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1 Hemodinâmica O sangue é um tecido fluido, altamente renovável, responsável pelo transporte de gases, nutrientes, eletrólitos, metabólitos, proteínas de defesa, reparo e manutenção do organismo, além de células brancas, vermelhas e plaquetas. Pode ser dividido em plasma e elementos figurados. O plasma é formado por água, minerais (íons), compostos inorgânicos (oxigênio, gás carbônico) e compostos orgânicos (proteínas, nutrientes, metabólitos etc.). Os elementos figurados são as plaquetas, as hemácias e os leucócitos. O sistema circulatório é dividido em microcirculação e macrocirculação, sendo a primeira formada por arteríolas, capilares e vênulas e o segundo pelas artérias e veias. O sangue é bombeado pelo coração e se distribui para as diversas partes do corpo por meio de grandes artérias, que se dividem em artérias menores, arteríolas e capilares, que por sua vez se comunicam entre si em uma extensa rede, permitindo a troca de nutrientes, metabólitos e gases com os órgãos, para em seguida se juntarem e formarem vênulas e veias que se juntam formando veias de maior calibre, até que o sangue retorne ao coração, reiniciando o processo. Vasos sanguíneos: Os vasos sanguíneos são formados por células que se agrupam formando um longo tubo com várias camadas também chamadas de túnicas. A camada de fora é chamada túnica externa ou adventícia e corresponde a um tecido conectivo. Essa camada é rica em fibras nervosas (nervi vasorum), que são responsáveis por estimular a contração da musculatura lisa dos vasos(artérias, arteríolas, veia e vênulas), permitindo que contraiam, diminuindo o diâmetro do vaso, reduzindo deste modo a passagem de sangue por eles. 2 Em artérias onde as necessidades metabólicas são mais elevadas, como aorta e coronárias, essa camada mais externa também é repleta de pequenos vasos (vasa vasorum) destinados à irrigação dos tecidos que formam o próprio vaso, sobretudo as camadas mais distantes do lúmen. Esses vasos também podem ser encontrados em algumas veias e vasos linfáticos de maior calibre, e pelo mesmo motivo. Nesta túnica ainda se encontram fibras colágenas e elastina, fibrocitos e fibroblastos, além de vasos linfáticos. Nas veias a túnica adventícia é a camada mais espessa. Nas artérias ela também é bem larga, mas pode ser maior, de igual espessura, ou menor que a túnica média que contém musculatura lisa, como veremos adiante. Frequentemente a túnica adventícia torna-se gradualmente contígua com o tecido conjuntivo do órgão pelo qual o vaso sanguíneo está passando, dificultando sua identificação. A camada intermediária é chamada de túnica média e é composta por fibras musculares lisas e tecido conjuntivo elástico. 3 Nas artérias essa camada pode ser tão ou mais desenvolvida que a túnica adventícia. A camada mais interna é a túnica íntima, constituída por células endoteliais. Endotélio é o termo usado para designar o epitélio pavimentoso que reveste a parte interna dos vasos sanguíneos e linfáticos: Uma característica das veias, mas não nas artérias, é a presença de válvulas semilunares que se projetam da túnica íntima para a luz do vaso e deste modo impedem o refluxo de sangue: https://www.auladeanatomia.com/novosite/wp-content/uploads/2015/11/Nova-Imagem-33.bmp?x46657 4 Varizes e veias varicosas são veias que se dilatam, impedindo que as válvulas semilunares exerçam sua função, deixando o sangue venoso acumulado. Essa distensão e acúmulo de sangue as torna mais sinuosas e aparentes do que o normal, predispondo a formação de trombos e a formação de úlceras varicosas. Arteríolas se ramificam em arteríolas menores (metarteríolas), que gradualmente formam a rede de capilares formados por apenas uma membrana basal e uma camada de células endoteliais extremamente fina, que facilita troca de oxigênio, nutrientes e metabólitos com os tecidos. Finalmente, a rede de capilares vai se unindo até que formam vênulas, que posteriormente se juntam formando veias maiores. 