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SISTEMÁTICA DE IMPORTAÇÃO AULA 3 Prof. João Marcos Andrade CONVERSA INICIAL É fato que os países em sua maioria não são autossuficientes em muitas mercadorias, bens de capital, commodities, dentre outros produtos resultados de industrialização. Por esta razão, as nações cada vez mais tornam-se praças de oportunidades para estabelecimento de novos negócios, além de prospecções para investimentos, grandes projetos de infraestrutura, desenvolvimento tecnológico, compartilhamento de avanços em várias áreas de inteligência artificial, dentre outros aspectos da economia moderna. Mas, para todas estas e muitas outras atividades serem realizadas, é necessário que cada nação estabeleça suas regras aduaneiras aplicáveis à padronização de procedimentos administrativos e tributários, visando à contemplação de uma transparência nas atividades de arrecadação de tributos nas práticas de comércio internacional, porém, sem deixar de seguir orientações e protocolos firmados junto à Organização Mundial do Comércio (OMC) e Organização Mundial das Aduanas (OMA). Assim, podemos considerar que, para a Sistemática de Importação no Brasil, precisamos reconhecer a necessidade de cumprimento às regras da Aduana Brasileira, coordenada pela Receita Federal do Brasil, sendo esta disciplina uma grande oportunidade para explanarmos as implicâncias das atividades operacionais das empresas que praticam importações em nosso país. CONTEXTUALIZANDO Imaginemos que a empresa em que atuamos, ou onde somos os empreendedores, empresários, sócios etc, resolve ingressar no Mercado Internacional prospectando importações para a linha de produção, para vendas diretas, para montagem, para industrialização, enfim, para várias atividades. Mas quais são os procedimentos técnicos vigentes no Brasil para essas práticas? Exatamente o que observamos em aulas anteriores. Primeiramente, a necessidade de habilitação da empresa no Sistema RADAR da Receita Federal do Brasil, o Sistema de Rastreamento das atividades dos Intervenientes de Comércio Exterior no Brasil, sendo que nesta aula abordaremos temas subsequentes aos vistos anteriormente, referentes à conceituação do que vem a ser de fato a Habilitação no Sistema Radar. Por isso, temos agora a 3 oportunidade de expandir nosso conhecimento no campo da prática das tarefas pertinentes à execução, à materialização da Habilitação de uma empresa no Radar da Receita Federal. Importante Não vamos confundir RADAR, da RFB, com o radar observado nas vias dos centros urbanos, ou estradas federais. Créditos: Vectorlab2d/Shutterstock. TEMA 1 – PROCEDIMENTOS OPERACIONAIS PARA HABILITAÇÃO DA EMPRESA NO SISTEMA RADAR DA RFB Inicialmente, a empresa promoverá a análise interna para a obtenção do status real em relação à sua composição como organização e, assim, teremos as seguintes etapas a serem cumpridas para a obtenção da Habilitação do CNPJ junto ao Sistema RFB. O Procedimento de Habilitação do CNPJ junto ao Sistema RADAR envolve três categorias, três Modalidades de Habilitação, as quais veremos logo a seguir. Entretanto, recomenda-se a leitura na íntegra da Instrução Normativa (IN) n. 1984/2020 e Portaria da Coana n.º 72/2020, e Portarias Coana n.º 58 de 2016 e n.º 27 de 2018, para enriquecimento do conhecimento e das análises que estamos propondo neste estudo. A definição de qual das três Modalidades disponíveis a empresa estará apta a se habilitar deve, inicialmente, ser do conhecimento da própria empresa, uma vez que todas as afirmações e determinações dos requisitos para 4 enquadramento em uma das três modalidades constam na Legislação que tal disciplina revela. (Observadas no parágrafo anterior). Saiba mais Importante considerar que de acordo com o Art. 7º da Instrução Normativa para as Habilitações no Sistema RADAR, a RFB inclui nos procedimentos de fiscalização: 1) Origem dos Recursos da Empresa, em que é necessária a comprovação lícita de todos os recursos financeiros e de patrimônio. 2) Autenticidade dos documentos apresentados; qualquer adulteração de documentos apresentados impacta em indeferimento do pedido. 3) Atendimento a prazos estipulados em eventuais exigências fiscais. 4) Comprovação de endereço mediante visita de auditores fiscais da RFB em alguns casos para comprovação. 