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Saúde do trabalhador_

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Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA
Introdução
O trabalho é entendido como um processo dinâmico entre trabalhador, ambiente, métodos produtivos, relações psicossociais e éticas, resultando em um produto ou atividade.
· Ocupa grande parte da vida das pessoas, influencia diretamente na qualidade de vida e pode levar à realização pessoal ou desencadear sofrimento e doenças.
Trabalhador é toda pessoa que realiza uma atividade de trabalho no mercado formal ou informal, inclusive na forma de trabalho familiar e doméstico.
Atestado médico para afastamento do trabalho é um direito da pessoa doente e, muitas vezes, faz parte do tratamento.
· Resolução no 1.488, de 11 de fevereiro 1998, do CFM
· Repouso faz parte do tratamento, bem como o afastamento dos agentes agressivos. 
O médico também deve fornecer laudos, pareceres e relatórios de exame médico e dar encaminhamentos para benefício da pessoa e, quando requerido por ele, colocar à disposição tudo o que se refira ao seu atendimento, em especial cópia dos exames e do prontuário médico. Além disso, a Resolução discorre sobre o estabelecimento de nexo causal entre doenças e atividades do trabalhador, as atribuições dos médicos do trabalho e dos médicos-peritos
A saúde ocupacional é atribuição do Sistema Único de Saúde (SUS) e definida no artigo 6º da Lei Orgânica da Saúde (Lei no 8.080/1990).
Normas Reguladoras
NR 4 – Serviços especializados em engenharia de segurança e em medicina do trabalho
Estabelece a obrigatoriedade das empresas públicas e privadas, que possuam empregados com CLT, de organizarem e manterem em funcionamento serviços especializados em engenharia de segurança e em medicina do trabalho (SESMT), → promover a saúde e proteger a integridade do trabalhador no local de trabalho. 
· O dimensionamento dos SESMT vincula-se à gradação do risco (1-4, em ordem crescente) da atividade principal e ao número total de empregados do estabelecimento.
NR 6 – Equipamento de proteção individual
Estabelece e define os tipos de equipamentos de proteção individual (EPIs) que as empresas estão obrigadas a fornecer, gratuitamente, a seus empregados, sempre que as condições de trabalho assim exigirem, a fim de resguardar a saúde e a integridade física dos trabalhadores. 
· EPI é todo dispositivo ou produto, de uso individual utilizado pelo trabalhador, destinado à proteção de riscos suscetíveis de ameaçar a segurança e a saúde no trabalho.
· Óculos, capacete, protetor auditivo, luvas, vestimentas, calçados, cinturão, respirador purificador de ar, entre outros.
· O EPI só pode ser vendido e utilizado se tiver indicação do Certificado de aprovação (CA) expedido pelo órgão nacional competente em matéria de segurança e saúde no trabalho do Ministério do Trabalho e Emprego.
NR 7 – Programa de controle médico de saúde ocupacional
Institui a obrigatoriedade de elaboração e implementação, por parte de todos os empregadores e instituições que admitam trabalhadores como empregados, do Programa de controle médico de saúde ocupacional (PCMSO), com o objetivo de promoção e preservação da saúde do conjunto dos seus trabalhadores. → Deve considerar as questões individuais e coletivas e a relação entre saúde e o trabalho, além de ser planejado com base nos riscos à saúde dos trabalhadores previstos nas demais NRs e incluir, entre outros, a realização obrigatória dos exames médicos:
· Admissional → Realizado antes que o trabalhador inicie suas atividades.
· Periódico → Na maioria das vezes, anual, para menores de 18 e maiores de 45 anos de idade, e a cada 2 anos, para os trabalhadores entre 18 e 45 anos de idade. → Realizado a cada ano ou a intervalos menores para trabalhadores expostos a riscos ou a situações que impliquem o desencadeamento ou o agravamento de doença ocupacional, ou para aqueles que sejam portadores de doenças crônicas ou trabalhem em condições hiperbáricas, de acordo com a NR 15 (Atividades e Operações Insalubres).
