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CENTRO EDUCACIONAL CATAGUASES 
CURSO TÉCNICO EM ENFERMAGEM 
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO 
 
 
 
VITÓRIA GANDRA SILVA MIRANDA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CIRROSE HEPÁTICA - 
ASSISTÊNCIA DA ENFERMAGEM NO PACIENTE 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Cataguases 
2023 
VITÓRIA GANDRA SILVA MIRANDA 
 
 
 
 
 
 
CIRROSE HEPÁTICA - 
ASSISTÊNCIA DA ENFERMAGEM NO PACIENTE 
 
 
 
 
 
 
 
Trabalho de conclusão de curso submetido 
ao corpo docente do Curso de Técnico de 
Enfermagem do Centro Educacional 
Cataguases (CEC) como parte dos 
requisitos necessários à obtenção do 
diploma de Técnico de Enfermagem. 
 
 Cataguases, 08 de julho de 2023 
 
 
 
 
 
 
 Cataguases 
2023 
COMISSÃO EXAMINADORA 
 
 
 
_________________________________________________ 
Prof. Kátia Morais Rodrigues 
Centro Educacional Cataguases 
 
 
 
_________________________________________________ 
Prof. (nome do professor convidado) 
Centro Educacional Cataguases 
 
 
 
__________________________________________________ 
Prof. (nome do representante da escola) 
Centro Educacional Cataguases 
 
 
 
 
 
 Aprovado em: 08/07/2023 
 
 
 
 
Cataguases, 08 de Julho e 2023
DEDICATÓRIA 
 
Dedico este trabalho aos meus amigos e familiares, cujo apoio e incentivo foram 
fundamentais para a realização dos meus sonhos. Agradeço especialmente aos meus pais, 
que foram meus alicerces e nunca desistiram de mim, mesmo diante das dificuldades. Meu 
pai, em particular, foi minha maior inspiração para este trabalho, mostrando-me a importância 
da enfermagem na vida daqueles que enfrentam desafios. Sou grato por cada incentivo, apoio 
e ensinamento ao longo desta jornada. Vocês são a minha base, e devo minha formação 
como pessoa aos valores e princípios que me transmitiram. Expresso minha profunda gratidão 
por tudo. 
AGRADECIMENTOS 
Gostaria de expressar meu profundo agradecimento a Deus, em primeiro lugar, pois 
foi por Sua graça que este sonho se tornou realidade. Ele me concedeu a força necessária 
para perseverar e superar todos os obstáculos ao longo desse caminho. Agradeço também 
aos meus professores e mentores, os quais não apenas me guiaram passo a passo na teoria 
e na prática, mas também me ensinaram que para ser um profissional de destaque é 
fundamental saber lidar com o próximo. Com eles, aprendi que podemos dominar todas as 
técnicas existentes, mas sem empatia, amor e afeto, não seremos capazes de tocar o coração 
daqueles que precisam de nosso apoio. Guardarei para sempre em minha memória os 
momentos de correção e repreensão, pois reconheço que foram essenciais para meu 
crescimento, tanto na esfera profissional quanto no pessoal. Por fim, gostaria de expressar 
minha gratidão até mesmo àqueles que nunca acreditaram em mim e aguardavam meu 
fracasso, pois, de alguma forma, contribuíram para fortalecer minha determinação em busca 
do sucesso. Portanto, sou imensamente grato a todos vocês. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“Por que eu amo a enfermagem? 
Porque cuidar vai muito além da profissão, tem que amar!” 
(Adyl Carlos) 
RESUMO 
 
MIRANDA, Vitória G. Silva. CIRROSE HEPÁTICA: Assistência da enfermagem no paciente 
2023. (Trabalho de Conclusão de Curso). Curso técnico em enfermagem em Centro 
Educacional Cataguases, Cataguases/MG, turma de 2023. 
 
Este trabalho cujo título é a Assistência de Enfermagem ao doente com cirrose 
hepática realça a necessidade de dotar cada vez mais os profissionais de enfermagem de 
conhecimentos à cerca dessa patologia e de como cuidar da melhor forma dos utentes 
afetados. O objetivo principal desse trabalho é identificar a influência dos valores pessoais 
dos enfermeiros na prestação de cuidados ao doente com Cirrose Hepática. 
A cirrose hepática é uma doença crônica do fígado causada pela formação de tecido 
cicatricial, resultando em comprometimento da função hepática. A assistência da enfermagem 
desempenha um papel essencial no cuidado desses pacientes, proporcionando 
monitoramento contínuo do estado de saúde, identificando sinais e sintomas da doença. Os 
enfermeiros também realizam exames de rotina e colaboram com outros profissionais de 
saúde para desenvolver planos de cuidados individualizados. 
Além disso, a enfermagem desempenha um papel importante na educação do 
paciente e da família, fornecendo informações sobre a doença, seu curso e possíveis 
complicações. Eles também oferecem suporte emocional, aconselhamento nutricional e 
promovem a adesão ao tratamento, como a dieta restrita em sódio e a abstinência de álcool. 
Em casos de complicações, os enfermeiros desempenham um papel fundamental no manejo 
agudo, como drenagem de líquidos ascíticos e monitoramento da função hepática. 
A assistência da enfermagem visa melhorar a qualidade de vida dos pacientes com 
cirrose hepática, promovendo o autocuidado, a adesão ao tratamento e a prevenção de 
complicações. É fundamental que os enfermeiros estejam atualizados sobre as práticas 
baseadas em evidências mais recentes para fornecer um cuidado eficaz e de qualidade. 
 
 
 
 
 
 
 
Palavra-Chave: Cirrose hepática, assistência da enfermagem, pacientes, cuidado, 
qualidade de vida, complicações. 
LISTA DE ANEXOS 
 
 
Anexo 1 – Fígado Cirrótico 
Anexo 2 – Estágios Anteriores da Cirrose 
Anexo 3 – Sistema Portal
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS 
CBP Colangite Biliar Primária 
CEP Colangite Esclerosante Primária 
PBE Peritonite Bacteriana Espontânea 
MS Ministério da Saúde 
IgM Imunoglobulina M 
AMA Anticorpos Antimitocondriais 
GI Gastrointestinal 
EGG Eletrocardiograma 
MELD Model for end-stage liver disease ou Modelo para Doença 
hepatica terminal 
 
Sumário 
1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 12 
1.1 Apresentação ........................................................................................................ 14 
1.2 Justificativa ............................................................................................................ 15 
2 OBJETIVOS .............................................................................................................. 16 
2.1 Objetivo Geral ........................................................................................................ 16 
2.2 Objetivo Específico ................................................................................................ 16 
3 METODOLOGIA ....................................................................................................... 17 
3.1 Tipo de Estudo ........................................................................................................... 17 
3.2 Contexto ..................................................................................................................... 17 
4 DESENVOLVIMENTO................................................................................................... 18 
4.1 Cirrose Hepática ......................................................................................................... 18 
4.2 Doença Hepática relacionada ao álcool ..................................................................... 21 
4.3 O fígado e suas funções ............................................................................................. 23 
4.3.1 O que é preciso para manter o Fígado saudável? ................................................... 24 
4.4 Causas da Cirrose ...................................................................................................... 26 
4.4.1 Hepatites virais ........................................................................................................ 27 
4.4.2 Hepatite autoimune ................................................................................................. 28 
4.4.3 Cirrose Alcoólica .....................................................................................................30 
4.4.4 Esteatose Hepática não alcoólica ............................................................................ 31 
4.4.5 Cirrose Biliar Primária .............................................................................................. 32 
4.6 Sintomas .................................................................................................................... 35 
4.7 Complicações ............................................................................................................. 36 
4.7.1 Hipertensão Portal ................................................................................................... 36 
4.7.2 Ascite ...................................................................................................................... 38 
4.7.3 Hipertensão Portopulmonar ..................................................................................... 39 
4.7.4 Absorção Deficiente de gorduras e vitaminas .......................................................... 40 
4.7.5 Irregularidades de Sangramento ............................................................................. 40 
4.7.6 Aumento no risco de infecções ................................................................................ 40 
4.7.7 Insuficiência renal .................................................................................................... 41 
4.7.8 Deterioração da função cerebral.............................................................................. 41 
4.7.9 Câncer hepático ...................................................................................................... 41 
4.8 Diagnóstico ................................................................................................................ 42 
4.8.1 Exames laboratoriais ............................................................................................... 42 
4.8.2 Exames de imagem do fígado ................................................................................. 43 
4.8.3 Biópsia de fígado ..................................................................................................... 43 
4.8.4 Monitoramento ........................................................................................................ 43 
4.9 Prognóstico da Cirrose ............................................................................................... 44 
4.9.1 Classificação de Child-Turcotte-Pugh para gravidade da doença hepática ............. 44 
4.9.2 Modelo para doença hepática terminal (MELD) ....................................................... 44 
4.9.3 Classificação da doença hepática pediátrica terminal (PELD) ................................. 45 
4.10 Tratamento da Cirrose Hepática ............................................................................... 46 
4.10.1 Tratando as Causas .............................................................................................. 46 
4.10.2 Tratamento de Complicações ................................................................................ 47 
4.10.3 Transplante do Fígado .......................................................................................... 48 
5 ASSISTÊNCIA DA ENFERMAGEM NO PACIENTE ..................................................... 50 
5.1 Cuidados da Enfermagem .......................................................................................... 52 
5.2 Enfermagem, Paciente e Família ............................................................................... 53 
5.3 Plano Assistencial ...................................................................................................... 54 
6 CONCLUSÃO ........................................................................................................... 55 
7 REFERÊNCIAS ............................................................................................................. 56 
8 ANEXOS ................................................................................................................... 58 
8.1 Anexo 1 – Fígado Cirrótico ......................................................................................... 58 
8.2 Anexo 2 – Estágios Anteriores da Cirrose .................................................................. 58 
8.3 Anexo 3 – Sistema Portal ........................................................................................... 59 
 
