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Carlos Eduardo Brantes Bruno Duarte Santos Tomás de Sampaio Góes M. Costa Júlia Leal Danzinger Maria Carolina Bichara Roberta Issa Maffei Cláudia Tiemi Ferreira Milene Pimentel Moreno Amanda Titoneli Carolina Bueno de Oliveira Maria Eduarda Gamborgi Isabela Rampini Esteves Jacques Felipe Albuquerque Rubens Marcela Ruzza Silva Quintana Marcos de Souza Paula Carolina Moura Flavio Galdino Sergio Coelho Rafael Pimenta Rodrigo Candido de Oliveira Eduardo Takemi Kataoka Cristina Biancastelli Gustavo Salgueiro Isabel Picot França Marcelo Atherino Marta Alves Cláudia Maziteli Trindade Pedro C. da Veiga Murgel Gabriel Rocha Barreto Diogo Rezende de Almeida Renata Jordão Natacci Felipe Brandão Isabella Bandeira de Mello Michelle Sorensen Camilo Isabela Augusta Xavier da Silva Leonardo Mucillo de Mattia Yasmin Paiva Ana Caroline S Gasparine Carolina Pfeiffer Figueiredo Yuri Athayde da Costa Nascimento Maria Victoria Marins Gabriela Santiago de Alencar Mônica Franco Lima Felipe Perretti Felipe Gregório Consultor José Eduardo Guimarães Barros Adrianna Chambô Eiger Pedro Renato de Souza Mota Wallace Corbo Mauro Teixeira de Faria Isadora A. R. de Almeida Vanessa F. F. Rodrigues Julianne Zanconato Rodrigo Saraiva Porto Garcia Camila Almeida Giovanna Luz Podcameni Luciana Barsotti Machado Aline da Silva Gomes Maria Flávia Junqueira F. Macarimi Ivana Harter Albuquerque Fernanda David Luan Gomes Peixoto EXMO. SR. DR. JUIZ DA 1ª VARA DO TRABALHO DE SAPIRANGA – 4ª REGIÃO Proc. nº 0020526-37.2022.5.04.0371 CONSTRUTORA TENDA S.A, sociedade com sede na Rua Boa Vista, nº 280, Pavimento 08 e 09, Centro, São Paulo/SP, CEP 17190-005, inscrita no Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas do Ministério da Fazenda (CNPJ/MF) sob o nº 71.476.527/0001-35, vem, por seu representante legal, nos autos da reclamação trabalhista que lhe move e a outro FABRICIO JOSE BERTON, vem, perante essa Vara do Trabalho, por sua advogada abaixo assinada, apresentar contestação, pelas razões abaixo expostas: INICIALMENTE 1. Inicialmente requer a V. Exa. se digne determinar sejam as intimações, notificações, citações e publicações realizadas exclusivamente na pessoa da advogada MARTA CRISTINA DE FARIA ALVES, inscrita na OAB/RJ sob o nº 150.162, com escritório na Rua João Lira, 144, Leblon, Rio de janeiro – RJ – CEP nº 22430-210, sob pena de nulidade. DOS FATOS 2. Da análise dos autos, observa-se que o reclamante pretende, por meio da presente ação, obter (i) declaração de responsabilidade solidária e subsidiária; (ii) verbas rescisórias; (iii) férias; (iv) devolução dos descontos indevidos; (v) aviso prévio indenizado; (vi) diferença salarial por acúmulo de função; (vii) horas extras; (viii) adicional de insalubridade; (iv) multas 477 e 467, da CLT; (ix) salário extrafolha; (x) indenização por danos morais; (xi) FGTS e multa de 40%; (xii) gratuidade de justiça; e (xiii) honorários advocatícios. 2. Sustenta, para tanto, que foi contratado em 03/02/2020 pela 1ª Ré, para prestar serviços à 2ª e 3ª Reclamadas, percebendo como última remuneração o valor de RS 1.570,75 + R$500,00 extrafolha, sendo dispensado em 29/07/2022. 3. Entretanto, consoante se demonstrará a seguir, a pretensão do Reclamante não merece prosperar. DO JUÍZO 100% DIGITAL 4. Desde já a Contestante informa que DISCORDA da tramitação da presenta ação pelo “Juízo 100% Digital”. ESPECIFICAÇÃO DE PROVAS 5. A Reclamada afirma ter interesse na produção de prova oral (depoimento pessoal do Autor e oitiva de testemunhas), relacionadas aos pedidos em cotejo. 6. Ainda que se entenda que é ônus da parte autora a prova de suas assertivas, o fato é que também se faz imprescindível a produção de contraprova. 7. Por fim, a Reclamada manifesta seu interesse em levar testemunhas à audiência, na forma do art. 825, CLT. PRELIMINARMENTE DA NULIDADE DOS ATOS PROCESSUAIS – ILEGALIDADE DO PRAZO DE 15 DIAS PARA APRESENTAÇÃO DE DEFESA 8. Inicialmente, salienta-se, que o prazo de 15 dias contido na notificação, prevista no código de processo civil, não se aplica à justiça do trabalho, tendo em vista que a legislação trabalhista possui rito processual próprio e totalmente distinto, conforme disposto no art. 847, art. 848 e art. 849 da CLT, vide artigos: Art. 847 - Não havendo acordo, o reclamado terá vinte minutos para aduzir sua defesa, após a leitura da reclamação, quando esta não for dispensada por ambas as partes. Parágrafo único. A parte poderá apresentar defesa escrita pelo sistema de processo judicial eletrônico até a audiência. Art. 848 - Terminada a defesa, seguir-se-á a instrução do processo, podendo o presidente, ex officio ou a requerimento de qualquer juiz temporário, interrogar os litigantes. § 1º - Findo o interrogatório, poderá qualquer dos litigantes retirar-se, prosseguindo a instrução com o seu representante. § 2º - Serão, a seguir, ouvidas as testemunhas, os peritos e os técnicos, se houver. Art. 849 - A audiência de julgamento será contínua; mas, se não for possível, por motivo de força maior, concluí-la no mesmo dia, o juiz ou presidente marcará a sua continuação para a primeira desimpedida, independentemente de nova notificação. 9. Veja que não existe omissão que justifique a utilização do comando inserido no art. 769 da CLT, não havendo que se falar em regra subsidiária, uma vez que há norma processual trabalhista neste sentido, sendo assim não deve ser utilizado o art. 335 do CPC. Art. 335 do CPC. O réu poderá oferecer contestação, por petição, no prazo de 15 (quinze) dias, cujo termo inicial será a data: I - da audiência de conciliação ou de mediação, ou da última sessão de conciliação, quando qualquer parte não comparecer ou, comparecendo, não houver autocomposição. 10. Além disso, o prazo para oferecimento da contestação contido no artigo 335, do CPC inicia-se da audiência de conciliação. 