Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Estratégias nutricionais no controlo da fadiga mental e do seu impacto na performance do atleta: uma revisão temática Nutritional strategies in mental fatigue management and its impact on athlete performance: a thematic review João Carlos Gonçalves Ruano ORIENTADO POR: Dr. Pedro Ferreira Meirinhos REVISÃO TEMÁTICA 1.º CICLO EM CIÊNCIAS DA NUTRIÇÃO | UNIDADE CURRICULAR ESTÁGIO FACULDADE DE CIÊNCIAS DA NUTRIÇÃO E ALIMENTAÇÃO DA UNIVERSIDADE DO PORTO TC PORTO, 2023 i Agradecimentos Ao Dr. Pedro Meirinhos, por toda a ajuda, apoio, partilha, disponibilidade e simpatia que demonstrou ao longo de todo o estágio. Vou sempre recordar os diálogos de trabalho acompanhados de um bom café. Ao Prof. Doutor Vítor Hugo Teixeira que me deu força para ingressar neste caminho e por ser uma referência e uma inspiração das Ciências da Nutrição. À Ana Branco, pela disponibilidade e toda a ajuda durante o estágio. À Dr.a Raquel Teixeira, à Dr.a Maria Roriz, ao Dr. Mário Fernandes e ao Dr. Pedro Salazar por partilharem o seu conhecimento sempre que oportuno. A todos os profissionais e atletas que estiveram sempre disponíveis para ajudar e cooperar ao longo desta etapa. A todos os professores que me incentivaram, apoiaram e deram força para enveredar pelo caminho da Nutrição. Aos meus pais por todo o carinho, motivação e apoio. À Catarina Oliveira por todo o apoio, amor, carinho e entreajuda em todos os momentos ao longo do tempo, por estar sempre presente, sem ela nunca teria sido possivel. ii Resumo A fadiga mental pode desenvolver-se durante o exercício físico através da exposição a atividades cognitivamente exigentes durante longos períodos de tempo. Retardar o surgimento ou até impedir o desenvolvimento da fadiga mental seria de todo o interesse dos atletas e, por isso, o principal objetivo desta revisão narrativa é apresentar e descrever a evidência mais recente no que diz respeito às estratégias nutricionais adequadas ao controlo da fadiga mental. A pesquisa bibliográfica para esta revisão foi realizada entre abril de 2023 e maio de 2023, nas bases de dados científicas PubMed, Scopus e Google Shcolar, utilizando os termos de pesquisa (nutrition OR nutritional strategies OR nutritional interventions OR sport nutrition) AND (mental fatigue OR cognitive fatigue OR central fatigue) AND (sport OR sports OR athletes OR exercise). As principais estratégias nutricionais que mostram ter impacto no controlo da fadiga mental e com evidência mais robusta são o uso de cafeína e de hidratos de carbono. Estas estratégias nutricionais parecem diminuir a perceção de esforço durante o exercício prolongado. Podem ser utilizadas através da sua ingestão ou por mouth rinsing, de forma isolada ou em combinação. A ingestão de BCAA poderá ser eficaz, mas os resultados são controversos. São necessários mais trabalhos de investigação com metodologias bem definidas que possam reproduzir resultados mais claros sobre o papel de todas as estratégias nutricionais que poderão permitir reduzir o impacto da fadiga mental na performance desportiva, sobretudo aquelas cuja evidência é menos suportada. Palavras-chave: fadiga mental, nutrição, performance, exercício iii Abstract Mental fatigue can develop during exercise through exposure to cognitively demanding activities over long periods of time. Delaying the onset or even preventing the development of mental fatigue would be of great interest to athletes and therefore, the main objective of this narrative review is to present and describe the most recent evidence regarding the most adequate nutritional strategies to control mental fatigue. The bibliographic research for this review was carried out between April 2023 and May 2023, in the scientific databases PubMed, Scopus and Google Scholar, using the terms (nutrition OR nutritional strategies OR nutritional interventions OR sport nutrition) AND (mental fatigue OR cognitive fatigue OR central fatigue) AND (sport OR sports OR athletes OR exercise). The main nutritional strategies with effect on the control of mental fatigue and strongest evidence are the use of caffeine and carbohydrates. These nutritional strategies appear to play a role in decreasing perceived exertion during prolonged exercise. These can be used by ingestion or by mouth rinsing, isolated or mixed. BCAA intake can also be effective, but the results are controversial. More research is needed, with well-defined methodology that can reproduce clearer results on the role of all nutritional strategies that may allow reducing the impact of mental fatigue on sports performance, especially those whose evidence is less supported. Keywords: mental fatigue, nutrition, performance, exercise iv Lista de abreviaturas, siglas e acrónimos (conforme aplicável) 5-HT – Serotonina ACL – Ácidos gordos livres ADO – Adenosina BCAA – Aminoácidos de cadeia ramificada BHE - Barreira hematoencefálica CAF – Cafeína Cr - Creatina DA – Dopamina FF – Fadiga física FM – Fadiga mental GABA - Ácido gama-aminobutírico HC – Hidratos de carbono PD – Performance desportiva SB - Sumo de beterraba Trp – Triptofano - theta v Índice Agradecimentos ......................................................................... i Resumo .................................................................................. ii Abstract ................................................................................. iii Introdução .............................................................................. 1 Metodologia ............................................................................. 1 Fadiga ................................................................................... 