· De retorno ao trabalho → Obrigatoriamente realizado no primeiro dia da volta ao trabalho de trabalhador ausente por período igual ou superior a 30 (trinta) dias, por motivo de doença ou acidente, de natureza ocupacional ou não, ou depois do parto.
· De mudança de função → Obrigatoriamente realizado antes da data da mudança de função e que implique a exposição do trabalhador a risco diferente daquele a que estava exposto antes da mudança.
· Demissional → Obrigatoriamente realizado até a data da homologação, desde que o último exame médico ocupacional tenha sido realizado há mais de 135 (cento e trinta e cinco) dias para as empresas com grau de risco menor, e há mais de 90 (noventa) dias para empresas de grau de risco maior.
O atestado de saúde ocupacional e os exames citados devem ser realizados por médico do trabalho, coordenador do PCMSO ou por médico nomeado por este. O médico que fornecer o atestado pode responder civil e criminalmente por qualquer agravo que venha a ocorrer à saúde do trabalhador. Além disso, os custos de todos os exames devem ser pagos pelo empregador.
NR 9 – Programa de Prevenção de Riscos Ambientais
Obrigatoriedade da elaboração e implementação do Programa de Prevenção de Riscos Ambientais, visando à preservação da saúde e da integridade dos trabalhadores, por meio da antecipação, do reconhecimento, da avaliação e consequente controle da ocorrência de riscos ambientais existentes ou que venham a existir no ambiente de trabalho, tendo em consideração a proteção do meio ambiente e dos recursos naturais.
Fatores de risco ambiental:
· Agentes físicos → ruído, vibrações, pressões anormais, temperaturas extremas, radiações ionizantes, radiações não ionizantes, bem como o infrassom e o ultrassom.
· Agentes químicos → as substâncias, os compostos ou os produtos que possam penetrar no organismo pela via respiratória, nas formas de poeiras, fumos, névoas, neblinas, gases ou vapores, ou que, pela natureza da atividade de exposição, possam ter contato ou ser absorvidos pelo organismo através da pele ou por ingestão. Ex: chumbo, tolueno, xileno, dióxido de carbono, níquel, benzeno, asbesto, sílica, mercúrio, etc.
· Agentes biológicos → bactérias, fungos, parasitas, protozoários, vírus.
NR 15 – Atividades e operações insalubres
Descreve as atividades, as operações e os agentes insalubres, inclusive seus limites de tolerância, definindo as situações que caracterizem o exercício insalubre, e também os meios de proteger os trabalhadores de tais exposições nocivas à sua saúde. São exemplos: aquelas em que os trabalhadores possam ser expostos a radiações ionizantes, trabalho sob condições hiperbáricas, ruído contínuo ou intermitente e exposição ao calor, entre outros.
NR 17 – Ergonomia
Ergonomia → estudo científico interdisciplinar do ser humano e da sua relação com o ambiente de trabalho.
A NR 17 estabelece parâmetros que permitam a adaptação das condições de trabalho às condições psicofisiológicas dos trabalhadores → proporcionar um máximo de conforto, segurança e desempenho eficiente. 
As condições de trabalho incluem aspectos relacionados ao levantamento, ao transporte e à descarga de materiais, ao mobiliário, aos equipamentos e às condições ambientais do posto de trabalho e à própria organização do trabalho.
· Prevenção das lesões por esforço repetitivo ou doenças osteomusculares relacionadas ao trabalho (LER/DORT) com elevada prevalência entre as doenças ocupacionais (5-30%).
NR 32 – Segurança e saúde no trabalho em estabelecimentos de saúde
Estabelece diretrizes básicas para a implementação de medidas de proteção à segurança e à saúde dos trabalhadores dos serviços de saúde, bem como daqueles que exercem atividades de promoção e assistência à saúde em geral. 
· Serviço de saúde → edificação destinada à prestação de assistência à saúde da população (hospitais, ambulatórios, laboratórios, clínicas de diagnósticos, farmácias, instituições de longa permanência para idosos, clínicas de vacinas, fisioterapia, práticasintegrativas, entre outras) e todas as ações de promoção, recuperação, assistência, pesquisa e ensino em saúde em qualquer nível de complexidade. 
