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ASPECTOS JURÍDICOS DO COMÉRCIO EXTERIOR 
BRASILEIRO 
 
 
 
2 
Sumário 
NOSSA HISTÓRIA ................................................................................................... 4 
COMÉRCIO .............................................................................................................. 5 
EVOLUÇÃO DO DIREITO EMPRESARIAL .............................................................. 8 
NATUREZAS JURÍDICAS EXISTENTES NO BRASIL ............................................. 9 
HISTÓRIA DO DIREITO DO COMÉRCIO INTERNACIONAL ................................ 19 
DIREITO COMERCIAL ........................................................................................... 20 
CONCEX - CONSELHO NACIONAL DO COMÉRCIO EXTERIOR ........................ 21 
O CONSELHO DE POLÍTICA ADUANEIRA - CPA ................................................ 24 
CARTEIRA DO COMÉRCIO EXTERIOR - CACEX ................................................ 24 
TRATADOS COMERCIAIS INTERNACIONAIS ..................................................... 25 
Ministério do Desenvolvimento Indústria e Comércio Exterior ................................ 25 
SECRETARIA DE COMÉRCIO EXTERIOR — SECEX ......................................... 26 
AGÊNCIA DE PROMOÇÃO ÀS EXPORTAÇÕES – APEX .................................... 27 
CÂMARA DE COMÉRCIO EXTERIOR — CAM EX ............................................... 28 
SISTEMA INTEGRADO DE COMERCIO EXTERIOR – SICOMEX ....................... 30 
A arbitragem comercial ........................................................................................... 31 
ORDENAMENTO JÚRIDICO DO COMÉRCIO EXTERIOR ................................... 32 
BRASILEIRO .......................................................................................................... 32 
CONTRATOS INTERNACIONAIS .......................................................................... 33 
CRITÉRIO DA AUTONOMIA DA VONTADE .......................................................... 36 
CRITÉRIO DA LEI DO LUGAR DA FORMAÇÃO OU CELEBRAÇÃO DO 
CONTRATO ...................................................................................................................... 38 
CRITÉRIO DA LEI DO LUGAR DA EXECUÇÃO DO CONTRATO ........................ 39 
CRITÉRIO DA PROPER LAW OF THE CONTRACT ............................................. 40 
DEPEÇAGE OU FRACIONAMENTO ..................................................................... 40 
ESPÉCIES DE CONTRATOS INTERNACIONAIS ................................................. 41 
CONTRATO DE REPRESENTAÇÃO OU AGENTE INTERNACIONAL ................. 41 
 
 
 
3 
O CONTRATO DE LEASING ................................................................................. 41 
CONTRATO DE FACTORING ................................................................................ 42 
Contrato de Franchising – Franquia ....................................................................... 42 
Contrato de Know-How ........................................................................................... 43 
Contrato de Empreendimento em Conjunto – Joint Venture ................................... 43 
Contratos internacionais de compra e venda de mercadorias ................................ 44 
REFERENCIAS ...................................................................................................... 45 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 
NOSSA HISTÓRIA 
 
 
A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de empresários, em 
atender à crescente demanda de alunos para cursos de Graduação e Pós-Graduação. Com 
isso foi criado a nossa instituição, como entidade oferecendo serviços educacionais em 
nível superior. 
A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de 
conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação no 
desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua. Além de 
promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que constituem 
patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de publicação ou outras 
normas de comunicação. 
A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma confiável 
e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base profissional e ética. 
Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições modelo no país na oferta de 
cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, excelência no atendimento e valor do 
serviço oferecido. 
 
 
 
 
 
 
 
5 
COMÉRCIO 
Tudo que é comercializado como roupas, calçados, carros e outras infinidades de 
coisas e serviços, que fazem parte do cotidiano da sociedade, fazem parte do comércio que 
é realizado pelas empresas. 
Produtos e serviços vem sendo negociados há muito séculos, de forma tácita no 
início, as ditas permutas, escambos. Na antiguidade os mesmos bens e serviços de que 
necessitamos para a sobrevivência eram produzidos em casa, para consumo e uso dos 
membros da família, somente o que sobrava era trocado, entre vizinhos; cada família 
produzia o necessário para a manutenção da vida e o que sobrava era negociado. E assim 
surgiram os primeiros mecanismos de comércio (MAMEDE, 2013). 
Com o passar do tempos as pessoas foram descobrindo que poderiam sobreviver 
de trocas e posteriormente viver da venda de produtos; facilitando assim o acesso a 
determinadas coisas; produtos de regiões diferentes começaram a ser introduzidos no 
mercado com mais constância e livre acesso. (MAMEDE, 2013). 
A evolução contínua do comércio internacional e a atuação mais ativa do Brasil na 
área dos negócios apontam que o comércio exterior é mais do que nunca, fator decisivo do 
desenvolvimento econômico do país. O comércio internacional é um dos motivos básicos 
da evolução de qualquer nação e negar essa importância seria um erro muito difícil para se 
corrigir, tanto na estratégia competitiva dos países e, especialmente, do Brasil um pais de 
3º mundo e em processo de ascensão recente. (FRANCO, 2010). 
 Com aprovação da Lei nº 10.406 de 2002, o Brasil deixou a teoria dos atos de 
comércio adotando a teoria da empresa, em que abrange a atividade empresarial de um 
modo geral e não mais apenas aquelas atividades anteriormente definidas ou definida 
como quem pratica atos mercantis, apresentando limitações da legislação sobre os atos 
praticados, a partir de então não há mais essa limitação, no que tange a prática dos atos 
mercantis. 
 Assim ao validar a teoria da empresa, o novo Código Civil passa a regular as 
relações jurídicas decorrentes de atividades econômicas realizadas entre pessoas de 
 
 
 
6 
direito privado. Portanto, busca-se a continuidade da empresa, sustentando as atividades 
de negócios organizadas, na finalidade de gerar lucro. 
 De acordo com Moraes (2004, p.91): Organizações são instituições sociais e a ação 
desenvolvida por membros é dirigida por objetivos. São projetadas como sistemas de 
atividades e autoridade, deliberadamente estruturados e coordenados, elas atuam de 
maneira interativa com o meio ambiente que as cerca. 
 Coelho (2013) traz a definição de que “empresa é a pessoa jurídica empresária e em 
termos técnicos, a empresa é a atividade, e não a pessoa que a explora”. Ou seja, a 
empresa é a pessoa jurídica que realiza uma atividade, sejam elas empresas autônomas, 
sociedades civis ou outras denominações jurídicas aceitas pela lei brasileira e que almeja 
com as suas ações a obtenção de lucro. 
Não obstante do acima disposto, vale ressaltar que para os empresários atuarem no 
ramo empresarial, devem seguir a legislação que regula esta área comercial, onde 
encontrará amparo legal para exercer a atividade definida, independente de qual seja. Após 
a empresa ser devidamente registrada juridicamente, haverá vários benefícios e facilidades 
peranteo governo, que são específicas de cada tipo de empresa, ramo ou atividade. 
(COELHO, 2013). 
Quanto à questão de categorias no sistema legal brasileiro as empresas podem se 
enquadrar na classe de corporações, sociedade, empresa individual e outros tipos 
especializados de organização. Já a categoria jurídica e porte da empresa são 
especificações que devem ser definidas ainda no momento da abertura do empreendimento 
e podem se posicionar em alguns tipos de sistema/regime tributário como o Simples 
Nacional, oferecido para Micro e pequenas empresas ou mesmo empreendedores 
individuais que, quando devidamente legalizadas, recebem benefícios fiscais. (MAMEDE, 
2013). 
Segundo Mamede (2013) a empresa é uma unidade social e econômica, constituída 
por elementos humanos, materiais e técnicos, com o objetivo de obter utilidades através da 
sua participação no mercado de bens e serviços. São classificadas em função da atividade 
econômica exercida e também de acordo com a sua constituição jurídica. Existem 
empresas individuais, pertencentes a uma única pessoa e as sociedades, aquelas 
 
 
 
7 
constituídas por várias pessoas. E neste último grupo, estão incluídas as anônimas, de 
responsabilidade limitada e de economia social, as chamadas cooperativas, entre outras. 
Empresário é aquele profissional que exerce atividade econômica organizada 
individual ou em sociedade, para a produção ou a circulação de bens ou de serviços (CC, 
2002, art. 966). Mamede (2013) afirma que o empresário individual nem sempre foi 
reconhecido ou amparado pela legislação, contudo este cenário mudou na última década 
com a criação de novas leis. A exemplo a Lei 12/441.11 criou a EIRELI, (Empresa Individual 
de Responsabilidade Limitada) um novo modelo de empreendimento que foi criado em 
2011 com o objetivo de legalizar seu negócio como sociedade limitada, eliminando a figura 
do sócio “fantasma”. Com a Eireli, o empresário pode abrir sua empresa com apenas um 
sócio: ele mesmo, e ainda passam a ter a mesma proteção conferida aos que se associam. 
Após o surgimento das empresas e comércios (direito empresarial, atividade 
empresarial ou mesmo empresa) significa uma atividade econômica exercida 
profissionalmente pelo empresário por meio da articulação dos fatores produtivos para a 
produção ou circulação de bens ou de serviços (Mamede, 2013). 
No direito empresarial, atividade empresarial, ou empresa, o conceito jurídico de 
empresa não pode ser entendido como um sujeito de direito, uma pessoa jurídica, 
tampouco o local onde se desenvolve a atividade econômica, sendo assim, para regular de 
forma mais clara foi necessário legislação que controlasse as negociações, surgindo assim, 
o Manual de direito comercial. 
Waldo Fazzio Júnior coloca como se deu as práticas mercantilistas: 
Uma espécie de pré-história do Direito comercial pode ser reconstituída com base 
no Corpus Juris Civilis, diploma em que Justiniano congregou as principais 
contribuições mercantis das civilizações antigas. Entes as quais a Lex Rhodia de 
Jactu (alijamento) e o Nauticum Foenus (mutua e seguro maeitimo). 
Contudo, foi nos séculos posteriores que as práticas mercantis medievais foram 
sistematizadas, mercê das compilações estatutárias como as Consuetudines 
(Genova, 1055), Constitututum Usus (Pisa, 1161) e o Liber Consuetudinum (Milão, 
1216) e das Súmulas marítimas de arbitragens, entre as quais é forçoso citar 
Jugements de Oleron (Oléron),no século XII; o Capitulare Nuticum (Veneza) e a 
Tabula Amalfitana (Amalfi), ambas do século XIII; as Leis de Wisby, o Livro do 
Consulado do Mar (Barcelona) o Guidon de La Mer (Ruão) e as Decisiones Rotae 
Marcatura (Genova), todos no século XIV. (FAZZIO JUNIOR, 2010, p.4) 
 
http://www.mdic.gov.br/images/REPOSITORIO/SEMPE/DREI/INs_EM_VIGOR/ANEXOS/Anexo-V-IN-38-2017-Manual-de-Registro-EIRELI---alterado-pela-IN-40-2017--16abr18.doc.pdf
http://www.mdic.gov.br/images/REPOSITORIO/SEMPE/DREI/INs_EM_VIGOR/ANEXOS/Anexo-V-IN-38-2017-Manual-de-Registro-EIRELI---alterado-pela-IN-40-2017--16abr18.doc.pdf
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2011/Lei/L12441.htm
 