1.1 Análise sobre a situação contábil/fiscal da Empresa No momento em que a empresa decide requerer sua Habilitação junto à RFB para atuar no Comércio Internacional, passa a estar propensa às solicitações de prestação de informações por parte daquele órgão, inclusive sob procedimento de fiscalização mais acentuada. Essa informação é necessária, pois o CNPJ requerente da habilitação deverá estar com toda a situação fiscal na condição de “Ativa” perante a RFB, ou seja, as Declarações de Imposto de Renda da Pessoa Jurídica necessitam contemplar totalmente as atividades realizadas. Vendas de mercadorias, compras, enfim, cada atividade relacionada com a realidade da organização deve estar completamente de acordo com a legislação pertinente a cada uma, por exemplo, a Declaração de Imposto de Renda deve estar em dia, quanto à entrega, e principalmente quanto à sua regularidade fiscal. A RFB precisa receber os dados da empresa de forma que não ocorra nenhuma discrepância perante o fisco, e neste aspecto frisa-se a ocorrência em alguns casos, de empresas que “editam” documentos para apresentar à Receita Federal, o que configura crime de falsificação de documentos conforme o Art. 298 do Código Penal Brasileiro, podendo inclusive ensejar pena de reclusão (prisão), por um determinado período. 5 Por esses motivos, e por questão de ética e transparência, é conveniente às empresas, primeiramente proceder com a análise documental junto aos setores fiscais, financeiro, operacional, e jurídico dependendo do porte da empresa (mais comum nas grandes empresas), para que, a partir do momento em que a documentação for apresentada à RFB, haja na companhia a ciência de que não há temor algum quanto a irregularidades ou pendências tributárias que não possam ser resolvidas em curto tempo. O CNPJ precisa estar de fato absolutamente condizente com a condição de “Ativa”, sem nenhuma pendência junto à Receita Federal. Observamos, portanto, que o critério da análise documental é de certa forma abrangente ao todo da empresa, citamos a seguir os principais tópicos e temas abordados e requeridos pela RFB em Requerimentos de Habilitação junto ao Sistema RADAR. • Situação do FGTS, (Fundo de Garantia por tempo de Serviço) dos funcionários. • Contas recentes de energia elétrica e telefone, com seus respectivos pagamentos, para comprovação da atividade da empresa no endereço fiscal indicado. • Livro de Registro de Empregados (quanto o porte da empresa assim o exigir). • Documento de arrecadação de IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano), referente ao imóvel onde a empresa exerce suas atividades. Saiba mais Importante considerar que a Receita Federal irá analisar também a composição do Contrato Social, de forma que é necessário constar em seu Objeto Social, as atividades de Comércio Exterior, devendo estar citado: “Atividades de Importação e Exportação”. 1.2 Certificação Digital – procedimento necessário Compreendemos até aqui a necessidade de obtenção do Certificado Digital para o CNPJ da empresa, bem como para o CPF do Dirigente Responsável Legal pela Empresa. 6 Com o Certificado Digital, teremos acesso ao Sistema Gerenciador de Dados da Receita Federal para a execução das atividades de Importação, juntamente com a adesão ao DTE (Domicílio Tributário Eletrônico), ambos vistos em aulas anteriores. Observaremos a seguir um fluxograma das atividades presentes em uma tratativa de obtenção de RADAR junto à Receita Federal. Saiba maisO acesso ao Sistema Gerenciador da RFB, para esta finalidade, encontra- se disponível em: <https://portalunico.siscomex.gov.br/portal/>. Acesso em: 20 dez. 2020. Figura 1 – Fluxograma Operacional para elaboração de Requerimento de Habilitação no Sistema Radar da Receita Federal do Brasil Em tese, tendo realizado este procedimento, a empresa estará com seu CNPJ habilitado no Sistema RADAR, porém, podem haver exigências fiscais por parte da RFB durante o processo de análise documental, sempre via E-CAC. 1.3 Considerações Importantes Sempre que um Requerimento de Habilitação ao Sistema Radar for apresentado, a empresa deve estar ciente de que a partir daquele momento, a qualquer tempo a RFB pode rever por ofício (definição da própria RFB) a habilitação, e aplicar considerações de acordo com os resultados da análise. Aquisição de Certificado Digital (CNPJ , e CPF) Adesão ao DTE - Domicílio Tributário Eletrônico via E-CAC Acesso ao E-CAC, ou ida à RFB para obtenção do Proce. Administrativo Fiscal Acesso ao Portal Habilitação (<www.portalunico.sisc omex.gov.br/portal/>) Inclusão dos documentos no Portal ÚInico do Siscomex Deferimento, ou Indeferimento automático pelo Sistema Se Indeferimento automático, reporte de documentos à RFB, via E-CAC RFB procede análise de acordo com a IN n. 1984/2020 e Portaria Coana n. 123/2015 RFB solicita documentos, defere ou indefere o pedido de Habilitação 7 Por exemplo, a Empresa A obteve a habilitação de RADAR na Modalidade Limitada, porém, em determinado tempo, a RFB em processos de fiscalização percebeu que a empresa não mais possui a capacidade financeira apresentada e comprovada no momento do requerimento. Neste caso, a RFB poderá sumariamente suspender a Habilitação. Situações fiscais dos Responsáveis Legais pelo CNPJ também podem ser fiscalizadas durante a vigência da Habilitação do Radar e, ficando comprovada inconsistência em declarações de imposto de renda ou outra ferramenta de fiscalização por parte da RFB, a habilitação do CNPJ no Sistema RADAR também pode ser suspensa. Quando há casos de suspensão da Habilitação, as empresas podem apresentar recursos administrativos requerendo revisão no processo de fiscalização, e motivando novas tratativas para a RFB desde que com fundamentos sólidos capazes de serem comprovados mediante documentos lícitos, ou ainda, em outras circunstâncias, também poderá apresentar requerimento mediante Mandado Judicial por meio de Assessoria Jurídica. TEMA 2 – MODALIDADES DE HABILITAÇÃO NO SISTEMA RADAR DA RFB A Receita Federal divide as classificações de Habilitação no sistema RADAR, em Modalidades, e são elas: 2.1 Modalidade Expressa Disponível para Pessoa Jurídica que pretenda importar valores menores que USD 50.000,00 em períodos consecutivos de até 6 meses, e podendo realizar Exportações sem limitação de Valores. Fundamentação Legal: Instrução Normativa (IN) n. 1984/2020, Art. 2º, Inciso I, alínea “a”. Portaria Coana n. 123/2015, Art. 3º. 2.2 Modalidade Limitada Disponível para Pessoa Jurídica que apresente capacidade financeira que comporte valores de importação maiores que USD 50.000,00, e igual ou até USD 8 150.000,00 em períodos consecutivos de até 6 meses, e podendo realizar Exportações sem limitação de Valores. Fundamentação Legal: Instrução Normativa (IN) n. 1984/2020, Art. 2º, Inciso I, alínea “b”. 2.3 Modalidade Ilimitada Disponível para Pessoa Jurídica que demonstre capacidade financeira suficiente para importar valores superiores a USD 150.000,00, sendo que nesta modalidade as exportações também não possuem limite de valor, a exemplo das duas anteriores. Fundamentação Legal: Instrução Normativa (IN) n. 1984/2020, Art. 2º, Inciso I, alínea “c”. TEMA 3 – REVISÃO DE ESTIMATIVA DA CAPACIDADE FINANCEIRA A Receita Federal, por meio da Legislação da Coana (Portaria n. 123/2015 e da Instrução Normativa (IN) n. 1984/2020), permite a revisão da modalidade de Habilitação no Sistema Radar. Exemplo: empresa Brasil Alvorada Importações Ltda habilitou-se inicialmente na Modalidade de Habilitação Expressa, aquela em que o CNPJ recebe a permissão de importações de valores inferiores a USD 50.000,00 em períodos consecutivos de até 6 meses. No entanto, em determinado tempo, reviu seu planejamento e considerou que é necessário aumentar a capacidade de importações. Se a empresa puder comprovar a capacidade financeira, por meio de informações contábeis e financeiras, como demonstração do Ativo Circulante no Balanço Patrimonial, e extratos bancários que comprovem a capacidade financeira que permita aumento da permissão para importação, então, a empresa deverá submeter pedido de Revisão da Estimativa da Capacidade Financeira à Receita Federal do Brasil. 3.1 Requisitos para a Revisão de Estimativa da Capacidade Financeira 9 Já observamos que as Habilitações das Empresas no Sistema Radar são concedidas através da comprovação de capacidade financeira do CNPJ, como origem dos recursos, comprovação de endereço, condições de estrutura da empresa para questões de produção (casos de indústria), dentre outros critérios a serem definidos em processo de análise documental pelo AFRB (Auditor Fiscal da Receita Federal). Entretanto, a qualquer tempo por medida de ofício, a Receita Federal poderá praticar o exercício da Revisão de Estimativa de Capacidade Financeira, sempre que perceber alguma razão que enseje tal procedimento. TEMA 4 – TIPOS DE IMPORTAÇÃO, PRÓPRIA, POR ENCOMENDA OU POR CONTA E ORDEM DE TERCEIROS Muito bem, como estudamos nestas aulas iniciais, é fato comum que para realização de atividades de comércio exterior, como a importação, por exemplo, a empresa deverá estar habilitada no Sistema Radar da RFB. Importante considerar que não existe apenas uma modalidade de importação, que é mais comum a qual é denominada Importação Direta, pois existem também as Importações por Encomenda e por Conta e Ordem de Terceiros, sendo que no próximo subtema, analisaremos a primeira delas. 