· Quaisquer trabalhadores que exerçam atividades nessas edificações, com ou sem relação com a promoção e a assistência à saúde, são abrangidos → atividade de limpeza, lavanderia, reforma e manutenção.
🚨 Inclui orientações sobre vacinação, utilização de EPI, vestimentas, treinamentos na utilização de materiais e riscos ocupacionais, rotinas de trabalho, higiene e prevenção de acidentes, entre outros aspectos, e deve ser respeitada nos ambulatórios onde o médico de família e comunidade atua.
Rede Nacional de Atenção Integral à Saúde do Trabalhador - SUS
· Portaria GM/MS no 2.437 → aprofundamento da institucionalização e do fortalecimento da saúde do trabalhador no âmbito do SUS. 
· RENAST 
· Articula-se de forma interdisciplinar, utilizando-se de instrumentos, saberes, tecnologias originadas de diferentes áreas do conhecimento e em diferentes níveis de atenção complementares entre si.
Nível primário
· Estratégia Saúde da Família (ESF) e outras Unidades Básicas de Saúde (UBS) (porta de entrada no sistema de saúde) – prevenção, identificação, tratamento, estabelecimento de nexo causal entre patologia e trabalho, vigilância e notificação de agravos à saúde do trabalhador.
Nível secundário
· Centros de referência em saúde do trabalhador (CEREST) – estaduais (capitais) e regionais (municípios-polo) – centro articulador e organizador no seu território de abrangência, das ações intra e intersetoriais de saúde do trabalhador, com função de retaguarda técnica e como polos irradiadores de ações e ideias de vigilância em saúde, de caráter sanitário e de base epidemiológica.10
Nível terciário 
· Rede assistencial de média e alta complexidade – Serviços-sentinela (clínicas e hospitais conveniados) para tratamento e reabilitação.
Prevenção em Saúde Ocupacional
Prevenção coletiva
· Considera as características do território e da população adstrita. → Inclui dados atualizados sobre o diagnóstico da comunidade e sobre o mapeamento da área, evitando risco de as ações realizadas não atingirem o impacto esperado naquela população. 
Dados importantes na prevenção coletiva:
· População economicamente ativa na área → pessoas de 10 a 65 anos de idade ocupadas ou desocupadas, mas procurando emprego.
· Setores e atividades produtivas existentes no território (comércio, indústria, agricultura, etc.) e avaliação dos riscos ocupacionais.
· Existência ou não de trabalho infantil → crianças e adolescentes menores de 16 anos que realizam qualquer atividade de trabalho, independente de remuneração.
· Doenças de origem ocupacional na área e acidentes de trabalho.
· Número de pessoas em auxílio-doença ou aposentadas por invalidez.
Análise dos dados → visão geral da relação entre trabalho, saúde e adoecimento na população assistida. → Profissionais das equipes precisam de capacitação adequada em saúde ocupacional por parte das Secretarias de Saúde dos Municípios e dos CERESTs. 
· O treinamento das equipes possibilita o encaminhamento correto das demandas aos órgãos competentes (CEREST, Delegacia Regional do Trabalho, Instituto Nacional do Seguro Social [INSS], Ministério Público, Conselho Tutelar) e a possível resolução dos problemas.
Prevenção individual
Tem como recurso a história clínica, os exames complementares e o aconselhamento pessoal durante as consultas. Incorporada ao primeiro está a anamnese ocupacional, acessível ao médico de família e que sistematiza, por meio de perguntas básicas, aspectos do trabalho importantes no estudo da situação ou agravo.
· Possibilita o diagnóstico da doença ocupacional, o tratamento adequado, o acesso aos benefícios da previdência social, orienta sobre as possibilidades de retorno, necessidade de reabilitação profissional e aciona as ações de vigilância para melhoria das condições sanitárias do ambiente de trabalho.
· Ver no fim como dever ser feita
Queixas Dermatológicas
As dermatoses relacionadas ao trabalho podem afetar mucosas, pele e anexos, por ação direta ou indireta de agentes químicos irritantes (óleos de corte, cimento, detergentes) ou alérgenos (níquel, cromo, aditivos da borracha), assim como biológicos (bactérias, fungos, insetos) ou físicos (radiações, frio, calor).
