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A dengue é causada por um VÍRUS e transmitida por artrópodes, sobretudo o Aedes aegypti. É a principal arbovirose (Arthropod-born virosis), infectando por ano cerca de 50 milhões de pessoas nos trópicos. O agente etiológico da dengue é um arbovirus do gênero flavivirus e da família flaviviridae (flavus significa amarelo), os mesmos da febre amarela. É um vírus encapsulado e de RNA Existem 4 sorotipos: DENV-1, DENV-2, DENV-3, DENV-4 O Aedes aegypti já foi chamado de Culex aegypti Apenas a fêmea possui caráter hematófago Precisa de sangue como fonte de nutrição para os óvulos após a copulação. O homem é o reservatório e após a picada o vírus vai para o estômago do mosquito, onde permanece por aproximadamente 10 dias. Após esse período, o vírus se replica e invade a glândula salivar do mosquito, agora podendo infectar outros seres humanos. Fêmea deposita seus ovos em focos de água parada Os ovos podem permanecer viáveis por até 1 ano. O mosquito dificilmente se desloca mais de 200 metros do ponto de ovodeposição. Logo, evitar a deposição de ovos peridomicilio, evita o contágio local. Outras formas de transmissão: - Vertical: já existe na literatura relatos de transmissão vertical, dando uma espécie de dengue neonatal; - Transfusão sanguínea: também é possível se o indivíduo estiver na fase de viremia; PRIMEIRA SEMANA Após a infecção, o vírus alcança as células musculares lisas, iniciando uma síndrome infecciosa febril associada à mialgia intensa. A febre se justifica pela liberação de mediadores pirógenos pelas células apresentadoras de antígeno após endocitose viral, principalmente IL-1 e TFN Aqui temos uma reação mediada por linfócitos Th2, proporcionando a formação de anticorpos. Sexto dia de doença: inicio da presença de anticorpos IgM SEGUNDA SEMANA Pico do IgG, permanecendo por toda a vida, conferindo: IMUNIDADE SOROTIPO- ESPECIFICA DENGUE GRAVE (antiga hemorragica) Geralmente ocorre em pacientes que já foram infectados sorologia anteriormente, e é mais grave quando a infecção secundária advém do DENV-2. Por que isso acontece? Teoria de Halstead TEORIA DE HALSTEAD: após a primo-infecção, anticorpos sorotipo- específicos são formados, porém não são capazes de neutralizar outros sorotipos. Quando ocorre infecção secundária, esses anticorpos opsonizam o vírus e isso auxilia ainda mais sua entrada no macrófago. Entrada em macrofago = aumento da liberação de citocinas (inflamação) No fim, essa inflamação resultará no fenômeno: extravasamento vascular A dengue possui 3 fases evolutivas: - Fase febril - Fase crítica - Fase de recuperação Nessa fase, temos a presença dos seguintes achados: 1) Febre alta (39-40ºC): advinda da liberação de citocinas como IL-1, IL-6 e TNF pelos monócitos/macrófagos 2) Mialgia: advinda a lesão celular dos miócitos pelo vírus 3) Cefaleia (retro-orbitária) 4) Anorexia, astenia, náuseas, vômitos, diarreia Outro achado importante Exantema maculopapular: derivado da vasodilatação Essa fase geralmente ocorre após a melhora da febre. É uma fase de alerta! Nessa fase, devemos observar os sinais de alarme, pois os pacientes podem evoluir para choque hipovolêmico. Plaquetopenia: ocorre por reação autoimune contra as plaquetas e por consumo pela necessidade de evitar o extravasamento de liquido. Derrame seroso