11. Como Como se sabe, o chamado “rito emergencial”, previsto no art. 6º do Ato CGJT nº 11/2020, foi regulamentado como situação emergencial em 23 de abril de 2020, quando sequer havia regulamentação dos TRTs para as audiências por videoconferência. 12. Com a regulamentação das audiências telepresenciais, não há situação excepcional que justifique a intimação para apresentação de defesa sem audiência. 13. Ainda, que o Ato conjunto Nº 1.770, DE 28 DE ABRIL DE 2020 tenha mantido esse procedimento, esta norma é totalmente ilegal, pois não pode se sobrepor à lei, mormente quando o mesmo ato regulamenta a possibilidade de realizar audiências virtuais. Indubitavelmente, tal ato é também inconstitucional, pois viola o princípio do devido processo legal, inserto no art. 5º, LIV, da CRFB. 14. Ademais, é fato incontroverso que esta Vara do Trabalho tem realizado audiências regularmente. 15. Além disso, não há menção nesses autos, até o momento, de impossibilidade de acesso à audiência pelos meios eletrônicos, de modo que não se pode utilizar um ato normativo da Corregedoria para violar expressa previsão legal, que é, também, direito da parte. Isso seria violar os direitos constitucionais ao devido processo legal e à ampla defesa – art. 5º, LIV e LV, CRFB. 16. Desse modo, não pode ser aplicada as penas de revelia e confissão à Ré eis que a determinação de apresentação de contestação de forma diversa ao que preceitua a CLT não pode lhe causar prejuízo, até porque a ação foi autuada em outubro de 2021, quando já se realizavam audiências telepresenciais. 17. Por uma questão de cautela em ato consecutivo, apresenta a Reclamada sua contestação, a qual deverá ser recebida por esse juízo e apreciada, para posteriormente designar audiência de instrução. IMPUGNAÇÃO À GRATUIDADE DE JUSTIÇA 18. Ignorando as disposições legais constantes no artigo 790, parágrafo 3º e 4º da CLT, o autor requer que lhe seja deferido o benefício da gratuidade de justiça, contudo, não atende aos requisitos previstos no referido diploma legal, uma vez que não comprovou a insuficiência de recursos para o pagamento dascustas do processo. 19. Vejamos o disposto no artigo 790, § 3º e 4º da CLT: “Art. 790 – Nas Varas do Trabalho, nos Juízos de Direito, nos Tribunais e no Tribunal Superior do Trabalho, a forma de pagamento das custas e emolumentos obedecerá às instruções que serão expedidas pelo Tribunal Superior do Trabalho. (...) § 3º - É facultado aos juízes, órgãos julgadores e presidentes dos tribunais do trabalho de qualquer instância conceder, a requerimento ou de ofício, o benefício da justiça gratuita, inclusive quanto a traslados e instrumentos, àqueles que percebem salário igual ou inferior a 40% (quarenta por cento) do limite máximo dos benefícios do Regime Geral da Previdência Social. § 4º - O benefício da justiça gratuita será concedido à parte que comprovar insuficiência de recursos para o pagamento das custas do processo”. 20. Com a alteração trazida pela lei 13.467/2017, não cabe mais à parte tão somente declarar sua hipossuficiência econômica. Deve comprovar com necessária robustez a insuficiência financeira capaz de afastar eventual condenação a ela imposta. 21. Desta forma, impõe-se o indeferimento do pedido de gratuidade de justiça. DA INÉPCIA DA INICIAL 22. Consoante se verifica dos autos, o Reclamante imputa a responsabilidade às Contestantes, sem SEQUER INDICAR O LOCAL E O PERÍODO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS, informação esta imprescindível à exordial, visto que a insuficiência de informações inviabiliza, sem dúvida, o pleno exercício do contraditório e ampla defesa, nos termos do art. 5º, da CRFB, sobretudo diante da diversidade de obras em âmbito nacional pela Companhia. 23. Sendo assim, impõe-se a extinção do processo sem resolução do mérito, tendo em vista a inépcia da inicial, nos termos do art. 267, inc. I c/c art. 295, parágrafo único, inc. I e II do Código de Processo Civil. 24. Em observância ao princípio da eventualidade, na hipótese de que sejam ultrapassadas as preliminares acima aduzidas, o que se admite apenas a título de argumentação, demonstrará a Ré que quanto ao mérito não assiste razão à Reclamante. MÉRITO DA AUSÊNCIA DE RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA 25. Pretende o reclamante a responsabilidade solidária entre as rés, sob alegação de ter prestado serviços à 2ª por intermédio da 1ª Reclamada. 26. De toda sorte, salienta a 2ªReclamada que, conceitualmente, a responsabilidade solidária é quando o credor pode exigir a satisfação de seu crédito de qualquer um dos devedores de forma integral, consoante disposto no art. 264 do Código Civil: Art. 264. Há solidariedade, quando na mesma obrigação concorre mais de um credor, ou mais de um devedor, cada um com direito, ou obrigado, à dívida toda. 27. Isso porque a responsabilidade versada no art. 455, da CLT não pode ser invocada, uma vez que NÃO se trata aqui de subempreitada. A 2ª Ré exerce, ela mesma, a atividade de construção civil e contratou a primeira Reclamada para atividade específica, firmando contrato por obra certa, sendo, portanto, a dona da obra. Desse modo, não é possível conferir ao referido dispositivo a interpretação dada pelo autor, pois, no máximo, considerar-se-ia a responsabilidade da Contestante como subsidiária. 28. Importante destacar, ainda, que a Lei 13.429/2017, que alterou os dispositivos da Lei 6.019/74, prevê EXPRESSAMENTE que a responsabilidade da Contratante é sempre SUBSIDIÁRIA, nos termos do art. Art. 5ᵒ-A, § 5ᵒ: “Art. 5º-A. Contratante é a pessoa física ou jurídica que celebra contrato com empresa de prestação de serviços determinados e específicos. (...) § 5o A empresa contratante é subsidiariamente responsável pelas obrigações trabalhistas referentes ao período em que ocorrer a prestação de serviços, e o recolhimento das contribuições previdenciárias observará o disposto no art. 31 da Lei no 8.212, de 24 de julho de 1991.” 