· Maioria irritativa de contato → não precisa de sensibilização prévia, pois não envolvem eventos imunológicos
· Quadro clínico varia de acordo com o agente irritante, concentração, tempo de exposição e periodicidade do contato. 
· Não é indicado os testes epicutâneos.
Ressecamento da pele e surgimento de fissuras são os primeiros sinais. Em seguida, podem evoluir para eritema, descamação, pápulas, vesículas, espessamento da pele. Em contato com os agentes irritantes fortes (o cimento é o principal exemplo) podem surgir ulcerações rasas ou profundas já no primeiro contato. As lesões não se estendem para outras partes do corpo, além da região do contato direto. O afastamento da exposição é o melhor tratamento.
Desenvolvimento de dermatite alérgica após contato com metais, cosméticos, borrachas, fármacos, plantas, alimentos e produtos químicos → comum!
· Prurido como principal diferencial da dermatite alérgica.
· Pode haver remissão total do quadro e desencadeamento posterior, com um período entre a exposição inicial e o aparecimento da dermatite de 5 a 21 dias
· Fase aguda → eritema, edema e vesículas durante a fase aguda. 
· Fase crônica → formam-se crostas serosas, algumas vezes com liquenificação. 
· Podem ocorrer lesões em pontos distantes
· Os testes epicutâneos (patch tests) podem ser úteis para a identificação dos alérgenos.
Tratamento tópico → substâncias adstringentes (compressa com solução salina ou permanganato de potássio), na fase da exsudação e vesículas, substâncias emolientes (vaselina, óleo mineral), para reduzir o ressecamento e o prurido, e corticoides tópicos (hidrocortisona, dexametasona, betametasona, em ordem crescente de potência).
Tratamento sistêmico → APS → antibióticos (cefalexina, eritromicina) durante infecção secundária extensa; anti-histamínicos (hidroxizine, loratadina) para alívio do prurido; e corticoides sistêmicos (prednisona) na fase aguda das exacerbações graves.
Queixas Auditivas
A lesão das células cocleares, resultante da exposição ao estímulo sonoro em excesso (ou a alguns agentes químicos), quando relacionada ao trabalho, é chamada de perda auditiva induzida por ruído (PAIR). 
· Exposição acima de 85dB por 8 horas diárias, principalmente a ruídos contínuos. 
· Perda é progressiva → maior nos primeiros 10 a 15 anos de exposição.
· Perda sempre neurossensorial e bilateral. 
· Teste com diapasão → má condução aérea e óssea. 
· Pessoa não escuta bem sua própria voz e não consegue graduar sua intensidade, falando alto. 
· Podem aparecer zumbido e intolerância a sons intensos.
🚨Alguns efeitos não auditivos podem fazer parte das queixas do indivíduo com PAIR, como alterações do sono, do comportamento (cronicamente “estressado”), distúrbios vestibulares, neurológicos ou digestórios.
História de exposição ocupacional a ruído → suspeita de perda auditiva → avaliação audiológica (audiometria tonal, logoaudiometria e imitânciometria). 
Uma vez cessada a exposição, a PAIR não progride. Não existe tratamento, mas deve-se realizar reabilitação em atenção secundária, além de manter avaliações audiológicas periódicas.
Queixas Respiratórias
Um dos principais pontos é a identificação do tipo de poeira a que o profissional foi exposto. 
· Poeiras consideradas inertes → baixo potencial fibrogênico 
· Poeiras fibrogênicas → maioria
· Trabalhador exposto à poeira mineral → acompanhamento radiológico e funcional periódico!
Os principais trabalhadores expostos a poeiras não fibrogênicas são os que lidam com bário, estanho, carvão vegetal, rocha fosfática, soldadores de arco elétrico. Geralmente apresentam poucos sintomas, sendo o diagnóstico incidental na maioria das vezes. É preciso um longo período de exposição, e o afastamentoreduz a intensidade da doença.