2 Estratégias nutricionais no controlo da fadiga mental ........................... 7 Cafeína .................................................................................... 7 Hidratos de carbono ..................................................................... 9 BCAA ...................................................................................... 11 Outras estratégias ....................................................................... 12 Conclusões ............................................................................. 13 Referências ............................................................................ 16 1 Introdução O termo fadiga é comumente utilizado para descrever a fadiga física (FF) causada pelo exercício físico e pode ser definida como a interrupção da atividade muscular devido à depleção de substrato responsável por fornecer energia para a contração do músculo(1). Contudo, sabe-se que a fadiga pode também ter origem ao nível central, a fadiga mental (FM), contrariamente à mencionada acima que apenas remete para fadiga originada ao nível periférico, no músculo esquelético, a FF. A evidência científica que existe sobre a FM aponta para que esta seja responsável pela diminuição da performance desportiva (PD) em desportos de endurance e das capacidades técnicas de algumas modalidades(2). É, por isso, um tema que tem vindo a ter mais destaque na literatura, particularmente nos últimos anos, emergindo como um hot-topic que merece atenção pela comunidade científica e académica. De facto, numa revisão de Chen XX, Ji ZG(3), entre 2001 e 2021, foram identificadas 658 publicações sobre FM e a sua influência na PD, com uma tendência crescente nos últimos anos, o que demonstra a importância e pertinência do tema. O principal objetivo desta revisão narrativa é apresentar e descrever a evidência mais recente no que diz respeito às estratégias nutricionais adequadas para o controlo da FM, permitindo diminuir o impacto na PD e, consequentemente, preservar a saúde mental dosatletas. Metodologia A pesquisa bibliográfica para esta revisão foi realizada entre abril de 2023 e maio de 2023, nas bases de dados científicas PubMed, Scopus e Google Shcolar. Foram 2 utilizados os termos de pesquisa (nutrition OR nutritional strategies OR nutritional interventions OR sport Nutrition) AND (mental fatigue OR cognitive fatigue OR central fatigue) AND (sport OR sports OR athletes OR exercise). Foram excluídos todos os estudos com modelos animais. Foram também consultadas as referências citadas nos artigos originais. O software utilizado para gestão de referências bibliográficas foi o Endnote X20. Fadiga A PD pode ser afetada de várias formas: ao nível periférico e ao nível central. É a coordenação de ambos que permite alcançar a máxima PD. Quando um deles entra em cadência, a performance é prejudicada. A fadiga em contexto de exercício físico pode ser definida como FF e FM. A primeira, como já mencionado, ocorre com o depletar das reservas dos vários substratos energéticos , nomeadamente, o glicogénio, o que leva ao cessar da contração muscular e, concomitantemente, da atividade física(1, 4). É também caracterizada muitas vezes como sendo a incapacidade de produzir a potência esperada, o que resulta numa reduzida capacidade de performance(5) ou na incapacidade de continuar a realizar trabalho a uma determinada intensidade(6). Este tipo de fadiga tem sido a mais estudada em termos de PD(7). Contudo, a fadiga é um fenómeno multifacetado e nem sempre tem origem a nível do músculo- esquelético. A FM, com origem ao nível do sistema nervoso central, caracteriza- se por um estado psicobiológico induzido por atividades cognitivamente exigentes durante longos períodos de tempo, podendo prejudicar vários momentos do dia- a-dia(7, 8). Pode manifestar-se através da sensação de cansaço, da falta de energia e pode efetivamente diminuir a performance, mais concretamente o tempo de reação e precisão em tarefas cognitivas, podendo provocar alterações ao nível da 3 atividade cerebral, nomeadamente, na atividade de ondas theta ()(8), sendo que a monitorização da sua atividade parece ser o método com maior validade científica para diagnóstico de FM(8-10). Contudo, todas estas alterações não têm obrigatoriamente de estar presentes para que a FM se instale, pois existem mecanismos compensatórios que podem camuflar estes sintomas(8). Num dos primeiros trabalhos sobre impacto da FM em performance no exercício físico, Marcora SM, Staiano W(11) demonstraram que a FM poderá limitar a tolerância ao exercício físico, especialmente, de endurance, devido a uma maior perceção de esforço, menor motivação e não por mecanismos cardiorrespiratórios ou musculares, o que transparece o papel da função cerebral durante a realização deste tipo de atividade física(3, 11, 12). Isto também coincide com outros estudos nos quais se concluiu que a FM não altera a capacidade máxima de ativação muscular, mas afeta a performance ao aumentar a perceção de esforço(13-16). De facto, situações da vida real, em contexto de exercício de endurance prolongado, podem ser não apenas fisicamente extenuantes, mas também mentalmente exigentes e, por isso, acentuar ainda mais os efeitos da fadiga(8). No desenvolvimento da FM parece haver um aumento dos níveis de metabolitos no cérebro (Esquema 1), nomeadamente, os neurotransmissores como a serotonina (5-HT) e a adenosina (ADO) e uma diminuição de outros como a dopamina (DA)(1, 17-20). Existe evidência de que o exercício físico aumenta a síntese de 5-HT, aumentando a sua concentração extracelular no cérebro. Isto parece estar associado ao surgimento de FM, talvez devido ao seu papel no sono e na perda de motivação, podendo reduzir a capacidade de recrutamento de unidades motoras(1, 4, 21, 22). 