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Estratégias nutricionais no controle da fandiga mental

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Estratégias nutricionais no controlo 
da fadiga mental e do seu impacto na 
performance do atleta: uma revisão 
temática 
Nutritional strategies in mental fatigue 
management and its impact on athlete 
performance: a thematic review 
João Carlos Gonçalves Ruano 
 
ORIENTADO POR: Dr. Pedro Ferreira Meirinhos 
 
 
REVISÃO TEMÁTICA 
1.º CICLO EM CIÊNCIAS DA NUTRIÇÃO | UNIDADE CURRICULAR ESTÁGIO 
FACULDADE DE CIÊNCIAS DA NUTRIÇÃO E ALIMENTAÇÃO DA UNIVERSIDADE DO PORTO 
TC 
 PORTO, 2023 
i 
 
Agradecimentos 
Ao Dr. Pedro Meirinhos, por toda a ajuda, apoio, partilha, disponibilidade e 
simpatia que demonstrou ao longo de todo o estágio. Vou sempre recordar os 
diálogos de trabalho acompanhados de um bom café. 
 
Ao Prof. Doutor Vítor Hugo Teixeira que me deu força para ingressar neste caminho 
e por ser uma referência e uma inspiração das Ciências da Nutrição. 
 
À Ana Branco, pela disponibilidade e toda a ajuda durante o estágio. 
 
À Dr.a Raquel Teixeira, à Dr.a Maria Roriz, ao Dr. Mário Fernandes e ao Dr. Pedro 
Salazar por partilharem o seu conhecimento sempre que oportuno. 
 
A todos os profissionais e atletas que estiveram sempre disponíveis para ajudar e 
cooperar ao longo desta etapa. 
 
A todos os professores que me incentivaram, apoiaram e deram força para 
enveredar pelo caminho da Nutrição. 
 
Aos meus pais por todo o carinho, motivação e apoio. 
 
À Catarina Oliveira por todo o apoio, amor, carinho e entreajuda em todos os 
momentos ao longo do tempo, por estar sempre presente, sem ela nunca teria 
sido possivel. 
 
ii 
Resumo 
A fadiga mental pode desenvolver-se durante o exercício físico através da 
exposição a atividades cognitivamente exigentes durante longos períodos de 
tempo. Retardar o surgimento ou até impedir o desenvolvimento da fadiga mental 
seria de todo o interesse dos atletas e, por isso, o principal objetivo desta revisão 
narrativa é apresentar e descrever a evidência mais recente no que diz respeito 
às estratégias nutricionais adequadas ao controlo da fadiga mental. 
A pesquisa bibliográfica para esta revisão foi realizada entre abril de 2023 e maio 
de 2023, nas bases de dados científicas PubMed, Scopus e Google Shcolar, 
utilizando os termos de pesquisa (nutrition OR nutritional strategies OR 
nutritional interventions OR sport nutrition) AND (mental fatigue OR cognitive 
fatigue OR central fatigue) AND (sport OR sports OR athletes OR exercise). 
As principais estratégias nutricionais que mostram ter impacto no controlo da 
fadiga mental e com evidência mais robusta são o uso de cafeína e de hidratos de 
carbono. Estas estratégias nutricionais parecem diminuir a perceção de esforço 
durante o exercício prolongado. Podem ser utilizadas através da sua ingestão ou 
por mouth rinsing, de forma isolada ou em combinação. A ingestão de BCAA 
poderá ser eficaz, mas os resultados são controversos. 
São necessários mais trabalhos de investigação com metodologias bem definidas 
que possam reproduzir resultados mais claros sobre o papel de todas as estratégias 
nutricionais que poderão permitir reduzir o impacto da fadiga mental na 
performance desportiva, sobretudo aquelas cuja evidência é menos suportada. 
 