5 A pequena circulação: Consiste no caminho descrito pela artéria pulmonar, que parte do ventrículo direito do coração (1) e se bifurca em artéria pulmonar direita e artéria pulmonar esquerda (2), que vão aos respectivos pulmões. Nos pulmões essas artérias se dividem e se direcionam aos lobos pulmonares, dividindo-se conforme já descrito, em arteríolas e capilares (3). Os capilares formam vênulas que se reúnem entre si até formarem as veias pulmonares, que seguem até o átrio esquerdo (4). A grande circulação: A artéria aorta é o ponto de início da grande circulação, a partir do ventrículo esquerdo (5) do coração. A aorta é uma grande artéria (6), que se divide em artérias subclávias que vão aos membros superiores, em artérias carótidas que levam o sangue à região da cabeça (7), em artérias bronquiais, que vão aos brônquios e pulmões, em artérias do esôfago, em artérias intercostais e em artérias ilíacas, que se dirigem aos membros inferiores (8). Após se dividirem em artérias menores, arteríolas e capilares irrigando os diversos órgãos (microcirculação), os vasos se reúnem novamente em vênulas e veias, que se juntam formando as veias cavas superior (9) e inferior (10), que retornam ao coração pelo seu átrio direito (11). A microcirculação ocorre por meio das arteríolas, capilares e vênulas dos diversos órgãos e é responsável pela oxigenação, nutrição e remoção dos produtos do catabolismo celular. Para isso, os capilares são tão finos que muitas células do sangue precisam se “esgueirar” por eles, fazendo um contato muito próximo com a sua parede, já que elas são muitas vezes maiores que o diâmetro da luz desses vasos elásticos. Por conta das diferenças de pressão hidrostática e pressão oncótica entre o sangue do capilar e o interstício, há uma tendência dos fluidos do plasma saírem dos capilares mais próximos das arteríolas para o interstício, levando com ele eletrólitos, nutrientes e oxigênio, mas há uma 6 tendência de os fluidos fazerem o caminho inverso nas partes mais próximas das vênulas. Por isso, os líquidos do espaço entre as células (interstício) são drenados para as vênulas e para os vasos linfáticos. O sistema linfático consiste em uma extensa rede de vasos e capilares paralelos ao sistema cardiocirculatório, que se distribuem por todo o corpo, penetrando nos órgãos periféricos, recolhendo os fluidos que extravasaram dos capilares sanguíneos para os tecidos e reconduzindo- os ao sistema circulatório sanguíneo sob a forma de linfa. Os capilares linfáticos estão presentes em quase todos os tecidos do corpo, vão se unindo em vasos linfáticos maiores, que terminam no duto torácico e duto linfático, que por sua vez, desembocam em veias próximas ao coração (veias subclávias esquerda e direita), onde a linfa finalmente se mistura com o sangue venoso e volta à circulação. Participam desse sistema órgãos filtrantes chamados linfonodos. Os vasos linfáticos possuem válvulas unidirecionadas que impedem o refluxo da linfa, mas não possuem uma bomba como o coração. Por isso, após algum período em pé ou sentado, é importante contrair os músculos da perna para auxiliar a drenagem linfática e venosa. Especialistas recomendam que a cada hora sentada, a pessoa fique em pé e se movimente por alguns minutos e quando isso não for possível, como em viagens longas, que pelo menos sejam feitos exercícios musculares, por exemplo, escrevendo o alfabeto inteiro com cada um dos pés. IRRIGAÇÃO DOS TECIDOS: Nem todos os capilares recebem sangue ao mesmo tempo e o volume de sangue do organismo é muito menor do que o espaço vascular que todos os capilares possuem juntos. As arteríolas possuem musculatura lisa que pode ser dilatada ou contraída, aumentando ou diminuindo a luz do vaso, regulando, deste modo, a quantidade de sangue que flui por elas.Além disso, a irrigação dos tecidos também ocorre de modo alternado por conta da abertura e fechamento de esfíncteres pré-capilares em diferentes partes de um órgão e em diferentes órgãos do organismo. 