4 A 5-HT não atravessa a barreira hematoencefálica (BHE) e, por isso, é necessário que ocorra a captação do aminoácido triptofano (Trp), percursor da 5-HT, sendo que a sua disponibilidade é o passo limitante na própria síntese de 5-HT(4). A síntese da 5-HT é regulada pelo rácio entre o Trp livre, ou seja, não ligado a albumina presente na corrente sanguínea, assim como outros aminoácidos de maior dimensão, incluindo os aminoácidos de cadeia ramificada (BCAA - do inglês branched chain aminoacids), que competem com o Trp pelo mesmo transportador para atravessar a BHE(4, 21). Este rácio aumenta durante o exercício, o que favorece a entrada de Trp para o cérebro, levando a um aumento na síntese de 5-HT, o que poderá contribuir para o surgimento de FM(21). O mecanismo que poderá explicar o aumento deste rácio e que parece estar associado ao desenvolvimento de FM é a lipólise estimulada por adrenalina, que causa mobilização de ácidos gordos livres (ACL) do tecido adiposo para a corrente sanguínea. A concentração de ACL aumenta progressivamente durante o exercício e, apesar da sua libertação a partir do tecido adiposo ter uma relação quase linear com a sua captação pelo músculo, quando as reservas de glicogénio hepáticas e musculares estão próximas do limite, a taxa de libertação de ACL ultrapassa a taxa de captação pelo músculo, resultando num aumento pronunciado da concentração de ACL no plasma(4). Os ACL ligam-se à albumina, promovendo alterações conformacionais que provocam a libertação de Trp da albumina, aumentando assim a pool de Trp livre e, consequentemente, o rácio de Trp/BCAA, deixando mais Trp disponível para ser transportado através da BHE e participar na síntese de 5-HT(23). Sabe-se também que maiores concentrações de DA parecem estar associadas a um aumento de performance(24). Contudo, durante o exercício prolongado, a concentração de ADO cerebral aumenta, provocando a inibição da libertação pré- 5 sináptica de neurotransmissores como a DA, podendo provocar uma maior perceção de esforço e uma menor motivação, impactando a PD(25). O rácio cerebral de 5-HT/DA também parece sugerir que não é apenas o efeito separado dos dois neurotransmissores, mas também a sua interação que pode levar ao surgimento de FM, particularmente, quando este rácio 5-HT/DA aumenta(4). Alguns autores têm proposto outros neurotransmissores envolvidos no desenvolvimento da FM, como o ácido gama-aminobutírico (GABA), glutamato, acetilcolina, entre outros, mas com evidência ainda escassa(4). Por outro lado, a literatura não parece identificar efeitos negativos provocados pela FM na performance anaeróbica, nomeadamente no teste anaeróbico de Wingate e em parâmetros como a altura do salto, força máxima e média exercida e pico máximo de força(26, 27). Isto permite considerar que a FM parece afetar Esquema 1 - Representação esquemática das alterações fisiológicas provocadas pelo exercício prolongado. 6 sobretudo desportos de endurance e aqueles de intensidade intermitente, como é o caso dos desportos de equipa. A FM parece influenciar fatores que não têm diretamente impacto na performance física mas que causam um declínio na PD de forma geral. Vários trabalhos mostram que a FM tem impacto nas capacidades técnicas do desporto e na tomada de decisão de atletas de várias modalidades, desde o futebol, basquetebol, ténis de mesa, entre outros(7, 28, 29). Yuan R, Sun H(30) concluíram que a FM afetou a capacidade técnica de cada modalidade, prejudicando a PD. Parece também existir evidência de que a FM não surge apenas em momentos de maior competição, mas também durante períodos de treino e de preparação para a competição(31). Apesar de não haver estudos que investiguem o risco de lesão em atletas devido a FM, alguns trabalhos mostram que a FM pode afetar negativamente o equilíbrio, a precisão e o tempo de reação(32, 33), podendo assim aumentar o risco de lesão. Também existe evidência com resultados mais controversos. Recentemente, numa revisão sistemática de McMorris T, Barwood M(34), os autoresconcluíram que a FM parece ter um impacto significativo (embora pequeno) na PD. Contudo, os resultados são inconclusivos, talvez pela dificuldade que os estudos incluídos na revisão tiveram em avaliar se a FM foi realmente induzida. Estes resultados são semelhantes aos de outros autores(2). As alterações fisiológicas discutidas anteriormente podem funcionar como mecanismos de proteção contra a ocorrência de danos no organismo. Contudo, os atletas teriam todo o interesse em retardar o surgimento não apenas da FF, mas também da FM. De seguida serão discutidas estratégias nutricionais com evidência na diminuição do surgimento da FM. 7 Estratégias nutricionais no controlo da fadiga mental São várias as estratégias nutricionais e intervenções que têm surgido na literatura para tentar retardar o surgimento da FM e para minimizar os efeitos negativos na performance. Cafeína Uma das primeiras a surgir e das estratégias com evidência mais robusta é o uso de cafeína (CAF). A CAF, atravessa a BHE, e se usada de forma aguda, atua como inibidor dos recetores de ADO, contrariando o papel da ADO na inibição da libertação pré-sináptica de DA(12, 35, 36). Franco-Alvarenga PE, Brietzke C(37) avaliaram o efeito da CAF em ciclistas com FM induzida, confirmada através de eletroencefalografia do córtex pré-frontal e da atividade das ondas Os resultados mostraram que a CAF diminuiu a atividade das ondas , melhorando a performance comparativamente com o placebo. Num outro trabalho, Azevedo R, Silva-Cavalcante MD(38) mostraram que após a ingestão de CAF sob a forma de cápsula com a concentração de 5 mg/kg de peso corporal, 90 minutos antes de provas controladas