29. Logo, diante do exposto, inexiste amparo legal para atribui responsabilidade solidária à 2ª Ré. 30. Ademais, não existe nenhuma prova nos autos, para a formação de “Grupo Econômico”, portanto, não configura formação de “Grupo Econômico”, não estando em conformidade com o artigo 2º, § 2º da CLT. 31. Portanto, requer a Ré seja julgado improcedente o pedido de responsabilidade solidária. DA AUSÊNCIA DE RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA 32. Sob a alegação de que prestou serviços à 2ª Reclamada por intermédio da 1ª, o Reclamante pretende seja reconhecida a responsabilidade subsidiária daquela pelas verbas supostamente inadimplidas por esta última. 33. Contudo, não se desincumbiu o Autor em comprovar o período de prestação de serviços em favor da Contestante, ônus que lhe competia por força do art. 818, I, da CLT. 34. Resta, de qualquer forma, afastada a responsabilidade subsidiária de que trata o Enunciado 331 do TST, já que, como é de geral sabença, diz respeito tão somente à hipótese de uma empresa, denominada tomadora do serviço, contratar outra que tem por finalidade o fornecimento de mão de obra contínua. 35. Admitir, portanto, a responsabilidade da 2ª Ré por eventual inadimplemento da 1ª Reclamada de verbas trabalhistas quanto aos supostos funcionários desta importaria em flagrante violação aos mais elementares princípios que regem as relações contratuais e grave comprometimento da segurança jurídica. 36. Assim, nenhuma mácula pode ser atribuída ao negócio jurídico celebrado entre as empresas Rés, a ensejar qualquer responsabilidade da 2ª pelo pagamento de verbas trabalhistas ao Reclamante, mesmo porque, em que pese a fundamentação do reclamante, não se aplica, in casu, a regra contida na Súmula 331, do C. TST. 37. Destaca a ora Contestante que em caso de uma eventual procedência, o que se admite apenas a título de argumentação, deverá ser delimitado ao período comprovado pelo Reclamante, conforme entendimento jurisprudencial abaixo: "RECURSO DE REVISTA. RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. TERCEIRIZAÇÃO LÍCITA. ENTE PRIVADO. LIMITAÇÃO DA CONDENAÇÃO AO PERÍODO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS À RECORRENTE. O TRT entendeu comprovado que o reclamante prestou serviços em favor da recorrente, o que a caracteriza como tomadora, de 1º/12/2009 a 10/2/2011, período pelo qual foi condenada subsidiariamente. Concluiu que está -correta a decisão de origem ao determinar que as tomadoras dos serviços prestados respondam, de forma subsidiária, pelas parcelas devidas pela primeira reclamada ao reclamante relativamente aos períodos definidos na decisão de origem, pois em consonância com o conjunto probatório dos autos-. Diante desse contexto, inviável de reexame por esta Corte, ante o óbice da Súmula nº 126 do TST. As recorrentes são responsáveis subsidiárias pelo adimplemento dos créditos trabalhistas do reclamante, tal como decidido pelo Regional. Constata-se, pois, que a decisão do TRT está em sintonia com a Súmula nº 331, IV, do TST, segundo a qual: "O inadimplemento das obrigações trabalhistas, por parte do empregador, implica a responsabilidade subsidiária do tomador dos serviços quanto àquelas obrigações, desde que haja participado da relação processual e conste também do título executivo judicial." Recurso de revista de que não se conhece. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. AVISO-PRÉVIO INDENIZADO. NÃO INCIDÊNCIA. O aviso-prévio indenizado, como demonstra a própria denominação, tem natureza jurídica indenizatória, pelo que não incide a contribuição previdenciária sobre a parcela. Recurso de revista a que se dá provimento. (TST - RR: 4768320115040012, Relator: Kátia Magalhães Arruda, Data de Julgamento: 01/10/2014, 6ª Turma, Data de Publicação: DEJT 10/10/2014)". 38. Em que pese a falta de elementos para a elaboração de defesa, considerando que a documentação pertinente ao contrato de trabalho do Reclamante, por certo, está em poder do 1o Reclamado, seu empregador, não se absterá o ora Contestante de demonstrar a ausência de plausibilidade das alegações aduzidas na inicial na tentativa de obter o pagamento de verbas indevidas. 39. Por fim, aduz por extrema cautela, que no caso de eventual condenação da 2ª Ré, deverá ser limitado eventualmente comprovado peloAutor, o que se argumenta por amor ao debate e, caso seja a Ré condenada, esta somente poderá ser executada após esgotados todos os meios de execução em face da devedora principal, bem como de seus sócios. DA ALEGAÇÃO DE SALÁRIO EXTRAFOLHA 40. O autor aduz que recebia o valor de R$500,00 extrafolha e, portanto, requer a integração de tais valores no férias, FGTS+40%, décimo terceiro salário e aviso prévio indenizado. 41. Todavia, inexiste prova nos autos do recebimento dos valores alegados, não passando de mera alegação, sendo õnus do Autor a comprovação, nos termos do art. 818, I, da CLT. 42. Frisa-se, ainda, que o Autor era empregado da 1ª Reclamada, sendo essa a responsável por qualquer pagamento destinado à ele. 43. Não obstante, a ora Contestante impugna a alegação do Autor quanto ao salário “por fora”, tendo em vista que tal prática não é realizada pela CIA, e pela 1ª Reclamada. 44. Visto isso, requer a improcedência do pedido autoral. DAS VERBAS RESCISÓRIAS E DESCONTOS REALIZADOS NO TRCT 45. Acusa o Autor que até o presente momento não recebeu as parcelas rescisórias, o que requer nesta oportunidade, bem como restituição dos valores descontados à título de dispensa não remunerada no TRCT. 46. Inicialmente, cumpre salientar que o Autor não comprova nenhuma das narrativas expostas em sua petição inicial, quiçá que não tenha recebido as verbas requeridas, discriminadas no TRCT, qual foi devidamente assinado por ele. 47. Cabia ao Reclamante, em virtude da distribuição do ônus da prova capitulada no artigo 818, I, da CLT, comprovar as alegações constantes de sua peça vestilar, do qual não se desincumbiu. 48. Ressalte-se, ainda, que o contrato de trabalho do Autor era gerido pela 1ª Ré, enquanto sua real empregadora, não possuindo a 2ª Ré qualquer ingerência sobre sua jornada de trabalho, remuneração e quaiquer outros aspectos da relação de emprego, desconhecendo, portanto, a ausência de pagamento das verbas rescisórias e descontos indevidos. 