
cuidado à sua própria saúde (GÓES e LA CAVA, 2009). 
 
2. Análise das alternativas 
 
A – Alternativa incorreta. 
JUSTIFICATIVA. O modelo biologicista de educação não foi defendido por Paulo Freire e não 
considera o conhecimento prévio do educando e o diálogo entre educador e educando. Está 
fundamentado no conhecimento biológico, que deve ser transmitido pelo educador – 
educação vertical. 
 
B – Alternativa correta. 
JUSTIFICATIVA. A pedagogia dialógica foi fundamentada por Paulo Freire, em 1987. Trata-
se de uma estratégia que pode ser utilizada pelos profissionais de saúde, porque respeita o 
saber do cliente/paciente, permitindo ao cliente a elaboração de um pensamento crítico para 
melhor compreensão de sua própria situação de saúde. No referido caso, o profissional de 
saúde considerou o conhecimento prévio de Alice acerca da doença e o seu modo de 
transmissão. Com base nesse conhecimento, orientou-a sobre os modos de transmissão da 
doença. 
 
C – Alternativa incorreta. 
JUSTIFICATIVA. O modelo higienista de educação não foi defendido por Paulo Freire. Esse 
modelo caracteriza-se pela verticalidade das ações educativas, ou seja, também não 
considera o conhecimento prévio do educando e o diálogo entre educador e educando. 
 
D – Alternativa incorreta. 
JUSTIFICATIVA. O pensamento construtivista foi defendido por Piaget, que discorre sobre a 
concepção de que cada fase de desenvolvimento da inteligência humana apresenta 
características e possibilidades de crescimento da maturação ou de aquisições. O 
conhecimento dessas possibilidades faz com que os professores possam oferecer estímulos 
adequados a um maior desenvolvimento do indivíduo. 
 
 
Material Específico – Enfermagem – Tomo 2 – CQA/UNIP 
113 
E – Alternativa incorreta. 
JUSTIFICATIVA. No pensamento paternalista, o educador assume um papel de autoridade e 
não considera o conhecimento prévio e o diálogo – modelo vertical de educação. O referido 
modelo não foi defendido por Paulo Freire. 
 
3. Indicações bibliográficas 
 
• FREIRE, P. R. N. Pedagogia do Oprimido. 17. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987. 
• GADOTTI, M. Paulo Freire: uma biobibliografia. São Paulo: Cortez: Instituto Paulo Freire; 
Brasília; UNESCO, 1996. 
• CABRAL, A. Pedagogia do Oprimido. Rev. Lusófona de Educação. [online]. 2005, nº. 5 
[citado 28 mai. 2010], p.200-204. Disponível em 
<http://www.scielo.oces.mctes.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1645-
72502005000100014&lng=es&nrm=iso>. Acesso em 29 jun. 2010. 
• GÓES, F. G. B.; LA CAVA, A. M. A concepção de educação em saúde do enfermeiro no 
cuidado à criança hospitalizada. Rev. Eletr. Enf. [online] 2009;11(4): 932-941. Disponível 
em <http://www.fen.ufg.br/revista/v11/n4/v11n4a18.htm>. Acesso em 29 jun. 2010. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Material Específico – Enfermagem – Tomo 2 – CQA/UNIP 
114 
Questão 28 
Questão 28.28 
Os usuários da Unidade Básica de Saúde de Linha Rosa chegam às 5 horas para serem 
atendidos pelo médico a partir das 8 horas da manhã. Formam uma fila em frente ao posto 
e quem chega primeiro tem mais chance de ser consultado. 
Os graduandos em enfermagem da Faculdade Nightingale, em estágio curricular na Linha 
Rosa, questionaram a organização do atendimento e sugeriram à equipe de saúde da 
Unidade que aplicasse os princípios da Política Nacional de Humanização (PNH). Como tais 
princípios eram desconhecidos, a gerente da Unidade solicitou aos graduandos que 
orientassem à equipe na implantação do PNH. Usando os princípios da educação 
permanente, as ações educativas a serem desenvolvidas devem priorizar a 
A. aprendizagem significativa, tendo em vista o conhecimento prévio dos trabalhadores da 
Linha Rosa referente à organização do serviço. 
B. transmissão vertical do conhecimento por meio de aulas expositivas sobre os princípios 
básicos da PNH. 
C. participação de integrantesde serviços humanizados, possibilitando a reprodução dessa 
experiência na Linha Rosa. 
D. memorização dos princípios básicos da PNH para posterior implantação pelos 
trabalhadores da Linha Rosa. 
E. explanação por especialistas que sintetize o conteúdo do PNH aos trabalhadores da Linha 
Rosa, agilizando o processo de implantação. 
 