A sílica livre, o asbesto (amianto) e o carvão mineral são os principais agentes de poeiras fibrogênicas, necessitam de um período de exposição superior a 10 anos. Na maioria das vezes, não há sintomatologia específica nem alterações ao exame físico. A dispneia aos esforços é o principal sintoma e aparecem em estágios moderados e avançados da doença. 
Patologias parenquimatosas pulmonares → radiografia
· Opacidades nodulares (nódulos fibróticos) → inicio nas zonas superiores de ambos os pulmões, às vezes conglomerados. 
· Gânglios mediastinais calcificados. → Comum na silicose
· Placas ou espessamentos pleurais difusos, principalmente nas partes inferiores, algumas vezes aparecendo como opacidades irregulares na incidência frontal → Abestose → melhor avaliada na TC
· A principal conduta é o imediato afastamento da exposição. Protocolo para Profilaxia Contra Tuberculose (TB) → pessoas com alto risco (entre elas aquelas com pneumoconiose) + reatores fortes à tuberculina ativa devem receber a quimioprofilaxia da TB com isoniazida.
Contato com Benzeno
O benzeno é um solvente utilizado na indústria petroquímica, siderúrgica e química, postos de gasolina, oficinas mecânicas, indústria de colas, tintas, vernizes, solventes e removedores, indústria gráfica e de borracha + transportadores de todos esses produtos.
Causa mielotoxicidade e alterações no sistema hematopoético. 
· Inicialmente podem aparecer macrocitose, pontilhado basófilo, hipossegmentação dos neutrófilos (pseudo-Pelger), eosinofilia, linfocitopenia e macroplaquetas. 
· Avanço → alterações correspondem à hipoplasia, à displasia e à aplasia de medula óssea → neutropenia, leucopenia, monocitopenia, plaquetopenia, com uma média de 4 anos de exposição. 
· Queixas de astenia, infecções de repetição e tontura. 
Benzeno também está relacionado a linfoma não Hodgkin, a mieloma múltiplo e à mielofibrose.
Avaliação, devem-se solicitar: 
· 3 hemogramas, contagem de plaquetas e reticulócitos → intervalo de 15 dias
· Transaminases, gama-glutamiltransferase, bilirrubinas e desidrogenase láctica. 
· Se houver indicação clínica, deve-se realizar estudo da medula óssea (mielograma e/ou biópsia de medula).
A reversão clínica do quadro é possível após um período médio de 5 anos de afastamento da exposição. São indicados exames laboratoriais anuais, pois a normalidade do quadro hematológico não deve ser considerada como estado de cura.
Queixas Musculesqueléticas
LERs ou DORTs → doenças que afetam músculos, tendões, nervos e vasos dos membros superiores (dedos, mãos, punhos, antebraços, braços, ombro, pescoço e coluna vertebral) e inferiores (joelho e tornozelo, principalmente) e que têm relação direta com as exigências das tarefas, ambientes físicos e com a organização do trabalho.
· Atingem + trabalhadores jovens (entre 30 e 40 anos), ativos e predominantemente mulheres, que exercem funções subalternas, utilizando, as mãos, para realizar suas tarefas. 
· As categorias profissionais mais atingidas são: bancários, digitadores, operadores de linha de montagem, operadores de telemarketing, secretárias, jornalistas, entre outros.
Sintomas
· Dor
· Parestesia
· Sensação de peso e fadiga
OBS: aparecimento insidioso e podem ser concomitantes ou não.
Aspectos decorrentes das relações e organização do trabalho e relacionados com o surgimento de quadros de LER/DORT: 
· Movimentos repetitivos
· Posturas inadequadas
· Trabalho muscular estático
· Conteúdo pobre das tarefas
· Monotonia e sobrecarga mental
· Ausência de controle sobre a execução das tarefas
· Ritmo intenso de trabalho
· Pressão por produção
· Relações conflituosas com as chefias 
· Estímulo à competitividade exacerbada. 
· Fatores de risco ambientais, como vibração e frio intenso.
O médico de família precisa contar com os CERESTs ou, na falta destes, com outros serviços articulados à rede de saúde do município onde trabalha.