49. Desse modo, requer a improcedência do pedido em comento, sobretudo em face da ora Contestante. DO FGTS + MULTA DE 40% 50. Pretende o Reclamante o pagamento das diferenças de FGTS e multa de 40%, sob alegação de que a Reclamada deixou de efetuar corretamente os depósitos, tendo em vista os valores recebidos por fora. 51. Inicialmente, conforme exposto em linhas ao norte, a Ré impugna severamente as alegações de salário por fora, uma vez que tal prática não é realizada pela CIA e pela 1ª Reclamada, portanto, não há que se falar em diferenças de FGTS e multa de 40%. 52. Ademais, veja que o Autor sequer comprova o recebimento de tais valores, tampouco a ausência de recolhimento de FGTS, ônus que lhe competia por força do art. 818, I, da CLT. 53. Este é o entendimento jurisprudencial nos autos do RO 00459-2006-041-12-00-7, senão vejamos: ‘’DEPÓSITO DO FGTS. APONTAMENTO DE DIFERENÇAS. ÔNUS DA PROVA. A conta vinculada de FGTS é de livre acesso pelo titular. E recaindo suspeita de insuficiência ou incorreção nos valores depositados em sua conta de FGTS, poderão os Reclamantes, antes mesmo do ajuizamento da ação, requerer à CEF o extrato correspondente. Logo, cabe à parte autora apontar a existência de diferenças, em face do disposto no artigo 22, parágrafo primeiro, do Decreto nº 99.684-90 e no artigo 2º da Lei nº 8.406-92, eis que trata-se de fato constitutivo de seu direito (art. 818, I da CLT c-c art. 333 do CPC).” 54. Além disso, como já informado e alegado pelo Reclamante, o mesmo foi contratado pela 1ª Ré, real responsável por todos os pagamentos. 55. Dessa forma, espera o indeferimento do pedido. NÃO CONFIGURAÇÃO DA HIPÓTESE PREVISTA NO ART. 477, § 8º E 467 DA CLT 56. Requer o Reclamante, as multa dos arts. 477 e 467 da CLT, sob alegação de que não recebeu suas verbas rescisórias. 57. Todavia, seguindo o entendimento dos tribunais regionais do trabalho, como se sabe, não é possível a imputação ao tomador de responsabilidade quanto às penalidades em que incorreu o empregador, tais como as previstas nos artigos 467 e 477, § 8º, da CLT, diante da expressa vedação Constitucional de extensão da pena a terceiros. 58. Nesse sentido, imperioso aduzir ainda que Constituição da República consagrou, por meio de seu art. 5º, XLVI, 'c', o princípio da personificação das penas, que dispõe que "nenhuma pena passará da pessoa do condenado". 59. Além disso, como já informado, o Reclamante é empregado da 1ª Ré, laborava em regime intermitente e não laborava para ora Contestante quando da sua demissão. 60. Desse modo, não é possível imputar a Contestante eventual responsabilidade pelo pagamento dessas penalidades. 61. Ademais, não há verba rescisória a ser quitada, posto que conforme ja demonstrado em linhas ao norte. 62. Com relação ao pedido do que trata o art. 467, da CLT deve ser julgado improcedente sendo que somente está autorizada em se tratando de verbas incontroversas, o que definitivamente não é o caso dos autos, valendo conferir, as ementas abaixo selecionadas: TRT-PR-18-01-2012 MULTA DO ART. 467 DA CLT - NÃO CONFIGURAÇÃO - INEXISTÊNCIA DE PARTE INCONTROVERSA DAS VERBAS RESCISÓRIAS. Incontroverso significa aquilo sobre o que não há dúvida, que é incontestável, certo, inconcusso. Daí se pode concluir que deve ser tido como incontroverso o que o empregador acaba confessando que deve, que não foi por ele pago o que, a toda evidência, não é o caso dos autos. Sendo devidamente contestadas as pretensões do reclamante e necessitando de análise as questões suscitadas, verifica-se instaurada a controvérsia. Não há, portanto, como se aplicar a multa do art. 467 da CLT, pois é preciso ausência de animosidade sobre o ponto. Recurso do autor a que se nega provimento. (TRT-9 4402009749908 PR 440-2009-749-9-0-8, Relator: SUELI GIL EL-RAFIHI, 6A. TURMA, Data de Publicação: 18/01/2012) “MULTA DO ART. 467 DA CLT. VERBAS INCONTROVERSAS. PEDIDOS DEVIDAMENTE CONTESTADOS. MULTA INDEVIDA. A reclamada/recorrida contestou todos os pedidos de forma específica, ponto por ponto, em consonância com o princípio da eventualidade não se podendo falar em pedidos incontroversos. Recurso Ordinário improvido neste aspecto. (TRT-19 - RECORD: 708200205619001 AL 00708.2002.056.19.00-1, Relator: Nova Moreira, Data de Publicação: 08/05/2003).” 63. Assim sendo, deve ser julgado improcedente referido pleito. DAS FÉRIAS 64. Pretende o Autor o pagamento das férias, alegando que: “Conforme noticiado, após o Reclamante cobrar as férias vencidas com o devido pagamento, foi imediatamente demitido. Não obstante, conforme TRCT constou as férias do perídio aquisito 20/21 de forma proporcional, observando que são integrais. Não obstante, em relação ao período aquisitivo 2020-2021, cabível o pedido de pagamento em dobro, conforme preceitua o artigo 137 da CLT.” 65. Todavia, observe-se que conforme exposto, o reclamante sequer comprova que de fato as férias não foram quitadas. 66. Ademais, entende a Ré que competia ao Autor comprovar a ausência de gozo das férias, ônus do qual não se desincumbiu, na forma do art. 818, I, da CLT c/c 373, I, do CPC. 67. De toda sorte, conforme documento anexado, as férias do período aquisitvo de 2020/2021, foram devidamente usufruidas e quitadas em tempo. 68. Ademais, frisa-se que as férias não gozadas foram devidamente pagas quando da dispensa do empregado, consoante discriminação no TRCT: 69. Sendo assim, improcedem os pedidos relacionas às férias. DA JORNADA DE TRABALHO – HORAS EXTRAS 70. O Reclamante pretende o pagamento das horas extras acima da 44ª semanal, sob alegação de ter laborado de segunda à sexta-feira das 7h30 às 17h18, estendendo até as 19h, o que impugna a Ré. 71. Fatalmente, a jornada de trabalho deste era de segunda à sexta-feira, das 07h30 às 17h, conforme os documentos ora anexados. 