7 Esse controle se dá por meio de diversos hormônios e pelo sistema nervoso central, que juntos, controlam o fluxo para os diversos órgãos e a pressão arterial. Quantidade De Sangue Nos Tecidos Hiperemia consiste no aumento da quantidade de sangue no interior dos vasos de um órgão ou território orgânico. Hiperemia ativa é quando ocorre aumento do fluxo sanguíneo local por conta da dilatação arteriolar, podendo ser: (1) fisiológica, quando há necessidade de maior irrigação, como ocorre nos músculos esqueléticos durante o exercício, ou na mucosa gastrintestinal durante a digestão, na pele em ambientes quentes (para aumentar a perda de calor) ou na face frente a emoções; (2) patológica, quando acompanha as inflamações agudas. 8 Hiperemia passiva ou congestão é quando ocorre redução da drenagem venosa, provocando distensão das veias distais e capilares; deixando a região com coloração vermelho-escura, devido à alta concentração de dioxihemoglobina. A hiperemia passiva pode ser: • localizada quando ocorre obstrução de uma veia apenas ou • sistêmica quando ocorre insuficiência cardíaca, anormalidades na valva cardíaca tricúspide, compressão do átrio direito, compressão ou obstrução das veias cava. Na congestão aguda, os vasos ficam distendidos e o órgão fica mais pesado que o normal, mas na congestão crônica é bastante comum o órgão atrofiar, tornando-se menor e mais leve. Viscosidade Do Sangue A viscosidade do sangue resulta da composição do plasma, dos seus constituintes celulares e da força de cisalhamento (atrito com a parede), mas nos vasos mais calibrosos isso quase não interfere no fluxo sanguíneo. Entretanto, na microcirculação, onde o fluxo sanguíneo já é lento, a interação entre células do sangue com outras células do sangue e a interação de células do sangue com as paredes do vaso é máxima. Por isso, qualquer alteração na viscosidade do sangue é desproporcionalmente mais importante à medida que o calibre do vaso diminui. Deste modo, alterações hemodinâmicas sempre repercutem mais na microcirculação do que nos grandes vasos. A síndrome de hiperviscosidade é um distúrbio caracterizado por aumento da viscosidade sanguínea, que resulta em redução do fluxo capilar (hipoperfusão) e isquemia dos órgãos afetados, podendo levar à necrose e lesões importantes dos tecidos. A hiperviscosidade pode ser provocada pelo excesso de proteínas plasmáticas (como fibrinogênio e imunoglobulinas), glicose, plaquetas, hemácias e leucócitos, além de desidratação. Em geral, as manifestações clínicas só aparecem quando a viscosidade aumenta muito. Nesses casos, o paciente frequentemente apresenta sangramento devido a lesão capilar por hipóxia e microtrombos. Além de hemorragias, são também frequentes manifestações neurológicas como cefaleia, parestesias (dor sem que haja inflamação ou agressão), ataxia, nistagmo (movimento involuntário dos olhos), confusão mental ou mesmo coma, por vezes, letais. 