de ciclismo, indivíduos com FM induzida obtiveram 14% de aumento na performance comparativamente aos tratados com placebo. De forma geral, a literatura sugere que a ingestão de 3-6 mg/kg de peso corporal e, possivelmente, doses mais elevadas até 7,5 mg/kg de peso corporal de CAF parecem ser suficientes para diminuir o impacto da FM na PD(38, 39). Além da dose, é também interessante perceber em que momento será mais adequado ingerir a CAF. É necessário referir que o pico de concentração plasmática da CAF varia entre 15 a 120 minutos após ingestão oral, o que pode ser explicado principalmente pelo tempo de esvaziamento gástrico(40). Mesmo assim, o timing 8 apropriado de ingestão de cafeína pode ser muito difícil de predizer. As variações inter-individuais no gene CYP1A2 e possivelmente no gene ADORA2A estão associadas ao metabolismo e à sensibilidade da CAF, o que explica as diferentes respostas dos indivíduos(41) e torna a decisão de definir o momento mais adequado de ingestão ainda mais difícil. Além de todos estes fatores, a fonte de CAF utilizada também afeta o timing da ingestão, sendo que CAF na forma de pastilha parece ter um efeito mais rápido do que em forma de cápsula(42). Ainda assim e segundo a International Society of Sports Nutrition, 60 minutos antes do evento parece ser o timing mais comum para obter o efeito ergogénico da CAF(39), pelo menos, em termos de performance física. Além disto, a CAF também parece conseguir atuar através de um mecanismo distinto, ou seja, através da ativação de recetores específicos do paladar (possivelmente recetores do sabor amargo) que desencadeiam uma resposta cerebral via cascata de transdução e que parece ter um papel importante na redução da FM, já que permite restaurar a transmissão dopaminérgica no cérebro(35). Explorando este mecanismo, Van Cutsem J, De Pauw K(43) utilizaram uma outra estratégia: bochechar (do inglês mouth rinsing) com uma bebida que combina CAF com hidratos de carbono (HC), neste caso maltodextrina. Comparativamente com o placebo, os indivíduos intervencionados mostraram uma diminuição da FM, contudo, estes resultados podem ter sido afetados pelo uso da combinação de maltodextrina e CAF. Por todos estes fatores, o uso de CAF deverá ser individualizado e experimentado por cada atleta antes de ser utilizado em contexto competitivo para perceber como cada atleta é afetado. 9 Hidratos de carbono O uso de HC tem sido também uma das estratégias nutricionais mais investigadas para retardar ou diminuir o impacto da FM na PD. A técnica de bochechar com uma bebida apenas com HC (sem CAF) parece ter alguma evidência no controlo da FM(44, 45). Contudo, estes efeitos positivos ocorreram principalmente nos trabalhos em que os indivíduos estavam em jejum(46-49). Outros grupos de investigação mostraram que mesmo sem jejum parece haver validade desta estratégia, embora com magnitudes inferiores. Fares E-JM and Kayser B(50) realizaram um trabalho onde foi demonstrado um aumento de performance de 3% e 7% no estado alimentado e no estado de jejum, respetivamente. Resultados semelhantes foram obtidos por Lane SC, Bird SR(51), que mostraram que a performance de ciclistas aumentou nos dois estados comparativamente ao grupo controlo, mas em maior magnitude no estado de jejum. O mecanismo proposto que poderá explicar o aumento da performance por esta estratégia é um conjunto de recetores localizados na cavidade oral que ativam regiões no cérebro responsáveis por estimular o centro de recompensa e diminuir a sensação de esforço percebido(45). Porém, os dados relativamente a esta estratégia são bastante contraditórios e, por isso, o mais prudente é realizar mais investigação, para que surja evidência de maior qualidade. Existem ainda alguns dados que indiciam um possível aumento de performance com a utilização de uma solução de glicose na forma de spray nasal(52, 53) mas que também necessita de mais investigação para ser relevante e ser tida em consideração no meio desportivo. 10 Por outro lado, a ingestão de HC como estratégia de mitigação da FM parece ser a solução mais cientificamente comprovada. O potencial efeito positivo poderá dever-se à necessidade acrescida de fornecimento de substrato para o cérebro durante o exercício prolongado(44). A glicose é armazenada no cérebro sob a forma de glicogénio em células denominadas astrócitos(54). Quando o fornecimento de glicose para o cérebro, a partir do sangue, é inadequado, particularmente durante eventos de hipoglicemia, o glicogénio cerebral torna-se a fonte de energia essencial para a atividade cerebral(55). Se a intensidade e a duração do exercício forem suficientes para depletar o glicogénio muscular e induzir um estado de hipoglicemia, pode-se verificar a diminuição do glicogénio cerebral(56). Por outro lado, a diminuição do glicogénio cerebral parece relacionar-se com o aumento de 5-HT cerebral(56). Assim, torna-se importante manter o aporte de energia, não apenas para prevenir a depleção de substrato essencial para manter a atividade muscular, mas para manter constantes os níveis de glicose no cérebro. Winnick JJ, Davis JM(57) demonstraram que a ingestão de uma bebida com uma concentração de 6% de HC pode atenuar a diminuição de performance não só física mas também mental em contexto de desportos de equipa. Os HC também poderão ter um papel importante no combate à FM através de outro mecanismo. Consideremos o aumento da lipólise durante o exercício(4, 58) e que isto causa um aumento de Trp livre e, consequentemente, a maior síntese de 5-HT cerebral. A lipólise é extremamente sensível aos níveis de insulina plasmática, podendo diminuir drasticamente na sua presença(59). Podemos então observar que os HC ingeridos durante o exercício