 
12 
 
1 INTRODUÇÃO 
As doenças hepáticas apresentam índices de morbidade e mortalidade elevados e 
quando em fase avançada têm no transplante hepático uma forma de tratamento 
potencialmente curativa e mais eficaz, mas não podendo ainda ser oferecido a todos os 
pacientes. Isso faz com que essas doenças sejam consideradas um problema de saúde 
pública em todo o mundo. 
Segundo dados do Sistema Nacional de Transplantes, em 2003 havia 4.287 pacientes 
na lista de espera para transplante de fígado, com apenas 637 realizados, 14,8% de demanda. 
Até outubro de 2005, essa lista de espera incluía 6.834 pacientes e haviam sido realizados 
454 transplantes, atendendo a 6.6% da demanda. Esses dados explicam a afirmação de que 
o transplante de fígado não pode ser oferecido a todos os pacientes, ainda que preencham 
os requisitos básicos para serem inscritos na lista de espera. Indicam também a necessidade 
de se pesquisarem novas opções de tratamento. 
A cirrose hepática tem sido reconhecida e estudada há séculos. Acredita-se que os 
primeiros relatos sobre a doença datam de civilizações antigas, como a Babilônia e o Egito. 
No entanto, foi somente no século XIX que a doença começou a ser compreendida em sua 
complexidade. O médico italiano Laennec, considerado o pai da ausculta médica, descreveu 
pela primeira vez as alterações morfológicas observadas no fígado de pacientes com cirrose 
em seu trabalho publicado em 1819. 
No Brasil, assim como em muitos outros países, a cirrose hepática é um problema de 
saúde pública. Dados epidemiológicos indicam um aumento preocupante na incidência e 
prevalência da doença. Estima-se que a hepatite viral seja a principal causa de cirrose 
hepática no país, sendo a hepatite C uma das principais preocupações. Além disso, o 
consumo excessivo de álcool e a obesidade têm contribuído para o aumento dos casos de 
cirrose relacionada ao álcool e à esteatohepatite não alcoólica. 
O fígado é o único órgão mamíferos capaz de se regenerar, ou seja, de promover 
hipertrofia e hiperplasia do tecido sadio remanescente, até que toda massa hepática seja 
estabelecida, saindo da condição de não proliferação celular par ao estágio de rápido 
crescimento. Essa característica fez com que se desenvolvessem estudos sobre o controle 
desse crescimento celular, como forma de tratamento da falência hepática. 
Sabe-se que a problemática da cirrose hepática na saúde pública, é alvo de 
imprescindível preocupação pela equipe de saúde, onde se deve identificar a origem do 
distúrbio ameaçador à vida do paciente, com dedicação e afinco no prognóstico situacional 
assistido por equipe multiprofissional especialistas no assunto. Desta feita, o profissional de 
enfermagem é parte importante para auxiliar na orientação e prevenção dessa patologia. 
13 
 
Nesse contexto, a assistência da enfermagem desempenha um papel fundamental no 
cuidado abrangente dos pacientes com cirrose hepática. Os enfermeiros estão envolvidos em 
várias frentes, desde a identificação precoce da doença até a promoção do autocuidado, 
educação e suporte emocional aos pacientes e suas famílias. Além disso, eles desempenham 
um papel essencial no monitoramento contínuo da saúde do paciente, na prevenção de 
complicações e no gerenciamento dos sintomas associados à cirrose hepática. 
Embora tenha havido avanços significativos no entendimento e no manejo da cirrose 
hepática, ainda há muito a ser feito para enfrentar esse desafio de saúde pública. Através de 
pesquisas contínuas, educação, conscientização e uma abordagem multidisciplinar,espera-
se melhorar o diagnóstico precoce, o tratamento e a qualidade de vida dos pacientes com 
cirrose hepática no Brasil e em todo o mundo.
14 
 
1.1 Apresentação 
A cirrose hepática é uma doença crônica do fígado que resulta em danos irreversíveis 
ao órgão. Ela é caracterizada pela formação de cicatrizes (tecido fibroso) no fígado, 
substituindo o tecido hepático saudável e comprometendo sua função. A cirrose hepática é 
um desfecho final de várias condições hepáticas crônicas, como hepatites virais, abuso de 
álcool, doenças metabólicas, distúrbios autoimunes e outras doenças do fígado. 
A progressão da cirrose hepática é gradual e ocorre ao longo de anos ou décadas. À 
medida que o tecido cicatricial se acumula, o fígado perde sua capacidade de funcionar 
adequadamente, afetando processos vitais como a síntese de proteínas, a metabolização de 
toxinas, a produção de bile e a coagulação sanguínea. Isso leva ao surgimento de uma série 
de sintomas e complicações, incluindo fadiga, icterícia (coloração amarelada da pele e olhos), 
edema, ascite (acúmulo de líquido no abdômen), encefalopatia hepática (deterioração 
cognitiva) e sangramento de varizes esofágicas. 
A cirrose hepática é uma condição de saúde globalmente relevante, afetando milhões 
de pessoas em todo o mundo. No Brasil, estima-se que a hepatite C seja uma das principais 
causas de cirrose hepática, seguida pelo consumo excessivo de álcool e pela esteatohepatite 
não alcoólica (NASH), associada à obesidade e resistência à insulina. Esses fatores de risco 
têm contribuído para um aumento preocupante na incidência da doença no país. 
O diagnóstico da cirrose hepática é baseado em uma combinação de histórico médico, 
exame físico, exames de sangue, imagens do fígado (como ultrassonografia e ressonância 
magnética) e, em alguns casos, biópsia hepática. O tratamento da cirrose hepática visa 
controlar as complicações, retardar a progressão da doença e melhorar a qualidade de vida 
dos pacientes. Isso inclui a gestão de sintomas, como a prescrição de medicamentos para 
controlar a pressão portal e a encefalopatia hepática, a implementação de uma dieta 
adequada, o controle do consumo de álcool e o acompanhamento regular com uma equipe 
médica especializada. 
Em conclusão, a cirrose hepática é uma doença crônica do fígado que resulta em 
cicatrizes e disfunção hepática. Sua progressão gradual e suas complicações têm um impacto 
significativo na qualidade de vida dos pacientes. O diagnóstico precoce, o tratamento 
adequado e a assistência multidisciplinar, incluindo a enfermagem, desempenham um papel 
fundamental no manejo dessa doença complexa, visando a melhoria da saúde e bem-estar 
dos pacientes afetados pela cirrose hepática
15 
 
1.2 Justificativa 
A cirrose hepática é uma doença crônica do fígado que apresenta uma significativa 
carga de morbidade e mortalidade, afetando a qualidade de vida dos pacientes e 
representando um desafio para o sistema de saúde. A assistência da enfermagem 
desempenha um papel crucial no cuidado desses pacientes, proporcionando suporte 
emocional, educação, monitoramento contínuo e intervenções específicas para prevenção e 
gerenciamento de complicações. 
A justificativa para a realização de estudos e pesquisas sobre a assistência da 
enfermagem na cirrose hepática é a necessidade de compreender e melhorar os cuidados 
prestados a esses pacientes. Compreender as necessidades específicas dos pacientes com 
cirrose hepática e a melhor forma de atendê-las é fundamental para oferecer uma assistência 
de qualidade e contribuir para a melhoria da qualidade de vida desses indivíduos. 
Além disso, a cirrose hepática é uma condição complexa que requer uma abordagem 
multidisciplinar para seu manejo adequado. A enfermagem desempenha um papel 
fundamental nessa abordagem, trabalhando em colaboração com outros profissionais de 
saúde para oferecer uma assistência integrada e holística aos pacientes. Através da 
identificação precoce de complicações, da promoção do autocuidado, da educação do 
paciente e da família, do manejo de sintomas e do suporte emocional, os enfermeiros 
desempenham um papel essencial na melhoria dos resultados de saúde e na qualidade de 
vida dos pacientes com cirrose hepática. 
Assim, a realização de estudos e pesquisas que se concentrem na assistência da 
enfermagem na cirrose hepática é fundamental para aprimorar a prática clínica, fornecer 
evidências científicas e desenvolver diretrizes de cuidado atualizadas. Esses estudos podem 
fornecer insights sobre as melhores estratégias de assistência, identificar lacunas na 
prestação de cuidados e fornece uma base para a implementação de intervenções eficazes e 
baseadas em evidências. Através desse conhecimento, é possível promover uma assistência 
de enfermagem mais efetiva, melhorando os resultados de saúde e a qualidade de vida dos 
pacientes com cirrose hepática.
16 
 
2 OBJETIVOS 
Identificar a influência dos valores pessoais dos enfermeiros na prestação de cuidados 
ao doente com Cirrose Hepática. Tendo em conta que os objetivos são consumados com o 
intuito de clarificar aquilo que pretendemos fazer dando mais compreensão, autenticidade à 
pesquisa em causa estabelecemos os seguintes. 
2.1 Objetivo Geral 
O objetivo geral deste trabalho é analisar e descrever a importância da assistência da 
enfermagem no cuidado de pacientes com cirrose hepática, visando a melhoria da qualidade 
de vida e o gerenciamento eficaz dessa condição complexa. 
2.2 Objetivo Específico 
• Revisar a literatura científica sobre a cirrose hepática, suas causas, sintomas, 
complicações e impacto na qualidade de vida dos pacientes. 
• Investigar o papel da assistência da enfermagem no cuidado de pacientes com cirrose 
hepática, compreendendo suas responsabilidades e intervenções específicas. 
• Avaliar a eficácia das intervenções de enfermagem no manejo dos sintomas e na 
prevenção de complicações em pacientes com cirrose hepática. 
• Analisar o impacto do suporte emocional e educacional fornecido pela enfermagem no 
processo de cuidado e na adesão ao tratamento dos pacientes com cirrose hepática. 
• Propor recomendações e diretrizes para a prática de enfermagem no cuidado de 
pacientes com cirrose hepática, com base nas evidências científicas disponíveis. 
 