9 Na leucostase ocorre a obstrução da microcirculação por conta de um número excessivamente grande de leucócitos (hiperleucocitose), cérebro, pulmões e pênis são os órgãos mais afetados, produzindo manifestações clínicas como tontura, delírio e coma, distúrbios da visão, insuficiência respiratória e eventualmente, priapismo. Geralmente com a redução do número de leucócitos a maioria dessas manifestações desaparecem. HEMOSTASIA OU HEMOSTASE Consiste em uma série de processos que visa manter o sangue nos vasos em estado fluido, mas formando rapidamente um tampão hemostático em caso de lesão vascular. A coagulação é um evento concomitante à agregação plaquetária e consiste na ativação em cascata de proteínas do plasma, que levam à formação de coágulos constituídos principalmente por rede de fibrina e agregados de plaquetas, hemácias e leucócitos. A hemostasia primária é produzida a partir da agregação de plaquetas, normalmente após uma lesão nos vasos, na tentativa inicial de conter a hemorragia. Plaquetas ativadas se ligam umas às outras a partir da interação de receptores em suas superfícies com o fibrinogênio, que forma uma “ponte” ligando as plaquetas. A mudança de forma que ocorre nas plaquetas ativadas facilita essas interações: Em seguida, acontece a hemostasia secundária, quando fatores de coagulação são ativados, formando polímeros de fibrina, que se entrelaçam e fortalecem o tampão plaquetário, além de prender hemácias e leucócitos ao coágulo. 10 • A vitamina K e o cálcio são cofatores importantes para a ativação de diversos fatores de coagulação, por isso, a ausência desses cofatores predispõe hemorragias e o excesso aumenta o risco de tromboembolias. Mecanismos anti-trombóticos endógenos: • Prostaciclina é produzida pelo endotélio vascular integro, e vai agir sobre as plaquetas ligando-se aos receptores de prostaciclinas, mantendo os receptores gp IIb e IIIa das plaquetas inativados e inibindo a degranulação das plaquetas. • Antitrombina III é uma proteína produzida pelo fígado, que inibe a ativação da trombina (fator II), da fibrina (fator I) e de fatores como IX, X e XI. • Heparina é um carboidrato produzido pelas células endoteliais intactas, e potencializa a ação da antitrombina III. A hemostasia terciária é um processo que ocorre quando o plasminogênio do plasma é ativado, se transformando em plasmina, que digere a fibrina, desfazendo os coágulos e impedindo que outros trombos se formem em áreas distantes da área lesionada. Vídeos e animações sobre coagulação e hemostasia: • youtube.com/watch?v=R8JMfbYW2p4 (2m) ativação e agregação plaquetária • youtube.com/watch?v=e4cQw70owYA (4m) coagulação – Academia de ciência e tecnologia • youtube.com/watch?v=B3NDV6bBdnU – (9m) – aula sobre hemostasia detalhada http://www.youtube.com/watch?v=R8JMfbYW2p4 http://www.youtube.com/watch?v=e4cQw70owYA http://www.youtube.com/watch?v=B3NDV6bBdnU 11 TROMBOSE Em algumas situações patológicas pode ocorrer a formação de coágulos dentro dos vasos intactos, chamados trombos, o que pode causar diversas complicações como o infarto de multiplos órgãos, como os pulmões, o miocárdio e o cérebro, e até mesmo a morte. Imagens de um Infarto do miocárdio: trombo formado em placa de ateroma bem desenvolvida, com fibrose e calcificação distrófica. • youtube.com/watch?v=56a-bby0IDg – (0,5m) filme trombo • youtube.com/watch?v=s5ef4HvCtsE - (0,5m) filme trombo • youtube.com/watch?v=eK5MeJuUQbs – (2,5m) TVP • youtube.com/watch?v=5gHIt-kx50I – (3,5m) Ateroma + trombo • youtube.com/watch?v=F0Y5hss1tZQ – (3,5m) Ateroma necropsia • youtube.com/watch?v=Ps_54TQsv0c - (4m) Ateroma + trombo • youtube.com/watch?v=NkzRZZw37Yo – (4,5m) Ateroma + trombo + infarto • youtube.com/watch?v=VlVnDfuOno8 – (6m) Ateroma lâminas • youtube.com/watch?v=PdFbvW-PBm8 (8m) Ateroma + trombo, detalhado (Trombo em aorta) http://www.youtube.com/watch?v=56a-bby0IDg http://www.youtube.com/watch?v=s5ef4HvCtsE http://www.youtube.com/watch?v=eK5MeJuUQbs http://www.youtube.com/watch?v=5gHIt-kx50I http://www.youtube.com/watch?v=F0Y5hss1tZQ http://www.youtube.com/watch?v=Ps_54TQsv0c http://www.youtube.com/watch?v=NkzRZZw37Yo http://www.youtube.com/watch?v=VlVnDfuOno8 http://www.youtube.com/watch?v=PdFbvW-PBm8 12 Principais fatores de risco para as tromboses: • tabagismo, • diabetes, • hipertensão, • hipercolesteremia, • doenças inflamatórias, • uso de certos medicamentos (contraceptivos e reposição hormonal, por exemplo), • acidose, • hipovolemia, • doenças hereditárias (anemia falciforme, por exemplo), • aneurismas, •ateroescleroses e • alterações anatômicas nos vasos e no coração, além da • constrição de vasos e a • restrição de movimento por algumas horas. Trombose Venosa (Flebotrombose) ocorre em veias superficiais ou profundas, sobretudo, nos membros inferiores. • Trombose Venosa Superficial geralmente se forma na veia Safena, causa congestão e dor, mas raramente emboliza (se desloca), entretanto, o edema e a drenagem venosa deficiente predispõem infecções e úlceras varicosas na pele. • Trombose Venosa Profunda acontece em veias mais calibrosas como a Poplítea, Femoral e Ilíaca, e muitas vezes emboliza. Nessa situação o trombo pode causar dor e edema, mas em algumas situações a obstrução é compensada pela circulação colateral, tornando a trombose assintomática. Entretanto, quando o coágulo emboliza, ou seja, se desloca, pode atingir um órgão como pulmão, cérebro ou coração, fazendo com que o quadro clínico seja mais severo e perigoso. Fatores de risco: Idade avançada, imobilizações de longo prazo, Insuficiência Cardíaca Congestiva, Traumas, Cirurgias, Queimaduras e Pós-partos. • Trombose Arterial produz obstrução local (geralmente cardíaca ou aórtica), mas frequentemente também emboliza, obstruindo cérebro, rins, baço, pulmões etc. Coagulação Intravascular Disseminada (CID) Refere-se à formação de coágulos na microcirculação por ativação disseminada de fatores de coagulação, causando microtrombos e insuficiência circulatória difusa no cérebro, pulmão, coração e rins, por exemplo, que pode contribuir para a falência de múltiplos órgãos. Além disso, a depleção dos fatores de coagulação e das plaquetas pelo consumo excessivo desses componentes, paradoxalmente, pode levar a sangramento em diversos órgãos. 13 Principais causas da Coagulação Intravascular Disseminada (CID) • infecções bacterianas e virais, pois a intensa resposta inflamatória com liberação sistêmica de citocinas, predispõem a ativação da cascata de coagulação. • traumas de maior gravidade pela liberação de gordura dos tecidos na circulação, mais a hemólise e a lesão nos endotélios vasculares, que contribuem para a ativação sistêmica da cascata de coagulação. • tumores sólidos, neoplasias de células do sangue ou células tumorais metastáticas podem produzir fatores tissulares que ativam a cascata de coagulação. • gestação e parto, por descolamento de placenta, embolia de líquido amniótico, pré- eclâmpsia e eclampsia, morte do feto, ruptura do útero ou aborto séptico. • doenças vasculares como hemangiomas gigantes (síndrome de Kasabach-Merritt), que consiste em um tumor formado por um conjunto de pequenos vasos sanguíneos que se aglomeram com aparência de um novelo de lã, envoltos por uma cápsula fibrosa. • aneurismas, sobretudo da aorta, que podem resultar em ativação da coagulação • anemias hemolíticas, tais como nas: o púrpura trombocitopênica trombótica, o síndrome hemolítico-urêmica, o anemia hemolítica microangiopática induzida por quimioterapia, o hipertensão maligna e o síndrome HELLP (caracterizada por Hemólise (H), elevação das enzimas hepáticas (EL) e baixa contagem de plaquetas (LP) durante a gestação). EMBOLIAS Êmbolos são obstruções vasculares parciais ou totais, produzidas por substâncias que se movimentam pelos vasos até que dificultem ou impeçam a circulação sanguínea, produzindo necrose isquêmica do tecido que o vaso obstruído irrigava. Os êmbolos podem ser sólidos, líquidos ou gasosos. Êmbolos sólidos: A grande maioria dos êmbolos sólidos são causados por coágulos (trombos), conhecido como tromboembolia. O tromboembolismo pulmonar é a