Palavras-chave: fadiga mental, nutrição, performance, exercício 
iii 
 
Abstract 
Mental fatigue can develop during exercise through exposure to cognitively 
demanding activities over long periods of time. Delaying the onset or even 
preventing the development of mental fatigue would be of great interest to 
athletes and therefore, the main objective of this narrative review is to present 
and describe the most recent evidence regarding the most adequate nutritional 
strategies to control mental fatigue. 
The bibliographic research for this review was carried out between April 2023 and 
May 2023, in the scientific databases PubMed, Scopus and Google Scholar, using 
the terms (nutrition OR nutritional strategies OR nutritional interventions OR sport 
nutrition) AND (mental fatigue OR cognitive fatigue OR central fatigue) AND (sport 
OR sports OR athletes OR exercise). 
The main nutritional strategies with effect on the control of mental fatigue and 
strongest evidence are the use of caffeine and carbohydrates. These nutritional 
strategies appear to play a role in decreasing perceived exertion during prolonged 
exercise. These can be used by ingestion or by mouth rinsing, isolated or mixed. 
BCAA intake can also be effective, but the results are controversial. 
More research is needed, with well-defined methodology that can reproduce 
clearer results on the role of all nutritional strategies that may allow reducing the 
impact of mental fatigue on sports performance, especially those whose evidence 
is less supported. 
 
 
Keywords: mental fatigue, nutrition, performance, exercise 
iv 
Lista de abreviaturas, siglas e acrónimos (conforme aplicável) 
5-HT – Serotonina 
ACL – Ácidos gordos livres 
ADO – Adenosina 
BCAA – Aminoácidos de cadeia ramificada 
BHE - Barreira hematoencefálica 
CAF – Cafeína 
Cr - Creatina 
DA – Dopamina 
FF – Fadiga física 
FM – Fadiga mental 
GABA - Ácido gama-aminobutírico 
HC – Hidratos de carbono 
PD – Performance desportiva 
SB - Sumo de beterraba 
Trp – Triptofano 
 - theta 
 
 
 
v 
 
Índice 
Agradecimentos ......................................................................... i 
Resumo .................................................................................. ii 
Abstract ................................................................................. iii 
Introdução .............................................................................. 1 
Metodologia ............................................................................. 1 
Fadiga ................................................................................... 2 
Estratégias nutricionais no controlo da fadiga mental ........................... 7 
Cafeína .................................................................................... 7 
Hidratos de carbono ..................................................................... 9 
BCAA ...................................................................................... 11 
Outras estratégias ....................................................................... 12 
Conclusões ............................................................................. 13 
Referências ............................................................................ 16 
 