O tratamento das LER/DORT deve ser adaptado a cada caso. 
Queixas Mentais ou Comportamentais
A influência do trabalho sobre a saúde mental dos trabalhadores pode decorrer de inúmeros fatores e situações → exposição a agentes tóxicos, a altos níveis de ruído, a situações de risco à integridade física, a formas de organização do trabalho e políticas de gerenciamento que desconsideram os limites físicos e psíquicos do trabalhador.
Os transtornos mentais (TM) ou comportamentais relacionados ao trabalho podem ser divididos em: síndromes psiquiátricas orgânicas (distúrbios neuropsiquiátricos agudos e crônicos desencadeados por agentes químicos neurotóxicos e pelo consumo excessivo de bebidas alcoólicas) e as síndromes psiquiátricas não orgânicas (estresse pós-traumático, síndrome de burnout, entre outras).
· Tabelinha gigante c doenças e causas no fim
OMS → depressão como principal causa de perda de dias de trabalho no mundo.
Brasil → estatísticas do INSS referentes apenas aos trabalhadores com registro formal → TMs como terceira causa de concessão de benefício previdenciário, como auxílio-doença, afastamento do trabalho por mais de 15 dias e aposentadorias por invalidez.
Sinais e sintomas
· Modificação do humor
· Fadiga
· Irritabilidade
· Cansaço por esgotamento
· Isolamento
· Distúrbio do sono (falta ou excesso)
· Ansiedade
· Pesadelos com o trabalho
· Intolerância
· Descontrole emocional
· Agressividade
· Tristeza
· Alcoolismo
· Absenteísmo,
· Sintomas físicos → dores (de cabeça ou no corpo todo), perda do apetite, mal-estar geral, tonturas, náuseas, sudorese, taquicardia, somatizações, conversões e sintomas neurovegetativos diversos.
O tratamento para os TMs inclui medicamentos (antidepressivos, ansiolíticos, antipsicóticos, entre outros), acompanhamento psicológico ou psiquiátrico (terapia), hábitos saudáveis de vida, medidas para diminuir o estresse (como exercícios físicos e atividades de lazer) e afastamento do agente causal no caso de síndromes psiquiátricas orgânicas.
Referenciamento a Especialistas
O principal indicador de referenciamento é a insegurança do médico de família e comunidade diante do tema. Na condução de quadros que se arrastam, diagnósticos ambíguos e nexo com o trabalho pouco caracterizado, o médico de família pode dividir o caso com outros especialistas. 
Os CERESTs contemplam em sua proposta a atuação como capacitador e referência para os profissionais da APS quanto a essas questões! 
Agravos com Notificação Compulsória
Lista Nacional de Notificação Compulsória de doenças, agravos e eventos de saúde pública nos serviços de saúde, públicos e privados, em todo o território nacional (casos suspeitos e confirmados) inclui a notificação de agravos relacionados ao trabalho:
· Acidentes de trabalho com exposição a material biológico.
· Acidente de trabalho grave, fatal e as ocorrências com crianças e adolescentes.
· Intoxicação exógena, por substâncias químicas, incluindo agrotóxicos, gases tóxicos e metais pesados.
A Portaria nº 205, de 17 de fevereiro de 2016, define a lista nacional de doenças e agravos a serem monitorados por meio da estratégia de vigilância em unidades sentinelas:
· Câncer relacionado ao trabalho.
· Dermatoses ocupacionais.
· LER/DORT.
· PAIR relacionada ao trabalho.
· Pneumoconioses.
· TMs relacionados ao trabalho.
· Outros agravos relacionados ao trabalho→ violência relacionada ao trabalho, acidentes com animais peçonhentos, entre outros, que devem ser considerados visando a ações de prevenção.
Comunicação de Acidente de Trabalho
A comunicação de acidente de trabalho (CAT) é um documento emitido para reconhecer tanto um acidente de trabalho ou de trajeto, bem como uma doença ocupacional.