causa mais comum de morte entre pacientes cirúrgicos. O tromboembolismo sistêmico refere-se a êmbolos geralmente advindos das paredes do coração (devido infartos ou doenças de valva mitral) ou de aneurismas arteriais ou placas ateroscleróticas, que viajam na circulação arterial causando isquemia nos membros inferiores, cérebro e vísceras. Êmbolos sólidos também podem ser produzidos por outras substâncias: • Embolia gordurosa - êmbolo sólido criado a partir de uma fratura de ossos longos ou mais raramente por queimaduras e traumas de tecido adiposo. • Embolia séptica – formado por colônia bacteriana desprendida de uma valva cardíaca ou de uma região de necrose úmida, formando abcesso purulento. • Além disso, êmbolos sólidos podem ser produzidos por partículas ósseas, projéteis de arma de fogo, ou massa tumoral que invade a circulação. 14 Êmbolos líquidos: São uma complicação grave, mas incomum, do período perinatal e pós-parto imediato, causada pela infusão de líquido amniótico na circulação materna, caracterizada por dispneia aguda profunda, cianose e choque hipotensivo na mãe. Êmbolos gasosos: Podem ser consequência de lesão da parede torácica ou por doença da descompressão. INFARTOS São áreas de necrose de coagulação causadas pela oclusão arterial ou da drenagem venosa em um tecido, resultando em inflamação e resposta reparativa (substituindo tecido necrosado por tecido cicatricial). Quase sempre são resultantes de trombos ou êmbolos, mas também podem acontecer por aterosclerose, vasoespasmo, compressão de vasos por tumor ou edema, torção de vaso (ex. torção testicular). 15 HEMORRAGIAS É o extravasamento de sangue que perfunde tecidos congestionados ou em traumas, aterosclerose, erosão inflamatória ou neoplásica de um vaso. Dependendo da região afetada, é costume nomear a hemorragia com base na sua localização: ✓ Epistaxe: sangramento nasal; ✓ Hemoptíse: sangue no escarro; ✓ Hematemese: sangue no vômito; ✓ Hemotórax: derrame sanguíneo no tórax, entre as pleuras parietal e visceral; ✓ Hemopericárdio: sangue entre o coração e o pericárdio ou entre camadas de pericárdio; ✓ Hemoperitônio: sangue na cavidade peritoneal ou entre os peritônios; ✓ Hemorragia retroperitoneal: sangramento na região posterior ao peritônio, causada por lesões traumáticas, ruptura de aneurismas ou sangramento de órgãos retroperitoneais. ✓ Hemartrose: sangue nas articulações; ✓ Melena: sangue nas fezes, aspecto coagulado e enegrecido, quando a origem é a ruptura de vasos nas primeiras porções do intestino; ✓ Enterorragia: sangue nas fezes, vermelho vivo, com origem nas porções finais do intestino; ✓ Hiposfagma: pequeno acúmulo de sangue sob a conjuntiva, membrana transparente que recobre a parte branca dos olhos. ✓ Hifema: sangue dentro da câmara anterior do olho, entre a córnea e a íris ✓ Hematidrose: saída de sangue pelos poros da pele, com o suor. ✓ Hematoma: sangramento circunscrito formando uma “bolsa” de sangue. ✓ Hematúria: sangue na urina. ✓ Otorragia: sangramento no canal auditivo. ✓ Hemorragia intracraniana: sangramento dentro do crânio, que pode ocorrer em diferentes locais, como parênquima cerebral, meninges ou ventrículos cerebrais. ✓ Hemorragia epidural ou extradural: sangramento entre a meninge dura-máter e o crânio. ✓ Hemorragia subdural: sangramento entre as meninges dura-máter e aracnoide. ✓ Hemorragia subaracnóidea: sangramento no espaço subaracnóideo. ✓ Hemorragia cerebral: sangramento no tecido encefálico. ✓ Hemorragia subungueal: sangramento sob a unha, geralmente por lesões traumáticas. ✓ Hemorragia uterina: sangramento vaginal que pode ser causado por diversas condições, como miomas, pólipos, endometriose, entre outros. ✓ Hiposfagma Melena Hifema Síndrome do bebê sacudido 16 Hemorragias podem ser muito extensas e até fatais quando o vaso afetado