aumentam a libertação de insulina, o que irá suprimir a lipólise(60, 61). Diminuindo a lipólise irá, por sua vez, 11 causar uma redução de Trp livre que ficará menos disponível para a síntese de 5- HT, e por isso, diminuir o surgimento de FM. BCAA O passo limitante na síntese de 5-HT é o transporte de Trp através da BHE. Com base nos mecanismos já elucidados, alguns autoresprocuraram perceber se seria possível atenuar a FM através da diminuição do rácio Trp/BCAA. A ingestão de BCAA causa um aumento na sua concentração no plasma, o que, em teoria, pode reduzir a captação de Trp para o cérebro e, consequentemente, diminuir a síntese de 5-HT, como já foi descrito. Contudo, a ingestão de BCAA em baixas doses poderá não ser suficiente para diminuir a síntese de 5-HT(62, 63). Além disso, se ingeridos em doses demasiado elevadas podem provocar uma redução de absorção de água ao nível intestinal e aumentar a concentração de amónia plasmática para níveis potencialmente tóxicos, o que pode ser ainda mais prejudicial e, no limite, antecipar o surgimento de fadiga e prejudicar a performance(62, 63). Vários autores tem estudado esta possível estratégia nutricional e os resultados obtidos são bastante controversos. Em alguns trabalhos foram demonstrados resultados positivos na diminuição da FM com a ingestão de BCAA(64-67). Contudo, a metodologia de alguns destes trabalhos pode levar a um viés de resultados, ou por serem ingeridas doses bastante elevadas ou por não ser exclusiva a ingestão de BCAA. Ainda assim, a dose que parece ser mais adequada para diminuir a FM é entre 7 a 10 g, já que parece não aumentar os níveis de amónia no plasma(68). Num dos primeiros estudos sobre o tema, Blomstrand E, Hassmén P(67) utilizaram 150 ml a 200 ml de uma solução com 7 g/L de BCAA no início da prova e a cada 15 12 minutos durante a duração restante do exercício. Deste trabalho surgiram resultados positivos, nomeadamente uma diminuição na perceção de esforço percebido pelos indivíduos intervencionados, não tendo havido diferenças nos níveis de amónia plasmática, indicando que poderá ser uma dose segura. Numa revisão sistemática mais recente, os estudos incluídos não mostraram um aumento na concentração de amónia plasmática, contudo, não conseguiram demonstrar efeitos positivos esperados na redução da FM(69). Por isso, de forma geral, a literatura mostra que o uso de BCAA no contexto de FM não parece ter evidência suficiente, sendo necessária mais investigação para fazer recomendações desta estratégia. Outras estratégias Existem estratégias com menos evidência mas que valem a pena destacar, visto que tem havido alguma investigação em torno das mesmas. O sumo de beterraba (SB) é utilizado devido ao seu conteúdo em nitratos que, endogenamente, é reduzido a oxido nítrico(44). Existe evidência de que o SB pode ser eficiente em melhorar a performance cardiorrespiratória em atletas de endurance e também parece poder atenuar marcadores de dano muscular induzido por exercício(70, 71). Contudo, a literatura apresenta resultados mais modestos no que diz respeito aos efeitos do SB na performance cognitiva. Podem evidenciar-se duas abordagens de como utilizar o SB neste contexto. Thompson C, Wylie LJ(72) mostraram que ingerir 140 ml de SB durante 7 dias foi suficiente para melhorar a performance física e, possivelmente, para atenuar o declínio da função cognitiva. Com um protocolo de intervenção mais aguda, Wightman EL, Haskell-Ramsay CF(73) demonstraram que 90 minutos após a ingestão de 450 ml de SB foi possivel observar um aumento da performance cognitiva. 13 A creatina (Cr) é um suplemento com evidência robusta no melhoramento da performance física(74). Alguns autores estudaram o seu possivel efeito na redução da FM em atletas. Os resultados não são claros, contudo, parece poder haver um potencial papel da Cr na FM(75, 76). Existem outros produtos com possíveis efeitos na cognição, nomeadamente ginseng, Ginko biloba, Rhodiola rosea, sálvia e guaraná, mas sem evidência aplicável e robusta no contexto de FM(44). Além disto, muita desta evidência deriva de trabalhos em populações que não são atletas e em intervenções onde o composto não estava isolado, o que torna os resultados pouco válidos e contraditórios(44). Conclusões A FM é um estado psicobiológico induzido por esforço cognitivo prolongado com impacto negativo em vários aspetos das diferentes modalidades desportivas, prejudicando a performance dos atletas, principalmente nos processos de tomada de decisão e nas capacidades técnicas desportivas(7). Existem vários fatores na vida de um atleta que podem predispor para o surgimento da FM. Fatores como as viagens, o stress, a falta de sono e o meio social onde se integram. Na verdade, os atletas de elite são uma população vulnerável em termos de saúde mental, o que pode prejudicar a performance(77). Com isto em mente, surgem novas oportunidades de tentar melhorar o rendimento dos atletas. Monitorizar o surgimento da FM e intervir de forma o mais precoce possível, seria uma mais valia para maximizar a performance do atleta e reduzir a perceção de cansaço que uma longa temporada competitiva pode provocar, até porque pode ser a diferença entre ganhar ou perder. A evidência científica na área 14 da FM e da PD é ainda relativamente pouco robusta, possivelmente devido ao recente interesse que tem vindo a surgir pelo tema, particularmente nos últimos anos(3). Contudo, com base nos dados que existem, podem destacar-se duas grandes estratégias nutricionais que parecem ter impacto no controlo da FM: o uso de CAF e de HC. Estas estratégias são as que têm a evidência mais sólida para combater FM e sinergicamente potenciar a performance física. Assim, são as estratégias mais