4.1 Importação por Encomenda De acordo com a Legislação Específica para o tema, a Instrução Normativa da RFB, n. 1861/2018, em seu Art. 3º. Com IN da Receita Federal n.º 2101/2022: Considera-se operação de importação por encomenda aquela em que a pessoa jurídica importadora é contratada para promover, em seu nome e com recursos próprios, o despacho aduaneiro de importação de mercadoria estrangeira por ela adquirida no exterior para revenda a encomendante predeterminado. (Instrução..., 2018) Nessa modalidade de importação, são comuns casos em que a empresa importadora possui, por exemplo, algum benefício tributário estadual (ICMS), e o prática nas importações, estendendo, assim, o benefício às empresas que autuarem sob sua coordenação nas importações. Trata-se de uma estratégia de negócios muito prática e viável sob o ponto de vista tributário, porém, a empresa que se propõem a realizar a importação 10 deve estar ciente de que os recursos para a realização da importação deverão ser arcados por ela, inclusive o fechamento de câmbio (pagamento ao fornecedor no exterior). 4.1.1 Formalização das Importações por Encomenda Para que a Importação por Encomenda ocorra dentro dos parâmetros da Legislação Aduaneira pertinente ao assunto, IN 1861/2018, há a necessidade de que exista Contrato de Prestação de serviço entre ambas as empresas, firmado e registrado/apresentado à Receita Federal anteriormente à data da efetivação da Importação, conforme Art. 3º, Inciso II da legislação citada, sendo recomendável a leitura na íntegra da Legislação acima descrita. Outra questão a ser considerada com muita atenção é a necessidade de ambas as empresas (tanto importador, quanto encomendante) estarem habilitadas no Sistema Radar da RFB, para possibilidade de registrode suas importações no Sistema de Comércio Exterior da Receita Federal – Siscomex, a ser visto nesta disciplina em detalhes. 4.2 Importação por Conta e Ordem de Terceiros A mesma Instrução Normativa que define os procedimentos para Importação por Encomenda também orienta os exigidos na Importação por Conta e Ordem de Terceiros, a qual compreende a prática da importação por uma empresa importadora, porém, diferentemente do visto na modalidade anterior, nesta os recursos para a realização da aquisição no exterior devem ser por conta do Adquirente, a empresa que requereu ao importador a vinda do bem do exterior. 4.2.1 Formalização das Importações por Conta e Ordem de Terceiros Temos nesta modalidade de importação também a exigência da assinatura de Contrato de Prestação de Serviço com a definição de Importação por Conta e Ordem, na qual ficam claras as cláusulas orientando a operação de Importação por Conta e Ordem de Terceiros. Também deve ser firmada anteriormente a data de efetivação da importação no exterior, além de ser apresentado à Receita Federal também nestas condições relativas à data de aquisição no exterior. 11 A exemplo da Importação por Encomenda, na importação por Conta e Ordem de Terceiros, também há a obrigatoriedade de habilitação no Sistema Radar, tanto do Importador, quanto do real Adquirente. A leitura da IN 1861/2018 e IN da Receita Federal n.º 2101/2022 é recomendável para fixação do conteúdo. TEMA 5 – DESPACHO ADUANEIRO NA IMPORTAÇÃO Agora que compreendemos a necessidade de primeiramente habilitar a empresa no Sistema RADAR da RFB para executar as importações, podemos seguir adiante em nossos estudos, considerando que já temos conhecimento da importância de analisarmos todos os documentos que nos são submetidos em uma empresa, no que diz respeito a assuntos de Comércio Exterior. Essa afirmação denota uma aplicação muito grande de responsabilidade de nossa parte como gestores administrativos ou qualquer que seja nossa ocupação na empresa, pois ao tratarmos com o fisco brasileiro necessitamos estar cientes de que qualquer adulteração de documentos ou falsidade ideológica é passível de