72. A título exemplificativo, abaixo o controle de ponto que ratifica a jornada e frequência informada pela Contestante: 73. Importante ressaltar que que o Reclamante possuía acordo de compensação e prorrogaçãode jornada e que, conforme consta dos holerites e cartões de ponto anexos, toda eventual jornada era devidamente compensada, ao passo que o labor extraordinário era corretamente registrado. 74. É possível, ainda, extrair dos contracheques, que em todos os meses em que há apontamento de horas extras, há também o pagamento correspondente, no percentual e reflexos devidos. Vejamos: 75. Assim, a Contestante se reporta aos demais argumentos acima, não havendo como imputar qualquer condenação em horas extras. 76. Ressalta-se, ainda, que não há que se falar em invalidade do acordo de compensação e nulidade do banco de horas, não havendo amparo fático e legal para tanto, conforme mencionado em linhas ao norte. 77. Com isso, o reclamante não faz jus ao pagamento de horas extraordinárias e incidências nos DSR´s, no aviso prévio, em férias acrescidas do terço, em salários trezenos e FGTS + 40%. 78. Diante disso, requer a Ré a improcedência do pedido em comento. Requer também, que eventual pagamento observe o disposto na Súmula 85, itens III e IV, do C. TST, no que couber. 79. De qualquer forma, em caso de eventual condenação, o que somente se admite por argumentar, restaria afastado o pedido de integração de horas extras nas demais verbas salariais, por tratar-se de verba de cunho indenizatório, condicionada ao labor excedente à jornada diária. 80. Igualmente, não há que se falar em integração das horas extras no RSR, pois o empregado mensalista ou quinzenalista já recebe o repouso semanal remunerado incluído no salário, conforme artigo 7º, parágrafo 2º, da Lei 605/49, e OJ nº 394, da SBDI-1 do TST. 81. O parágrafo 5º do artigo 142, da CLT, e as Súmulas 45, 63 e 172 do TST, que tratam sobre o cômputo das horas extras, nada falam sobre o reflexo no RSR. 82. Desse modo, admitir a repercussão das supostas horas extras no Repouso Semanal Remunerado acabaria por gerar o duplo pagamento pela mesma parcela, o bis in idem, que é veementemente rechaçado pelo ordenamento jurídico. DA INEXISTÊNCIA DE ACÚMULO DE FUNÇÃO 83. O Reclamante alega ter sido admitido para exercer a função de serviços gerais, no entanto, cumulou as funções de motorista e coordenador, requerendo, assim, o percebimento do plus salarial. 84. Inicialmente, a Reclamada impugna expressamente as alegações autorais quanto ao acúmulo de função, considerando que, contrariamente ao que fora afirmado, suas atividades sempre foram as mesmas e executadas de forma única e regular durante o contrato de trabalho. 85. Nesse sentido, nega a Reclamada que o Autor tenha exercido função diversa para qual foi contratado, qual seja: ajudante de serviços gerais. 86. Note-se, ainda, que as alegações do Autor fogem da razoabilidade, não sendo crível que tenha cumulado três funções completamente distintas durante seu contrato de trabalho, funções para as quais existem equipes qualificadas, sendo, ainda, meramente impossível que estivesse em vários postos de trabalho durante o seu horário de trabalho. 87. Indiscutível, a propósito, a distribuição do ônus da prova no caso em análise, a teor do que dispõem os artigos 818, I, da CLT c/c art. 373, I, da CPC, e deste ônus o Autor não se desincumbiu, sendo até mesmo, frágeis as alegações. 88. Em nenhuma hipótese poderia o ajudante de serviços gerais, exercer atividades atinentes a de um coordenador e motorista, desconhecendo a Ré, inclusive, qualificação do Autor para tanto, incumbindo ao mesmo comprovar suas alegações, ônus que lhe incumbe por força do art. 818, I da CLT. 89. Indiscutível, a propósito, a distribuição do ônus da prova no caso em análise, a teor do que dispõem os artigos 818, da CLT, e deste ônus o Autor não se desincumbiu, sendo até mesmo, frágeis as alegações. 90. Além disso, enfatiza a Reclamada que não há respaldo legal para eventual pretensão do Autor, uma vez que, em conformidade com o que dispõe o art. 456, da CLT, o empregado se obrigou a todo e qualquer serviço compatível com a sua condição pessoal, pois, como é cediço, no presente, processam-se diversas alterações no contrato de trabalho, e essas, por sua vez, são prerrogativas empresariais decorrente do poder diretivo do empregador, que lhe confere o direito de ajustar, adequar e até mesmo alterar as circunstâncias e critérios da prestação laborativa do obreiro, desde que respeitada à ordem normativa ou contratual, principalmente as cláusulas e vantagens vigentes quando da contratação do empregado. 91. Nesse diapasão são os julgados abaixo transcritos: “ACÚMULO DE FUNÇÕES. ACRÉSCIMO SALARIAL. INDEVIDO. Exercício de funções mais amplas do que as constantes do contrato de trabalho, dentro de uma mesma jornada e para o mesmo empregador, não implica acréscimo de salário.” (TRT 2 – RO -00027698320135020053, 17ª turma, Relator Álvaro Alves Nôga, Publ. 25.06.2015) ACÚMULO DE ATRIBUIÇÕES DENTRO DA JORNADA. COMPATIBILIDADE. INEXISTÊNCIA DE ACÚMULO DE FUNÇÕES. DIFERENÇAS SALARIAIS INDEVIDAS. Não caracteriza acúmulo de funções o desempenho pelo obreiro, dentro da mesma jornada de trabalho, de atribuições que guardam nítida compatibilidade funcional, mormente se não houver substancial aumento de trabalho, visto que a designação das referidas atividades está dentro do poder diretivo do empregador, inexistindo ilegalidade, ou o direito ao recebimento de dois ou mais salários. Ademais, consoante a melhor doutrina e jurisprudência, na hipótese de acúmulo de funções dentro da mesma jornada de trabalho, o empregado faz jus ao maior salário e não à remuneração correspondente a ambas as funções. Tal entendimento mostra-se benéfico ao obreiro, visto que ele receberá todo o período trabalhado sempre com base no maior salário, mesmo que em parte do tempo desempenhe a função de menor complexidade e remuneração. Certifico e dou fé que em sessão ordinária hoje realizada, sob a Presidência do Excelentíssimo Desembargador ELVECIO MOURA DOS SANTOS, com a presença dos Excelentíssimos Desembargador PAULO SÉRGIO PIMENTA e Juíza convocada WANDA LÚCIA RAMOS DA SILVA, presente também a Excelentíssima Procuradora do Trabalho Drª CIRÊNI BATISTA RIBEIRO, DECIDIU a 2ª Turma do Tribunal Regional do Trabalho da 18ª Região, por unanimidade, conhecer do recurso e dar-lhe parcial provimento, nos termos do voto do relator. Certidão publicada em substituição ao (TRT-18 1458200919118004 GO 01458-2009-191-18-00-4, Relator: ELVECIO MOURA DOS SANTOS, Data de Publicação: DJ Eletrônico Ano III, Nº 224 de 10.12.2009, pág.10.) 