é uma grande veia ou artéria, ou bastante reduzida, sem grandes consequências quando ocorre em pequenos vasos e capilares, sobretudo em uma área pequena. A hemorragia pode ser externa ou interna e ser desde insignificante até fatal, como no hematoma retroperitoneal maciço resultante da ruptura de um aneurisma aórtico ou em hematomassubdurais. Nos hematomas ocorre o acúmulo de sangue em uma espécie de “bolsa” formada pela hemorragia. (hematoma formado por ruptura de aneurisma da aorta) 17 Em outros casos, o sangue se dispersa pelo interstício do tecido, sem formar um hematoma. Nesse caso, o nome vai ser dado de acordo com a extensão da mancha causada pela hemorragia: - Petéquias são pequenas hemorragias, em média medindo até 2 mm de diâmetro, que podem se desenvolver na pele, nas mucosas ou nas superfícies serosas. Suas causas mais prováveis são a trombocitopenia, alterações na função plaquetária, como após o uso de antiagregadores plaquetários como o AAS ou a ticlopidina ou por fragilidade na parede vascular, como na deficiência de vitamina C. - Púrpura consiste em hemorragias maiores, com até 5 mm (alguns autores consideram até 1 cm), e que resultam das mesmas desordens que causam petéquias, mas também podem ser resultantes de traumas, inflamação vascular (vasculite) e de fragilidade em vasos de maior calibre. Púrpura também pode ser o nome de algumas doenças com característica de produzir pequenas hemorragias, mas que diferem em suas etiologias e tratamento, por exemplo: • púrpura do recém-nascido - potencialmente fatal, principalmente relacionada à falta de vitamina K, • púrpura trombocitopênica idiopática - origem autoimune, leva à redução na quantidade de plaquetas, • púrpura trombocitopênica trombótica - relacionada à exaustão dos fatores de coagulação e das plaquetas por conta da formação disseminada de trombos. - Equimoses são hemorragias subcutâneas maiores que as anteriores, coloquialmente chamados de hematomas. Entretanto, essa denominação (hematoma) é errada, já que hematoma é quando ocorre acúmulo de sangue em uma cavidade formada pelo próprio sangue extravasado. As equimoses frequentemente são produzidas por conta de traumas: 18 Legging de equimoses... coisa mais linda de ver! EDEMAS • Edema Celular: acúmulo de líquido dentro das células. As células ficam edemaciadas quando apresentam dificuldade para manter eletrólitos como o sódio no meio extracelular, aumentando a pressão osmótica dentro da célula. Isso pode ser causado por falta de nutrientes, danos mitocondriais, hipóxia, danos às bombas de sódio e potássio, lesões nas membranas, falta de potássio, entre outros. • Edema Tissular: acúmulo de líquido entre as células, no interstício. Os edemas tissulares também podem ter variadas causas, sendo a inflamação a mais comum delas. Nesse caso, ocorre aumento na permeabilidade venular, que permite o extravasamento de plasma para o tecido afetado. Entretanto, um edema também pode ter outras causas: • Redução nas proteínas plasmáticas como a albumina, que mantém a pressão oncótica do plasma. Em outras palavras, quando falta albumina a água não consegue se manter nos vasos, migrando para o espaço intersticial. Cirrose hepática, lesão renal e desnutrição são causas comuns. • Obstruções venosas levam à hiperemia passiva e aumento na pressão sobre os capilares, o que acaba levando ao extravasamento do plasma para o interstício. Comum em gestantes, obesos e pacientes com trombose venosa. • Insuficiência cardíaca dificulta o retorno venoso ao coração, produzindo congestão (hiperemia passiva) e aumento na pressão sobre os capilares. Comum em pacientes com hipertensão, aterosclerose, infartos do miocárdio e doença de chagás. • Obstruções linfáticas impedem o retorno da linfa para o sistema circulatório, que se permanece no órgão afetado, levando ao acúmulo de líquidos nos tecidos mais distais à obstrução. Comum em pacientes com elefantíase (filariose). • Linfonodectomia sentinela nas cirurgias de remoção de tumores reduzem a drenagem linfática próxima ao local afetado. 