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As expressões Governo e Administração são frequentemente confundidas, apesar de significarem coisas absolutamente distintas. Na prática, a função administrativa tem sido considerada de caráter residual, sendo, pois, aquela que não representa a formulação da regra legal nem a composição de lides em concreto.
 Mais tecnicamente pode dizer-se que função administrativa é aquela exercida pelo Estado ou por seus delegados, subjacentemente à ordem constitucional e legal, sob regime de direito público, com vistas a alcançar os fins colimados pela ordem jurídica. Enquanto o cerne da função legislativa consiste na criação do direito novo (ius novum) e o da função jurisdicional concentra-se na composição de litígios, na função administrativa o alvo é a gestão dos interesses coletivos na sua mais variada dimensão. Tal mister implica a prática de vários atos e atividades em prol de determinada meta, lançando a Administração a utilizar-se, com frequência, de processos administrativos como instrumento para concretizar a função administrativa.
Justamente pela ilimitada projeção das obrigações do Estado é que alguns autores têm distinguido governo e administração, e função administrativa e função política, caracterizando- -se esta por não ter subordinação jurídica direta, ao contrário daquela, sempre sujeita a regras jurídicas superiores. O Governo é exercido pelos poderes Legislativo e Executivo, que, conjuntamente, são responsáveis pela elaboração das políticas públicas e diretrizes que embasam a atuação da Administração Pública. O Poder Judiciário não exerce a função de governo, apesar de possuir a prerrogativa de controlá-la, quando violados os limites traçados pela constituição. Governo possui natureza política, tendo a atribuição de formular as políticas públicas, enquanto a Administração é responsável pela execução de tais decisões. Ressalta-se, ainda, que o Governo (função política) é exercido por agentes que tomam decisões políticas de maneira relativamente independente e discricionária estabelecendo metas, objetivos e diretrizes que devem orientar a atividade administrativa, sempre pautada no texto constitucional, caracterizando-se por ser uma atividade de comando, coordenação, planejamento e direção dotada de soberania, subordinada apenas ao texto constitucional; já a Administração age de maneira técnica, neutra, normalmente vinculada à lei ou à norma técnica e exercida mediante conduta hierarquizada, diz ser atividade subalterna (de execução). Portanto, por exemplo, a decisão de melhorar a saúde pública, mediante a aquisição de novos equipamentos e ampliando hospitais, bem como a admissão de novos profissionais de saúde e melhoria de suas remunerações, é atividade de Governo passando por manifestações políticas independentes e discricionárias do Chefe do Executivo e do Órgão Legislativo. Tomada a decisão, cabe à Administração, de forma politicamente neutra e em estrita obediência à política de Governo, promover o processo licitatório, a aquisição equipamentos, a realização de concurso público e a nomeação dos aprovados. Em suma, podemos afirmar que o Governo tem caráter político, já tendo sido encarado como um verdadeiro “arquiteto do bem-estar social”, enquanto a Administração tem caráter instrumental, uma vez que serve como ferramenta à disposição do Governo para a concretização das políticas públicas por este formulada.

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