17 
 
3 METODOLOGIA 
3.1 Tipo de Estudo 
Este trabalho será realizado por meio de uma revisão bibliográfica. Será realizada uma 
busca sistemática da literatura em bases de dados eletrônicas utilizando termos de busca 
relacionados à cirrose hepática e à assistência da enfermagem. Serão selecionados estudos 
publicados em periódicos científicos de qualidade, preferencialmente com revisão por pares, 
e que abordem aspectos relevantes sobre a temática proposta. Após a seleção dos artigos, 
será feita uma leitura crítica e análise dos dados e informações relevantes para a discussão 
e a construção do trabalho. Serão identificados os principais temas e aspectos relacionados 
à assistência da enfermagem no cuidado de pacientes com cirrose hepática. 
 
3.2 Contexto 
Utilizamos os descritores: Enfermagem, Cirrose, cirrose hepática, cuidados da 
enfermagem, tratamentos da cirrose e causas. 
Foram incluídos neste estudo artigos completos, publicados em português, espanhol 
e inglês, estudos com abordagem qualitativa e quantitativa, aqueles que tinham pelo menos 
um enfermeiro no quadro de autores, bem como artigos publicados no período de janeiro de 
2000 a janeiro de 2023. 
O passo seguinte foi uma leitura exploratória das publicações nos anos de 2000 a 
2019, onde encontramos cerca de 40 artigos, dos quais 12 serão utilizados. Após a leitura 
analítica, iniciou-se a leitura interpretativa destacando os pontos mais relevantes de interesse 
da nossa pesquisa, ressalvando as ideias principais e dados mais importante. 
 
18 
 
4 DESENVOLVIMENTO 
4.1 Cirrose Hepática 
Cirrose é a distorção disseminadada estrutura interna do fígado que ocorre quando 
uma grande quantidade de tecido hepático normal é permanentemente substituída por tecido 
cicatricial não funcional. O tecido cicatricial se desenvolve quando o fígado é danificado 
repetida ou continuamente. A cirrose já foi considerada irreversível, mas evidências recentes 
sugerem que, em alguns casos, ela é reversível. 
A cirrose hepática é uma condição médica complexa e progressiva que afeta o fígado, 
resultando em danos estruturais e comprometimento da função hepática. Embora eu seja uma 
inteligência artificial e não possua experiências pessoais, posso fornecer informações gerais 
sobre a história, os dados científicos e a situação da doença no Brasil até 2021. 
Ao longo dos anos, avanços significativos foram feitos no entendimento da cirrose 
hepática. Pesquisas científicas têm identificado diversas causas da doença, incluindo 
hepatites virais, abuso de álcool, doenças metabólicas, como a esteatohepatite não alcoólica, 
e doenças autoimunes. Além disso, fatores genéticos, ambientais e comportamentais também 
desempenham um papel importante no desenvolvimento da cirrose. 
É importante ressaltar que a cirrose hepática é uma condição crônica que pode levar 
a complicações graves, como ascite, encefalopatia hepática, sangramento de varizes 
esofágicas e insuficiência hepática. Essas complicações têm impacto significativo na 
qualidade de vida dos pacientes e requerem cuidados multidisciplinares, incluindo a 
assistência da enfermagem. 
Caracterizada como uma doença crônica degenerativa, a cirrose está cada vez mais 
presente em nosso meio. Possui evolução insidiosa, com quadro clinico diversificado, 
variando de inespecífica a assintomática. Esta situação dificulta o diagnóstico precoce e 
contribui de forma representativa para o crescente número de internações hospitalares. 
Uma das prerrogativas importante sobre o conhecimento desta doença está na 
explicação em que dois fatores etiológicos podem ser encontrados em um mesmo paciente, 
ou seja, pacientes alcoólatras, a prevalência de marcadores virais para os vírus B e C da 
hepatite é maior que na população geral, por isso a concomitância de doença hepática 
alcoólica e de infecção por vírus hepatotrópicos deve sempre ser investigada. 
Quando instalada, esta patologia culmina no aumento da complexidade do cuidado, 
no estado crônico e em complicações graves, que requerem avaliação continua do indivíduo 
acometido e das pessoas ao redor, pois são presentes as condições de urgência e 
emergência, como as dificuldades relacionadas ao tratamento. 
19 
 
Diversos distúrbios, medicamentos ou toxinas podem lesionar o fígado repetida ou 
continuamente. Se a lesão for súbita (aguda) e limitada, o fígado frequentemente consegue 
se reparar fazendo novas células hepáticas e fixando-as na rede de tecido conjuntivo 
(estrutura interna) que é deixada quando elas morrem. O reparo e a recuperação plena podem 
ocorrer se a pessoa sobreviver por tempo suficiente. No entanto, com lesões repetidas, o 
fígado tenta repor e reparar o tecido danificado levando à formação de tecido cicatricial 
(fibrose hepática). O tecido cicatricial não desempenha nenhuma função. Quando a fibrose é 
disseminada e grave, o tecido cicatricial forma faixas pelo fígado, destruindo sua estrutura 
interna e prejudicando a capacidade de regeneração e funcionamento do fígado. Esta 
cicatrização grave é chamada cirrose. 
Como a função hepática é afetada, o fígado se torna menos capaz de 
• Decompor e eliminar medicamentos, toxinas e produtos residuais do organismo 
• Processar a bile 
• Produzir proteínas que ajudam na coagulação do sangue (fatores de coagulação) 
• Produzir albumina (uma proteína que ajuda a evitar que o líquido saia dos vasos 
sanguíneos) 
O fígado processa muitos medicamentos, toxinas e produtos residuais. Ele os 
decompõe em substâncias que são menos prejudiciais e/ou mais fáceis de serem eliminadas 
do corpo. O fígado remove as substâncias excretando essas substâncias na bile, um fluido 
digestivo marrom ou amarelo-esverdeado produzido por células hepáticas. Quando o fígado 
se torna menos capaz de processar estas substâncias, elas se acumulam na corrente 
sanguínea. Como resultado, os efeitos de muitos medicamentos e toxinas, por vezes incluindo 
efeitos colaterais sérios, são aumentados. Esses efeitos colaterais podem se desenvolver 
mesmo em pessoas recebendo uma dose que, anteriormente, não tinha qualquer efeito 
nocivo. Pode ser necessário suspender medicamentos ou usá-los em doses menores e com 
mais cuidado. Alguns exemplos incluem opioides e alguns medicamentos usados para tratar 
ansiedade ou insônia. A bilirrubina é um importante produto residual do organismo que o 
fígado processa e elimina. Se o fígado não consegue processar a bilirrubina rápido o 
suficiente, ela se acumula no sangue e é depositada na pele. O resultado é icterícia (uma 
coloração amarelada dos olhos e pele). 
Dentro do fígado, a bile se move para o interior de pequenos canais (dutos biliares) 
que se unem para formar dutos maiores. Estes dutos grandes acabam saindo do fígado e se 
conectando à vesícula biliar (que armazena a bile) ou ao intestino delgado. A bile facilita a 
absorção de gorduras no intestino e leva toxinas e produtos residuais ao intestino para que 
sejam excretados nas fezes. Quando o tecido cicatricial bloqueia o fluxo de bile através dos 
20 
 
dutos biliares, as gorduras, incluindo vitaminas lipossolúveis (A, D, E e K), não são bem 
absorvidas. Além disso, menos toxinas e produtos residuais são eliminados do corpo. 
Normalmente, uma grande parte da bile (sais biliares) é reabsorvida do intestino para 
a corrente sanguínea voltando a circular para o fígado. O fígado extrai os sais biliares e os 
reutiliza. Contudo, na cirrose, o fígado não consegue extrair os sais biliares normalmente. 
Como resultado, o fígado não é capaz de produzir a mesma quantidade de bile, interferindo 
ainda mais na digestão e eliminação de toxinas e produtos residuais. 
Além de interferir na função hepática, o tecido cicatricial também pode bloquear o fluxo 
sanguíneo da veia porta (que transporta sangue do intestino para o fígado) para o fígado. O 
bloqueio resulta em pressão arterial elevada na veia porta (hipertensão portal). A hipertensão 
portal resulta em pressão arterial elevada nas veias ligadas à veia porta, incluindo veias do 
estômago, esôfago e reto. À medida que a cicatrização progride, o fígado encolhe. 
 
21 
 
4.2 Doença Hepática relacionada ao álcool 
A doença hepática relacionada ao álcool é a lesão hepática causada pelo consumo 
exagerado de bebidas alcoólicas por um longo período. 
• Em geral, a quantidade de álcool consumido (quanto, com que frequência e por quanto 
tempo se consome) determina a possibilidade de uma lesão hepática e a sua 
gravidade. 
• Os sintomas variam de nenhum, a princípio, a febre, icterícia, fadiga e um fígado 
aumentado, sensível e doloroso, em seguida, a problemas mais graves, como 
sangramento no trato digestivo e deterioração do funcionamento do cérebro. 
• Para ajudar a identificar se a bebida é um problema, os médicos podem fornecer ao 
paciente um questionário e perguntar aos familiares qual a quantidade de bebida 
alcoólica que o paciente consome. 
• Se o paciente que estiver bebendo em excesso tiver sintomas de doença hepática, os 
médicos fazem exames de sangue para avaliar o fígado e, ocasionalmente, uma 
biópsia hepática. 
• O melhor tratamento é parar de beber álcool, mas isso é muito difícil e requer ajuda, 
frequentemente de programas de reabilitação. 
Estima-se que cerca de 8,5% dos adultos nos Estados Unidos apresentem o transtorno 
relacionado ao consumo de álcool em qualquer ano. Esse abuso acomete duas vezes mais 
os homens do que as mulheres. 
A maior parte do álcool, após ser absorvido pelo trato digestivo, é processado 
(metabolizado) pelo fígado. À medida que oálcool é processado, as substâncias que podem 
lesionar o fígado são produzidas. Quanto mais álcool a pessoa beber, maior a lesão hepática. 
Quando o álcool danifica o fígado, o órgão pode continuar a funcionar por um tempo, porque 
o fígado pode se recuperar de uma lesão leve. Além disso, o fígado pode funcionar 
normalmente, mesmo quando está 80% danificado. Entretanto, se as pessoas continuarem a 
beber álcool, a lesão hepática evolui e pode resultar em morte. Se as pessoas pararem de 
beber, uma parte da lesão pode ser revertida. Essas pessoas provavelmente viverão mais. 
O abuso de álcool pode provocar três tipos de lesão hepática, que frequentemente se 
manifestam na seguinte ordem: 
• Acúmulo de gordura (fígado gorduroso ou esteatose hepática): esse tipo é o menos 
grave e pode, às vezes, ser revertido. Ele ocorre em mais de 90% das pessoas que 
bebem muito álcool. 
• Inflamação (hepatite alcoólica): o fígado se torna inflamado em cerca de 10% a 35% 
das pessoas. 
22 
 
• Cirrose: cerca de 10% a 20% das pessoas desenvolve cirrose. Na cirrose, uma grande 
quantidade de tecido hepático normal é substituída por tecido com cicatriz 
(denominado fibrose), que não realiza qualquer função. Como resultado, a estrutura 
interna do fígado é danificada, e ele não funciona mais de modo normal. Normalmente, 
o fígado acaba por encolher. As pessoas podem manifestar poucos sintomas ou os 
mesmos sintomas que os da hepatite alcoólica. A cirrose não pode ser revertida. 
 