1. Introdução teórica 
 
Política Nacional de Humanização (PNH) e educação em enfermagem 
 
 A Política Nacional de Humanização (PNH) foi instituída pelo Ministério da Saúde em 
2003, fundamentado na premissa da necessidade de assegurar a atenção integral à 
população e na valorização dos trabalhadores de saúde, no avanço da democratização da 
gestão e do controle social participativo, propondo estratégias para ampliação da condição 
de direitos e de cidadania das pessoas (BRASIL, 2004). 
 Segundo Santos-Filho (2007), a Política de Humanização parte de conceitos e 
dispositivos que visam à reorganização dos processos de trabalho em saúde, propondo 
 
28Questão 34 – Enade 2007 
Material Específico – Enfermagem – Tomo 2 – CQA/UNIP 
115 
transformações nas relações sociais, que envolvem gestores e trabalhadores de saúde em 
sua experiência cotidiana de organização e condução dos serviços; e, também, 
transformações nas formas de produzir e prestar serviços de saúde à população. 
 Para a construção de uma Política de Qualificação do Sistema Único de Saúde (SUS), 
a Humanização deve ser entendida como uma política que opere transversalmente em toda 
a rede do SUS, que implica na elaboração de princípios e modos de operar no conjunto das 
relações entre profissionais de saúde e usuários, entre os diferentes profissionais e entre as 
instâncias que constituem o SUS (BRASIL, 2004). 
Humanização implica na troca de saberes e no diálogo entre os profissionais de saúde 
e a comunidade, assim como o diálogo entre os profissionais de saúde e o trabalho em 
equipe visando aumentar o grau de corresponsabilidade dos diferentes atores que 
constituem a rede SUS, na produção de saúde. Assim, a humanização estabelece a 
construção de atitudes ético-estético-políticas em sintonia com um projeto de 
corresponsabilidade e qualificação dos vínculos interprofissionais e entre estes e os usuários 
na produção da saúde. 
Os princípios norteadores da PNH são (BRASIL, 2009): 
• a inseparabilidade entre a atenção e a gestão dos processos de produção de saúde, 
referindo-se às práticas de saúde interdependentes e complementares; 
• a transversalidade entendida como a adoção de concepções e práticas que aumentem o 
grau de abertura da comunicação intra e intergrupos e ampliam as grupalidades; 
• a autonomia e o protagonismo dos sujeitos que têm relação com a corresponsabilidade 
entre gestores, profissionais de saúde, usuários na produção de saúde e a participação 
coletiva nos processos de gestão em saúde. 
Com a implantação da PNH, o Ministério da Saúde pretende alcançar objetivos 
estratégicos como a redução de filas e do tempo de espera, com ampliação do acesso; o 
atendimento acolhedor e resolutivo baseado nos critérios de risco; a implantação de modelo 
de atenção com responsabilização e vínculo; a garantia dos direitos dos usuários; a 
valorização do trabalho em saúde e gestão participativa nos serviços (BRASIL, 2004). 
O referencial teórico-político da PNH contextualiza que a institucionalização da política 
de humanização pressupõe transformações em diversos eixos que permeiam a atenção e a 
gestão em saúde (BRASIL, 2004), conforme segue. 
• Eixo das instituições do SUS – a PNH deve fazer parte dos planos estaduais e municipais 
dos vários governos, aprovados pelos gestores e pelos conselhos de saúde 
correspondentes. 
Material Específico – Enfermagem – Tomo 2 – CQA/UNIP 
116 
• Eixo da gestão do trabalho – propõe a promoção de ações que assegurem a participação 
dos trabalhadores nos processos de discussão e decisão na gestão de saúde. 
• Eixo da educação permanente – a PNH deve compor o conteúdo profissionalizante na 