Hepatomegalia Vômitos persistentes Hemorragias em mucosas Hipotensão e lipotimia Letargia ou irritabilidade Hematócrito aumentando progressivamente Dor abdominal intensa Sangramento de mucosa Irritabilidade/letargia Líquidos Serosos Vômitos persistentes Abdome doloroso (continua) Hipotensão/Hepatomegalia/Hematocrito Choque deve ser acompanhado com base em alguns sinais: Sinais Compensado Descompensado Pele Fria Fria, úmida, pálida, cianótica FC Taquicardia Taquicardia grave ou bradicardia Diurese < 1,5 ml/kg/h < 1,5ml/kg/h e oliguria TEC > 2s Muito prolongado FR Taquipneia Hiperpneia ou respiração de Kussmaul PA Pressão de pulso diminuida (< 20mmHg) Pressão de pulso < 10 mmHg ou não detectável Pressão de pulso = PAS – PAD Com tratamento adequado, o paciente evolui para a recuperação, e os pacientes com extravasamento têm o liquido reabsorvido. As crianças, possuem clinica inespecífica para a dengue: - Febre - Choro - Irritabilidade - Inapetência - Diarreia pastosa O que vai pautar nossa duvida? clinica e a epidemiologia Na gestante, a clinica pode sobrepor as alterações fisiológicas próprias da gravidez, como por exemplo a taquicardia e hemorragias de origem obstétrica. RISCO: abortamento, parto prematuro e baixo peso ao nascer. RECOMENDÁVEL: sempre questionar sobre febre na avaliação. Zika Dengue Febre + ++ Mialgia + ++ Artralgia + +/- Exantema ++++ + Conjuntivite +++ +/- Sangrament os - + Choques - + Leucopenia/ trombocitop enia - + Chikungunya: Chikungunya Dengue Febre +++ ++ Mialgia + ++ Artralgia +++ +/- Exantema ++ + Sangram entos +/- + Choques - + Leucopeni a/trombo citopenia + + Evolução Artralgia Fadiga Hemograma: - Leucopenia/linfopenia - Plaquetopenia - Aumento de hematócrito Hepatograma: - Aminotransferases (até 5x LSN exceto em casos graves 100x LSN) -Bilirrubina -Hipoalbuminemia -Coagulopatia de consumo Depende do tempo do inicio dos sintomas: : identificação do vírus ou de seus antígenos: - Antígeno NS1 (teste rápido) - RT-PCR Obs: negativo não afasta o diagnóstico e deve-se solicitar IgM : usa-se sorologia ELISA (anticorpo) - IgM Deve ser feita de modo retrospectivo, analisando clinica, laboratório e epidemiologia. Residente endêmico ou Viajante para área endêmica (2 semanas) + Febre 2-7 dias + 2 comemorativos: - Cefaleia - Mialgia/artralgia - Exantema - Petequias - Prova do laço positiva - Nauseas/vômitos - Leucopenia Dengue + SILVA3H - Choque - Desconforto respiratório - Sangramento grave: melena, hematoquezia, hemoptise, hematêmese, HIC - Comprometimento orgânico grave: Hepatite (AST/ALT > 1000), miocardite, encefalite. (IgM, NS1, imuno-histoquimica, RT- PCR, isolamento viral) Exceções Contexto de epidemias: clinico-epidemiologico Dengue grave: NS1, IgM, RT-PCR, isolamento viral - Suspeito de dengue - SEM sinal de alarme - Sem comorbidade, grupo de risco ou condição clinica especial CONDUTA: Laboratório e complementares: A critério médico Sintomáticos Dipirona ou paracetamol Não utilizar AAS e anti-inflamatórios não esteroidais Repouso, hidratação e dieta Retornar imediatamente se sinais de alarme Retorno em 5 dias para avaliação (inicio da possível fase critica) HIDRATAÇÃO: Durante todo o período febril e até 24-48 pós-febre ADULTOS: - 60ml/kg/h 1/3 de soro nas primeiras horas + 2/3 de líquidos (suco, agua, agua de coco); CRIANÇAS: Holliday-segar rule < 10 KG: 130 