92. É de se concluir, portanto, que não há amparo legal para a pretendida diferença salarial resultante de acúmulo de função, eis que: (i) inexistente no nosso ordenamento jurídico vigente; (ii) não verifica sobrecarga; (iii) caberia, no mínimo, comprovar a sobrecarga, sobre o que inexiste comprovação. 93. Ademais, não há qualquer respaldo para o percentual aleatório de 30% apontado pelo reclamante. 94. E se não existe lei assegurando o pedido do empregado, cumpre à Reclamada invocar princípio de direito, segundo o qual: “Ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei” (CF/88 – art. 5º, II) 95. Registre-se novamente que o acúmulo de funções tem como característica a sobrecarga de trabalho, desempenho de atribuição que não seja precípua à função para a qual o empregado foi contratado, o que fatalmente não é o caso do Reclamante. 96. Assim, deve ser julgado improcedente o pedido. DO ADICIONAL DE INSALUBRIDADE 97. Informa o reclamante que durante todo o contrato de trabalho, laborou em ambiente insalubre, alegando que: “a atividade do Reclamante era insalubre, diante dos produtos utilizados, eis que realizava a limpeza dos apartamentos com obras concluídas para entrega aos compradores. Gize-se que o mesmo não utilizava nenhum EPI, eis que não fornecidos pela Reclamada, utilizando além dos produtos de limpeza convencionais, acido para retirar o c2 (cimento cola) das cerâmicas e tinner para remoção de marcas de tintas das fechaduras, maçanetas e rodapés.” 98. Inicialmente, não comprovouo Reclamante que as atividades exercidas por ele estão enquadradas nas atividades insalubres de acordo com as normas regulamentadoras editadas pelo Ministério do Trabalho, tampouco se estava exposto aos agentes nocivos de forma habitual e permanente, ou ocasional e intermitente, bem como o grau de insalubridade a que supostamente estava exposto. 99. Dessa forma, carece de amparo fático e legal o pedido de condenação das Rés no pagamento do adicional de insalubridade. 100. Tanto é assim, que não há nos autos qualquer demonstração de que, de fato, o Autor desempenhasse suas atividades em condições nocivas à saúde, tampouco se desincumbiu de demonstrar que o suposto contato era habitual. 101. Não bastasse isso, considerando o Reclamante entender fazer jus ao recebimento do adicional de insalubridade, como já dito acima, cabe a este o ônus de tal prova, nos termos do artigo 818, I, da CLT, o que, todavia, somente poderá ser apurado através de perícia técnica, nos termos do artigo 195, da CLT. Art. 195. A caracterização e a classificação da insalubridade e periculosidade, segundo as normas do Ministério do Trabalho, far-se-ão através de perícia a cargo de Médico do Trabalho ou Engenheiro do Trabalho, registrados no Ministério do Trabalho. (...) § 2º Argüida em juízo insalubridade ou periculosidade, seja por empregado, seja por sindicato em favor do grupo de associados, o juiz designará perito habilitado na forma deste artigo e, onde não houver, requisitará perícia ao órgão competente do Ministério do Trabalho.” (grifos nossos) 102. Sendo assim, não há que se falar em pagamento do adicional pretendido pelo Autor, e, por conseguinte, dos reflexos pleiteados. 103. Além disso, informa a ora Contestante que todos os funcionários e prestadores SEMPRE receberam corretamente os equipamentos de proteção, havendo a devida fiscalização do técnico de segurança, de modo que qualquer desrespeito a esse procedimento é imediatamente reportado aos superiores hierárquicos para que novamente salientem a importância do uso dos Equipamentos de Proteção Individuais, sempre visando prevenir acidentes de trabalho e manter o bem-estar e segurança de todos os colaboradores. 104. Logo, improcede o pedido em comento. INDEVIDOS DANOS MORAIS 105. O Reclamante pretende o pagamento de indenização por danos morais sob alegação de: “cumpre referir que por diversas vezes o Reclamante se submeteu a situação de trabalho constrangedora e humilhante ante a necessidade de emprego. Ainda Excelência, o fato de receber salário por fora, realizar tarefas além de sua contratação e sequer ter recebido valores do TRCT, tampouco férias e aviso prévio indenizado, por si só, enseja a condenação da mesma ao pagamento de indenização por dano moral, observando que no caso em comento sequer ocorreu o pagamento integral das verbas contidas no TRCT.” 106. Não obstante, faz-se necessário comprovar não só o ato ilícito, mas, principalmente, o dano a ser reparado e o nexo causal com o suposto trabalho realizado em favor da Contestante, o que claramente não foi demonstrado pela Reclamante no caso em tela. 107. Como se sabe, a pretensão indenizatória por danos morais deve ter espeque num ato ilícito que causa dano a outrem. Não configurada tal hipótese, não se há que falar em indenização por dano moral. 