graduação, na pós-graduação e na extensão em saúde, vinculando-o aos Polos de 
Educação Permanente e às instituições formadoras. 
• Eixo da informação/comunicação – indica a ampliação do domínio social sobre a PNH, 
por meio de ação de mídia e discurso social amplo. 
• Eixo da atenção – propõe uma política incentivadora do protagonismo dos sujeitos, da 
democratização da gestão dos serviços e da ampliação da atenção integral à saúde, 
promovendo a intra e intersetorialidade com responsabilização sanitária pactuada entre 
gestores e trabalhadores. 
• Eixo do financiamento – propõe a integração de recursos vinculados a programas 
específicos de humanização. 
• Eixo da gestão da PNH – indica-se a pactuação com as instâncias intergestoras e de 
controle social do SUS, o acompanhamento, o monitoramento e a avaliação sistemáticos 
das ações realizadas, de modo integrado às políticas de saúde, estimulando a pesquisa 
relacionada às necessidades dos SUS na perspectiva da humanização. 
Uma das principais estratégias para produzir políticas públicas fundamentadas e 
coerentes com os princípios do Sistema Único de Saúde é a Educação. É neste contexto que 
o eixo da educação permanente se faz importante para a implementação e resolutividade da 
Política Nacional de Humanização. 
A educação permanente é definida como o processo de aprendizagem no trabalho, no 
qual o aprender e o ensinar se incorporam ao cotidiano das organizações e ao trabalho. Ela 
é feita a partir dos problemas enfrentados na realidade cotidiana e considera os 
conhecimentos e as experiências de cada indivíduo. A educação permanente propõe que a 
atividade educativa direcionada aos trabalhadores da saúde sejam iniciadas pela 
problematização do processo de trabalho. É uma estratégia alicerçada na premissa que, para 
produzir mudanças nas práticas de gestão e de atenção à saúde, é fundamental que os 
profissionais de saúde sejam capazes de dialogar com as práticas e concepções vigentes, 
problematizando-as, e assim de construir novos pactos de convivência e práticas que 
aproximem o SUS da atenção integral e de qualidade (BRASIL, 2009). 
A educação permanente está fundamentada na aprendizagem significativa. Esse novo 
paradigma é fruto da visão de que o conhecimento não se “transmite”, mas se constrói a 
partir das dúvidas e dos questionamentos das práticas vigentes à luz dos problemas 
Material Específico – Enfermagem – Tomo 2 – CQA/UNIP 
117 
contextuais. Permite revelar a complexidade e a articulação das explicações dos diferentes 
problemas e torna evidente a necessidade de estratégias múltiplas, que, para serem 
propostas e implementadas, necessitam articulação com a gestão do sistema (BRASIL, 
2009). 
Assim, a educação permanente é uma estratégia potente para a democratização da 
gestão do sistema e para a transformação das práticas de gestão, de atenção e de controle 
social. Como consequência, é fundamental para o desenvolvimento da Política de 
Humanização do SUS. 
 
2. Análise das alternativas 
 
A – Alternativa correta. 
JUSTIFICATIVA. A educação permanente está fundamentada na aprendizagem significativa 
que é feita a partir dos problemas enfrentados na realidade cotidiana, considerando os 
conhecimentos e as experiências prévias de cada indivíduo. Constitui um princípio essencial 
para a implementação da Política Nacional de Humanização. 
 
B – Alternativa incorreta. 
JUSTIFICATIVA. As estratégias educativas baseadas na transmissão vertical do 
conhecimento, conforme “modelo escolar”, têm se mostrado pouco eficazes para possibilitar 
a incorporação de novos conceitos e princípios às práticas de saúde estabelecidas. Por isso, 
devem ser desestimuladas. 
 