19 Alguns edemas comuns de se observar na clínica: Edema Pulmonar – O tecido epitelial pulmonar é muito fino e frágil, podendo sofrer lesões com facilidade. Se o acúmulo de líquidos no interstício for persistente, líquido pode extravasar para dentro dos alvéolos, dificultando as trocas gasosas. Causas mais frequentes: • Insuficiência Ventricular Esquerda - o sangue sai do coração para o pulmão com baixa pressão, fica estagnado, e o aumento na pressão hidrostática faz o líquido extravasar para o tecido intersticial e alvéolos, • Insuficiência renal - perda de albumina promove diminuição da pressão osmótica, • SARA ou Síndrome da Angústia Respiratória Aguda - ocorre lesão microvascular e infiltração de líquido intersticial e • Infecções/pneumonias - acúmulo de líquido devido a inflamação e aumento na permeabilidade venular local. Edema transitório da Gestante – Comum ao final da gravidez (a partir do 7 mês), acontece porque o aumento do tamanho do útero e do tamanho do feto, comprimem os vasos sanguíneos ao redor, dificultando o retorno venoso, causando, portanto, um aumento da pressão hidrostática, causando edema de pernas e pés. Edema Cerebral – Pode ser localizado (abcessos ou neoplasma) ou generalizados (encefalites, crises hipertensivas, ou obstrução do fluxo externo venoso). No edema generalizado, o cérebro é excessivamente expandido mostrando sinais de achatamento contra o crânio. Anasarca (edema generalizado) - com distribuição por todo corpo, nesse caso tanto células quanto tecidos podem estar edemaciados. Pode estar relacionada à insuficiência cardíaca, redução nos níveis séricos de albumina por desnutrição (Kwashiorkor), inanição, hipoproteinemia, síndrome nefrótica, queimaduras extensas, cirrose hepática, retenção de sódio por falência renal, uso de corticoide em excesso, glomerulonefrite, linfedema, obstrução venosa por tumor, pericardite, entre outros. 20 Linfedema – por obstruções ou comprometimento dos vasos do sistema linfático. Causas mais frequentes: retirada ou obstrução dos linfonodos regionais (sentinelas) nos cânceres de mama e pela elefantíase (filarase ou filariose), doença parasitária transmitida por mosquito, causada pelo verme Wuchereria bancrofti que se instala no sistema linfático causando linfedema nos membros, mamas, bolsa escrotal, entre outras partes. Edema Depressível – Quando comprimimos a região edemaciada com a ponta dos dedos, verificamos que a depressão ou covinha permanece na área pressionada, chamamos de Teste ou Sinal de Godet, que permite observar a existência de excesso de líquido no tecido subcutâneo. 21 O edema depressível pode ser classificado avaliando o sinal de Godet, pressionando uma proeminência óssea por alguns segundos e observando a depressão que se forma: 1+: Ligeira depressão que reverte rapidamente sem grande distorção no membro inferior devido ao edema; 2+: Depressão mais acentuada que a primeira, que desaparece em até 15 segundos, sem distorção significativa do membro; 3+: Depressão visivelmente profunda com duração maior que 15 segundos, com membro visivelmente edemaciado; 4+: Depressão mais profunda, com duração superior a 2 minutos, membro inferior bastante edemaciado e com distorção visível na sua forma natural. Edema em declive (ortostático): Como os líquidos tendem a se movimentar a favor gravidade, quando ficamos em pé (posição ortostática), os líquidos do edema tendem a se acumular na região das pernas e pés. Esse edema depressível é chamado de edema em declive ou edema ortostático.
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