 
 
8 
De acordo com o que foi expresso por Waldo Fazzio Júnior (2010), pode-se observar 
que o comércio surgiu há muito tempo, de uma realidade muito diferente da atual, portanto, 
é de extrema necessidade o surgimento e a implantação de mecanismos que resguardem 
os direitos dos compradores e dos vendedores. 
Fabio Ulhôa (2013) aponta que com as trocas e as produções cada vez maiores, 
estimulou a produções de bens especificamente para vendas, expandindo o comércio 
vigorosamente e assim estabelecendo intercâmbio em culturas diversas, acelerando o 
desenvolvimento de tecnologias e meios de transportes. 
EVOLUÇÃO DO DIREITO EMPRESARIAL 
A evolução histórica do direito empresarial se divide em três períodos, o primeiro se 
deu na idade Média, onde aumento considerável do comércio levou os comerciantes 
europeus a se organizarem e aderirem à instituições de ofício que tinham poderes, uma 
vez que pertenciam a burguesia. De acordo com Mamede (2013) as instituições começaram 
a criar normas que disciplinavam as relações entre seus filiados. Já no segundo período, 
ainda conforme Mamede (2013), surgiu a Teoria dos Atos de Comércio, onde Napoleão 
Bonaparte patrocinou a edição do Código Civil (1804) e, posteriormente, o Código 
Comercial (1808). 
O subjetivismo da primeira fase deu lugar à objetividade dos atos legais de comercio, 
que passaram a ser tipificados pela lei com atos de comercio. Em 1850, com o diploma 
francês que repercutiu em todo mundo, inclusive o Brasil, foi elencado os atos que seriam 
considerados de comercio. 
Entretanto, a Teoria dos Atos de comercio não conseguiu acompanhar a evolução 
das atividades empresarias, surgindo então a terceira e última fase de formação do Direito 
Empresarial. Essa fase iniciou-se em 1942, na Itália, e a partir de então as atividades 
empresariais não eram mais tipificadas no código comercial, mas sim estudadas e 
conceituadas pela teoria da empresa. (Mamede, 2013). 
 
 
 
9 
NATUREZAS JURÍDICAS EXISTENTES NO BRASIL 
Muitos perguntam por que se deve legalizar uma determinada atividade econômica. 
No começo pode-se citar que seja devido ao alto investimento, a informalidade é mais 
atraente para o empresário, uma vez que não há pagamentos de taxas e impostos, mais, 
conforme a empresa expande e cresce essa situação a limita. Um das exigências mais 
comuns é a da emissão de nota fiscal para comercialização, que é restrita às empresas ou 
empresários legalizados. 
Sendo assim, a legalização da empresa deve ser vista como uma forma de 
crescimento da produção, aumento de clientes, de vendas e, consequentemente, de lucro. 
Vale lembrar que o registro legal de uma empresa é feito na Junta Comercial do Estado ou 
no Cartório de Registro de Pessoa Jurídica. E para isso é preciso apresentar uma série de 
documentos e formulários, como Contrato Social e documentos pessoais. (SEBRAE, 2010). 
 
Figura 1: Classificação dos tipos de empresas 
 
 
 
Fonte: Portal do Empreendedor, Tipos de Empresa, 2015 
 
 
 
 
10 
 
O EMPRESÁRIO INDIVIDUAL 
O empresário individual é a pessoa física, titular da empresa. Sua denominação se 
dará a partir de uma firma, constituída a partir de seu nome, completo ou abreviado, 
podendo a ser aditada designação mais precisa de sua pessoa ou do gênero da atividade. 
O empresário individual responderá com seu patrimônio pessoal, que seja passível de 
execução pelas dívidas contraídas durante o exercício da empresa, uma vez que o direito 
brasileiro não admite a figura do empresário individual com responsabilidade limitada e, 
consequentemente, a distinção entre patrimônio empresarial (o patrimônio do empresário 
individual afetado ao exercício de sua empresa) e patrimônio particular do empresário, 
pessoa física. 
Não pode haver confusão entre o empresárioindividual e um sócio de uma 
sociedade empresária e esclarecendo adequadamente afirma-se que o sócio, com efeito, 
não é o empresário, mas sim integrante de uma sociedade empresária. 
Vale ressaltar que o empresário poderá ser uma pessoa física, que explore pessoal 
e individualmente a empresa (empresário individual), ou uma pessoa física jurídica, a qual, 
é detentora de personalidade jurídica própria, distinta da de seus membros e exerce 
diretamente a atividade econômica organizada (sociedade empresária). 
Assim também não se pode confundir o empresário individual com o denominado 
profissional autônomo, já que o empresário exerce atividade econômica organizada, 
enquanto ao profissional autônomo exerce atividade econômica, mas não o faz de forma 
organizada. 
Nos termos do artigo 966, parágrafo único, do Código Civil, observa-se que “não se 
considera empresário quem exerce profissão intelectual, de natureza científica, literária ou 
artística, ainda que com o concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício da 
profissão constituir elemento de empresa.” Não são, pois, juridicamente empresários, 
devendo observar o regime do Direito Civil, assim, os médicos, advogados, psicólogos, 
sociólogos, dentistas, jornalistas (profissão intelectual de natureza científica) escritores 
(natureza literária), músicos, profissionais dedicados ao desenho artístico ou de modas, 
fotógrafos (natureza artística), por exemplo, não são considerados empresários. 
 
 
 
11 
Contudo, tanto o profissional liberal, que é uma pessoa física, quanto a sociedade 
que exerce profissão intelectual, de natureza científica, literária ou artística poderão vir a se 
qualificar como empresárias, caso o exercício da profissão venha constituir elemento de 
empresa. E assim a sociedade que se qualifica como empresária passa a ter um regime 
jurídico particular diverso do regime da sociedade simples, embora as regras desta última 
se apliquem subsidiariamente aquelas. 
As sociedades empresárias, não incluídas no Simples, estarão sujeitas ao registro 
na Junta Comercial, conforme o artigo 982, Código Civil, que ressalta: “salvo as exceções 
expressas, considera-se empresária a sociedade que tem por objetivo o exercício de 
atividade própria de empresário sujeito a registro (art 967); e, Simples, as demais.” 
Sobre o registro citado no artigo 967 do Código Civil, Waldo Fazzio Júnior (2010) se 
posiciona que vigora o princípio da regularidade do exercício empresarial. Quando o art. 
967 do Código Civil diz que o registro é obrigatório antes do início das atividades, afirmando 
que a prática profissional da empresa só se caracteriza quando regular, e o direito somente 
a reconhece quando encetada conforme a Lei. 
Por isso, não é demasiado reforçar que o registro não é mero complemento formal 
e que no caso da sociedade empresária, a ausência de registro implica na não 
personificação jurídica, ou seja, a responsabilização pessoal solidária e ilimitada dos 
sócios. No campo tributário, as consequências são seríssimas, podendo ser citada a 
impossibilidade de obter o CPF; o impedimento de emitir NF ou mesmo duplicata pelo 
empresário informal, portanto palmilha o terreno delituoso da sonegação fiscal (Fazzio 
Junior, 2010, p.30). 
Uma vez com a empresa devidamente registrada é possível submete-se à falência, 
requerer recuperação judicial, para negociar com credores o plano de recuperação 
extrajudicial (artigos 1°, 48 e 161, da lei 11.101/2005), bem como manter escrituração 
especial (artigos 1179 e 1180), sendo estes os efeitos positivos que se projetam sobre as 
sociedades empresárias. 
Quanto ao empresário individual, para ser considerado regular, deve inscrever-se no 
Registro Público de Empresas Mercantis, do local onde se encontra a sede da empresa. É 
esse órgão que fica a cargo das Juntas Comercias e o cadastro deve ser realizado antes 
do início da atividade econômica. 
 