sanção, pena, multa e até abertura de inquérito policial em alguns casos. Portanto, qualquer deslize precisa ser evitado. Se houver pedidos para práticas de atividades que extrapolem as determinações da legislação aduaneira, a recomendação é que nos abstenhamos de tal tarefa para evitar confrontos desnecessários com o poder público federal. A seriedade e importância do tema importação é muito considerada no Brasil, assim como em outras nações que fazem parte da OMC (Organização Mundial do Comércio), pois há uma necessidade de transparência nas atividades de comercialização internacional, evidentemente por questões de ética, respeito e compromisso sempre com a verdade naquilo que é negociado entre cliente e fornecedor internacional. No Brasil, a Legislação atual que disciplina o Despacho Aduaneiro de Importação, é a Instrução Normativa da RFB n. 680/2006, a qual, em seu Art. 1º, já define que “[...] a mercadoria que ingressar no País, importada a título definitivo ou não, ficará sujeita ao Despacho Aduaneiro de Importação, salvo as exceções previstas nesta Instrução Normativa ou em normas”. (Instrução..., 2006) 12 5.1 A Receita Federal e o Despacho de Importação A RFB regulamenta as atividades de importação e as define por meio de Despacho de Importação. Vejamos a seguir a definição de Despacho de Importação de acordo com a Receita Federal do Brasil: [...] É o procedimento mediante o qual é verificada a exatidão dos dados declarados pelo importador em relação à mercadoria importada, aos documentos apresentados e à legislação específica, com vistas ao seu desembaraço aduaneiro. Esta é uma definição Legal, conforme o Decreto Executivo n. 6759/2009, em seu Art. 542. Desde 1997, o despacho aduaneiro de importação é processado eletronicamente, sendo que a Declaração de Importação, regra geral, é processada no Siscomex, por meio de Declaração de Importação (DI), Declaração Única de Importação (Duimp) ou Declaração Simplificada de Importação (DSI eletrônica). No entanto, existem exceções, em razão da natureza da mercadoria, da operação e da qualidade do importador, em que o despacho de importação é processado sem registro no Siscomex por meio de Declaração Simplificada de Importação (DSI formulário). O despacho de importação poderá ser efetuado em zona primária ou em zona secundária. Tem-se por iniciado o despacho de importação na data do registro da declaração de importação. O registro da declaração de importação consiste em sua numeração pela RFB, por meio do SISCOMEX. (Receita Federal, S.d.) 5.2 A Receita Federal e o Território Aduaneiro A atuação da RFB nas importações se dá por meio de fiscalização eletrônica (Siscomex – Sistema de Comércio Exterior Brasileiro), como também ocorre por meio físico (presença de Servidores Públicos lotados naquela autarquia para exercerem a autoridade aduaneira nas importações). O Despacho de Importação ocorrerá sempre em locais definidos pela Legislação como Território Aduaneiro, o qual se divide em: a) Zona Alfandegária Primária. 13 b) Zona Alfandegária Secundária. Vamos às suas definições. 5.2.1 Zona Alfandegária Primária Conforme o Decreto Executivo n. 6759/2009, Art. 3º, Incisos I e II, a divisão da Zona Alfandegária Primária se define da seguinte forma: a) Área terrestre ou aquática, contínua ou descontínua, nos portos alfandegados; b) Área terrestre, nos aeroportos alfandegados; c) Área terrestre, que compreende os pontos de fronteira alfandegados (Receita Federal, S.d.). 5.2.2 Zona Alfandegária Secundária A Zona Alfandegária Secundária, compreende a parte restante do território aduaneiro, nela incluídas as águas territoriais e o espaço aéreo (Receita Federal, S.d.). Assim, é possível a compreensão de que todas as atividades de Importação são submetidas ao fisco brasileiro, que conforme já verificado nas aulas anteriores, é executado pela Receita Federal do Brasil, e para que tal procedimento seja possível, primeiramente a empresa se habilitou no Sistema RADAR da RFB, e, a partir de então, iniciou suas atividades de aquisição no mercado internacional, e providenciou a entrada de suas aquisições no Brasil. Parece uma atividade simples e irrelevante, porém, exige completa aplicação de todos os envolvidos desde a prospecção de compra no exterior, habilitação do CNPJ no Sistema RADAR, e finalizando com as tratativas junto ao fornecedor para a compra no exterior, e operacionalização e gestão administrativa, que