· Todo acidente de trabalho deve ser comunicado pela empresa ao INSS, sob pena de multa em caso de omissão. → Caso isso não ocorra, pode ser emitida pela pessoa, incluindo o próprio acidentado, seus dependentes, a entidade sindical competente, qualquer autoridade pública ou o médico responsável pelo atendimento.
O acidente de trabalho é caracterizado por qualquer ocorrência inesperada e indesejável queinterfere ou interrompe o andamento normal de uma atividade no trabalho. Para a previdência social, o acidente de trabalho é classificado em três tipos: o acidente típico, a doença ocupacional e o acidente de trajeto.
Atestado Médico
Solicitação de atestados médicos para fundamentar a dispensa de trabalho ou para a concessão de benefícios previdenciários e assistenciais. 
Da mesma forma que o médico-assistente tem total liberdade de pronunciamento no atestado médico, o perito médico tem total autonomia para acatá-lo ou não, com base em critérios legais, muitas vezes, embasados em leis bastante restritivas. → Apenas o médico tem previsão legal para emissão de atestados para efeitos de justificativa de faltas ao emprego e para fins previdenciários. → A única exceção consiste na possibilidade de emissão de atestado pelo cirurgião-dentista, mas tão somente para atestar aqueles estados mórbidos no setor de sua atividade profissional.
Códigos diagnósticos da Classificação internacional de doenças (CID-10) que podem ser utilizados em atestados médicos
· Z76.9: pessoa em contato com serviços de saúde
· Z76.3: pessoa em boa saúde acompanhando pessoa doente
· Z00.0: consulta médica geral
· Z76.5: pessoa fingindo ser doente (simulação consciente)
· F68.1: produção deliberada ou simulação de sintomas ou de incapacidades físicas ou psicológicas
· F99: transtorno mental não especificado
· F45.1: transtorno somatoforme indiferenciado
É vedado atestar falsamente sanidade ou atestar sem o exame direto da pessoa/doente. Portanto, só se pode atestar o que verdadeiramente for constatado durante a consulta, pois o atestado médico tem presunção de verdade. O profissional que faltar com a verdade nos atos médicos atestados, além de responder por prejuízos causados às empresas, ao governo ou a terceiros, também está sujeito às penas da lei e do código de ética médica.
As informações oriundas da relação médico-pessoa pertencem à pessoa, sendo o médico (ou instituição) apenas o seu fiel depositário. Assim, o sigilo profissional impede o médico de incluir no atestado o diagnóstico literal ou o código CID-10, a não ser que haja autorização expressa da pessoa, justa causa (interesse de ordem moral ou social que autorize o não cumprimento de uma obrigação), exercício de dever legal (toda obrigação que consta instituída por meio de legislação) ou solicitação do representante legal (unicamente aquele que foi instituído por juiz), e a informação da autorização deve constar no atestado.
Entretanto, caso haja necessidade de atestar afastamento das atividades laborais, por um período superior a 15 dias consecutivos ou não, dentro de um período de 60 dias, pelo mesmo motivo (não quer dizer mesmo CID), o médico deverá esclarecer a pessoa/doente que ela fará jus ao benefício previdenciário (auxílio-doença), a partir do 16º dia de afastamento, mesmo que descontínuo (art. 75, § 4º e 5º do Decreto 3.048/99).30 Por isso, é importante a autorização para citação do código CID-10, a fim de subsidiar o encaminhamento ao INSS pela equipe/junta médica da empresa.
Deixar descrito no atestado médico a sua finalidade → informar se está destinado a afastamento de atividades laborativas, escolares, desportivas, de comparecimento, entre outras. 
Sempre que possível, incluir no atestado uma forma de contato (e-mail, telefone fixo, telefone móvel, endereço, etc.), pois, geralmente, quando um serviço de perícia identifica uma suposta fraude, a primeira providência é tentar entrar em contato com o médico emissor, na tentativa de que ele confirme, ou não, a autenticidade da emissão.
Conforme as resoluções que disciplinam a emissão de atestados, deverão ser observados os seguintes procedimentos:
I. Especificar o tempo concedido de dispensa à atividade, necessário para a recuperação da pessoa/doente;
II. Estabelecer o diagnóstico, quando expressamente autorizado pela pessoa/doente;
III. Registrar os dados de maneira legível;
IV. Identificar-se como emissor, mediante assinatura e carimbo ou número de registro no Conselho Regional de Medicina (CRM).