 
 
12 
As Juntas Comerciais possuem uma divisão de funções por estados da federação, 
não há uma centralização de informações em um órgão comum. Sendo assim, caso o 
empresário individual ou coletivo queira instalar sede em outra localidade, deverá realizar 
o registro também na Junta Comercial competente da localidade. 
E para se qualificar como empresário precisará o indivíduo ou a sociedade realizar 
o efetivo exercício profissional da atividade econômica organizada para a produção ou 
circulação de bens ou de serviços. É a partir desse exercício que se pode obter a condição 
de empresário individual ou de sociedade empresária; a outra condição é a capacidade, 
conforme se depreende do artigo 972, do Código Civil, em que discorre que toda pessoa 
tem direitos e deveres na ordem civil, iniciando-se a personalidade civil a partir do 
nascimento e terminando a existência da pessoa natural com a morte, na dicção do artigo 
2°, do mesmo diploma legislativo. 
Diante do acima exposto, afirma-se que toda pessoa maior de dezoito anos, 
independentemente de sexo, estado civil e nacionalidade pode, pelo exercício da atividade 
econômica organizada para produção e circulação de bens ou serviços, constituir-se como 
empresário. Logo, ao incapaz exercer atividade empresarial, e assim não poderá ser 
enquadrado como empresário. Embora o incapaz não possa exercer inicialmente a 
atividade empresarial, o Código Civil, no artigo 974, admite que o incapaz, por meio de 
representante ou devidamente assistido, continuar a empresa antes exercida por ele 
enquanto capaz, por seus pais ou pelo autor da herança. Fazzio Junior (2010, p. 21) 
ressalta que “poderá fazê-lo nessas três hipóteses, com o sentido de se preservar a 
empresa”. 
MICRO EMPREENDEDOR INDIVIDUAL 
A pessoa que trabalha por conta própria e que se legaliza como pequeno empresário 
se torna Micro empreendedor Individual (MEI). O micro empreendedor individual pode 
faturar no máximo até R$ 81.000,00 por ano e não pode ter participação em outra empresa 
como sócio ou titular. O MEI também pode ter um empregado contratado que receba o 
salário mínimo ou o piso da categoria. (Brasil, CC, 2002) 
Com a publicação da Lei Complementar n. 128, de 19/12/2008, foi criado condições 
especiais para que o trabalhador informal possa se tornar um MEI legalizado e uma das 
 
 
 
13 
vantagens oferecidas é o registro no Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas (CNPJ), 
assim a empresa pode efetuar com mais facilidade a abertura de conta bancária, pedidos 
de empréstimos e a possibilidade de emissão de notas fiscais. O MEI se enquadra no 
Simples Nacional tendo como vantagem isenção dos tributos federais como o Imposto de 
Renda (IR), PIS, COFINS, IPI e CSLL e ainda, o integrantes do MEI pagam apenas uma 
pequena quantia mensal que varia de acordo com sua atividade. 
SOCIEDADE EMPRESÁRIA LIMITADA 
Uma das maiores presenças na economia brasileira, a Sociedade limitada realiza 
atividade empresarial formada por dois ou mais sócios, que exercem atividade econômica 
organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços. Os sócios contribuem 
com moeda ou bens avaliáveis em dinheiro para formação do capital social, sendo a 
responsabilidade dos sócios restrita ao valor do capital social, entretanto, respondem pela 
integralização do total do capital, sendo assim, cada sócio tem obrigação com a sua parte 
no capital social (Mamede, 2013). 
Antes do Código Civil de 2002, este tipo de empresa era designada como Sociedade 
por Quotas de Responsabilidade Limitada (Decreto 3.708/1919, revogado pela Lei 
10.406/2002), substituída pelo termo Sociedade Limitada. A sociedade empresária limitada 
está prevista entre os artigos 1052 a 1087 do Código Civil e utiliza nas omissões a regras 
da sociedade simples e supletivamente as disposições da Sociedade anônima, prevista na 
Lei 6.404/76. A forma da constituição se dá por meio de contrato, que pode ser público ou 
privado, observado o dispostodo art. 997 da Lei 10.406/2002, devendo ser registradas no 
registro mercantil, isto é, nas Juntas Comerciais, conforme Coelho (2013). 
 Cabe a sociedade empresária limitada optar por se enquadrar como microempresa 
ou empresa de pequeno porte, desde que atenda as exigências contidas em lei. 
MICROEMPRESA (ME) E EMPRESA DE PEQUENO PORTE (EPP) 
A sociedade limitada poderá se enquadrar como Microempresa ou Empresa de 
Pequeno Porte, desde que atenda aos requisitos da Lei Complementar 123, de 14 de 
dezembro de 2006. E esse enquadramento será efetuado mediante declaração destinada 
à finalidade, cujo arquivamento deve ser requerido em processo próprio (Mamede, 2012) 
 
 
 
14 
O Departamento Nacional de Registro do Comércio, por meio da Instrução Normativa 
n. 103, de 30 de abril de 2007, disciplinou, para as juntas comerciais, os procedimentos e 
atos necessários para a formalização do enquadramento, onde se considera 
microempresa, a pessoa jurídica e a firma mercantil individual que tiver receita bruta anual 
igual ou inferior a R$ 360 mil e empresa de pequeno porte, a pessoa jurídica e a firma 
mercantil individual que, não enquadrada como microempresa, tiver receita bruta anual 
superior a R$ 360 mil e igual ou inferior a R$ 4,8 milhões ao ano. 
 SOCIEDADE SIMPLES LIMITADA 
A sociedade de natureza Simples encontra guarida nos artigos 982 e 983 do Código 
Civil de 2002, e os tipos societários usados por estas sociedades são: Sociedade Simples 
Pura e Sociedade Simples Limitada, onde na sociedade simples não há organização na de 
bens materiais e imateriais, onde se exerce quase um trabalho autônomo, sendo 
desempenhado individualmente por cada um dos sócios sem conexão maior com atuação 
dos demais (Mamede, 2013). 
Observa-se que as sociedades sejam Simples Puras ou Simples Limitadas, são 
imunes de falência e não têm a obrigatoriedade de se adequar às novas realidades 
contábeis, próprias das sociedades empresárias. A sociedade simples tem seus atos 
registrados no Cartório de Registro Civil das Pessoas Jurídicas (Mamede, 2013). 
Os sócios respondem ilimitadamente pelas dívidas contraídas pela empresa na 
sociedade simples pura, podendo haver sócio que participe apenas com serviço; os nomes 
empresariais não provem de parte do objeto social, e não há necessidade de lavratura de 
atas de reuniões de sócios, dentre outras obrigatoriedades para demais empresas. Já na 
sociedade simples limitada, os sócios respondem limitadamente ao valor do capital social 
integralizado, e o nome empresarial provem de parte do objeto social, não podendo haver 
sócio que participe apenas com serviço, deve, ainda, que lavrar ata de reuniões de sócios, 
principalmente se tiver mais de 10 (dez) sócios, entre outras obrigatoriedades (Mamede, 
2013). 
 
 
 
 
 
15 
SOCIEDADE ANÔNIMA 
Composta por dois ou mais acionistas, a Sociedade Anônima, também conhecida 
como companhia, é considerada pessoa jurídica de direito privado, de natureza 
eminentemente empresarial, não importando a atividade econômica desenvolvida por ela. 
Elas são regulamentadas pela Lei n. 6.404/76 e 11.638/07, sendo o capital social dividido 
em ações todas com mesmo valor nominal, conforme apontado por Coelho (2013). 
A companhia será classificada como aberta ou fechada de acordo com art. 4º da Lei 
das Sociedades Anônimas, sendo, companhia aberta aquela em que os valores mobiliários 
são admitidos à negociação nas bolsas de valores ou mercado de ações, devendo, 
portanto, ser registrada e ter seus valores mobiliários registrados perante a Comissão de 
Valores Mobiliários (CVM), enquanto a fechada não emite valores mobiliários negociáveis 
nesses mercados (Coelho, 2013). 
SOCIEDADE COOPERATIVA 
A cooperativa é definida como uma sociedade de pessoas, com forma e natureza 
jurídica própria e, independentemente de seu objeto, sem finalidade lucrativa. Ela é 
classificada como sociedade simples, não sujeita à falência; constituída para prestar 
serviços em proveito dos associados (art. 4º da Lei 5764/71), (Mamede, 2013). 
O concurso de associados é exigido para constituição de uma cooperativa singular, 
sendo feito por pessoas físicas, com número mínimo necessário estabelecido pelo 
concurso para compor a administração da sociedade, órgão de administração e conselho 
fiscal, levando em conta a necessidade de renovação desses órgãos. Mesmo sendo 
considerada sociedade simples, os seus atos devem ser arquivados na Junta Comercial 
(Mamede, 2013). 
CONSÓRCIO 
A reunião de companhias e quaisquer outras sociedades definem-se como 
Consórcio, estando sob o mesmo controle ou não. As companhias ou sociedades 
consorciadas têm a finalidade de constituir um consórcio para execução de um 
empreendimento específico (Mamede, 2013). 
 
 
 
16 
O consórcio não adquire personalidade jurídica com o arquivamento do contrato de 
constituição na Junta Comercial e deve ser aprovado pelo órgão da sociedade competente 
para autorizar a alienação de bens do ativo não circulante, e a certidão do arquivamento do 
contrato deve ser publicada. A falência de uma consorciada não se estende às outras 
consorciadas, os créditos que ainda tiver a falida serão apurados e pagos na forma prevista 
pelo contrato de consórcio (Mamede, 2013). 
GRUPO DE SOCIEDADE 
 O Grupo de Sociedades é constituído por convenção aprovada pelas sociedades 
que o compõem, com controle em posse de uma sociedade brasileira, as quais formalizam 
uma relação, combinando esforços na participação em atividades ou empreendimentos de 
interesse das sociedades integrantes (Mamede, 2013). 
O grupo não possuirá personalidade jurídica própria, mas ainda assim, a convenção 
de constituição do grupo, as atas das assembleias gerais, os instrumentos de alteração 
contratual, a declaração autenticada do número das ações ou quotas de que a sociedade 
de comando e as demais sociedades integrantes do grupo são titulares em cada sociedade 
filiada e o exemplar de acordo de acionistas que assegura o controle de sociedade filiada 
devem ser registrados na Junta Comercial (Mamede, 2013). 
SOCIEDADE EM COMANDITA SIMPLES 
Sociedade em comandita simples é constituída por sócios com responsabilidade 
ilimitada e solidária pelas obrigações sociais, os comanditários, e sócios que respondem 
apenas pelas suas respectivas cotas, sendo estes denominados de comanditados 
(Mamede, 2013). 
A administração da sociedade ficará por conta do sócio comanditado e na falta do 
sócio comanditado, os sócios comanditários deverão nomear um administrador provisório, 
que não assumirá a condição de sócio, para efetuar os atos de administração, durante o 
prazo de cento e oitenta dias. O sócio comanditário que efetuar atos de gestão como 
também fazer uso da firma social, se sujeitará às responsabilidades de sócio comanditado 
(Mamede, 2013). 
 