interessantes quer através da sua ingestão ou por mouth rinsing, sendo esta última particularmente interessante para atletas que estejam em restrição calórica ou que simplesmente não queiram ingerir CAF ou HC. Podem igualmente ser usadas em isolado ou em combinação. A ingestão de BCAA também parece surgir de um conceito interessante. Do ponto de vista teórico, faz todo o sentido que a sua ingestão retarde e até diminua o surgimento da FM. Todavia, os trabalhos com esta estratégia, além de serem escassos, não apresentam validade científica suficiente e demonstram alguns problemas metodológicos. Além disso, seria importante que mais estudos definam uma dose adequada que permita obter os resultados aos quais se propõe, mas sem pôr em causa a segurança do atleta, já que muitos dos trabalhos com resultados positivos foram obtidos com doses bastante elevadas, possivelmente próximas da toxicidade. Relativamente a outras possíveis estratégias, é necessário muito mais investigação para poder obter conclusões válidas. Ainda assim, todos os resultados devem ser olhados criticamente, já que podem estar sujeitos a grande subjetividade sobre a perceção da FM. Os trabalhos de investigação relativos a este tema são também algo complexos de realizar. Por um lado, é bastante complicado perceber até que ponto se consegue, 15 de facto, induzir FM nos indivíduos que participam no estudo. Para isso seria necessário, em primeiro, estabelecer concretamente o que é FM e desenvolver meios de indução da FM, mais específicos e representativos de cada desporto e, em segundo, estabelecer marcadores fiáveis para avaliar o grau de indução da FM. Um destes marcadores que alguns dos estudos com maior relevância utilizaram é a avaliação da atividade cerebral, nomeadamente as ondas , por eletroencefalografia. Por outro lado, existe muitas vezes a impossibilidade de realizar a investigação com dupla ocultação neste sentido, ou seja, a dificuldade de ocultar a tarefa utilizada para induzir FM e a tarefa realizada pelos indivíduos controlo. Também no momento de testar estratégias, a dupla ocultação, como na maioria dos estudos nutricionais, pode apresentar-se difícil de executar. Existe, por tudo isto, muita investigação que se pode realizar neste âmbito e que poderá vir a ter grande impacto na qualidade de vida e na PD dos atletas. 16 Referências 1. Chuckravanen D, Bulut S, Kürklü GB, Yapali G. Review ofexercise-induced physiological control models to explain the development of fatigue to improve sports performance and future trend. Science & Sports. 2019; 34(3):131-40. 2. Russell S, Jenkins D, Smith M, Halson S, Kelly V. The application of mental fatigue research to elite team sport performance: New perspectives. J Sci Med Sport. 2019; 22(6):723-28. 3. Chen XX, Ji ZG, Wang Y, Xu J, Wang LY, Wang HB. Bibliometric analysis of the effects of mental fatigue on athletic performance from 2001 to 2021. Front Psychol. 2022; 13:1019417. 4. Meeusen R, Watson P, Hasegawa H, Roelands B, Piacentini MF. Central fatigue: the serotonin hypothesis and beyond. Sports Med. 2006; 36(10):881-909. 5. Edwards RH. Human muscle function and fatigue. Ciba Found Symp. 1981; 82:1-18. 6. Booth FW, Thomason DB. Molecular and cellular adaptation of muscle in response to exercise: perspectives of various models. Physiol Rev. 1991; 71(2):541-85. 7. Sun H, Soh KG, Roslan S, Wazir M, Soh KL. Does mental fatigue affect skilled performance in athletes? A systematic review. PLoS One. 2021; 16(10):e0258307. 8. Van Cutsem J, Marcora S, De Pauw K, Bailey S, Meeusen R, Roelands B. The Effects of Mental Fatigue on Physical Performance: A Systematic Review. Sports Med. 2017; 47(8):1569-88. 9. Trejo LJ, Kubitz K, Rosipal R, Kochavi RL, Montgomery LD. EEG-based estimation and classification of mental fatigue. Psychology. 2015; 6(05):572. 17 10. Wascher E, Rasch B, Sänger J, Hoffmann S, Schneider D, Rinkenauer G, et al. Frontal theta activity reflects distinct aspects of mental fatigue. Biol Psychol. 2014; 96:57-65. 11. Marcora SM, Staiano W, Manning V. Mental fatigue impairs physical performance in humans. Journal of Applied Physiology. 2009; 106(3):857-64. 12. Martin K, Meeusen R, Thompson KG, Keegan R, Rattray B. Mental Fatigue Impairs Endurance Performance: A Physiological Explanation. Sports Med. 2018; 48(9):2041-51. 13. Pageaux B, Marcora SM, Lepers R. Prolonged mental exertion does not alter neuromuscular function of the knee extensors. Med Sci Sports Exerc. 2013; 45(12):2254-64. 14. Pageaux B, Marcora SM, Rozand V, Lepers R. Mental fatigue induced by prolonged self-regulation does not exacerbate central fatigue during subsequent whole-body endurance exercise. Front Hum Neurosci. 2015; 9:67. 15. Pageaux B, Lepers R. Fatigue Induced by Physical and Mental Exertion Increases Perception of Effort and Impairs Subsequent Endurance Performance. Front Physiol. 2016; 7:587. 16. Hakim H, Khemiri A, Chortane OG, Boukari S, Chortane SG, Bianco A, et al. Mental Fatigue Effects on the Produced Perception of Effort and Its Impact on Subsequent Physical Performances. Int J Environ Res Public Health. 2022; 19(17) 17. Henriksson J. Effect of exercise on amino acid concentrations in skeletal muscle and plasma. J Exp Biol. 1991; 160:149-65. 18. Meeusen R, Van Cutsem J, Roelands B. Endurance exercise-induced and mental fatigue and the brain. Experimental Physiology. 2021; 106(12):2294-98. 18 19. Meeusen R, Watson P. Amino acids and the brain: do they play a role in "central fatigue"? Int J Sport Nutr Exerc Metab. 2007; 17 Suppl:S37-46. 20. Davis JM, Alderson NL, Welsh RS. Serotonin and central nervous system fatigue: nutritional considerations. Am J Clin Nutr. 2000; 72(2 Suppl):573s-8s. 21. Blomstrand E. A Role for Branched-Chain Amino Acids in Reducing Central Fatigue. The Journal of Nutrition. 