1 
 
 
Introdução 
O termo fadiga é comumente utilizado para descrever a fadiga física (FF) causada 
pelo exercício físico e pode ser definida como a interrupção da atividade muscular 
devido à depleção de substrato responsável por fornecer energia para a contração 
do músculo(1). Contudo, sabe-se que a fadiga pode também ter origem ao nível 
central, a fadiga mental (FM), contrariamente à mencionada acima que apenas 
remete para fadiga originada ao nível periférico, no músculo esquelético, a FF. 
A evidência científica que existe sobre a FM aponta para que esta seja responsável 
pela diminuição da performance desportiva (PD) em desportos de endurance e das 
capacidades técnicas de algumas modalidades(2). É, por isso, um tema que tem 
vindo a ter mais destaque na literatura, particularmente nos últimos anos, 
emergindo como um hot-topic que merece atenção pela comunidade científica e 
académica. De facto, numa revisão de Chen XX, Ji ZG(3), entre 2001 e 2021, foram 
identificadas 658 publicações sobre FM e a sua influência na PD, com uma 
tendência crescente nos últimos anos, o que demonstra a importância e 
pertinência do tema. 
O principal objetivo desta revisão narrativa é apresentar e descrever a evidência 
mais recente no que diz respeito às estratégias nutricionais adequadas para o 
controlo da FM, permitindo diminuir o impacto na PD e, consequentemente, 
preservar a saúde mental dosatletas. 
Metodologia 
A pesquisa bibliográfica para esta revisão foi realizada entre abril de 2023 e maio 
de 2023, nas bases de dados científicas PubMed, Scopus e Google Shcolar. Foram 
2 
utilizados os termos de pesquisa (nutrition OR nutritional strategies OR 
nutritional interventions OR sport Nutrition) AND (mental fatigue OR cognitive 
fatigue OR central fatigue) AND (sport OR sports OR athletes OR exercise). Foram 
excluídos todos os estudos com modelos animais. Foram também consultadas as 
referências citadas nos artigos originais. O software utilizado para gestão de 
referências bibliográficas foi o Endnote X20. 
Fadiga 
A PD pode ser afetada de várias formas: ao nível periférico e ao nível central. É a 
coordenação de ambos que permite alcançar a máxima PD. Quando um deles entra 
em cadência, a performance é prejudicada. 
A fadiga em contexto de exercício físico pode ser definida como FF e FM. A 
primeira, como já mencionado, ocorre com o depletar das reservas dos vários 
substratos energéticos , nomeadamente, o glicogénio, o que leva ao cessar da 
contração muscular e, concomitantemente, da atividade física(1, 4). É também 
caracterizada muitas vezes como sendo a incapacidade de produzir a potência 
esperada, o que resulta numa reduzida capacidade de performance(5) ou na 
incapacidade de continuar a realizar trabalho a uma determinada intensidade(6). 
Este tipo de fadiga tem sido a mais estudada em termos de PD(7). Contudo, a fadiga 
é um fenómeno multifacetado e nem sempre tem origem a nível do músculo-
esquelético. A FM, com origem ao nível do sistema nervoso central, caracteriza-
se por um estado psicobiológico induzido por atividades cognitivamente exigentes 
durante longos períodos de tempo, podendo prejudicar vários momentos do dia-
a-dia(7, 8). Pode manifestar-se através da sensação de cansaço, da falta de energia 
e pode efetivamente diminuir a performance, mais concretamente o tempo de 
reação e precisão em tarefas cognitivas, podendo provocar alterações ao nível da 
3 
 
 
atividade cerebral, nomeadamente, na atividade de ondas theta ()(8), sendo que 
a monitorização da sua atividade parece ser o método com maior validade 
científica para diagnóstico de FM(8-10). Contudo, todas estas alterações não têm 
obrigatoriamente de estar presentes para que a FM se instale, pois existem 
mecanismos compensatórios que podem camuflar estes sintomas(8). Num dos 
primeiros trabalhos sobre impacto da FM em performance no exercício físico, 
Marcora SM, Staiano W(11) demonstraram que a FM poderá limitar a tolerância ao 
exercício físico, especialmente, de endurance, devido a uma maior perceção de 
esforço, menor motivação e não por mecanismos cardiorrespiratórios ou 
musculares, o que transparece o papel da função cerebral durante a realização 
deste tipo de atividade física(3, 11, 12). Isto também coincide com outros estudos 
nos quais se concluiu que a FM não altera a capacidade máxima de ativação 
muscular, mas afeta a performance ao aumentar a perceção de esforço(13-16). De 
facto, situações da vida real, em contexto de exercício de endurance prolongado, 
podem ser não apenas fisicamente extenuantes, mas também mentalmente 
exigentes e, por isso, acentuar ainda mais os efeitos da fadiga(8). 
No desenvolvimento da FM parece haver um aumento dos níveis de metabolitos no 
cérebro (Esquema 1), nomeadamente, os neurotransmissores como a serotonina 
(5-HT) e a adenosina (ADO) e uma diminuição de outros como a dopamina (DA)(1, 
17-20). Existe evidência de que o exercício físico aumenta a síntese de 5-HT, 
aumentando a sua concentração extracelular no cérebro. Isto parece estar 
associado ao surgimento de FM, talvez devido ao seu papel no sono e na perda de 
motivação, podendo reduzir a capacidade de recrutamento de unidades motoras(1, 
4, 21, 22). 
4 
A 5-HT não atravessa a barreira hematoencefálica (BHE) e, por isso, é necessário 
que ocorra a captação do aminoácido triptofano (Trp), percursor da 5-HT, sendo 
que a sua disponibilidade é o passo limitante na própria síntese de 5-HT(4). A 
síntese da 5-HT é regulada pelo rácio entre o Trp livre, ou seja, não ligado a 
albumina presente na corrente sanguínea, assim como outros aminoácidos de 
maior dimensão, incluindo os aminoácidos de cadeia ramificada (BCAA - do inglês 
branched chain aminoacids), que competem com o Trp pelo mesmo transportador 
para atravessar a BHE(4, 21). Este rácio aumenta durante o exercício, o que favorece 
a entrada de Trp para o cérebro, levando a um aumento na síntese de 5-HT, o que 
poderá contribuir para o surgimento de FM(21). O mecanismo que poderá explicar 
o aumento deste rácio e que parece estar associado ao desenvolvimento de FM é 
a lipólise estimulada por adrenalina, que causa mobilização de ácidos gordos livres 
(ACL) do tecido adiposo para a corrente sanguínea. A concentração de ACL 
aumenta progressivamente durante o exercício e, apesar da sua libertação a partir 
do tecido adiposo ter uma relação quase linear com a sua captação pelo músculo, 
quando as reservas de glicogénio hepáticas e musculares estão próximas do limite, 
a taxa de libertação de ACL ultrapassa a taxa de captação pelo músculo, 
resultando num aumento pronunciado da concentração de ACL no plasma(4). Os 
ACL ligam-se à albumina, promovendo alterações conformacionais que provocam 
a libertação de Trp da albumina, aumentando assim a pool de Trp livre e, 
consequentemente, o rácio de Trp/BCAA, deixando mais Trp disponível para ser 
transportado através da BHE e participar na síntese de 5-HT(23). 
Sabe-se também que maiores concentrações de DA parecem estar associadas a um 
aumento de performance(24). Contudo, durante o exercício prolongado, a 
concentração de ADO cerebral aumenta, provocando a inibição da libertação pré-
5 
 