 
 
 
17 
COMANDITA POR AÇÕES 
A Sociedade em comandita por ações se caracteriza pelo capital social dividido em 
ações, onde os acionistas respondem pelo valor delas subscritas, e os administradores tem 
responsabilidade subsidiária, ilimitada e solidária, em razão das obrigações sociais 
(Mamede, 2013). 
Os diretores representam a sociedade, devem ser necessariamente acionistas. No 
ato constitutivo, o diretor será nomeado por tempo indeterminado e a sua responsabilidade 
será subsidiária e ilimitada frente as obrigações da sociedade. O regime jurídico da 
sociedade em comandita por ações está disciplinado nos artigos 280 a 284 da Lei 6.404/76 
e 1.090 a 1.092 do Código Civil de 2002 (Mamede, 2013). 
 
EMPRESA INDIVIDUAL DE RESPONSABILIDADE LIMITADA 
(EIRELI) 
 
O empresário individual foi criado para aumentar a formalização das pessoas que 
possuíam pequenos negócios, com intuitos de se regularizarem e assegurarem seus 
diretos legais, e também, incluí-las como contribuintes tributários e previdenciários. Porém, 
há risco para esses empreendedores, porque seo negócio falir eles respondem com os 
bens pessoais. A solução para esse risco já era discutida no Brasil, aonde se chegou a uma 
conclusão e foi criada a Lei 12.441/11 que regulamentou a Sociedade Unipessoal de 
Responsabilidade Limitada, também conhecida como EIRELI (SANTOS; SILVA NETO, 
2013). 
Após constituição da empresa, tendo definido ramo e atividade empresarial a 
empresa ou empresário, antes de registrar a empresa, deverá adequar sua empresa ao 
melhor regimento legal empresarial que lhe seja permitido, e que lhe trará mais benefícios 
e vantagens. No Brasil existem hoje várias naturezas jurídicas, que levam em conta 
faturamento, o tipo de atividade desenvolvida e capital inicial necessário como fator de 
integralização a elas. As naturezas jurídicas mais comuns são o empresário individual, o 
MEI (Micro empreendedor Individual), a empresa LTDA (sociedade empresaria limitada), a 
 
 
 
18 
S/S LTDA (sociedade simples limitada), a EIRELI (Empresa Individual de Responsabilidade 
Limitada) e menos comuns as Associações e Cooperativas. (MAMEDE, 2013). 
 Essa modalidade era uma representação jurídica na qual apenas o titular, que era o 
único dono, possuía responsabilidade limitada com as obrigações da empresa. Na prática, 
a pessoa que queria abrir um negócio através da modalidade EIRELI não podia ter o seu 
patrimônio pessoal afetado pelas dívidas da empresa, bastava declarar um capital social 
de, no mínimo, 100 salários mínimos atuais. 
 Isso era válido desde que o responsável legal da empresa não praticasse nenhum 
tipo de ato ilícito, como fraudes em licitação e lavagem de dinheiro. Assim, a própria 
empresa se tornava a única responsável pelo cumprimento de seus deveres e direitos. Foi 
uma categoria muito interessante para as micro e pequenas empresas, já que era um 
modelo mais simplificado de negócio. 
 A EIRELI tinha como principal objetivo acabar com o sócio fictício; uma prática que 
era muito comum nas empresas de sociedade limitada, modalidade na qual são 
necessárias, no mínimo, duas pessoas. Já na Empresa Individual de Responsabilidade 
Limitada, a empresa era aberta com um único dono, sem necessidade de ter um sócio. 
 Até poucos anos atrás, quem queria abrir uma empresa no regime de sociedade 
limitada, muito conhecido como LTDA, precisava necessariamente ter, pelo menos, um 
Como funcionou 
 Em 2011 foi criada a Empresa Individual de Responsabilidade Limitada para 
suprir uma grande demanda que existia no universo empreendedor. A maioria das 
pessoas queria exercer atividades empresariais sozinhas, sem sócios, mas sem 
precisar fazer a inscrição como pessoa física (como é o caso do Empresário 
Individual e do MEI). Diferenciava-se dos outros formatos, principalmente com 
relação ao capital social mínimo e segregação entre os bens da pessoa física e 
jurídica. 
 
https://conube.com.br/blog/como-abrir-uma-empresa/
https://conube.com.br/blog/o-que-e-sociedade-limitada/
https://conube.com.br/blog/o-que-e-sociedade-limitada/
https://conube.com.br/blog/o-que-e-eireli/
 
 
 
19 
sócio. Esse tipo de obrigação implicava em um certo desconforto no empreendedor que 
queria ser um empresário individual. Nem sempre é interessante ter um sócio, 
especialmente quando a empresa não tem lucros mais consistentes. Era nesse contexto 
em que o regime EIRELI se diferenciava. Com a lei 12.441 de 2011, os brasileiros 
passaram a poder optar pela modalidade de Empresa Individual de Responsabilidade 
Limitada, que esteve em vigor até o dia 27 de agosto de 2021, quando foi modificada 
pela lei 14.195, que determinou o fim da EIRELI. 
 
HISTÓRIA DO DIREITO DO COMÉRCIO INTERNACIONAL 
Hoje o direito internacional privado comercial e o direito comercial internacional, 
conforme explica Yvon Loussmann e Jean Denis Bredin no livro Droit du commerce 
international. No contexto, será explicado somente o direito do comércio internacional mais 
especialmente nas diversas organizações que regulamentam e traçam os princípios do 
comércio internacional entre os povos. 
Quanto a seu objeto, o direito do comércio internacional rege todas as relações de 
comércio que compreendem essencialmente diversos estados e, portanto, qualificados de 
internacionais. É constituído pelo conjunto de normas que governam as operações 
comerciais que não estão configuradas na razão de um só estado. Assim quando dois ou 
mais países realizam operações de comércio essa ação é identificada como um ato jurídico 
comercial internacional. 
Foi na época dos babilônios e fenícios que adquiriu-se o conhecimento das primeiras 
civilizações comerciais, mas, em pouco ou em nada, estes povos contribuíram para o direito 
comercial internacional, se for atribuído este título a um corpo completo e homogêneo de 
regras jurídicas. 
O verdadeiro nascimento do direito do comércio internacional é situado por diversos 
comercialistas na Idade Média. Nesta época existiam dois polos de comércio internacional 
na Europa, de um lado as Repúblicas Mercantes da Itália do Norte (Veneza, Pisa, Gênova 
e depois Florença) e de outro, Flandres, cujos principais centros foram Bruges, Antuérpia e 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2011/lei/l12441.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2021/lei/L14195.htm
https://conube.com.br/blog/fim-da-eireli/
 
 
 
20 
Amsterdã. Com o fim da Idade Média, fins do século XVIII, tomando como ponto de 
referência a Revolução Francesa, com a racionalização do direito do comércio com os 
particularismos nacionais. Entretanto, foi nos dois últimos séculos que o direito do comércio 
internacional se desenvolveu, com a resolução parcial do método conflitualista, 
conseguindo revestir de um corpo de regras de direito sobre a influência de diversos fatores. 
A partir da segunda metade do século XIX que o direito do comércio internacional 
tomou progressivamente a fisionomia de hoje. Sobretudo depois da II Guerra Mundial, 
período em que a situação mudou sensivelmente, pois as técnicas do direito comercial 
internacional se desenvolveram e diversificaram. 
 No Brasil o conceito e definições de comércio tiveram uma breve revisão e um 
limitado controle sobre o comércio em 1850, com a implantação do Código Comercial. 
Contudo, ao perceber que este dispositivo era limitado para disciplinar a atividade 
profissional do comerciante, em que não constava e nem definia atos do comércio, 
percebeu-se a urgência de uma regulamentação mais rigorosa. 
Assim, no dia 10 janeiro de 2002 foi promulgado o novo Código Civil Brasileiro, a Lei 
n. 10.406, de 10 de janeiro de 2002, que veio trazendo em seu conteúdo matéria comercial, 
realizando no país, a exemplo do que ocorreu na Itália em 1942, a unificação legislativa do 
direito privado tradicional. Entrou em vigor em janeiro de 2003, revogando expressamente 
o código civil e a Parte Primeira do Código Comercial Lei n 556, de 25 de junho de 1850. 
Atualmente a Lei que regulamenta a Falência é a Lei 11.101/05 e o antigo Código Comercial 
Brasileiro de 1850 só está em vigor no que se refere ao Direito Comercial Marítimo. 
DIREITO COMERCIAL 
As fontes do direito comercial internacional, no Brasil, como nos direitos 
internacionais comerciais nos demais países, são as leis internas, os tratados, a 
jurisprudência, a doutrina, o costume, o acordo das partes e a equidade. 
No Brasil, diferente de certos sistemas jurídicos estrangeiros, não se tem um código 
de comércio internacional. Contudo, encontra-se diversos organismos estatais que estão 
encarregados diretamente de traçarem os princípios de comércio internacional do país. 
 