 
23 
 
4.3 O fígado e suas funções 
O fígado é um dos órgãos que compõem o sistema digestivo. Ele é uma glândula, na 
verdade a maior que encontramos no corpo humano, e tem funções exócrinas, na liberação 
de secreções, e endócrinas, liberando substâncias no sistema linfático e sanguíneo. 
Em média, o fígado pesa de 1.300 a 1.500 gramas no homem, sendo um pouco menor 
na mulher, cerca de 200 gramas. Ele se localiza na parte superior à direita do abdômen, e 
uma das suas principais características é a sua alta capacidade de se recuperar e regenerar. 
Afinal, ele é composto por milhões de células que conseguem se recompor após sofrerem 
alguma lesão. 
Não existe apenas uma função do fígado, porque ele é responsável por cumprir 
diversas tarefas diferentes. Veja a seguir algumas delas: 
• Liberação e armazenamento da glicose; 
• Metabolismo das proteínas; 
• Conversão da amônia em ureia; 
• Metabolismo de lipídios; 
• Síntese de uma grande parcela das proteínas do plasma; 
• Destruição de células do sangue desgastadas e bactérias; 
• Processamento de hormônios e outras substâncias; 
• Produção da bile; 
• Síntese do colesterol; 
• Desintoxicação do organismo; 
• Armazenamento de minerais e vitaminas como A, D, E, K, B12 ferro e cobre; 
• Participação na regulação do volume sanguíneo. 
 
É o fígado que protege o nosso organismo contra substâncias nocivas que muitas 
vezes nós mesmos ingerimos, como é o caso das gorduras, da cafeína e do álcool, um grande 
vilão para esse órgão tão importante. 
É preciso ressaltar que, embora o fígado tenha uma alta capacidade de se regenerar, 
ele também sofre agressões, sendo que algumas lesões, principalmente aquelas causadas 
constantemente como no caso do abuso de bebidas alcoólicas, podem acarretar danos 
irreversíveis para ele. 
Além disso, algumas doenças também afetam o fígado, como no caso da hepatite e 
da fibrose. Há ainda complicações como a cirrose, hepatites, doenças hepáticas tóxicas e 
insuficiência hepática em decorrência de diversos problemas. 
24 
 
E não é somente isso, porque o fígado também pode ser acometido pelo câncer. A 
cirrose é uma das doenças que podem evoluir para a formação de tumores malignos. Por 
isso, é muito importante manter esse órgão saudável, já que ele é responsável por tantas 
funções em nosso corpo. 
Faz-se necessário ressaltar que esse órgão contribui para o metabolismo lipídico. 
Muitos aspectos da bioquímica lipídica são comuns a todas as células do corpo, enquanto 
outros aspectos se concentram no fígado. Especificamente, o fígado mantém uma taxa 
particularmente alta de oxidação de ácidos graxos para fornecer energia para outras funções 
do corpo. Da mesma forma, ele converte aminoácidos e fragmentos de dois carbonos de 
carboidratos em lipídios, que são então transportados para o tecido adiposo para 
armazenamento. 
 
4.3.1 O que é preciso para manter o Fígado saudável? 
Sendo um órgão vital que cumpre tantas funções no organismo humano, o fígado é de 
suma importância para que o indivíduo se mantenha saudável. Como dito, embora ele tenha 
uma ampla capacidade de regeneração, algumas vezes as lesões provocadas nesse órgão 
causam dificuldade para que ele trabalhe, provocando a insuficiência hepática. 
Nem sempre é possível realizar um tratamento para ajudar o fígado a se recuperar, 
por isso, em muitos casos é necessário fazer um transplante de fígado. Esse é um 
procedimento complexo, mas que tem boas chances de sucesso. De toda forma, é mais 
interessante evitar que o fígado adoeça a ponto de não conseguir cumprir o seu papel. 
Não é difícil manter o fígado saudável. Você só precisa adotar bons hábitos e tomar 
certos cuidados. Veja a seguir algumas dicas para preservar esse órgão: 
• Mantenha um cardápio rico em frutas, legumes, verduras, proteínas magras e outras 
substâncias nutritivas; 
• Evite o consumo de alimentos artificiais e muito processados, que contenham aditivos 
e conservantes; 
• Evite a ingestão de frituras, gordura animal, margarina e óleos refinados; 
• Beba bastante água; 
• Consuma alimentos ricos em enxofre, como brócolis, cebola e alho, que ajudam na 
desintoxicação orgânica; 
• Modere o consumo de bebidas alcoólicas; 
• Evite a automedicação e a administração simultânea de vários medicamentos; 
• Pratique atividades físicas para manter o peso saudável; 
25 
 
• Evite o consumo excessivo de sódio. 
 
Além de todos esses cuidados, não se esqueça de passar por uma consulta médica 
de rotina periodicamente. Essa medida é fundamental para acompanhar o seu quadro clínico 
e observar se existe alguma alteração em seu organismo. Dessa forma, pequenos problemas 
são tratados no começo evitando que se tornem grandes complicações. 
 
26 
 
4.4 Causas da Cirrose 
Abuso de bebidas alcoólicas, infecções crônicas pelos vírus das hepatites B, D e C, 
uso crônico de determinados medicamentos. Essas são algumas das principais causas da 
cirrose, forma avançada da doença hepática. De modo crônico e progressivo, esses fatores 
causam inflamação, morte das células do fígado e regeneração celular, dentre outras 
consequências, resultando em fibrose, formação de nódulos e comprometimento da função 
do órgão. 
Na população masculina, uma dose de 30 a 40 gramas de álcool por dia, ingerida por 
um período de cinco anos, pode causar cirrose hepática. Já entre pessoas do sexo feminino, 
o quadro pode se desenvolver na metade do tempo, isto é, com a mesma quantidade diária 
de álcool em um período de dois anos e meio. A mulher é mais vulnerável, pois o álcool tem 
uma atração pela gordura e a distribuição de gordura no corpo da mulher é diferente daquela 
observada no homem. O álcool permanece por mais tempo na corrente sanguínea. Ainda, há 
uma ‘deficiência’ das enzimas que metabolizam o álcool nas mulheres, o que pode agravar 
as lesões do fígado. 
Dados do Ministério da Saúde (MS) apontam que cerca de 20% das infecções crônicas 
pelo vírus da hepatite C evoluem para cirrose hepática. Alterações vasculares, hepatite 
autoimune e o acúmulo de cobre ou de ferro no fígado – quadros conhecidos, 
respectivamente, como Doença de Wilson e hemocromatose –, também são causas 
importantes associadas à cirrose. Segundo Luciana Diniz, alguns pacientes, especialmente 
nas fases iniciais da doença, não apresentam quaisquer sinais ou sintomas, o que é chamado 
de cirrose hepática compensada. 
O quadro pode ser descoberto pela identificaçãode alterações no exame físico, como 
aumento do baço e fígado, emagrecimento, icterícia e aparecimento de lesões na pele 
denominadas aranhas vasculares. Essa forma se caracteriza pela piora da icterícia, confusão 
mental, ascite, que é o acúmulo de líquido na cavidade abdominal, e hemorragia digestiva, 
com vômitos e evacuações com sangue, de acordo com a gravidade da doença, o transplante 
do fígado se torna a única forma de tratamento. 
 
 
Nos Estados Unidos e outros países desenvolvidos, as causas mais comuns de cirrose 
são: 
• Consumo excessivo e crônico de álcool (consumir muito álcool por um longo período) 
• Hepatite C crônica (hepatite C que dura, no mínimo, seis meses) 
• Fígado gorduroso não devido ao consumo de álcool (esteato-hepatite não alcoólica) 
27 
 
 
Uma maneira como o consumo excessivo e crônico de álcool lesiona o fígado é pelo 
acúmulo de gordura (fígado gorduroso). O fígado gorduroso, que não é causado pelo 
consumo de álcool (chamado fígado gorduroso não alcoólico), geralmente ocorre em pessoas 
com sobrepeso, com diabetes ou pré-diabetes e/ou colesterol alto. 
Qualquer distúrbio, medicamento ou toxina que cause fibrose pode causar cirrose. 
Algumas causas específicas incluem certos distúrbios metabólicos hereditários, como 
sobrecarga de ferro (hemocromatose) sobrecarga de cobre (doença de Wilson) e deficiência 
de alfa 1-antitripsina, além de distúrbios que danificam os dutos biliares, como colangite biliar 
primária (CBP) e colangite esclerosante primária (CEP). 
Em muitas regiões da Ásia e África, a cirrose frequentemente resulta de: 
• Hepatite B crônica 
 
Outras doenças que podem provocar cirrose 
• Hemocromatose. 
• Doença de Wilson. 
• Deficiência de alfa 1 antitripsina. 
• Fibrose cística. 
• Colangite esclerosante primária. 
• Hepatite por drogas ou medicamentos. 
 