C – Alternativa incorreta. 
JUSTIFICATIVA. Para que haja mudança na prática assistencial da Unidade Básica de Saúde, 
é fundamental que a equipe de saúde discuta os problemas enfrentados na unidade e juntos 
construam uma novaestratégia de enfrentamento da situação para a implementação da 
humanização da assistência (acolhimento e classificação de risco). Nem sempre uma 
experiência de outra unidade será efetiva na resolução dos problemas da referida UBS. Por 
isso, é irrelevante a participação de integrantes de serviços humanizados. A equipe necessita 
trabalhar suas necessidades e resolver o problema de acordo com seu contexto. 
 
 
 
Material Específico – Enfermagem – Tomo 2 – CQA/UNIP 
118 
D – Alternativa incorreta. 
JUSTIFICATIVA. A memorização dos princípios básicos da PNH não é a estratégia 
fundamental para sua implementação, pois não é suficiente para reconsiderar as próprias 
práticas de saúde e nem leva em consideração a contextualização do problema por cada 
membro da equipe de saúde. Por se mostrar pouco eficaz na produção de conhecimento ou 
de competências técnicas específicas ou para a promoção de mudanças na organização dos 
serviços, tal método de ensino deve ser desestimulado. 
 
E – Alternativa incorreta. 
JUSTIFICATIVA. A explanação por especialistas sobre o conteúdo do PNH retoma a 
transmissão vertical do conhecimento, que tem se mostrado pouco eficaz para possibilitar a 
incorporação de novos conceitos e princípios às práticas de saúde estabelecidas. Por isso, 
não deve ser realizada. 
 
3. Indicações bibliográficas 
 
• BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria-Executiva. Núcleo Técnico da Política Nacional 
de Humanização. HumanizaSUS: Política Nacional de Humanização: a humanização 
como eixo norteador das práticas de atenção e gestão em todas as instâncias do SUS. 
Brasília (DF): Ministério da Saúde, 2004. 
• SANTOS-FILHO, S. B. Perspectivas da avaliação na Política Nacional de Humanização em 
Saúde: aspectos conceituais e metodológicos. Ciência e Saúde Coletiva, 2007; 12(4): 
999-1010. 
• BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde. 
Departamento de Gestão da Educação em Saúde. Política Nacional de Educação 
Permanente em Saúde. Brasília (DF): Ministério da Saúde, 2009. Disponível em 
<http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/politica_nacional_educacao_permanente_s
aude.pdf>. Acesso em 29 jun. 2010. 
 
 
 
 
 
 
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/politica_nacional_educacao_permanente_saude.pdf
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/politica_nacional_educacao_permanente_saude.pdf
Material Específico – Enfermagem – Tomo 2 – CQA/UNIP 
119 
Questão 29 
Questão 29.29 
A reorganização do processo de trabalho em enfermagem passa pela qualificação da força 
de trabalho, pela integração dos profissionais e o resgate do sentido de trabalho na 
perspectiva interdisciplinar. Inclui, ainda, a abertura de espaços democráticos, de discussão 
e de decisão com o usuário, visando a ampliar escutas e trocas. 
Com base no texto acima, em que modelo de assistência a enfermagem deve centrar suas 
práticas cuidativas e educativas? 
A. Humanista. 
B. Biologicista. 
C. Flexneriano 
D. Tecnicista. 
E. Teologicista. 
 
1. Introdução teórica 
 
Modelos de assistência à saúde 
 
 O cuidado é uma expressão de nossa humanidade e constitui um elemento essencial 
para o desenvolvimento dos seres humanos. O cuidado humano e o cuidar estão 
historicamente relacionados à enfermagem, sendo vistos como o ideal moral da profissão 
(WALDOW, 2007). O modelo assistencial adotado pela enfermagem para a prática do 
cuidado apresenta características divergentes ao longo da história. Fundamentalmente, 
esses modelos assistenciais estão pautados nos diferentes paradigmas existenciais 
predominantes em cada época. 
 A partir do século XVII, o pensamento newtoniano-cartesiano foi o fio condutor do 
fazer científico e da assistência à saúde no Brasil. Esse paradigma, denominado modelo 
biomédico, está centralizado na doença e na intervenção curativa, fundamentando-se no 
referencial biologicista do processo de saúde-doença (GÓES e LA CAVA, 2009). 
O paradigma newtoniano-cartesiano de assistência à saúde fez com que o profissional 
de saúde deixasse de assistir integralmente ao ser humano, para vislumbrá-lo como uma 
máquina, composta por partes independentes que, ao adoecer, necessita ser “consertada”. 
Esse paradigma contribuiu tanto para espetacular eficiência tecnológica, como também para 
 