108. O Prof. YUSSEF SAID CAHALI, por sua vez, em sua obra “DANO MORAL”, Editora Revista dos Tribunais, 23 edição, 23 Tiragem, pág. 702, adverte que: "Como em qualquer área da responsabilidade civil, põe-se em evidência como pressuposto da obrigação de reparar o dano moral o nexo de causalidade entre a ação ou omissão voluntária e o resultado lesivo; neste sentido, aliás; a regra geral do art. 159 do CC." (gn) " (...) em sede indenizatória por danos patrimoniais e morais, mesmo levando-se em conta a teoria da distribuição do ônus da prova, a cabência desta está ao encargo do autor a provar.o nexo causal constituidor da obrigação existindo causalidade jurídica, ausente está a relação de causa e efeito, mesmo porque actore non probante, reusabsolvitur”. (gn) 109. A Constituição Federal, no seu art. 5°, inciso X, conforme já mencionado, enumera as hipóteses protegidas contra o dano moral, como sendo a honra, a imagem e a intimidade da pessoa. Daí, não poder o Julgador realizar interpretação ampliativa do preceito constitucional para albergar a pretensão posta nesta demanda, na qual os autores não provaram qualquer dano, mormente o dano moral. 110. Por não demonstrado dano moral à Reclamante no período em que a Ré foi tomadora do serviço, requer a improcedência do respectivo pedido indenizatório. 111. De toda sorte, caso assim não se entenda, espera a Reclamada a aplicação do art. 223-G, da CLT, a fim de observar os requisitos que ensejam o dever de indenizar, bem como os limites de valores inseridos no parágrafo primeiro. 112. Requer, outrossim, que sejam observados os princípios da razoabilidade e proporcionalidade no valor atribuído, impugnando, desde já, o valor pretendido pelo reclamante em sua inicial. 113. Por todas as razões expendidas, improcede o pedido de indenização por danos morais, eis que inexistente os requisitos essenciais. DOS HONORÁRIOS ADVOCATICIOS 1. 1. 1. 1. 1. 1. 1. 1. 1. 1. 1. 1. 1. 1. 1. 1. 1. 1. 1. 1. 1. 1. 1. 1. 1. 1. 1. 1. 1. 1. 1. 1. 1. 1. 1. 114. Com relação aos honorários de sucumbência pretendidos pelo Reclamante, na remota hipótese de ser julgado procedente o pedido principal, requerem as Rés, que estes sejam fixados em patamar mínimo, tendo em vista a ausência de complexidade da demanda. 115. Sabe-se que quando do deferimento da verba pretendida, devem ser observados diversos critérios devidamente capitulados no artigo 791-A, § 2º da CLT, como “a natureza e a importância da causa” e “o trabalho realizado pelo advogado e o tempo exigido para o serviço”. 116. Neste sentido é o artigo consolidado: “§ 2º - Ao fixar os honorários, o juízo observará: I – o grau de zelo professional; II – o lugar de prestação de serviço; III – a natureza e a importância da causa; IV – o trabalho realizado pelo advogado e o tempo exigido para o seu serviço”. 1. 1. 1. 1. 1. 1. 1. 1. 1. 1. 1. 1. 1. 1. 1. 1. 1. 1. 1. 1. 1. 1. 1. 117. Além disso, deverá o Reclamante pagar honorários sucumbenciais ao patrono que subscreve a presente defesa, em caso de sucumbência total, ou parcial, no mesmo percentual acima aduzido. LIMITAÇÃO DOS PEDIDOS 118. O art. 840, §1º, CLT dispõe que o pedido deve ser certo, determinado e com indicação do seu valor: Art. 840 - A reclamação poderá ser escrita ou verbal. § 1o Sendo escrita, a reclamação deverá conter a designação do juízo, a qualificação das partes, a breve exposição dos fatos de que resulte o dissídio, o pedido, que deverá ser certo, determinado e com indicação de seu valor, a data e a assinatura do reclamante ou de seu representante. 119. É evidente que o propósito do legislador infraconstitucional, ao redigir o referido dispositivo legal, não tinha como única pretensão que o litigante liquidasse seus pedidos, para fins de adequação do rito processual, pois esse procedimento já era feito antes das alterações promovidas pela Lei nº 13.467/2017. 120. A finalidade do legislador infraconstitucional era a de limitar a lide e a pretensão autoral, seja para fixação da reciprocidade da sucumbência, seja para limitar os efeitos da condenação. Entendimento em sentido contrário viola, flagrantemente, o princípio da congruência, esculpido no art. 492, CPC: Art. 492. É vedado ao juiz proferir decisão de natureza diversa da pedida, bem como condenar a parte em quantidade superior ou em objeto diverso do que lhe foi demandado. 121. Desse modo, em caso de procedência da ação, os valores eventualmente deferidos ao Autor devem se limitar à quantificação por ele apresentada, sob pena de decisão ultra petita. 122. A jurisprudência milita favoravelmente à tese patronal: RECURSO DE REVISTA DA 1ª RECLAMADA. JULGAMENTO ULTRA PETITA.LIMITES DA CONDENAÇÃO. VALORES EXPRESSAMENTE INDICADOS NA PETIÇÃO INICIAL. Os foram apresentados de forma líquida. Desse modo, os valores principais apurados em liquidação não poderão ultrapassar os pedidos na inicial em cada título deferido, nos termos dos artigos 141 e 492 do CPC/2015. Precedentes. Recurso de revista que se conhece e que se dá provimento. (AIRR – 2354-08.2013.5.015.0096, Relatora Desembargadora Convocada: Cilene Ferreira Amaro Santos, 6ª Turma, Data de Publicação, 12.04.2019) 123. Logo, pugna-se para que este juízo, na remota hipótese de procedência do feito, limite à condenação aos valores liquidados pelo autor em sua petição vestibular. DOS RECOLHIMENTOS FISCAIS E PREVIDENCIÁRIOS 124. Em relação aos recolhimentos fiscais espera a Ré seja aplicado o disposto no art. 46 da Lei n° 8541/92, haja vista que o imposto incidente sobre os rendimentos pagos em cumprimento de decisão judicial deverá ser “retido na fonte pela pessoa física ou jurídica obrigada ao pagamento, quando, por qualquer forma, o rendimento se torne disponível para o beneficiário”. 125. Já no que concerne aos recolhimentos previdenciários, deverão ser observados os critérios insertos no art. 276 do Decreto nº 3.048/1999, observando-se as quotas-parte do empregado e do empregador. 