 
sináptica de neurotransmissores como a DA, podendo provocar uma maior 
perceção de esforço e uma menor motivação, impactando a PD(25). 
O rácio cerebral de 5-HT/DA também parece sugerir que não é apenas o efeito 
separado dos dois neurotransmissores, mas também a sua interação que pode levar 
ao surgimento de FM, particularmente, quando este rácio 5-HT/DA aumenta(4). 
Alguns autores têm proposto outros neurotransmissores envolvidos no 
desenvolvimento da FM, como o ácido gama-aminobutírico (GABA), glutamato, 
acetilcolina, entre outros, mas com evidência ainda escassa(4). 
Por outro lado, a literatura não parece identificar efeitos negativos provocados 
pela FM na performance anaeróbica, nomeadamente no teste anaeróbico de 
Wingate e em parâmetros como a altura do salto, força máxima e média exercida 
e pico máximo de força(26, 27). Isto permite considerar que a FM parece afetar 
Esquema 1 - Representação esquemática das alterações fisiológicas provocadas pelo exercício prolongado. 
6 
sobretudo desportos de endurance e aqueles de intensidade intermitente, como é 
o caso dos desportos de equipa. 
A FM parece influenciar fatores que não têm diretamente impacto na performance 
física mas que causam um declínio na PD de forma geral. Vários trabalhos mostram 
que a FM tem impacto nas capacidades técnicas do desporto e na tomada de 
decisão de atletas de várias modalidades, desde o futebol, basquetebol, ténis de 
mesa, entre outros(7, 28, 29). Yuan R, Sun H(30) concluíram que a FM afetou a 
capacidade técnica de cada modalidade, prejudicando a PD. Parece também 
existir evidência de que a FM não surge apenas em momentos de maior 
competição, mas também durante períodos de treino e de preparação para a 
competição(31). Apesar de não haver estudos que investiguem o risco de lesão em 
atletas devido a FM, alguns trabalhos mostram que a FM pode afetar 
negativamente o equilíbrio, a precisão e o tempo de reação(32, 33), podendo assim 
aumentar o risco de lesão. 
Também existe evidência com resultados mais controversos. Recentemente, numa 
revisão sistemática de McMorris T, Barwood M(34), os autoresconcluíram que a FM 
parece ter um impacto significativo (embora pequeno) na PD. Contudo, os 
resultados são inconclusivos, talvez pela dificuldade que os estudos incluídos na 
revisão tiveram em avaliar se a FM foi realmente induzida. Estes resultados são 
semelhantes aos de outros autores(2). 
As alterações fisiológicas discutidas anteriormente podem funcionar como 
mecanismos de proteção contra a ocorrência de danos no organismo. Contudo, 
os atletas teriam todo o interesse em retardar o surgimento não apenas da FF, 
mas também da FM. De seguida serão discutidas estratégias nutricionais com 
evidência na diminuição do surgimento da FM. 
7 
 