4.4.1 Hepatites virais 
Hepatites virais são caracterizadas por infecções no fígado e que podem comprometer 
o seu pleno funcionamento. 
As hepatites virais crônicas, principalmente as hepatites B e C, são causas comuns de 
lesão do fígado, que podem levar à cirrose após anos de doença ativa. Os pacientes 
portadores dos tipos B e C geralmente não apresentam qualquer sintoma, o que prejudica o 
rápido diagnóstico e tratamento da doença. 
Essas duas infecções podem evoluir silenciosamente. Muitas vezes, o paciente nem 
sequer desconfia ser portador crônico de um desses vírus, só descobrindo muitos anos 
depois, quando os sintomas da cirrose começam a se manifestar. 
As hepatites virais são um grave problema de saúde pública no Brasil e no mundo. É 
uma infecção que atinge o fígado, causando alterações leves, moderadas ou graves. Na 
maioria das vezes são infecções silenciosas, ou seja, não apresentam sintomas. Entretanto, 
28 
 
quando presentes, podem se manifestar como: cansaço, febre, mal-estar, tontura, enjoo, 
vômitos, dor abdominal, pele e olhos amarelados, urina escura e fezes claras. 
No Brasil, as hepatites virais mais comuns são causadas pelos vírus A, B e C. Existem 
ainda, com menor frequência, o vírus da hepatite D (mais comum na região Norte do país) e 
o vírus da hepatite E, que é menos frequente no Brasil, sendo encontrado com maior 
facilidade na África e na Ásia. 
As infecções causadas pelos vírus das hepatites B ou C frequentemente se tornam 
crônicas. Contudo, por nem sempre apresentarem sintomas, grande parte das pessoas 
desconhecem ter a infecção. Isso faz com que a doença possa evoluir por décadas sem o 
devido diagnóstico. O avanço da infecção compromete o fígado sendo causa de fibrose 
avançada ou de cirrose, que podem levar ao desenvolvimento de câncer e necessidade de 
transplante do órgão. 
O impacto dessas infecções acarreta em aproximadamente 1,4 milhões de mortes 
anualmente no mundo, seja por infecção aguda, câncer hepático ou cirrose associada as 
hepatites. A taxa de mortalidade da hepatite C, por exemplo, pode ser comparada ao HIV e 
tuberculose. 
O fígado é um dos órgãos mais importantes do corpo humano, pois realiza uma série 
de funções que nos mantém ativos e saudáveis, como: 
• Limpeza do nosso sangue, por meio da remoção de impurezas que são eliminadas 
pelas fezes e pela urina. 
• Produção da bile, um líquido que auxilia o nosso processo de digestão. 
• Armazenamento de energia de tudo o que comemos. 
 
Ainda assim, há casos de pacientes que relatam sintomas, como cansaço, febre, mal-
estar, enjoo, vômitos, dor abdominal, urina escura, fezes claras, além da pele e olhos 
amarelados, todos diretamente ligados às funções que o fígado tem no nosso corpo. 
Inclusive, a cor amarela foi escolhida para simbolizar o mês que trata sobre as 
Hepatites Virais, pois faz referência à icterícia, sintoma comum entre os pacientes com 
doenças no fígado e que proporciona um aspecto amarelado nos olhos e na pele. 
4.4.2 Hepatite autoimune 
 hepatite autoimune é uma doença na qual o sistema de defesa do organismo ataca 
indevidamente as células do próprio fígado, levando à sua inflamação. 
29 
 
A doença costuma ser significativa e, se não tratada, tende a piorar com o tempo. É 
geralmente crônica, o que significa que pode durar anos, podendo levar à cirrose hepática e 
eventualmente à insuficiência do órgão. 
A hepatite autoimune, por sua vez, é uma doença rara, relacionada a alterações no 
sistema imunológico, que causa inflamação crônica no fígado. Quando não tratada, pode 
evoluir para cirrose com mau funcionamento do órgão. 
De acordo com a Sociedade Brasileira de Hepatologia, a doença pode ocorrer em 
pessoas de todas as idades, mas atinge principalmente mulheres jovens por volta de 30 anos. 
A hepatite autoimune é uma forma de lesão do fígado na qual o nosso organismo 
começa a produzir de forma inapropriada anticorpos contra as células próprio fígado, como 
se este fosse um ser invasor, um corpo estranho que não nos pertencesse. 
Um dos trabalhos do sistema imune é de proteger o organismo de vírus, bactérias e 
outros microrganismos. Normalmente, o sistema imune não reage contra as células 
constituintes do próprio corpo. Entretanto, às vezes ele erroneamente agride as células que 
deveria proteger. 
Esta agressão é chamada de autoimunidade, e pode ocorrer contra várias estruturas 
do organismo. Os cientistas especulam que certas bactérias, vírus, toxinas e drogas 
desencadeiam uma resposta autoimune em pessoas que são geneticamente predispostas. 
A doença muitas vezes é assintomática. Nas pessoas sintomáticas, a fadiga é 
provavelmente o sintoma mais comum. Outros sinais e sintomas incluem: 
• Fígado aumentado de tamanho; 
• Icterícia; 
• Prurido; 
• Dor articular; 
• Desconforto abdominal; 
 
Pessoas em estágios mais avançados da doença podem apresentar problemas como 
acúmulo de líquido dentro do abdome (ascite) ou confusão mental. As mulheres podem ter 
irregularidades menstruais. 
Os sintomas da doença variam de discretos a intensos. Como o quadro clínico não é 
específico – hepatites por outras causas, por exemplo por vírus ou medicamentos, podem se 
apresentar de forma semelhante – exames são necessários para o diagnóstico preciso. 
Seu médico chegará ao diagnóstico baseado nos dados clínicos, exames de sangue 
e biópsia hepática. 
30 
 
• Exames de Sangue: Exames de rotina como enzimas hepáticas revelarão um padrão 
típico de inflamação no fígado, porém exames mais detalhados são necessários para 
diagnosticar hepatite autoimune. 
 
Na hepatite autoimune, o sistema imune produz anticorpos antinucleares (FAN), 
anticorpos contra músculo liso (AML) e anticorpos contra microssomos do fígado e rim (A-
LKM), entre outros. O padrão e nível destes anticorpos ajuda a diagnosticar a doença. 
 
Os exames de sangue também ajudam a distinguir a hepatite autoimune de hepatites 
virais (A, B e C) e de doenças metabólicas. 
• Biópsia hepática: Uma pequena amostra de seu fígado, examinada sob microscopia, 
ajudará o médico a diagnosticarcom precisão a hepatite autoimune e trará dados 
sobre a atividade e prognóstico da doença. 
 
Pontos a Relembrar 
• A hepatite autoimune é uma doença crônica em que o sistema imune do próprio 
organismo ataca as células do fígado. 
• A doença é diagnosticada usando exames de sangue e biópsia hepática. 
• Com o tratamento adequado, a doença geralmente é controlada. O tratamento se 
baseia na supressão do sistema imune. 
4.4.3 Cirrose Alcoólica 
Em geral, a quantidade de álcool consumido (cerca de 20g/dia nas mulheres e 40g/dia 
nos homens) determina a probabilidade e a importância da lesão hepática. Contudo, nem 
todas as pessoas que bebem excessivamente desenvolvem hepatite alcoólica, enquanto 
pessoas que bebem menos podem ter a doença. 
As mulheres são mais vulneráveis à doença hepática alcoólica do que os homens. O 
álcool pode provocar três tipos de lesões hepáticas: a acumulação de gordura (esteatose), 
a inflamação (hepatite alcoólica) e o aparecimento de cicatrizes (cirrose). 
A cirrose alcoólica é uma causa comum e prevenível de cirrose. O consumo diário e 
prolongado de álcool pode levar ao desenvolvimento de lesões permanentes no fígado. 
O consumo diário de cerca 3 copos de cerveja ou 2 taças de vinho já é um volume 
suficiente para causar lesão do fígado, principalmente nas mulheres, que são mais 
susceptíveis às lesões hepáticas do álcool. 
31 
 
O consumo regular de álcool leva à esteatose hepática, também conhecido como 
fígado gorduroso, que pode evoluir para hepatite alcoólica e, por fim, para cirrose e falência 
hepática. 
4.4.4 Esteatose Hepática não alcoólica 
A palavra “hepático” tem origem grega e significa fígado. “Esteato”, por sua vez, é o 
termo que indica relação com gordura. Portanto, esteatose hepática significa, literalmente, 
fígado gorduroso ou fígado gordo. 
A esteatose hepática é a doença crônica do fígado mais comum no mundo, 
acometendo cerca de 25 a 35% da população. Entre os pacientes obesos, a prevalência 
chega a ser de 80% e entre os consumidores pesados de álcool a taxa beira os 100%. 
Ter gordura no fígado é normal. Ter muita gordura é que é o problema. Até 5% do peso 
do fígado é composto por diversos tipos de gordura, incluindo triglicerídeos, ácidos graxos e 
colesterol. Quando o percentual excede os 5%, estamos diante de um fígado esteatótico, ou 
seja, um fígado com teor de gordura acima do desejável. 
Até algumas décadas atrás acreditávamos que o acúmulo de gordura no fígado era 
causado apenas pelo consumo exagerado de bebidas alcoólicas e que a esteatose hepática 
era necessariamente algo danoso à saúde. Atualmente, sabemos que a esteatose hepática é 
muito comum e pode ser causada por diversas outras condições que não a ingestão crônica 
de álcool, conforme veremos mais adiante. 
A esteatose hepática leve (esteatose hepática grau 1) habitualmente não provoca 
sintomas ou complicações. Nesses casos, o acúmulo de gordura é pequeno e não leva à 
inflamação do fígado. 
O consumo excessivo de álcool é uma das causas mais comuns de esteatose 
hepática, mas não é a única. Obesidade, diabetes, desnutrição e alguns medicamentos 
podem também provocar esteatose, que em graus mais avançados pode evoluir para esteato-
hepatite e, posteriormente, para cirrose. 
o contrário da esteatose leve, a esteatose hepática moderada a grave pode causar 
inflamação e lesão do fígado. Quanto maior e mais prolongado for o acúmulo de gordura, 
maiores serão os riscos de lesão hepática. Quando há gordura excessiva de forma crônica, 
as células do fígado podem inflamar e sofrer danos. Este quadro é chamado de esteato-
hepatite ou hepatite gordurosa. A esteato-hepatite é um quadro bem mais preocupante que a 
esteatose hepática, já que cerca de 20% dos pacientes com essa condição evoluem 
para cirrose hepática. 
32 
 