 
 
21 
São estes organismos que dão a configuração jurídica da internacionalidade nos 
negócios comerciais, além dos limites de territorialidade do Brasil. Os principais 
responsáveis pela organização brasileira de comércio exterior são o Ministério das 
Relações Exteriores e o Ministério da Indústria e doComércio, que tiveram suas 
competências definidas pelo Decreto-lei n. 200 de 25.2.1967. 
Cabe ao Ministério das Relações Exteriores, conforme preceitua o inciso l, do art. 39, 
deste Decreto-lei, encarregar-se da "participação nas negociações comerciais, 
econômicas, financeiras, técnicas e culturais com países e entidades estrangeiras". Na 
organização interna do Ministério das Relações Exteriores, quando os assuntos referentes 
ao comércio exterior estão em fase de negociação são conduzidos pela Divisão de Política 
Comercial, órgão do Departamento de Assuntos Econômicos. Quando passa para a fase 
de execução são tratados pelo recém-criado Departamento de Promoção Comercial. E 
neste mesmo art. 39, do Decreto-lei citado, constituiu área de competência do Ministério da 
Indústria e do Comércio tudo que se relacione com o Comércio Exterior. 
 Ainda estão a cargo da execução do comércio exterior brasileiro diversos órgãos 
dos Ministérios da Fazenda e Agricultura, todos traçando uma política comercial 
internacional, dentro de um sistema um pouco complexo, que poderia ter melhor 
aproveitamento com a criação de um Ministério do Comércio Exterior onde não existiriam 
conflitos de competência entre os diversos órgãos interministeriais e seria encarregado de 
traçar as grandes linhas de nosso comércio internacional. 
Dentro de todo este complexo existe atualmente, repartidos pelos diversos 
ministérios, alguns órgãos destinados a promover o comércio exterior brasileiro, 
observando-se assim uma verdadeira pulverização de competência. Os principais deles 
são o Conselho Nacional do Comércio Exterior (CONCEX) , Conselho de Política Aduaneira 
(CPA), Carteira de Comércio Exterior do Banco do Brasil (CACEX). 
 CONCEX - CONSELHO NACIONAL DO COMÉRCIO EXTERIOR 
O CONCEX foi criado pela Lei N° 5025, de 10.6.1966, e regulamentado pelo Decreto 
N° 59607 de 28.11.1966, tendo como principal função dispor sobre o comércio brasileiro 
com o exterior. 
 
 
 
22 
Consideram-se seus principais encargos: 
a. Formular política de comércio exterior; 
b. Determinar, orientar, coordenar e executar as medidas necessárias à 
expansão das operações comerciais com o exterior; 
c. Visar sempre o papel estratégico do comércio exterior no processo de 
desenvolvimento econômico do País. 
Os objetivos principais do Conselho Nacional do Comércio Exterior em relação à 
política do comércio exterior são: 
a) a criação de condições internas e externas, capazes de conferir maior capacidade 
competitiva aos produtos brasileiros no exterior; 
b) a crescente diversificação da pauta de produtos exportáveis, especialmente através 
de estímulos e condições apropriados à exportação de produtos industriais; 
c) a ampliação de mercados externos, quer mediante incentivos à penetração de novos 
produtos em mercados tradicionais, quer através da conquista de novos mercados; 
d) a garantia de suprimento regular à economia nacional, de matérias-primas, produtos 
intermediários, bens de consumo e de capital importados, necessários ao desenvolvimento 
econômico do País. 
A competência do CNCE respeitadas às atribuições do Conselho Monetário 
Nacional: 
a) Traçar as diretrizes da política de comércio exterior 
b) Adotar medidas de controle das operações de comércio exterior, quando 
necessário ao interesse nacional 
c) Pronunciar-se sobre a conveniência de participação do Brasil em acordos ou 
convênios internacionais relacionados com o comércio exterior 
d) Formular as diretrizes básicas a serem obedecidas na política de 
financiamento da exportação 
 
 
 
23 
São competências privativas do CNCE: 
a) Baixar as normas necessárias à implementação da política de comércio 
exterior, assim como orientar e coordenar sua expansão 
b) Modificar, suspender ou suprimir exigências administrativas ou 
regulamentares, com a finalidade de facilitar e estimular a exportação, bem 
como disciplinar e reduzir os custos da fiscalização 
c) Decidir sobre normas, critérios e sistemas de classificação comercial dos 
produtos objeto do comércio exterior 
d) Estabelecer normas para a fiscalização de embarque e dispor sobre a 
respectiva execução, com vistas à redução de custos 
e) Traçar a orientação a seguir nas negociações de acordos internacionais 
relacionados com o comércio exterior e acompanhar sua execução 
O Decreto-lei n. ° 487 de 3.3.1969 que veio a modificar a redação do art. 6.0 da Lei 
n. 5025 que estabeleceu a composição do Conselho Nacional do Comércio Exterior, 
dizendo que este seria presidido pelo Ministro da Indústria e do Comércio e integrado pelos 
seguintes membros: 
I. Ministro das Relações Exteriores 
II. Ministro do Planejamento e Coordenação Geral 
III. Ministro da Fazenda 
IV. Ministro da Agricultura 
V. Ministro dos Transportes 
VI. Ministro das Minas e Energia 
VII. Presidente do Banco Central do Brasil; Presidente do Banco do Brasil 
S. A. 
VIII. Diretor da Carteira do Comércio Exterior (CACEX) 
IX. Presidente do Conselho de Política Aduaneira. 
 
 
 
24 
O CONSELHO DE POLÍTICA ADUANEIRA - CPA 
Este órgão subordinado ao Ministério da Fazenda, conforme poderes definidos pela 
Lei N° 3244 de 14.6.1957, é objetivamente o organismo governamental encarregado de 
fixar as alíquotas sobre as quais é calculado o imposto de importação e ainda concede 
isenções e reduções desse imposto. Este órgão tem, além das competências já 
mencionadas, a de propor alteração na legislação aduaneira, a de opinar sobre a 
concessão de favor aduaneiro em convênio internacional e ainda a de participar do exame 
de problemas relacionados com a formulação e execução da política aduaneira. 
Compõe-se de um membro presidente e de outros nove, sendo seis efetivos e três 
suplentes. Conta com representantes das Confederações Nacional do Comércio, 
Confederação Nacional da Indústria, Confederação Rural Brasileira, Confederação 
Nacional dos Trabalhadores no Comércio, na Indústria, nos Transportes Marítimos e nos 
Terrestres. Seu presidente é nomeado pelo Ministro da Fazenda. 
CARTEIRA DO COMÉRCIO EXTERIOR - CACEX 
A Lei N° 2145 de 29.12.1953 no seu art. 1. declara a extinção da Carteira de 
Exportação e Importação do Banco do Brasil S. A. e, em sua substituição, cria a Carteira 
do Comércio Exterior - CACEX. 
A CACEX é o órgão governamental responsável no âmbito internacional como 
executor das normas do CONCEX. Tem a função de coordenar, orientar e disciplinar a 
execução da política governamental durante as importações, exercendo ainda atribuições 
das autoridades monetárias e aduaneiras. Na exportação, exerce funções mais amplas de 
assistência e orientação nas decisões sobre a política geral; promove, coordena e executa 
as diretrizes governamentais, exceto em relação ao café. A competência da Carteira do 
Comércio Exterior está regulada nos termos dos art. 19 e 59 da Lei n 4995 de 31.12.1964, 
observadas as decisões, normas e critérios estabelecidos pelo Conselho Nacional do 
Comércio Exterior. 
 
 
 
25 
TRATADOS COMERCIAIS INTERNACIONAIS 
Entre as fontes do direito do comércio internacional, uma das mais importantes é 
sem dúvida os tratados, não só neste ramo do direito como bem sabemos, mas também no 
internacional público ou no privado. E quando se trata de negócios de comércio são os 
tratados o esteio principal da atividade mercantilista entre dois ou mais Estados. O Brasil já 
concluiu um número importante de acordos comerciais e continua em estudos para concluir 
outros tantos, com diversos estados e com as mais importantes organizações de comércio 
internacional. 
Quanto à Jurisprudência, é muito rara no Brasil em razão do comércio internacional 
só ter começado a se desenvolver há poucos anos e depois disso raros conflitos surgiram. 
No plano internacional, há carência de julgados e no tribunal a maior incidência principal é 
a referente a problemas fiscais e a casosisolados de importação. E mesmo nas jurisdições 
internacionais notamos uma ausência da jurisprudência sobre a matéria. A Corte de Justiça 
das Comunidades Europeias é quem mais tem contribuído, mas mesmo assim muito 
modestamente. E a razão da ausência é a falta de verdadeiras jurisdições internacionais 
de direito privado. 
Ministério do Desenvolvimento Indústria e Comércio Exterior 
Este ministério tem como missão: "construir um Brasil competitivo, justo e rico em 
oportunidades, em parceria com setores produtivos, através de ações que resultem na 
melhoria da qualidade de vida da população". (MDIC, 2004), o Ministério do 
Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior foi criado pela Medida Provisória n° 2.123-
27, de 27/12/2000 - DOU 28/12/2000, tendo como Área de competência os seguintes 
assuntos: 
• Política de desenvolvimento da indústria, do comércio e dos serviços 
• Propriedade intelectual e transferência de tecnologia 
• Metrologia, normalização e qualidade industrial 
• Políticas de comércio exterior 
• Regulamentação e execução dos programas e atividades relativas ao comércio 
exterior 
 
 
 
26 
• Aplicação dos mecanismos de defesa comercial participação em negociações 
internacionais relativas ao comércio exterior 
• Formulação da política de apoio a microempresa, empresa de pequeno porte e 
artesanato 
• Execução das atividades de registro do comércio 
 
Vistas as suas competências, que mexem diretamente com a vida das Micro e 
Pequenas empresas, principalmente no que tange acompanhar suas ações e 
determinações e mostra-se muito pertinente. 
 