 
Estratégias nutricionais no controlo da fadiga mental 
São várias as estratégias nutricionais e intervenções que têm surgido na literatura 
para tentar retardar o surgimento da FM e para minimizar os efeitos negativos na 
performance. 
Cafeína 
Uma das primeiras a surgir e das estratégias com evidência mais robusta é o uso 
de cafeína (CAF). A CAF, atravessa a BHE, e se usada de forma aguda, atua como 
inibidor dos recetores de ADO, contrariando o papel da ADO na inibição da 
libertação pré-sináptica de DA(12, 35, 36). Franco-Alvarenga PE, Brietzke C(37) 
avaliaram o efeito da CAF em ciclistas com FM induzida, confirmada através de 
eletroencefalografia do córtex pré-frontal e da atividade das ondas  Os 
resultados mostraram que a CAF diminuiu a atividade das ondas , melhorando a 
performance comparativamente com o placebo. Num outro trabalho, Azevedo R, 
Silva-Cavalcante MD(38) mostraram que após a ingestão de CAF sob a forma de 
cápsula com a concentração de 5 mg/kg de peso corporal, 90 minutos antes de 
provas controladas de ciclismo, indivíduos com FM induzida obtiveram 14% de 
aumento na performance comparativamente aos tratados com placebo. De forma 
geral, a literatura sugere que a ingestão de 3-6 mg/kg de peso corporal e, 
possivelmente, doses mais elevadas até 7,5 mg/kg de peso corporal de CAF 
parecem ser suficientes para diminuir o impacto da FM na PD(38, 39). Além da dose, 
é também interessante perceber em que momento será mais adequado ingerir a 
CAF. É necessário referir que o pico de concentração plasmática da CAF varia 
entre 15 a 120 minutos após ingestão oral, o que pode ser explicado 
principalmente pelo tempo de esvaziamento gástrico(40). Mesmo assim, o timing 
8 
apropriado de ingestão de cafeína pode ser muito difícil de predizer. As variações 
inter-individuais no gene CYP1A2 e possivelmente no gene ADORA2A estão 
associadas ao metabolismo e à sensibilidade da CAF, o que explica as diferentes 
respostas dos indivíduos(41) e torna a decisão de definir o momento mais adequado 
de ingestão ainda mais difícil. Além de todos estes fatores, a fonte de CAF 
utilizada também afeta o timing da ingestão, sendo que CAF na forma de pastilha 
parece ter um efeito mais rápido do que em forma de cápsula(42). Ainda assim e 
segundo a International Society of Sports Nutrition, 60 minutos antes do evento 
parece ser o timing mais comum para obter o efeito ergogénico da CAF(39), pelo 
menos, em termos de performance física. 
Além disto, a CAF também parece conseguir atuar através de um mecanismo 
distinto, ou seja, através da ativação de recetores específicos do paladar 
(possivelmente recetores do sabor amargo) que desencadeiam uma resposta 
cerebral via cascata de transdução e que parece ter um papel importante na 
redução da FM, já que permite restaurar a transmissão dopaminérgica no 
cérebro(35). Explorando este mecanismo, Van Cutsem J, De Pauw K(43) utilizaram 
uma outra estratégia: bochechar (do inglês mouth rinsing) com uma bebida que 
combina CAF com hidratos de carbono (HC), neste caso maltodextrina. 
Comparativamente com o placebo, os indivíduos intervencionados mostraram uma 
diminuição da FM, contudo, estes resultados podem ter sido afetados pelo uso da 
combinação de maltodextrina e CAF. 
Por todos estes fatores, o uso de CAF deverá ser individualizado e experimentado 
por cada atleta antes de ser utilizado em contexto competitivo para perceber 
como cada atleta é afetado. 
9 
 