ml/kg/h + 3% 10-20 KG: 100 ml/kg/h + 3% > 20 KG: 80 ml/kg/h + 3% 1/3 de soro nas primeiras horas + 2/3 de líquidos (suco, agua, agua de coco); - Suspeito de dengue - SEM de sinais de alarme - PETÉQUIAS OU PROVA DO LAÇO - Comorbidades: gravidez, lactentes, +65 anos, doenças crônicas. CONDUTA: HEMOGRAMA OBRIGATÓRIO - Resultado em 2-4h da coleta - Paciente em aguardo na unidade Sintomáticos Paracetamol ou Dipirona HIDRATAÇÃO: Inicia já na unidade, com líquido via oral conforme o grupo A RESULTADO: Hematócrito normal: retorno diário para acompanhamento até 48h pós- fim da febre (inicio da possível fase critica). Hematócrito aumentado: seguir conduta C. - Suspeito de dengue - Sinal de alarme CONDUTA: REPOSIÇÃO VOLÊMICA IMEDIATA! 10 ml/kg na primeira horaInternação em enfermaria por no mínimo 48 horas Laboratoriais obrigatórios: - Hemograma - Hepatograma - Exame de confirmação de dengue (NSI, PCR e SOROLOGIA) Laboratoriais recomendados (procurar derrame cavitário): Radiografia de tórax (AP+PERFIL+LAURELL) Ultrassonografia de abdome (verificar possíveis liquidos) 1) 10 ml/kg na primeira hora 2) Avaliação clinica (PA, sinais vitais, diurese) 3) 10ml/kg na segunda hora 4) Avaliação do hematócrito HEMATÓCRITO SEM MELHORA? Repetir até 3X o ciclo de expansão volêmica - Se não melhorar: evoluir para grupo D - Se melhorar: prosseguir para fase de manutenção volêmica - Primeira fase: 25ml/kg em 6 horas - Segunda fase: 25ml/kg em 8h (1/3 de soro fisiológico + 2/3 de soro glicosado) - Suspeitos de dengue - Choque, sangramento grave, ou disfunção grave de órgãos 20 ml/kg nos primeiros 20 minutos internação em UTI por no mínimo 48 horas Laboratoriais obrigatórios: - Hemograma - Hepatograma - Exame de confirmação de dengue (NSI, PCR e SOROLOGIA) Laboratoriais recomendados (procurar derrame cavitário): Radiografia de tórax (AP+PERFIL+LAURELL) Ultrassonografia de abdome (verificar possíveis liquidos) 1) 20 ml/kg nos primeiros 20 minutos 2) Avaliação clinica (PA, sinais vitais, diurese) a cada 15-30 minutos 3) Avaliação de hematócrito HEMATÓCRITO SEM MELHORA? Repetir até 3X o ciclo de expansão volêmica Se melhora: conduzir como C iniciando pela expansão volemica Se não melhorar o choque: Avaliar o hematócrito - Hematócrito subindo: coloide ou albumina - Hematócrido descendo: investigar hemorragias e coagulação HEMORRAGIAS: transfusão de hemácia COAGULOPATIA: transfusão de plasma ou vitamina K Se melhorar o choque: - Interromper infusão de liquido: - Hematócrito caindo sem sangramento ou coagulopatia - Resolução do extravasamento de liquido; - Diurese normalizada; - Normalização hemodinâmica - Hematócrito normal ou estável - Plaquetas normais e subindo - Clinica visivelmente melhor - Estabilização hemodinâmica - Ausencia de febre por 48h DE MODO GERAL: - Plaquetopenia grave: interna, suspende, e espera a plaqueta melhorar - Plaquetopenia moderada: interna, mantem e espera a plaqueta melhorar - Plaquetopenia leve: mantem e conta diariamente em nível ambulatorial igual ao grupo B - Controle vetorial: água parada, peixes em águas paradas, químico com fumacê. - Controle humano: repelentes, mosquiteiros, roupas cumpridas DENGVAXIA - Virus atenuado - Contra-indicado em gestantes - Não disponível na rede pública - Apenas para quem já teve dengue no passado.
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