Quando o atestado for solicitado para fins de perícia médica, deverão ser observados os seguintes procedimentos:
I. O diagnóstico;
II. Os resultados dos exames complementares;
III. A conduta terapêutica;
IV. O Prognóstico;
V. As consequências à saúde da pessoa/doente;
VI. O provável tempo de repouso estimado necessário para a recuperação, que complementará o parecer fundamentado do médico perito, a quem cabe legalmente a decisão do benefício previdenciário, como: aposentadoria, invalidez definitiva, readaptação;
VII. Registrar os dados de maneira legível;
VIII. Identificar-se como emissor, mediante assinatura e carimbo ou número de registro no CRM.
Afastamento do trabalho
Aquelas pessoas que, por acidentes de trabalho e/ou doenças (físicas ou psicológicas), apresentam restrições ou impedimentos quanto ao exercício de sua função nos locais de trabalho, devem ser afastadas do ambiente ocupacional até a recuperação, avaliando-se a necessidade de readaptação.
· O médico tem o papel de estabelecer a relação entre o processo de adoecimento e a atividade ocupacional, comprovando legalmente o vínculo entre o adoecimento e o trabalho.
Reabilitação
Atividade prevista na legislação previdenciária, cuja finalidade consiste em proporcionar ao incapacitado, parcial ou totalmente, para o trabalho, e às pessoas portadoras de deficiência, os meios para a (re)educação e de (re)adaptação profissional e social indicados para participar do mercado de trabalho e do contexto em que vivem, desenvolvendo-se um processo que implica a escolha, a aprendizagem e o treinamento de um novo ofício; ou o estabelecimento de uma nova relação com a sua atividade de origem, pautada nas restrições impostas pelo seu adoecimento. 
Pode-se definir reabilitação como o desenvolvimento de uma pessoa até o seu mais completo potencial físico, psicológico, social, vocacional de diversão e educacional, de acordo com sua fisiologia ou enfraquecimento anatômico e com suas limitações ambientais.
As pessoas que estão em processos de reabilitação não estão apenas em situação de afastamento, mas também estão tentando produzir meios e possibilidades de retorno ao trabalho. Dessa forma, o processo da reabilitação permite que, por meio da trajetória do adoecimento e do afastamento, se utilizem as experiências de trabalho.
Política Nacional de Saúde do Trabalhador e Trabalhadora
· Acolhimento e resposta às demandas dos representantes da comunidade e do controle social;
· Busca de articulação com entidades, instituições, organizações não governamentais, associações, cooperativas e demais representações de categorias de trabalhadores, presentes no território, inclusive as inseridas em atividades informais de trabalho e populações em situação de vulnerabilidade;
· Apoio o funcionamento das Comissões Intersetoriais de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora (CISTT) dos Conselhos de Saúde, nas três esferas de gestão do SUS;
· Inclusão da comunidade e do controle social nos programas de capacitação e educação permanente em saúde do trabalhador, sempre que possível, e inclusão de conteúdos de saúde do trabalhador nos processos de capacitação permanente voltados para a comunidade e o controle social, incluindo grupos de trabalhadores em situação de vulnerabilidade, com vistas às ações de promoção em saúde do trabalhador; 
· Transparência e facilitação do acesso às informações aos representantes da comunidade, dos trabalhadores e do controle social;
· Acompanhamento das ações de vigilância epidemiológica, sanitária e em saúde ambiental, além das ações específicas de Visat, sempre que pertinente;
· Apoio à capacitação voltada para os interesses do movimento social, movimento sindical e controle social, em consonância com as ações e diretrizes estratégicas do SUS e com a legislação de regência e; 
· Estabelecimento de rede de centros de pesquisa colaboradores na construção de saberes, normas, protocolos, tecnologias e ferramentas, voltadas à produção de respostas aosproblemas e necessidades identificadas pelos serviços, comunidade e controle social.

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