 
Hidratos de carbono 
O uso de HC tem sido também uma das estratégias nutricionais mais investigadas 
para retardar ou diminuir o impacto da FM na PD. A técnica de bochechar com 
uma bebida apenas com HC (sem CAF) parece ter alguma evidência no controlo da 
FM(44, 45). Contudo, estes efeitos positivos ocorreram principalmente nos trabalhos 
em que os indivíduos estavam em jejum(46-49). Outros grupos de investigação 
mostraram que mesmo sem jejum parece haver validade desta estratégia, embora 
com magnitudes inferiores. Fares E-JM and Kayser B(50) realizaram um trabalho 
onde foi demonstrado um aumento de performance de 3% e 7% no estado 
alimentado e no estado de jejum, respetivamente. Resultados semelhantes foram 
obtidos por Lane SC, Bird SR(51), que mostraram que a performance de ciclistas 
aumentou nos dois estados comparativamente ao grupo controlo, mas em maior 
magnitude no estado de jejum. 
O mecanismo proposto que poderá explicar o aumento da performance por esta 
estratégia é um conjunto de recetores localizados na cavidade oral que ativam 
regiões no cérebro responsáveis por estimular o centro de recompensa e diminuir 
a sensação de esforço percebido(45). Porém, os dados relativamente a esta 
estratégia são bastante contraditórios e, por isso, o mais prudente é realizar mais 
investigação, para que surja evidência de maior qualidade. 
Existem ainda alguns dados que indiciam um possível aumento de performance 
com a utilização de uma solução de glicose na forma de spray nasal(52, 53) mas que 
também necessita de mais investigação para ser relevante e ser tida em 
consideração no meio desportivo. 
10 
Por outro lado, a ingestão de HC como estratégia de mitigação da FM parece ser 
a solução mais cientificamente comprovada. O potencial efeito positivo poderá 
dever-se à necessidade acrescida de fornecimento de substrato para o cérebro 
durante o exercício prolongado(44). A glicose é armazenada no cérebro sob a forma 
de glicogénio em células denominadas astrócitos(54). Quando o fornecimento de 
glicose para o cérebro, a partir do sangue, é inadequado, particularmente durante 
eventos de hipoglicemia, o glicogénio cerebral torna-se a fonte de energia 
essencial para a atividade cerebral(55). Se a intensidade e a duração do exercício 
forem suficientes para depletar o glicogénio muscular e induzir um estado de 
hipoglicemia, pode-se verificar a diminuição do glicogénio cerebral(56). Por outro 
lado, a diminuição do glicogénio cerebral parece relacionar-se com o aumento de 
5-HT cerebral(56). Assim, torna-se importante manter o aporte de energia, não 
apenas para prevenir a depleção de substrato essencial para manter a atividade 
muscular, mas para manter constantes os níveis de glicose no cérebro. 
Winnick JJ, Davis JM(57) demonstraram que a ingestão de uma bebida com uma 
concentração de 6% de HC pode atenuar a diminuição de performance não só física 
mas também mental em contexto de desportos de equipa. 
Os HC também poderão ter um papel importante no combate à FM através de 
outro mecanismo. Consideremos o aumento da lipólise durante o exercício(4, 58) e 
que isto causa um aumento de Trp livre e, consequentemente, a maior síntese de 
5-HT cerebral. A lipólise é extremamente sensível aos níveis de insulina 
plasmática, podendo diminuir drasticamente na sua presença(59). Podemos então 
observar que os HC ingeridos durante o exercício aumentam a libertação de 
insulina, o que irá suprimir a lipólise(60, 61). Diminuindo a lipólise irá, por sua vez, 
11 
 