2006; 136(2):544S-47S. 22. Newsholme E. Amino acids, brain neurotransmitters and a functional link between muscle and brain that is important in sustained exercise. Advances in myochemistry. 1987 23. Fernstrom JD, Fernstrom MH. Exercise, serum free tryptophan, and central fatigue. J Nutr. 2006; 136(2):553s-59s. 24. Cordeiro LMS, Rabelo PCR, Moraes MM, Teixeira-Coelho F, Coimbra CC, Wanner SP, et al. Physical exercise-induced fatigue: the role of serotonergic and dopaminergic systems. Braz J Med Biol Res. 2017; 50(12):e6432. 25. Roelands B, Kelly V, Russell S, Habay J. The Physiological Nature of Mental Fatigue: Current Knowledge and Future Avenues for Sport Science. International Journal of Sports Physiology and Performance. 2022; 17(2):149-50. 26. Martin K, Thompson KG, Keegan R, Ball N, Rattray B. Mental fatigue does not affect maximal anaerobic exercise performance. Eur J Appl Physiol. 2015; 115(4):715-25. 27. Duncan MJ, Fowler N, George O, Joyce S, Hankey J. Mental Fatigue Negatively Influences Manual Dexterity and Anticipation Timing but not Repeated High-intensity Exercise Performance in Trained Adults. Research in Sports Medicine. 2015; 23(1):1-13. 19 28. Habay J, Van Cutsem J, Verschueren J, De Bock S, Proost M, De Wachter J, et al. Mental Fatigue and Sport-Specific Psychomotor Performance: A Systematic Review. Sports Med. 2021; 51(7):1527-48. 29. Sun H, Soh KG, Mohammadi A, Wang X, Bin Z, Zhao Z. Effects of mental fatigue on technical performance in soccer players: A systematic review with a meta-analysis. Front Public Health. 2022; 10:922630. 30. Yuan R, Sun H, Soh KG, Mohammadi A, Toumi Z, Zhang Z. The effects of mental fatigue on sport-specific motor performance among team sport athletes: A systematic scoping review. Front Psychol. 2023; 14:1143618. 31. Russell S, Jenkins DG, Halson SL, Juliff LE, Kelly VG. How do elite female team sport athletes experience mental fatigue? Comparison between international competition, training and preparation camps. European Journal of Sport Science. 2022; 22(6):877-87. 32. Tassignon B, Verschueren J, De Pauw K, Roelands B, Van Cutsem J, Verhagen E, et al. Mental fatigue impairs clinician‐friendly balance test performance and brain activity. Translational Sports Medicine. 2020; 3(6):616-25. 33. Verschueren JO, Tassignon B, Proost M, Teugels A, J VANC, Roelands B, et al. Does Mental Fatigue Negatively Affect Outcomes of Functional Performance Tests? Med Sci Sports Exerc. 2020; 52(9):2002-10. 34. McMorris T, Barwood M, Hale BJ, Dicks M, Corbett J. Cognitive fatigue effects on physical performance: A systematic review and meta-analysis. Physiology & Behavior. 2018; 188:103-07. 20 35. Proost M, Habay J, De Wachter J, De Pauw K, Rattray B, Meeusen R, et al. How to Tackle Mental Fatigue: A Systematic Review of Potential Countermeasures and Their Underlying Mechanisms. Sports Medicine. 2022; 52(9):2129-58. 36. Ribeiro JA, Sebastião AM. Caffeine and Adenosine. Journal of Alzheimer's Disease. 2010; 20:S3-S15. 37. Franco-Alvarenga PE, Brietzke C, Canestri R, Goethel MF, Hettinga F, Santos TM, et al. Caffeine improved cycling trial performance in mentally fatigued cyclists, regardless of alterations in prefrontal cortex activation. Physiology & Behavior. 2019; 204:41-48. 38. Azevedo R, Silva-Cavalcante MD, Gualano B, Lima-Silva AE, Bertuzzi R. Effects of caffeine ingestion on endurance performance in mentally fatigued individuals. Eur J Appl Physiol. 2016; 116(11-12):2293-303. 39. Guest NS, VanDusseldorp TA, Nelson MT, Grgic J, Schoenfeld BJ, Jenkins NDM, et al. International society of sports nutrition position stand: caffeine and exercise performance. J Int Soc Sports Nutr. 2021; 18(1):1. 40. Arnaud M. The pharmacology of caffeine. Progress in drug research/Fortschritte der Arzneimittelforschung/Progrès des recherches pharmaceutiques. 1987:273-313. 41. Yang A, Palmer AA, de Wit H. Genetics of caffeine consumption and responses to caffeine. Psychopharmacology (Berl). 2010; 211(3):245-57. 42. Ryan EJ, Kim C-H, Fickes EJ, Williamson M, Muller MD, Barkley JE, et al. Caffeine Gum and Cycling Performance: A Timing Study. The Journal of Strength & Conditioning Research. 2013; 27(1) 21 43. Van Cutsem J, De Pauw K, Marcora S, Meeusen R, Roelands B. A caffeine- maltodextrin mouth rinse counters mental fatigue. Psychopharmacology (Berl). 2018; 235(4):947-58. 44. MeeusenR, Decroix L. Nutritional Supplements and the Brain. International Journal of Sport Nutrition and Exercise Metabolism. 2018; 28(2):200-11. 45. Pomportes L, Brisswalter J. Carbohydrate mouth rinse effects on physical and cognitive performance: Benefits and limitations in sports. Science & Sports. 2020; 35(4):200-06. 46. Brietzke C, Franco-Alvarenga PE, Canestri R, Goethel MF, Vínicius Í, Painelli VS, et al. Carbohydrate Mouth Rinse Mitigates Mental Fatigue Effects on Maximal Incremental Test Performance, but Not in Cortical Alterations. Brain Sci. 2020; 10(8) 47. Bailey SP, Harris GK, Lewis K, Llewellyn TA, Watkins R, Weaver MA, et al. Impact of a Carbohydrate Mouth Rinse on Corticomotor Excitability after Mental Fatigue in Healthy College-Aged Subjects. Brain Sci. 2021; 11(8) 48. Beelen M, Berghuis J, Bonaparte B, Ballak SB, Jeukendrup AE, van Loon LJC. Carbohydrate Mouth Rinsing in the Fed State: Lack of Enhancement of Time-Trial Performance. International Journal of Sport Nutrition and Exercise Metabolism. 2009; 19(4):400-09. 49. Ispoglou T, OʼKelly D, Angelopoulou A, Bargh M, OʼHara JP, Duckworth LC. Mouth Rinsing With Carbohydrate Solutions at the Postprandial State Fail to Improve Performance During Simulated Cycling Time Trials. J Strength Cond Res. 2015; 29(8):2316-25. 