SECRETARIA DE COMÉRCIO EXTERIOR — SECEX 
A Secretaria de Comércio Exterior, que é um dos órgãos apoiadores do comércio 
exterior do Brasil, tem como suas competências as seguintes, conforme disposto pelo MDIC 
(2004): 
I. Formular propostas de políticas e programas de comércio exterior e 
estabelecer normas necessárias à sua implementação 
II. Propor medidas, no âmbito das políticas fiscal e cambial, de financiamento, 
de recuperação de créditos à exportação, de seguro, de transportes e fretes 
e de promoção comercial 
III. Propor diretrizes que articulem o emprego do instrumento aduaneiro com os 
objetivos gerais de política de comércio exterior, bem como propor alíquotas 
para o imposto de importação, e suas alterações 
IV. Participar das negociações em acordos ou convênios internacionais 
relacionados com o comércio exterior 
V. Implementar os mecanismos de defesa comercial 
VI. Apoiar o exportador submetido a investigações de defesa comercial no 
exterior 
 
 
 
27 
 O exportador pode recorrer a SECEX sempre que necessitar de auxilio quanto às 
ações praticadas no Comércio Exterior. Este órgão do Governo Federal está sempre 
disponível ao exportador, com acesso diário e principalmente via internet. 
AGÊNCIA DE PROMOÇÃO ÀS EXPORTAÇÕES – APEX 
A APEX opera em colaboração direta com a CAMEX e em estreita coordenação com 
os Ministérios das Relações Exteriores e do Desenvolvimento, Indústria e Comércio 
Exterior. E dirigida por um Gerente Especial e assessorada por um Comitê integrado por 
membros do Governo e da iniciativa privada. A APEX apoia as seguintes ações, conforme 
SEBRAE Amazonas (2004), sempre em parceria com o setor privado e com os SEBRAES 
estaduais: 
• Capacitação e treinamento de pessoal especializado em comércio 
exterior 
• Pesquisas de mercado 
• Rodadas de negócios 
• Informação comercial 
• Participação em feiras e seminários 
Esta agência financia as despesas de muitas das etapas do processo de formação 
e desenvolvimento de Consórcios de Exportação, e de suas empresas participantes, o que 
possibilita que se tornem exportadoras regulares. Os "produtos" da APEX, segundo 
SEBRAE AMAZONAS (2004) são: 
• Projetos Setoriais Integrados 
• Projetos Horizontais 
• Projetos Isolados 
• Projetos de Formação de Consórcios de Exportação 
• Projetos de iniciativa da própria APEX 
Em Comércio Exterior (2001) é tratado o funcionamento de alguns projetos apoiados 
pela APEX: 
 
 
 
28 
a. Projeto setorial integrado (PSI): conjunto de atividades agregadas em 
diversos projetos de preparação de empresas 
b. Projeto horizontal (PH): tem caráter multissetorial, representa o modelo 
ideal de organização para a coordenação e suporte aos consórcios 
c. Projeto de consórcios ou cooperativas: são aqueles que preveem 
ações de um conjunto de empresas ou cooperativas de produtores 
interessados em exportar 
d. Projeto isolado (PI): visa a execução de uma única atividade, podendo 
ser uma participação em feira, um estudo específico, uma pesquisa, 
um seminário 
e. Projetos APEX (PA): como o objetivo de estimular o desenvolvimento 
da cultura exportadora e apoiar à realização de ações de apoio as 
exportações 
f. Projeto de formação de consórcios (PFC): engloba ações estratégicas 
maiores com o objetivo de formar um consórcio de exportação, com 
foco de ações na Área administrativa e jurídica 
g. Projeto de exportação do consórcio (PEC): ocorre com o processo de 
exportação já constituído. O projeto trata da descrição dos conjuntos 
das atividades da entidade, propriamente do conjunto das atividades 
agregadas 
A APEX auxilia empresas e entidades de classe a formar e dirigir um consórcio de 
exportação. Além disso, ajuda na seleção das empresas incentiva a constituição jurídica do 
consórcio, que são instalados sobre as regras definidas por ela, para as empresas que 
desejam atingir o mercado internacional. 
CÂMARA DE COMÉRCIO EXTERIOR — CAM EX 
A Câmara de Comércio Exterior, órgão integrante do Conselho de Governo, tem por 
objetivo a formulação, adoção, implementação e a coordenação de políticas e atividades 
relativas ao comércio exterior de bens e serviços, incluindo o turismo. Dentre as 
competências da Câmara de Comércio Exterior, definidas pelo Decreto N° 4.732, de 10 de 
junho de 2003 do MDIC (2004), destacam-se: 
 
 
 
29 
• definir as diretrizes e procedimentos relativos à implementação da 
política de comércio exterior visando e a inserção competitiva do Brasil 
na economia internacional 
• Coordenar e orientar as ações dos órgãos que possuem competências 
na área de comércio exterior 
• Definir, no âmbito das atividades de exportação e importação, diretrizes 
e orientações sobre normas e procedimentos para os seguintes temas, 
observados a reserva legal: (a) racionalização e simplificação do 
sistema administrativo, (b) habilitação e credenciamento de empresas 
para a prática de comércio exterior, (c) nomenclatura de mercadoria, 
(d) conceituação de exportação e importação, (e) classificação e 
padronização de produtos, (f) marcação e rotulagem de mercadorias, 
e (g) regras de origem e procedência de mercadorias 
• estabelecer as diretrizes para as negociações de acordos e convénios 
relativos ao comércio exterior, de natureza bilateral, regional ou 
multilateral 
• orientar a política aduaneira, observada a competência especifica do 
Ministério da Fazenda 
• formular diretrizes básicas da política tarifaria na importação e 
exportação 
• estabelecer diretrizes e medidas dirigidas a simplificação e 
racionalização do comércio exterior, bem corno para investigações 
relativas às práticas desleais de comercio exterior 
• Fixar diretrizes para a política de financiamento das exportações de 
bens e de serviços, bem como para a cobertura dos riscos de 
operações a prazo. Inclusive as relativas ao seguro de credito as 
exportações 
• Fixar diretrizes e coordenar as políticas de promoção de mercadorias 
e de serviços no exterior e de informação comercial 
 
 
 
30 
• Opinar sobre política de frete e transporte internacionais, portuários, 
aeroportuários e de fronteiras, visando a sua adaptação aos objetivos 
da política de comércio exterior e ao aprimoramento da concorrência 
• Orientar políticas deincentivo a melhoria dos serviços portuários, 
aeroportuários, de transporte e de turismo, com vistas ao incremento 
das exportações e da prestação desses serviços a usuários oriundos 
do exterior 
• Fixar alíquotas de imposto de exportação, alíquotas de imposto de 
importação. Direitos antidumping e compensatórios, provisórios ou 
definitivos, salvaguardas, e eventuais suspensões (por meio de 
Resoluções CAMEX) 
Em relação as mercadorias produzidas pelas empresas, a CAMEX é o órgão do 
governo brasileiro que determina as diretrizes e orientações sobre normas das atividades 
de importação e exportação. Além disso, para exportar, as empresas devem estar 
cadastradas no SISCOMEX e qualquer emissão de nota fiscal nas vendas ao exterior passa 
por esse sistema. 
SISTEMA INTEGRADO DE COMERCIO EXTERIOR – SICOMEX 
O SISCOMEX, segundo o MDIC (2004), "é um instrumento que integra as atividades 
de registro, acompanhamento e controle das operações de comércio exterior, através de 
fluxo único". É administrado pela Secretaria do Comércio Exterior (SECEX), pela Secretaria 
da Receita Federal (SRF) e pelo Banco Central do Brasil (BACEN). 
O Sistema Integrado de Comércio Exterior é a sistemática administrativa do comércio 
exterior brasileiro, que integra as atividades afins da Secretaria de Comércio Exterior - 
SECEX, da Secretaria da Receita Federal-SRF e do Banco Central do Brasil - BACEN, no 
registro, acompanhamento e controle das diferentes etapas das operações de exportação. 
Para exportar, as empresas devem estar cadastradas no Registro de Exportadores 
e Importadores da Secretaria de Comércio Exterior (REI), como já descrito anteriormente. 
 O Registro de exportações é o conjunto de informações de natureza comercial, 
financeira, cambial e fiscal que caracteriza a operação de exportação de uma mercadoria 
 
 
 
31 
por meio de enquadramento especifico. Obter o RE é o passo inicial da grande maioria das 
operações excetuados até para casos dispensados ou mesmo para os situações as quais 
é utilizada a Declaração Simplificada de Exportação (DSE) (MDIC, 2004). Portando o 
registro no SISCOMEX de extrema importância, uma vez que com ausência dele a 
exportação, por vias legais, não pode ser realizada. 
A arbitragem comercial 
Ainda que as relações econômicas estejam cada vez mais se estabelecendo em 
escalas internacionais, a função jurisdicional continua ainda submetida às autoridades 
estatais, conservando um caráter nacional. A inexistência de uma justiça internacional 
contrasta com o aumento e a diversificação das trocas comerciais sobre o plano 
internacional. Assim, pode-se dizer que é grande a importância da arbitragem como parte 
do direito do comércio internacional constituindo também uma condição de 
desenvolvimento de um direito comercial comunitário. 
Recorrer à arbitragem presentemente representa numerosas vantagens em relação 
a um processo judicial. Enquanto esta é rápida, fácil e menos onerosa, a justiça das 
jurisdições nacionais é lenta, complexa e cara. E a arbitragem tem mais vantagens 
reconhecidas; seus árbitros são pessoas qualificadas para resolverem as diferenças que 
lhe são submetidas pelas suas especialidades profissionais, podendo facilmente verificar a 
qualidade de uma mercadoria sem necessitar recorrer a custosas perícias, que são muito 
frequentes quando se trata da justiça comunitária e que correspondem a uma verdadeira 
delegação de poderes dos juízes. 
A justiça dada por eles é uma justiça de práticas na matéria e de melhor qualidade 
que a de um sistema judiciário, muitas vezes embaraçado com técnicas jurídicas e que no 
nosso sistema de direito são mais flagrantes em razão de toda a formalidade de que se 
reveste. O direito brasileiro é formal por excelência, deixando de ser apropriado às 
necessidades do mundo dos negócios. As convenções internacionais em matéria de 
arbitragem comercial, geralmente mais fáceis de concluir são as realizadas na forma de 
tratados bilaterais em razão do não envolvimento de fatores outros, que não interesse ser 
manifestado neste campo pelas partes. 
 