 
causar uma redução de Trp livre que ficará menos disponível para a síntese de 5-
HT, e por isso, diminuir o surgimento de FM. 
BCAA 
O passo limitante na síntese de 5-HT é o transporte de Trp através da BHE. Com 
base nos mecanismos já elucidados, alguns autoresprocuraram perceber se seria 
possível atenuar a FM através da diminuição do rácio Trp/BCAA. 
A ingestão de BCAA causa um aumento na sua concentração no plasma, o que, em 
teoria, pode reduzir a captação de Trp para o cérebro e, consequentemente, 
diminuir a síntese de 5-HT, como já foi descrito. Contudo, a ingestão de BCAA em 
baixas doses poderá não ser suficiente para diminuir a síntese de 5-HT(62, 63). Além 
disso, se ingeridos em doses demasiado elevadas podem provocar uma redução de 
absorção de água ao nível intestinal e aumentar a concentração de amónia 
plasmática para níveis potencialmente tóxicos, o que pode ser ainda mais 
prejudicial e, no limite, antecipar o surgimento de fadiga e prejudicar a 
performance(62, 63). 
Vários autores tem estudado esta possível estratégia nutricional e os resultados 
obtidos são bastante controversos. Em alguns trabalhos foram demonstrados 
resultados positivos na diminuição da FM com a ingestão de BCAA(64-67). Contudo, 
a metodologia de alguns destes trabalhos pode levar a um viés de resultados, ou 
por serem ingeridas doses bastante elevadas ou por não ser exclusiva a ingestão 
de BCAA. Ainda assim, a dose que parece ser mais adequada para diminuir a FM 
é entre 7 a 10 g, já que parece não aumentar os níveis de amónia no plasma(68). 
Num dos primeiros estudos sobre o tema, Blomstrand E, Hassmén P(67) utilizaram 
150 ml a 200 ml de uma solução com 7 g/L de BCAA no início da prova e a cada 15 
12 
minutos durante a duração restante do exercício. Deste trabalho surgiram 
resultados positivos, nomeadamente uma diminuição na perceção de esforço 
percebido pelos indivíduos intervencionados, não tendo havido diferenças nos 
níveis de amónia plasmática, indicando que poderá ser uma dose segura. Numa 
revisão sistemática mais recente, os estudos incluídos não mostraram um aumento 
na concentração de amónia plasmática, contudo, não conseguiram demonstrar 
efeitos positivos esperados na redução da FM(69). Por isso, de forma geral, a 
literatura mostra que o uso de BCAA no contexto de FM não parece ter evidência 
suficiente, sendo necessária mais investigação para fazer recomendações desta 
estratégia. 
Outras estratégias 
Existem estratégias com menos evidência mas que valem a pena destacar, visto 
que tem havido alguma investigação em torno das mesmas. O sumo de beterraba 
(SB) é utilizado devido ao seu conteúdo em nitratos que, endogenamente, é 
reduzido a oxido nítrico(44). Existe evidência de que o SB pode ser eficiente em 
melhorar a performance cardiorrespiratória em atletas de endurance e também 
parece poder atenuar marcadores de dano muscular induzido por exercício(70, 71). 
Contudo, a literatura apresenta resultados mais modestos no que diz respeito aos 
efeitos do SB na performance cognitiva. Podem evidenciar-se duas abordagens de 
como utilizar o SB neste contexto. Thompson C, Wylie LJ(72) mostraram que ingerir 
140 ml de SB durante 7 dias foi suficiente para melhorar a performance física e, 
possivelmente, para atenuar o declínio da função cognitiva. Com um protocolo de 
intervenção mais aguda, Wightman EL, Haskell-Ramsay CF(73) demonstraram que 
90 minutos após a ingestão de 450 ml de SB foi possivel observar um aumento da 
performance cognitiva. 
13 
 