22 50. Fares E-JM, Kayser B. Carbohydrate Mouth Rinse Effects on Exercise Capacity in Pre- and Postprandial States. Journal of Nutrition and Metabolism. 2011; 2011:385962. 51. Lane SC, Bird SR, Burke LM, Hawley JA. Effect of a carbohydrate mouth rinse on simulated cycling time-trial performance commenced in a fed or fasted state. Applied Physiology, Nutrition, and Metabolism. 2013; 38(2):134-39. 52. De Pauw K, Roelands B, Van Cutsem J, Decroix L, Valente A, Taehee K, et al. Do Glucose and Caffeine Nasal Sprays Influence Exercise or Cognitive Performance? Int J Sports Physiol Perform. 2017; 12(9):1186-91. 53. De Pauw K, Roelands B, Van Cutsem J, Marusic U, Torbeyns T, Meeusen R. Electro-physiological changes in the brain induced by caffeine or glucose nasal spray. Psychopharmacology (Berl). 2017; 234(1):53-62. 54. Waitt AE, Reed L, Ransom BR, Brown AM. Emerging Roles for Glycogen in the CNS [Review]. Frontiers in Molecular Neuroscience. 2017; 10 55. Wender R, Brown AM, Fern R, Swanson RA, Farrell K, Ransom BR. Astrocytic glycogen influences axon function and survival during glucose deprivation in central white matter. J Neurosci. 2000; 20(18):6804-10. 56. Matsui T, Soya S, Okamoto M, Ichitani Y, Kawanaka K, Soya H. Brain glycogen decreases during prolonged exercise. J Physiol. 2011; 589(Pt 13):3383- 93. 57. Winnick JJ, Davis JM, Welsh RS, Carmichael MD, Murphy EA, Blackmon JA. Carbohydrate feedings during team sport exercise preserve physical and CNS function. Med Sci Sports Exerc. 2005; 37(2):306-15. 23 58. Stich V, Glisezinski Id, Berlan M, Bulow J, Galitzky J, Harant I, et al. Adipose tissue lipolysis is increased during a repeated bout of aerobic exercise. Journal of Applied Physiology. 2000; 88(4):1277-83. 59. Horowitz JF. Fatty acid mobilization from adipose tissue during exercise. Trends in Endocrinology & Metabolism. 2003; 14(8):386-92. 60. Sidossis LS, Stuart CA, Shulman GI, Lopaschuk GD, Wolfe RR. Glucose plus insulin regulate fat oxidation by controlling the rate of fatty acid entry into the mitochondria. J Clin Invest. 1996; 98(10):2244-50. 61. Horowitz JF, Mora-Rodriguez R, Byerley LO, Coyle EF. Lipolytic suppression following carbohydrate ingestion limits fat oxidation during exercise. Am J Physiol. 1997; 273(4):E768-75. 62. Davis JM. Central and peripheral factors in fatigue. Journal of Sports Sciences. 1995; 13(sup1):S49-S53. 63. Davis JM. Carbohydrates, Branched-Chain Amino Acids, and Endurances: The Central Fatigue Hypothesis. International Journal of Sport Nutrition. 1995; 5(s1):S29-S38. 64. AbuMoh’d MF, Matalqah L, Al-Abdulla Z. Effects of Oral Branched‐Chain Amino Acids (BCAAs) Intake on Muscular and Central Fatigue During an Incremental Exercise. Journal of Human Kinetics. 2020; 72(1):69-78. 65. Manaf FA, Peiffer JJ, Maker GL, Fairchild TJ. Branched-chain amino acid supplementation improves cycling performance in untrained cyclists. Journal of Science and Medicine in Sport. 2021; 24(4):412-17. 66. Gervasi M, Sisti D, Amatori S, Donati Zeppa S, Annibalini G, Piccoli G, et al. Effects of a commercially available branched-chain amino acid-alanine- 24 carbohydrate-based sports supplement on perceived exertion and performance in high intensity endurance cycling tests. Journal of the International Society of Sports Nutrition. 2020; 17(1):6. 67. Blomstrand E, Hassmén P, Ek S, Ekblom B, Newsholme EA. Influence of ingesting a solution of branched-chain amino acids on perceived exertion during exercise. Acta Physiol Scand. 1997; 159(1):41-9. 68. Blomstrand E, Saltin B. BCAA intake affects protein metabolism in muscle after but not during exercise in humans. American Journal of Physiology- Endocrinology and Metabolism. 2001 69. Hormoznejad R, Zare Javid A, Mansoori A. Effect of BCAA supplementation on central fatigue, energy metabolism substrate and muscle damage to the exercise: a systematic review with meta-analysis. Sport Sciences for Health. 2019; 15(2):265-79. 70. Jones L, Bailey SJ, Rowland SN, Alsharif N, Shannon OM, Clifford T. The Effect of Nitrate-Rich Beetroot Juice on Markers of Exercise-Induced Muscle Damage: A Systematic Review and Meta-Analysis of Human Intervention Trials. J Diet Suppl. 2022; 19(6):749-71. 71. Domínguez R, Cuenca E, Maté-Muñoz JL, García-Fernández P, Serra-Paya N, Estevan MC, et al. Effects of Beetroot Juice Supplementation on Cardiorespiratory Endurance in Athletes. A Systematic Review. Nutrients. 2017; 9(1) 72. Thompson C, Wylie LJ, Fulford J, Kelly J, Black MI, McDonagh ST, et al. Dietary nitrate improves sprint performance and cognitive function during prolonged intermittent exercise. Eur J Appl Physiol. 2015; 115(9):1825-34. 73. Wightman EL, Haskell-Ramsay CF, Thompson KG, Blackwell JR, Winyard PG, Forster J, et al. Dietary nitrate modulates cerebral blood flow parameters and 25 cognitive performance in humans: A double-blind, placebo-controlled, crossover investigation. Physiol Behav. 2015; 149:149-58. 74. Kreider RB, Kalman DS, Antonio J, Ziegenfuss TN, Wildman R, Collins R, et al. International Society of Sports Nutrition position stand: safety and efficacy of creatine supplementation in exercise, sport, and medicine. J Int Soc Sports Nutr. 2017; 14:18. 75. J VANC, Roelands B, Pluym B, Tassignon B, Verschueren JO, K DEP, et al. Can Creatine Combat the Mental Fatigue-associated Decrease in Visuomotor Skills? Med Sci Sports Exerc. 2020; 52(1):120-30. 76. Watanabe A, Kato N, Kato T. Effects of creatine on mental fatigue and cerebral hemoglobin oxygenation. Neurosci Res. 2002; 42(4):279-85. 77. Rice SM, Purcell R, De Silva S, Mawren D, McGorry PD, Parker AG. The Mental Health of Elite Athletes: A Narrative Systematic Review. Sports Medicine. 2016; 46(9):1333-53.
Compartilhar