 
 
32 
Mesmo assim já existem atualmente diversos tratados multilaterais que constituem 
a fonte mais relevante de progresso neste domínio. As convenções multilaterais 
apareceram em diversas etapas: as duas primeiras em 1920 e as duas últimas em 1958 e 
1961. As primeiras são conhecidas como os Acordos de Genebra sobre arbitragem. São 
compostas do "Protocolo relativo às cláusulas de arbitragem" assinado em Genebra em 24 
de setembro de 1923 e ratificado por 30 Estados entre eles o Brasil, e da "Convenção para 
a execução das sentenças arbitrais estrangeiras", assinada também em Genebra, em 26 
de setembro de 1927, e ratificada por 24 Estados, sendo que o Brasil até hoje não ratificou. 
Tem-se ainda o segundo grupo conhecido como a Convenção de Nova York ou da 
ONU, assinada naquela cidade, em 10 de junho de 1958, por 25 representantes dos 
estados-membros da ONU, e até 1962 havia 12 ratificações do texto total, 12 adesões de 
países não signatários, o que já é considerado um belo passo internacional, neste domínio. 
O Brasil ainda não assinou nem ratificou. Quanto a convenções bilaterais de arbitragem 
comercial o Brasil tem diversas delas assinadas e ratificadas. 
ORDENAMENTO JÚRIDICO DO COMÉRCIO EXTERIOR 
BRASILEIRO 
O contrato internacional tem a função precípua de regular o direito e as obrigações 
das partes, leia-se importador e exportador, quando da realização de uma operação de 
compra e venda internacional de mercadorias, de modo a estabelecer uma segurança 
jurídica ao negócio e assim precaver as partes de um eventual inadimplemento, pelo uso 
da força normativa do instrumento. 
Segue, portanto, a normatização dos contratos internacionais de compra e venda de 
mercadorias perante o ordenamento jurídico brasileiro. Insista-se mais uma vez, que o 
contrato internacional será aquele que possuir elementos que permitam vinculá-lo a mais 
de um sistema jurídico e tiver por objeto uma operação que envolva o duplo fluxo de bens 
pela fronteira. 
Analisa-se o contrato de compra e venda internacional de mercadorias enquanto 
elemento de Direito Internacional Privado, onde a partir daí pode se encontrar sua 
normatização. No Brasil sabe-se que as normas de Direito Internacional Privado 
 
 
 
33 
encontram-se, sobretudo na Lei de Introdução ao Código Civil na forma do Decreto lei 4657 
de 1942, onde passa a identificar as questões relativas a tais contratos. 
Tendo em vista que o instituto em estudo abrange mais de um sistema jurídico, deve-
se visualizar perante o diploma civil o que dispõe a legislação brasileira a respeito da lei 
aplicável aos mesmos, segundo os elementos contratuais já mencionados. Acerca da 
capacidade das partes seu artigo 7 assim esclarece: “A lei do país em que for domiciliada 
a pessoa determina as regras sobre o começo e o fim da personalidade, o nome, a 
capacidade e os direitos de família”. Infere-se aí que o estado Brasileiro adotou o critério 
do domicílio para regular as questões referentes à capacidade das partes no bojo dos 
contratos internacionais, aspecto este muito importante quando utilizado o critério do 
fracionamento na escolha da lei aplicável. 
A respeito da conclusão do contrato, também por meio da Lei de Introdução ao 
Código Civil, preceitua a norma Brasileira no seu artigo 9: 
Art. 9: para qualificar e reger as obrigações, aplicar-se-á a lei do país em que se 
constituírem. 68 § 1: Destinando-se a obrigação a ser executada no Brasil e 
dependendo de forma essencial, será esta observada, admitidas as peculiaridades 
da lei estrangeira quanto aos requisitos extrínsecos do ato. § 2: A obrigação 
resultante do contrato reputa-se constituída no lugar em que residir o proponente. 
Considerando que as obrigações derivam da lei, dos atos ilícitos e da vontade, 
compreendem-se nesta última os contratosinternacionais de compra e venda de 
mercadorias, restando aí consagrado no território nacional o critério do lugar da celebração 
do contrato para se definir a sua lei aplicável, e assim também o lugar de residência do 
proponente, pelo que consta no parágrafo segundo de tal artigo. 
CONTRATOS INTERNACIONAIS 
Para que seja possível o comércio entre o Brasil e outros países é necessário de 
acordo com o ordenamento jurídico, sendo a empresa cadastrada legalmente de acordo 
com seu porte, como explicado anteriormente, e ainda celebrar um contrato com o cliente 
do exterior a ser atendido. A palavra “contrato” pode conter diferentes acepções, distantes 
da locução dada pelos dicionários em um sentido puramente superficial, qual seja de “unir” 
ou “contrair”, jungimo-nos a conceituá-la num aspecto técnico-jurídico, buscando a 
agregação de elementos que melhor o definam. 
 
 
 
34 
Pereira (1995) conceitua o contrato de modo consistente como sendo um negócio 
jurídico bilateral, e que por conseguinte exige o consentimento; pressupõe, de outro lado, 
a conformidade com a ordem legal, sem o que não teria o condão de criar direitos para o 
agente; e, sendo ato negocial, tem por escopo aqueles objetivos específicos. Com a 
pacificidade da doutrina, pode-se afirmar então que o contrato é um acordo de vontades, 
na conformidade da lei, e com a finalidade de adquirir, resguardar, transferir, conservar, 
modificar ou extinguir direitos. 
Assim, celebra-se um contrato sempre que se queira estabelecer normas para o 
desenvolvimento e realização de determinado negócio de interesse jurídico, regulando-se 
interesses reconhecidos pela ordem jurídica, criando-se, modificando-se ou extinguindo-se 
obrigações. Gomes (2009), por sua vez, assinala que o contrato é “uma espécie de negócio 
jurídico que se distingue, na formação, por exigir a presença pelo menos de duas partes. 
Contrato é, portanto, negócio jurídico bilateral, ou plurilateral. 
Para tanto, é visível que o contrato representa o instrumento que formaliza uma união 
de vontades destinadas a atingir os fins ditados pelos interesses jurídicos dos contraentes, 
surtindo assim, efeitos na órbita obrigacional do Direito. 
Firmado o conceito do que seja um “contrato”, antes de adentrar aos princípios 
propriamente ditos que o regem, se faz necessário uma abordagem mais eloquente acerca 
do que seja sua função social, em que muitos doutrinadores a identifiquem como um 
princípio jurídico social de conteúdo geral e indeterminado a ser aplicado em qualquer 
relação contratual. Isto posto, eis a razão de ser pelo que dispõe o artigo 421 do Novo 
Código Civil Brasileiro de 2002, que assim inovou “A liberdade de contratar será exercida 
em razão e nos limites da função social do contrato”. 
A função social do contrato vai sendo desvendada na medida em que os interesses 
privados e a liberdade de contratar colidem com a necessidade de atuação do Estado na 
proteção de Direitos sociais, resultado da constitucionalização de Direitos fundamentais, a 
qual se toma como exemplo a função social da propriedade, esta última, a qual serviu de 
parâmetro para a idealização da função social dos contratos. 
 
 
 
35 
Dada à conceituação dos contratos, leia-se, um negócio jurídico bilateral ou 
plurilateral, o qual pressupõe um acordo de vontades recíprocas em que se busca 
determinado fim, se faz importante analisar como sucede a sua formação. Deste modo, 
verifica-se que a união convergente de vontades é não somente um requisito do contrato, 
mas sim, elemento estruturante e pressuposto de existência do mesmo, as quais, desde 
que devidamente coincidentes, darão início à sua constituição. 
A reunião de vontades dos comerciantes de diferentes países com vistas a alcançar 
determinado fim pode conduzi-los à formação de um contrato internacional do comércio. 
Engelberg (2007) conceitua tal instituto em breve comparação ao contrato estabelecido 
pelo Direito interno: 
O Código Civil Brasileiro no seu art. 81 traz o conceito de ato jurídico e é dele que 
decorre o conceito de contrato, acrescido do elemento “acordo de vontades”. O 
contrato internacional tem elementos que o aproximam dessa definição, uma vez 
que também é acordo de vontades que visa colimar um objetivo. A diferença 
fundamental está no fato de que o contrato internacional as cláusulas concernentes 
à conclusão, capacidade das partes e objeto se relacionam a mais de um sistema 
jurídico. 
Dando ênfase à qualidade do instituto, Strenger (1996) complementa “Os contratos 
internacionais são o motor, no sentido estrito, do comércio internacional e, no sentido 
amplo, das relações internacionais, em todos seus matizes”. Não obstante, leciona Araújo 
(2004) acerca sua característica internacional, sendo o que caracteriza a internacionalidade 
de um contrato é a presença de um elemento que o ligue a dois ou mais ordenamentos 
jurídicos. Basta que uma das partes seja domiciliada em um país estrangeiro ou que um 
contrato seja celebrado em um país, para ser cumprido em outro. 
Assim sendo, depreende-se que o contrato internacional do comércio instrumentaliza 
a prática do comércio internacional, e bem assim, torna possível a implementação de mais 
de um ordenamento jurídico em seu conteúdo. 
Conforme fora visto, a internacionalidade de um contrato se dá no momento em que 
as disposições elencadas em seu bojo relacionam-se a mais de um ordenamento jurídico. 
Assim, faz-se necessário saber qual lei aplicá-lo na hipótese de seu descumprimento. 
Rodas (2002) explica que: 
 
 
 