 
A creatina (Cr) é um suplemento com evidência robusta no melhoramento da 
performance física(74). Alguns autores estudaram o seu possivel efeito na redução 
da FM em atletas. Os resultados não são claros, contudo, parece poder haver um 
potencial papel da Cr na FM(75, 76). 
Existem outros produtos com possíveis efeitos na cognição, nomeadamente 
ginseng, Ginko biloba, Rhodiola rosea, sálvia e guaraná, mas sem evidência 
aplicável e robusta no contexto de FM(44). Além disto, muita desta evidência deriva 
de trabalhos em populações que não são atletas e em intervenções onde o 
composto não estava isolado, o que torna os resultados pouco válidos e 
contraditórios(44). 
Conclusões 
A FM é um estado psicobiológico induzido por esforço cognitivo prolongado com 
impacto negativo em vários aspetos das diferentes modalidades desportivas, 
prejudicando a performance dos atletas, principalmente nos processos de tomada 
de decisão e nas capacidades técnicas desportivas(7). 
Existem vários fatores na vida de um atleta que podem predispor para o 
surgimento da FM. Fatores como as viagens, o stress, a falta de sono e o meio 
social onde se integram. Na verdade, os atletas de elite são uma população 
vulnerável em termos de saúde mental, o que pode prejudicar a performance(77). 
Com isto em mente, surgem novas oportunidades de tentar melhorar o rendimento 
dos atletas. Monitorizar o surgimento da FM e intervir de forma o mais precoce 
possível, seria uma mais valia para maximizar a performance do atleta e reduzir 
a perceção de cansaço que uma longa temporada competitiva pode provocar, até 
porque pode ser a diferença entre ganhar ou perder. A evidência científica na área 
14 
da FM e da PD é ainda relativamente pouco robusta, possivelmente devido ao 
recente interesse que tem vindo a surgir pelo tema, particularmente nos últimos 
anos(3). Contudo, com base nos dados que existem, podem destacar-se duas 
grandes estratégias nutricionais que parecem ter impacto no controlo da FM: o 
uso de CAF e de HC. Estas estratégias são as que têm a evidência mais sólida para 
combater FM e sinergicamente potenciar a performance física. Assim, são as 
estratégias mais interessantes quer através da sua ingestão ou por mouth rinsing, 
sendo esta última particularmente interessante para atletas que estejam em 
restrição calórica ou que simplesmente não queiram ingerir CAF ou HC. Podem 
igualmente ser usadas em isolado ou em combinação. 
A ingestão de BCAA também parece surgir de um conceito interessante. Do ponto 
de vista teórico, faz todo o sentido que a sua ingestão retarde e até diminua o 
surgimento da FM. Todavia, os trabalhos com esta estratégia, além de serem 
escassos, não apresentam validade científica suficiente e demonstram alguns 
problemas metodológicos. Além disso, seria importante que mais estudos definam 
uma dose adequada que permita obter os resultados aos quais se propõe, mas sem 
pôr em causa a segurança do atleta, já que muitos dos trabalhos com resultados 
positivos foram obtidos com doses bastante elevadas, possivelmente próximas da 
toxicidade. 
Relativamente a outras possíveis estratégias, é necessário muito mais investigação 
para poder obter conclusões válidas. Ainda assim, todos os resultados devem ser 
olhados criticamente, já que podem estar sujeitos a grande subjetividade sobre a 
perceção da FM. 
Os trabalhos de investigação relativos a este tema são também algo complexos de 
realizar. Por um lado, é bastante complicado perceber até que ponto se consegue, 
15 
 
 
de facto, induzir FM nos indivíduos que participam no estudo. Para isso seria 
necessário, em primeiro, estabelecer concretamente o que é FM e desenvolver 
meios de indução da FM, mais específicos e representativos de cada desporto e, 
em segundo, estabelecer marcadores fiáveis para avaliar o grau de indução da FM. 
Um destes marcadores que alguns dos estudos com maior relevância utilizaram é 
a avaliação da atividade cerebral, nomeadamente as ondas , por 
eletroencefalografia. Por outro lado, existe muitas vezes a impossibilidade de 
realizar a investigação com dupla ocultação neste sentido, ou seja, a dificuldade 
de ocultar a tarefa utilizada para induzir FM e a tarefa realizada pelos indivíduos 
controlo. Também no momento de testar estratégias, a dupla ocultação, como na 
maioria dos estudos nutricionais, pode apresentar-se difícil de executar. 
Existe, por tudo isto, muita investigação que se pode realizar neste âmbito e que 
poderá vir a ter grande impacto na qualidade de vida e na PD dos atletas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
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