126. Em consonância com o exposto é o entendimento do C. TST, contido na Súmula 368: DESCONTOS PREVIDENCIÁRIOS E FISCAIS. COMPETÊNCIA. RESPONSABILIDADE PELO PAGAMENTO. FORMA DE CÁLCULO (redação do item II alterada na sessão do Tribunal Pleno realizada em 16.04.2012) - Res. 181/2012, DEJT divulgado em 19, 20 e 23.04.2012 I - A Justiça do Trabalho é competente para determinar o recolhimento das contribuições fiscais. A competência da Justiça do Trabalho, quanto à execução das contribuições previdenciárias, limita-se às sentenças condenatórias em pecúnia que proferir e aos valores, objeto de acordo homologado, que integrem o salário de contribuição. (ex-OJ nº 141 da SBDI-1 - inserida em 27.11.1998 ) II - É do empregador a responsabilidade pelo recolhimento das contribuições previdenciárias e fiscais, resultante de crédito do empregado oriundo de condenação judicial, devendo ser calculadas, em relação à incidência dos descontos fiscais, mês a mês, nos termos do art. 12-A da Lei nº 7.713, de 22/12/1988, com a redação dada pela Lei nº 12.350/2010. III - Em se tratando de descontos previdenciários, o critério de apuração encontra-se disciplinado no art. 276, §4º, do Decreto n º 3.048/1999 que regulamentou a Lei nº 8.212/1991 e determina que a contribuição do empregado, no caso de ações trabalhistas, seja calculada mês a mês, aplicando-se as alíquotas previstas no art. 198, observado o limite máximo do salário de contribuição. (ex-OJs nºs 32 e 228 da SBDI-1 – inseridas, respectivamente, em 14.03.1994 e 20.06.2001) DOS JUROS E CORREÇÃO MONETÁRIA 127. No que se refere aos juros e correção monetária, considerando o tema pacificado pelo E. STF, em recente decisão proferida nos autos da Ação Direta de Constitucionalidade nº 58, tornou-se compulsória a aplicação do Índice Nacional de Preço ao Consumidor Amplo Especial – IPCA-E somente na fase pré-judicial, sendo a partir do ajuizamento da ação, aplicável tão somente a correção pela taxa SELIC. 128. Naquela decisão, restou definido que diante da omissão quanto aos índices de correção monetária e juros nas decisões já transitadas em julgado, também deve ser adotado o critério de atualização ali definido. Confira-se: “Decisão: O Tribunal, por maioria, julgou parcialmente procedente a ação, para conferir interpretação conforme à Constituição ao art. 879, § 7º, e ao art. 899, § 4º, da CLT, na redação dada pela Lei 13.467 de 2017, no sentido de considerar que à atualização dos créditos decorrentes de condenação judicial e à correção dos depósitos recursais em contas judiciais na Justiça do Trabalho deverão ser aplicados, até que sobrevenha solução legislativa, os mesmos índices de correção monetária e de juros que vigentes para as condenações cíveis em geral, quais sejam a incidência do IPCA-E na fase pré-judicial e, a partir da citação, a incidência da taxa SELIC (art. 406 do Código Civil), nos termos do voto do Relator, vencidos os Ministros Edson Fachin, Rosa Weber, Ricardo Lewandowski e Marco Aurélio. Por fim, por maioria, modulou os efeitos da decisão, ao entendimento de que (i) são reputados válidos e não ensejarão qualquer rediscussão (na ação em curso ou em nova demanda, incluindo ação rescisória) todos os pagamentos realizados utilizando a TR (IPCA-E ou qualquer outro índice), no tempo e modo oportunos (de forma extrajudicial ou judicial, inclusive depósitos judiciais) e os juros de mora de 1% ao mês, assim como devem ser mantidas e executadas as sentenças transitadas em julgado que expressamente adotaram, na sua fundamentação ou no dispositivo, a TR (ou o IPCA-E) e os juros de mora de 1% ao mês; (ii) os processos em curso que estejam sobrestados na fase de conhecimento (independentemente de estarem com ou sem sentença, inclusive na fase recursal) devem ter aplicação, de forma retroativa, da taxa Selic (juros e correção monetária), sob pena de alegação futura de inexigibilidade de título judicial fundado em interpretação contrária ao posicionamento do STF (art. 525, §§ 12 e 14, ou art. 535, §§ 5º e 7º, do CPC) e (iii) igualmente, ao acórdão formalizado pelo Supremo sobre a questão dever-se-á aplicar eficácia erga omnes e efeito vinculante, no sentido de atingir aqueles feitos já transitados em julgado desde que sem qualquer manifestação expressa quanto aos índices de correção monetária e taxa de juros (omissão expressa ou simples consideração de seguir os critérios legais), vencidos os Ministros Alexandre de Moraes e Marco Aurélio, que não modulavam os efeitos da decisão. Impedido o Ministro Luiz Fux (Presidente). Presidiu o julgamento a Ministra Rosa Weber (Vice-Presidente). Plenário, 18.12.2020 (Sessão realizada por videoconferência - Resolução 672/2020/STF).” (g.n.) 129. Desta forma, deverá ser aplicada o entendimento do STJ na ADC 58 para fins de atualização, ou seja, IPCA-E na fase pré-judicial e Selic a partir do ajuizamento da ação. TEORIA DA DISTRIBUIÇÃO DINÂMICA DAS PROVAS 130. Importante destacar, com o advento do Novo Código de Processo Civil, a necessidade de observância, seja qual for o objeto em análise, a exceção contida no art. 818, I, §1º, da CLT, acerca da distribuição do ônus da prova, prescindirá de fundamentação e oportunidade de realização da prova, sob pena de violação ao exercício do contraditório e da ampla defesa. EXIBIÇÃO DE DOCUMENTOS 131. Ressalta a Reclamada que o art. 396, do CPC/2015 aduz que apenas o juiz é quem determina a juntada de documentos que entender necessário, assim, nesta oportunidade, junta-se a documentação pertinente ao processo. COMPENSAÇÃO/DEDUÇÃO 132. Ad cautelam, na remota e improvável hipótese de deferimento de alguma verba ao Reclamante, requer sejam deduzidos/compensados os valores pagos pela primeira reclamada sob o mesmo título, a fim de se evitar o bis in idem e o enriquecimento ilícito, situações repudiadas nessa Justiça Especializada. CONCLUSÃO 133. Ante o exposto, requer, inicialmente, seja acolhida a preliminar acima suscitada e, no mérito, seja julgado improcedente o pedido autoral, condenando o Autor nas custas atinentes a presente demanda, nos termos das razões acima expostas. 134. Por fim, na remota hipótese desta ação ser julgada procedente, requer seja determinada eventual compensação/dedução dos valores pagos ao Reclamante sob idêntico título. 135. Protesta pela produção de prova testemunhal, depoimento pessoal do Autor, além de documentação complementar. 136. Finalmente, a advogada que subscreve a presente defesa, declara a autenticidade dos documentos ora juntados, na forma do art. 830, da CLT. Nestes termos, P. Deferimento. São Paulo, 22 de setembro de 2022. MARTA ALVES OAB/RJ 150.162 7