Portanto, a esteatose hepática é um estágio anterior ao desenvolvimento da esteato-
hepatite, que, como o próprio nome diz, nada mais é que uma hepatite causada por excesso 
de gordura. Cabe aqui salientar que nem todo paciente com esteatose hepática irá evoluir 
para esteato-hepatite. Na verdade, a maioria não o faz, mesmo nos casos mais graves. 
A principal causa de esteato-hepatite é o consumo de bebidas alcoólicas. Em geral, 
dividimos os casos entre esteato-hepatite alcoólica e esteato-hepatite não alcoólica. 
Não se sabe exatamente por que alguns indivíduos desenvolvem esteatose hepática 
não alcoólica, mas algumas doenças estão claramente ligadas a esse fato. Podemos citar: 
• Obesidade: mais de 80% dos pacientes com esteatose hepática são obesos. Quanto 
maior o sobrepeso, maior o risco. 
• Diabetes Mellitus: assim como a obesidade, o diabetes tipo 2 e a resistência à insulina 
também estão intimamente relacionados ao acúmulo de gordura no fígado. 
• Colesterol elevado: Principalmente níveis altos de triglicerídeos. 
• Medicamentos: vários fármacos podem favorecer a esteatose, entre as mais 
conhecidas estão: corticoides, estrogênio, amiodarona, antirretrovirais, Diltiazem e 
Tamoxifeno. O contato com alguns tipos de pesticidas também está relacionado ao 
desenvolvimento de esteatose hepática. 
• Desnutrição ou rápida perda de grande quantidade de peso. 
• Apneia obstrutiva do sono. 
• Hipotiroidismo. 
• Cirurgias abdominais, principalmente “bypass gástrico”, retirada de partes do intestino 
e até cirurgia para remoção da vesícula. 
• Gravidez. 
Não é preciso ter alguma das condições citadas acima para ter esteatose hepática. 
Pessoas magras, saudáveis e com baixa ingestão de álcool também podem tê-la, apesar 
deste fato ser menos comum. 
A esteatose hepática é mais comum no sexo feminino, provavelmente por ação do 
estrogênio. 
4.4.5 Cirrose Biliar Primária 
Colangite biliar primária (CBP; antes conhecida como cirrose biliar primária) é uma 
doença hepática autoimune caracterizada pela destruição progressiva dos ductos biliares 
intra-hepáticos, provocando colestase, cirrose e insuficiência hepática. Os pacientes 
geralmente são assintomáticos ao diagnóstico, mas podem apresentar sinais de fadiga ou 
sintomas de colestase (p. ex., prurido e esteatorreia) ou de cirrose (p. ex., hipertensão portal e 
33 
 
ascite). Exames laboratoriais revelam colestase, aumento de imunoglobulina M (IgM) e, 
tipicamente, anticorpos antimitocondriais séricos positivos. A biópsia hepática pode ser 
necessária para confirmar o diagnóstico e fazer o estadiamento da doença. O tratamento é 
feito com a utilização de ácido ursodesoxicólico, ácido obeticólico, colestiramina (para o 
prurido), complementação das vitaminas lipossolúveis e, nos casos avançados, transplante 
hepático. 
A cirrose biliar primária é a doença colestática crônica mais comum em adultos. Mais 
de 95% dos casos ocorrem em mulheres entre 35 e 70 anos de idade. A doença tem um 
padrão de herança familiar. Predisposição genética, talvez envolvendo o cromossomo X, 
provavelmente contribui. Alteração na regulação imunitária pode ser herdada. 
Um mecanismo autoimune pode estar envolvido, uma vez que há formação de 
anticorpos contra membranas internas de mitocôndrias em > 95% dos casos. Esses 
anticorpos antimitocondriais (AMA, antimitochondrial antibodies) não são citotóxicos e não 
estão envolvidos com danos aos ductos biliares. 
A CBP está associada a outras doenças autoimunes, como esclerose 
sistêmica, Síndrome de Sjögren, Síndrome CREST (também conhecida como 
limitada esclerodermia) e tireoidite autoimune. 
As células T atacam os pequenos ductos biliares. As células epiteliais dos ductos 
biliares são alvos diretos dos linfócitos T CD4 e CD8. O gatilho para o ataque imunológicia 
aos ductos biliares ainda não é conhecido. A exposição a antígenos, como nas infecções 
(bacterianas ou virais) ou agentes tóxicos, pode ser o evento inicial. Esses antígenos podem 
ser estruturalmente similares a proteínas endógenas (mimetizam a molécula), assim, a reação 
imunológicia subsequente pode ser autoimunee autoperpetuada. Destruição e perda de 
ductos provocam diminuição na formação e na secreção da bile (colestase). Substâncias 
tóxicas como ácidos biliares podem causar lesão principalmente nos hepatócitos. Colestase 
crônica também pode provocar inflamação celular hepática e fibrose nas áreas periportais. 
Eventualmente, pode haver diminuição da inflamação hepática e a fibrose progride 
para cirrose. 
A CBP negativa para AMA (Anticorpos antimitocondriais) é caracterizada por 
autoanticorpos, como anticorpo antinuclear, anticorpo antimúsculo liso ou ambos, e tem uma 
evolução clínica e resposta ao tratamento semelhante às da CBP. No entanto, AMA está 
ausente. 
Cerca de metade dos pacientes não apresenta sintomas ao diagnóstico. Sinais e 
sintomas podem aparecer em qualquer estágio da doença e incluir fadiga ou refletir a 
colestase (e a má absorção com hipovitaminose e osteoporose consequentes), disfunção 
hepatocelular, ou cirrose. 
34 
 
Os sintomas geralmente desenvolvem-se de maneira insidiosa. Prurido, fadiga e 
secura de boca e olhos são os sintomas iniciais em > 50% dos pacientes e podem preceder 
outros sintomas em meses ou anos. Outras manifestações iniciais incluem desconforto no 
hipocôndrio direito (10%); hepatomegalia (25%); esplenomegalia (15%); hiperpigmentação 
(25%); xantelasmas (10%) e icterícia (10%). Eventualmente, todas as características e 
complicações da cirrose podem ocorrer. A neuropatia periférica e outras alterações 
autoimunes associadas à cirrose biliar primária podem se desenvolver. 
O diagnóstico da colangite biliar primária: 
• Exames de sangue do fígado: colestase com fosfatase alcalina elevada. 
• Anticorpos antimitocondriais (AMA) ou autoanticorpos específicos contra CBP (p. ex., 
sp100 ou gp210) positivos. 
• Biópsia hepática: colangite destrutiva não supurativa e destruição dos ductos biliares 
interlobulares. 
 
Tratamento da colangite biliar primária: 
• Conter ou reverter a lesão hepática. 
• Tratamento das complicações (colestase crônica ou falência hepática). 
Às vezes, transplante de fígado. 
35 
 
4.6 Sintomas 
Muitas pessoas com cirrose não têm sintomas e aparentam estar bem de saúde 
durante muitos anos. Cerca de um terço das pessoas nunca desenvolvem sintomas. 
Outros se sentem cansados e com mal-estar generalizado, perdem o apetite e perdem 
peso: 
• As pontas dos dedos podem aumentar de tamanho (denominado baqueteamento). 
• Pode surgir icterícia, fazendo com que a pele e a parte branca dos olhos fiquem 
amarelas e a urina escureça parecendo Coca-Cola. 
• Quando a absorção de gorduras e vitaminas lipossolúveis é deficiente, as fezes podem 
ter cor clara, serem moles, volumosas, com aspecto oleoso e odor anormalmente 
desagradável (chamado esteatorreia). 
 
Muitas pessoas ficam desnutridas e perdem peso por terem perdido o apetite e porque 
a absorção de gorduras e vitaminas é deficiente. As pessoas podem ter eritemas roxo-
avermelhados de pequenos pontos ou manchas maiores, causadas pelo sangramento de 
pequenos vasos na pele. 
Se a função hepática tem estado comprometida por muito tempo, as pessoas podem 
sentir coceira generalizada e pequenos caroços amarelos de gordura podem se depositar na 
pele ou pálpebras. 
Outros sintomas podem surgir se a cirrose foi causada pelo consumo excessivo e 
crônico de álcool ou se as pessoas têm uma doença hepática crônica: 
• Desgaste muscular (atrofia). 
• As palmas das mãos se tornam vermelhas (eritema palmar). 
• Os tendões da mão encolhem, provocando curvamento dos dedos 
(denominado contratura de Dupuytren). 
• Vasos sanguíneos em formato de pequenas aranhas (angioma aracneiforme) 
aparecem na pele. 
• Aumento das glândulas salivares nas bochechas. 
• Os nervos fora do cérebro e da medula espinhal (nervos periféricos) não funcionam 
corretamente (denominado neuropatia periférica). 
• Os homens podem apresentar mamas aumentadas (ginecomastia) e testículos 
encolhidos (atrofia testicular), porque o fígado danificado não consegue decompor 
os estrogênios (hormônios femininos) como costuma fazer. A quantidade de pelo nas 
axilas diminui. 
36 
 
4.7 Complicações 
O fígado pode ser afetado por diversas patologias, e sempre que isto acontece, é 
formado tecido cicatricial, de modo a reparar o órgão. A fibrose no fígado pode ser irreversível, 
embora possa ser possível tratar a patologia de forma a evitar a progressão da doença, 
conhecendo o agente causador dos danos. 
Quando não tratada atempadamente, a cirrose pode provocar diversas complicações: 
• Aumento da pressão nos vasos sanguíneos que fornecem o fígado (veia porta), 
podendo provocar hemorragias e sangramentos internos; 
• Risco elevado de cancro no fígado; 
• Infeções graves; 
• Acumulação de toxinas no cérebro (encefalopatia hepática). O fígado quando 
danificado não é capaz de filtrar as toxinas do sangue que, com o tempo, se acumulam 
no cérebro. Estas toxinas acumuladas podem provocar dificuldades de concentração, 
lentificação psicomotora e confusão mental. Quando grave, pode mesmo levar ao 
coma e até à morte; 
• Alterações renais. 
 