29Questão 26 - Enade 2004 
Material Específico – Enfermagem – Tomo 2 – CQA/UNIP 
120 
a mutilação e compartimentalização da ação humana, especialmente na área da saúde, 
consolidando-se como verdade paradigmática para a medicina e para a enfermagem. 
Sob esse ponto de vista, a assistência e o cuidado ao ser humano foram relacionados 
às doenças e ao curativismo, mantendo uma abordagem reducionista, altamente 
mecanizada, tecnicista, especializada e impessoal, sem vislumbrar a promoção de saúde. 
Entretanto, a partir do final do século XIX, uma nova visão de realidade começou a 
surgir – holismo, superando aos poucos o pensamento newtoniano-cartesiano. O novo 
paradigma desvela um universo holístico, sistematizado, interligado e dinâmico, cujas partes 
estão essencialmente inter-relacionadas e só podem ser entendidas como um conjunto 
(BARBOSA et al, 2001). 
No contexto da saúde, o paradigma holístico traduz a concepção do corpo humano 
como um sistema, como um todo indivisível, inter-relacionado e interdependente. Segundo 
Teixeira (1996), para que a saúde seja holística, ela necessita ser estudada como um 
sistema, como um fenômeno multidimensional, que envolve aspectos físicos, psicológicos, 
sociais e culturais, todos interdependentes e não arrumados em sequência de passos e 
medidas isoladas para atender cada uma das dimensões apontadas. 
De acordo com o novo modelo, os profissionais de saúde devem redimensionar o 
modo de assistir ao ser humano, reavaliando sua relação com a clientela e assumindo a 
responsabilidade do equilíbrio de indivíduos e sociedades. A concepção holística também 
preconiza a prevenção de doenças e a promoção da saúde em detrimento ao curativismo, 
indicando a importância da mudança no modelo assistencial utilizado pela saúde (TEIXEIRA, 
1996). 
Atualmente, vivencia-se uma fase de transição entre os dois paradigmas assistenciais. 
Os dois modelos são empregados pelos profissionais de saúde nos mais diferentes níveis de 
assistência. Contudo, observa-se que a impessoalidade, a insensibilidade e a mecanização 
do cuidado, características do modelo newtoniano-cartesiano de assistência, estão 
associadas ao entendimento de desumanização, enquanto o cuidado holístico relaciona-se 
ao cuidado humanizado. 
Conforme referido por Brischialiari et al (2008), o cuidado humanizado relaciona-se à 
assistência holística e integral por contemplar a dimensão subjetiva do ser humano, devendo 
abranger as dimensões psíquicas, físicas, culturais, espirituais e sociais de cada cliente. 
Humanização implica, ainda, na abertura de espaços democráticos, na troca de saberes e no 
diálogo entre os profissionais de saúde e a comunidade/cliente, visando aumentar o grau de 
corresponsabilidade dos diferentes atores da produção de saúde. 
Material Específico – Enfermagem – Tomo 2 – CQA/UNIP 
121 
Por promover a integralidade do cuidado e a relação igualitária entre 
instituições/profissionais de saúde e a comunidade/clientela, o modelo holístico de 
atendimento é recomendado, nacional e internacionalmente, como o ideal para assistência à 
saúde. 
Uma das interfaces do cuidado integral é a utilização de práticas educativas em 
saúde. As estratégias frequentemente adotadas pelos profissionais de saúde para essa 
prática estão alicerçadas no modelo tradicional de assistência, caracterizadas pela 
transmissão de informações verticalizadas, que ditam comportamentos a serem adotados 
para a manutenção e promoção da saúde, sem considerar os saberes e as experiências 
individuais e coletivas. 
Contudo, em oposição ao modelo tradicional, recomenda-se a adoção do modelo

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