36 
A doutrina, o direito positivo e a jurisprudência comparados apontam várias 
soluções, relativamente à lei aplicável à substancia dos contratos: lei do lugar da 
execução (Lex loci executions), lei do lugar do contrato (Lex loci contratus), lei 
pessoal do devedor (Lex patriae ou domicilii do devedor), lei pessoal das partes 
(Lex patriae ou domicilii comum das partes), lei escolhida pelas partes (Lex 
voluntatis). 
Partindo da premissa que o contrato é uma congregação de vontades e que faz lei 
entre as partes, conclui-se que na hipótese de escolha pelas partes da lei a ser aplicada à 
determinado contrato, deverá terá força para solucionar eventual conflito e buscar-se-ão 
os elementos de conexão ora citados, presentes no ordenamento de Direito Internacional 
Privado de cada Estado para tanto. 
Deste modo verificam-se alguns critérios de conexão, os quais estabelecem a lei 
aplicável ao contrato internacional: 
CRITÉRIO DA AUTONOMIA DA VONTADE 
 Consentâneo à natureza contratual, qual seja, a de fazer lei entre as partes, por este 
critério também prevalecerá a vontade das partes, determinando a lei regente do contrato 
internacional. Assim, para Baptista (1994) o princípio da autonomia decorre da importância 
atribuída ao interesse das partes que, nesta hipótese, prevalece sobre os interesses do 
tráfego jurídico e de tutela dos interesses dos terceiros. Eis porque na maioria dos sistemas 
jurídicos se determina a conexão do contrato pela vontade das partes, que, presume-se, 
devem exprimir seu interesse. 
 Já para Strenger (2003) a autonomia da vontade consagrou-se como princípio 
objetivado em todo o complexo comportamental do comércio internacional, exatamente 
porque se revelou apta a consumar a formalização dos atos jurídicos, de que serve o 
intercambio mercantil na consecução de seus fins. 
Araújo (2003) complementa afirmando que tal princípio tornou-se universalmente 
aceito, com adoção expressa tanto em convenções internacionais como na legislação 
interna de diversos países. No Brasil o princípio vigorou expressamente na lei de introdução 
do código civil de 1916 em seu artigo 13 que assim dispunha: “Regulará, salvo disposição 
em contrário, quanto à substância e aos efeitos das obrigações, a lei do local onde forem 
contraídas”. A expressão ‘salvo disposição em contrário’ é o segmento do texto legislativo37 
que permitirá a aplicação da autonomia da vontade no ordenamento nacional, o que no 
entanto, com a supressão da expressão na elaboração da nova lei de introdução ao código 
civil de 1942, a aplicação do princípio no Brasil tornou-se bastante controvertida, segundo 
preleciona Araújo (2003) que ao contrário da grande utilização do princípio nos países 
europeus, a situação no Brasil ainda não evoluiu. A LICC, no seu artigo 9, não menciona o 
princípio da autonomia da vontade e, embora muitos juristas sejam a favor, o princípio é 
proibido. Esta afirmação decorre da leitura do artigo que não pode ser comparado com 
outras normas sobre o tema que o permitem expressamente, como, por exemplo, a 
Convenção do México sobre a Lei Aplicável aos Contratos Internacionais, que começa a 
dizer ser o contrato regido pelo direito escolhido pelas partes logo no caput do artigo. 
A mencionada convenção foi assim identificada por Juenger (2000), seguindo o 
exemplo europeu, através da convenção da cidade do México de 1994, que fez da 
autonomia da vontade a estrela guia da lei aplicável interamericana. Neste sentido que, 
buscando harmonizar soluções para as questões relacionadas ao comércio internacional 
também tratou de regulamentar a autonomia da vontade expressamente em seu artigo 7: 
O contrato rege-se pelo direito escolhido pelas partes. O acordo das partes sobre 
esta escolha deve ser expresso ou, em caso de inexistência de acordo expresso, 
depreender-se de forma evidente da conduta das partes e das cláusulas 
contratuais, consideradas em seu conjunto. Essa escolha poderá referir-se à 
totalidade do contrato ou a uma parte do mesmo. 
 
O Brasil, naquela ocasião, fora signatário da convenção mexicana, que bem assim 
ressoou no projeto de lei 4905/9563 cujo teor apresentava-se consoante às disposições 
daquela primeira, e que assim poderia legitimar o princípio da autonomia da vontade. No 
entanto, até o presente momento, o Brasil não ratificou a mencionada convenção e o projeto 
de lei que poderia, de uma vez por todas, eliminar a hipótese de não aplicação da 
autonomia da vontade no país ficou prejudicado. Aduz Araujo (2003) afirma que a 
Convenção do México teve repercussão no Brasil através de sua influência nos artigos 
relativos aos contratos internacionais do projeto de lei n. 4905/95. No projeto, 
coerentemente com a posição do Brasil na Conferência da CIDIP V, adotou-se a teoria da 
autonomia da vontade e, como norma subsidiária, à falta de escolha, a regra de conexão 
dos vínculos mais estreitos. Na exposição de motivos, justificou-se a adoção desses artigos 
fazendo-se referência expressa à convenção interamericana. Todavia, o projeto foi retirado 
do Congresso Nacional pelo Poder Executivo, e embora representasse o amadurecimento 
da posição tomada pelo Brasil no México, pois não faria sentido ratificar a convenção do 
México e manter os princípios da LICC com ela inconsistentes, entendemos que a 
 
 
 
38 
modificação da legislação poderia ser feita de outra forma. É preciso enviar a Convenção 
do México ao Congresso Nacional e garantir a sua aprovação não só entre os países 
signatários, mas aproveitar a oportunidade para substituir o artigo 9 da LICC pelo seu texto, 
para que suas disposições sejam aplicáveis a todos os contratos internacionais conectados 
com o ordenamento jurídico Brasileiro. 
Deste modo, como a referida norma não fora internalizada no ordenamento pátrio, 
percebe-se que tal princípio não encontra respaldo legal no sistema jurídico nacional e não 
pode ser aplicado, muito embora alguns doutrinadores apontarem pela sua relativa 
aplicação, a exemplo de Lopes (1959), que admite sua utilização com uma devida restrição, 
quando autor cita que no caso em que não esteja em jogo uma lei imperativa, de fato, a lei 
não impõe uma restrição pelo simples prazer de cercear a liberdade individual, mas por 
motivos ponderáveis, motivos esses que não podem subsistir, em se tratando de situações 
onde não esteja em causa qualquer norma imperativa. 
Finalmente, constata-se que o critério da autonomia da vontade é corolário ao 
princípio que rege o instituto contratual nacionalmente considerado, onde as partes têm o 
livre arbítrio, ou seja, escolher o que se deseja alcançar e também estabelecer a lei 
substancial a qual irá regê-lo na hipótese de inadimplemento, embora sua aplicação no 
Brasil dependa de ratificação da convenção mexicana de 1994. 
CRITÉRIO DA LEI DO LUGAR DA FORMAÇÃO OU CELEBRAÇÃO DO 
CONTRATO 
Em via de regra, o critério da lei do lugar da formação ou da celebração do contrato 
é o que vige na legislação pátria, segundo dispõe a lei de introdução ao código civil em seu 
artigo 9. 
 Art. 9°: Para qualificar e reger as obrigações, aplicar-se-á a lei do país em que se 
constituírem. Seguindo tal orientação, Diniz (1995) assim explica que a lex loci contratus 
regerá o negócio, atendendo as negociações feitas, fixando o elemento de conexão 
necessário, excluindo outras leis aplicáveis à avença, respeitando as limitações de ordem 
pública. Há contratos que apesar da lei que irá regê-los não se subordinam a lei da 
 
 
 
39 
autonomia da vontade das partes, por estarem vinculados a determinada lei em razão de 
ditames de ordem pública. 
Baptista (1994) destaca que existem duas premissas a levar em conta na aplicação 
deste critério, a primeira é que a lei do lugar em que é firmado o contrato deve reconhecer 
o tipo de negócio objeto dele: assim, não se podia celebrar contrato de compra e venda 
com cláusula de reserva de domínio na França, antes que esta fosse admitida pela 
legislação daquele país. A segunda premissa refere-se ao lugar em que ocorre a emissão 
da vontade, a declaração e a assinatura do contrato. Se a vontade foi expressa através de 
um núncio, é o lugar em que a parte comunica sua vontade a este que predomina, isso em 
razão da aplicação analógica do parágrafo segundo do art. 9 da LICC. 
Ou seja, uma vez consentido pelas partes o local de celebração do contrato, 
plausível será a aplicação deste critério, tornando-se prevento para a solução do conflito. 
CRITÉRIO DA LEI DO LUGAR DA EXECUÇÃO DO CONTRATO 
Pelo critério da execução do contrato, a lei aplicável incidirá no local onde aquele 
revelar sua eficácia, ou seja, onde fora predeterminada a sua execução. Assim, salvo 
estipulação em contrário, a lei a ser aplicada será aquela onde o mesmo se cumpriu. No 
entanto, referido elemento de conexão poderá sofrer objeções, conforme leciona Baptista 
(1994), que também há ressalvas e objeções à escolha do lugar da execução do contrato 
como elemento de conexão. A primeira é a de que por vezes há mais de um lugar de 
execução num contrato, o caso típico do transporte, sendo preciso, quando há pluralidade 
de locais de execução, estabelecer qual o principal deles. Outra hipótese que apresenta 
dificuldades é a dos contratos sinalagmáticos, em que cada obrigação se cumpre num país 
diferente, por exemplo compra e venda, quando a entrega do serviço e o pagamento se 
dão nos países de cada uma das partes interessadas. 
No Brasil, o critério da lei do lugar da execução vem disposto no artigo no 9°, §1 da 
Lei de Introdução ao Código Civil, que assim dispõe: 
Art. 9° §1°: destinando-se a obrigação a ser executada no Brasil e dependendo de 
forma essencial, será esta observada, admitidas as peculiaridades da lei estrangeira 
quanto aos requisitos extrínsecos do ato. 
 
 
 
40 
A professora Maria Helena Diniz (1999) comenta esse dispositivo, que o artigo 9, em seu 
§1°, visa contrapor a forma ad solemnitatem à ad probationem. A forma essencial ou ad 
solemnitatem é o requisito sem o qual a obrigação não chegará a existir, devendo, portanto, 
ser observada em conformidade com as exigências da lei brasileira. Exemplificando a 
situação: se um imóvel situado no Brasil for vendido ao estrangeiro, o contrato deverá ser 
feito mediante escritura pública,

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