4.7.1 Hipertensão Portal 
A hipertensão portal é definida como um aumento anormal da pressão sanguínea na 
veia porta (a veia de grande calibre que transporta o sangue do intestino ao fígado) e suas 
ramificações. 
• A cirrose (cicatrização que altera a estrutura do fígado e compromete a sua função) é 
a causa mais comum em países ocidentais. 
• A hipertensão portal pode levar a um abdômen inchado (ascite), desconforto 
abdominal, confusão e sangramento no trato digestivo. 
• Os médicos baseiam o diagnóstico nos sintomas e resultados de um exame físico, às 
vezes, com ultrassonografia, tomografia computadorizada (TC), ressonância 
magnética (RM) ou biópsia de fígado. 
• Os medicamentos podem reduzir a pressão arterial na veia porta, mas se ocorrer 
sangramento no trato digestivo, é necessário tratamento de emergência. 
• O tratamento às vezes inclui transplante de fígado ou criação de uma via na qual o 
sangue possa desviar-se do fígado (derivação portossistêmica). 
 
37 
 
A veia porta recebe o sangue proveniente de todo o intestino, do baço, do pâncreas e 
da vesícula biliar e transporta-o para o fígado. Depois de entrar no fígado, a veia divide-se em 
ramo direito e ramo esquerdo e em pequenos canais que percorrem o fígado. Quando o 
sangue sai do fígado, volta para a circulação geral pela veia hepática. 
Dois fatores podem aumentar a pressão sanguínea nos vasos sanguíneos portais: 
• Um aumento do volume de sangue fluindo pelos vasos. 
• Resistência aumentada ao fluxo de sangue pelo fígado. 
 
Nos países ocidentais, a causa mais frequente de hipertensão portal é o aumento da 
resistência ao fluxo sanguíneo provocado pela cicatrização extensa do fígado na cirrose. As 
causas mais frequentes da cirrose são 
• Hepatite C crônica (hepatite C que dura, no mínimo, seis meses). 
• Beber grande quantidade de álcool por um longo período. 
• Doença hepática gordurosa não alcoólica (DHGNA). 
 
A hipertensão portal leva ao desenvolvimento de novas veias (denominadas vasos 
colaterais) que desviam do fígado. Essas veias conectam diretamente os vasos sanguíneos 
portais às veias que levam o sangue do fígado para a circulação geral. Devido a esse desvio, 
as substâncias (como toxinas) que, em condições normais são removidas do sangue pelo 
fígado, entram na circulação sanguínea geral de forma direta. Os vasos colaterais surgem em 
locais específicos. Os mais importantes estão localizados na extremidade inferior do esôfago 
e na parte superior do estômago. Lá, os vasos se dilatam e apresentam muitas torções e 
voltas – ou seja, eles se transformam em veias varicosas no esôfago (varizes esofágicas) ou 
no estômago (varizes gástricas). Essas veias dilatadas são frágeis e propensas ao 
sangramento, às vezes sério, e, ocasionalmente, com resultados fatais. Outros vasos 
colaterais podem desenvolver-seem volta da parede abdominal e do reto. 
A hipertensão portal frequentemente faz com que o baço aumente de tamanho, pois a 
pressão interfere no fluxo sanguíneo do baço para os vasos sanguíneos portais. Quando o 
baço aumenta, o número (contagem) de glóbulos brancos diminui (aumentando o risco de 
infecções) e o número (contagem) de plaquetas pode diminuir (aumentando o risco de 
sangramento). 
A pressão aumentada nos vasos sanguíneos portais pode fazer com que o líquido 
(ascítico) com proteínas vaze da superfície do fígado e do intestino e se acumule dentro do 
abdômen. Esse quadro clínico é denominado ascite. 
38 
 
Todo o sangue que vem do sistema digestivo e do baço passa obrigatoriamente pelo 
fígado antes de seguir para o resto do corpo. Todas as veias destes órgãos desembocam 
em uma única grande veia do fígado, chamada sistema porta ou veia porta. 
A existência do sistema porta garante que todas as substâncias absorvidas pelo trato 
gastrointestinal passem primeiro pelo fígado antes de caírem na circulação sistêmica. Isso 
significa que todas as substâncias que são digeridas e absorvidas pelo sistema digestivo 
são levadas ao fígado para serem metabolizadas antes de seguir para o resto do corpo. 
O paciente cirrótico possuiu um fígado cheio de fibrose, o que pode provocar a 
obstrução à chegada do sangue ao fígado pelo sistema porta. E quanto mais extensa for a 
cirrose, maior costuma ser a obstrução ao sangue que chega pela veia porta. 
Quando o sangue vindo dos órgãos abdominais encontra uma obstrução ao seu fluxo, 
a pressão na veia porta aumenta, dando início a um processo chamado hipertensão portal. 
Para um melhor entendimento, podemos dividir os sintomas da cirrose entre aqueles 
causados pela insuficiência hepática e aqueles causados pela hipertensão portal. 
 
4.7.2 Ascite 
Ascite, ou barriga d’água, é o nome que se dá ao acúmulo anormal de líquidos dentro 
da cavidade abdominal, num compartimento limitado pelo peritônio (membrana que reveste 
também as paredes do abdômen e da pélvis e alguns dos seus órgãos). Esse líquido sai dos 
vasos sanguíneos por duas diferentes razões: redução da pressão oncótica ou aumento da 
pressão hidrostática. 
No primeiro caso, a concentração de proteínas que ajudam a conter o líquido dentro 
dos vasos (veias e artérias) fica menor do que fora deles. Como os vasos são constituídos 
por tecido permeável, essa diferença de pressão permite que os fluídos atravessem suas 
paredes e ocupem o espaço extravascular. 
No segundo caso, a concentração de proteínas no sangue é normal, mas ocorre um 
aumento da pressão hidrostática no sistema vascular provocada por um processo infeccioso 
ou inflamatório. Essa reação pode distender os vasos que irrigam o peritônio e/ou aumentam 
a permeabilidade vascular, favorecendo o extravasamento de líquidos para a cavidade 
abdominal. 
A composição do líquido ascítico pode variar de acordo com a doença de base. Por 
isso, entre outras substâncias, ele pode conter conteúdo proteico variável, biles ou suco 
pancreático, por exemplo. 
O mecanismo responsável pela formação da ascite é semelhante ao dos edemas. 
39 
 
Ascite é o acumulo de água na cavidade abdominal. A ascite na cirrose é causada pela 
hipertensão porta e pela diminuição da concentração de albumina no sangue (falaremos da 
albumina mais à frente). Na cirrose, pode haver acúmulo de mais de 10 litros de líquido 
ascítico na cavidade peritoneal, o que faz com que o paciente fique com um abdômen muito 
volumoso. 
Uma das complicações da ascite é a peritonite bacteriana espontânea (PBE), que 
ocorre quando o líquido dentro da barriga fica infectado por bactérias vindas dos intestinos. A 
PBE é uma situação grave, que se não for identificada e tratada a tempo pode evoluir 
com sepse. 
Além do acúmulo de líquido dentro do abdômen, o paciente cirrótico pode apresentar 
também retenção de líquidos nas pernas e nos pulmões. 
4.7.3 Hipertensão Portopulmonar 
A hipertensão portopulmonar é um quadro clínico no qual a pressão sanguínea é 
elevada nas artérias dos pulmões, chamadas artérias pulmonares (hipertensão pulmonar) e 
na veia porta (que drena o sangue do fígado) e não é possível encontrar qualquer causa para 
a hipertensão pulmonar. 
A hipertensão pulmonar pode ocorrer em pessoas com quadros clínicos variados 
envolvendo hipertensão portal, que é, com maior frequência, uma complicação da cirrose do 
fígado. A combinação de hipertensão pulmonar e hipertensão portal é chamada hipertensão 
portopulmonar. 
Pessoas com hipertensão portopulmonar desenvolvem falta de ar e fadiga. Dor no 
peito, expectoração de sangue (hemoptise), veias do pescoço distendidas e pernas inchadas 
também podem ocorrer 
A hipertensão portal pode causar pressão arterial elevada nas artérias pulmonares 
(chamada hipertensão portopulmonar). Este problema pode causar sintomas de insuficiência 
cardíaca, como dificuldade para respirar, particularmente quando a pessoa está deitada, e 
fadiga. 
Os médicos suspeitam de hipertensão portopulmonar em pessoas com doença 
hepática com base nos sintomas e achados durante o exame físico. Resultados de testes e 
exames, como eletrocardiograma (ECG), sugerem que o lado direito do coração ou o 
ventrículo direito aumentou de tamanho e está sob pressão (cor pulmonale). 
Para o diagnóstico de hipertensão portopulmonar, os médicos realizam um 
ecocardiograma e passam um tubo através de uma veia em um braço ou uma perna até o 
40 
 