na prática compreende a logística internacional e o despacho de importação. As atividades operacionais seguem os dispostos na Instrução Normativa da RFB n. 680/2006, 800/2008, Portaria Secex n. 23/2011, Decreto Executivo n. 6759/2009, dentre outras fontes de legislação conforme a especificação das importações, temas a serem vistos nas próximas aulas desta disciplina. Saiba mais 14 Para auxílio no aprendizado do tema despacho aduaneiro na importação, recomenda-se a consulta ao link oficial da RFB a seguir: RECEITA FEDERAL. Introdução. Disponível em: <https://receita.economia.gov.br/orientacao/aduaneira/manuais/despacho-de- importacao/topicos-1/conceitos-e-definicoes/despacho-de-importacao>. Acesso em: 20 fev. 2020. TROCANDO IDEIAS Então quer dizer que todas as importações, sejam para fins comerciais ou não, precisam ser submetidas ao processo de fiscalização da Receita Federal? A resposta é sim, inclusive para aquelas remessas consideradas pequenas na importação, em que são realizadas aquisições de produtos de amostras de valor até USD 3.000,00 via courrier internacional, nas quais são aplicadas as tributações simplificadas de alíquotas de 60%. Também há o procedimentode fiscalização por parte da Receita Federal do Brasil, inclusive em algumas delas como nos casos destas remessas, sequer ficamos sabendo qual o Auditor Fiscal da RFB realizou o processo de fiscalização, mas, sim, todas são submetidas aos critérios legais de fiscalização aduaneira. NA PRÁTICA Como a empresa que pretende importar materiais para sua produção, ou seja, matéria-prima, deve proceder junto a qual órgão federal de forma que cumpra os requisitos legais? Essa mesma empresa, em determinado momento, após ter realizado algumas importações, definiu que seria necessário aumentar seus volumes financeiros nas importações, porém, não sabe como proceder, tendo em vista que possui uma habilitação para aquisições no mercado internacional, limitada a USD 50.000,00 em períodos consecutivos de até 6 meses. Nesta situação, quais os procedimentos necessários para essa empresa poder praticar importações com valores maiores que o permitido para seu CNPJ conforme descrito neste exercício? 15 FINALIZANDO O Brasil é um país que se destaca por questões naturais como belas florestas, belos encontros de águas, dentre outras maravilhas da natureza, mas também em seu portfólio como nação há valores que são admirados e valorizados no exterior. Dentre alguns deles, citam-se os procedimentos aduaneiros, que, apesar de um tanto lentos em anos anteriores em alguns pontos de fronteiras, portos e aeroportos, atualmente estão muito evoluídos e dinamizados a ponto de favorecer empresas atuantes no Comércio Internacional, de forma que os planejamentos estratégicos já podem ser baseados nos prazos curtos praticados nas Unidades da Alfândega Brasileira nas Zonas Alfandegárias Primárias e Secundárias. Com base nessas constatações, foi possível entender nesta aula, que desde a habilitação do CNPJ no Sistema RADAR da RFB, bem como as atividades operacionais do importador brasileiro e de seus prestadores de serviços, são totalmente submetidas a fiscalização federal de um órgão extremamente prático e rigoroso, portanto, a transparência nas transações financeiras, comerciais e tributárias nas importações deve ser sempre a mais evidente possível. Bons estudos, continuamos na próxima aula com novos temas. 16 REFERÊNCIAS INSTRUÇÃO normativa RFB n. 1861, de 27 de dezembro de 2018. Receita Federal, 28 dez. 2018. Disponível em: <http://normas.receita.fazenda.gov.br/sijut2consulta/link.action?visao=anotado& idAto=97727>. Acesso em: 20 fev. 2020. INSTRUÇÃO normativa SRF n. 680, de 02 de outubro de 2006. Receita Federal, 5 out. 2006. Disponível em: <http://normas.receita.fazenda.gov.br/sijut2consulta/link.action?visao=anotado& idAto=15618>. Acesso em: 20 fev. 2020. INTRODUÇÃO. Receita Federal, 28 nov. 2014. Disponível em: <https://receita.economia.gov.br/orientacao/aduaneira/manuais/despacho-de- importacao/topicos-1/conceitos-e-definicoes/despacho-de-importacao>. Acesso em: 20 fev. 2020. RECEITA FEDERAL. Disponível em: <www.receita.fazenda.gov.br>. Acesso em: 20 fev. 2020. SISCOMEX. Disponível em: <https://portalunico.siscomex.gov.br/portal/>. Acesso em: 20 fev. 2020. Conversa inicial Contextualizando Trocando ideias Na prática FINALIZANDO REFERÊNCIAS
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