lado direito do coração (cateterismo do lado direito do coração) para medir a pressão arterial 
no ventrículo direito e na artéria principal dos pulmões (artéria pulmonar). 
É necessário tratamento para baixar a pressão arterial nas artérias dos pulmões. Os 
medicamentos que alargam (dilatam) os vasos sanguíneos (vasodilatadores) são 
frequentemente eficazes em baixar a pressão sanguínea. Contudo, a gravidade da doença 
hepática subjacente é o principal determinante do resultado. As pessoas com hipertensão 
portopulmonar podem não ser capazes de se submeter a um transplante de fígado porque o 
distúrbio aumenta o risco de morte ou complicações graves devido a este procedimento. 
4.7.4 Absorção Deficiente de gorduras e vitaminas 
Com o tempo, a absorção inadequada de gorduras, particularmente de vitaminas 
lipossolúveis, pode causar vários problemas. Por exemplo, quando a vitamina D é mal 
absorvida, pode haver o desenvolvimento de osteoporose. Quando a vitamina K (que ajuda o 
sangue a coagular) é pouco absorvida, as pessoas podem sangrar mais facilmente. 
4.7.5 Irregularidades de Sangramento 
A cirrose causa outros problemas que podem interferir na forma como o sangue 
coagula (distúrbios na coagulação sanguínea). Alguns problemas tornam as pessoas mais 
propensas a sangrar. Por exemplo, o baço pode aumentar de tamanho. O baço 
aumentado pode prender as células sanguíneas e as plaquetas. Assim, existem menos 
plaquetas (que ajudam o sangue a coagular) na corrente sanguínea. Além disso, o fígado 
danificado é menos capaz de produzir as proteínas que ajudam na coagulação do sangue 
(fatores de coagulação). 
Contudo, alguns problemas hepáticos tornam o sangue mais propenso a coagular. Por 
exemplo, o fígado danificado é menos capaz de produzir as substâncias que impedem que o 
sangue coagule demais. Por conseguinte, pode haver a formação de coágulos sanguíneos, 
especialmente nos vasos sanguíneos que entram no fígado (veia porta ou veia esplênica). 
4.7.6 Aumento no risco de infecções 
O número de glóbulos brancos pode estar reduzido (denominado leucopenia) porque 
o baço aumentado os prende. Quando o número de glóbulos brancos é baixo e a síntese 
hepática de proteínas que combatem infecções diminui, o risco de infecções aumenta. 
 
 
41 
 
4.7.7 Insuficiência renal 
A insuficiência hepática pode acabar por causar insuficiência renal – um quadro clínico 
denominada síndrome hepatorrenal. Nesta síndrome, menos urinaé produzida e excretada 
do corpo, resultando no acúmulo de substâncias tóxicas no sangue. As pessoas com 
síndrome hepatorrenal acabam sentindo dificuldade para respirar. Esse problema renal pode 
se tornar grave o suficiente para exigir diálise. 
4.7.8 Deterioração da função cerebral 
A insuficiência hepática também pode causar a deterioração da função cerebral 
(chamada encefalopatia hepática), pois o fígado danificado não consegue mais remover 
substâncias tóxicas do sangue. Estas substâncias tóxicas, então, deslocam-se pela corrente 
sanguínea e se acumulam no cérebro. 
 
4.7.9 Câncer hepático 
O câncer hepático (carcinoma hepatocelular ou hepatoma) pode se desenvolver em 
pessoas com cirrose. Depois da cirrose se desenvolver, o monitoramento do câncer hepático, 
também chamado vigilância (avaliação periódica), é necessário, pois a detecção precoce do 
câncer hepático torna o tratamento curativo possível. 
42 
 
4.8 Diagnóstico 
• Exames de sangue, incluindo testes de função hepática 
• Algumas vezes exames de imagem (por exemplo, ultrassom) 
• Às vezes, biópsia de fígado 
 
O diagnóstico pode ser feito durante o exame clínico, com base na observação dos 
indícios mencionados acima. Em caso de cirrose hepática, os exames 
laboratoriais costumam apontar anemia, baixa dos leucócitos e plaquetas, além de redução 
das proteínas e de fatores de coagulação no sangue. 
A ultrassonografia abdominal é um método importante para a triagem e pode mostrar 
sinais de cirrose, como redução do tamanho do fígado, alterações circulatórias, aumento do 
baço e líquido dentro do abdome. Um exame chamado elastografia hepática ultrassônica 
avalia a rigidez do órgão e, em conjunto com outros dados clínicos e laboratoriais, viabiliza a 
detecção da doença sem a necessidade de realizar procedimentos invasivos, como a biópsia. 
Em geral, os médicos suspeitam de cirrose com base nos sintomas da pessoa, nos 
resultados do exame físico e num histórico de fatores de risco para cirrose, como o consumo 
excessivo e crônico de álcool. Frequentemente durante o exame físico, um médico observa 
problemas que resultam tipicamente da cirrose, como um baço aumentado, um abdômen 
inchado (indicando ascite), icterícia ou um eritema indicando sangramento na pele. 
Tipicamente os médicos fazem, então, testes para avaliar outros distúrbios que podem causas 
sintomas similares. 
 
4.8.1 Exames laboratoriais 
São realizados exames de sangue para avaliar o fígado. Os resultados são 
frequentemente normais, porque esses exames são relativamente insensíveis e o fígado pode 
funcionar por muito tempo apesar de estar danificado. O fígado pode cumprir funções básicas 
mesmo quando seu funcionamento é diminuído em 80%. Um hemograma completo é 
realizado para verificar a presença de anemia, de baixa contagem plaquetária e de outras 
anormalidades no sangue. Exames de sangue são realizados para verificar a presença de 
hepatite e, com frequência, outras causas possíveis. 
 
 
 
43 
 
4.8.2 Exames de imagem do fígado 
Os exames de imagem conseguem identificar cirrose avançada, mas geralmente não 
identificam cirrose inicial. 
• A ultrassonografia, tomografia computadorizada (TC) ou ressonância magnética (RM) 
podem mostrar se o fígado diminuiu ou se sua estrutura está anormal, sugerindo 
cirrose. Esses exames podem detectar hipertensão portal e ascite. 
• Exames de imagem especializados (elastografia transitória, elastografia por 
ressonância magnética e imagem por impulso de força de radiação acústica) ajudam 
na detecção precoce de cirrose. 
 
4.8.3 Biópsia de fígado 
Se o diagnóstico ainda for incerto, em geral é feita uma biópsia de fígado (retirada de 
uma amostra de tecido para exame ao microscópio) para confirmação. A biópsia e, às vezes, 
os exames de sangue também podem ajudar os médicos a determinar a causa da cirrose. 
 
4.8.4 Monitoramento 
Se a cirrose for confirmada, uma ultrassonografia com ou sem um exame de sangue 
que poderia indicar um tumor hepático (alfa fetoproteína) é realizada a cada seis meses para 
verificar a presença de câncer hepático. Se a ultrassonografia detectar anormalidades que 
sugiram câncer, os médicos solicitam uma ressonância magnética (RM) ou TC após injetar 
uma substância que pode ser vista na RM ou na radiografia (agente de contraste). 
Quando a cirrose for confirmada, pode ser necessária uma endoscopia do trato 
digestivo superior (inserção de um tubo de visualização flexível) para verificar a presença de 
varizes, especialmente quando há sinais de hipertensão portal no sangue e em exames de 
imagem. Esse exame endoscópico é repetido a cada 2 a 3 anos. Ele é feito com maior 
frequência se varizes forem detectadas. 
Exames de sangue que avaliar o fígado são feitos regularmente. 
 
 
 
 
 
44 
 
4.9 Prognóstico da Cirrose 
O prognóstico de paciente com cirrose pode ser estimado por meio da classificação 
de Child-Pugh, que utiliza critérios clínicos e laboratoriais. Essa classificação também é útil 
para definir pacientes com mais chances de necessitar de tratamento cirúrgico. 
A cirrose é quase sempre permanente e pode ser progressiva, a menos que a causa 
seja tratada. Muitas vezes é difícil prever a rapidez com que ela progride. A perspectiva para 
pessoas com cirrose depende da causa, gravidade, presença de outros sintomas e distúrbios, 
e da eficácia do tratamento. 
Parar todo o consumo de álcool impede a formação de mais fibrose cicatricial no 
fígado. Se a pessoa continua a consumir álcool, mesmo em pequenas quantidades, a cirrose 
progride, causando complicações sérias. 
Quando uma complicação importante ocorrer (como vômitos com sangue, acúmulo de 
líquido na cavidade abdominal ou deterioração da função cerebral), a perspectiva se torna 
desfavorável. 
4.9.1 Classificação de Child-Turcotte-Pugh para gravidade da doença hepática 
O sistema de classificação de Child-Turcotte-Pugh utiliza parâmetros clínicos e 
laboratoriais para estratificar a gravidade da doença, o risco cirúrgico e o prognóstico geral 
(ver tabelas Sistema de classificação de Child-Turcotte-Pugh e Interpretação da classificação 
de Child-Turcotte-Pugh). No entanto, o sistema de pontuação de Turcotte Child-Pugh tem 
limitações; por exemplo, as avaliações da gravidade da ascite e da encefalopatia são 
subjetivas; a confiabilidade interavaliador dos resultados é, portanto, menor. 
4.9.2 Modelo para doença hepática terminal (MELD) 
Em contraste com a classificação de Child-Turcotte-Pugh, o escore Model for End-
Stage Liver Disease (MELD) estima a gravidade da doença hepática em estágio terminal, 
independentemente da causa, com base exclusivamente em resultados objetivos de exames 
laboratoriais: creatinina sérica, bilirrubina total no soro e razão normalizada internacional 
(RNI). Utiliza-se o escore MELD para determinar a alocação dos órgãos disponíveis para 
candidatos a transplante de fígado porque classifica os candidatos por risco de mortalidade. 
 Variações na classificação MELD são às vezes utilizadas para outros propósitos (p. 
ex., para estimar o risco de mortalidade de 90 dias em pacientes com hepatite alcoólica, para 
predizer o risco de mortalidade pós-operatório em pacientes com cirrose). Uma variação da 
pontuação MELD que incorpora a dosagem do sódio sérico (MELD-Na) prevê com mais 
precisão a mortalidade nos pacientes cirróticos do que a pontuação MELD convencional, 
45 
 
sendo atualmente usada pela United Network for Organ Sharing (UNOS)/Organ Procurement 
and Transplantation Network (OPTN) para priorizar pacientes na lista de espera do transplante 
hepático. 
4.9.3 Classificação da doença hepática pediátrica terminal (PELD) 
Para pacientes < 12 anos, a classificação Pediatric End-Stage Liver Disease (PELD) 
correspondente é calculado. Classificações MELD mais altas predizem maior risco.
46 
 
4.10 Tratamento da Cirrose Hepática 
Não existe cura para a cirrose. O dano no fígado

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